FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA A DISTÂNCIA: NOVOS CAMINHOS E PERSPECTIVAS PARA A ESCOLA NA EDUCAÇÃO BÁSICA.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7945487


Mauricio Alan de Freitas Cardoso


RESUMO:

O presente artigo problematiza a formação de professores de matemática no ensino a distância (EAD). Tem como objetivo principal mostrar a importância da formação nessa modalidade para os futuros professores que irão atuar na educação básica. Também reflete sobre as vantagens e desvantagens dos cursos e as necessidades educacionais que precisam ser supridas pelo EAD na formação desse professor. A reflexão realizada neste trabalho também busca mostrar o EAD como impulsionador da democratização da educação. Ao longo da discussão, a problematização se aprofunda nos desafios de ser professor de matemática dentro da realidade das escolas; discute também os paradigmas do ensino da matemática no ambiente escolar e a utilização das TICs na formação docente e no ensino em sala de aula. A linha de pesquisa utilizada foi a bibliográfica baseada na leitura e reflexão de textos que tratam do assunto.  Ao final, baseado na contribuição dos autores trabalhados, concluiu-se que o EAD tem um papel socialmente importante na expansão do ensino superior e na busca de novas possibilidades educativas para o ensino matemático nas escolas. 

PALAVRAS CHAVES: Ensino a distância; professor; aluno; escola; matemática.

ABSTRACT:

This article discusses the training of mathematics teachers in distance learning –ODL. Its main objective is to show the importance of training in this modality for future teachers who will work in primary education. It also reflects on the advantages and disadvantages of courses and educational needs that must be met by EAD in this teacher training. The reflection made ​​this work also seeks to show the EAD as a driver of democratization of education. Throughout the discussion, the questioning deepens the challenges of being a math teacher in the reality of schools; also discusses the paradigms of mathematics teaching in the school environment and the use of ICT in teacher education and teaching in the classroom. The research used was a literature -based reading and reflection of texts dealing with the subject. At the end, based on the contribution of the authors worked, it was concluded that ODL has a socially important role in the expansion of higher education and the search for new educational opportunities for mathematical education in schools.

KEY WORDS: Distance learning; teacher; student; school; mathematics.

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o ensino a distância (EAD) ganhou grande notoriedade pela oferta de cursos de formação inicial e continuada para professores, além de outras ofertas em capacitação profissional, gerando dessa forma, a disseminação do acesso ao nível superior, permitindo com isso atender a um grande número de alunos.

Podemos perceber que embora o EAD seja uma modalidade de ensino relativamente nova, ele vem se desenvolvendo e ganhando popularidade no nosso meio, atingindo cada vez mais alunos, se estabelecendo como uma modalidade efetiva de educação. O EAD possui uma relevância social muito importante, pois permite o acesso ao ensino superior àqueles que por diversos fatores, vêm sendo excluídos do processo educacional, ou seja, está fortalecendo a democratização da educação.

 Neves (2002) apud Viel (2011, p. 45) entende que: 

(…) a Educação a Distância não é um modismo: é parte de um amplo e contínuo processo de mudança, que inclui não só a democratização do acesso a níveis crescentes de escolaridade e atualização permanente, como também a adoção de novos paradigmas educacionais em cuja base estão os conceitos de totalidade, de aprendizagem como fenômeno pessoal e social, de formação de sujeitos autônomos, capazes de buscar, de criar, de aprender ao longo de toda a vida e de intervir no mundo em que vivem.

Ao se refletir sobre o papel do professor, é possível compreender que diante das mudanças sociais, culturais, tecnológicas e econômicas que vem ocorrendo de forma global, o professor se tornou um profissional essencial para a melhoria do processo de ensino – aprendizagem que viabiliza a sociabilidade do aluno, tornando-o um agente ativo em meio a todas as demandas da sociedade atual. 

Apesar disso, Barreto (2011, p.40) diz que:

O aumento de sua importância no contexto escolar na dinâmica social vem, contudo, acompanhado da perda de prestígio do trabalho docente, que decorre da crise da escola em face da universalização da escolaridade e da diminuição do valor relativo dos certificados que ela fornece, bem como da perda do monopólio que detinha a instituição escolar sobre a transmissão do saber autorizado. Isso se traduz em baixos salários, quando comparados às profissões com a mesma exigência de escolarização, e em insatisfatórias condições de trabalho e carreira. Diante desse quadro são postos em nova escala os desafios da docência, uma vez que esta tem sido chamada a desempenhar papel central no próprio processo de crescimento do ensino superior no país. 

Diante disso, é necessário entender que o professor tem em sua frente  grandes desafios a serem superados em defesa da sua valorização enquanto profissional e em defesa da qualidade da educação. O seu crescimento enquanto docente perpassa por todas as experiências vivenciadas por ele em sua prática social cotidiana, iniciando-se no âmbito das experiências escolares e estendendo-se ao longo da vida profissional e social, estimulado pelas condições de trabalho que lhes são oferecidas e pelo interesse e motivação de investir em formação. 

No que tange ao papel do professor de matemática, o forte desafio continua sendo o de superar tradições que reproduzem a Matemática como algo muito cansativo e desinteressante para o aluno. Observa-se ainda que é muito difícil para o professor, romper com paradigmas do não reconhecimento da mesma como algo que faz parte do cotidiano das ações humanas. A Matemática ainda está mergulhada em procedimentos metodológicos tradicionais, o que não possibilita uma abordagem significativa do conteúdo, de modo que o ensino se perde em modelos repetitivos que não dão conta de despertar no aluno a vontade de aprender.

Diante do cenário descrito acima, entende-se que a escola precisa de mudanças consistentes na forma de como trabalhar esta disciplina. É nesse sentido que a formação docente entra como uma das principais alternativas de aperfeiçoamento educacional. Viel (2011, p. 33) sustenta que:

 (…) a formação do profissional, para atuar nessa sociedade, implica em entender a aprendizagem como um processo contínuo, o que provoca um redimensionamento dos conceitos já conhecidos e possibilita a busca e compreensão de novas ideias e valores.

Ainda em contribuição a uma formação que seja de qualidade e que prepare os professores para os desafios em sala de aula, Valente (2002) apud Viel (2011, p.32) diz que: 

Aponta-se hoje que o curso de formação deve criar condições para que o professor saiba recontextualizar o aprendizado e as experiências vividas, durante a sua formação, para a sua realidade de sala de aula, compatibilizando as necessidades de seus alunos e (com) os objetivos pedagógicos que se propõe a atingir.

O ensino a distância surge então como foco dessa discussão por disponibilizar a oferta de cursos nas diversas licenciaturas, oferecendo possibilidades de graduação de mais professores de matemática para atuar na educação básica. Haja vista, que essa falta de docentes nas disciplinas exatas é uma realidade em muitas escolas, e o EAD surgiu então como uma possibilidade mais acessível de formação para suprir essa demanda.

A partir dessa exposição inicial, este trabalho tem como objetivo principal, mostrar a importância da educação a distância (EAD) na formação de professores de matemática para atuar na educação básica, pretende-se conhecer também as vantagens e desvantagens de formação nessa modalidade e mostrar o EAD enquanto impulsionador da democratização do acesso ao ensino superior. 

O presente artigo surgiu primeiramente pela necessidade de refletir acerca de uma modalidade de formação docente que é pouco discutida na Educação Matemática. Segundo, pelas poucas referências em textos e pesquisas que tratam do assunto, e por fim, que esse trabalho possa vir a subsidiar futuras pesquisas e discussões sobre o tema em questão.  

A linha de pesquisa utilizada foi a bibliográfica, baseada em vários artigos e livros que tratam sobre o assunto. A metodologia ocorreu na coleta de textos, pesquisas, artigos etc. de diversos autores que tratam do tema em discussão, formando uma análise consistente acerca do tema. 

2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES 

No Brasil, é importante destacar que a evolução histórica do ensino à distância foi marcada pelo surgimento e expansão dos meios de comunicação. Primeiramente, surge como referência o ensino por correspondência, com a entrega e recebimento de material impresso pelo correio, o que se tornou um veículo fundamental para o acesso à educação pelos alunos de locais mais distantes. Logo depois, veio o uso da TV, e hoje a internet é um dos principais meios de comunicação responsável pela grande disseminação dessa modalidade de ensino no Brasil e no mundo.

Hoje, um curso a distância pode não ser mais um curso por correspondência, unidirecional, em que se enviam livros e/ou outros textos pelo correio e se espera que o aluno já saiba estudar e aprender. É preciso cercar-se de uma multiplicidade de recursos para que a aprendizagem realmente ocorra, pois em primeiro lugar a ênfase da escola precisa ser ensinar a aprender, desenvolver materiais de alta qualidade para ensinar a estudar e, particularmente, em alguns momentos estudar sozinho. Além disso, envolve, também, combinar textos bem elaborados e adequados, vídeos, áudios e assistência de tutores em centros de apoio, nos quais se estabeleçam relações entre os alunos e entre estes e seus tutores. NUNES (2009) apud (VIEL, 2011, p. 56)

Na fala de Nunes, ele defende uma educação a distância que requer vários elementos tanto materiais quanto pedagógicos para subsidiar a formação de um aluno. Compartilha-se dessa preocupação, pois é imprescindível que haja qualidade pedagógica na formação desses professores. O curso a distância precisa ter definido a sua concepção educacional; apresentar um bom sistema de tutoria; uma comunicação fluida entre cursistas e professores; recursos didáticos e viabilizar a utilização das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) nos processos de aprendizagem. Observa-se também a necessidade de se ter uma infraestrutura adequada nos polos e núcleos que atenda esses alunos; e um sistema de avaliação interna que funcione de forma contínua e integrada.

A autora Almeida (2002, p.02) acrescenta ao falar que:

Os sistemas computacionais que permitem apresentar as informações de maneira organizada e no momento apropriado, desenvolver interações e elaborar produções, são denominados ambientes virtuais de colaboração e aprendizagem, constituídos a partir de um grupo de pessoas que utilizam softwares específicos para a comunicação a distância mediada pelas tecnologias do conhecimento. As interações entre pessoas e objetos de conhecimento são propiciadas pela mediação das tecnologias e de um professor orientador. As atividades se desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada participante se localiza, de acordo com uma intencionalidade explícita e um planejamento que constitui a espinha dorsal das atividades a realizar, revisto e reelaborado continuamente no andamento das interações.

É importante entender que a discussão sobre um modelo de curso a distância que possa propiciar uma aprendizagem significativa para a atuação do professor, está estritamente relacionada às mudanças contemporâneas do ensino e do aprendizado vividas no escolar. Hoje, a escola precisa estar atualizada as novas demandas de uma sociedade globalizada, que exige cada vez mais alunos perceptivos, dinâmicos e atuantes aos novos contextos culturais, sociais e econômicos. Para isso, requer professores preparados para atender a essas necessidades. 

Essas mudanças passam a exigir um cidadão crítico, reflexivo, com capacidade de aprender, de trabalhar em grupo, de se conhecer como indivíduo e como membro participante de uma sociedade que busca o seu próprio desenvolvimento, bem como o de sua comunidade. Cabe, à educação, formar este profissional. (VIEL, 2011, p. 18)

2.1 O desafio de ser professor de Matemática na Educação Básica 

O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. (FREIRE, 1997, p. 96).

O papel do professor ao longo do tempo vem se redefinindo com as mudanças educacionais sofridas pela escola, como já citadas anteriormente. Hoje as discussões giram em torno das qualidades necessárias para se desenvolver um bom trabalho em condições nem sempre tão favoráveis, tendo que lidar com situações adversas e objetivos variados à profissão docente. Percebe-se com isso que o professor é cada vez mais exigido e mais responsabilidades são atribuídas a sua função.

No que tange ao professor de matemática, o cenário também é desafiador, pois é inegável que as mudanças educacionais passam a requerer do aluno respostas mais rápidas e precisas as situações que surgem. Nesse sentido, a matemática tem um papel relevante na estruturação de algumas competências e habilidades necessárias aos educandos. Por isso, é notória a necessidade de mudanças no ato de ensinar e avaliar as situações de ensino e de aprendizagem no campo do conhecimento matemático. 

Os professores se deparam com alunos que consideram a Matemática um temível “bicho papão”, pois a escola ainda reproduz metodologias de ensino tradicionais, maçantes e cansativas, o que não traz nenhum sentido prático para a vida do aluno. 

Qual a reação dos nossos alunos quando o assunto é Matemática? Essa inquietação me deixa cada dia mais `inconformada` em relação ao ensino da Matemática no contexto escolar, visto que a mesma faz parte da nossa vida diária e no entanto muitos de nossos alunos se julgam incapazes de compreender essa ciência. PIRES (2006) apud (MORAIS, 2007, p. 14).

Como citado acima, a escola ainda conserva métodos tradicionalistas que reduzem a disciplina em exercícios repetitivos, memorização de regras fora do contexto vivenciado pelo aluno no dia a dia, o que causa não só um desinteresse como uma falha na construção do conhecimento lógico – matemático. 

Para Morais (2007) uma aprendizagem significativa implicar colocar em disputa o velho contra novo, a revisão de hipóteses e conceitos, possibilitando a estruturação de esquemas mentais de forma coerente. 

Para Rangel 1992 apud Morais (2007, p. 18):

Acredito que nós enquanto professores dessa ciência precisamos nos aprofundar mais, pois o profissional de matemática não lê, não escreva somente símbolos por nós já vistos em nossa vida escolar. Precisamos rever os conteúdos por nós trabalhados na escola se esses vêm ao encontro da nossa realidade escolar.

Compreende-se então que na educação básica, apesar dos grandes avanços educacionais que ocorreram nos últimos anos, ainda se precisa englobar mudanças profundas nos métodos de ensino não só da Matemática como também das demais disciplinas escolares. O professor precisa criar espaços em que a aprendizagem perpasse pelas práticas vivenciadas pelos alunos, gerando motivação e significado do que está sendo aprendido. 

A formação superior desses profissionais é um dos fatores que pode nesse sentido contribuir para a redefinição de novas ações educacionais que tragam um novo sentido para os momentos de aprendizagem. O EAD tem assumido esse desafio, tem agregado em seus currículos bases metodológicas que vão além da preparação técnica, que contemplem novas formas de organização do trabalho docente, dando a estes a capacidade de construir e reconstruir novos saberes, trazendo para as escolas novidades que surpreendam os alunos e instigue novos processos de ensino.

Barreto (2011, p. 14) finaliza e fortalece a discussão ao dizer que:

Diante do panorama traçado, apenas me resta repetir que uma transformação radical nas estruturas institucionais de formação e nos currículos de formação docente é necessária. A formação docente, assumida como uma política de Estado há de ser capaz de articular as instituições formadoras e os projetos formativos com vistas ao cumprimento precípuo da função social da escola: a de assegurar a todos, indistintamente, o direito ao conhecimento valioso, aquele que serve para entender e transformar a realidade e contribui para a realização plena de cada um e para a construção de um mundo mais justo e solidário. Para fazer frente ao grande desafio de melhoria da qualidade do ensino no país, há ainda que integrar as ações de formação inicial e contínua dos docentes, assim como as medidas e os recursos que lhes assegurem uma remuneração condigna e uma carreira profissional que os atraia pela constante renovação da motivação para o trabalho com o ensino.    

3. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA NA MODALIDADE (EAD)

A boa formação do docente é condição essencial para o seu sucesso e é importante entender que “boa formação” não significa apenas seus títulos acadêmicos, mas também a consciência da validade sempre efêmera desses títulos. (ANTUNES, 2008, p. 56)  

É cada vez maior o número de pessoas à procura de cursos na modalidade a distância e vários são os fatores que levam a essa crescente demanda. Primeiramente, devido a facilidade de acesso aos cursos com preços relativamente mais baratos (nos casos de instituições privadas), depois vem a flexibilidade de horários e a autonomia nos momentos de estudo. Em terceiro, pela falta de professores na educação básica para ministrar disciplinas como Matemática, Física e Química, sem contar que muitos professores possuem uma formação docente distinta da matéria que estão lecionando.

Há também a exigência para que todo professor para lecionar na educação básica tenha o ensino superior, inclusive os professores das séries iniciais do ensino fundamental e da educação infantil, para os quais antes era apenas exigido o curso de magistério de nível médio, agora, os mesmos devem também obter a formação em nível superior. 

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.(LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL – LDB, 1996 / Art. 62º, p. 34)

A facilidade de acesso aos cursos, a flexibilidade de horários e autonomia nos momentos de estudos, como citados acima, são considerados como vantagens na escolha das formações a distância.  A possibilidade de garantir uma formação superior que gere novas bases no trabalho docente contribuindo com a qualidade do processo de ensino – aprendizagem é um fator importante para os futuros professores que desejam atuar na escola básica. 

Porém, é preciso esclarecer que algumas vantagens também podem se transformar em grandes desvantagens nessa modalidade. O aluno com autonomia de horário e de estudo não pode relaxar na organização do seu tempo e no cumprimento de suas atividades, pois o formando estará seguindo um processo de ensino que será muitas vezes solitário, sendo necessária muita disciplina e motivação para concluir a sua formação. 

[…] para muitos, parece ser fácil estudar a distância. Na verdade não é. Estudar a distância exige perseverança, autonomia, capacidade de organizar o próprio tempo, habilidade de leitura, escrita e interpretação (mesmo pela internet) e, cada vez mais frequente, domínio de tecnologia.  NEVES (2002) apud (VIEL, 2011, p. 45)

3.1 A utilização das TICs na formação do professor de matemática e na sua prática docente

A vinda das tecnologias de informação e comunicação – TICs trouxe novas perspectivas para a educação a distância devido às facilidades de design e utilização dos ambientes virtuais, rápida emissão e distribuição de conteúdos e a interação com informações, recursos e pessoas.

Almeida (2002) informa que os cursos a distância mais evoluídos já trabalham com recursos denominados de recursos telemáticos que podem ser utilizados pela EAD em três abordagens: broadcast, virtualização da sala de aula presencial e o estar junto virtual. A autora caracteriza essas abordagens esclarecendo que:

Na abordagem denominada broadcast, a tecnologia computacional é empregada para “entregar a informação ao aluno” (ib) da mesma forma que ocorre com o uso das tecnologias tradicionais de comunicação como o rádio e a televisão. Quando os recursos das redes telemáticas são utilizados da mesma forma que a sala de aula presencial, acontece a virtualização da sala de aula, que procura transferir para o meio virtual o paradigma do espaço-tempo da aula e da comunicação bidirecional entre professor e alunos. O estar junto virtual, também denominado aprendizagem assistida por computador – AAC, explora a potencialidade interativa das TIC propiciada pela comunicação multidimensional, que aproxima os emissores dos receptores dos cursos, permitindo criar condições de aprendizagem e colaboração. (ALMEIDA 2002, p.01)

Na graduação dos professores de matemática o uso das TICs possibilita novas formas que adquirir o conhecimento e suprir necessidades anteriormente identificadas nos ensinos à distância, como por exemplo: a pouca interação entre os professores e alunos, demora na entrega e resposta de atividades e o uso preponderante de material impresso o que desprendia muito mais tempo e energia do aluno. 

Na verdade, hoje o grande problema ainda é a pouca familiarização dos professores com essas tecnologias, há uma grande dificuldade em explorar o que é novo, gerando assim alguns retrocessos no ensino. Ao que cabe ao EAD está sendo feito, esses recursos tecnológicos estão a cada dia mais sendo difundidos nas metodologias de ensino dos cursos. Segundo Colares, Duarte e Rocha (2013, p. 13): 

A EAD tem avançado de forma acelerada com o desenvolvimento tecnológico e a redução dos preconceitos anteriormente associados a esta modalidade de ensino. Atualmente há maior entendimento de que o fato de ser a distância não significa ausência de contato entre professores e alunos. Pelo contrário, pode haver até mais interatividade do que no sistema presencial, graças ao aperfeiçoamento dos mecanismos técnicos e dos procedimentos docentes que se apropriam de várias ferramentas utilizadas nesta modalidade de ensino (…).     

No ambiente escolar o ensino da Matemática pode ser repensado a partir das TICs, contudo é preciso que haja mudanças na organização da escola e particularmente no trabalho do professor.  Essas mudanças se referem ao currículo, a interação com os alunos e com a família. Quanto aos professores, é preciso que estes se adaptem às mudanças que envolvem desde questões operacionais até a organização do espaço físico, assim como a produção de novos significados para o conteúdo a ser ensinado. Por isso, Valente (2002) apud (Viel, 2011, p.33) afirma que:

A formação que deve ser dada aos professores para implantar as transformações pedagógicas, que hoje são vistas como necessárias, exige uma abordagem que supere as dificuldades em relação ao domínio do computador e ao conteúdo da disciplina que este profissional ministra. Infelizmente, vários profissionais demonstram que os avanços tecnológicos têm desequilibrado e atropelado o processo de formação, fazendo com que professores sintam-se eternamente no estado de principiantes em relação ao uso do computador na educação. 

Sabemos que mudanças tão profundas como essas não acontecem da noite para o dia, primeiramente é preciso que haja o interesse da escola em querer inovar e que os professores estejam dispostos a reconstruir seus métodos de ensino. É claro que somente a implantação de novas tecnologias não vão solucionar todos os problemas educacionais que uma escola possui, trata-se aqui apenas de ferramentas que podem auxiliar o trabalho dos professores gerando novos significados para os conhecimentos escolares. 

No que se refere à Matemática, as novas maneiras de ensinar não se esgota apenas na utilização das TICs, mas esses recursos podem sugerir novas concepções metodológicas de ensinar a disciplina, sem contar, que o impacto para os alunos poder ser muito instigante, promovendo o desejo pelo conhecimento e afinidades com a matemática antes nunca percebidas. 

Contudo, nada adianta a escola possuir recursos e ferramentas se os professores não se propõem a experimentá-las. Conduzir esses recursos exige domínio no sentido de não apenas saber utilizá-los, mas também saber  organizar o  trabalho em sala de aula definindo de que forma o conhecimento matemático será disseminado através dessas novas ferramentas. O aprender precisa ter um sentido para o aluno. 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Possuir uma formação específica implica ser plenamente capaz de compreender o processo de aprendizagem dos alunos, o protagonismo exercitado pelo professor na regência de suas aulas, a contextualização do currículo na vida e entorno do aluno, além de um envolvimento com as famílias e a elaboração, ainda que informal, de um plano individualizado do desempenho e das relações de cada um de seus alunos. (ANTUNES, 2008, p.40) 

Finalizando esta discussão, é possível perceber que o crescimento da Educação a Distância avança cada vez mais. Este crescimento é resultado da democratização do ensino superior, trazendo dessa forma grande contribuição para o avanço vertical da qualidade da educação. É fato que ainda existem muitas melhorias a serem realizadas nos cursos a distância, tanto nas estruturas físicas e quanto nos componentes pedagógicos, contudo através deste trabalho é possível compreender que ao longo do tempo a EAD vem se reorganizando e reestruturando seus currículos e práticas, fortalecendo a qualidade de ensino oferecida pela modalidade. 

O trabalho mostra que fatores como a exigência de formação docente em nível superior, a falta de professores para lecionar disciplinas da área de exatas como a Matemática, dentre outros fatores, fazem com que o EAD seja uma das principais opções de formação superior, obrigando-o a estar em atualização permanente, avaliando seus processos formativos e estabilizando pedagogicamente a aprendizagem vivenciada nos cursos. Gatti (2002) apud (Viel, 2011, p.47) contribui com o pensamento ao dizer que:

É mais rico o processo educativo a distância para formação de professores quando se adota uma postura, sobre a produção de conhecimentos, tratada e concebida como busca permanente, como reflexão vinculada às práticas sociais e pedagógicas, constituindo-se pela atividade das pessoas em seus contextos. Esta postura propicia uma articulação mais adequada das diferentes áreas de conhecimento num processo de interdisciplinaridade e de redes disciplinares. 

A discussão acerca da formação do professor de Matemática mostrou que este independente da formação, vai ter sempre desafios a serem vencidos na prática do ensino matemático, com isso conclui se que a formação a distância precisar dar subsídios que garantam ao professor organizar seu trabalho em sala de aula, e que ele seja capaz de construir e reconstruir o saber ensinado. A observação feita sobre o desestímulo de muitos alunos na hora de aprender a matemática só confirma que a escola precisa mudar, ela tem que acompanhar as mudanças contemporâneas que regem as novas competências e habilidades exigidas da escola. O aluno só ira se interessar pela Matemática quando esta fizer parte do seu dia a dia e quando tiver um sentido concreto para ele.

Compreende-se também que a utilização das TICs é fundamental na formação a distância, as tecnologias dão suporte na interação professor e aluno, viabilizam o ambiente de estudos de acordo com as necessidades dos alunos e dinamizam o processo de ensino. Na escola, as TICs trazem a inovação tão discutida neste trabalho, é preciso quebrar as resistências a essas ferramentas e incorporá-las nos processos de ensino escolar.

Diante de tudo que foi discutido, é inegável que a educação a distância tem um papel social muito importante na democratização da educação e para a incorporação dos futuros professores de matemática na educação básica. O EAD possibilita uma formação superior que vai além das técnicas de ensino docente, a formação agrega valor ao que está sendo estudado, constrói a autonomia do aluno através da pesquisa e da dedicação, ou seja, o aluno também é responsável pela construção do seu conhecimento, ele é protagonista na sua formação. 

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 

ALMEIDA, de Bianconcini Elizabeth. Educação à distância no Brasil: diretrizes políticas, fundamentos e práticas. São Paulo, 2002. Disponível em: http://cecemca.rc.unesp.br/cecemca/EaD/artigos/atigo%20Beth%20Almeida%20RIBIE.pdf >Acesso: 28/03/2014

ANTUNES, Celso. Uma escola de Excelente qualidade. São Paulo: Ciranda Cultural, 2008.

BARRETTO, Sá de Siqueira Elba. Políticas e práticas de formação de professores da educação básica no Brasil: um panorama nacional. nº 1, p.39 – 52, 2011. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/rbpae/article/viewFile/19966/11597  > Acesso: 28/03/2014

COLARES, S. I.L.M, DUARTE, F.C.E, ROCHA, X.H.S. Coordenação Pedagógica: Vivencias no cotidiano da escola. Curitiba. CRV, 2013.

LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: portal. MEC.gov.br /arquivos/PDF/LDB.PDF Acesso: 02/04/2014.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.

MORAIS, de Guilherme Daher Álvaro. Os desafios da aprendizagem matemática. Lavras, 2007. Disponível em: http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Os-Desafios-Da-Metematica/956509.html > Acesso: 27/03/2014

VIEL, Silva Regina. Um olhar sobre a formação de professores de Matemática a distancia: o caso do CEDERJ/UAB. Rio Claro, 2011. Disponível: http://www.rc.unesp.br/gpimem/downloads/teses/viel_sr_tese_rcla.pdf > Acesso: 28/03/2014