CONTINUING EDUCATION FOR TEACHERS IN INCLUSIVE EDUCATION
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202507040938
Cláudio Osvaldo Rodrigues Batista¹
Gracemira de Sousa Siqueira²
João Paulo Dias Viana³
Milvio da Silva Ribeiro⁴
RESUMO
Este trabalho aborda a formação continuada de professores no contexto da educação inclusiva. Objetivo, analisar o papel da formação docente continuada considerando o foco na educação inclusiva no ambiente escolar. Para os debates teóricos destacamos: Mantoan (2015), Torres (2001), Almeida (2006), Nóvoa (1992), Aranha (2000), além de documentos de políticas públicas de educação, que fazem menção da formação continuada de professores, abordando, especificamente, o processo da educação inclusiva; as concepções teóricas e experiências permitem refletir a importância dos conhecimentos nas práticas pedagógicas educativas, para todos os discentes de modo dinâmico, crítico e inclusivo na atmosfera escolar. Quanto a metodologia, optamos por estudos de referências bibliográficas, com ênfase nos procedimentos de análise de conteúdo. Nesse sentido, como resultados, podemos afirmar que a formação continuada de professores par a educação inclusiva, permite a consolidação da atualização de conhecimentos e práticas de ensino, que visam aperfeiçoar o nível de aprendizagem dos educandos, de modo criativo e inclusivo.
Palavras-chave: Formação Continuada de Professores; Educação Inclusiva; Práticas Pedagógicas.
ABSTRACT
This paper addresses the continuing education of teachers in the context of inclusive education. The objective is to analyze the role of continuing teacher education considering the focus on inclusive education in the school environment. For the theoretical debates, we highlight: Mantoan (2015), Torres (2001), Almeida (2006), Nóvoa (1992), Aranha (2000), in addition to public education policy documents, which mention the continuing education of teachers, specifically addressing the process of inclusive education; the theoretical concepts and experiences allow us to reflect on the importance of knowledge in educational pedagogical practices, for all students in a dynamic, critical and inclusive way in the school environment. Regarding the methodology, we chose to study bibliographic references, with an emphasis on content analysis procedures. In this sense, as results, we can state that the continuing education of teachers for inclusive education allows the consolidation of the updating of knowledge and teaching practices, which aim to improve the level of learning of students, in a creative and inclusive way.
Keywords: Continuing Teacher Training; Inclusive Education; Pedagogical Practices.
Introdução
A educação é um processo contínuo de renovação de conhecimentos que objetiva situar para o ser humano, o pensamento e a realidade social nos diversos tempos, espaços e contextos de nossa sociedade, pois faz-se necessário reconhecer as lacunas e capacidades que temos para reconstruir as experiências, promover a autonomia e a produzir conhecimentos de tal modo que, possibilita as transformações do mundo social.
Segundo Gil (2009) a formação continuada de professores é fundamental para que o processo inclusivo, pois, “permite que os mesmos desenvolvam as competências necessárias para atender às necessidades de todos os alunos nas escolas”, constitui-se uma das estratégias importantes para as atividades de ensino em sala de aula, visto que, as renovações dos saberes subsidiam a aperfeiçoar o nível educacional dos educandos.
A formação continuada permite que os professores preencham as lacunas de novos conhecimentos e Nóvoa (1992) explicita as “necessidades de busca constantes de novas experiências, ideias e saberes” que possam ressignificar as práticas escolares, para a implementação de atividades que possibilite o acesso do aprendizado de maneira inclusiva, participativa e integrada as distintas formas de pensar e consolidar a produção dos conhecimentos.
O processo inclusivo escolar, segundo Mantoan (2003) refere-se ao “acesso de todas as pessoas ao ensino” e a formação de professores é um dos pontos fundamentais para a inclusão, no contexto de sala de aula, pois permite a renovação das experiências, atualização de práticas pedagógicas, contribuindo significativamente com a formação do aprendizado no ambiente educacional.
A formação contínua possibilita ser definida, segundo Nóvoa (1992) como “um processo constante do aprender a profissão de professor, não como mero resultado de uma aquisição cumulativa de informação, mas como um trabalho de seleção, organização e interpretação da informação que contribui e o torna significativa na construção dos conhecimentos. Também Facion (2009), ressalta que a formação continuada de professores para trabalhar a inclusão deve “abranger pressupostos teóricos, de modo geral e específicos, com a prática pedagógica”, isto, pressupõe pensar uma formação integral e acessível às necessidades e demandas dos educandos.
Segundo Mittler (2003) os professores que atuam na educação inclusiva, devem buscar os “processos de desenvolvimento profissional que visa equipar os educadores com as “ferramentas, conhecimentos e atitudes necessárias para atender às necessidades de todos os alunos, incluindo àqueles com deficiência, em ambientes educacionais diversos.
Nesse contexto, dos enunciados supramencionados, destacamos a seguinte problemática: Qual a importância da formação continuada para os docentes que atuam na educação inclusiva? Objetivo, analisar o papel da formação continuada para professores que atuam na educação escolar inclusiva.
A formação continuada, segundo Freire (1996) para professores é “um processo permanente de desenvolvimento profissional”, que visa aprimorar conhecimentos, habilidades e práticas pedagógicas dos educadores no decorrer de sua vida profissional, e não se limita a cursos e treinamentos, mas engloba também, a reflexão crítica sobre a prática.
1 Formação Continuada para Professores na Educação Inclusiva
A formação docente é um processo inerente para o desenvolvimento das atividades der ensino no contexto escolar, caracteriza-se pela construção da produção dos conhecimentos, que tem base filosófica, teórica e prática, pois permite debates e reflexões que se relacionam para os profissionais da educação, as condições necessárias para o exercício da docência no ambiente educativo.
Entendemos que o processo da educação inclusiva, necessita de professores habilitados e capacitados para desempenhar atividades de ensino em sala de aula; depende dos pressupostos teóricos, metodológicos e práticos que viabilizam para os educandos um ensino inclusivo para todos, indiscriminadamente, pois cabe ao professor, por meio de seus conhecimentos, organizar e sistematizar as ações educativas, objetivando, como uma das diretrizes, a aprendizagem escolar.
A LBDEN- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, destaca a importância da preparação adequada dos professores, como pré-requisito, para a inclusão, determinando que os sistemas de ensino, devem garantir professores capacitados e especializados para a inclusão dos alunos que se encontram nesse processo inclusivo no ensino regular.
De acordo com Bueno (1999), o parecer nº 252/69 aborda sobre a formação de professores para a educação especial com o nível superior nos moldes da Lei 9394/1996, no artigo 59, parágrafo II, prevê que professores com especialização adequada em nível médio superior, para o atendimento especializado, bem como, professores de ensino regular, capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.
A Lei de Inclusão (LBI) nº 13.146/2015, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, estabelece que a formação continuada de professores é um direito da pessoa com deficiência, garantindo sistemas educacionais inclusivos e aprendizado ao longo da vida, reconhecendo a necessidade de formação inicial e continuada aos professores que atuam com a educação inclusiva, especialmente no que concerne, aos alunos com especificidades nas demandas de aprendizagem.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para a formação continuada de professores, inclui àqueles que atuam na educação inclusiva, enfatizam a importância de atualização constante, desenvolvimento profissional e práticas pedagógicas inovadoras que visam atender à diversidade dos educandos. A formação continuada deve ser visualizada como um processo contínuo e permanente, que envolve reflexão crítica sobre o trabalho pedagógico, produção de novos saberes, conhecimentos e o aperfeiçoamento de competências para uma educação inclusiva equitativa.
Mittler (2003) pontua que a formação continuada para professores na educação inclusiva deve ser visualizada como “processo contínuo de ressignificação dos conhecimentos”, busca o aperfeiçoamento de habilidades e capacidades para desenvolver competências e formar profissionais para o exercício da docência, visualizando o aperfeiçoamento do nível educacional dos discentes na atmosfera escolar.
Almeida (2006, p. 19) frisa em sua reflexão, quando pontua que:
O domínio dos conhecimentos pedagógicos pelos professores torna-se essencial, pois assim, poderão desenvolver suas atividades de ensinar, planejar e avaliar o ensino para seus alunos. A atividade de ensinar é complexa e exige professores com conhecimentos atualizados que possam responder com as demandas e necessidades da educação inclusiva.
Do ponto de vista teórico, a formação continuada de professores apresenta sua complexidade, por exigir um conjunto de políticas pautadas nos direitos, que permitem adquirir os domínios dos conhecimentos pedagógicos, para poder intervir em sala de aula com as atividades de ensino, porém vai mais além, é preciso atualizar as práticas de ensino, bem como, seu objeto ensinado no contexto escolar.
Aranha (2000, p. 08) ressalta a importância de se “capacitar os professores, no sentido de se promover suporte técnico, didático e pedagógico”, argumenta que só assim, se obterá um fazer apoiado no saber, e uma construção de conhecimentos que visa o fazer da própria educação, e que deve ter base de um processo inclusivo, dinâmico, reflexivo e transformador.
Torre (2001, p. 49) salienta que a “Conferência Mundial sobre Educação para Todos, ocorrido na Tailândia, em 1990, a Declaração de Salamanca, na Espanha, em 1994, assim como, a Convenção da Guatemala, em 1999”, serviu como ponto de partida, à execução de políticas educativas de forma mundial, focado nas discussões das habilidades e competências que os professores deveriam dominar para trabalhar com o processo inclusivo dos discentes.
Os documentos supramencionados, visam incluir diretrizes e metas políticas na formação continuada de professores. Diante desse aspecto, Mantoan (2006) ressalta a importância de “capacitá-los para atender as demandas dos alunos nas escolas”, de maneira que. as práticas e estratégias de ensino, possibilitem o acesso do aprendizado, bem como, as mudanças de relações e interações humanas.
Diante desse quadro, o processo inclusivo, se aplica a todos, indistintamente, o “professor tem o papel fundamental na escola e como principal desafiador, construir e pôr em prática uma pedagogia capaz de atender e incluir os alunos” com caraterísticas específicas e de aprendizagem; ensino este, ancorado também, em uma pedagogia diferenciada, que disponibiliza um olhar acessível a todos os estudantes, de forma que, atinjam os objetivos do ensino na escola.
Segundo Goés (2002, p. 16)é preciso pensar, de forma específica, que:
A formação do professor para atuar na inclusão dos alunos deve ser preocupação e compromisso das Instituições de Ensino Superior (IES) e as mudanças pelas quais, as universidades tem passado, inserem nos cursos de graduação, alterações importantes que estabelecem novos objetivos aos currículos dos cursos de licenciatura para a formação docente.
Somos cientes que a melhoria da qualidade do ensino, apresenta um dos pontos, enquanto diretriz, a formação docente, principalmente, para nosso tempo, no qual detectamos a política de inclusão, como uma proposta de educação para todos, com práticas pedagógicas atualizadas, que viabilizem todos os alunos em suas respectivas necessidades educacionais.
Atualmente as Instituições de Ensino Superior, vem realizando reformulação e adequação dos cursos de licenciatura na formação dos professores, destacando o currículo, pois acreditamos que a inclusão escolar, exige de seus profissionais conhecimentos para o exercício da docência, e isto, deve ser visualizado e trabalhado nas universidades e institutos de ensino, dentro de uma lógica dinâmica, que possibilite aos educandos, diretrizes que possibilitem seu aprendizado a partir do trabalho docente escolar.
Almeida (2006, p. 34) pontua que a formação continuada de professores para atuar na educação inclusiva, deve “contar com uma base teórica que reflita seu papel no contexto da instituição de ensino e outra prática, consolidada com ações” que possibilite articular as ideias de autores que debatam a qualificação profissional, pois esta reflete, os efeitos do acesso dos processos de formação do aprendizado.
Mantoan (2006, p. 53) corrobora que os “professores esperam aprender uma prática inclusiva”, isto é, uma formação que lhes permita aplicar esquemas de trabalho pré-definidos nas salas de aula, garantindo a solução dos obstáculos que, casualmente, encontrem nas escolas inclusivas, de maneira que, seus objetivos de ensino, sejam alcançados nas atividades pedagógicas no ambiente educativo.
O Decreto nº 7.611 de novembro de 2011, em seu Artigo 05, inciso 2º, destaca que:
A formação continuada de professores, inclusive para o desenvolvimento da educação bilingue para estudantes surdos ou com deficiência auditiva e do ensino do Braille para estudantes cegos ou com baixa visão; IV – formação de gestores, educadores e demais profissionais da escola, para a educação na perspectiva da educação inclusiva, particularmente na aprendizagem, na participação e na criação de vínculos interpessoais.
Esses requisitos, obviamente, são essenciais na formação continuada para os professores, possibilita especificamente, revelar que a prática de ensino, necessita acompanhar e desempenhar atividades pedagógicas, de acordo com as necessidades educacionais ou especificidades do aluno, de modo que, seja inclusiva, participativa, dinâmica e transformadora das realidades educacionais.
Novais (2010, p. 192) questiona a qualidade da formação docente possibilitada pelas universidades:
[…] Se a formação docente não capacita os professores para ensinar a todos; quem são os alunos almejados pela formação docente, majoritariamente, desenvolvida nas diferentes instituições brasileiras de ensino superior? Quais elementos devem fazer parte de um processo de formação docente com vistas ao desenvolvimento da educação inclusiva? Esses questionamentos filosóficos constituem nos debates de formação continuada de professores que exigem uma reformulação dos princípios formativos dos conhecimentos.
A formação docente na visão do autor, requer um olhar crítico e reflexivo, na qual, teoria e ação se associam, para possibilitar as possíveis respostas, no que concerne ao ensinar e aprender; pressupõe, antes, repensar o como nossas instituições estão formando os docentes para o exercício do magistério, pois as concepções dissemelhantes de educação, formação e ensino aprendizado, reflete na própria reprodução dos conhecimentos dos professores no chão da escola.
Outrossim, se faz necessário, rever que elementos da formação docente, no foco da atualização dos conhecimentos, devem estar em consonância com a educação inclusiva, pois Segundo Mantoan (2015, p. 79) em relação a formação em serviço afirma para nós da área da educação, que:
Na formação em serviço, os professores reagem inicialmente, ao modo de ensinar inclusivo, a uma pedagogia da diferença, porque estão habituados a aprender de maneira fragmentada e instrucional. Eles esperam por uma formação que lhes ensine a dar aula para os alunos com deficiência, dificuldade de aprendizagem e /ou problemas de indisciplina, ou melhor: anseiam por uma formação que lhes permita aplicar esquemas de trabalho pedagógico pré-definidos às salas de aula, garantindo-lhes a solução dos problemas que presumem encontrar nas escolas inclusivas[…].
Considerando o fragmento supramencionado, podemos entender que a formação continuada de professores, apresentam interpretações diferentes em relação as práticas pedagógicas de ensino, pautadas nas diferenças e com características inclusivas habituadas para ensinar, porém de maneira fragmentada e instrucional, sem uma relação com uma educação integrada com a totalidade das relações dos saberes e articulados à construção dos conhecimentos, para a vida profissional.
Dessa forma, constitui-se de modo particular, de ministrar aula que significa ensinar alunos com um tipo de deficiência, sem o domínio de conhecimentos suficientes para atender as necessidades educativas. A formação é visualizada, apenas como esquemas de trabalho pedagógico, já definido e estabelecido para as atividades de ensino que pudesse garantir a solução de problemas, o que é perceptível nas escolas inclusivas e ação dos professores em sala de aula.
Para Mantoan (2015, p. 81) salienta que é necessário considerar no bojo da formação continuada que:
Formar o professor na perspectiva da educação inclusiva, implica ressignificar o seu papel, o da escola, o da educação e o das práticas pedagógicas usuais do contexto excludente do nosso ensino, em todos os níveis […] a inclusão escolar não cabe em uma concepção tradicional de educação. A formação do professor inclusivo requer o redesenho das propostas de profissionalização existentes e uma formação continuada que também muda.
A caracterização direcionada pela autora revela que a formação continuada de professores numa visão de inclusão, requer mudanças e ressignificação de concepção de educação e ensino-aprendizagem de modo que, as práticas usuais do cotidiano de sala de aula, ultrapasse a exclusão e a forma tradicional de pensar o conhecimento como produto pronto e acabado, pois precisamos de uma escola inclusiva com docentes capacitados para saber digerir as situações diversas em sala de aula por meio de sua competência expressa nos trabalhos pedagógicos.
A formação continuada para os professores possibilita ampliar sua visão de mundo e realidade social, pois como profissional, deve organizar e viabilizar atividades de ensino a partir das orientações essenciais para o desenvolvimento do acesso do aprendizado; é uma das estratégias que exigem transformações, bem como, postura ética, crítica, reflexiva e consistente as realidades e demandas formativas dos discentes.
Para Torres (2001, p. 27) o grande desafio para as universidades “é formar educadores preparados para elaborar dinâmicas de ensino e adaptar atividades para todos os alunos”. Esta mobilização tem como meta a reformulação curricular escolar e seus componentes que integram os processos de formação dos professores, de modo que, possam ultrapassar os obstáculos, possibilitando condições tanto para a renovação de práticas educativas em sala de aula, quanto do processo ensino aprendizagem dos alunos.
A inclusão escolar é um processo e organização do ensino para todos, porém é preciso revitalizar os conhecimentos dos docentes, ampliar a zona de fronteira para realizar novas experiências e vivências no campo educacional, posto que, as práticas pedagógicas, são reflexos desses conhecimentos que os docentes exercem em sala de aula, no decorrer de sua vida profissional, como exemplo, as experiências acadêmicas, pois a formação continuada deve ter esta dimensão na reconstrução dos conhecimentos, bem como, propor mudanças significativas nas concepções do processo ensino aprendizagem que se materializa na prática e com a prática do cotidiano escolar.
Lopes (2014, p. 122) defende a importância da qualificação profissional no contexto educacional, pois:
O professor precisa estar inserido no novo paradigma, que pressupõe educar conforme uma visão de totalidade. Educar pessoas inteiras, que integrem todas as dimensões. Corpo, mente, sentimentos, espirito, psiquismo, a dimensão pessoal, a grupal e a social, que tentem encontrar as pontes, as relações entre as partes e o todo, entre sensorial e o racional, o concreto e o abstrato, o individual e o social. A maior tarefa dos educadores, consiste em ser eles mesmos, plenamente e ajudar para que os outros, também sejam.
Nesse sentido, podemos identificar que a mudança de paradigma da formação de professores, está dentro de uma lógica de reinventar o saber pedagógico numa totalidade, pois percebemos que o sujeito é inteiro e suas dimensões abrangem diferentes aspectos sócio-histórico e cultural que integram o desenvolvimento humano, tanto no individual, assim como, no coletivo, pois é necessário pensar o ensino, como um dos elementos, permanentes de ressignificação dos conhecimentos, reconhecendo o potencial e o limite da vida profissional e de seus educandos nos processos formativos dos conhecimentos.
2 Metodologia
Quanto aos procedimentos metodológicos, destacamos os estudos de referências bibliográficas, segundo Severino (2007), constitui-se a partir de “registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses, outros. É uma pesquisa que utiliza fontes secundárias, ou seja, dados que já foram coletados e analisados por outros pesquisadores.
Nesse contexto, segundo Marconi e Lakatos (1992, p. 46) o conceito de pesquisa bibliográfica, é “a análise de materiais publicados, como livros, artigos, teses e dissertações, dos temas estudados anteriores. A referência bibliográfica é um conjunto de elementos que identifica a obra, o autor, o título, a editora e o local da publicação”, que serve como fontes para analisar o objeto pesquisado.
No contexto de uma pesquisa, os estudos de referências bibliográfica são fundamentais identificar que os elementos disponibilizados ao pesquisador, permite assim, não somente os momentos de leitura, mas também, de reflexões que remetem aos debates, na interpretação do objeto estudado, possibilita maior consistência e clareza dos textos e livros, que apresentam concepções referentes a formação continuada de professores, permitindo as articulações de teorias, enquanto base, para o desenvolvimento da pesquisa na construção dos conhecimentos.
Sendo assim, a pesquisa bibliográfica tem suas vantagens para o pesquisador, porque já apresenta uma produção de conhecimentos, junto de estudos e abordagens de diferentes autores e temáticas relacionadas, com assuntos diversos, que corrobora com as interpretações e análise, possibilitando a reconstrução de novos saberes.
Como procedimento metodológicos, optamos pela análise de conteúdo de Severino (2007, p. 12), pois ressalta que é um “conjunto de técnicas de análises de comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos, objetivos de descrição de conteúdo das mensagens, que visam obter indicadores sobre a produção e recepção de mensagens”.
A partir desse procedimento é possível realizar a leitura da comunicação, perceber o que está explícito ou implícito, fazer as comparações, analisar por meio de teorias que possibilitam responder a problemática pesquisa, pois as articulações, reflexões remete para os sujeitos condições necessárias para ressignificar a produção dos conhecimentos, possibilitando intervir nos contextos das realidades sociais da vida profissional e escolar.
3 Resultados e Discussão
Formação continuada de professores é um processo constante de atualização e ressignificação dos conhecimentos, que possibilita aperfeiçoar o nível de ensino de forma inclusiva, pois teoria e prática, servem como base para relacionar o pensamento e as vivências no cotidiano escolar, de modo crítico, reflexivo e transformador, pois a produção do saber, remete para tal finalidade.
O domínio dos conhecimentos pedagógicos dos professores, devem dar condições necessárias para atuar no contexto de sala de aula, por razão, que capacita e atualiza as experiências, no sentido de promover suporte técnico, didático e pedagógico, visto que, obterá um fazer subsidiado pelo saber, para compreender a dimensão educacional com meta, no processo inclusivo, dinâmico e integrado às diferentes áreas dos saberes relacionados ao exercício da docência em sala de aula.
Segundo Mantoan (2003), a formação continuada de professores, também é uma das “estratégias, de ressignificação dos conhecimentos” que possibilitam a relação de teoria e prática, que em Freire (1996), não estão dissociadas dos “processos formativos”, mas integrados às articulações do fazer pedagógico, como resultado próprio do saber docente, que está em consenso com a reflexão-ação das atividades de ensino.
Quando analisamos as trajetórias de estudos dos professores, percebemos o quanto é árduo, pois são diversos anos de estudos acadêmicos, refletindo, problematizando, produzindo experiências e conhecimentos; porém, segundo Nóvoa (1992), ressalta que, isto não é “suficiente para dizer que os docentes estão preparados definitivamente”, pois é necessário reconhecer as lacunas que ficaram vazias” assim, analisar e recompor através de novos conhecimentos.
Reconhecer que o professor não tem uma formação plena e absoluta, é justamente entender a lógica da educação e ensino aprendizagem, como elementos transitórios que estão em permanente transformação, pois Freire (1996, p. 37) também pontua que a “construção dos conhecimentos dos professores, são dinâmicos e a sua reconstrução, é uma das diretrizes, para renovar e ampliar a visão e conquistar novos horizontes”, isto revela o caráter criativo de uma formação que objetiva integrar as diversas relações e vivências sociais de maneira crítica e inclusiva, para assim, trabalhar e alcançar resultados na educação.
O professor necessita renovar e atualizar seus saberes com abordagens que aprofundem suas práticas pedagógicas, adquira aptidão necessária para enfrentar o contexto do processo inclusivo, pois Mantoan (2015) ressalta que, esta requer, um “profissional habilitado e capaz de saber dinamizar as atividades de ensino, dentro de uma visão inclusiva e participativa que promove o desenvolvimento de habilidades e capacidades cognitivas, inerentes aos processos de formação do aprendizado”.
Ainda nessa linha de pensamento, Aranha (2000) contribui com este debate, quando salienta que “capacitar os professores é permitir que eles próprios percebam que necessitam de formação para atuar na escola inclusiva”. É uma força tarefa e predispõe de requerer que está relacionado com o processo formativo permanente, não somente, de adquirir conhecimentos, mas também, entender sua importância para a educação inclusiva, colocando em prática que, é preciso pensar a melhoria do nível educacional dos alunos, a partir da atualização dos conhecimentos dos professores no processo contínuo de formação.
De acordo com Mantoan (2015, p. 28) a formação continuada para professores significa:
A reformulação dos processos de formação docente, que visa cada vez mais a preparação para o exercício da docência, principalmente na educação inclusiva que ofereça estratégia para ensinar e respeitar as especificidades dos alunos, dando-lhes oportunidades para construir sua aprendizagem e perceber o quanto ela é importante para qualificar o nível de ensino escolar.
A caracterização da formação continuada de professores, citada pela autora, caracteriza, que há possibilidades de aperfeiçoar a educação, a partir da renovação dos conhecimentos, visto que, é uma das necessidades, do nosso espaço/tempo, por entender as transformações que vem ocorrendo, tanto com as práticas pedagógicas, quanto com a própria aprendizagem dos educandos, dado que, o ato de ensinar/aprender, são dinâmicos, isto é, exigem constantes busca de novos saberes e práticas pedagógicas.
Para Nóvoa (1992, p. 75) no quadro das práticas de educação, a formação continuada para docentes, aparece como, uma das “prioridades”, para fomentar programas e projetos que viabilizem as condições para a permanência da reconstrução de práticas pedagógicas educativas, que estabelecem novo parâmetro de compreensão de dimensões diferentes, que integram os processos formativos de professores para desempenhar seus papéis sociais na educação, principalmente em sala de aula.
Atualmente o processo inclusivo, é uma das realidades, das práticas educacionais brasileiras, pois os princípios da legislação garantem que a educação, seja uma das prioridades, das políticas públicas, para todos, mas também, depende, em parte, de infraestrutura escolar, recursos/materiais e formação docente, de maneira que, esses conjuntos e elementos, sejam ajustados na materialização das práticas pedagógicas na atmosfera escolar.
Mantoan (2015, p. 29) ressalta, para nós professores, que a formação continuada:
É um, dos momentos importantes para a carreira da docência, tanto na inicial como, na continuada, pois é nesse processo de busca e interação com a construção dos conhecimentos, que os profissionais da educação, refletem a ação, atualizam seus saberes, ressignificam seus pensamentos e linguagem, de modo que, a integração e articulação de experiências, possibilitam a melhorar o nível de aprendizado dos alunos.
Nesse contexto, a formação continuada torna-se a ser essencial na educação inclusiva, pois engloba a renovação dos conhecimentos com ideais de um ensino inclusivo e para todos, indiscriminadamente, possibilitando aos professores, formas distintas de práticas pedagógicas, coerentes e consistentes às reais necessidades e demandas sociais dos estudantes, visto que, a ressignificação dos saberes integram as ações educativas no componente curricular educacional.
Debater as políticas públicas de educação para a formação continuada de docentes na perspectivas inclusiva, requer de todos, o compromisso e a responsabilidade em defender programas que ofereçam a qualificação profissional, para os professores que ainda exercem a docência, é um, dos papeis fundamentais, que deve ser assegurado, no âmbito das instituições de ensino, visando com isso, garantir uma educação pública de qualidade, que remeta à reflexão e à promoção de todos nos processos de formação do aprendizado.
4 Considerações Finais
Pensar a formação continuada para professores que atuam na educação inclusiva, significa propor programas educacionais que possibilite para os profissionais, qualificarem-se nas suas experiências e práticas pedagógicas com a atualização dos conhecimentos, visualizando assim, adequação às necessidades e demandas formativas para a tender alunos, com ou sem deficiência em sala de aula.
Os processos de continuação permanente de formação para atuar no processo inclusivo escolar, possibilitará aquisição de estratégias e ferramentas de ensino que possibilite contribuir com as práticas pedagógicas inclusiva para todos, rompendo com barreiras que dificultam para os estudantes, a potencializar as habilidades e capacidades cognitivas do acesso do aprendizado.
Consideramos que a formação continuada de professores é uma das exigências importantes para a educação inclusiva, pois há possibilidades de ressignificar e atualizar os conhecimentos, renovar as práticas pedagógicas, reformular os pensamentos, atitudes, hábitos, adequar os componentes curriculares para subsidiar e qualificar o trabalho pedagógico para melhorar o nível educacional de todos os alunos na atmosfera escolar, dentro de uma proposta de ensino inclusiva.
Nesse contexto, pensar políticas de formação continuada para os docentes no exercício da profissão no âmbito educacional, significa entender que estes, não tem no decorrer dos processos formativos acadêmicos, uma construção de conhecimento completo e suficiente para as necessidades e demandas educativas de nossos educandos, pois é necessário buscar constantemente, novas experiências para o exercício da docência.
Entendemos que a formação continuada tem caráter de princípios educativos, fundamentados em teorias e práticas de ensino, que demarcam o papel do professor, enquanto profissional, e objetiva permanentemente, a reconstrução dos conhecimentos, que potencializam as práticas pedagógicas, a partir de saberes que estimulam as habilidades e capacidades cognitivas dos discentes na escola.
Portanto, a formação continuada de professores, deve ser prioridade nas políticas públicas de ensino, afim de que possibilite subsidiar, tanto na aquisição dos conhecimentos, assim como, no exercício da docência, pois a renovação é necessária e o processo ensino aprendizagem dos educandos, deve estar, dentro de uma lógica dinâmica, criativa e participativa que possam evidenciar a promoção para o mundo do trabalho, cidadania e integração na sociedade.
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¹Doutorando em Ciências da Educação (FICS), Mestre em Ciências da Educação (FICS), Pós Graduado em Educação Especial Inclusiva (UNIASSELVI) e Licenciado Pleno em Pedagogia (UFPA) – E-mail: klaudioosvaldo@yahoo.com.br;
²Doutoranda em Ciências da Educação (FICS), Mestra em Ciências da Educação (FICS), Pós Graduada em História e Cultura Afro-brasileira e Indígena (UNINTER) e Licenciada Plena em História (UFPA) – E-mail: gracemirasiqueira1980@gmail.com;
³Doutorando em Ciências da Educação (FICS), Mestre em Ciências da Educação (FICS), Pós Graduado em Metodologia do Ensino da Matemática (UNINTER) e Licenciado Pleno em Matemática (UFPA) – E-mail: joaopaulodv16@hotmail.com;
⁴Doutorado em Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO) pela Universidade Federal do Pará, Brasil (2022), Coordenador do Núcleo de Pesquisa e Extensão da Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas (Gamaliel), Brasil – E-mail: milviogo@gmail.com.