FITOTERAPIA: CONHECIMENTOS E PRÁTICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM ODONTOLOGIA

PHYTOTHERAPY: KNOWLEDGE AND PRACTICE IN PRIMARY HEALTH CARE IN DENTISTRY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8025255


Isaac de Sousa Araújo1
Lorena Lacerda Alcântara2
Itallo Ivaneto de Lima Vieira3
Jéssica Pereira da Costa e Silva4
Edglê Pereira da Costa Silva5
Ávila Maria Feitosa Dantas6
Guilherme Martins da Silva7
Gilnei cicero dos santos filho8
Thyerri Freires Bezerra Leite9
André Alencar de Souza10
David Pereira da Silva11
Mariane Fernandes Gomes Nery12


RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar o grau de conhecimento e conduta dos cirurgiões-dentistas da atenção primária à saúde frente à fitoterapia. Estudo de corte transversal, envolvendo 20 cirurgiões-dentistas atuantes no Programa de Saúde da Família, Barbalha-CE, avaliados por meio de questionários sociodemográfico, conhecimentos e condutas de fitoterapia. 10% dos profissionais afirmam conhecer as bases legais que instituem a fitoterapia na odontologia, 90% não possuem o hábito de questionar seus pacientes quanto ao uso de fitoterápicos, e apenas 15% afirmaram ter feito prescrição de fitoterápico em sua prática clínica. 15% dos entrevistados afirmaram ter obtido embasamento teórico sobre o uso da fitoterapia, contudo 90% dos entrevistados consideram viável a inserção da fitoterapia na clínica diária. Conclui-se que os cirurgiões dentistas possuem pouco conhecimento sobre a fitoterapia, as bases que norteiam seu uso na prática clínica e as indicações dos compostos fitoterápicos no tratamento de alterações bucais. No entanto houve um posicionamento a favor da disseminação dessa terapêutica na prática clínica.

Palavras-chave: Fitoterapia. Patologia bucal. Preparações de Plantas.

INTRODUÇÃO

A fitoterapia é a terapêutica caracterizada pelo emprego de constituintes ativos de plantas, derivados vegetais e preparos, para prevenir e tratar enfermidades, sem o uso de fármacos alopáticos, que possuem princípio ativo isolado, e de outros métodos farmacológicos. Os fitoterápicos podem ser empregados objetivando a prevenção através do controle de riscos, na limitação dos sintomas e na recuperação da saúde (EVANGELISTA et al., 2013; REIS et al., 2014; GONTIJO, NUNES, 2017).

O Brasil possui amplo potencial para o desenvolvimento da fitoterapia aplicada inclusive à odontologia, já que dispõe de profusa diversidade vegetal, 25% da flora mundial, além da sua riqueza etnobotânica, evidenciada através da utilização de compostos naturais, de forma empírica, por parcela considerável da população. Ademais os fitoterápicos possuem custo reduzido em se comparando aos medicamentos de síntese química, podendo tornar-se mais acessíveis à população e ao serviço público de saúde (EVANGELISTA et al., 2013; REIS et al.,2014).

Contudo, mesmo em vista deste cenário, apenas no ano de 2006 ocorreram os primeiros avanços da fitoterapia no Brasil, com a publicação, pelo Ministério da Saúde (MS), da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), e em 2008 da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), com diretrizes apontando para o fomento de pesquisas sobre espécies vegetais, e divulgação do uso dessas, promoção da formação técnico-científica no setor de plantas medicinais e fitoterápicos, e da normatização e harmonização da prática na rede pública de saúde (CARVALHO et al., 2011; BRASIL, 2016; OLIVEIRA E ROPKE, 2016).

Na odontologia a fitoterapia surge como prática complementar legal em 2008, após resolução 82/2008 do Conselho Federal de Odontologia (CFO) (CFO, 2008). No entanto, é recorrente, em pesquisas, o desconhecimento por partes dos cirurgiões acerca desses marcos legais e uso da fitoterapia na prática clínica, torna-se uma barreira no uso desta forma terapêutica (REIS et al., 2014; BRUNING et al., 2012).

Tendo em vista o uso crescente da fitoterapia, por parte da população, e o incentivo do governo para a ascensão dessa prática, através de políticas e programas, é necessário, juntamente ao estudo destes compostos naturais e seus princípios ativos, que os profissionais da saúde conheçam as indicações e possíveis consequências dessa terapia, e identifiquem os pacientes que se predisponham ao uso da mesma. Destarte, este trabalho objetiva avaliar o grau de conhecimento e conduta dos cirurgiões-dentistas da atenção primária à saúde frente à fitoterapia.

METODOLOGIA

Tratou-se de um estudo do tipo observacional, com delineamento transversal e de caráter quantitativo. Foi realizado após receber aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio, sob número de aprovação 3.237.416. A coleta foi realizada no período entre fevereiro e maio de 2019, mediante aceitação e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

A amostra foi estabelecida por conveniência e constituída pelos cirurgiões dentistas com vínculo público na atenção primária e secundária da cidade de Barbalha-CE, identificados através do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Os critérios de inclusão adotados para a participação na pesquisa foram: ser cirurgião-dentista registrado no Conselho Regional de Odontologia do Ceará e estar em atuação clínica no serviço público do município de Barbalha. Excluiu-se da amostra de estudo os profissionais que estavam de licença ou outro tipo de afastamento durante todo o período da coleta de dados.

O instrumento de coleta de dados foi constituído por um questionário autoaplicável, baseado no questionário desenvolvido por Reis et al. (2014), composto por 16 quesitos, com a finalidade de caracterização da amostra quanto ao perfil sociodemográfico e conhecimentos e práticas sobre a fitoterapia.

O questionário sociodemográfico foi composto por perguntas que englobavam sexo, tipo de instituição de formação, tempo de atuação profissional, qualificação em pós-graduação e questionamento sobre outras ocupações do profissional. Nas questões de conhecimentos foi perguntado sobre as legislações acerca do tema (resolução 82/2008 do CFO e portaria do Ministério da Saúde nº 971/2006), grau de conhecimento e práticas relacionados às plantas medicinais e compostos fitoterápicos.

A análise dos dados ocorreu através de estatística descritiva e inferencial, após a tabulação dos dados no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20. As variáveis nominais e/ou ordinais foram descritas em frequência e percentual, já as associações categóricas foram analisadas através do teste Qui-quadrado de Pearson com nível de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra de conveniência foi composta por n=20 cirurgiões-dentistas, o que representou aproximadamente 74% dos profissionais atuantes no setor público municipal. Houve equilíbrio entre o sexo, com preponderância do sexo feminino (55%). A maioria da amostra teve sua formação advinda de instituição pública de ensino (80%), possuindo mais dez anos de graduação (60%).

A maior parte dos profissionais informou possuir pós-Graduação, sendo 16 especialistas e 1 mestre. As pós-graduações relatadas distribuem-se nas mais variadas áreas de concentração da odontologia, com predominância de áreas clínicas (93,3%). Com relação a atuação profissional, em geral os profissionais possuem dupla jornada, com atuação tanto no setor público quanto no setor privado (75%), o restante só atua no setor público (Tabela 1).

Tabela 1. Disposição da amostra estudada de acordo com variáveis demográficas e formação profissional.

Variáveisn%
Sexo

Feminino1155,0
Masculino945,0
Tipo de instituição de graduação

Privada420,0
Pública1680,0
Tempo de conclusão da graduação

Menos de 5 anos525,0
Entre 5 e 10 anos315,0
Mais de 10 anos1260,0
Qualificação profissional

Especialização1680,0
Mestrado15,0
Sem pós-graduação315,0
Setor de atuação

Público e privado1575,0
Somente público525,0

Fonte: Autores, 2023.

Quando questionados sobre o conhecimento à cerca das Práticas Integrativas e Complementares (PICs) apenas 10% (2) dos cirurgiões dentistas pesquisados afirmaram conhecer a resolução 82/2008 do CFO e a portaria nº 971 da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do MS, os outros 90% (18) afirmaram não as conhecer (GRAF. 1).

Gráfico 1. Distribuição da amostra de acordo com o conhecimento da Portaria Nº 971 (PNPIC) e da Resolução 82/2008 (CFO).

Fonte: Autores, 2023.

Tais resultados corroboram com os achados por Araújo et al. (2014), que identificaram o desconhecimento de 56% dos entrevistados, todos profissionais de saúde atuantes na AB, sobre a PNPMF e de 81% sobre as normativas relacionadas à fitoterapia, constatando ainda a inexistência da implantação da fitoterapia nas Unidades de Saúde da Família (USF) selecionadas em seu estudo. Tal fato é incoerente, tendo em vista que o uso das práticas complementares na AB é uma política do MS e corrobora para a incorporação dos princípios de universalidade, integralidade e equidade que estruturam o Sistema Único de Saúde (SUS).

A Organização Mundial da Saúde (OMS), admitiu o uso de recursos de origem vegetal para fins terapêuticos. Esse foi o marco inicial que estimulou diversos países a desenvolverem políticas com o fim de difundir o uso da fitoterapia e a elaboração de pesquisa científica com compostos naturais (OMS, 2002; BRASIL, 2006; EVANGELISTA et al., 2013).

Reconhecendo o potencial e a necessidade de comprovação científica e normatização desta prática, o Ministério da Saúde, alguns anos mais tarde, publicou a PNPIC como parte integrante do SUS, Decreto nº 5813, de 22 de junho de 2006, buscando assim a ampliação do acesso a diversas formas de tratamentos com a possibilidade de escolha e com a segurança, eficácia e qualidade dos produtos, sem intenção de substituir o modelo convencional, mas sim para ter uma prática complementar na AB (BRASIL, 2006; FEITOSA et al., 2016; CACCIA-BAVA et al., 2017).

Em sucessão ocorreu a publicação da Política e do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (BRASIL, 2016), suas diretrizes incentivam o crescimento das produções locais, diminuindo assim a dependência estratégica no setor de medicamentos fitoterápicos no Brasil, para assim então promover uma comunicação no setor público e privado, de universidades, organizações não governamentais, centros de pesquisa de plantas medicinais e a fitoterapia.

Silva et al. (2006) ressaltam a importância deste programa, que no estado do Ceará, um pioneiro em assistência fitoterápica, possibilitou ampla utilização da fitoterapia, com registro de 20,6% das prescrições para pacientes com 18 anos ou mais contendo ao menos 01 componente da fitoterapia.

Na odontologia a resolução 82/2008, de 25 de setembro de 2008, do Conselho Federal de Odontologia (CFO), reconheceu o exercício legal de práticas complementares, onde se inseria a fitoterapia, tornando possível a utilização da fitoterapia, como terapia alternativa, na prática clínica odontológica, desde que o profissional se encontre habilitado (CFO, 2008).

Apenas 15% dos entrevistados afirmaram ter obtido embasamento teórico sobre o uso da fitoterapia, apontando a graduação e pós-graduação como meios para aquisição deste conhecimento, sendo que todos haviam se graduado em instituição pública e 66,7% tinham menos de 5 anos de formados. Os demais 85% não obtiveram este embasamento (GRAF. 2).

A ausência de abordagem dessa modalidade terapêutica no meio acadêmico reduz o avanço de pesquisas que visam fornecer fundamentação científica para a prática clínica, convertendo a difusão dessa forma terapêutica entre os profissionais de saúde uma manobra complexa. Salientado o alto grau de aceitação e uso limitado da fitoterapia, nota-se que medidas devem ser tomadas para tornar viável e ampliar o uso desta manobra, como inserção da fitoterapia na grade curricular dos cursos da saúde e desenvolvimento de programas de educação continuada para os profissionais, ensejando que estes conheçam as atividades farmacológicas dos compostos da fitoterapia (MENEZES et al., 2012; EVANGELISTA et al., 2013; ARAUJO et al., 2014; SILVA et al., 2018).

GRÁFICO 2. Distribuição da amostra segundo a obtenção de embasamento teórico sobre fitoterapia.

Fonte: Autores, 2023.

A baixa quantidade de profissionais que tem contato com esta forma terapêutica é demonstrada também no estudo de Gontijo e Nunes (2017) onde 20,3% obtiveram este conhecimento por meio de leitura ou experiência familiar, por tanto não haviam sido apresentados as PICs durante a graduação, e poucos apontaram que a graduação influenciou na obtenção de conhecimento e credibilidade a respeito das PICs, revelando a importância da inserção do estudo dessas práticas na graduação. Araújo et al. (2014) ratifica este indicativo ao verificar que 94% dos entrevistados, profissionais de saúde da Atenção Básica, não possuíam nenhum tipo de capacitação na área das PICs. Bruning et al. (2012) apontou ainda, que o conhecimento que os profissionais de saúde possuem sobre a fitoterapia, em sua maioria, não são adquiridos na formação acadêmica, corroborando com os resultados apresentados por Nascimento Júnior et al. (2016) e com Menezes et al. (2012) que evidenciaram que a maioria dos profissionais de saúde entrevistados (79,3%) não recebeu informações sobre a fitoterapia durante a graduação, sendo os cirurgiões dentistas o grupo com diferença estatística mais significativo (90,3%).

Apesar do número inexpressivo de profissionais que tiveram contato com a fitoterapia, 90% dos entrevistados consideram viável a inserção da fitoterapia na prática clínica podendo ser indicada no tratamento auxiliar ou principal de patologias bucais, os outros 10% preferiram não opinar.

Os resultados se assemelham aos obtidos por Reis et al. (2014), que em pesquisa com 200 cirurgiões-dentistas sendo metade da amostra atuante em setor público a outra metade no setor privado identificaram que 61,9% dos cirurgiões-dentistas pesquisados acreditam na viabilidade da inserção da fitoterapia na prática clínica odontológica, entretanto apenas 12,4% destes afirmam já ter prescrito.

Menezes et al. (2012) identificou que todos os pesquisados acreditavam que os profissionais de saúde devem ter conhecimento sobre o uso e indicações dos fitoterápicos, e a maior parte dos entrevistados (79,3%) da amostra indicou que os profissionais de todas as áreas da saúde deveriam ter este conhecimento. Gontijo e Nunes (2017) afirmaram essa perspectiva quando 86,4% dos profissionais de saúde entrevistados consideraram as práticas integrativas e complementares importantes no seu campo de atuação. Nascimento Júnior et al. (2016) e Bruning et al. (2012) também apresentaram resultados similares ao que se refere à opinião dos entrevistados, entre eles, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, e Cirurgiões-Dentistas, sobre a possibilidade da utilização da fitoterapia como terapia alternativa, obtendo resultados quase unânimes a favor dessa terapêutica.

Foi constatado por Reis et al. (2014) que os profissionais que conheciam as PICs eram os que acreditavam nessa prática, indicando que há uma relação entre conhecimento e vivência acerca da terapêutica, e a crença em sua eficiência. Nesta pesquisa é possível observar que mesmo os profissionais que não possuem experiência, conhecendo ou não as práticas complementares, mostraram-se a favor da inserção desta terapêutica na prática clínica, desde que haja comprovação científica sobre os compostos indicados e embasamento teórico dos profissionais. Ressaltando que o conhecimento da PNPIC por minoria dos profissionais de saúde aponta para a necessidade de investimento em educação permanente para profissionais do setor público (BRUNING et al., 2012; REIS et al., 2014; GONTIJO E NUNES 2017).

A presente pesquisa apontou também que 85% dos entrevistados não prescrevem fitoterápicos (GRAF. 3). Tais achados seguem o de Menezes et al. (2012) , que identificou que apenas 41,9% dos profissionais de saúde entrevistados afirmaram saber orientar seus pacientes quanto ao uso de componentes utilizados na fitoterapia, destacando-se neste grupo os cirurgiões dentistas que apresentaram diferença estatística significativa com relação a outros profissionais, constituindo o grupo de profissionais de saúde que menos prescreveu fitoterápicos, e que menos sabem orientar os pacientes sobre a forma de uso dos componentes da fitoterapia.

Embora tenha ocorrido um amplo movimento de aumento das práticas integrativas em saúde, como a fitoterapia, os cirurgiões-dentistas conotam certa insegurança em agregar à sua prática clínica os fitoterápicos, sendo o desconhecimento, devido a não abordagem deste tema na formação acadêmica, e a escassez de atitudes para educação contínua nos serviços de saúde, apontados como os agentes principais desta insegurança (MENEZES et al., 2012; REIS et al., 2014; ARAUJO et al., 2014; GONTIJO E NUNES, 2017).

Araújo et al. (2014) identificaram que 83% dos entrevistados, que eram diretores da Estratégia de Saúde da Família (ESF), relataram que a comunidade local utiliza a fitoterapia, seja através de lambedores, chás, ou outras apresentações à base de plantas. Um diagnóstico da indicação dos fitoterápicos pelos Cirurgiões-Dentistas visa reduzir o uso empírico favorecendo a utilização das plantas medicinais baseada em evidências científicas. Muitos pacientes que fazem o uso de fitoterápicos, não informam ao Cirurgião-Dentista, por entenderem como desnecessário, acreditando que por ser natural esses produtos não possuem efeitos colaterais ou interações prejudiciais (NASCIMENTO JÚNIOR et al., 2016; CACCIA-BAVA et al., 2017).

O desconhecimento acerca da indicação da fitoterapia pode servir de justificativa para o fato de os profissionais, amostra dessa pesquisa, não inquirirem seus pacientes acerca do uso desta, durante a consulta. Os resultados desta pesquisa mostram que 90% dos entrevistados afirmam não questionar seus pacientes quanto ao uso de substâncias fitoterápicas (GRAF. 3). Tal achado serve de alerta quanto ao perigo de haver interações devido à utilização simultânea de fitoterápico e medicamentos convencionais. É importante, por tanto, que o Cirurgião-Dentista questione o paciente quanto ao uso de fitoterápicos para alterar, caso necessário, a abordagem desse paciente. Para tanto, os profissionais de saúde precisam conhecer as indicações, os efeitos tóxicos e as possíveis interações entre os componentes utilizados na fitoterapia e remédios alopáticos que o paciente esteja utilizando ou venha a fazer uso (BRUNING et al., 2012; EVANGELISTA et al., 2013; NASCIMENTO JÚNIOR et al., 2016)

GRÁFICO 3. Distribuição percentual de profissionais que prescrevem fitoterápicos ou questionam seus pacientes quanto ao uso.

Fonte: Autores, 2023.

O uso da fitoterapia na odontologia para o tratamento de doenças bucais e sistêmicas ainda é pouco conhecida. Contudo, tem se expandido o interesse do meio científico e das comunidades, para alcançar produtos com menor toxicidade, biocompatibilidade, menor custo e maior atividade farmacológica (EVANGELISTA et al., 2013; MACHADO E OLIVEIRA, 2014; REIS et al., 2014).

Quando perguntados qual agente indicar para o controle da placa bacteriana, bem como no tratamento da gengivite 22,2% dos entrevistados responderam extrato de Guaçatonga, 11,1% extrato de Cajueiro e 77,8% bochecho de Aroeira. Os três extratos possuem indicação para controle da microbiota, o fato de a aroeira ser o composto mais indicado pode estar relacionado com a quantidade de estudos acerca desta espécie e a facilidade do contato com a mesma na região de realização da pesquisa.

Já para o tratamento de forma tópica das estomatites aftosas 57,9% dos entrevistados indicariam própolis e 42.1% extrato de aroeira. Além destes, o gengibre, que não foi apontado como indicação por nenhum dos entrevistados, também possui ação anti-inflamatória.

A união dos efeitos antimicrobiano, anti-inflamatório e cicatrizante em um composto é útil no tratamento de diversas alterações recorrentes da cavidade bucal, como infecções virais e bacterianas, lesões por alimentos irritantes ou produtos químicos e principalmente estomatites aftosas recorrentes (PENSIN et al., 2009; MACHADO et al., 2014).

A aroeira (Schinus terebinthifolius) é apontada como possuindo potencial antimicrobiano e anti-inflamatório, demonstrando a tintura da casca da aroeira atividade antibacteriana sobre o S. mutans, um dos microrganismos responsáveis pela formação do biofilme supra gengival. Isto posto, essa pode ser utilizada como antisséptico e na terapêutica de estomatites. A solução à base da tintura da aroeira não inibe totalmente o crescimento bacteriano, mas provoca uma grande redução, demonstrando assim o seu potencial como agente antibacteriano, sobre o S. mutans, até a diluição de 1:8. Já a clorexidina é capaz de inibir totalmente o crescimento bacteriano de escovas dentárias contaminadas, indicando assim que a clorexidina dispõe de eficácia superior à tintura da aroeira contra S. mutans, contudo ambas possuem efeito antibacteriano (SOARES et al., 2007; LINS et al., 2013).

Em estudo com um grupo de pacientes que relatavam episódios frequentes de lesões aftosas, Pensin et al. (2009) encontraram resultados positivos com o uso da pomada de Própolis em Orabase a 5% sobre as lesões aftosas, com 86,7% dos participantes relatando prolongamento no tempo entre os episódios das lesões, e diminuição da média do período de duração das lesões de 7 a 14 dias, antes da utilização da pomada, para entre 2 a 5 dias após a utilização desta, evidenciando potencial indução cicatrizador do própolis. O estudo ainda aponta que os participantes declararam diminuição significativa da dor gerada pelas lesões aftosas.

Quando perguntados sobre indicações para o tratamento da candidíase, 11.1% dos entrevistados responderam que indicariam bochecho de romã, 38.9% indicariam aroeira e 55.6% extrato de gengibre. A romã, o alho e o gengibre demonstraram em estudos randomizados, potencial antifúngico.

A Candida Albicans possui capacidade de se apresentar sob forma de levedura ou de hifa, sendo esta última patogênica as mucosas. A candidíase se manifesta devido à presença da forma patogênica do fungo associada a fatores predisponentes como imunossupressão, uso de medicamentos, alterações hormonais, radioterapia, dentre outras desordens sistêmicas. Para tratamento da candidíase oral usualmente são prescritos antifúngicos tópicos, nomeadamente Nistatina ou Miconazol. Quando precocemente iniciada a terapia medicamentosa a resposta parece ser superior, desta forma, devido o acesso facilitado, os compostos utilizados na fitoterapia podem gerar resposta favorável (SIQUEIRA et al., 2015; SANTOS et al., 2017).

A Punica granatum Linn (romã) tem sido estudada, e identificado seu efeito sobre a C. albicans e outros microrganismos presentes na cavidade oral. Vasconcelos et al. (2006) em estudo in vitro, mostrou a ação de 10% de Punica granatum Linn gel (concentração 1:2), que possui em seu extrato os taninos e polifenóis como componentes principais, inibiu a aderência das associações de C. albicans e S. mitis, além de possuir maior eficácia que o gel de miconazol sobre a associação de três e quatro microrganismos. Sugerindo a utilização do gel da romã para controle de microrganismos responsáveis ​​por as infecções orais mais comuns, como a cárie, a doença periodontal e as estomatites. Santos et al. (2017), em estudo clínico do tipo randomizado com pacientes em terapia antineoplásica, reforça estes resultados, quando ao fim da pesquisa ambos os grupos, o que utilizou o gel de Punica granatum Linn e o grupo controle, utilizando Miconazol, apresentaram-se sem presença de sinais clínicos de infecção fúngica.

O alho (Allium sativum) é outro composto que tem mostrado atividade antifúngica. Em pesquisa laboratorial para avaliação da sua atividade antimicrobiana, in natura e na forma de extratos aquosos à 30% e à 170%, frente à levedura Candida albicans, tendo como controle negativo discos sem impregnação e como controle positivo discos contendo Miconazol 50 μg, Fonseca et al. (2014) identificaram inibição do crescimento da Candida albicans, possuindo, in natura, efeitosuperior ao do extrato aquoso. Ademais, in natura a atividade antimicrobiana foi superior a do Miconazol (50μ). Bakhshi et al. (2012) em estudo comparativo do extrato aquoso de alho com a Nistatina, para tratamento de estomatite protética, evidenciaram que a ausência de relatos, por parte dos pacientes, de efeito colateral e a eficácia na melhoria das lesões, parece indicar o extrato aquoso de alho como bom substituto para a Nistatina no tratamento de estomatite protética.

Em estudo laboratorial comparando o efeito fungicida do extrato glicólico de gengibre e do hipoclorito de sódio sobre a Candida Albicans Aguiar et al. (2009) constataram que ambos possuíam efeito fungicida, contudo o hipoclorito de sódio possuía atividade superior e o extrato glicólico de gengibre apresentou-se como sendo concentração dependente, possuindo atividade fungicida a partir da concentração mínima de 12,5%. Podendo futuramente ser empregado, por exemplo, na limpeza de próteses.

CONCLUSÃO

A partir dos resultados conclui-se que os cirurgiões dentistas da cidade de Barbalha-CE possuem pouco ou nulo conhecimento sobre a fitoterapia, sobre as bases que norteiam seu uso na prática clínica e as indicações dos compostos fitoterápicos como terapêutica de alterações, contudo apesar do não conhecimento desta manobra terapêutica grande parcela destes profissionais se posiciona a favor da inserção desta na prática clínica.

Os compostos indicados pelos profissionais em alguns casos diferem dos relatados na literatura, sendo indicado a ausência do contato com essa terapia na graduação e pós-graduação uma justificativa para tal fato, demonstrando a necessidade de aprofundamento acerca do estudo dessa terapêutica e de seus compostos.

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the degree of knowledge and conduct of primary health care dentists regarding phytotherapy. Cross-sectional study, involving 20 dentists working in the Family Health Program, Barbalha-CE, evaluated through sociodemographic questionnaires, knowledge and practices of phytotherapy. 10% of professionals claim to know the legal bases that establish herbal medicine in dentistry, 90% are not in the habit of questioning their patients about the use of herbal medicines, and only 15% said they had prescribed herbal medicine in their clinical practice. 15% of the interviewees stated that they had obtained a theoretical foundation on the use of phytotherapy, however 90% of the interviewees considered the insertion of phytotherapy in daily practice feasible. It is concluded that dentists have little knowledge about phytotherapy, the bases that guide its use in clinical practice and the indications of herbal compounds in the treatment of oral alterations. However, there was a position in favor of the dissemination of this therapy in clinical practice.

Keywords: Phytotherapy. Oral pathology. Plant Preparations.

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1 Mestre em Endodontia e Docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E:mail isaacaraujo@leaosampaio.edu.br

2 Graduanda em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: lorena.azazaz@gmail.com

3 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: italloivaneto@icloud.com

4 Graduanda em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: jhessycosta2.0@gmail.com

5 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: edglecosta@hotmail.com

6 Graduanda em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: avila1feitosa@gmail.com

7 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: guilherme4712silva@gmail.com

8 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: gilnei.cicero@hotmail.com

9 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: thyerrirfreires@gmail.com

10 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: andrealencar021@gmail.com

11 Graduando em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: davidmariavalentina@gmail.com

12 Graduanda em Odontologia do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO. E-mail: marianefgn@gmail.com