FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA EM PACIENTES NEONATOS COM SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Daniela Nogueira Ferreira1; Danilo Mattos Tomaz de Oliveira6; Karinna Lobato Fernandes3; Rebeca de Souza Manetti4; Taila Carolina Ferreira Brasil5; Douglas da Silva Ataíde6

1 Fisioterapia respiratória em pacientes neonatos com síndrome do desconforto respiratório aguda: Revisão de literatura. Discente finalista do curso de Fisioterapia do centro universitário – FAMETRO.
2 Docente e orientador do curso de Fisioterapia do centro universitário – FAMETRO.

INTRODUÇÃO

A Síndrome do Desconforto Respiratório do recém-nascido (SDR), também conhecida como Doença da Membrana Hialina, ocorre quando há uma quantidade inadequada de surfactante pulmonar, levando a atelectasia alveolar difusa, edema e lesão celular, no qual ocorre a inibição da função do surfactante. Esses mecanismos são associados à imaturidade pulmonar do recém-nascido, principalmente prétermo, pois, eles são incapazes de remover esse líquido adequadamente, e a baixa área de superfície para troca gasosa pode gerar importante dificuldade respiratória nos pacientes neonatais.

Conforme Rotta (2015), a primeira definição de SDRA foi publicada em 1967, quando Ashbaugh et al. descreveram um grupo de pacientes predominantemente adultos com diferentes doenças de base, que tinham em comum a evolução para a insuficiência respiratória com hipoxemia refratária associada à infiltração difusa na radiografia de tórax, e à diminuição da complacência e da capacidade residual funcional, e que requeriam uso de pressão expiratória final positiva (PEEP) para melhora da oxigenação

Amato e colaboradores (2007), atualmente descrevem A SDRA como uma inflamação difusa da membrana alvéolo-capilar, em resposta a vários fatores de risco pulmonares ou extrapulmonares. Esses fatores de risco causam lesão pulmonar através de mecanismos diretos (exemplo: aspiração de conteúdo gástrico, pneumonia, lesão inalatória, contusão pulmonar) ou indiretos (exemplo: sepse, traumatismo, pancreatite, poli transfusão).

Silva (2017), no seu estudo relata que a SDRA tem destaque nos índices de mortalidade neonatal. Cerca de 60% dos nascidos com idade gestacional menor que 30 semanas irão desenvolver esta patologia, assim como, aproximadamente 5% com mais de 37 semanas. As estruturas pulmonares deixam de ser preenchidas por líquidos para se tornarem espaços arejados e com trocas gasosas; além de necessitarem se adaptar a um ambiente termicamente instável e com atividade metabólica diferente da intrauterina.

Segundo Lima (2013), O diagnóstico clínico da SDR, é feito através do conhecimento da história materna obstétrica e familiar, das condições de nascimento do neonato, além da identificação dos fatores de risco mais determinantes desta

Fisioterapia respiratória em pacientes neonatos com síndrome do desconforto respiratório aguda: Revisão de literatura

patologia, as principais manifestações clínicas da doença são: dispneia, taquipnéia ou bradipnéia em casos graves, o gemido expiratório, a cianose, os batimentos de asas nasais, retração esternal, dificuldade em iniciar a respiração normal, edema de extremidades, tiragem intercostal e subcostal e crises de apnéia.

De acordo com Dermatini (2011), o recém – nascido pré-termo/ prematuro é definido como aquele nascido antes do início da 37º semana de gestação. O principal motivo de internação do recém-nascido pré-termo, na UTIN é a dificuldade respiratória, devido à distúrbios metabólicos e infecções. A prematuridade com 68% representou a maior causa de óbito, seguida por parada cardiorrespiratória 47% e septicemia 36%. Grande parte dos óbitos ocorreu pelo somatório dessas patologias. A idade gestacional e o baixo peso ao nascer determinam os prognósticos da prematuridade.

Conforme Souza (2016), a SDR é um problema que tem importância epidemiológica no desenvolvimento associado ao nascimento prematuro, pois enquanto aproximadamente 10% dos recém-nascidos são pré-termo, a SDR é uma complicação que ocorre em aproximadamente 1% das gestações. A doença ocorre em aproximadamente 50% dos recém-nascidos pré-termo entre 26 e 28 semanas e em aproximadamente 20 a 30% daqueles entre 30 e 31 semanas de gestação.

De acordo com Guimarães (2018), apesar da SDRA está associada à incidência e gravidade diretamente relacionadas ao grau de prematuridade, esta possui alguns fatores de riscos Peri e pós-natais têm sido identificados como: deslocamento prematuro da placenta, eritroblastose fetal, diabetes materno, asfixia Peri natal, hemorragia materna no último, trimestre, gemiparidade, doença hipertensiva específica da gravidez, hipovolemia, hipotermia, choque e hipoxemia prolongada. O presente estudo teve como objetivo identificar o perfil dos neonatos prematuros internados em unidade de terapia intensiva.

METODOLOGIA

Este estudo foi desenvolvido por meio uma revisão integrativa da literatura, com objetivo descritivo explicativo de natureza quantitativa e não experimental, que visa identificar o conhecimento produzido sobre o tema abordado. A busca foi feita por títulos disponíveis na “internet” nas seguintes bases de dados LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde), PUBMED, SCIELO (Scientific

Electronic Library Online), BVS (Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde) PEDro, e outras revistas. Foram considerados os critérios de inclusão os artigos publicados anteriores ao ano de 2020, publicação na língua portuguesa e inglesa e que abordem o tema, e artigos indexados em revistas, que abordem a fisioterapia respiratória em neonatos com SARA.

Já para exclusão, foi necessária uma revisão literária, mediante o cruzamento do vocabulário dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): SARA; prematuridade; terapia intensiva e neonatos, onde foram excluídos artigos relacionados a outros temas e artigos que não estejam disponíveis na íntegra. A busca foi realizada de Julho a Dezembro de 2020. Onde foram encontrados 289 artigos que referiam a fatores associados à temática em questão. Após buscar as informações dos artigos restaram 11 artigos com os critérios devidamente compatíveis com a pesquisa, sobre o método utilizado, onde foram consultados para desenvolver e embasar todo o conteúdo explorado, que estão relacionados ao resultado sobre o tema escolhido sobre Fisioterapia Respiratória Em Pacientes Neonatos Com Síndrome Do Desconforto Respiratório Aguda: Uma revisão de literatura.

Posteriormente para a análise quantitativa do levantamento literário os resultados dos artigos em comparação dos estudos da própria literatura, para obtenção de dados foi utilizado o programa do Word no qual foi abordado o resultado do estudo, e os artigos foram pesquisados através da junção associado dos descritores escolhidos para garantir que todos os artigos incluídos abordassem o tema proposto, os termos foram combinados entre si através do operador booleano “AND’’ para efetivação da busca por artigos, dissertações e teses que enfatizem a temática estudada e publicada a partir de 2010 a 2019.

Figura 1: Fluxograma da pesquisa bibliográfica nos bancos de dados científicos abordando a fisioterapia respiratória em pacientes neonatos com síndrome do desconforto respiratório aguda.

Fisioterapia respiratória em pacientes neonatos com síndrome do desconforto respiratório aguda: Revisão de literatura.

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RESULTADOS

Após o levantamento das informações citadas anteriormente, foi demonstrada através da tabela 1 os resultados dos estudos encontrados para posterior discussão deste trabalho. Os resultados desta pesquisa relacionaram os autores e as intervenções fisioterapêuticas na SARA.

Tabela 01: Tabela com os resultados da pesquisa sobre as técnicas de fisioterapia respiratória em neonatos com SARA.

AUTOR/ANOMETODOLOGIADESFECHO
Tavares et al. , 2019Estudo transversal que avaliou 30 neonatos prematuros. Foi avaliada a ocorrência de alterações fisiológicas adversas agudas e a presença de dor em recém-nascidos prematuros com síndrome do desconforto respiratório.A fisioterapia foi realizada através de suporte ventilatório com pressão positiva, a oxigeno terapia para melhora do aporte de oxigênio para os tecidos, a reposição de surfactante pulmonar (profilática ou terapêutica) e a inalação de óxido nítrico, para melhora da oxigenação e redução da inflamação.
Oliveira et al.Refere-se a um estudo randomizado entre dois recém-nascidos do sexo feminino, onde consistiu na realização de técnicas respiratórias.Não houve comprometimento da estabilidade clínica e hemodinâmica.
Essouri e Caroll, 2015Nesta revisão de literatura, o uso da ventilação com pressão positiva não invasiva, melhora nas vias áreas.Uso da ventilação não invasiva com pressão positiva (NPPV), melhorando o recrutamento alveolar.
Soares et al. , 2017Trata-se de uma revisão da literatura Ventilação em posição pronaqualitativa e descritiva, com a Manobra de Recrutamento Alveolar (MRA). finalidade de melhorar a oxigenação .Ventilação de Alta Frequência (VAF). e minimizar as complicações decorrentes da hipoxemia refratária e diminuição da complacência pulmonar.
Martins et al. , 2018Ensaio clínico randomizado. O tratamento consistiu na realização de técnicas de fisioterapia respiratória compressão torácica, vibração mecânica ao método RTA.Teve melhora com a técnica de compressão torácica, vibração mecânica ao método RTA.
Santinoet al 2017 no atendimento fisioterapêutico, na terapêutico, aspiração endotraqueal atuação unidade de terapia intensiva. apresentou benefícios positivos.Atuação fisioterapêutica está vinculada ao melhoramento com oxigeno terapia para a reposição de surfactante pulmonar (profilática ou terapêutica).
Engers e Dias, 2017Trata-se de uma revisão sistemática, com a atuação fisioterapêutica na prevenção e tratamento da DMH.O tratamento oferecido pelo hospital era composto por manobras de vibro compressão, contenção abdominal, propriocepção diafragmática e alongamento da musculatura acessória da inspiração.
Oliveira et al. , 2015Uma revisão sistemática, a fisioterapia motora pode contribuir para o desenvolvimento e conforto dos RNPT.Massagem com estimulação tátil e estimulação cenestésica, redução da dor e melhora da qualidade do sono.
Fiorenzanoet al. , 2017Foi realizado estudo prospectivo transversal, parâmetros clínicos e ecocardiográficos de avaliação hemodinâmica em recém-nascidos ≤ 32 semanas.Nos recém-nascidos ≤ 32 semanas em ventilação mecânica invasiva, elevações de pressão média de vias aéreas e do número de doses de surfactante correlacionam-se com piora da função cardíaca precoce.

A tabela 1 demonstra as principais abordagens fisioterapêutica na fisioterapia respiratória em neonatos com SARA.

DISCUSSÃO

Para Engers e Dias (2017), a Doença da Membrana Hialina (DMH) ou a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) é uma doença pulmonar ocasionada a crianças recém-nascidas, maioria em situação prematura, sobretudo em tempos abaixo a 24 semanas de gestação, tendo como causa a deficiência surfactante pulmonares ativas.

Nesse ensejo, a fisioterapia tem um papel primordial nesse panorama, no qual minimiza as consequências dessas alterações através de técnicas e manipulações. Para isso, são utilizadas técnicas especificas fisioterapêuticos para promover a mobilização de secreções e estabilização do quadro no neonato, que possui deficiência do surfactante (FIORENZANO, 2017).

De acordo com Oliveira (2015), pelo quadro clínico do recém-nascido ser de natureza prematura, há a ocorrência da imaturidade anatômica e fisiológica, com efeito têm-se a necessidade de uma assistência que permita a sua sobrevivência. Pode-se afirmar, segundo o autor que o quadro é ainda mais delicado, devido ao ambiente hospitalar não ser um espaço confortável para o recém-nascido (RN), proporcionando ampla diferença em relação ao ambiente intrauterino de sua mãe. Ora, os riscos pertinentes às condições Peri natais afetam todos os sistemas do organismo do neném. Logo, a síndrome do desconforto respiratório (SDR) constitui um dos problemas mais graves e frequentes no serviço de neonatologia.

Nesse contexto, Rabelo e Gardenchi (2018), enfatizam que com a complacência torácica maior, as costelas cartilaginosas e o abdômen grande, os bebês acendem uma inconstância das vias aéreas superiores (VAS) e da caixa torácica, promovendo a distorção do tórax na inspiração. No qual, o recém-nascido se torna mais vulnerável a desenvolver Insuficiência Respiratória

De acordo com Santino et al., (2017), além disso, para que ocorra o sucesso no procedimento de adaptação contígua da criança recém nascida à vida fora do útero, é inevitável a presença de uma função cardiopulmonar adequada, através da fisioterapia respiratória. Ainda que, haja apresentação de sinais e sintomas de desconforto respiratório, pois trata-se de manifestações clínicas essenciais e ordinárias logo após o nascimento da criança.

Segundo Oliveira (2018), a prematuridade gera conseqüências pro resto da vida do bebê, e na maioria dos casos pode ser evitada. Problemas como a síndrome do Desconforto Respiratório, alta mortalidade e morbidade. Dentro desse contexto, o tratamento fisioterapêutico como a ventilação mecânica invasiva é quase sempre utilizada e para que se tenha menos efeitos lesivos, extubar o quanto antes é o recomendado.

De Acordo com Maia (2016), a finalidade da assistência fisioterapêutica cardiorrespiratória aos neonatos baseia-se em melhorar a função respiratória, otimizando transferências gasosas; ofertar suporte ventilatório adequado, que suprem tanto a manutenção da permeabilidade das vias aéreas, provocam a alta da ventilação mecânica e, em seguida, alta do suporte do oxigênio. Tais resultados, têm a finalidade de prevenir e tratar complicações pulmonares (MAIA, 2016).

No estudo clínico de Tavares et al (2019), houve aumento da Frequência Cardíaca logo após o protocolo de fisioterapia respiratória. Os demais parâmetros fisiológicos e comportamentais permaneceram estáveis após a realização da fisioterapia, sugerindo que o procedimento não alterou adversamente os sinais vitais e os níveis de dor em RN prematuros com SDR internados em uma UTI neonatal.

Para Junior et al (2014), a fisioterapia respiratória é importante, pois previne a instalação de infecções respiratórias e, quando estas já estão instaladas, promovem um tratamento adequado, evitando complicações secundárias. Além do mais, é responsável por manter as funções vitais pela prevenção e/ou controle sintomático de doenças pulmonares, circulatórias e musculoesqueléticas.

Para Pinto et al (2017), a especialidade da fisioterapia respiratória pediátrica apresenta como principais objetivos minimizar os efeitos das complicações pulmonares e de melhorar a função respiratória das crianças. Ainda, vale ressaltar que a fisioterapia pediátrica no âmbito hospitalar é imprescindível para reabilitação e prevenção da saúde de forma a detectar possíveis.

Conforme o estudo de Soares et al (2017), embora o atendimento fisioterapêutico tenha provocado um aumento da sensação de dor ao bebê recémnascido, isso relaciona-se com à precisão de procedimentos invasivos como a aspiração endotraqueal. Em contraste, a atuação fisioterapêutica apresentou melhoria de enfática aos recém-nascido observado, tendo 75% das altas concedidas após os tratamentos.

Logo, a assistência fisioterapêutica em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal é básica no apoio fisioterapêutico como exercício integral no ambiente hospitalar, procurando, especialmente, proporcionar melhores condições de vida aos neonatos que necessitam desses cuidados especializados (SANTINO ET AL, 2017).

No estudo de Oliveira (2018), fisioterapia respiratória através da ventilação pulmonar mostrou-se um procedimento adequado para prematuros, não comprometendo sua estabilidade clínica e hemodinâmica, ao contrário, melhorando sua condição clínica. A adição de ventilação com pressão positiva não invasiva melhorar a troca gasosa e potencialmente previne a intubação e ventilação mecânica em algumas crianças com síndrome do desconforto respiratório agudo pediátrico leve (ESSOURI; CARROLL, 2015).

A fisioterapia respiratória em bebes é efetiva e de relevância, pois é através da aplicação de técnicas de higiene brônquica (HB) que o recém-nascido consegue se recuperar. E mesmo que demande um prolongamento na unidade de terapia intensiva neonatal, há mais chances de sobrevivência desses indivíduos (SANTOS ET AL, 2019).

Contudo, de acordo com Martins et al. ,(2018), o protocolo de fisioterapia respiratória utilizado no seu estudo mostrou-se seguro, resultando em melhora da oxigenação tecidual e não ocasionou repercussões deletérias à hemodinâmica do recém-nascido pré-maturo. Contudo, ainda que reconhecida importância e da frequente atuação da Fisioterapia Respiratória na assistência neonatal, são escassos os estudos que avaliam a eficácia e segurança das técnicas fisioterapêuticas nos RNs.

CONCLUSÃO

Por meio deste estudo, que possibilitou um olhar sobre a atuação da fisioterapia respiratória em neonatos com SARA, foi levantada a importância da intervenção fisioterapêutica, tendo em vista melhora de saturação periférica com uso de VNI com pressão positiva, que melhor o estresse neonatal, com melhora de manobras de recrutamento alveolar, assistência do fisioterapeuta em promover melhora no desenvolvimento neuropsicomotor favorável aos prematuros, assim prevenir e reduzir possíveis complicações respiratórias e melhorar a função pulmonar.

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