HYPOTENSION FACTORS OF PHYSICAL TRAINING IN HYPERTENSIVE PEOPLE
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10819450
Gessyca Maria Barbosa da Silva¹;
Kelly Aparecida de Oliveira Araujo²;
Kristorfe Pachelli Alencar Maia Feitosa³.
RESUMO
O exercício é crucial no tratamento da hipertensão arterial. Este artigo analisa os efeitos hipotensores do exercício em pessoas com hipertensão, abordando a doença e detalhando os fatores hipotensores, incluindo mecanismos hemodinâmicos, humorais e neurais. Destaca-se a importância do treinamento físico, em conjunto com tratamento medicamentoso e mudança de estilo de vida. Os efeitos benéficos estão diretamente ligados ao tipo, intensidade e volume do exercício.
Palavras-chave: Hipertensão arterial; Exercício físico; Fatores hipotensores do exercício; Prescrição de treino para hipertensos;
ABSTRACT
Exercise is crucial in treating high blood pressure. This article analyzes the hypotensive effects of exercise in people with hypertension, addressing the disease and detailing the hypotensive factors, including hemodynamic, humoral and neural mechanisms. The importance of physical training is highlighted, together with medication treatment and lifestyle changes. The beneficial effects are directly linked to the type, intensity and volume of exercise.
Keywords: Arterial hypertension; Physical exercise; Exercise hypotensive factors; Prescription of training for hypertensive patients;
1 INTRODUÇÃO
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um dos fatores de risco para doenças cardiovasculares assim como o sedentarismo, diabetes, dislipidemia, síndrome metabólica, sobrepeso e obesidade. Segundo a ACSM (2018) atinge 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, sendo 95% de todos os casos do tipo hipertensão primária, que está aliada a fatores genéticos e estilo de vida, como inatividade física e dietas com alto teor de gordura e sal.
A doença é a causa de várias complicações cardiovasculares como Acidente Vascular Encefálico (isquêmico ou hemorrágico), Insuficiência Cardíaca e Infarto agudo no miocárdio, além de complicações em outros sistemas como insuficiência renal e retinopatia que podem levar a morte. O tratamento é realizado em uma combinação de medicamentos, dietas mais saudáveis e atividades físicas.
De acordo com Pescatello (2004) os efeitos do exercício na redução da Pressão Arterial (PA) são mais pronunciados em pessoas com hipertensão com a PA diminuindo aproximadamente 5-7 mm HG após uma sessão isolada de exercício (aguda) ou após o treinamento físico (crônico). Com tais estudos podemos perceber a grande contribuição do exercício físicos para a redução da pressão arterial.
Vamos estudar neste artigo os efeitos benéficos do exercício físico em indivíduos hipertensos, tendo como problemática quais os fatores hipotensivos do exercício físico? Tendo como resultado a diminuição da PA do indivíduo, redução das necessidades de tratamentos farmacológicos com medicamentos anti-hipertensivos e redução dos efeitos crônicos da hipertensão no organismo a longo prazo. Culminando na prescrição de treino direcionada para hipertensos.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Primeiramente, é necessário entender o funcionamento da PA, ou seja, as pressões em que as artérias e arteríolas do nosso organismo estão constantemente submetidas.
Segundo McArdle (2016) a pressão arterial sistólica (PAS) é a mais alta gerada a cada contração do ventrículo esquerdo que impulsiona o sangue para a aorta, a aorta distensível “armazena” parte do sangue, durante a fase de relaxamento do coração, quando a valva aórtica se fecha, o recuo elástico natural do sistema arterial mantém a pressão contínua. Esta proporciona um fluxo constante de sangue para a periferia até a próxima onda de sangue. A pressão arterial diastólica (PAD) é mais baixa, indica a resistência periférica, ou a facilidade com que o sangue flui das arteríolas para dentro dos capilares. Com uma alta resistência periférica, a pressão nas artérias após a sístole não se dissipa rapidamente. Assim, os vasos periféricos não permitem o “escoamento” do sangue para o sistema arterial com a mesma rapidez com que é ejetado pelo coração.
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é conceituada como uma síndrome multifatorial, caracterizada de acordo com a ACSM (2018) como Hipertensão de nível 1 com Pressão Arterial Sistólica (PAS) entre 140 a 159 mmHg e Pressão Arterial Diastólica (PAD) entre 90 a 99 mmHg e Hipertensão de nível 2 com PAS ≥ 160 e PAD ≥ 100.
A doença é classificada em hipertensão arterial primária (essencial) e hipertensão arterial secundária. A hipertensão primária é causada por fatores genéticos e de estilo de vida relacionados a inatividade física e dietas com alto teor de gordura e sal. A hipertensão secundária tem como as principais causas a doença renal crônica, estenose da artéria renal, feocromocitoma (tumores que sintetizam e liberam catecolaminas), hiperaldosteronismo primário (superprodução do hormônio aldosterona pelo córtex supra renal) e apneia do sono.
Baseado em dados do V Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (SBC, 2006) a prevalência da hipertensão arterial nas cidades brasileiras mostrou-se elevada, estimando que cerca de 22,3% a 43,9% da população brasileira adulta possa ser rotulada como hipertensa.
Antes de tratar é preciso prevenir, a melhor forma de prevenir é ter um estilo de vida mais saudável, que inclui a prática de atividades físicas, alimentação saudável, redução do consumo de álcool e cessação do tabagismo. Estas mudanças preventivas no estilo de vida, são as mesmas indicadas para o tratamento da HAS combinadas a terapia farmacológica com anti-hipertensivos. “Além das mudanças relacionadas com o estilo de vida, o tratamento da hipertensão combina também modificações que reduzem o volume líquido extracelular ou a resistência periférica ao fluxo sanguíneo.” McArdle (2016, p. 511).
Existe uma variedade de classes de medicamentos anti-hipertensivos, temos os betabloqueadores, alfabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, diuréticos, inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA), bloqueadores do receptor de angiotensina II e vasodilatadores diretos. Cada classe tem uma indicação apropriada para casos diferentes.
Segundo a ACSM (2018, p. 55) “O principal objetivo do tratamento da PA é diminuir o risco de morbimortalidade relacionado com a Doenças cardiovasculares (DVC), além de morbidade renal.” Por esses motivos vamos abordar os efeitos cardiovasculares e renais causados no indivíduo hipertenso sem o tratamento adequado à longo prazo.
2.1 As complicações da hipertensão arterial no organismo
A pressão alta coloca uma carga excessiva crônica sobre o coração e sobre os vasos sanguíneos do organismo, o que pode levar a danificar as paredes dos vasos, desenvolvimento de doenças cardíacas, renais, doença arterial periférica e complicações oculares.
O dano na parede interna das artérias faz com que ela fique mais espessa, reduzindo o espaço para o transporte de sangue como consequência pode se dilatar formando coágulos sanguíneos chamado de aneurisma ou entupimento por ateroesclerose (placas de gordura). O rompimento do aneurisma causa um derrame ou acidente vascular hemorrágico, uma hemorragia que pode levar a morte. Quando esse processo ocorre no cérebro é chamado de Acidente Vascular Cerebral (AVC) que pode acontecer em dois tipos, de acordo com o Ministério da Saúde (2015):
Acidente vascular isquêmico ou infarto cerebral: Esse entupimento dos vasos cerebrais pode ocorrer devido a uma trombose (formação de placas numa artéria principal do cérebro) ou embolia (quando um trombo ou uma placa de gordura originária de outra parte do corpo se solta e pela rede sanguínea chega aos vasos cerebrais); Acidente vascular hemorrágico: o rompimento dos vasos sanguíneos se dá na maioria das vezes no interior do cérebro, a denominada hemorragia intracerebral. Como consequência imediata, há o aumento da pressão intracraniana, que pode resultar em maior dificuldade para a chegada de sangue em outras áreas não afetadas e agravar a lesão. Esse subtipo de AVC é mais grave e tem altos índices de morte.
Os efeitos no coração são graves, desenvolvendo cardiopatias devido ao excesso de trabalho do coração, que precisa bombear com mais força contra uma pressão mais elevada causada pelo aumento da resistência arterial, fazendo que ocorra um aumento do ventrículo esquerdo chamado de hipertrofia ventricular. Com isso, o coração não responde efetivamente, não bombeando sangue suficiente para irrigar corretamente a arvore arterial sistêmica, esse déficit é chamado de Insuficiência Cardíaca Congestiva.
Outra cardiopatia que pode ser ocasionada pela HAS é a redução do fluxo sanguíneo por obstrução parcial ou total das artérias coronárias, que levam suprimento sanguíneo para o coração, por placas de gordura (arteriosclerose) é chamada de Doença Arterial Coronariana (DAC).
A PA elevada pode afetar os rins e levar à doença renal crônica. Os rins são responsáveis por filtrar os resíduos e o excesso de líquidos do sangue, mas a hipertensão arterial pode danificar os vasos sanguíneos nos rins, prejudicando sua capacidade de funcionar adequadamente. Com o tempo, isso pode levar a problemas renais crônicos e insuficiência renal.
A HAS pode afetar os pequenos vasos sanguíneos da retina, a parte sensível à luz do olho. Isso pode resultar em retinopatia hipertensiva, uma condição que pode causar visão turva, hemorragias oculares e, em casos graves, até mesmo perda de visão. A Doença Arterial Periférica (DAP) é uma doença também causada por isquemia de artérias periféricas, na maioria dos casos ocorre nas pernas, na qual o fluxo sanguíneo para as extremidades é reduzido.
Todas essas doenças podem levar à sintomas sérios e causar a morte, para evitar tais condições é importante que a HAS seja tratada junto a diabetes, hipercolesterotomia, dislipidemias, obesidade e síndrome metabólica.
É comprovado cientificamente que o exercício físico é um instrumento essencial à prevenção e tratamento não só da HAS como também de outras doenças que provocam riscos cardiovasculares como a dislipidemia, diabetes, obesidade e síndrome metabólica. Por esse motivo é crucial entender os fatores fisiológicos que provocam o efeito hipotensor do exercício físico com o objetivo de aperfeiçoar a prescrição de treino para indivíduos hipertensos.
3 METODOLOGIA
Mesmo sabendo que todos os mecanismos pelos quais o exercício físico promove a redução da PA ainda não estão completamente elucidados. Esta revisão tem como objetivo geral analisar os principais fatores que contribuem para os efeitos hipotensores do exercício físico em pessoas hipertensas. Destacando como objetivos específicos entender a resposta dos fatores hipotensores dos exercícios aeróbico e de força e ressaltar indicação de prescrição de treino para hipertensos.
Essa temática é muito relevante pois se trata de um problema de saúde pública global. Uma das principais causas da hipertensão primária é a inatividade física. O exercício físico é amplamente reconhecido como uma estratégia eficaz para a promoção da saúde cardiovascular, incluindo a redução da pressão arterial. Dessa forma, é de grande importância entender os mecanismos fisiológicos dos efeitos hipotensores gerados pelo exercício físico, que são variáveis de acordo com a intensidade, duração, frequência e tipo de exercício realizado. Facilitando o manejo de ações de prevenção da doença e tratamento não farmacológico da hipertensão arterial através de programas de treinamento com exercícios físicos aliado a mudança na dieta.
Este artigo é de natureza qualitativa, do tipo de pesquisa bibliográfica que de acordo com Severino (2007, p.122):
A Pesquisa Bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes de temas a serem pesquisados.
Nosso referencial teórico foi acessado em livros, artigos científicos, documentos oficiais e dissertações, que datam de 2004 até a presente data. Selecionamos esse período, com o intuito de acessar as pesquisas mais recentes sobre a temática.
Portanto, o nosso artigo apresentou uma breve descrição sobre hipertensão, suas causas, tipos, epidemiologia e as complicações associadas. Com base na revisão de literatura abordaremos brevemente sobre os efeitos fisiológicos do exercício e as respostas agudas ao exercício físico aeróbio e de força, tendo como resultado o detalhamento e análise dos principais fatores hipotensores relacionados ao exercício físico. Concluindo com uma abordagem atual de prescrição de treinamento físico indicada para hipertensos. Por fim, as considerações acerca dos resultados no tópico da conclusão.
4 RESULTADOS
Durante o exercício físico o organismo desencadeia efeitos fisiológicos agudos para se reorganizar e suportar o stress imposto pelo esforço para manter a homeostase do organismo. “Os efeitos agudos, denominadas respostas, são os que acontecem em associação direta com a sessão de exercício” (MOTEIRO; FILHO, 2004, p. 513).
Os efeitos agudos tardios acontecem ao longo das primeiras 24 ou 48 horas (às vezes, até 72 horas) que se seguem a uma sessão de exercício e podem ser identificados uma redução dos níveis pressóricos chamado de hipotensão pós exercício, especialmente nos hipertensos, além de uma expansão do volume plasmático e a melhora da função endotelial.
Essa resposta fisiológica natural essencial para dar suporte ao organismo que sai do estado de repouso para um estado ativo, gerando efeitos crônicos que a longo prazo melhora o desempenho físico e fisiológico do organismo.
“Os efeitos crônicos, também denominados adaptações, resultam da exposição frequente e regular às sessões de exercícios” (MOTEIRO; FILHO,2004, p. 513).
4.1 Respostas agudas ao exercício aeróbio e de força
As respostas agudas e crônicas estão ligadas ao tipo de exercício realizado, obtendo alterações neurais, cardiovasculares e metabólicas diferentes para exercícios aeróbios e exercícios de força.
Segundo Tortora e Nilsen (2013) o sistema nervoso autônomo possui duas divisões a parte simpática e a parte parassimpática. A parte simpática estimula os órgãos a aumentar sua atividade (excitação), aumentando a atividade metabólica podendo ocorrer em resposta a atividade física e estresse emocional, resultando em aumento da frequência cardíaca, aumento da pressão arterial, maior ventilação pulmonar, dilatação dos vasos ligados ao coração e musculoesqueléticos. A parte parassimpática age reduzindo a atividade do órgão (inibição), suas atividades conservam e restabelecem a energia corporal durante períodos de repouso e de digestão alimentar, resulta em efeitos opostos ao da parte parassimpática.
As alterações cardiovasculares e hemodinâmicas dos exercícios aeróbios e de força são resultado da atividade simpática aumentada, ocorrendo de forma diferente nas duas modalidades. As respostas agudas no exercício aeróbio ocorrem um aumento e redistribuição do débito cardíaco visando a perfusão dos músculos ativos, com isso ocorre o aumento do volume sistólico, aumento da frequência cardíaca, aumento da pressão arterial, vasodilatação do musculo esquelético, além de um aumento da ventilação e consumo de oxigênio.
Todavia mesmo obtendo um aumento no trabalho cardiovascular e hemodinâmico durante o exercício, após o término do exercício como resposta aguda tardia ocorre a Hipotensão Pós- Exercício (HPE) que é a redução da pressão arterial, sendo maior em indivíduos hipertensos do que em normotensos.
As respostas relacionadas a PA se alteram com a intensidade e duração do exercício, com uma maior intensidade e duração maior dos exercícios obtemos uma maior HPE.
Quanto as respostas agudas no exercício de força, Ruivo e Alcântara (2012) afirmam que:
(..) verifica-se um aumento tanto da pressão arterial (PA) sistólica como da diastólica, resposta que tem por base o reflexo pressor do exercício, na qual a elevada tensão intra-muscular durante a contração ultrapassa a PA, o que leva à interrupção do fluxo sanguíneo muscular. A elevação da PA é a resposta que tende a vencer esta resistência à perfusão muscular.
Dessa forma, é possível observar um aumento da frequência cardíaca, com manutenção ou até redução do volume sistólico e pequeno acréscimo no débito cardíaco. Em compensação observa-se aumento da resistência total periférica que resulta na elevação exacerbada da pressão arterial. (WILMORE; COSTILL, 2003).
A HPE é mais pronunciada exercícios aeróbios do que após exercícios de força, motivo pelo qual a maioria dos programas de reabilitação para pacientes hipertensos tem prevalência de exercícios aeróbicos. Sabendo que de acordo com ACSM (2018) são indicados programas de treino para hipertensos que incluam tanto exercícios aeróbios como resistidos.
4.2 Fatores hipotensores do exercício físico
Os efeitos hipotensores estão estritamente ligados ao tipo, intensidade e duração do exercício. Os mecanismos que norteiam a queda pressórica pós-treinamento físico estão relacionados a fatores hemodinâmicos, humorais e neurais. Estes efeitos não estão totalmente elucidados, vamos discorrer sobre os principais.
Dos fatores hemodinâmicos em concordância com Monteiro e Filho (2004) o exercício físico promove redução da pressão arterial por diminuição no débito cardíaco que está associada ao decréscimo da frequência cardíaca. Ocorrendo um aumento da atividade parassimpática, que é responsável pela regulação do descanso e da recuperação, por outro lado uma redução da atividade simpática.
Havendo também uma queda na resistência vascular sistêmica facilitando a vasodilatação periférica. Durante o exercício físico, ocorre uma vasodilatação nos vasos sanguíneos dos músculos ativos para aumentar o fluxo sanguíneo e fornecer oxigênio e nutrientes necessários. Após o exercício, essa vasodilatação periférica pode persistir por algum tempo, resultando em uma redução da pressão arterial.
Dos fatores humorais para a redução da PA após exercício físico em hipertensos estão relacionadas à produção de substâncias vasoativas como a adrenalina, o fator atrial natriurético e óxido nítrico. Tais substancias têm sido citadas como fatores envolvidos na vasodilatação pós-exercício.
A adrenalina e noradrenalina plasmática, as chamadas catecolaminas circulantes são responsáveis pela mobilização de substratos energéticos para o Sistema Nervoso Central e tecido muscular durante a reação de estresse e exercício físico. A quantidade aumentada dessas catecolaminas plasmática sugere um aumento da atividade nervosa simpática, mesmo após o término do exercício, reduzindo a resistência periférica, dilatando os vasos e assim reduzindo a pressão arterial.
De acordo com a Revista Ecycle (2022) o óxido nítrico (NO) é um radical livre gerado normalmente pelo organismo, por meio do metabolismo do aminoácido arginina. Produzido pelas células endoteliais que revestem as artérias, este radical livre promove o relaxamento dos músculos lisos subjacentes e atua como um potente vasodilatador. Tal relaxamento faz com que as paredes dos vasos sanguíneos se dilatem ou aumentem, o que, por sua vez, diminui a PA.
Como também, “o aumento dos receptores existentes na parede vascular para o óxido nítrico contribui para a regulação da pressão arterial em resposta à estimulação cardiovascular central durante as situações emocionalmente estressantes que incluem a atividade física”. (MCARDLE, 2018)
Conforme o fator atrial natriurético é um peptídeo produzido e liberado dos apêndices atriais, possui uma ação vasodilatadora, agindo na inibição do sistema renina-angiotensina-aldosterona e inibição simpática, reduzindo a PA e o volume sanguíneo. (JUNIOR; MESQUITA, 2006)
Os fatores neurais estão relacionados com sistema nervoso simpático e parassimpático, barorreceptores e quimiorreceptores. Como já mencionamos anteriormente o sistema nervoso simpático é ativado em resposta ao estresse ou e pode aumentar a pressão arterial por meio da vasoconstrição e do aumento da frequência cardíaca. Por outro lado, o sistema nervoso parassimpático é responsável pela resposta de relaxamento e pode diminuir a pressão arterial.
Os barorreceptores são sensores localizados nas paredes das artérias e são sensíveis às mudanças na pressão arterial. Eles enviam sinais ao sistema nervoso central para ajustar a pressão arterial. Quando os barorreceptores detectam um aumento na PA, eles enviam sinais para reduzir a atividade do sistema nervoso simpático e aumentar a atividade do sistema nervoso parassimpático, resultando em uma redução da pressão arterial.
Os quimiorreceptores são sensíveis às mudanças na concentração de gases no sangue, como o oxigênio e o dióxido de carbono. Eles estão localizados nas artérias e no cérebro. Quando os quimiorreceptores detectam níveis elevados de dióxido de carbono ou baixos níveis de oxigênio, eles estimulam o sistema nervoso simpático a aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, para melhorar a oxigenação dos tecidos.
É importante ressaltar que a magnitude da redução da PA após o exercício pode variar dependendo de fatores como o tipo, a intensidade e a duração do exercício, bem como a condição de saúde do indivíduo. Além disso, a resposta hipotensora pode ser mais pronunciada em indivíduos hipertensos do que em indivíduos normotensos.
4.3 Prescrição de treino para hipertensos
Como já vimos, o exercício aeróbio possui melhores resultados no tratamento da HAS, por isso é importante ter um foco maior nesse tipo de atividade. A ACSM (2018, p. 290) afirma que a prescrição de treinamento para hipertensos “deve ser dado ênfase às atividades aeróbias, que podem ser complementadas com treinamento de resistência de intensidade moderada.”
A ACSM (2018) afirma que foram relatados redução na espessura da parede cardíaca e da massa ventricular esquerda em pessoas com hipertensão que participaram de treinamento físico aeróbio. Ainda com base na ACSM (2018, p. 290):
Treinos aeróbios crônicos de intensidade e volume adequados melhorem a capacidade de realização de exercícios levam a reduções de 5 a 7 mmHg de níveis de PAS e PAD em repouso em indivíduos hipertensos, além de reduções de na PAS durante o exercício com carga submáxima.
Conforme citado acima, é importante entender que as variações dos resultados estão ligadas a intensidade, carga utilizada, e o volume de acordo com Fleck e Kraemer (2017, p. 22) “é a quantidade total de trabalho (em joules) realizado em uma sessão, em uma semana, um mês ou algum outro período de treinamento”. Porém essa intensidade e volume são mensuradas de forma diferente para os exercícios aeróbios e exercícios resistido.
No exercício aeróbio a intensidade está ligada a capacidade de esforço exercido pelo individuo, podendo ser medida pela frequência cardíaca máxima (FCmáx), equivalente metabólico (MET), consumo máximo de oxigênio (VO2máx), percepção subjetiva de esforço (BORG). O volume está relacionado a quantidade de tempo que é o exercício é realizado e a frequência do treinamento (número de sessões de treinamento por semana, mês ou ano).
No exercício de força a intensidade está relacionada a quantidade de carga (peso) utilizada e o volume, segundo Fleck e Kraemer (2017, p. 22) está ligada “a frequência do treinamento (número de sessões de treinamento por semana, mês ou ano), a duração da sessão de treinamento, o número de séries, o número de repetições por série e o número de exercícios realizados por sessão.”
Quanto ao exercício aeróbio, a influência da duração desse exercício está bem demonstrada apontando para o fato de que exercícios mais prolongados possuem efeitos hipotensores maiores e mais duradouros, havendo uma relação direta entre a massa muscular envolvida e a duração da HPE. (FORJAZ, 1998). Um exercício de maior duração tanto de forma continua (uma sessão completa por dia) como cumulativa (várias sessões de 10 min durante o dia), associado a exercícios de intensidade moderada, provocam melhores respostas hipotensoras nas primeiras 24h a 72 h de HPE como em adaptações crônicas.
A prescrição de treinamento para hipertensos baseado nos estudos da ACSM (2018) são exercícios aeróbios de frequência de 5 a 7 dias por semana, intensidade moderada, com duração ≥ 30 minutos por dia de exercício continuo ou cumulativo, de atividades ritmadas e prolongadas que exercitem grandes grupos musculares. Incluindo exercícios resistidos (força) com frequência de 2 a 3 dias por semana, com intensidade de 60 a 70% de 1RM, com volume de 2 a 4 series com 8 a 12 repetições, para cada um dos grandes grupos musculares. Além de exercícios de flexibilidade com frequência ≥ 2 a 3 dias por semana, com alongamentos estáticos, dinâmicos e /ou Proprioceptive Neuromuscular Facilitation (PFN).
6 CONCLUSÃO
Adaptações crônicas ao treinamento são provenientes do treinamento físico regular, ocorrem adaptações crônicas no sistema cardiovascular, como o aumento da capacidade aeróbica, redução da rigidez arterial e melhora na função endotelial. Essas adaptações contribuem para a redução da pressão arterial em repouso e durante o exercício.
A resposta hipotensora ao exercício físico varia de acordo com o tipo, intensidade e duração do exercício realizado. Exercícios aeróbicos contínuos de intensidade moderada a alta têm demonstrado ser os mais eficazes na redução da pressão
É fundamental que os fatores hipotensores sejam considerados ao prescrever exercícios para indivíduos com hipertensão arterial, pois o exercício físico regular pode ser uma estratégia eficaz para o controle da pressão arterial e a promoção da saúde cardiovascular. No entanto, é sempre recomendado que as pessoas consultem um profissional de saúde antes de iniciar qualquer programa de exercícios, especialmente se tiverem condições médicas pré-existentes.
Os resultados da revisão indicam que o exercício físico promove uma redução aguda e crônica da pressão arterial, sendo mediada por uma combinação de fatores. O aumento da atividade parassimpática e a diminuição da atividade simpática do sistema nervoso autônomo são amplamente considerados os principais mecanismos envolvidos. Além disso, a vasodilatação periférica, mediada pela liberação de substâncias vasoativas, e as adaptações crônicas ao treinamento, como o aumento da capacidade aeróbica e redução da rigidez arterial, também desempenham um papel importante na redução da pressão arterial.
Ao compreender os mecanismos hipotensores do exercício físico podemos utiliza-los como instrumento importante na condução de tratamento da HAS aliado a terapia medicamentosa e adoção de um estilo de vida saudável.
REFERÊNCIAS
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- FLECK, Steven J.; KRAEMER, William J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
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- JÚNIOR, Humberto V.; MESQUITA, Evandro T. Aplicações clínicas do peptídeo natriurético do tipo B. Arquivo Brasileiro de Cardiologia. Rio de Janeiro, v. 86, n. 4, abr. 2006. Disponível em: https://bit.ly/3wNBdsg. Acesso em: 20 jul. 2023.
- MCARDLE, William D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fisiologia do exercício: Nutrição, Energia e Desempenho humano. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
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- PESCATELLO, Linda S. et al. Exercise and Hypertension. Revista Pub Med. [S. I.] Mar. 2004. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15076798/ Acesso em: 20 jun. 2023.
- RUIVO, Jorge A.; ALCÂNTARA, Paula. Hipertensão Arterial e Exercício Físico. Revista Portuguesa de Cardiologia, Lisboa, v. 31, n. 2, p. 151-158, 2012.
- SEVERINO, Antônio J. Metodologia do Trabalho Científico. 23 ed. São Paulo: Cortez, 2007.
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. [S.I.]: Sociedade Brasileira de cardiologia, 2006.
- TORTORA, Gerard J.; NILSEN, Mark T. Princípios da Anatomia Humana. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
- WILMORE, J.H.; COSTILL, D.L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2 ed. São Paulo: Manole, 2003.
¹https://orcid.org/0000-0001-8001-6261
²https://orcid.org/0009-0000-1047-4769
³https://orcid.org/0009-0007-8163-9007