REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202510131115
Celiane Karoline Campos Pedroso1; Camila Nobre de Barros2; Paulo Reis Maia Mota3; Marcos Antônio Lopes da Silva4; Daniel Paixão dos Santos5; Fernando Lucas Gama da Costa6; Cassius Cley Dias Xabregas7; Pâmela Pires8; Jason Silva de Almeida Júnior9; Marden Junio Sousa Ferreira10
RESUMO
A bronquiolite viral aguda (BVA), causada predominantemente pelo vírus sincicial respiratório (VSR), é caracterizada pela inflamação dos bronquíolos, resultando na obstrução das vias aéreas inferiores, dificuldade ventilatória e comprometimento da troca gasosa, o que pode levar à hipoxemia e hipercapnia. Este trabalho tem como objetivo revisar, de forma sintética, a eficácia da fisioterapia respiratória em crianças menores de dois anos diagnosticadas com bronquiolite viral aguda. A pesquisa ressalta a importância dessa abordagem terapêutica na redução da necessidade de suporte ventilatório intensivo, prevenção de complicações respiratórias e promoção da recuperação clínica. A metodologia utilizada foi uma revisão integrativa de literatura com abordagem qualitativa e descritiva, fundamentada em livros, dissertações e artigos científicos extraídos de plataformas como SciELO e Google Acadêmico. A fisioterapia respiratória tem papel fundamental no tratamento da bronquiolite viral aguda, especialmente em crianças menores de dois anos e em ambientes hospitalares. Devido limitações, sugerimos novas buscas em intervalos de tempos maiores, expandidas em bases de dados e com análise sistemática para aperfeiçoamento das conclusões
Palavras-chave: bronquiolite viral aguda; fisioterapia respiratória; terapias respiratórias.
1. INTRODUÇÃO
Segundo Ramos, a bronquiolite viral aguda (BVA) é a infecção viral mais comum do trato respiratório inferior em crianças menores de dois anos, sendo a principal causa de internação hospitalar nessa faixa etária. O agente etiológico mais prevalente é o vírus sincicial respiratório, embora outros vírus como Rinovírus, Metapneumovírus, Influenza e Adenovírus também estejam associados.
A definição clínica da BVA pode variar, dificultando a uniformização de diagnósticos entre diferentes regiões e estudos. No sul do Brasil, sua incidência aumenta em estações frias e úmidas.
De acordo com a American Academy of Pediatrics, a fisiopatologia envolve infecção do epitélio bronquiolar, edema, aumento da produção de muco e necrose celular, com consequente obstrução das vias aéreas e dificuldade respiratória.
Para Andrade, o diagnóstico da BVA é essencialmente clínico, com manifestações como sibilos, roncos, taquipneia e batimento de asa nasal. Sousa destaca que fatores como prematuridade, cardiopatias, imunodeficiências e idade inferior a três meses estão associados a formas mais graves da doença.
Segundo Ramos, a lavagem nasal com solução salina isotônica (soro fisiológico a 0,9%) pode ser benéfica nos quadros leves, facilitando a ventilação nasal. No entanto, a aspiração vigorosa das vias aéreas superiores está contraindicada na bronquiolite aguda, pois pode agravar o edema local.
Nesse sentido Machado destaca que a fisioterapia respiratória visa otimizar a ventilação pulmonar, melhorar a oxigenação, promover a higiene brônquica e manter a permeabilidade das vias aéreas. As técnicas incluem: Drenagem postural: posicionamento da criança para facilitar a gravidade na remoção de secreções; Vibração torácica: aplicação manual ou com dispositivos, ajudando na mobilização de secreções; Pressão expiratória positiva (PEP): mantém vias aéreas abertas e facilita a eliminação de muco; Expiração forçada: auxilia na expulsão de secreções, especialmente em crianças maiores.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Fisioterapia Respiratória
Segundo Mendonça e Guimarães, a fisioterapia respiratória é um conjunto de intervenções voltadas a melhorar a ventilação, otimizar a troca gasosa e facilitar a remoção de secreções, com foco especial em populações pediátricas vulneráveis. As técnicas incluem higiene brônquica, drenagem postural, vibração e manobras de reexpansão pulmonar, escolhidas de forma individualizada. Abreu descreve ainda recursos como expiração lenta e prolongada (ELPr), aumento do fluxo expiratório (AFE) e desobstrução rinofaríngea retrógrada, empregados para permeabilizar vias aéreas. Zandoná, Araújo e Silva ressaltam que a indicação deve considerar fase da doença e contexto clínico. Duarte, ao propor protocolo assistencial, reforça a necessidade de padronização e integração multiprofissional. Em conjunto, Oliveira aponta que oxigenoterapia, aspiração de vias aéreas e até suporte não invasivo podem compor o manejo quando indicado.
De acordo com Roqué e Figuls, a evidência sobre benefícios universais das técnicas “convencionais” é heterogênea, o que exige cautela na aplicação rotineira. Ainda assim, Abreu relata efeitos clínicos favoráveis em desfechos como higiene brônquica, saturação de oxigênio e necessidade de oxigenoterapia em determinados cenários. Silva observa que a ELPr pode reduzir o desconforto respiratório aferido por escores clínicos em lactentes. Silva também mostra que tal melhora sintomática nem sempre se traduz em menor tempo de internação. Finato corrobora o interesse clínico no ambiente hospitalar, destacando a avaliação de eficácia em crianças internadas.
Segundo Duarte, a assistência deve ser centrada na monitorização de sinais vitais, trabalho respiratório e resposta às intervenções, com reavaliação seriada. Mendonça e Guimarães enfatizam a educação de pais e cuidadores para adesão e prevenção de complicações. Zandoná, Araújo e Silva lembram que o planejamento inclui metas realistas, alinhadas ao estágio da doença. Abreu recomenda ajustar técnica e intensidade ao local de atendimento (ambulatório, enfermaria, UTI). Oliveira ressalta que a priorização do conforto e da permeabilidade das vias aéreas melhora a tolerância ao tratamento. Roqué e Figuls orientam evitar manobras que aumentem risco de instabilidade respiratória.
2.2 Contextualização da bronquiolite
De acordo com Sousa, a BVA é sazonal, autolimitada e geralmente benigna, mas pode evoluir com complicações graves, especialmente em grupos de risco. O diagnóstico é clínico, e exames complementares são utilizados em casos graves ou atípicos. A infecção é transmitida por contato com secreções contaminadas, e a reinfecção é comum ao longo da vida.
Segundo Silva, a bronquiolite viral aguda é a infecção viral mais comum do trato respiratório inferior em crianças menores de dois anos, sendo a principal causa de internação hospitalar nessa faixa etária. O agente etiológico mais prevalente é o vírus sincicial respiratório, embora outros vírus como Rinovírus, Metapneumovírus, Influenza e Adenovírus também estejam associados. Abreu descreve o quadro típico como um episódio agudo de sibilâncias no contexto de infecção respiratória.
Conforme Mendonça e Guimarães, a fisiopatologia envolve hiperinsuflação, atelectasias e desequilíbrio ventilação-perfusão. Duarte enfatiza que a abordagem é majoritariamente de suporte, com hidratação, oxigenoterapia e vigilância. Em casos de maior gravidade podem requerer ventilação não invasiva. Assim, Finato aponta a hospitalização como oportunidade para avaliação funcional e acompanhamento multiprofissional.
Segundo Roqué e Figuls, a maioria dos casos evolui de forma autolimitada, mas uma parcela necessita internação por desconforto respiratório significativo. Recomenda -se critérios objetivos para escalonamento do cuidado conforme a resposta clínica, assim, ressalta-se a importância do monitoramento contínuo para prevenir complicações.
Oliveira lembra que medidas para manter vias aéreas patentes e conforto do lactente são pilares do cuidado, reforça-se ainda a comunicação clara com familiares sobre evolução esperada e sinais de alerta.
2.3 Fisioterapia Respiratória na Bronquiolite
Para Martins a fisioterapia respiratória se destaca como uma intervenção relevante na prevenção de atelectasias, promoção da higiene brônquica e melhora da troca gasosa. Sousa, menciona que a escolha das técnicas depende da avaliação do fisioterapeuta e das condições clínicas da criança.
Segundo Abreu, técnicas como ELPr, AFE, drenagem postural e desobstrução rinofaríngea podem melhorar a permeabilidade das vias aéreas, a higiene brônquica e parâmetros clínicos selecionados. Silva observou redução de escores de gravidade após ELPr em comparação a técnicas convencionais, indicando menor desconforto respiratório. Contudo, Silva também evidenciou a ausência de redução do tempo de internação, apontando benefício sobretudo sintomático.
Mendonça e Guimarães destacam que a fisioterapia pode reduzir a necessidade de suporte intensivo quando bem indicada. Oliveira descreve bons resultados práticos com aspiração de vias aéreas superiores e oxigenoterapia como suporte concomitante, sinaliza se a relevância de investigar a eficácia em crianças hospitalizadas.
De acordo com Roqué e Figuls, não há suporte para uso rotineiro e indiscriminado de todas as técnicas de fisioterapia torácica em bronquiolite grave, principalmente as manobras forçadas. Essa revisão alerta para risco de eventos adversos transitórios com técnicas expiratórias passivas forçadas, recomendando prudência. Abreu, por outro lado, relata efeitos positivos imediatos ou de curto prazo em determinados contextos e técnicas de fluxo baixo. Zandoná, Araújo e Silva defendem a escolha de recursos “não convencionais” conforme fase e resposta clínica. Duarte orienta integrar a fisioterapia a protocolos institucionais, com avaliação e reavaliação padronizadas.
3. METODOLOGIA
Esta revisão integrativa seguiu uma abordagem qualitativa e descritiva. Com o objetivo geral revisar, de forma sintética, a eficácia da fisioterapia respiratória em crianças menores de dois anos diagnosticadas com bronquiolite viral aguda. Foram pesquisados artigos publicados entre 2020 e 2025 nas bases SciELO e Google Acadêmico, utilizando os termos “fisioterapia respiratória” e “bronquiolite”.
A busca pelo termo “fisioterapia respiratória” na SciELO gerou 62 resultados e no Google Acadêmico 16200 resultados. Considerados apenas artigos em português, a SciELO gerou 33 resultados e no Google Acadêmico 14900. A busca pelo termo “bronquiolite” na SciELO gerou 135 resultados e no Google Acadêmico 7200 resultados. Considerados apenas artigos em português, a SciELO gerou 109 resultados e no Google Acadêmico 6430.
A combinação dos dois termos com artigos publicados em português gerou 1 resultado na SciELO e 372 no Google Acadêmico. Foram excluídos estudos que não abordavam crianças com BVA, que não disponibilizam o texto completo de forma gratuita, não continham no título os termos e não evidenciavam melhora do quadro do paciente. Ao final, 22 artigos foram selecionados para leitura integral e 7 foram escolhidos para a análise e coleta de dados. Também foram consultadas dissertações e livros técnicos a partir de 2010 para construção referencial teórico e discussão.
Os textos escolhidos foram então lidos integralmente e organizados em uma tabela contendo os seus respectivos: objetivo principal, metodologia, resultados e conclusão do estudo. Essas informações foram então analisadas e os resultados discutidos a fim de atingir o objetivo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pupin et al. destacam que a fisioterapia respiratória apresenta efeitos benéficos na melhora de parâmetros clínicos em crianças com bronquiolite viral aguda, como frequência respiratória, saturação de oxigênio e necessidade de oxigenoterapia. Castro et al. corroboram essa perspectiva ao evidenciar que a aplicação dessas técnicas contribui significativamente para a evolução clínica dos pacientes pediátricos.
Técnicas como drenagem postural, PEP e vibração torácica mostraram-se eficazes na redução de sintomas e tempo de internação. Abreu destacou, em revisão sistemática, que a fisioterapia é segura e eficaz, embora ainda existam lacunas quanto à padronização de protocolos. Mendonça e Guimarães ressaltam a variedade de métodos empregados na prática clínica, reforçando a necessidade de guias baseados em evidências.
Tabela 1 – Trabalhos mais relevantes para a pesquisa
Autores | Objetivo | Metodologia | Resultados | Conclusão |
MENDONÇA, GUIMARÃES. | Discutir os recursos fisioterapêuticos utilizados no manejo de crianças com bronquiolite viral aguda (BVA), destacando técnicas aplicadas, sua fundamentação fisiopatológica e impacto no tratamento. | Trata-se de um artigo de revisão, possivelmente narrativa ou integrativa), em que os autores revisaram literatura científica sobre fisioterapia respiratória na BVA, enfocando técnicas como higiene brônquica, drenagem postural, vibração e reexpansão pulmonar. Não há descrição clara da estratégia de busca nem do número de estudos incluídos. | O estudo comenta que essas técnicas fisioterapêutica promovem remoção e mobilização de secreções, melhoram a ventilação alveolar e a oxigenação e contribuem para reduzir a necessidade de ventilação invasiva, além do que podem prevenir complicações respiratórias e acelerar a recuperação, embora os resultados variem conforme o tipo de técnica utilizada. | Os autores concluem que a fisioterapia respiratória é uma intervenção terapêutica essencial no manejo da BVA, podendo diminuir a gravidade clínica e apoiar a recuperação. Ressaltam a necessidade de programas personalizados de reabilitação e orientação para pais/cuidadores, bem como monitoramento contínuo durante o tratamento. |
ALVES; SANTOS; COSTA. | Definir critérios clínicos e parâmetros para diagnóstico e gravidade da BVA. | Avaliação em lactentes com primeiro episódio, coleta de sinais clínicos e aplicação de critérios de gravidade. | Diagnóstico essencialmente clínico, exames complementares apenas em casos graves ou atípicos. | Suporte clínico é base do manejo, critérios bem definidos evitam exames e internações desnecessárias. |
SILVA; | Analisar os efeitos Analisar os efeitos das principais técnicas respiratórias utilizadas em pediatria, como a drenagem postural, vibração torácica, tapotagem e aspiração traqueal, na melhora dos parâmetros respiratórios e na redução de complicações pulmonares em crianças hospitalizadas. | Estudo de revisão integrativa da literatura, com busca em bases de dados como PubMed, SciELO e LILACS. Foram incluídos artigos publicados entre 2015 e 2024, com crianças de 0 a 12 anos submetidas a técnicas fisioterapêuticas respiratórias. Os critérios de inclusão consideraram estudos clínicos, revisões sistemáticas e ensaios randomizados.. | As técnicas respiratórias mostraram-se eficazes na melhora da oxigenação, diminuição da frequência respiratória e eliminação de secreções. A aspiração traqueal foi eficiente em casos de acúmulo intenso de secreções. A vibração torácica e a tapotagem apresentaram bons resultados na mobilização do muco. A associação de mais de uma técnica potencializou os resultados. A maioria dos estudos relatou melhora clínica em até 72 horas de intervenção. | As técnicas respiratórias aplicadas por fisioterapeutas em pediatria são seguras e eficazes para o manejo de alterações respiratórias. A escolha da técnica deve considerar a condição clínica da criança, sendo importante a atuação interdisciplinar para melhores resultados. Novas pesquisas com padronização de protocolos são necessárias para fortalecer as evidências. |
REZENDE; SOUSA | Testar se a fisioterapia respiratória melhora o desfecho na bronquiolite aguda. | Revisão sistematiza com 8 estudos, incluindo ensaios controlados e quase- experimentais. | Redução do tempo de hospitalização, melhora da oxigenação, menos tempo de ventilação mecânica invasiva. | Fisioterapia respiratória pode acelerar recuperação e reduzir a gravidade. |
ABREU et al. | Esclarecer o impacto da fisioterapia nos diferentes tipos de bronquiolite, em diferentes perfis de pacientes e locais de atendimento. | Revisão sistemática conforme PRISMA, registrada no PROSPERO (CDR42021239709); buscas nas bases ScienceDirect, MEDLINE/PubMed e SciELO com estratégia PICO; inclusão de estudos observacionais e experimentais em lactentes com bronquiolite e intervenção fisioterapêutica; exclusão de estudos com outras patologias respiratórias; avaliação de qualidade pelo NHLBI por dois avaliadores independentes, com síntese descritiva e análise de concordância. | Identificados 338 artigos e incluídos 26 estudos (n=3.339), distribuídos entre internamento, UCI e ambulatório; técnicas mais recorrentes: desobstrução rinofaríngea retrógrada, expiração lenta e prolongada, aumento do fluxo expiratório e drenagem postural; observaram-se efeitos positivos em desfechos como aumento da permeabilização de vias aéreas, higiene brônquica, e redução do número de dias de hospitalização, melhora da SpO₂, e de escores clínicos como: frequência cardíaca, frequência respiratória e necessidade de oxigenoterapia. | A evidência aponta benefícios das técnicas (especialmente desobstrução rinofaríngea, expiração lenta e prolongada e aumento do fluxo expiratório) nos principais desfechos clínicos, embora a heterogeneidade metodológica e a escassez de estudos robustos limitem a certeza; recomendam-se pesquisas adicionais, sobretudo em bronquiolites leves a moderadas e fora do internamento. |
DUARTE et al. | Facilitar o manejo da assistência em lactentes com bronquiolite viral aguda, padronizando condutas com base nas melhores evidências e reduzindo variabilidade e riscos assistenciais por meio de protocolos, fluxogramas e guias. | Revisão de literatura no PubMed dos últimos dez anos com os descritores pertinentes e, em seguida, reunião interdisciplinar de especialistas para ajustes, sugestões e atualizações do documento. | Elaboração de um protocolo estruturado com definição e magnitude do problema, evolução, quadro clínico, critérios de gravidade, diagnóstico e manejo, incluindo fluxograma de emergência, tratamento, ventilação não invasiva e invasiva, critérios de admissão na UTI, fluxograma na UTI, sedação, critérios de alta e orientações aos familiares. | Documento técnico construído para apoiar a tomada de decisão clínica desde a emergência até a UTI e pós-alta, com a expectativa de qualificar a prática, estimular o raciocínio clínico e promover intervenções seguras e padronizadas no cuidado à criança grave. |
FINATO | Realizar uma revisão bibliográfica atualizada sobre a eficácia da fisioterapia respiratória no tratamento da bronquiolite em crianças hospitalizadas. | Busca primária e secundária nas bases BIREME, SciELO, LILACS, PubMed, GoPubMed e Google Acadêmico, cobrindo 2011–2016, com extração e síntese dos estudos identificados. | Seleção de 11 artigos, organizados com autor, data, população, protocolo/grupo, variáveis analisadas e achados principais. | A fisioterapia respiratória pode contribuir na prevenção e no tratamento de complicações pulmonares na bronquiolite, desde que as técnicas sejam criteriosamente indicadas, considerando gravidade e associação com terapias farmacológicas; recomenda-se realizar mais pesquisas para avaliar a efetividade das diferentes abordagens. |
Os achados de Abreu e Finato convergem ao indicar benefícios clínicos pontuais das técnicas de desobstrução e de manejo do padrão ventilatório em lactentes com bronquiolite, sobretudo na melhora de saturação, escore clínico e permeabilização de vias aéreas. Essa consistência favorece a incorporação criteriosa da fisioterapia respiratória como coadjuvante do cuidado, desde que ancorada em avaliação seriada e metas realistas de desfecho. No entanto, ambos reconhecem heterogeneidade metodológica relevante, o que limita inferências sobre tempo de internação e necessidade de oxigenoterapia em todos os contextos. Assim, o peso das evidências recomenda prudência na extrapolação para uso rotineiro sem indicação clara. Em termos práticos, a utilidade parece maior em quadros leves a moderados ou quando há acúmulo de secreções. A conclusão operativa é integrar técnica, gravidade e responsividade clínica.
Mendonça e Guimarães oferecem sólido nexo fisiopatológico para técnicas como higiene brônquica, drenagem postural e reexpansão, o que dá coerência ao uso quando predomina obstrução por muco e hiperinsuflação. Ao cotejar essa base com a revisão de Silva e Freitas, observa-se reforço à eficácia em parâmetros clínicos de curto prazo, com realce para combinações de técnicas e para aspiração em secreção espessa. Contudo, persiste a necessidade de padronização de protocolos e de melhor definição de critérios de indicação, a fim de reduzir variabilidade e eventos adversos. A convergência entre racional fisiológico e ganhos clínicos apoia o uso, desde que monitorado e individualizado.
No plano organizacional, Duarte propõe a ponte entre evidência e leito, estruturando fluxos que integram triagem, escalonamento de suporte e momento de acionar a fisioterapia na jornada do paciente. Tal padronização tende a qualificar decisões e a reduzir intervenções inócuas, sobretudo quando combinada a critérios clínicos precisos. É nesse ponto que Alves, Santos e Costa adicionam valor, ao enfatizar diagnóstico essencialmente clínico e definição rigorosa de gravidade, evitando exames e internações desnecessárias. A articulação entre critérios e protocolos delimita o lugar da fisioterapia, previne indicações indiscriminadas e potencializa a relação risco-benefício. Em conjunto, ambos sugerem que ganhos dependem menos de “mais técnica” e mais de “técnica certa, no paciente certo, na hora certa”. Esse é o vetor de melhoria contínua no cuidado.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fisioterapia respiratória tem papel fundamental no tratamento da bronquiolite viral aguda, especialmente em crianças menores de dois anos e em ambientes hospitalares. Apesar dos benefícios observados, ainda são necessários mais estudos com metodologia robusta para padronizar as intervenções e adequá-las às diferentes gravidades da doença. As evidências apontam que, quando bem indicada, a fisioterapia contribui significativamente para a melhora clínica e recuperação respiratória dos lactentes.
6. LIMITAÇÕES DO ESTUDO
A metodologia escolhida (revisão integrativa) não prevê o rigor de uma Revisão Sistemática com Metanálise. Logo, não houve a combinação estatística de resultados para obtenção de um estimador global de eficácia, limitando as inferências a uma síntese descritiva e qualitativa das evidências. A busca limitada ao período e bases pode ter implicado na exclusão de estudos relevantes publicados fora do recorte temporal ou em bases de dados não consultadas, introduzindo potencial viés de seleção. Sugerimos novas buscas em intervalos de tempos maiores, expandidas em bases de dados e com análise sistemática para aperfeiçoamento das conclusões.
7. REFERÊNCIAS
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1Fisioterapeuta, Pós-graduação em Fisioterapia em Terapia Intensiva. E-mail: celianepedrosojv77@gmail.com.
2Acadêmica de Fisioterapia do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES). E-mail: camilanbarros70@gmail.com.
3Acadêmico de Fisioterapia do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES). E-mail: eletropaulosolar@gmail.com.
4Acadêmico de Fisioterapia do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES). E-mail: siilvamarcos70@gmail.com.
5Acadêmico de Fisioterapia do Instituto Esperança de Ensino Superior (IESPES). E-mail: danielpaixaodossantos09@gmail.com.
6Acadêmico de Fisioterapia da Universidade da Amazônia (UNAMA). E-mail: flucasgama94@outlook.com.
7Fisioterapeuta. E-mail: cassiuscleystm@gmail.com
8Fisioterapeuta. E-mail: pamelapires19@gmail.com.
9Fisioterapeuta, Mestrando, Especialista Titulado em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto ASSOBRAFIR/COFFITO. E-mail: jasonjunior5@gmail.com.
10Fisioterapeuta, Especialista Titulado em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto/ Fisioterapia Respiratória- ASSOBRAFIR/COFFITO. E-mail: mardenjunio@gmail.com.