FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO DESENVOLVIMENTO DA TUBERCULOSE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11358010


Davi José Bentes Alves1
Rosilda Catarina Sousa dos Santos2
Sabrina Ricarte Mesquita3
Orientador: Profa. Msc. Lilian Ferrari


RESUMO

A tuberculose é uma doença infectocontagiosa, ou seja, sua transmissão ocorre pelas vias aéreas e pode ser provocada, na maioria dos casos, pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. Vale destacar que pessoas com baixa imunidade, crianças menores de dois anos e idosos possuem maior risco de contrair a doença, por isso, é importante conhecer sobre esses grupos e suas características para uma abordagem direcionada ao combate da TB. Os principais sintomas são emagrecimento, tosse, febre, sudorese noturna, cansaço excessivo e palidez, e o diagnóstico é realizado através da radiografia do tórax e de exames laboratoriais. Este artigo tem como objetivo apresentar os principais grupos afetados pela Tuberculose, analisar os sintomas e tratamentos e entender a doença em todos os seus aspectos, destacando a prevalência da TB nos grupos identificados. A metodologia da pesquisa foi realizada através da revisão sistemática em pesquisa bibliográfica e da abordagem qualitativa, com a utilização de pesquisas e artigos científicos e descritores em Tuberculose, grupos afetados, e sintomas e tratamentos da TB. A busca dos artigos incluídos na revisão de literatura foi realizada nos bancos de dados  “Scientific Electronic Library Online” (SciELO), “Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE)” e “National Center for Biotechnology” (PubMed). Assim, a partir do estudo, é possível destacar a prevalência da Tuberculose em pacientes com doenças que afetam a imunidade, além de crianças e idosos como participantes dos grupos de risco. 

Palavras-chave: Tuberculose, principais grupos afetados, doença infectocontagiosa.

ABSTRACT

Tuberculosis is an infectious disease, that is, its transmission occurs through the airway and can be caused, in most cases, by the bacteria Mycobacterium tuberculosis. It is worth highlighting that people with low immunity, children under two years of age and the elderly are at greater risk of contracting the disease, therefore, it is important to know about these groups and their characteristics for a targeted approach to combating TB. The main symptoms are weight loss, cough, fever, night sweats, excessive tiredness and paleness, and the diagnosis is made through chest radiography and laboratory tests. This article aims to present the main groups affected by Tuberculosis, analyze the symptoms and treatments and understand the disease in all its aspects, highlighting the prevalence of TB in the identified groups. The research methodology was carried out through a systematic review of bibliographical research and a qualitative approach, using research and scientific articles and descriptors on Tuberculosis, affected groups, and TB symptoms and treatments. The search for articles included in the literature review was carried out in the databases “Scientific Electronic Library Online” (SciELO), “International Literature in Health Sciences (MEDLINE)” and “National Center for Biotechnology” (PubMed). Thus, from the study, it is possible to highlight the prevalence of Tuberculosis in patients with diseases that affect immunity, in addition to children and the elderly as participants in risk groups.

Keywords: Tuberculosis, main affected groups, infectious disease.

1 INTRODUÇÃO 

Evidências mostram que a tuberculose existe desde os tempos pré-históricos. A doença já foi encontrada em esqueletos de múmias do antigo Egito (3.000 a.C) e, mais recentemente, numa múmia pré-colombiana no Peru (VRANJAC). A tuberculose (TB) continua sendo uma prioridade para a Organização Mundial da Saúde (OMS), pois tem um impacto significativo nas taxas de morbidade e mortalidade, principalmente em países subdesenvolvidos. Em 2021, foram registrados 10,6 milhões de casos mundiais, o Brasil está entre os 30 países mais afetados (PELISSARI, et al. 2024).

A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa provocada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, a transmissão desse agente infeccioso ocorre de pessoa a pessoa através da inalação de aerossóis produzidos pela tosse, espirro ou fala de pessoas infectadas pelo bacilo causador da doença. O surgimento da TB está estreitamente interligado com os fatores socioeconômicos, sendo considerada uma doença negligenciada, uma vez que a maioria dos casos ocorrem em nações com média e baixa renda (BRIGNOL, 2022). 

A infecção primária da TB geralmente não apresenta sintomas, mas quando os sintomas ocorrem, normalmente são inespecíficos e incluem febre baixa e fadiga sem tosse. Na tuberculose pulmonar ativa, o paciente pode não ter nenhum sintoma, ou apresentar anorexia, fadiga e perda ponderal, que se desenvolvem de forma gradual. A tosse é muito comum, podendo ser, no início, minimamente produtiva de escarro amarelo ou verde, ficando mais recorrente à medida que a doença evolui. Na coinfecção pelo HIV, de modo geral, a apresentação clínica é atípica devido a insuficiência da hipersensibilidade tardia. (NARDELL, 2022).

As manifestações clínicas decorrem das respostas imunológicas do hospedeiro à infecção pelas micobactérias e aos seus antígenos. No início da doença ocorre a infecção primária com ativação dos neutrófilos, que são atraídos e substituídos por macrófagos. Os macrófagos fagocitam e eliminam os microrganismos, os quais permanecem ilesos e viáveis devido ao seu revestimento seroso (SILVA, 2018). As células T atraem e mantêm a população de macrófagos em torno do foco da infecção por meio da liberação de linfocinas. (GREENE, 2012). 

Segundo o Ministério da Saúde, o estado do Amazonas possui a maior taxa de incidência de tuberculose do país com 64,8 casos por 100 mil habitantes no ano de 2020. Foram registrados no Sistema de Informação da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) 2.863 novos casos da doença em 2020. Dos 2.863 casos de tuberculose, 2.080 são da cidade de Manaus com 72,70%, e os demais 783 (27,30%) do interior do estado. Vale destacar que em 2020, 154 pessoas morreram de tuberculose no Amazonas, uma taxa de mortalidade de 3,7 óbitos por 100 mil pessoas. O diretor e presidente da FVS-AM, Cristiano Fernandes, alertou sobre a necessidade de combater a doença, destacando o diagnóstico precoce e o tratamento adequado como principais formas de combate. 

O Ministério da Saúde (2018) afirma que, no Brasil, o diagnóstico da tuberculose é realizado conforme o Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil, sendo subdividido em diagnóstico clínico, diferencial, bacteriológico, imagem, histopatológico e por outros testes. Após todos os procedimentos, podem ser realizados exames de sangue para verificar se há infecção de HIV, que configura um fator de risco para a TB.

Os fármacos utilizados no combate à TB têm eficiência de aproximadamente 95% quando utilizados de forma correta sem interrupção do tratamento. Em suma, o tratamento é feito por meio do uso de antibióticos. Os medicamentos utilizados são classificados de primeira linha, como isoniazida, rifampicina, etambutol e pirazinamida e de segunda, como estreptomicina e etionamida. O manuseio de tratamento para tuberculose em adultos e adolescentes consiste na administração de Rifampicina 150 mg, isoniazida 75 mh, pirazinamida 400 mg e etambutol 275 mg, a dosagem é considerada a partir do peso corporal do paciente. (MARTINS, 2020).

Pelo alto índice dos casos, é de suma importância destacar os fatores de risco para tuberculose, pois assim é possível elaborar um plano de ação contra a doença. Pacientes com diabetes mellitus correm um maior risco de passar de tuberculose latente, que não produz sintomas, para tuberculose ativa, que produz sintomas e pode ser disseminada. Um diagnóstico de diabetes mellitus aumenta o risco da infecção inicial para tuberculose ativa. (GENEVA, 2016). A diabetes pode interferir no metabolismo dos fármacos antituberculose, e o risco de uma pessoa com diabetes desenvolver TB pode variar de 2,44 a 8,33 vezes mais, em comparação a pacientes não diabéticos (ABREU et al, 2020). 

Outro fator de risco para o desenvolvimento da TB é o tabagismo, visto que o fumo produz uma reação inflamatória nas vias aéreas brônquicas com uma diminuição da remoção de secreções, facilitando a chegada do bacilo de Koch aos alvéolos. (COSTA, 2019). O consumo de álcool é também um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de tuberculose. Um estudo feito por investigadores do Instituto de Saúde Pública da U. Porto (ISPUP) destacou a necessidade de políticas que reduzam os problemas relacionados ao álcool, o estudo concluiu que o consumo excessivo de álcool é um fator de risco para o desenvolvimento da TB em indivíduos do sexo masculino. (SEABA, 2017). 

Além disso, vale destacar que a infecção pelo HIV é o principal fator de risco para a TB, onde os pacientes acometidos por essa doença fazem parte dos grupos mais afetados. Em 2015, aproximadamente 10,4 milhões de pessoas adoeceram por TB, das quais 1,2 milhão eram pessoas acometidas com HIV, 1,8 milhão de pessoas morreram devido à TB nesse ano, incluindo 400 mil pessoas com imunodeficiência (BALDAN et al, 2017). Contrair a doença quando se tem HIV pode significar um agravamento potencialmente fatal. (SAKABE, 2019). 

Dessa forma, este estudo tem como objetivo abordar os fatores de risco associados ao  desenvolvimento da tuberculose, com o intuito de trazer esclarecimento sobre essa doença infecciosa, tendo em vista a sua alta prevalência, através de uma revisão de literatura. 

2 JUSTIFICATIVA

Apesar dos esforços e de medidas protetivas eficazes somente contra certos tipos de variantes, a disseminação da tuberculose ainda permanece um problema de Saúde Pública. Além disso, o entendimento de fatores de risco associados à infecção por M. tuberculosis, torna essa doença ainda mais prevalente em escala mundial. Dessa maneira, é de extrema importância buscar esclarecimentos sobre essa patologia, bem como entendê-la como consequência de comorbidades muito preocupantes para o Sistema de Saúde do Brasil. 

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral:

Analisar os fatores de risco associados ao desenvolvimento da tuberculose através de uma revisão de literatura.

3.2 Objetivos específicos:

  • Discorrer sobre os aspectos clínicos da tuberculose; 
  • Relatar as características sociodemográficas para a instalação da tuberculose; 
  • Investigar sobre a dificuldade de adesão e continuidade do tratamento para tuberculose.

4 METODOLOGIA

A pesquisa literária científica do projeto foi realizada por meio da revisão sistemática em pesquisa bibliográfica. As pesquisas e os artigos incluídos na revisão foram selecionados através dos bancos de dados “Scientific Electronic Library Online” (SciELO), “Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE)” e “National Center for Biotechnology” (PubMed). Com os descritores em Tuberculose, grupos afetados, e sintomas e tratamentos da TB. A escolha dos estudos foi baseada de acordo com o tema, ano de publicação, objetivos da pesquisa, metodologia e resultados, destacando sempre a contribuição da pesquisa para a literatura. De 50 artigos encontrados, apenas 10 artigos compreendidos entre o período de 2017 a 2024 foram selecionados e analisados para o desenvolvimento do projeto, além da utilização de citações e pesquisas. Dentre os critérios de inclusão, foram considerados os seguintes aspectos: artigos científicos completos e disponíveis na íntegra, artigos elegíveis escritos em inglês e português, e aqueles que abordaram o assunto de forma ampla e completa. 

Figura 1 – Fluxograma representativo das etapas de seleção dos artigos nas bases de dados.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Tabela 1 – Artigos utilizados na revisão de literatura.

Autor/anoTemaObjetivoMetodologiaResultados
SILVA, Maria. 2018Aspectos gerais da tuberculose: uma atualização sobre o agente etiológico e o tratamento.Identificar os aspectos gerais da tuberculose.Revisão exploratória bibliográficaAlém das características já conhecidas  do agente etiológico da TB (bactérias aeróbicas , esporuladas  e bacilos álcool-ácido resistentes(BAAR),  também temos as suas manifestações clínicas que derivam das respostas imunológicas do hospedeiro, onde em decorrência da infecção, se desencadeia uma resposta de hipersensibilidade do tipo tardia, apresentando sintomas clínicos que variam entre febre diurna, sudorese noturna, anorexia, tosse hemoptise, sendo a característica marcante em pacientes sintomáticos tosse seca com duração de mais de 3 semanas.  
SILVA, Denise et al, 2018Fatores de risco para tuberculose: diabetes, tabagismo, álcool e uso de outras drogas.Abordar fatores de risco associados à infecção por tuberculose.Revisão de literatura.Aproximadamente 15% dos casos de tuberculose em todo o mundo podem estar ligados à Diabetes. A prevalência relatada de DM entre pacientes com tuberculose varia de 1,9% a 45,0% em todo o mundo. A prevalência relatada de tuberculose entre pacientes com diabetes varia de 0,38% a 14,0%, e a mediana de prevalência global é de 4,1%, com intervalo interquartil (IIQ) de 1,8%-6,2%.
COSTA, Magnania et al. 2019Fatores associados com o tabagismo em pacientes comtuberculose pulmonarIdentificar fatores associados ao tabagismo em pacientes comtuberculose (TB) pulmonar.Estudo transversalNo período do estudo (2013–2014) estavam registrados 306 pacientes com TBpulmonar, não institucionalizados e vivos na data da entrevista. Foi possível entrevistar195 pacientes (63,7%), pois 10 (3,3%) se recusaram a participar da pesquisa e 101 (33%)não foram localizados após três tentativas ou não estavam em tratamento nosrespectivos Centros de Saúde (CS), segundo informações dos agentes comunitários desaúde.
MARTINS, Miranda et al. 2020.Diagnóstico e tratamento medicamentoso em casos de tuberculose pulmonar: revisão de literatura.Apresentar informações relevantes sobre prevenção, transmissão, diagnóstico etratamento da Tuberculose Pulmonar.Revisão de literatura.Segundo os dados do Departamento de Informática doSistema Único de Saúde (DATASUS) do Ministério da Saúde, no ano de 2018 foram notificados em todo o estado de Goiás 1.257 casos de tuberculose e, na cidade de Mineiros – GO, foram notificados 8 casos desta mesma doença.
PELISSARI, Daniele et al. 2024Tempo até a recorrência da tuberculose e fatores associados no Brasil: um estudo de coorte retrospectiva de base populacional usando dados de linkageCalcular a taxa de recorrência de tuberculose, estimar seu tempo médio e identificar seus fatores associados no Brasil.Estudo de coorte.No período de 6,5 anos, 3.253 indivíduos (6,5%) tiveram recorrência de tuberculose, com tempo médio de 2,2 anos. Fatores positivamente associados incluíram: sexo masculino (RR: 1,4; IC95% 1,3–1,5; FAP: 22,9%), idade de 30 a 59 anos (RR: 3,0; IC95% 1,6–5,7; FAP: 36,0%), raça/cor preta (RR: 1,3; IC95% 1,2–1,5; FAP: 3,5%) ou raça/cor parda (RR: 1,3; IC95% 1,2–1,4; FAP: 10,6%), privação de liberdade (RR: 1,9; IC95% 1,7–2,1; FAP: 9,1%), forma clínica pulmonar/mista (RR: 1,7; IC95% 1,4–1,9; FAP: 37,1%), diagnóstico de síndrome da imunodeficiência adquirida (RR: 1,8; IC95% 1,5–1,9; FAP: 4,3%) e uso de álcool (RR: 1,2; IC95% 1,1–1,3; FAP: 2,9%). Fatores negativamente associados foram: 12 ou mais anos de estudo (RR: 0,5; IC95% 0,4–0,6; FPP: 3,3%) e tratamento supervisionado (RR: 0,9; IC95% 0,8–0,9; FPP: 4,4%).
ABREU, Ricardo et al. 2020.Tuberculose e diabetes: associação com características sociodemográficas e de diagnóstico e tratamento. Brasil, 2007-2011Analisar o perfil sociodemográfico e as características do diagnóstico e tratamento dos casos de tuberculose com e sem diabetes no Brasil.Estudo transversal.A comorbidade estudada foi encontrada em 7,2% dos casos. Modelo hierárquico mostrou maior RP entre indivíduos do sexo feminino (RP = 1,31; intervalo de confiança de 95% – IC95% 1,27 – 1,35); maior associação nas faixas etárias 40-59 anos e ≥ 60 anos (RP = 11,70; IC95% 10,21 – 13,39 e RP = 17,49; IC95% 15,26-20,05) e com resultado positivo da baciloscopia – primeira amostra (RP = 1,40; IC95% 1,35 – 1,47). Reingresso após abandono e abandono foram inversamente associados na comorbidade (RP = 0,66; IC95% 0,57 – 0,76 e RP = 0,79; IC95% 0,72 – 0,87).
BALDAN, Sueli et al. 2017.Características clínico-epidemiológicas da coinfecção por tuberculose e HIV e sua relação com o Índice de Desenvolvimento Humano no estado do Mato Grosso do Sul, BrasilVerificar os aspectos epidemiológicos da coinfecção por tuberculose (TB) e HIV, no estado do Mato Grosso do Sul, Brasil, e sua associação com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).Estudo descritivo.No período de estudo, foram notificados 10.179 casos de TB, dos quais 988 (9,7%) apresentaram sorologia anti-HIV positiva. Em 2.985 (29,3%) casos, o teste sorológico não foi realizado. Os casos de coinfecção TB/HIV ocorreram predominantemente em indivíduos do sexo masculino (68,9%), com baixa escolaridade (64,0%), na forma clínica pulmonar (69,5%). A taxa de cura foi de 47,3%, a de abandono de tratamento foi de 10,5% e a de óbito por TB foi de 7,7%. A análise espacial por meio do índice de Moran global mostrou a existência de autocorrelação espacial (p < 0,05), concordando com o resultado da análise de regressão de Poisson.
GIOSEFFI, Janaína; BATISTA, Ramaiene; BRIGNOL, Sandra. 2021Tuberculose, vulnerabilidades e HIV em pessoas em situação de rua: revisão sistemática.Analisar, sistematizar e compilar os fatores de vulnerabilidade (social, individuale programática) associados à tuberculose e HIV em pessoas em situação de rua.Revisão de literatura.Entre 372 publicações encontradas, selecionaram-se 16 segundo os critérios de elegibilidade. Em 10 estudos, foi descrita ocorrência de tuberculose e HIV. Os fatores de vulnerabilidade individual, social e programática mais descritas foram uso de drogas, coinfecção com HIV e falha no tratamento da tuberculose, respectivamente. A média de tempo em situação de rua também se mostrou relacionada à maior frequência de tuberculose e da infecção latente da tuberculose segundo a literatura.
MENDELSOHN, C. Simon et al. 2024Assinaturas transcriptômicas de progressão para TB entre contatos próximos no Brasil.Avaliar assinaturas transcriptômicas sanguíneas do hospedeiro para progressão para doença tuberculosa.Pesquisa observacionalEntre junho de 2015 e junho de 2019, foram inscritos 1.854 contatos próximos; Vinte e cinco evoluíram para TB incidente, dos quais 13 tiveram doença confirmada microbiologicamente. As pontuações de assinatura transcriptômica basal foram medidas em 1.789 contatos próximos. O desempenho prognóstico para todas as assinaturas foi melhor dentro de 6 meses após o diagnóstico. Sete assinaturas (Gliddon4, Suliman4, Roe3, Roe1, Penn-Nicholson6, Francisco2 e Rajan5) atenderam ao perfil de produto-alvo (TPP) mínimo da Organização Mundial da Saúde para um teste prognóstico durante 6 meses; três (Gliddon4, Rajan5 e Duffy9) durante 9 meses. Nenhum atingiu o limite TPP durante 12 ou mais meses de acompanhamento.
MEDEIROS, Ana. 2023.Fatores que interferem na adesão ao tratamento da tuberculose na atenção primária à saúde: uma revisão integrativa da literatura.Identificar os principais fatores que interferem na adesão ao tratamento da TB na APS.Revisão de literatura.Verificou-se que a estruturação e organização dos serviços da APS pode propiciar ou dificultar o acesso do usuário aos serviços do SUS e, além disso, a baixa oferta de capacitação dos profissionais e educação permanente pode potencializar a rejeição ao tratamento medicamentoso. Algumas estratégias realizadas pela APS para potencializar a adesão ao tratamento da TB, foram: a educação em saúde; fortalecimento do vínculo; realização de busca ativa na comunidade; flexibilização nas agendas dos profissionais, oferta de incentivos sociais e a reorganização da rede da APS.

Os estudos sobre tuberculose abordam uma variedade de aspectos, desde sua história até sua epidemiologia contemporânea e fatores de risco associados. Ao analisar a abordagem dos autores e os métodos empregados, percebe-se que esses estudos foram conduzidos com rigor científico, buscando compreender profundamente a complexidade da doença e suas ramificações na saúde pública.

Os autores conseguiram alcançar resultados significativos ao explorar os múltiplos aspectos da tuberculose. Por exemplo, Pelissari et al. (2024) fornece uma visão abrangente da incidência global da doença, destacando sua persistência como um desafio de saúde pública em países como o Brasil. Eles utilizam dados epidemiológicos recentes para contextualizar a gravidade do problema e a necessidade de intervenções eficazes.

No estudo retrospectivo feito por Pelissari et al (2024), com foco em pessoas diagnosticadas em 2015, que tiveram sua primeira recorrência em 6,5 anos, mostrou que nesse período, 3.253 pessoas tiveram recorrência de Tuberculose, com tempo médio de 2,2 anos. Entre os casos, a maior proporção foi do sexo masculino (78%). As populações prisionais e sem moradia foram mais predominantes entre os casos de recorrência de TB, prisão (19,4%) e sem moradia (2,2%). Além disso, os casos de recorrência da TB tiveram uma maior proporção de indivíduos com AIDS (9,8%) e uma maior prevalência de uso de tabaco (20,9%), consumo de álcool (18,7%) e uso de drogas ilícitas (12,3%). 

Um estudo transversal, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação e do Sistema de Gestão Clínica de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus da Atenção Básica, realizado por Abreu et al (2020), destacou uma análise bivariada, no período de 2007 a 2011, onde foram analisados 338.825 registros de pessoas com TB. Desse total, 7,2% apresentaram TB e diabetes e 92,8% apresentaram somente Tuberculose. Entre os casos, em relação ao sexo, 6,8% (224.661) foram do sexo masculino, e 8,1% (108.144) do sexo feminino, os homens tiveram maior prevalência, com 15.230 casos de tuberculose e diabetes. A faixa etária de maiores de 60 anos de idade foi a que apresentou a maior proporção (17,6%).

Brignol (2022) explora a relação entre a tuberculose e os fatores socioeconômicos, demonstrando como a doença está intimamente ligada à pobreza e ao subdesenvolvimento. Essa análise é crucial para entender a distribuição desigual da doença e para orientar políticas de saúde pública mais eficazes.

Além disso, os estudos destacam os fatores de risco associados à tuberculose, como diabetes, tabagismo, consumo de álcool e coinfecção com HIV. Abreu et al. (2020), Costa (2019), Seaba (2017) e Baldan et al. (2017) fornecem evidências sólidas sobre como esses fatores aumentam a susceptibilidade à doença e influenciam sua progressão. Essa compreensão é essencial para identificar populações vulneráveis e implementar medidas preventivas direcionadas.

Assim, os estudos demonstraram que os grupos mais afetados em relação à tuberculose são, de modo geral, pessoas do sexo masculino com idade mais avançada, indivíduos com HIV, pessoas com diabetes e indivíduos que consomem bebida alcoólica em excesso. Além disso, o fator sociocultural também influencia, haja vista a maior prevalência da doença nos países subdesenvolvidos, em regiões mais vulneráveis. 

Ao comparar os estudos, é evidente que cada um contribui de maneira única para o entendimento da tuberculose. Enquanto alguns se concentram na epidemiologia e distribuição geográfica da doença, outros exploram seus mecanismos patogênicos e fatores de risco associados. Essa diversidade de abordagens enriquece o campo da pesquisa sobre tuberculose, permitindo uma compreensão mais holística e abrangente da doença.

Vale destacar que apesar da atual abrangência dos conhecimentos acerca da TB, como a sua etiologia, a existência de medidas preventivas, como a vacina BCG, a realização de diagnósticos precoces, e tratamento da infecção latente, a Organização Mundial de Saúde considera que a TB ainda continua sendo um problema de saúde pública grave, tornando necessário que a forma de enfrentamento da doença seja mais incisiva, com ações de prevenção e tratamentos que não se limitem a área da saúde, sendo um trabalho de interdisciplinaridade das ações governamentais em todos os níveis de poder.         

6 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

7 CONCLUSÃO

Portanto, através da análise e revisão de literatura, foi possível notar que em relação aos casos de TB com coinfecção de HIV, há um grande número de pacientes que abandonam o tratamento, o que influencia, de certa forma, na elevada taxa de mortalidade. Dessa forma, é imprescindível salientar que este artigo visa contribuir para a conscientização sobre o tratamento da tuberculose, encorajando os pacientes a tratar a TB durante todo o desenvolvimento da doença, além de incentivar a busca pelo diagnóstico precoce. 

Por meio da revisão, constatou-se a prevalência de diabetes como uma das comorbidades mais comuns que configuram riscos à TB, ressaltando a importância de ações integradas que visem o cuidado assistido às pessoas que possuem a doença. Além disso, em virtude da incidência de TB nas comunidades mais vulneráveis, é importante a criação de políticas públicas que promovam o diagnóstico e a prevenção da tuberculose nesses grupos, tornando acessível os meios de tratamento para a população afetada.

Sendo assim, o estudo contribuiu para a análise dos fatores de risco associados à tuberculose, além de investigar os aspectos clínicos da TB e destacar os principais grupos afetados, demonstrando o fator de risco mais prevalente no desenvolvimento da doença.

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