REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7249179
Jade Souza De Lima1
Marcos Do Prado Sotero2
RESUMO
A febre aftosa é uma doença viral aguda e altamente contagiosa de notificação obrigatória, causada pelo vírus da família Picornaviridae, do gênero Aphtovírus no qual acometem animais de cascos fendidos, afetando a produção e economia mundial. Os efeitos destrutivos da febre aftosa impactam negativamente na pecuária e nos produtos de origem animal vendidos no mercado internacional. O controle desta doença requer muito trabalho dedicado, estratégias eficazes para combatê-lo e eliminá-lo. No ano de 2018, o Brasil foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como status de zona livre de febre com vacinação. Em 2020, o Bloco I composto por: Acre, Rondônia, 5 municípios do Mato Grosso e 14 municípios do sul do Amazonas sendo: Apuí, Boca do Acre, Canutama, Eirunepé, Envira, Guajará, Humaitá, Itamarati, Ipixuna, Lábrea, Manicoré, Novo Aripuanã, Pauini e parte do município de Tapauá com 37 propriedades georreferenciadas reconhecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com a IN 36 de 29 de abril de 2020 na qual fazem fronteira com Humaitá. É importante realizar o monitoramento soroepidemiológico nos 14 municípios do Amazonas que desejam obter o status de zona livre sem vacinação.
PALAVRA-CHAVE: Doença viral; Aphtovirus; Condição sanitária; Reconhecimento e áreas livres de febre aftosa.
ABSTRACT
Foot-and-mouth disease is an acute and highly contagious viral disease of mandatory notification, caused by the virus of the Picornaviridae family, of the genus Aphtovirus, in which it affects animals with cloven hooves, affecting production and the world economy. The destructive effects of foot-and-mouth disease negatively impact livestock and animal products sold on the international market. Controlling this disease requires a lot of dedicated work, effective strategies to fight and eliminate it. In 2018, Brazil was recognized by the World Organization for Animal Health (OIE) as a feverfree zone with vaccination. In 2020, Block I composed of: Acre, Rondônia, 5 municipalities in Mato Grosso and 14 municipalities in the south of Amazonas: Apuí, Boca do Acre, Canutama, Eirunepé, Envira, Guajará, Humaitá, Itamarati, Ipixuna, Lábrea, Manicoré , Novo Aripuanã, Pauini and part of the municipality of Tapauá with 37 georeferenced properties recognized by the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply with IN 36 of April 29, 2020 in which they border Humaitá. It is important to carry out seroepidemiological monitoring in the 14 municipalities in Amazonas that wish to obtain the status of a free zone without vaccination.
KEYWORD: Viral disease; Aphtovirus; Sanitary condition; Recognition and FMD free areas.
INTRODUÇÃO
A febre aftosa é uma infecção viral aguda que afeta animais biungulados, como bovinos, bubalinos, suínos, ovinos e caprinos. É transmissível entre outras espécies que demonstrem comprovação científica da infecção, como ruminantes selvagens e capivara, (PETTRES et al., 2007; TRECENTI, 2013).
Para isso a vacinação contra febre aftosa se faz necessária, estando presente no plano anual de vacinação dos rebanhos brasileiros, existem sete principais sorotipos virais: O, A, C, SAT 1, SAT 2, SAT 3 e Ásia 1. O sorotipo O é o mais comum em todo o mundo. É responsável pela epidemia pan-asiática que começou em 1990 e tem afetado diversos países pelo mundo (SPICKLER, 2015)
Um dos principais objetivos dos sistemas de vigilância veterinária da febre aftosa é prevenir a propagação e reintrodução da doença. Isso é feito por meio das principais funções do sistema de vigilância, que são acompanhar a doença e manter suas condições sanitárias, (PLANO DE VIGILÂNCIA PARA A FEBRE AFTOSA, 2020).
Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária – Amazonas (FAEA), durante a 88° sessão geral da organização mundial de saúde animal (OIE), foi aprovado a resolução n°13 que confere o reconhecimento internacional como zona livre de febre aftosa sem vacinação em 14 municípios do Amazonas no qual pressupõe a inexistência de atividade viral (FAEA, 2021)
A certificação das exportações de carne bovina é impossível se uma região estiver livre de febre aftosa devido à circulação de partículas virais. A vigilância ativa conta com o uso de monitoramento soroepidemiológico periódico. Esta é uma das principais ferramentas utilizadas neste processo, (PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA FEBRE AFTOSA, 2020).
Dessa forma, este trabalho objetiva descrever detalhadamente o estudo para avaliação da circulação do vírus da febre aftosa no estado do Amazonas, mais especificamente nos 14 munícipios pertencentes ao Bloco I, que incluem os municípios de Apuí, Boca do Acre, Canutama, Eirunepé, Envira, Guajará, Humaitá, Itamarati, Ipixuna, Lábrea, Manicoré, Novo Aripuanã, Pauini e parte do município de Tapauá, (CNA BRASIL, 2022).
1. FEBRE AFTOSA
A alta capacidade de propagação e o significativo impacto econômico da febre aftosa a tornam uma das doenças mais importantes em termos epidemiológicos. É causada por uma doença viral chamada febre aftosa que afeta a produção de carne e leite em fazendas e plantas de processamento.
TRECENTI; ZAPPA (2013), afirma que a doença pode afetar todos os animais nas terras de uma propriedade dentro de um período de uma semana de transmissão. Tem uma alta transmissibilidade entre animais predispostos.
A febre aftosa é uma epidemia global que ocorre em quase todas as áreas do mundo onde são criados animais suscetíveis, sendo reconhecida como um problema mundial. Consequentemente, muitas organizações, como a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Organização para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio da Organização Panamericana de Saúde (OPS), participaram do desenvolvimento de programas para sua pesquisa e controle (UMEHARA, 1991).
A febre aftosa tem sido uma das doenças mais estudadas desde que seu agente causador foi descoberto por loeffler&frosh (MAYR & GUERREIRO) em 1898, enfermidade animal cuja prevenção e controle dispõem de maiores recursos no mundo.
A febre aftosa afeta naturalmente os biungulados domésticos e selvagens. Reduz a produtividade dos rebanhos, causa enormes perdas econômicas e afeta as economias nacionais de vários países (JÚNIOR et al., 2008).
Sua importância reside não apenas em seus danos diretos à produção e produtividade pecuária, mas também em seu impacto socioeconômico, principalmente no mercado internacional de animais e produtos de origem animal (OLASCOAGA et al., 1999).
Este é um grande desafio para o Brasil, causando enormes prejuízos aos produtores, como redução de produtividade, perda de mercado interno e externo e o custo de retornar ao status e área livre da doença conforme a Organização de Saúde Animal (OIE) (LIMA, 2005).
A condição de livre de febre aftosa tem importantes implicações econômicas, observando-se que países como Japão, Coreia do Sul, Cingapura, México, Estados Unidos e Canadá restringem as importações de carne de países onde a vacinação ainda está sendo utilizada, um mercado de aproximadamente US$ 12 bilhões (BEEFPOINT, 2016), nesse sentido se faz tão importante a abordagem deste tema, demonstrando as áreas livres que já se encontram em 14 Estados do Amazonas.
1.1 Etiologia
Segundo Olascoaga et al. (1999), o agente causador da febre aftosa é um vírus pertencente à família Picornaviridae, do gênero Aphtovirus. Possui um genoma formado por ácido ribonucleico (RNA) de fita simples e um capsídeo proteico, sem envelope, na forma de icosaedro. Tem um diâmetro de 23 mm, um coeficiente de sedimentação de 140 S (unidades de sedimentação de Svedberg), uma densidade de 1,43 g/cm3, um peso molecular (PM) 6,8 x 106D, é composto por 69% de proteína, capsídeo e 31 % RNA. Dentro do capsídeo está o RNA, e o genoma tem uma estrutura esférica e é muito compacto, (RIEDER; BRUM, 2007).
Seu capsídeo tem uma superfície externa regular e simétrica e consiste em sessenta unidades estruturais idênticas, cada uma chamada de protômero, e cada unidade consiste em quatro proteínas principais, VP1, VP2, VP3 e VP4, VP4 está localizada na superfície do capsídeo (PIRES, 2010).
A alta capacidade mutacional do vírus é extremamente importante para a vigilância da doença, e o surgimento de novos subtipos na região pode levar à falha vacinal e possíveis surtos na região (LIMA, 2005).
1.2 Epidemiologia
À medida que os países buscavam eliminar a febre aftosa, causada pela disseminação da doença, implementaram políticas para limitar as exportações de carne devido à ameaça de restrições. Como parte de um plano maior para erradicar a febre aftosa panamericana hemisférica, os países sul-americanos assinaram um acordo em 1987 para criar o Centro Pan-Americano de Febre Aftosa SALMAM. Em 1951, o Brasil criou o Centro PANAFTOSA, que passou a ser utilizado para tratar a doença em 1952, (RIEDER; BRUM, 2007).
Hospedeiros do vírus são animais biungulados domésticos e selvagens. A febre aftosa acomete animais de casco fendido, com sintomas como febre, bolhas na boca, casco, e espaço interdigital e, em fêmeas, afetam a glândula mamária. (TRECENTI; ZAPPA, 2013).
A transmissão ocorre por contato direto com animais infectados e contato indireto com materiais ou subprodutos contaminados (BORTOT; ZAPPA, 2013). Considerada uma zoonose, tendo como hospedeiros acidentais o homem, a infecção através de lesões mínimas do vírus penetrando no organismo ou ingestão de leite não pasteurizado (PITUCO, 2006).
1.3 Patogenia
“A infecção de células suscetíveis pelo vírus da febre aftosa implica várias etapas bem definidas, como adsorção, penetração, replicação, montagem e liberação do vírus ao meio exterior” (OLASCOAGA et al., 1999).
Acreditava-se que os vírus entravam no corpo através dos tecidos que infectavam. Isso ocorreu devido à falta de métodos modernos de detecção e isolamento de vírus, inicialmente as lesões eram visíveis a olho nu. Como a aftosa está localizada principalmente na boca, língua, espaços interdigitais e glândula mamária, acreditava-se que poderia ser o primeiro lugar em que o vírus se replicaria após entrar no corpo. Acreditava-se que pequenas quebras no vírus poderiam se espalhar para outras áreas através das membranas mucosas, (GARCIA et al., 2015; TRECENTI, 2013).
A facilidade de aquisição da infecção pela vacinação intradérmica confirmou essa ideia de que a mucosa oral é a principal porta de entrada para vírus aftoso, quando um pequeno trauma é encontrado. Embora essa sequência seja possível, há evidências de que em condições naturais, a doença em bovinos ocorre por infecção do trato respiratório superior por inalação de aerossóis, (GARCIA et al., 2015; TRECENTI, 2013).
O período de incubação do vírus depende da amostra do vírus, dose infecciosa, via de transmissão, condições de manuseio e espécie animal. Em rebanhos, esse período varia de 2 a 6 dias, podendo chegar a 14 dias com baixas doses infecciosas e cepas de baixa virulência (PIRES, 2010).
Os vírus entram nas células através de receptores celulares e determinam qual tecido infectam; esta é a primeira fase de seu processo de replicação (FLORES, 2008). Os vírus entram no corpo através do trato respiratório, onde primeiro se replicam na faringe e no tecido linfoide da garganta. Além disso, eles podem ser replicados em outras partes do trato respiratório, como as vias nasais, seios nasais e vias aéreas (ANDREWS, 2008).
O vírus penetra na corrente sanguínea, espalha-se pelo corpo, replica-se uma segunda vez em outros tecidos glandulares e aparece em fluidos corporais como leite, urina, secreções respiratórias e sêmen antes que os sintomas apareçam (ANDREWS, 2008).
1.4 Sinais Clínicos
Os bovinos apresentam sintomas como febre, perdem o apetite, estresse e aumentam a secreção nasal. Eles logo começam a mostrar sinais de atrofia nos tecidos, como pele e músculos, e até desenvolvem bolhas na pele. Os sintomas mais típicos da doença são bolhas na boca (língua, gengivas, palato e lábios), nariz, entre os dedos dos pés, coroas dos cascos e úbere, (RADOSTITS, 2010).
A infecção e a lise das células, acompanhadas pela liberação de fluido intracelular e intercelular, levam à formação de vesículas ricas em vírus que são liberadas para o exterior à medida que o vírus se rompe. (PANAFTOSA, 2010).
Em animais jovens, eles podem morrer antes que as vesículas se desenvolvam porque o vírus invade os cardiomiócitos em desenvolvimento (ANDREWS, 2008). Conforme figuras abaixo demonstram os sintomas e lesões causadas pela febre aftosa.
Figura 1: Feridas na Gengiva
Figura 2: Feridas na língua
Figura 3: Feridas na pata.
Após a recuperação da doença, principalmente se as lesões orais e nas patas forem generalizadas, os animais tendem a manter títulos de conservação a longo prazo de um a três anos (CUNLIFFE, 1964).
2. IMPORTÂNCIA DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS ESTAREM LIVRES DE FEBRE AFTOSA SEM VACINAÇÃO.
Devido à urgência de identificar a doença, e a necessidade de fazê-lo em todos os países,são essenciais. Isso porque é necessário implementar rapidamente medidas de controle da febre aftosa em países não afetados por ela. Com uma suspeita do caso de febre aftosa, o produtor ou veterinário particular que atenda a propriedade poderá notificarvia internet junto ao site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)ou via telefone para Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (ADAF), onde será aberto uma investigação epidemiológica, coleta de dados e exames complementares para confirmação da doença.Nos casos em que populações acometidas pela febre aftosa são vacinadas, o processo de diagnóstico é priorizado em relação aos demais procedimentos, (RADOSTITS, 2002).
É de grande importância os Estados e Municípios estarem livres da febre aftosa sem vacinação, visto que trazem grandes avanços para a economia do Estado, principalmente no Sul do Amazonas, onde se concentram o maior rebanho. A detecção do vírus prejudica produtores, empresários e famílias rurais, com perda da produção, sacrifício compulsório de animais e interdição de propriedades, no qual ocorrem perdas significativas para o comércio internacional, (ADAF, 2022).Por meio de ações estratégicas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), alinhado com as ações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), e com as diretrizes do Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (PHEFA), foi possível implementar medidas para controlar e erradicar possíveis prejuízos desde a sua detecção até o reconhecimento do status, (CNA, 2022).
Os estados que contém o status zona livre de febre aftosa sem vacinação, não irão realizar as vacinas, porém devem acompanhar as etapas de atualização do rebanho para evitarem de se tornarem inadimplente e ficarem impedidos de realizar o trânsito animal. A retirada da vacinação é de extrema importância para todos os envolvidos, no qual diminuem o custo utilizado para a compra das vacinas, manejo, controle oficial e restrição ao mercado internacional. Estudos mostram que com a retirada da vacina pode economizar 2,7 bilhões na economia brasileira, (Agro, 2020).
2.1 FEBRE AFTOSA SEM VACINAÇÃO EM 14 MUNICÍPIOS DO AMAZONAS
A febre aftosa tem impacto direto na rentabilidade da pecuária, com perdas diretas devido à redução do peso corporal do animal e da produção de leite. Além das medidas de quarentena que proíbem a movimentação de animais e produtos, também reduz indiretamente a produtividade do rebanho ao reduzir a capacidade reprodutiva dos animais afetados, mastite e mortalidade de animais jovens, Desvalorização comercial da produção, afetando produtores, empresários e famílias rurais (MÜLLER, 2004).
As estratégias utilizadas para controlar e erradicar a febre aftosa dependem da situação epidemiológica e do padrão de ocorrência da doença. Onde a febre aftosa é endêmica e os surtos são frequentes, campanhas sistemáticas de vacinação das populações de bovinos e bubalinos para alcançar alta cobertura vacinal são a melhor opção e a mais econômica para reduzir gradualmente o número de surtos, (GOVERNO DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL, 2008).
Em 1993, a inclusão do conceito de regionalização e zoneamento, aprovado internacionalmente pela OIE, abriu novas perspectivas para o reconhecimento internacional de áreas livres de doenças em países e áreas infectadas.
No caso de um país como o Brasil, com grande extensão territorial e diferenças regionais significativas no estado de saúde, isso oferece importantes possibilidades de participação no ciclo mundial de comercialização de carne in natura sem febre aftosa, (PIRES,2010).
Desde então, a principal estratégia do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA), tem sido a implantação progressiva de áreas livres de doenças, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela OIE em seu Código Sanitário dos Animais Terrestres. De acordo com este Código da OIE, para criar uma zona livre é necessário: a) demonstrar ausência de casos clínicos nesta zona por um período não inferior a dois anos; b) a observância de regularidade e precisão na notificação das enfermidades dos animais; c) delimitação precisa da zona livre e, também, de uma zona tampão que a isole de áreas onde ocorra a doença; d) um sistema de vigilância eficaz nas zonas livre e tampão e uma legislação que respalde as medidas de proteção e luta contra a febre aftosa (PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA FEBRE AFTOSA, 2020).
O reconhecimento e a inclusão de alguns estados brasileiros como zona livre de febre aftosa sem vacinação, levará um crescimento de 20% no rebanho além de uma economia de 90 milhões para o pecuarista com a dispensa de 60 milhões de doses de vacinas anuais. Santa Catarina era o único estado com o certificado internacional
Com isso, representantes da cadeia produtiva da Amazônia esperam que as exportações de carnes e outros produtos de origem animal possam aumentar, ao mesmo tempo em que abrem novos mercados que exigem febre aftosa e livre de vacinação, como Japão, Coreia do Sul, Canadá e outros países (PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA FEBRE AFTOSA, 2020).
Figura 4: Mapa com organização geográfica de blocos e zonas livres.
O Brasil atualmente lidera o mercado mundial de carne bovina, exportando para mais de 132 países, sendo que os principais compradores foram a China, e a evolução das condições sanitárias é um fator fundamental para a manutenção e expansão dos mercados internacionais. A evolução geográfica do processo de implantação da zona livre de febre aftosa pode ser vista na Figura 4, resultando em uma grande melhoria, (FAEA, 2022).
Por fim, se vê que foi possível a conquista do status de 14 Municípios livres da febre aftosa sem vacinação, gerando assim grandes possibilidades de aumento na economia em relação a exportação para outros Países.
2.2 ZONA LIVRE DE FEBRE AFTOSA COM VACINAÇÃO PARA ZONA LIVRE DE FEBRE AFTOSA SEM VACINAÇÃO.
Em 2018, com todo o território nacional livre de febre aftosa reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), inicia-se nova etapa no País, dirigida à implantação progressiva de zonas livres sem vacinação, conforme proposto no Plano Estratégico – 2017 – 2026, (PLANO ESTRATÉGICO, 2020).
Para realização deste plano o Brasil foi dividido em blocos e o Amazonas está inserido no Bloco I com 14 municípios das regiões sul e sudoeste do estado e no Bloco II com o restante dos municípios, (ADAF,2022). Conforme o cronograma do Bloco I para alcançarem o status zona livre de febre aftosa sem vacinaçãoforam realizados estratégias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) passada à Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (ADAF), no qual foram adotados e realizados junto aos produtores, no qual consiste em: Cadastro das propriedades, realização das campanhas de vacinações contra febre aftosa conforme datas estabelecidas pelo MAPA, controle do Serviço Veterinário Oficial (SVO) à propriedade, documentos com registros de vigilâncias ativas, inquéritos epidemiológicos, e atendimento imediato à notificação de suspeitas de doenças vesiculares.
O sistema de vigilância está composto por cinco componentes: (a) vigilância a partir das notificações de suspeitas de doenças vesiculares; (b) vigilância em estabelecimentos rurais; (c) vigilância em eventos agropecuários; (d) vigilância em estabelecimentos de abate; e (e) estudos soroepidemiológicos, (PNEFA, 2022).
Os estudos soroepidemiológicos visando a ampliação das zonas sem vacinação ocorreram entre os meses de maio e agosto de 2020 e incluíram os estados que compõem o Bloco I do Plano Estratégico 2017-2026 do PNEFA (Rondônia, Acre, parte do Amazonas e do Mato Grosso), que tiveram sua última vacinação de bovinos e bubalinos realizada no mês de novembro de 2019, (VIGILÂNCIA SOROLÓGICA, 2020). Estes estudos soroepidemiológicos foram estruturados para detectar, através de amostragem, a ocorrência de transmissão do vírus da Febre Aftosa, a partir de uma prevalência mínima preestabelecida, de maneira que, sua não detecção contribuiu para demonstrar a ausência de infecção pelo vírus na área do estudo, (VIGILÂNCIA SOROLÓGICA, 2020).
Conforme IN N°23 DE ABRIL DE 2020do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2004), que ressalta:
Art. 1° Fica proibido o ingresso e a incorporação de animais vacinados contra febre aftosa nos Estados do Acre, Rondônia, Rio Grande do Sul e regiões dos Estados do Amazonas e do Mato Grosso, conforme estabelecido no Art. 1° da Instrução Normativa n°36, de 29 de abril de 2020.
Conforme IN N°36, DE ABRIL DE 2020 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2004), que ressalta:
Art. 1° Proibir a manutenção, a comercialização e o uso de vacina contra a febre aftosa no Estado do Rio Grande do Sul,e no bloco I do Plano Estratégico 2017-2026 do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa.
Conforme IN N°52, DE AGOSTO DE 2020 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2004), que ressalta:
Art. 1º Reconhecer como livres de febre aftosa sem vacinação os Estados do Acre, Paraná, Rio Grande do Sul e Rondônia, e parte dos territórios dos Estados do Amazonas e de Mato Grosso, conforme Instrução Normativa nº 36, de 29 de abril de 2020.
Em maio de 2021durante a Sessão Geral dos Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), veio o Reconhecimento do Bloco 1 e outros Estados para status zona livre de febre aftosa, compostas pelos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Acre, Rondônia e 14 municípios do sul do Estado do Amazonas e 5 municípios do oeste do Estado do Mato Grosso, (PNEFA, 2022).
¹AGÊNCIA DE DEFESA E FLORESTAL DO ESTADO DO AMAZONAS,2022.
²MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2018.
³ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE ANIMAL,2021.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A vacinação contra a febre aftosa é de extrema importância, ela é utilizada para evitar qualquer disseminação do vírus dentro de um rebanho, sem o controle dos animais o vírus pode de certa formar trazer danos ao meio ambiente, devido à contaminação ao solo e a qualquer objeto que tenha entrado em contato com o animal infectado, os animais infectados excretam o vírus dias antes de apresentarem sinais clínicos facilitando a disseminação rápida, com essa conquista dos Municípios da Amazonas em áreas livres sem vacinação trazem grandes avanços a exportação de carne bovina e torna a região da Amazônia competitiva frente ao cenário nacional.
É importante ressaltar que é de suma importância para a economia regional da Amazoniaque trabalha combovinocultura, visto que aumenta a abertura de novos mercados, material genético animal, carnes e produtos derivados, consolidando a posição do Brasil de grande fornecedor mundial de alimentos.
Apesar dos grandes avanços realizados deve-se buscar ainda mais avanços pertencentes a outros blocos e assim efetivar mais áreas livres da aftosa sem vacinação.
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1Graduanda do curso de Bacharel em Medicina Veterinária Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro), Manaus, Amazonas, Brasil.
2Docente Orientador do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro), Manaus, Amazonas, Brasil
* Autor para correspondência, E-mail: jlima.jade@gmail.com