FISIOTERAPIA EM GERONTOLOGIA

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA EM IDOSOS COM DECLÍNIO COGNITIVO E OCORRÊNCIA DE QUEDAS.

Autoras

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Dra. Graziela Morgana Silva Tavares (RS) Fisioterapeuta, Professora Adjunto da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Mestrado em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Doutorado em Gerontologia Biomédica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) com período sanduíche na Universidade de Sydney. Pós-Doutoranda em Fisioterapia na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
PALESTRANTE CONFIRMADA

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Dra. Karina Gramani-Say (SP) Fisioterapeuta, Professora Adjunto da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar no Departamento de Gerontologia, Aprimoramento em Fisioterapia na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto com ênfase em Traumatoortopédica, Mestrado e Doutorado em Fisioterapia pela UFSCar, Pós-Doutorado em Ciências do Movimento (CNPq/UniCsul), Especialização Interdisciplinar em Saúde Pública (FSP/USP). Docente do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia (UFSCar) e Coordenadora da Especialização Interdisciplinar em Dor e do Centro de Referência Interdisciplinar em Dor da UFSCar.
PALESTRANTE CONFIRMADA

Contextualização: A população mundial está envelhecendo, e no Brasil este cenário não é diferente. De acordo com os dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015), as projeções para 2050 apontam que 29,75% da população brasileira terá 60 anos ou mais, representando 1 em cada 4 brasileiros. Concomitante ao envelhecimento populacional, pode ocorrer o declínio em diversos sistemas, dentre os quais se destaca o sistema neurológico, por gerar declínio cognitivo e quadros de demências. As demências podem ser caracterizadas por prejuízos no desempenho sensório-motor, por alterações neurológicas, em especial no lobo frontal, o qual é responsável por ações como: concentração, atenção, capacidade de resolver problemas, habilidades psicomotora, inteligência, julgamento, capacidade de aprendizado, orientação, memória, tempo de reação, dentre outras. Diante destas alterações o idoso com quadro de demência, possui uma maior instabilidade postural e consequentemente maior risco de ocorrência de quedas, principalmente ao realizar dupla-tarefa. O desempenho em cada uma das funções cognitivas é de extrema importância quando relacionado à autonomia e a capacidade funcional para o idoso realizar tarefas sem risco a sua segurança. A estabilidade postural necessita de altos níveis de integração das funções cognitivas e sensório-motoras. Sugere-se então, que exista uma maior tendência de ocorrer quedas em idosos devido à execução concomitante de controle postural e processamento cognitivo, que por sua vez pode aumentar com o grau de complexidade da tarefa a ser executada. A queda é considerada uma síndrome geriátrica e atinge cerca de 30% da população acima de 60 anos, essa porcentagem aumenta para 50% quando o indivíduo está acima de 80 anos de idade e quando há comprometimento cognitivo as chances de queda em 1 ano aumentam de 70 a 80% quando comparado a um idoso sem comprometimento cognitivo. Segundo Hernandez (2010), 65,5% dos eventos de quedas em idosos ocorrem naqueles que apresentam déficit cognitivo. Idosos com comprometimento cognitivo, principalmente com alterações na função executiva tendem a ter dificuldades na marcha, resultando no aumento do risco de quedas nessa população.

Desenvolvimento: Dessa forma, torna-se necessário a implementação de programas de prevenção de quedas para idosos com comprometimento cognitivo leve e com demências a fim de evitar a ocorrência desse efeito adverso. Estudos têm mostrado que a fisioterapia e a prática regular de exercícios tem auxiliado para um envelhecimento saudável; e em pacientes com demência, o treino cognitivo pode melhorar ou retardar o declínio da mobilidade e retardar a progressão da doença. Nas intervenções multimodais com exercícios diversos e estimulação cognitiva é observado a melhora da capacidade cognitiva, funcional e do equilíbrio nos idosos, e esse tipo de intervenção associada perduram os benefícios físico-cognitivos por 6 meses a 1 ano após a intervenção. Dentre as modalidades terapêuticas pode-se citar os exercícios de resistência, aeróbicos, multimodais (coordenação, fortalecimento, flexibilidade e alongamento) com duração de 60 minutos e frequência de 2 a 3 X por semana por pelo menos 6 meses.

Considerações finais: Dessa forma, as intervenções multimodais com exercícios físicos e intervenção cognitiva têm mostrado benefícios no controle postural, na marcha, na realização de dupla-tarefa e nas funções cognitivas de idosos com comprometimentos cognitivos leves e demências, reduzindo assim o risco de quedas.

Leitura complementar: Young J, Angevaren M, Rusted J, Tabet N. Aerobic exercise to improve cognitive function in older people without known cognitive impairment. Cochrane Database Syst Rev. 2015 Apr 22;(4):CD005381. doi: 10.1002/14651858.CD005381.pub4.

Bherer L. Cognitive plasticity in older adults: effects of cognitive training and physical exercise. Ann N Y Acad Sci. 2015 Mar;1337:1-6. doi: 10.1111/nyas.12682.

Davis JC, Best J, Hsu CL, Nagamatsu LS, Dao E, Liu-Ambrose T. Examining the effect of the relationship between falls and mild cognitive impairment on mobility and executive functions in community-dwelling older adults. J Am Geriatr Soc. 2015 Mar;63(3):590-3. doi: 10.1111/jgs.13290.

Polastri P, Godoi D, Gramani-Say K. Falls and postural stability in elderly individuals: implications for daily life. In: Locomotion and Posture in Older Adults – The Role of Aging and Movement Disorders, Barbieri and Vitório, editors; Springer Ed. 2017.

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