FACTORS THAT IMPLY A LOW NUMBER OF WEANED CATTLE IN A PIGLET PRODUCTION UNIT – UPL
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202411170153
Danielle Caroline De Brito Crestani1
Antonio Carlos Ferreira2
RESUMO
Nos últimos anos, o crescimento significativo da suinocultura brasileira, foi impulsionado pela crescente visibilidade do país no cenário mundial. Com uma maior participação no mercado global, surgiram mais exigências internas e externas, levando aos produtores a implantar tecnologias avançadas na agropecuária, como o caso da suinocultura. Nas Unidade Produtoras de Leitões (UPL), um problema a destacar são os filhotes desmamados e os fatores que influenciam a baixa taxa de natalidade e aumento de mortes devido à falta de controle e gestão deficiente. A pesquisa aplicada, de abordagem qualitativa e cunho exploratório buscou analisar essa problemática in situ, escolhendo uma UPL localizada no município de Santa Helena, no Paraná. O resultado parcial obtido apresentou uma das dificuldades dessa Unidade: a deficiente gestão ocasionada pela falta de conhecimento administrativo e ausência de coleta e interpretação de dados. Estes fatores resultam em prejuízos significativos a curto e longo prazo. Portanto, é imprescindível uma capacitação gerencial adequada, implementação de práticas de gestão eficazes para mitigar perdas financeiras. Sustenta-se que, para evitar a baixa taxa de desmamados, a UPL observada precisa de ferramentas adequadas que otimizem resultados, proporcionem produto final de qualidade, promova uma boa taxa de natalidade mediante emprego de insumos de qualidade e melhore a eficiência da gestão.
Palavras-chave: Granja suinícola. Gestão rural. Capacitação.
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é reconhecido no mercado mundial como um dos maiores produtores de carne suína, sendo esta atividade agropecuária uma das mais importantes pela sua representatividade econômica e sociocultural em regiões de produção intensiva (Oliveira, 2022). Para Guimarães et al. (2017), a suinocultura, no país, evoluiu bastante desde o século passado até nossos dias, posicionando-se em 2017, na segunda posição no consumo mundial desta proteína animal. Em 2023, o Relatório Anual da Agência Brasileira de Proteína Animal (ABPA), mostrou que a produção suinícola brasileira ocupa o 4º lugar como maior produtor e exportador mundial. Para 2024, a projeção indica um aumento adicional na produção com cerca de 5,15 milhões de toneladas. No mercado doméstico, a oferta de produtos derivados da carne suína se mantém estável desde 2023 até hoje com aproximadamente 3,8 milhões de toneladas, isto é, uma media de 18 kg/habitante (ABPA, 2024).
Segundo Poeta et al. (2014), é imprescindível que toda granja suinícola adote tecnologias e programas de biosseguridade, principalmente no sistema de confinamento representados pelas Unidades Produtoras de Leitões (UPLs), abundantes nos Estados do Sul. Estas Unidades são cruciais para o processo produtivo suíno por três razões: reprodução, maternidade e desmame dos leitões, desde seu nascimento até 65 dias de idade, quando os animais atingem um peso médio de 24,5 kg, sendo posteriormente, transferidos para a unidade terminal e abate (Martins et al., XX).
Assim, nas UPLs, o monitoramento do estado das porcas e leitões neonatos é imprescindível, nos primeiros dias pós-parto, pois a grande dimensão física das fêmeas pode provocar acidentes e morte dos filhotes. Por isso, a necessidade de um monitoramento continuo do estado físico dos leitões neonatos, a fim de assegurar um índice adequado de natalidade dentro da UPL Objetivou-se explorar os fatores negativos que incidem na baixa taxa de desmame de leitões em uma UPL localizada no município de Santa Helena – PR, oferecendo subsídios para otimização das práticas gerenciais na suinocultura local.
Sustenta-se que, embora os produtores tenham conhecimento dos múltiplos fatores que impactam negativamente na natalidade de filhotes, dentro de uma UPL, muitos desses aspectos são solucionados adequadamente devido à falta de uma gestão eficiente, entre outros tópicos. A análise de fatores que influenciam a natividade na granja supracitada serviu para compreender o desempenho reprodutivo dos suínos, oferecendo soluções teóricas para a otimização do mesmo, pois conforme Lorenzoni & Diedrich (2019), uma pesquisa realizada por estes autores demonstrou que, quando não há uma gestão adequada de controle, acontece o esmagamento de leitões neonatos, sendo esta causa a responsável da morte de cerca do 8% de leitões nas UPLs.
Consequentemente, com alta taxa de mortalidade, haverá perdas econômicas significativas. Para evitar este fator negativo, sugere-se a implantação de estratégias sólidas e eficazes de manejo, alimentação, bem-estar animal, entre outros tópicos. A pesquisa é qualitativa, com abordagem exploratória, constituindo-se em um estudo de caso.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Apresenta-se aqui a base teórica para este trabalho, dividida em duas partes: a Administração (conceito, finanças, custos, receita, fluxo de caixa e orçamento) e o Agronegócio (Suinocultura).
2.1 ADMINISTRAÇÃO: CONCEITO E IMPORTÂNCIA
Para Chiavenato (2007), o mundo atual está constituído por sociedades institucionalizadas e organizações com atividades voltadas à produção de bens (produtos) ou prestação de serviços. Todas estas atividades devem ser planejadas, coordenadas, dirigidas, executadas e controladas pelas organizações (heterogêneas e diversificadas). Para compreendê-las, é importante a Teoria das Organizações (TO).
Santos (2006), afirma que a Administração, em qualquer tipo de organização, é necessária e deve ser aplicada por um profissional competente. Para Chiavenato (2007), a Administração é uma área eficaz e eficiente que, através do planejamento, organização, liderança e controle dos recursos, serve para concretização dos objetivos organizacionais.
Destarte, para conquistar objetivos em qualquer âmbito humano, esta área supracitada deve ser empregada de maneira correta, com seus recursos, tecnologias e competências, uma vez que representa um processo de tomadas de decisões dentro de uma organização, garantindo eficiência e eficácia em todas as atividades realizadas dentro dela (SILVA, 2004). Esse processo envolve a utilização de recursos facilitadores para alcançar os objetivos de uma empresa (MAXIMINIANO, 2011).
No ambiente rural, a Administração é imprescindível para todo produtor, fornecendo-lhe ferramentas tecnológicas que possibilitem melhoria na produção e gerenciamento de situações relacionadas com ela, visando um ótimo resultado econômico e custos reduzidos de produção (CREPALDI, 2005; OLIVEIRA, 2014).
Para Silva (2013), a administração rural concentra-se na busca pela combinação mais lucrativa dos diferentes fatores envolvidos na produção, buscando assim ajustar os fatores de produção para otimizar os resultados do empresário rural.
2.1.1 Administração financeira e tipos de custos
Toda empresa precisa administrar suas finanças para maximizar o valor de mercado de seus produtos ou serviços, pois o objetivo principal de uma empresa privada é que os investimentos tenham retorno planejado, proporcional ao risco assumido, garantindo assim a estabilidade da empresa a longo prazo (HOJI, 2012). Este tipo de administração deve ser conduzido por profissionais responsáveis (gestores), os quais desempenham diversas atividades financeiras, como planejamento e captação de recursos para financiar as operações da empresa (Gitman, 2010).
Outro tópico importante relacionado com a função do gestor e a administração de uma empresa é a análise do desempenho dos custos (fixos e variáveis) e receitas geradas pela empresa. Esta análise possibilita identificar movimentos importantes que ajudarão na tomada de futuras decisões (PADOVEZE, 2014).
Destarte, os custos de produção (custos fixos) estão inter-relacionados a todos os setores, sendo essenciais para toda empresa e, diferente dos custos indiretos, os de produção, eles devem ser atribuídos diretamente a cada tipo de bem ou função de custo, no momento de sua ocorrência. Conforme descreve Dutra (2003), os custos variáveis dependem do volume de atividades e quantidade da produção, durante determinado período. Os custos variáveis, como seu nome indica, estão sujeitos a continuas variações, concordantes com as quantidades produzidas pela empresa. Se estas quantidades aumentam os custos variáveis também aumentarão (DUBOIS et al., 2009).
Os custos fixos podem, eventualmente, sofrer leves ajustes dependendo o aumento no volume da produção; mas dentro dos limites específicos, eles permanecerão inalterados e absolutos, independentemente das mudanças que aconteçam durante a produção (RIBEIRO, 2009; BRAGA, 2011).
No agronegócio, os custos diretos estão relacionados diretamente aos produtos, exigindo uma medida específica de consumo, como quilogramas, horas de mão de obra ou de máquinas, entre outros. Em geral, esses custos estão associados aos produtos e variam de acordo com a quantidade produzida, gastos operacionais e desembolso de despesas (CrePaldi, 2005; SALOTTI et al., 2019). Alguns gastos podem ser compartilhados por vários produtos ou serviço. São os custos indiretos e não há um controle ou determinação clara respeito a eles. Estes custos são distribuídos entre produtos e serviços com base a critérios indeterminados (SANTOS, 2010).
2.1.2 Receita, fluxo de caixa e orçamento
A venda de mercadorias ou prestação de serviços constituem parte da receita de uma empresa, participando também os rendimentos de aplicações financeiras, juros, aluguel, entre outros itens. Receita, portanto, é todo o dinheiro recebido pela empresa, proveniente das operações financeiras para aumentar o patrimônio líquido. Ela ajuda ao gestor a determinar se a empresa teve lucros ou prejuízos (MARTINS, 2018).
Por sua vez, o fluxo de caixa é uma das ferramentas que viabiliza o planejamento, organização, captação e controle dos recursos financeiros, dentro de um período especifico, trazendo benefícios significativos para empresas de grande, médio e até mesmo pequeno porte, independentemente do ramo de atuação (FRIEDRICH, 2005; Moraes e Oliveira, 2011).
Finalmente, o orçamento é uma ferramenta essencial de gestão que permite às organizações estabelecerem diretrizes claras para suas operações, abrangendo áreas como compras, produção, recursos humanos, despesas gerais, qualidade e tecnologia. Estas diretrizes são fundamentais para avaliar as despesas e receitas previstas durante um determinado período (HOJI, 2009).
2.2 AGRONEGÓCIO E PRODUÇÃO AGRÍCOLA
Atividade praticada desde tempos remotos, o agronegócio melhorou com a adoção de tecnologias agrícolas avançadas para otimizar os processos de produção que envolvem bens, serviços e infraestrutura, refletindo as transformações socioeconômicas atuais e exigindo dos produtores, uma constante atualização para enfrentar os desafios do mercado global (ARAÚJO, 2010).
Segundo Queiroz (2011), o conceito de agronegócio representa o conjunto de atividades direcionadas à fabricação de produtos agroindustriais, desde a produção de insumos até a entrega final de produtos ao consumidor. Atualmente, o agronegócio se destaca na economia global, pois proporciona segurança alimentar e contribui para o crescimento das exportações de um país (FREITAS, 2015).
Em relação à expressão “produção agropecuária”, Araújo (2010) a define como a criação de animais domésticos destinados ao consumo humano, abrangendo as diferentes etapas do processo produtivo, incluindo instalações, equipamentos, produção de alimentos, manejo dos rebanhos e comercialização dos animais e seus produtos.
2.3 SUINOCULTURA NO BRASIL
A suinocultura no Brasil teve inicio nos anos 60, com a introdução de um sistema intensivo de criação. Aos poucos, com a modernização do sistema de produção intensiva, começou-se a empregar os mesmos métodos de criação que os utilizados em outros sistemas como a pecuária bovina (ZEN et al., 2015).
Na suinocultura brasileira, tem-se observado avanços tecnológicos significativos, tais como a implementação de novas práticas de manejo, sistemas de alimentação aprimorados, instalações mais adequadas e o desenvolvimento da raça francesa, conhecida por sua formação de quatro pernis (ARAÚJO, 2010).
Conforme Seab (2014), no Brasil, há uma diminuição gradual de produtores independentes, sendo que aqueles que ainda operam sob esse modelo tendem a concentrar seus esforços em nichos de mercado específicos. Essa tendência aponta para uma especialização e adaptação do setor às exigências do mercado contemporâneo.
2.3.1 Suinocultura paranaense
No Paraná, a suinocultura desempenha um papel fundamental no contexto socioeconômico do Estado, proporcionando oportunidades de geração de renda e emprego em todos os setores da economia, resultando em um aumento na demanda por insumos agropecuários, além da expansão e modernização dos segmentos de comercialização e agroindústrias (HACK et al., 2011).
Para Carvalho et al. (2016), o Paraná é um dos três Estados do Sul onde mais se destaca a produção de alimentos de origem animal, como aves e suínos. Empresas globais como a Sadia e a Frimesa empregaram técnicos ligados a extensão rural, responsáveis pela implantação e difusão das técnicas de criação intensiva que, embora prejudiquem o bem-estar dos animais, beneficia aos produtores na maximização dos produtos.
Bassi & Silva (2012), afirmam que a suinocultura, embora relevante para a economia regional, acarreta diversos problemas ambientais caso não sejam gerenciados adequadamente, principalmente pelos resíduos suínos, uma das principais fontes de poluição do meio ambiente. Ainda assim, o Paraná se destaca como o segundo maior produtor suinícola do Brasil, com 15,7% da produção nacional (ALMEIDA, 2024). No entanto, devido ao sistema de produção empregado pelos produtores, faz-se necessário dar atenção a um item importante: o bem-estar animal.
2.3.2 Importância do bem-estar animal na Suinocultura
Para Carvalho et al. (2013), na produção animal, o conforto (bem-estar) foi alterado pela intensificação da produção, restringindo o espaço, movimentação e interação dos animais, prejudicando a produtividade, principalmente no sistema intensivo empregado na suinocultura. O bem-estar, neste sistema intensivo, pode ser melhorado com o “enriquecimento ambiental”, atendendo às normas ambientais direcionadas às condições em que os animais são criados. Desta forma, o bem-estar, na suinocultura, deve atender às exigências legais, tornando-se um diferencial competitivo para os produtores brasileiros no mercado global (COLONI, 2015).
Algumas medidas de enriquecimento ambiental sugeridas são: baias coletivas para porcas em gestação; melhorias nas celas de parição; evitar a monotonia do ambiente; manejo diários (alimentação, limpeza das baias e vistoria do plantel); emprego de mão-de-obra qualificada; cuidado com o meio ambiente e a segurança alimentar (MAIA et al., 2013).
2.3.3 A natalidade no plantel suíno e os fatores negativos na maternidade
Para que a produção suína seja produtiva é preciso dar atenção e cuidados ao plantel, principalmente aos neonatos, pois uma das causas da perda produtiva está na diminuição da taxa de natalidade em uma UPL, por diversos fatores como má gestão no manejo dos leitões neonatos que, devido ao emprego de matrizes de alta prolificidade, produzem maior número de leitões que nascem com baixa qualidade (menor tamanho e peso), impactando assim na taxa de mortalidade durante a fase de maternidade (COELHO, 2015).
Campos et al. (2008), sugerem brindar cuidados às fêmeas e seus filhotes durante a maternidade, proporcionando-lhes alimentação adequada; água em abundância e um ambiente confortável e, principalmente, evitar que machuquem os filhotes recém nascidos durante a amamentação deles.
3 METODOLOGIA
O trabalho é um estudo de caso cuja finalidade metodológica é ser uma pesquisa aplicada na busca de uma solução para um problema real e concreto (MARCONI & LAKATOS, 2002). Quanto ao tipo de abordagem metodológica, o trabalho é uma pesquisa qualitativa de cunho exploratório documental para descrever os principais motivos relacionados com a mortalidade de leitões neonatos em maternidade de UPLs.
O estudo de caso serviu para analisa a problemática sobre mortalidade de leitões neonatos, à luz de diferentes autores consultados e dos resultados obtidos mediante pesquisa de campo com aplicação de questionário com perguntas semiestruturadas, a partir de uma amostragem escolhida pela autora deste trabalho com funcionários da Granja Ipê, localizada no município de Santa Helena (PR).
Os tópicos a serem pesquisados relacionam-se com a área da Administração, aplicada na suinocultura paranaense, sendo eles: implantação do fluxo de caixa da empresa supracitada; causas da redução de taxa de natalidade no plantel suíno; causas das mortes na maternidade de leitões neonatos; bem-estar do plantel materno e neonatal; cuidados essenciais no momento do parto; melhorias na saúde dos neonatos e causas da falta de ganho de peso dos mesmos.
4 ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados obtidos das respostas dadas às perguntas do questionário, levantaram a ausência de ações corretivas que deveriam ser aplicadas na granja em questão para evitar perdas com baixa taxa de natalidade e morte imprevisível de leitos neonatos na maternidade.
DISCUSSÃO
A partir dos dados qualiquantitativos obtidos, levantou-se a hipótese de que as falhas encontradas residem na má qualidade da gestão caracterizada pela falta de domínio administrativo e insuficiência na coleta e interpretação de dados, o que representou em significativas perdas econômicas para o produtor.
Desde a ótica da Teoria Geral de Sistemas, proposta inicialmente por Ludwig Von Bertalanffy (1937), embora seja antiga, proporciona uma visão do todo e de suas partes, possibilitando a integração da Administração a muitas áreas do conhecimento. O que interessa desta teoria é a abordagem da qualidade total aplicada a todo tipo de empresa (MAXIMIANO, 2006).
Por sua vez, a Teoria Geral da Administração, conforme discorre Chiavenato (2007), possibilita uma aprendizagem útil para todo gestor ensinando a buscar as causas de todo problema relacionado com a gestão administrativa a partir de uma simples pergunta: por quê? Assim, aplicando esta pergunta na pesquisa realizada, a resposta que surge é que as causas da perda econômica do produtor-dono da Granja observada se deve à falta de conhecimento especializado na área da gestão, embora haja grandes investimentos direcionados à cria de leitões desmamados, não há um manejo adequado, nem emprego de tecnologia de controle adequado para gerenciar melhorias na baixa taxa de nascimentos e morte de neonatos suínos dentro da maternidade, sejam por causas naturais ou acidentais.
A entrevista realizada com aplicação de um questionário apresentou estes dados: 1) aumento de leitões mediante inseminação artificial com sêmen de boa qualidade; 2) ausência de uma técnica redutora de mortalidade dos leitões; 3) embora sem emprego de técnica para evitar a morte de leitões neonatos, a empresa afirma ter media alta de nascimentos; 4) aumento de mortalidade de neonatos em inverno devido a acidentes com a porca (esmagamento durante a amamentação); 5) monitoramento da produtividade mediante preenchimento de formulários compartilhados e fichas individuais relacionadas com quantidade de neonatos nascidos por cada porca; 6) registro meticuloso da morte de leitões, causas, identificação da fêmea envolvida na morte, data do evento; 7) identificação das causas de morte dos leitões: esmagamento, refugo, fraqueza e diarreia.
Acerca da diarreia em leitões neonatos, Coelho (2015), afirma a incidência é alta em criações confinadas de suínos durante a fase de aleitamento. Um estudo de caso realizado por Tagliari e Brito (1998) comprovou que as diarreias são frequentes em leitões lactentes podendo levá-los à morte. Um dos principais problemas identificados na granja observada é a dosagem inadequada de medicamentos para os leitões, especialmente quando estes são muito pequenos ao nascer.
A administração de medicamentos em quantidades excessivas para filhotes com baixo peso corporal pode resultar em efeitos adversos significativos, como diarreia severa. Também se identificaram outras causas de mortalidade de leitões lactentes na granja pesquisada como: condições ambientais (estresse térmico), manejo nutricional inadequado das matrizes, esmagamento de leitões pela porca durante amamentação, diarreia e condições ambientais.
O estresse térmico, segundo Souza et al. (2020), acontece quando o animal deixa de estar no conforto térmico, apresentando hipotermia noturno ou hipertermia (estresse por calor). Estas alterações provocam estresse podendo levar ao animal a óbito. Para Cypriano (2008), nas granjas suinícolas, a mortalidade de neonatos na maternidade é maior nos três primeiros dias de vida (entre 30 a 40%), quando os leitões nascem com peso abaixo de 1000 gramas. Esta autora sugere que essa perda se deve a um mal manejo na maternidade, principalmente no atendimento ao parto e fornecimento de suplementação energética.
Uma leitura minuciosa dos registros da granja levantou uma correlação entre as características das fêmeas e a saúde dos leitões. Por exemplo, algumas linhagens apresentaram taxas mais altas de mortalidade neonatal em comparação com outras. No que tange à mortalidade por esmagamento, mais de 50% dos casos registrados na tabela estão associados a essa causa. Esse dado é particularmente preocupante, pois sugere uma falha nas práticas de manejo que poderiam ser evitadas com uma gestão mais atenta e com o adequado suporte à saúde e bem-estar dos animais.
Para Abrahão et al. (2004), o esmagamento na maternidade pode dar-se durante o aleitamento dos leitões com cerca de 46%. Isso acontece quando não há um correto manejo das porcas e seus filhotes. A média de leitões mortos por trimestre na granja analisada é uma estatística que revela a gravidade da situação e demanda ações imediatas como, por exemplo, implementação de estratégias de manejo mais eficazes, aliadas a treinamentos adequados para os funcionários, pode contribuir para a redução desses números.
A análise do quadro revela uma correlação significativa entre a troca de funcionários e um aumento notável na natalidade de leitões no último ano. Essa mudança é crucial, pois uma maior taxa de natalidade pode contribuir diretamente para um aumento no lucro das propriedades suinícolas.
CONCLUSÃO
Os dados levantados mediante entrevista com emprego de um questionário semiestruturado junto à leitura de documentos da granja, percebeu-se que as perdas econômicas da granja são causadas, principalmente, pela falta de tecnologias adequadas e de estratégias que ajudem a identificar e controlar fatores de risco relacionados com baixa taxa de natalidade e mortes de neonatos na maternidade.
A proposta da pesquisadora é que a empresa contrate um funcionário para o período noturno a fim de assegurar que a porcas e seus filhotes não fiquem sozinhos e venham sofrer algum problema que leve à morte dos leitões lactentes. Também seria adequado a contratação de um veterinário permanente para controlar o plantel suíno de forma continua.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa realizada foi importante, pois levantou dados sobre o manejo do plantel suíno na Granja Ipê que permitem algumas hipóteses como: necessidade de novas estratégias de seleção genética com escolha cuidados de matrizes para obter um plantel de neonatos saudáveis ademais da adoção de tecnologias emergentes (software) para o manejo eficaz do rebanho.
A pesquisa identificou vários fatores negativos que contribuíram para a baixa taxa de desmamados. Durante a análise, foram detectados pontos fracos que impactavam negativamente a produtividade, especialmente em relação à mortalidade dos leitões nos primeiros dias de vida. Observou-se que um número considerável de leitões morria entre o primeiro e o vigésimo dia após o nascimento, o que resultava em perdas financeiras substanciais para a empresa. Essa situação culminou na conclusão de que a falta de lucratividade estava diretamente relacionada à elevada taxa de mortalidade dos leitões.
O levantamento de dados também destacou os principais motivos para a mortalidade dos leitões. O esmagamento foi identificado como a principal causa, seguido por diarreia e pela presença de leitões refugos e extremamente pequenos e fracos. Esses fatores não apenas comprometiam o bem-estar dos animais, mas também impactavam diretamente os resultados financeiros da empresa.
Esta pesquisa destaca a importância da intervenção imediata e estratégica para otimizar os processos relacionados ao cuidado dos leitões na empresa. A implementação das recomendações apresentadas pode não apenas melhorar as condições atuais dos animais, mas também reverter as perdas financeiras enfrentadas nos últimos anos, garantindo maior sustentabilidade e lucratividade para o negócio no futuro.
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1Discente do Curso Superior de Administração da Faculdade Educacional de Medianeira – UDC MEDIANEIRA, PR. e-mail: daniellecarolinedebritto@gmail.com
2Docente do Curso Superior de Administração da Faculdade Educacional de Medianeira – UDC MEDIANEIRA. Professor Mestre, do curso de Administração da Faculdade Educacional de Medianeira- UDC MEDIANEIRA. e-mail: antonio.ferreira@udc.edu.br