FISIOTERAPIA PÉLVICA NO TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM MULHERES NO PERÍODO PRÉ E PÓS-NATAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE ESTUDOS CLÍNICOS

PELVIC PHYSIOTHERAPY FOR THE TREATMENT AND PREVENTION OF URINARY INCONTINENCE IN PRE- AND POSTNATAL WOMEN: A SYSTEMATIC REVIEW OF CLINICAL STUDIES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202506062304


Maria Eduarda Fonsêca Leal1,2, Carlos Gustavo Sakuno Rosa1, Thamirys Fraga Amorim1, Fernando Mendonça Cardoso1, Jonatas Alves Braga Pereira1, Pedro Martins Braga1, Silvia Teixeira Damasceno1


RESUMO

A gestação e o período pós-natal são fases marcantes na vida das mulheres, caracterizadas por intensas transformações físicas e emocionais. Durante a gravidez, o corpo feminino passa por diversas adaptações fisiológicas para sustentar o desenvolvimento fetal. Estudos indicam que o aumento da concentração de progesterona no primeiro trimestre está associado a um risco elevado de incontinência urinária (IU) nesse período. Nesse contexto, o fisioterapeuta pélvico se destaca como o profissional capacitado para a avaliação e tratamento da IU. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo revisar as evidências disponíveis sobre a eficácia das intervenções fisioterapêuticas aplicadas a mulheres no período pré e pós-natal. Trata-se de uma revisão sistemática, conduzida por meio de pesquisa bibliográfica conforme as diretrizes do Protocolo PRISMA (Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas e Meta-Análises), considerando estudos clínicos publicados entre 2014 e 2025. Espera-se, com este estudo, reunir dados relevantes sobre as metodologias utilizadas na prevenção e tratamento da IU, bem como reforçar a importância da atuação do fisioterapeuta pélvico nesse contexto.

Palavras-chave: Gravidez; Mudanças Fisiológicas; Assoalho Pélvico; Treinamento Muscular.

ABSTRACT

Pregnancy and the postnatal period are pivotal phases in a woman’s life, marked by significant physical and emotional changes. During pregnancy, the female body undergoes several physiological adaptations to support fetal development. Studies indicate that increased progesterone levels in the first trimester are associated with a higher risk of urinary incontinence (UI) during pregnancy. In this context, pelvic floor physical therapists play a key role in the assessment and treatment of UI. This study aims to review the available evidence on the effectiveness of physiotherapeutic interventions in women during the prenatal and postnatal periods. It consists of a systematic review based on bibliographic research conducted according to the PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) guidelines, including clinical studies published between 2014 and 2025. The study is expected to gather data on methodologies used for the prevention and treatment of UI, as well as to highlight the relevance of the pelvic floor physical therapist’s role in this field.

Keywords: Pregnancy; Physiological Changes; Pelvic Floor; Muscle Training.

1 INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gravidez inicia quando um óvulo fertilizado se fixa no revestimento do útero feminino (WHO, 2006). Esse evento marca o começo da formação de um embrião e, posteriormente, do feto no interior do útero materno, processo que evolui gradualmente ao longo da gestação. O período gestacional, por sua vez, tem duração média de 40 semanas, sendo contado a partir do primeiro dia do último ciclo menstrual da mulher e culminando com o nascimento do bebê.

Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por diversas mudanças fisiológicas essenciais para garantir o desenvolvimento saudável do feto em crescimento. Essas adaptações envolvem, principalmente, os sistemas endócrino, cardiovascular, respiratório, tegumentar, musculoesquelético e urinário, que sofrem alterações funcionais significativas ao longo da gestação (Cunningham et al., 2018).

Dentre essas alterações, aquelas que ocorrem nos sistemas musculoesquelético e urinário contribuem significativamente para o surgimento da incontinência urinária (IU) durante a gestação. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a IU acomete cerca de 40% das gestantes e é definida como a perda involuntária de urina. Essa condição representa um desafio relevante para a saúde pública global, uma vez que interfere diretamente na rotina e na qualidade de vida das mulheres grávidas, provocando não apenas desconforto físico, mas também impactos emocionais e sociais significativos.

O estudo redigido por Gallego-Gómez et al. (2024) sintetiza as evidências disponíveis sobre a associação entre incontinência urinária (IU) e depressão pós-parto (DPP), por meio de uma meta-análise. Os resultados indicam que a IU pode aumentar, em média, em 45% o risco de desenvolvimento da DPP. Mulheres que apresentam incontinência urinária frequentemente relatam sentimentos de irritação, constrangimento e diminuição da autoestima, o que impacta negativamente sua qualidade de vida. Nesse contexto, uma abordagem multidisciplinar envolvendo diferentes profissionais da saúde pode ser especialmente vantajosa para lidar com os diversos aspectos físicos, emocionais e sociais dessa condição.

Nesse contexto o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) por meio da Resolução N°. 401/2011 – Disciplina a Especialidade Profissional de Fisioterapia na Saúde da Mulher e dá outras providências. Esta tem o objetivo de tratar disfunções dos músculos do assoalho pélvico e órgãos adjacentes, como incontinência urinária e fecal, dor pélvica e disfunções sexuais. Além de cuidados reprodutivos, essa área considera aspectos sociais e culturais, proporcionando uma abordagem completa e específica para a saúde da mulher ao longo da vida.

A gestação e o período pós-natal são fases marcantes na vida das mulheres, caracterizadas por transformações físicas e emocionais significativas. Ao compreender melhor a eficácia das intervenções fisioterapêuticas em mulheres pré e pós-natal, será possível otimizar o atendimento e melhorar os resultados de saúde para as gestantes, parturientes e puérperas. Além disso, os resultados deste estudo podem fornecer subsídios para o desenvolvimento de diretrizes clínicas e políticas de saúde voltadas para a promoção da saúde materna (Senarath et al., 2017).

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Fundamentos da Fisioterapia Pélvica
2.1.1 Definição e histórico da Fisioterapia Pélvica

A fisioterapia pélvica surgiu no início do século XX no St Thomas’ Hospital, em Londres, com os trabalhos pioneiros de JS Fairbairn e Miss Minnie Randell, voltados para os cuidados pré e pós-natais. Randell influenciou profissionais como Margaret Morris e Laura Mitchell, cuja metodologia foi amplamente utilizada no tratamento pré-natal e permanece relevante até os dias atuais (Hawkes e Hawkes, 2018; Mitchell, 1977).

Nos Estados Unidos, a especialidade foi consolidada com a fundação da Academia de Fisioterapia Pélvica em 1970 (APTA, 2024; Matiello et al., 2021). Já em nível global, a Organização Internacional de Fisioterapia na Saúde Pélvica e Feminina (IOPTPWH) foi criada em 1999 para fortalecer a especialidade (Matiello et al., 2021; World Phisiotherapy, 2024).

No Brasil, a Associação Brasileira de Fisioterapia em Saúde da Mulher (ABRAFISM) foi fundada em 2005 e filiou-se à IOPTPWH em 2008, sendo a primeira da América Latina a fazer parte da organização. Apesar do avanço, o reconhecimento da fisioterapia pélvica como especialidade pelo COFFITO ocorreu apenas em 2009, sendo regulamentado formalmente em 2011 (ABRAFISM, 2020a; COFFITO, 2009, 2010, 2011; Matiello et al., 2021).

A fisioterapia pélvica é fundamental para a saúde da mulher em todas as fases da vida, contribuindo para a prevenção e tratamento de condições como incontinência urinária, dor crônica, disfunções sexuais e recuperação pós-parto (ABRAFISM, 2020).

2.1.2 Anatomia e Fisiologia do Assoalho Pélvico

Para a atuação na área o profissional de fisioterapia precisa compreender e conhecer todos os aspectos que compõem a anatomia e fisiologia do assoalho pélvico como ilustrado na figura 1 abaixo:

Figura 1 – Pelve feminina vista superior

Fonte: Domini et al., (2018).

A estrutura esquelética da pelve é composta por quatro ossos: dois ílios, o sacro e o cóccix. Essa configuração anatômica tem como funções principais a proteção dos órgãos internos, o suporte da coluna vertebral, a conexão com os membros inferiores e a ancoragem de músculos e ligamentos do assoalho pélvico. A cavidade pélvica é delimitada anteriormente pelo púbis, lateralmente pelos ossos ilíaco e isquiático, e posteriormente pelo sacro, que se articula inferiormente com o cóccix. A pelve se conecta ao tronco por meio da articulação sacroilíaca, uma junção robusta sustentada por ligamentos. A superfície articular do sacro está orientada posteriormente e lateralmente, articulando-se com o ílio, que por sua vez está orientado anteriormente e medialmente (Domini et al., 2018; Herschorn, 2004).

A cintura pélvica é formada por um único osso do quadril, responsável por conectar o membro inferior ao esqueleto axial por meio de sua articulação com o sacro. Os ossos do quadril direito e esquerdo, juntamente com o sacro e o cóccix, constituem a pelve. No adulto, cada osso do quadril (também denominado osso coxal) é composto por três regiões distintas, resultantes da fusão de ossos originalmente separados, processo que se completa no final da adolescência. Esses componentes são o ílio, que forma a ampla porção superior em formato de leque; o ísquio, que compõe a região posteroinferior; e o púbis, que constitui a parte ânteromedial. Os ossos do quadril, emparelhados e curvos, moldam as faces laterais e anteriores da pelve (Figura 2) (Chruścik et al., 2021; Firoozi, 2020).

Figura 2 – O osso do quadril

Fonte: Chruścik et al., (2021).

As diferenças entre as pelves masculinas e femininas adultas são diversas, elas existem, pois, os corpos femininos e masculinos possuem funções e tamanho diferentes. O peso difere entre os gêneros, sendo a pelve masculina mais pesada e com ossos mais grossos, enquanto a pelve feminina possui ossos mais leves e finos. Os formatos de entrada e cavidade também variam, a pelve feminina possui entrada redonda ou oval e cavidade curta e larga, já a pelve masculina possui entrada em formato de coração e cavidade mais longa e estreita (Figura 3). O ângulo subpúbico feminino é maior que 80 graus, enquanto que o masculino é inferior a 70 graus. O formato de saída pélvica também diverge, sendo a masculina menor e a feminina arredondada e maior (Chruścik et al., 2021; Herschorn, 2004). Essas diferenças abarcam a funções reprodutivas, uma vez que a pelve feminina é adaptada para o período de gravidez e para o parto, sendo mais larga e espaçosa para permitir a passagem do bebê (Domini et al., 2018).

Figura 3 – Comparação entre as pelves masculina e feminina

Fonte: Chruścik et al., (2021).

Além dos ossos, o assoalho pélvico é formado de ligamentos, eles têm a função de ligar os ossos da pelve (Figura 4). A articulação sacroilíaca é quase que totalmente imóvel e é sustentada pelos ligamentos ligamento sacroilíaco anterior na face anterior da articulação e o ligamento sacroilíaco posterior na face posterior. Outros dois ligamentos também fazem parte desse conjunto, sendo eles o ligamento sacroespinhoso, que vai do sacro até a espinha isquiática, e o ligamento sacrotuberoso, que vai do sacro até a tuberosidade isquiática. Esses ligamentos desempenham uma função primordial, sendo responsável por auxiliar e imobilizar o sacro enquanto ele suporta o peso corporal (Firoozi, 2020; Jorge e Bustamante-Lopez, 2022).

Figura 4 – Ligamentos da pelve

Os músculos do assoalho pélvico feminino são responsáveis por sustentar os órgãos pélvicos e desempenham um papel fundamental na continência urinária e fecal, além de contribuírem para a função sexual. Esses músculos podem ser organizados em cinco grupos principais (Figura 5). O primeiro é o grupo do levantador do ânus, também conhecido como músculos do assoalho pélvico, que inclui os músculos ileococcígeo, pubococcígeo e puborretal. Em seguida, tem-se o músculo isquiococcígeo, que participa do suporte pélvico. O terceiro grupo é composto pelo complexo do esfíncter anal, formado pelos esfíncteres anais externo e interno, além de músculos longitudinais fusionados. O quarto grupo abrange os músculos da parede lateral da pelve, representados pelo músculo obturador interno e pelo músculo piriforme. Por fim, o quinto grupo compreende os músculos do períneo anterior e do corpo perineal, cuja região é dividida em duas partes de formato triangular: a porção posterior, ou região anal, que é estruturalmente semelhante em homens e mulheres, e a porção anterior, chamada de região urogenital, que inclui o diafragma urogenital e a genitália externa. O diafragma urogenital, também denominado membrana perineal, é formado pelos músculos isquiocavernoso, bulbospongioso e transverso superficial (Firoozi, 2020; Jorge e Bustamante-Lopez, 2022).

Figura 5 – Músculos do assoalho pélvico, A) visão superior do assoalho pélvico, B) visão inferior do assoalho pélvico, C) músculos anorretais, D) Vista posterior dos músculos do assoalho pélvico e do esfíncter anal e) Músculos e nervos perineais na pelve feminina

Fonte: Adaptado de Jorge e Bustamante-Lopez, (2022).

Os órgãos do assoalho pélvico feminino incluem estruturas localizadas dentro da cavidade pélvica, que são sustentadas e mantidas em posição pelos músculos do assoalho pélvico, esses órgãos desempenham funções essenciais na reprodução, micção e defecação. Os principais órgãos do assoalho pélvico feminino são Bexiga Urinária, Uretra, Útero, Vagina, Ovários, Trompas de Falópio, Reto, Ânus, Glândulas de Bartholin, Clitóris e Vulva (Figura 6) (Duarte, 2014; Firoozi, 2020; Jorge e Bustamante-Lopez, 2022; Tayrac, de e Schantz, 2018)

.Figura 6 – Órgãos que compõem o assoalho pélvico

Fonte: Firoozi, (2020)
2.2 Incontinência urinária em mulheres
2.2.1 Definição e Classificação da Incontinência Urinária

Conforme a Sociedade Internacional de Continência, a incontinência urinária (IU) é definida como qualquer perda involuntária de urina, podendo impactar em diversos aspectos da qualidade de vida das mulheres. A IU apresenta vários tipos principais: a incontinência de esforço, que ocorre durante atividades que aumentam a pressão abdominal, como rir ou tossir, geralmente devido à fraqueza dos esfíncteres uretrais; a incontinência de urgência, caracterizada por uma necessidade súbita e intensa de urinar, frequentemente associada à Síndrome da Bexiga Hiperativa; a incontinência mista, que combina sintomas de esforço e urgência; a incontinência por transbordamento, onde uma bexiga constantemente cheia resulta em vazamento contínuo; e a incontinência funcional, causada por limitações físicas ou cognitivas que impedem a pessoa de chegar ao banheiro a tempo (Associação Brasileira Pela Continência, 2017).

A incontinência urinária (IU) durante a gravidez é um tema amplamente estudado (Aarburg, Von et al., 2021; Alagirisamy et al., 2021; Daly, Cusack e Begley, 2019; Hage-Fransen et al., 2021; Maroyi et al., 2021; Ryhtä et al., 2023; Szumilewicz et al., 2020; Yang et al., 2022). No entanto, os dados sobre sua prevalência e incidência variam significativamente entre os diferentes relatórios publicados. Essas variações são influenciadas por diversos fatores, como o contexto local, as definições de caso utilizadas, as características da população envolvida (como o trimestre da gravidez e o número de partos anteriores) e a metodologia empregada nos estudos. Para compilar esses dados, Moossdorff-Steinhauser et al. (2021) realizou uma meta-análise de 44 estudos, totalizando 88.305 participantes. A média ponderada da prevalência de IU entre gestantes foi de 41,0% e a incontinência urinária de esforço (IUE) é responsável por 63% dos casos de IU.

Até 1998, a IU era considerada apenas um sintoma, no entanto, a partir desse ano, a Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS) a reconheceu como uma doença. Já sabemos que a IU impacta negativamente a qualidade de vida das gestantes, podendo aumentar o risco de depressão pós-parto nesse contexto. Em um estudo prospectivo de caso-controle realizado por Keseroglu et al. (2022), que incluiu 160 mulheres grávidas, foi investigado o impacto da IU no nível de ansiedade durante a gestação. O estudo concluiu que a pontuação total de ansiedade foi significativamente maior em todas as gestantes com IU, bem como nos subgrupos de IU, em comparação ao grupo controle.

A IU é influenciada por uma variedade de fatores de risco, que incluem aspectos fisiológicos, condições médicas e estilo de vida. A idade é um fator significativo, assim como o sexo, sendo as mulheres mais vulneráveis devido a eventos como gravidez, parto e menopausa. A obesidade também aumenta substancialmente o risco, pois exerce pressão adicional sobre a bexiga. Cirurgias pélvicas podem danificar músculos e nervos, elevando a probabilidade de incontinência. Doenças crônicas, como diabetes e condições neurológicas, também são fatores de risco. Hábitos como fumar, consumir álcool e cafeína em excesso, e a falta de atividade física podem aumentar a suscetibilidade à incontinência. Além disso, infecções urinárias frequentes e constipação crônica podem contribuir para o desenvolvimento dessa condição (Agarwal e Agarwal, 2017).

A IUE apresenta desafios no diagnóstico devido à falta de compreensão conclusiva de sua fisiopatologia. Na literatura atual, uma distinção é feita entre insuficiência esfincteriana intrínseca e hipermobilidade da uretra, especialmente em mulheres. Na insuficiência esfincteriana intrínseca, presume-se uma redução na quantidade ou força das células musculares, enquanto na hipermobilidade, a fixação à sínfise púbica é comprometida. A classificação da gravidade da IUE varia em três graus: Grau 1, caracterizado por perda de urina durante atividades como tossir, espirrar e rir; Grau 2, com perda de urina ao levantar, caminhar ou durante atividades físicas; e Grau 3, com perda de urina enquanto está deitado. A alta prevalência da IUE resulta em custos significativos no sistema de saúde devido a consultas médicas e fornecimento de produtos para incontinência. No entanto, devido à estigmatização social associada à doença, muitos pacientes arcam com o ônus financeiro dos absorventes por conta própria. Apenas uma minoria das mulheres afetadas busca assistência médica para melhorar sua condição, e uma parcela ainda menor passa por cirurgia para tratar a IUE (Harland et al., 2023).

2.3 Mudanças fisiológicas durante a gestação

Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por diversas mudanças fisiológicas para apoiar o crescimento do feto. Essas adaptações são fundamentais para o desenvolvimento fetal e envolvem alterações no peso, bem como nos sistemas imunológico, endócrino, vascular, metabólico, respiratório, tegumentar, musculoesquelético e urinário. Essas modificações induzidas pela gravidez são essenciais para proporcionar um ambiente adequado ao feto em desenvolvimento. No entanto, como mencionado anteriormente, essas mudanças sistêmicas também aumentam o risco de incontinência urinária durante a gestação (Baran et al., 2021).

As mudanças no sistema respiratório durante a gravidez começam já na 4ª semana de gestação, incluindo um leve aumento na frequência respiratória. Devido ao aumento da circunferência torácica, a capacidade pulmonar total é ligeiramente reduzida, mesmo com a elevação do diafragma. A pelve renal e o útero se dilatam, levando a um aumento da estase urinária e, consequentemente, maior risco de infecção. A frequência cardíaca e o volume sistólico aumentam, enquanto a vascularização sistêmica diminui. Há acúmulo de depósitos de gordura nos tecidos maternos e hiperlipidemia durante a gravidez. Além disso, o volume plasmático aumenta progressivamente ao longo de uma gestação normal (Shagana et al., 2018).

Molinet Coll et al. (2022) descobriram que uma maior concentração de progesterona no primeiro trimestre está associada a um maior risco de incontinência urinária durante a gravidez. Esses resultados eram esperados devido ao efeito relaxante da progesterona na musculatura lisa do trato urinário. Outro achado do estudo é que mulheres com menor força dos músculos do assoalho pélvico desde o início da gestação têm um risco aumentado de desenvolver incontinência urinária de esforço. Isso apoia a hipótese de que níveis inadequados de relaxina podem resultar em uma preparação insuficiente da pelve, levando à incontinência urinária de esforço no pós-parto.

O parto vaginal, em particular, eleva o risco de disfunção do assoalho pélvico, possivelmente devido a danos na inervação pélvica e lacerações na musculatura pélvica. Um extenso estudo de corte realizado na Noruega revelou que a incidência de incontinência urinária foi de 10% em mulheres nulíparas, 16% em mulheres que passaram por uma cesariana e 21% em mulheres que tiveram parto vaginal. O parto vaginal instrumental, especialmente com o uso de fórceps, aumenta ainda mais esse risco. O estudo evidenciou também que, quatro em cada dez mulheres desenvolveram incontinência urinária durante a gravidez, e uma em cada seis mulheres relatou incontinência urinária três meses após o parto (Rajavuori et al., 2022).

Silva Santos, et al. (2024) observaram um aumento da fraqueza muscular, especialmente nos adutores do quadril, desde as primeiras semanas de gravidez até o terceiro trimestre e no período pós-parto. Todos os músculos do tronco precisam funcionar de maneira sinérgica para transferir cargas de forma eficaz pela região lombo pélvica durante diversas atividades. Estratégias ideais para a transferência de carga incluem manter o eixo articular correto e a pressão intra-abdominal adequada. Estratégias de postura inadequadas podem resultar em movimentos prejudicados, continência comprometida e função respiratória alterada. A literatura aponta que a frouxidão vaginal enfraquece a força muscular e compromete o mecanismo esfincteriano, afetando a estrutura anatômica e fisiológica dos órgãos internos. Além disso, mulheres com incontinência urinária de esforço apresentam maior hipermobilidade articular benigna em comparação com controles saudáveis.

2.4 Atuação
     2.4.1 Diagnóstico

Segundo Harland et al. (2023) para planejar o tratamento da incontinência de forma adequada, é fundamental realizar uma avaliação precisa do tipo e da gravidade do problema. A anamnese detalhada é a base essencial para essa avaliação inicial. Isso inclui identificar os fatores de risco e analisar os impactos em várias áreas da vida do paciente, incluindo a sexualidade. Independentemente do tipo de incontinência, uma anamnese minuciosa é indispensável. Para auxiliar na coleta da história médica, é essencial realizar um exame físico completo. Durante a avaliação dos órgãos genitais femininos, é crucial observar sinais de atrofia vaginal, a presença de prolapso dos órgãos pélvicos e verificar a existência de hipermobilidade uretral (Vries, e Heesakkers, 2018).

Exames complementares, como a urofluxometria, que mede o fluxo urinário, e o teste do absorvente, que quantifica objetivamente a perda de urina, são realizados conforme necessário. A cistoscopia permite a visualização direta da bexiga e da uretra, proporcionando uma análise detalhada da mucosa e de possíveis anomalias. Estudos urodinâmicos são essenciais para medir as pressões vesicais e uretrais, além de avaliar a função do detrusor durante as fases de enchimento e esvaziamento da bexiga. Em casos mais complexos, técnicas avançadas de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética, são utilizadas para uma avaliação detalhada da anatomia do trato urinário e dos órgãos pélvicos. A combinação desses métodos diagnósticos permite uma avaliação abrangente e precisa, essencial para o planejamento terapêutico adequado e personalizado (Wood e Anger, 2014).

O COFFITO na Resolução n° 401 de 18 de agosto de 2011, afirma que fisioterapeuta é um profissional capacitado e indicado para o diagnóstico e tratamento da IU. Segundo a artigo terceiro dessa resolução é papel do profissional de fisioterapia pélvica realizar avaliação física e cinesiofuncional do sistema uroginecológico, coloproctológico, mama e do aparelho reprodutor feminino. Bem como, solicitar, aplicar e interpretar escalas questionários e testes funcionais como: graduação de força e função do assoalho pélvico pela palpação uni ou bidigital, graduação de dor pélvica, escala de avaliação da função sexual feminina, teste de sensibilidade, prova de função muscular e articular dos membros superiores, inferiores e coluna, dados antropométricos, entre outros (COFFITO, 2011). A Sociedade Internacional de Continência recomenda a fisioterapia como o melhor tratamento para a incontinência urinária de esforço (IUE), destacando seu caráter não invasivo, baixo custo e ausência de efeitos colaterais. As evidências científicas apontam que a fisioterapia deve ser a primeira linha de tratamento para a IU (Fernandes et al., 2016).

      2.4.2 Tratamento

A fisioterapia dispõe de um amplo repertório de técnicas e recursos voltados ao tratamento da incontinência urinária (IU), incluindo a terapia comportamental, o treinamento vesical, o protocolo dos 5Fs, o treinamento muscular do assoalho pélvico (TMAP), os exercícios baseados no Conceito BeBo, a eletroterapia, o biofeedback, o HIFEM (estimulação eletromagnética de alta intensidade) e os cones vaginais. Dentre essas abordagens, o TMAP é o mais amplamente estudado e aplicado, conforme descrito por Radzimińska et al. (2018). Essa modalidade terapêutica envolve a realização de exercícios específicos, como os exercícios de Kegel, com o objetivo de fortalecer os músculos responsáveis pelo suporte da bexiga, útero e intestino.

A principal função do TMAP é prevenir e tratar a incontinência urinária e fecal, auxiliar na recuperação no pós-parto, promover a saúde sexual e prevenir o prolapso dos órgãos pélvicos. Além disso, esse treinamento contribui significativamente para a melhoria da qualidade de vida, ao proporcionar maior controle e força muscular na região pélvica, fatores essenciais tanto para o desempenho de atividades diárias quanto para o bem-estar físico e emocional das mulheres.

Segundo o estudo comparativo de Silantyeva et al. (2021), a tecnologia HIFEM (High-Intensity Focused Electromagnetic) é composta por um gerador de energia acoplado a uma bobina circular instalada no assento de uma cadeira terapêutica. Durante o tratamento, a paciente permanece completamente vestida e posicionada no centro da cadeira, enquanto campos magnéticos alternados de alta intensidade (podem atingir até 2,5 teslas) penetram na região pélvica, induzindo contrações musculares supramáximas. Os resultados demonstraram que o uso da HIFEM é eficaz na melhora significativa dos parâmetros biométricos relacionados à integridade do assoalho pélvico, bem como na redução dos sintomas associados à incontinência urinária.

O cone vaginal foi introduzido por Plevnik com o objetivo de promover o fortalecimento progressivo dos músculos do assoalho pélvico por meio de resistência. Essa modalidade terapêutica favorece o aumento da consciência perineal, contribuindo para a melhora da força muscular e a ativação de fibras do tipo I (resistência) e tipo II (força rápida), essenciais para a função adequada do assoalho pélvico (Holzschuh e Sudbrack, 2019).

Diversas opções cirúrgicas estão disponíveis para abordar a incontinência urinária, variando conforme a causa e a gravidade do problema. Uma dessas alternativas comuns é a implantação de um sling uretral, que oferece suporte à uretra para evitar a perda involuntária de urina. Outro procedimento frequente é a colposuspensão, uma cirurgia abdominal que eleva o colo da bexiga para fortalecer a uretra. Em casos de hiperatividade vesical, podem ser administradas injeções de toxina botulínica na bexiga para relaxar os músculos e reduzir a incontinência. Se a incontinência estiver associada a um prolapso de órgãos pélvicos, como cistocele ou uretrocele, a correção cirúrgica do prolapso pode solucionar o problema. Outra abordagem é a estimulação do nervo tibial, na qual o nervo é estimulado eletricamente para controlar os sintomas. Em situações raras de complicações decorrentes do sling uretral, pode ser necessária à sua remoção por meio de cirurgia. A decisão sobre qual procedimento cirúrgico adotar deve ser tomada após uma discussão detalhada com um urologista ou especialista em saúde pélvica, considerando as necessidades individuais de cada paciente (Firoozi, 2020).

3 METODOLOGIA

O presente estudo foi do tipo revisão sistemática e realizado por meio de pesquisa bibliográfica. Esta revisão sistemática se baseia nos pilares recomendados pelo Protocolo dos Principais Itens para Relatar Revisões Sistemática e Meta-análises (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Metaanalyses- PRISMA) (Moher et al., 2015), que se baseia na verificação de um checklist com itens a serem validados, que são essenciais para garantir a transparência dos dados acurados na revisão sistemática.

A pesquisa foi executada por meio de consulta a artigos científicos disponíveis nas bases de dados Pubmed, Scopus e Web of Science utilizando os descritores: “Physiotherapy”, “Urinary incontinence”, “pregnant” no dia 13 de abril de 2025. Considerando o período de publicação entre 2014 a 2025. Os artigos foram selecionados inicialmente pelo título, resumo, palavras-chave, língua inglesa e português e por fim serão aceitos somente ensaios clínicos

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Como apresentado na Tabela 1, foram escolhidos 20 estudos que abordaram as intervenções fisioterapêuticas em ensaios clínicos. O treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP) foi a intervenção mais avaliada nos estudos, sendo aplicado tanto na prevenção quanto no tratamento da IU durante os períodos pré e pós-natal. Os resultados apontam para a eficácia dessa abordagem em diferentes contextos clínicos.

Tabela 1- Síntese dos estudos clínicos incluídos na revisão sistemática sobre fisioterapia pélvica na incontinência urinária em mulheres no período pré e pós-natal

Autor e AnoTítuloObjetivoTipo de estudoResultados
Shifna et al. (2017)Awareness and Effectiveness of Physiotherapy Interventions among Pregnant Women Attending Antenatal Care in GangawatakoralleInvestigar o nível de conhecimento sobre intervenções fisioterapêuticas no pré-natal e avaliar sua efetividade na qualidade de vida de gestantes na região de Gangawatakoralle, Sri Lanka.Estudo descritivo, quantitativo e transversal, com análise pré e pós-intervenção. Foram avaliadas 174 gestantes, das quais 52 participaram do pós-teste com reavaliação da qualidade de vida após um mês de orientações e práticas fisioterapêuticas.Estudo descritivo, quantitativo e transversal, com análise pré e pós-intervenção. Foram avaliadas 174 gestantes, das quais 52 participaram do pós-teste com reavaliação da qualidade de vida após um mês de orientações e práticas fisioterapêuticas.
Brennen et al. (2021)Group-based pelvic floor muscle training for all women during pregnancy is more cost-effective than postnatal training for women with urinary incontinence.Avaliar a efetividade clínica e a relação custo-efetividade de diferentes modelos de atendimento baseados no treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP) para prevenção e tratamento de incontinência urinária e fecal no período pré e pós-natal.Meta-análise e análise de custo-efetividade baseada em modelos de cuidado identificados em revisão sistemática Cochrane. Foram analisados 17 ensaios clínicos.Três modelos de TMAP mostraram efetividade clínica significativa: (1) TMAP individual durante a gestação para prevenção de IU; (2) TMAP em grupo durante a gestação para prevenção ou tratamento de IU; (3) TMAP individual no pós-parto para tratamento de IU e prevenção/tratamento de IF. O TMAP em grupo durante a gestação foi o modelo mais custo-efetivo do ponto de vista dos serviços de saúde, desde que aplicado a grupos com ao menos cinco mulheres. O TMAP individual pós-natal, embora mais custoso, apresentou benefícios adicionais no manejo da incontinência fecal.
Zarawski et al. (2017)The impact of pelvic floor exercises on the quality of life of women with urinary incontinence – analysis of pregnancy and the postpartum period.Avaliar o impacto dos exercícios do assoalho pélvico na frequência e intensidade da incontinência urinária (IU), bem como na qualidade de vida de mulheres durante a gestação e até 12 meses após o parto.Estudo observacional, comparativo e prospectivo com 80 mulheres divididas em grupo com e sem prática regular de exercícios pélvicos durante e após a gestação.A prática regular de exercícios do assoalho pélvico reduziu significativamente a ocorrência e a intensidade da IU durante a gravidez (p = 0,036) e no pós-parto (p < 0,05), mesmo em mulheres com episiotomia ou lacerações perineais. Além disso, houve melhora estatisticamente significativa na qualidade de vida, avaliada por escalas subjetivas e questionários validados (UDI-6 e IIQ-7), especialmente em aspectos relacionados à atividade física, emoções e dor pélvica. Os autores reforçam a importância da educação e da implementação de programas preventivos de fisioterapia pélvica para mulheres grávidas e puérperas.
Śnieżek et al. (2021)Physiotherapy according to the BeBo Concept as prophylaxis and treatment of urinary incontinence in women after natural childbirthAvaliar os efeitos de um programa de fisioterapia baseado no Conceito BeBo sobre a força e resistência dos músculos perineais, bem como sobre a incontinência urinária (IU) e a qualidade de vida de mulheres após o primeiro parto vaginal.Ensaio clínico controlado e randomizado com 56 mulheres primíparas, divididas em grupo experimental (n = 30) e grupo controle (n = 26). A intervenção durou seis semanas.Ambos os grupos apresentaram melhora significativa nos parâmetros subjetivos e objetivos de avaliação da IU e do assoalho pélvico, mas os efeitos foram mais expressivos no grupo que realizou o protocolo BeBo. Houve aumento da força e da resistência muscular (avaliadas por perineômetro e teste PERFECT) e melhora na qualidade de vida (avaliada pelos questionários UDI-6 e ICIQ-SF). A diferença entre os grupos foi estatisticamente significativa para resistência muscular e escore final de qualidade de vida. O estudo recomenda a implementação do programa BeBo como forma eficaz de prevenção e tratamento da IU no pós-parto.
Johannessen et al. (2021)Regular antenatal exercise including pelvic floor muscle training reduces urinary incontinence 3 months postpartum—Follow up of a randomized controlled trialAvaliar o efeito de um programa de exercícios antenatais, incluindo treinamento dos músculos do assoalho pélvico (PFMT), na prevalência de incontinência urinária (IU) três meses após o parto e identificar fatores associados à ocorrência de IU nesse período.Ensaio clínico randomizado (subanálise do estudo TRIP) com 722 gestantes saudáveis alocadas em grupo intervenção (exercícios com PFMT) ou controle (atenção pré-natal padrão).A prevalência de IU três meses após o parto foi significativamente menor no grupo intervenção (29%) em comparação com o grupo controle (38%) (p = 0,01). Entre as mulheres que já apresentavam IU na gestação, a taxa caiu para 44% no grupo intervenção, contra 59% no grupo controle (p = 0,014). Fatores associados ao aumento do risco de IU incluíram: idade materna, IU no final da gestação, peso do recém-nascido ≥4000 g e lesões do esfíncter anal. Cesarianas reduziram significativamente o risco. O estudo reforça o papel protetor do PFMT durante a gestação e recomenda sua inclusão em programas regulares de exercícios antenatais.
Sangsawang & Sangsawang, (2016)Is a 6-week supervised pelvic floor muscle exercise program effective in preventing stress urinary incontinence in late pregnancy in primigravid women? A randomized controlled trialAvaliar a eficácia de um programa supervisionado de exercícios dos músculos do assoalho pélvico (PFME) com duração de seis semanas na prevenção da incontinência urinária de esforço (IUE) em gestantes primíparas continentes.Ensaio clínico randomizado com 70 gestantes primíparas alocadas em grupos controle e intervenção. O grupo intervenção realizou sessões supervisionadas quinzenais e treinamento domiciliar diário durante seis semanas.Ao final da gestação (38 semanas), 27,3% das mulheres do grupo intervenção relataram IUE, em comparação com 53,3% do grupo controle (OR = 3,05; IC 95%: 1,07–8,70; p = 0,018). O grupo intervenção apresentou menor frequência média semanal de perdas urinárias (12,44 vs. 23,06; p < 0,001), menor percepção de severidade (VAS 5,02 vs. 6,30; p < 0,01) e menor volume de perda urinária. O estudo conclui que o programa supervisionado de curta duração é eficaz na prevenção da IUE e pode ser aplicado na prática clínica com menor custo e maior adesão.
Pelaez et al. (2014)Pelvic floor muscle training included in a pregnancy exercise program is effective in primary prevention of urinary incontinence: A randomized controlled trial.Investigar a eficácia de um programa de exercícios para gestantes com treinamento dos músculos do assoalho pélvico (PFMT), ministrado em aulas coletivas, na prevenção primária da incontinência urinária (IU) em mulheres primíparas continentes.Ensaio clínico randomizado, com duas fases (pré e pós-intervenção), envolvendo 169 gestantes alocadas em grupo intervenção (n = 73) e controle (n = 96). A intervenção durou pelo menos 22 semanas, com três sessões semanais de exercícios.Ao final da intervenção (36ª semana gestacional), 95,2% das mulheres do grupo intervenção permaneceram sem IU, comparado a 60,7% no grupo controle (p < 0,001). O escore médio do questionário ICIQ-UI SF foi significativamente menor no grupo intervenção (0,24) em relação ao controle (2,66), com tamanho de efeito estimado em 0,8. A prática regular de PFMT em aulas de grupo, mesmo sem avaliação individual de contração correta, mostrou-se eficaz na prevenção primária da IU em gestantes primíparas.
Álvarez-González et al. (2022)Perineal Massage during Pregnancy for the Prevention of Postpartum Urinary Incontinence: Controlled Clinical Trial.Avaliar a eficácia do uso de massagem perineal durante a gestação (realizada por fisioterapeuta ou autoaplicada) na prevenção da incontinência urinária (IU) no puerpério.Ensaio clínico controlado não randomizado com 81 gestantes divididas em três grupos: massagem aplicada por fisioterapeuta, automassagem e grupo controle (sem intervenção).Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas na incidência ou gravidade da IU entre os três grupos. A severidade da IU esteve associada ao índice de massa corporal (IMC) materno e ao peso do bebê ao nascimento. A incidência de episiotomia foi significativamente menor no grupo que recebeu massagem por fisioterapeuta. Os autores concluíram que, apesar de seus benefícios para a integridade perineal, a massagem perineal não demonstrou impacto na prevenção da IU no pós-parto.
Kahyaoglu Sut & Balkanli Kaplan, (2016)Effect of pelvic floor muscle exercise on pelvic floor muscle activity and voiding functions during pregnancy and the postpartum period.Investigar os efeitos dos exercícios dos músculos do assoalho pélvico (PFME) durante a gestação e o puerpério sobre a força muscular pélvica e a função miccional.Ensaio clínico randomizado com 60 gestantes alocadas em grupo intervenção (PFME) e grupo controle. As participantes foram acompanhadas na 28ª semana, entre a 36ª e 38ª semana de gestação e na 6ª a 8ª semana pós-parto.A força dos músculos do assoalho pélvico diminuiu significativamente durante a gestação, porém melhorou significativamente no grupo que realizou PFME (p < 0,001). No grupo controle, os escores de sintomas urinários (UDI-6, OAB-q) pioraram no final da gestação, enquanto permaneceram estáveis no grupo intervenção. No pós-parto, ambos os grupos apresentaram melhora nas funções miccionais, mas o grupo intervenção demonstrou ganhos significativamente superiores na força muscular e na qualidade de vida. O estudo conclui que os exercícios perineais durante a gestação e o puerpério são eficazes para prevenir a deterioração da função urinária e melhorar a força muscular e a qualidade de vida.
Szumilewicz et al. (2020)Prenatal high-low impact exercise program supported by pelvic floor muscle education and training decreases the life impact of postnatal urinary incontinence.Avaliar o impacto na vida diária da incontinência urinária pós-parto em mulheres que participaram de um programa de exercícios de alto e baixo impacto durante a gestação, com suporte de educação e treinamento dos músculos do assoalho pélvico, em comparação com mulheres sem intervenção.Quase-experimental, com 260 puérperas divididas em grupo intervenção (n = 133) e controle (n = 127). O programa incluiu exercícios físicos supervisionados desde o segundo trimestre até o parto, com orientação e treinamento dos músculos do assoalho pélvico com biofeedback.Mulheres do grupo intervenção iniciaram o treinamento do assoalho pélvico mais precocemente no pós-parto e relataram menor impacto da IU na vida cotidiana aos 2 meses (22% vs. 35%; p = 0,03) e 12 meses (14% vs. 28%; p = 0,005). Os escores do Questionário de Impacto da Incontinência (IIQ) foram significativamente menores no grupo intervenção, especialmente entre as sintomáticas. Os autores concluem que programas com exercícios de impacto combinados com educação e treinamento perineal são eficazes na redução do impacto funcional da IU pós-parto.
De Assis et al. (2015)Efetividade de um manual de exercícios domiciliares na promoção da continência urinária durante a gestação: um ensaio clínico aleatorizado pragmáticoAvaliar a efetividade de um manual de orientação de exercícios domiciliares (MOED) para o assoalho pélvico na promoção da continência urinária em gestantes primíparas.Ensaio clínico aleatorizado pragmático com 87 gestantes divididas em três grupos: supervisionado (Gsup), observado (Gobs) e referência (Gref, sem intervenção). O acompanhamento foi realizado durante seis encontros ao longo da gestação.Ao final do estudo, apenas 6,9% das gestantes dos grupos Gsup e Gobs apresentaram incontinência urinária, em contraste com 96,6% no grupo Gref (p < 0,001). Quanto à força muscular perineal (FMP), Gsup e Gobs apresentaram aumento médio significativo (10,0 e 8,9 cmH₂O, respectivamente), enquanto o Gref teve redução progressiva (4,7 cmH₂O). A intervenção foi eficaz independentemente da supervisão presencial, sugerindo que o MOED pode ser uma estratégia viável e de baixo custo para a atenção primária à saúde.
Wang et al. (2024)Pressure-Mediated Biofeedback With Pelvic Floor Muscle Training for Urinary Incontinence: A Randomized Clinical Trial.Comparar a eficácia do treinamento dos músculos do assoalho pélvico (PFMT) com ou sem o uso de um dispositivo domiciliar de biofeedback por pressão em mulheres com incontinência urinária de esforço no pós-parto.Ensaio clínico randomizado multicêntrico, cego para os avaliadores, com 452 mulheres com incontinência urinária de início recente no pós-parto. As participantes realizaram 3 meses de PFMT supervisionado, com ou sem o uso do dispositivo de biofeedback domiciliar.O grupo que utilizou o biofeedback apresentou melhora significativamente superior na gravidade da incontinência (redução média de 3,00 pontos vs 2,00 no grupo controle; p = 0,002), maior taxa de cura (20,2% vs 8,7%; p = 0,001) e de melhora clínica (59,2% vs 44,5%; p = 0,002). Também houve ganho superior na força muscular perineal e maior correlação entre adesão subjetiva e objetiva. A intervenção foi segura, com baixa taxa de eventos adversos. Os resultados indicam que o biofeedback por pressão é uma estratégia adjuvante eficaz ao PFMT para o tratamento da IU no pós-parto.
Kuo et al. (2024)Transabdominal ultrasonography-guided biofeedback training for pelvic floor muscles integrated with stabilization exercise improved pregnancy-related pelvic girdle pain and disability.Investigar os efeitos de um programa de exercícios integrados para o assoalho pélvico com e sem biofeedback guiado por ultrassonografia transabdominal (TAUS) em mulheres no pós-parto com dor pélvica relacionada à gestação (PPGP).Ensaio clínico randomizado com três braços, envolvendo 53 mulheres no pós-parto com PPGP. As participantes foram alocadas nos grupos: (1) exercícios com TAUS e biofeedback (BIO+EXE), (2) exercícios sem biofeedback (EXE) e (3) controle com apenas sessão educativa (CON). A intervenção durou oito semanas.O grupo BIO+EXE apresentou maior redução na dor (redução média de 2,6 pontos na NRS; p < 0,001) e na incapacidade funcional (redução de 14% na PGQ; p = 0,001) em comparação com o grupo controle. Também houve melhora significativa na velocidade da marcha em relação aos demais grupos. A função muscular do assoalho pélvico (deslocamento da base da bexiga) apresentou tendência de melhora apenas no grupo BIO+EXE. Os autores concluíram que o treinamento perineal com biofeedback guiado por TAUS é eficaz para aliviar dor e incapacidade em mulheres com PPGP, sendo recomendado na prática clínica.
Buran & Erim, (2024)The effect of pregnancy pilates-assisted childbirth preparation training on urinary incontinence and birth outcomes: a randomized-controlled study.Avaliar os efeitos do treinamento de preparação para o parto assistido por pilates na incontinência urinária (IU), incluindo a de esforço (SUI) e de urgência (UUI), bem como nos desfechos obstétricos de mulheres primíparas.Ensaio clínico randomizado, controlado e cego para o avaliador, com 126 gestantes nulíparas (63 em cada grupo), entre 28 e 30 semanas de gestação. O grupo intervenção participou de 8 semanas de sessões teóricas e práticas de pilates, duas vezes por semana.Após a intervenção, os escores de SUI e UUI foram significativamente menores no grupo pilates tanto no final da gestação quanto no puerpério (p < 0,001). O grupo intervenção também apresentou menor ganho de peso, maior taxa de parto vaginal (80,6% vs 54,2%) e redução média de 5 horas e 43 minutos na duração do trabalho de parto em relação ao grupo controle (p < 0,001). O estudo conclui que o pilates contribui para a prevenção da IU e melhora dos desfechos obstétricos, sendo recomendável sua inclusão em programas de preparação para o parto.
Roziana et al. (2025)Improving pelvic floor muscle strength in women with postpartum stress urinary incontinence using electromagnetic stimulation therapy: A randomized controlled trial.Comparar a eficácia da estimulação eletromagnética (EMS) com exercícios de Kegel na melhora dos sintomas de incontinência urinária de esforço (IUE) e da força muscular do assoalho pélvico em mulheres no pós-parto.Ensaio clínico randomizado, simples-cego, com 40 mulheres no mínimo três meses após o parto, divididas em dois grupos: EMS (n = 20) e Kegel (n = 20). A intervenção durou cinco semanas para EMS e oito semanas para Kegel.Ambos os grupos apresentaram melhora significativa nos escores do UDI-6, no teste de absorvente de 1 hora e na força muscular do assoalho pélvico (p < 0,001). No entanto, o grupo EMS teve um ganho significativamente maior de força muscular (média: 16,5 vs. 8,0 cmH₂O; p = 0,006). A adesão foi alta e semelhante entre os grupos. A EMS demonstrou ser uma alternativa eficaz para mulheres com baixa adesão aos exercícios de Kegel, sendo recomendada como terapia complementar para fortalecimento do assoalho pélvico no pós-parto.
Cristóvão et al. (2025)Pelvic Floor Muscle Strength and Bothersome Urinary Incontinence After Pregnancy: A Cohort Study.Investigar a associação entre a força dos músculos do assoalho pélvico (MAP), avaliada por palpação vaginal, e a incontinência urinária incômoda (bothersome UI) durante o primeiro ano pós-parto.Estudo de coorte prospectivo com 504 mulheres acompanhadas aos 3, 6, 9 e 12 meses após o parto. A força muscular foi avaliada por fisioterapeutas treinadas utilizando a Escala de Oxford Modificada (MOS), e a incontinência urinária foi medida pelo questionário ICIQ-UI SF.A força muscular MAP ≥ 3 (MOS) esteve moderadamente associada à menor ocorrência de IU aos 3, 6 e 12 meses pós-parto (OR variando de 0,41 a 0,63). A IU no pré-natal foi o principal fator associado à IU persistente (OR de 4,55 a 10,23 em diferentes pontos do tempo). Lacerações perineais de segundo grau/episiotomia foram moderadamente associadas à IU aos 9 meses (OR = 1,82). A força do assoalho pélvico aumentou gradualmente ao longo do primeiro ano, mas a prevalência de IU diminuiu até 6 meses e voltou a aumentar entre 9 e 12 meses. O estudo reforça a importância de triagem pré-natal e treinamento muscular perineal para prevenção e tratamento da IU no puerpério.
Lange et al. (2023)Comparison of Vaginal Pessaries to Standard Care or Pelvic Floor Muscle Training for Treating Postpartum Urinary Incontinence: a Pragmatic Randomized Controlled Trial.Comparar a efetividade de três abordagens conservadoras — cuidados padrão, treinamento muscular do assoalho pélvico (PFMT) e uso de pessário vaginal — no tratamento da incontinência urinária (IU) no pós-parto.Ensaio clínico randomizado, pragmático, multicêntrico e aberto, conduzido em seis clínicas ginecológicas na Alemanha. Cinquenta e duas mulheres com IU pós-parto foram alocadas aleatoriamente para os três grupos.Após 12 semanas de intervenção, a taxa de satisfação com o tratamento foi significativamente maior no grupo do pessário vaginal (77,8%) em comparação com o grupo de cuidados padrão (41,2%) e o grupo de PFMT (23,5%) (p = 0,006; Cramer-V = 0,374). Nenhum evento adverso foi relatado. A maioria dos casos de IU foi classificada como de esforço (SUI) ou mista (MUI). O estudo conclui que pessários vaginais são uma alternativa eficaz e segura, com maior satisfação do que o PFMT ou cuidados padrão, sendo recomendados como uma opção viável no manejo conservador da IU pós-parto.
Yang et al. (2024)Group-based pelvic floor muscle training for pregnant women: A randomized controlled feasibility study.Avaliar a viabilidade e aceitabilidade de um programa de treinamento dos músculos do assoalho pélvico (PFMT) em grupo para gestantes na China, com foco na adesão, percepção da intervenção e resultados iniciais de eficácia.Ensaio clínico randomizado de viabilidade com dois braços (intervenção e controle), realizado em um hospital de Nanjing, China, com 48 gestantes nulíparas.O grupo intervenção apresentou maior adesão ao programa e melhoras significativas na gravidade da incontinência urinária e no impacto percebido da condição aos 42 dias pós-parto. O formato em grupo foi bem aceito e favoreceu a adesão, embora limitações logísticas tenham sido relatadas. A intervenção foi considerada viável e promissora para futuros estudos em maior escala.
Hua et al. (2024)Self-efficacy with pelvic floor muscle training mediates the effect of an app-based intervention on improving postpartum urinary incontinence severity among pregnant women.Investigar se a autoeficácia no treinamento dos músculos do assoalho pélvico (PFMT) media o efeito de um aplicativo (UIW) no alívio da incontinência urinária (IU) no pós-parto.Análise de mediação causal baseada em ensaio clínico randomizado pragmático, com 103 gestantes acompanhadas até seis semanas após o parto.O uso do aplicativo UIW aumentou a autoeficácia no PFMT, o que mediou parcialmente a melhora na gravidade da IU. Aproximadamente 32% do efeito total do app foi atribuído ao aumento da autoeficácia. A intervenção foi considerada segura e eficaz.
MacArthur et al. (2025)  Antenatal pelvic floor muscle exercise intervention led by midwives in England to reduce postnatal urinary incontinence: APPEAL feasibility and pilot randomised controlled cluster trial.Avaliar a viabilidade de um programa conduzido por parteiras para promover exercícios dos músculos do assoalho pélvico (PFME) no pré-natal com o intuito de reduzir a incontinência urinária pós-parto.Ensaio clínico randomizado em clusters, do tipo piloto e de viabilidade, com 17 equipes de parteiras e 998 gestantes atendidas no sistema público de saúde da Inglaterra.Mulheres do grupo intervenção relataram mais frequentemente terem recebido explicação sobre PFME (65% vs 38%) e maior adesão aos exercícios (50% vs 38%). A prevalência de IU foi menor no grupo intervenção (44% vs 54%). Parteiras relataram aumento de confiança e adesão à implementação. O estudo demonstrou que a intervenção liderada por parteiras é viável, bem aceita e potencialmente eficaz.

Estudos como os de Woodley et al. (2020) e Zhang et al. (2024), que realizaram revisões sistemáticas e meta-análises com grande número de participantes, apontaram evidências robustas de que o TMAP realizado durante a gestação reduz significativamente o risco de IU no pós-parto. Esses achados são corroborados por Johannessen et al. (2021), que observaram redução da prevalência de IU três meses após o parto em mulheres que participaram de um programa de exercícios pré-natais com PFMT.

No que diz respeito à forma de aplicação, estudos como o de Sangsawang & Sangsawang (2016) e de Assis et al. (2015) demonstraram que tanto o treinamento supervisionado quanto intervenções baseadas em orientação domiciliar são eficazes. A escolha entre eles pode depender de fatores como adesão, custo e disponibilidade de serviços. O estudo de Pelaez et al. (2014) acrescenta que o TMAP incorporado a atividades de ginástica geral, mesmo sem supervisão específica da contração correta, também pode ter efeito preventivo.

Interessantemente, Kahyaoglu, Sut & Kaplan (2016) evidenciaram benefícios do TMAP não apenas na IU, mas também na melhora das funções miccionais e na qualidade de vida, apontando efeitos sistêmicos positivos do fortalecimento perineal.

Já no estudo de Macarthur et al. (2025), a implementação do TMAP por parteiras mostrou viabilidade e boa aceitação entre gestantes no sistema de saúde pública do Reino Unido, reforçando o papel da educação em saúde na disseminação dessa prática. A maioria dos estudos reforça a importância do início precoce do treinamento como estratégia de prevenção. Como apresentado por Zhang et al. (2024), a prática de TMAP desde o pré-natal está associada não apenas à redução da IU, mas também a menor incidência de episiotomias e lacerações perineais graves, sugerindo benefícios obstétricos adicionais.

Intervenções que utilizam tecnologias como biofeedback, aplicativos móveis e ultrassonografia vêm ganhando destaque como estratégias para potencializar os efeitos do TMAP e aumentar a adesão ao tratamento. Os estudos incluídos nesta revisão demonstram que tais recursos podem ser eficazes tanto na prevenção quanto na reabilitação IU, especialmente no pós-parto.

O estudo de Wang et al. (2024) apresentou evidências sólidas da eficácia do biofeedback mediado por pressão, quando associado ao TMAP domiciliar. O grupo que utilizou o dispositivo demonstrou maior taxa de cura da IU, melhora da força muscular do assoalho pélvico e melhor aderência ao programa de exercícios em comparação ao grupo controle. Esses achados reforçam a hipótese de que o uso de dispositivos objetivos para monitoramento pode aumentar o engajamento das pacientes e os desfechos clínicos.

Complementarmente, Kuo et al. (2024) investigaram o uso de biofeedback guiado por ultrassonografia transabdominal, integrado a exercícios de estabilização do core em mulheres com dor pélvica pós-parto. Embora o foco principal fosse a dor, os resultados mostraram melhora significativa também na funcionalidade pélvica, sugerindo que o uso de imagem para guiar a ativação muscular pode ter efeitos positivos multidimensionais.

Já Hua et al. (2024) exploraram uma abordagem inovadora ao utilizar um aplicativo móvel como ferramenta de apoio ao TMAP. A análise de mediação causal mostrou que a autoeficácia percebida no uso do TMAP foi um mediador importante na redução da gravidade da IU pós-parto. Ou seja, além do aspecto técnico da intervenção, o fortalecimento do senso de capacidade da paciente também desempenha um papel essencial nos resultados.

Esses estudos destacam o potencial das tecnologias digitais e dispositivos de biofeedback como ferramentas complementares à fisioterapia pélvica tradicional. Eles oferecem vantagens como maior engajamento, autonomia, monitoramento em tempo real e personalização das intervenções, aspectos especialmente relevantes no período pós-natal, quando o tempo e a disponibilidade das mulheres tendem a ser limitados (Wang et al., 2024; Kuo et al., 2024; Hua et al., 2024).

Além do treinamento tradicional dos músculos do assoalho pélvico, os estudos incluídos nesta revisão também exploraram estratégias alternativas como massagem perineal, pilates, estimulação eletromagnética (EMS), uso de pessários vaginais e o Conceito BeBo. Essas abordagens ampliam as possibilidades terapêuticas e podem ser especialmente úteis em situações em que o TMAP isolado não é suficiente ou não é viável (Álvarez-González et al., 2022; Buran & Erim, 2024; Roziana et al., 2025; Lange et al., 2024; Śnieżek et al., 2021).

A massagem perineal, investigada por Álvarez-González et al. (2022), mostrou-se eficaz na redução da taxa de episiotomias, embora não tenha apresentado diferenças significativas na incidência de IU entre os grupos. Apesar disso, o estudo reforça o papel da massagem na prevenção de traumas perineais e como prática complementar à promoção da saúde pélvica no período gestacional.

O uso do método Pilates adaptado para gestantes, conforme avaliado por Buran e Erim, (2024), demonstrou efeitos positivos não apenas na redução da gravidade da IU durante e após a gestação, mas também em indicadores obstétricos, como menor duração do trabalho de parto e maior taxa de partos vaginais. Esses dados sugerem que abordagens integrativas que combinam condicionamento físico com fortalecimento pélvico podem ser especialmente benéficas.

A estimulação eletromagnética (EMS), analisada por Roziana et al. (2025), mostrou ser uma alternativa eficaz ao TMAP tradicional, principalmente para mulheres com dificuldades de aderência aos exercícios. Embora ambos os grupos tenham apresentado melhora dos sintomas, o grupo EMS obteve um aumento mais expressivo da força muscular do assoalho pélvico, indicando que essa tecnologia pode ser uma ferramenta complementar ou substitutiva, especialmente em casos de menor motivação ou barreiras físicas.

O uso de pessários vaginais, comparado ao TMAP e ao tratamento padrão por Lange et al. (2024), teve os melhores índices de satisfação entre as participantes. Essa alternativa pode ser particularmente relevante em contextos de baixa adesão ao exercício ou para alívio imediato dos sintomas, embora deva ser acompanhada por orientação profissional adequada para garantir o uso correto e seguro.

Por fim, o estudo de Śnieżek et al. (2021) apresentou o Conceito BeBo como uma abordagem estruturada de exercícios voltados ao fortalecimento e reeducação funcional do assoalho pélvico. Os resultados indicaram melhora em diversos parâmetros musculares e de continência, posicionando o método como uma opção viável no tratamento fisioterapêutico pós-parto.

5 CONCLUSÃO

Os achados desta revisão sistemática confirmam que a fisioterapia pélvica, especialmente o treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP), é eficaz na prevenção e no tratamento da incontinência urinária em mulheres no pré e pós-natal. A intervenção precoce durante a gestação se mostrou particularmente benéfica.

Tecnologias assistivas e estratégias complementares como biofeedback, pilates, eletroestimulação, pessários vaginais, massagem perineal e o Conceito BeBo ampliam as possibilidades terapêuticas, principalmente em contextos específicos. Esses recursos devem ser considerados dentro de abordagens individualizadas e baseadas em evidências, promovendo maior adesão, acessibilidade e qualidade de vida para as gestantes e puérperas.

REFERÊNCIAS

AARBURG, N. VON; VEIT-RUBIN, N.; BOULVAIN, M.; BERTUIT, J.; SIMONSON, C.; DESSEAUVE, D. Physical activity and urinary incontinence during pregnancy and postpartum: a systematic review and meta-analysis. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, v. 267, p. 262-268, 2021.

ABRAFISM. História da Associação Brasileira de Fisioterapia em Saúde da Mulher (ABRAFISM). Disponível em: <https://abrafism.org.br/hist%C3%B3ria>. Acesso em: 11 jun. 2024a.

ABRAFISM. Conheça a Fisioterapia na Saúde da Mulher. Disponível em: <https://abrafism.org.br/quem-somos>. Acesso em: 11 jun. 2024b.

AGARWAL, B. K.; AGARWAL, N. Urinary incontinence: prevalence, risk factors, impact on quality of life and treatment seeking behaviour among middle aged women. International Surgery Journal, v. 4, n. 6, p. 1953, 24 maio 2017.

ALAGIRISAMY, P.; MOHD SIDIK, S.; RAMPAL, L.; IRMA FADHILAH ISMAIL, S. Development and validation of pelvic floor muscles exercise intervention for urinary incontinence among pregnant women. Med J Malaysia, v. 76, n. 3, p. 332–339, 2021.

ÁLVAREZ-GONZÁLEZ, M.; LEIRÓS-RODRÍGUEZ, R.; ÁLVAREZ-BARRIO, L.; LÓPEZ-RODRÍGUEZ, A. F. Perineal Massage during Pregnancy for the Prevention of Postpartum Urinary Incontinence: Controlled Clinical Trial. Medicina (Lithuania), v. 58, n. 10, 1 out. 2022.

APTA. Academy of Pelvic Health Physical Therapy (APTA Pelvic Health). Disponível em: <https://www.aptapelvichealth.org/about#:~:text=1977%20-%20Elizabeth%20Noble%20founded%20the,Section%20on%20Obstetrics%20and%20Gynecology>. Acesso em: 11 jun. 2024.

ASSIS, L. C. DE; BERNARDES, J. M.; BARBOSA, A. M. P.; SANTINI, A. C. M.; VIANNA, L. S.; DIAS, A. Effectiveness of an illustrated home exercise guide on promoting urinary continence during pregnancy: A pragmatic randomized clinical trial. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetricia, v. 37, n. 10, p. 460–466, 1 out. 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PELA CONTINÊNCIA. Incontinência Urinária. Disponível em: <https://incontinenciaurinariabcs.org/incontinencia-urinaria/>. Acesso em: 11 jun. 2024.

BARAN, E.; AKBAYRAK, T.; ÖZGÜL, S.; NAKIP, G.; ÇINAR, G. N.; ÜZELPASACI, E.; GURSEN, C.; BEKSAÇ, K.; AYDIN, E.; ÇAĞAN, M.; BEKSAÇ, M. S. Musculoskeletal and anthropometric factors associated with urinary incontinence in pregnancy. Physiotherapy Theory and Practice, v. 38, n. 11, p. 1789-1798, 2022.

BRENNEN, R.; FRAWLEY, H. C.; MARTIN, J.; HAINES, T. P. Group-based pelvic floor muscle training for all women during pregnancy is more cost-effective than postnatal training for women with urinary incontinence: cost-effectiveness analysis of a systematic review. Journal of Physiotherapy, v. 67, n. 2, p. 105–114, 1 abr. 2021.

BURAN, G.; ERIM, S. The effect of pregnancy pilates-assisted childbirth preparation training on urinary incontinence and birth outcomes: a randomized-controlled study. Archives of Gynecology and Obstetrics, 1 nov. 2024.

CHRUŚCIK, A.; KAUTER, K.; WINDUS, L.; WHITESIDE, E.; DOOLEY, L. Fundamentals of Anatomy and Physiology. University of Southern Queensland, 2021.

COFFITO. RESOLUÇÃO N°. 401/2011 – Disciplina a Especialidade Profissional de Fisioterapia na Saúde da Mulher e dá outras providências. Disponível em: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3164>. Acesso em: 11 jun. 2024.

COFFITO. Resolução no 372 de 6 de novembro de 2009. Reconhece a Saúde da Mulher como especialidade do profissional Fisioterapeuta e dá outras providências. Disponível em: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3135>. Acesso em: 11 jun. 2024.

COFFITO. Resolução no 377 de 11 de junho de 2010. Dispõe sobre as normas e procedimentos para o registro de títulos de especialidade profissional em Fisioterapia e dá outras providências. Disponível em: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3140>. Acesso em: 11 jun. 2024.

CRISTÓVÃO, S.; ASPLÉN, E.; BORSSÉN, J.; LARSSON, M. E. H.; VESTING, S. Pelvic Floor Muscle Strength and Bothersome Urinary Incontinence After Pregnancy: A Cohort Study. International Urogynecology Journal, 2025.

CUNNINGHAM, F.; LEVENO, K. J.; BLOOM, S. L.; DASHE, J. S.; HOFFMAN, B. L.; CASEY, B. M.; SPONG, C. Y. Multifetal Pregnancy. 25e. ed. McGraw-Hill Education, 2018.

DALY, D.; CUSACK, C.; BEGLEY, C. Learning about pelvic floor muscle exercises before and during pregnancy: a cross-sectional study. International Urogynecology Journal, v. 30, n. 6, p. 965–975, 1 jun. 2019.

DOMINI, E.; GUAZZINI, S.; GUIDI, M.; VICENTINI, S. Birth Canal (Passageway). Em: The Caesarean Section. Jaypee Brothers Medical Publishers (P) Ltd., 2018. p. 4–4.

DUARTE, H. E. Anatomia Humana. CED/LANTEC ed. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2014. v. 1

FERNANDES, A.; SACOMANI, C.; AVERBECK, M.; PREZOTTI, J. A.; FERRERIA, R.; MOSER, D.; GAJEWSKI, J. B. Tradução para o português An International Continence Society (ICS) report on the terminology for adult neurogenic lower urinary tract dysfunction (ANLUTD). Einstein (São Paulo), v. 20, p. eAE5680, 2022.

FIROOZI, F. Female pelvic surgery, Second Edition. Springer Nature, 2020.

GALLEGO-GÓMEZ, C.; RODRÍGUEZ-GUTIÉRREZ, E.; TORRES-COSTOSO, A.; MARTÍNEZ-VIZCAÍNO, V.; MARTÍNEZ-BUSTELO, S.; QUEZADA-BASCUÑÁN, C. A.; FERRI-MORALES, A. Urinary incontinence increases risk of postpartum depression: systematic review and meta-analysis. American Journal of Obstetrics and Gynecology, mar. 2024.

HAGE-FRANSEN, M. A. H.; WIEZER, M.; OTTO, A.; WIEFFER-PLATVOET, M. S.; SLOTMAN, M. H.; NIJHUIS-VAN DER SANDEN, M. W. G.; POOL-GOUDZWAARD, A. L. Pregnancy‐and obstetric‐related risk factors for urinary incontinence, fecal incontinence, or pelvic organ prolapse later in life: a systematic review and meta‐analysis. Acta obstetricia et gynecologica Scandinavica, v. 100, n. 3, p. 373-382, 2021.

HARLAND, N.; WALZ, S.; EBERLI, D.; SCHMID, F. A.; AICHER, W. K.; STENZL, A.; AMEND, B. Stress Urinary Incontinence: An Unsolved Clinical Challenge. Biomedicines, v. 11, n. 9, p. 2486, 7 set. 2023.

HAWKES, RUTH; HAWKES, R. The history of Pelvic, Obstetric and Gynaecological Physiotherapy. Journal of Pelvic, Obstetric and Gynaecological Physiotherapy, v. 123, p. 14–19, 2018.

HERSCHORN, S. TREATMENT OF SUI Female Pelvic Floor Anatomy: The Pelvic Floor, Supporting Structures, and Pelvic Organs. Reviews In Urology, v. 6, n. 5, 2004.

HOLZSCHUH, J. T.; SUDBRACK, A. C. Effectiveness of vaginal cones in strengthening pelvic floor in post-menopause female urinary incontinence: case report. Revista Pesquisa em Fisioterapia, v. 9, n. 4, p. 498–504, 6 set. 2019.

HUA, J.; LI, T.; LIU, S.; ZHANG, D.; CHEN, X.; CAI, W.; CHEN, L. Self-efficacy with Pelvic floor muscle training mediates the effect of an App-based intervention on improving postpartum urinary incontinence severity among pregnant women: A causal mediation analysis from a randomised controlled trial. Midwifery, v. 135, 1 ago. 2024.

JOHANNESSEN, H. H.; FRØSHAUG, B. E.; LYSÅKER, P. J. G.; SALVESEN, K.; LUKASSE, M.; MØRKVED, S.; STAFNE, S. N. Regular antenatal exercise including pelvic floor muscle training reduces urinary incontinence 3 months postpartum—Follow up of a randomized controlled trial. Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica, v. 100, n. 2, p. 294–301, 1 fev. 2021.

JORGE, J. M. N.; BUSTAMANTE-LOPEZ, L. A. Pelvic floor anatomy. Annals of Laparoscopic and Endoscopic Surgery. AME Publishing Company, 1 abr. 2022.

KAHYAOGLU SUT, H.; BALKANLI KAPLAN, P. Effect of pelvic floor muscle exercise on pelvic floor muscle activity and voiding functions during pregnancy and the postpartum periodNeurourology and Urodynamics. Anais…John Wiley and Sons Inc., 1 mar. 2016

KESEROGLU, B. B.; AYDIN, O.; KOC, E. M. E.; BAYBURTLUOGLU, V.; YUCETURK, C. N.; KARAKAN, T.; OZGUR, B. C.; USTUN, Y.; HAZIRBULAN, A.; GOKKURT, Y.; AGRAS, K. Impact of urinary incontinence on anxiety status during pregnancy: A prospective case–control study. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, v. 270, p. 227–230, mar. 2022.

KUO, Y. L.; LIN, K. Y.; WU, M. H.; WU, C. H.; TSAI, Y. J. Transabdominal ultrasonography-guided biofeedback training for pelvic floor muscles integrated with stabilization exercise improved pregnancy-related pelvic girdle pain and disability: a randomized controlled trial. Physiotherapy (United Kingdom), v. 124, p. 106–115, 1 set. 2024.

LANGE, S.; LANGE, R.; TABIBI, E.; HITSCHOLD, T.; MÜLLER, V. I.; NAUMANN, G. Comparison of Vaginal Pessaries to Standard Care or Pelvic Floor Muscle Training for Treating Postpartum Urinary Incontinence: a Pragmatic Randomized Controlled Trial. Geburtshilfe und Frauenheilkunde, v. 84, n. 3, p. 246–255, 25 set. 2023.

MACARTHUR, C. et al. Antenatal pelvic floor muscle exercise intervention led by midwives in England to reduce postnatal urinary incontinence: APPEAL feasibility and pilot randomised controlled cluster trial. BMJ Open, v. 15, n. 1, p. e091248, jan. 2025.

MAROYI, R.; MWAMBALI, N.; MOUREAU, M. K.; KEYSER, L. E.; MCKINNEY, J. L.; BROWN, H. W.; MUKWEGE, D. M. Prevalence of urinary incontinence in pregnant and postpartum women in the Democratic Republic of Congo. International Urogynecology Journal, v. 32, n. 7, p. 1883–1888, 21 jul. 2021.

MATIELLO, A. A.; SOUZA MADEIRA, F. F. DE; VASCONCELOS, G. S. DE; FERRAZ, N. L.; MEIRELLES BORBA, R. Fisioterapia urológica e ginecológica. Porto Alegre: SAGAH, 2021.

MITCHELL, L. Simple Relaxation: The Physiological Method for Easing Tension. John Murray, London, 1977.

MOLINET COLL, C.; MARTÍNEZ FRANCO, E.; ALTIMIRA QUERAL, L.; CUADRAS, D.; AMAT TARDIU, L.; PARÉS, D. Hormonal Influence in Stress Urinary Incontinence During Pregnancy and Postpartum. Reproductive Sciences, v. 29, n. 8, p. 2190–2199, 1 ago. 2022.

MOOSSDORFF-STEINHAUSER, H. F. A.; BERGHMANS, B. C. M.; SPAANDERMAN, M. E. A.; BOLS, E. M. J. Prevalence, incidence and bothersomeness of urinary incontinence in pregnancy: a systematic review and meta-analysis. International Urogynecology Journal, v. 32, n. 7, p. 1633–1652, 13 jul. 2021.

PELAEZ, M.; GONZALEZ-CERRON, S.; MONTEJO, R.; BARAKAT, R. Pelvic floor muscle training included in a pregnancy exercise program is effective in primary prevention of urinary incontinence: A randomized controlled trial. Neurourology and Urodynamics, v. 33, n. 1, p. 67–71, jan. 2014.

RADZIMIŃSKA, A.; STRĄCZYŃSKA, A.; WEBER-RAJEK, M.; STYCZYŃSKA, H.; STROJEK, K.; PIEKORZ, Z. The impact of pelvic floor muscle training on the quality of life of women with urinary incontinence: a systematic literature review. Clinical Interventions in Aging, v. 13, p. 957–965, maio 2018.

RAJAVUORI, A.; REPO, J. P.; HÄKKINEN, A.; PALONEN, P.; MULTANEN, J.; AUKEE, P. Maternal risk factors of urinary incontinence during pregnancy and postpartum: A prospective cohort study. European Journal of Obstetrics and Gynecology and Reproductive Biology: X, v. 13, 1 jan. 2022.

ROZIANA, R.; CHAN, M. SN.; SANTOSO, B. I.; SJUSAD, S.; PRIYATINI, T.; HAKIM, S.; MOEGNI, F.; MUTIA, A. P.; KURNIAWAN, A. P.; ARMITA, N. Improving pelvic floor muscle strength in women with postpartum stress urinary incontinence using electromagnetic stimulation therapy: A randomized controlled trial. Narra J, v. 5, n. 1, p. e2015, 24 fev. 2025.

RYHTÄ, I.; AXELIN, A.; PARISOD, H.; HOLOPAINEN, A.; HAMARI, L. Effectiveness of exercise interventions on urinary incontinence and pelvic organ prolapse in pregnant and postpartum women: Umbrella review and clinical guideline development. JBI Evidence Implementation, v. 21, n. 4, p. 394-408, 2023.

SANGSAWANG, B.; SANGSAWANG, N. Is a 6-week supervised pelvic floor muscle exercise program effective in preventing stress urinary incontinence in late pregnancy in primigravid women?: A randomized controlled trial. European Journal of Obstetrics and Gynecology and Reproductive Biology, v. 197, p. 103–110, 1 fev. 2016.

SARTORÃO FILHO, C. I.; PINHEIRO, F. A.; TAKANO, L.; PRUDÊNCIO, C. B.; NUNES, S. K.; RLS, H.; CALDERON, I. M. P.; BARBOSA, A. M. P.; RUDGE, M. V. C. Risk factors for postpartum urinary incontinence: The impact of early-onset and late-onset Gestational Diabetes Mellitus in a nested case-control study. European Journal of Obstetrics and Gynecology and Reproductive Biology, v. 290, p. 5–10, 1 nov. 2023.

SHAGANA, J. A.; DHANRAJ, M.; JAIN, A. R.; NIROSA, T. Physiological changes in pregnancy. Drug Invention Today, v. 10, n. 8, p. 1594-1597, 2018.

SHIFNA, U. L. B., DILAXSHAN, V., NASMY, M. N. M., SANDAMALI, A. A. K., SUGANDIKA, R. K. D. E., WATHTHAGE, C. N., WELGAMA, W. R. S. D., SENARATH, M. K. I. D., & BANDARANAYAKE, D. W. (2017). Awareness and Effectiveness of Physiotherapy Interventions among Pregnant Women Attending Antenatal Care in Gangawatakoralle. International Journal of Scientific and Research Publications, v. 7, n. 9, p. 361, 2017.

SILANTYEVA, E.; ZARKOVIC, D.; ASTAFEVA, E.; SOLDATSKAIA, R.; ORAZOV, M.; BELKOVSKAYA, M.; KURTSER, M. A Comparative Study on the Effects of High-Intensity Focused Electromagnetic Technology and Electrostimulation for the Treatment of Pelvic Floor Muscles and Urinary Incontinence in Parous Women: Analysis of Posttreatment Data. Female Pelvic Medicine & Reconstructive Surgery, v. 27, n. 4, p. 269–273, abr. 2021.

SILVA SANTOS, M. L. DA; MACÊDO, S. G. G. F.; FERNANDES, J.; PIRKLE, C. M.; CÂMARA, S. M. A. Muscle strength during pregnancy and postpartum in adolescents and adults. PLoS ONE, v. 19, n. 3 March, 1 mar. 2024.

ŚNIEŻEK, A.; CZECHOWSKA, D.; CURYŁO, M.; GŁODZIK, J.; SZYMANOWSKI, P.; ROJEK, A.; MARCHEWKA, A. Physiotherapy according to the BeBo Concept as prophylaxis and treatment of urinary incontinence in women after natural childbirth. Scientific Reports, v. 11, n. 1, 1 dez. 2021.

SZUMILEWICZ, A.; KUCHTA, A.; KRANICH, M.; DORNOWSKI, M.; JASTRZĘBSKI, Z. Prenatal high-low impact exercise program supported by pelvic floor muscle education and training decreases the life impact of postnatal urinary incontinence. Medicine, v. 99, n. 6, p. e18874, fev. 2020.

SZUMILEWICZ, A.; KUCHTA, A.; KRANICH, M.; DORNOWSKI, M.; JASTRZĘBSKI, Z. Prenatal high-low impact exercise program supported by pelvic floor muscle education and training decreases the life impact of postnatal urinary incontinence. Medicine, v. 99, n. 6, p. e18874, fev. 2020.

TAYRAC, R. DE; SCHANTZ, C. Childbirth pelvic floor trauma: Anatomy, physiology, pathophysiology and special situations – CNGOF perineal prevention and protection in obstetrics guidelines. Gynecologie Obstetrique Fertilite et Senologie, v. 46, n. 12, p. 900–912, 1 dez. 2018.

VRIES, A. M. DE; HEESAKKERS, J. P. F. A. Contemporary diagnostics and treatment options for female stress urinary incontinence. Asian Journal of Urology, v. 5, n. 3, p. 141–148, jul. 2018.

WANG, X., QIU, J., LI, D., WANG, Z., YANG, Y., FAN, G., … & SUN, Z. Pressure-Mediated Biofeedback With Pelvic Floor Muscle Training for Urinary Incontinence: A Randomized Clinical Trial. JAMA network open, v. 7, n. 11, p. e2442925, 4 nov. 2024.

WOOD, L. N.; ANGER, J. T. Urinary incontinence in women. BMJ, v. 349, n. sep15 4, p. g4531–g4531, 15 set. 2014.

WOODLEY, S. J.; LAWRENSON, P.; BOYLE, R.; CODY, J. D.; MØRKVED, S.; KERNOHAN, A.; HAY-SMITH, E. J. C. Pelvic floor muscle training for preventing and treating urinary and faecal incontinence in antenatal and postnatal women. Cochrane Database of Systematic Reviews, v. 2021, n. 3, 7 maio 2020.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Reproductive health indicators: guidelines for their generation, interpretation and analysis for global monitoring. In: Reproductive health indicators: guidelines for their generation, interpretation and analysis for global monitoring. 2006. p. 67-67.

WORLD PHISIOTHERAPY. International Organization of Physical Therapists in Pelvic and  Women’s Health (IOPTPWH). Disponível em: <https://world.physio/pt/subgroups/pelvic-womens-health>. Acesso em: 11 jun. 2024.

YANG, X.; SAYER, L.; BASSETT, S.; WOODWARD, S. Group-based pelvic floor muscle training for pregnant women: A randomized controlled feasibility study. Journal of Advanced Nursing, 1 abr. 2024.

YANG, X.; ZHANG, A.; SAYER, L.; BASSETT, S.; WOODWARD, S. The effectiveness of group-based pelvic floor muscle training in preventing and treating urinary incontinence for antenatal and postnatal women: a systematic review. International Urogynecology Journal, v. 33, n. 6, p. 1407–1420, 28 jun. 2022.

ZARAWSKI MARCIN; KOŁOMAŃSKA DARIA; MAJ MARIA; PANICZ DARIA; OPŁAWSKI MARCIN; MAZUR-BIALY AGNIESZKA IRENA. The Impact of Pelvic Floor Exercises on the Quality of Life of Women with Urinary Incontinence – Analysis of Pregnancy and the Postpartum Period. Journal of Novel Physiotherapy and Physical Rehabilitation, p. 035–041, 14 mar. 2017.

ZHANG, D.; BO, K.; MONTEJO, R.; SÁNCHEZ-POLÁN, M.; SILVA-JOSÉ, C.; PALACIO, M.; BARAKAT, R. Influence of pelvic floor muscle training alone or as part of a general physical activity program during pregnancy on urinary incontinence, episiotomy and third- or fourth-degree perineal tear: Systematic review and meta-analysis of randomized clinical trialsActa Obstetricia et Gynecologica Scandinavica. John Wiley and Sons Inc,, 1 jun. 2024.


1Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Centro Universitário de Palmas.

2Correspondente: mariaeduarda.leal@rede.ulbra.br