FATORES DE INFLUÊNCIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA  EDUCAÇÃO INFANTIL: CONQUISTAS E DESAFIOS EM UMA ESCOLA  MUNICIPAL DA CIDADE DE MANAUS/AMAZONAS – BRASIL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202408141802


Maria Lúcia Serique Reis


RESUMO  

A educação infantil é a primeira etapa da educação básica no país sabe- se que a criança tem  o direito de aprender com a garantia de um ensino de excelência com oportunidade de acesso  e permanência na pré-escola. Esta pesquisa analisa os fatores que podem influenciar a  aprendizagem de crianças em idade pré-escolar para alcançar uma educação de qualidade na  cidade de Manaus/Amazonas. A pesquisa apresenta uma abordagem mista, pois abrange  pesquisa qualitativa e quantitativa, pesquisa em nível descritivo, aplicação de técnica por meio  de questionário com questões datadas e abertas. Os resultados permitem observar o processo  educacional na cidade de Manaus, obter informações e dados que contribuirão para pesquisas  com o objetivo de analisar os fatores sociais, culturais e ambientais externos à escola que  influenciam a educação infantil: políticas públicas, participação da família e formação  continuada de professores. Pesquisa com abordagem qualitativa e quantitativa, de nível  descritivo e exploratório, pesquisa não experimental, por meio de observação direta com  aplicação de questionário semiestruturado. Os objetivos só são alcançados após a interpretação  dos dados, o resultado permitiu concluir que, a educação das crianças precisa melhorar  ampliando as matrículas para essa faixa etária, com a manutenção da estrutura física da escola  municipal, reduzindo o número de crianças por sala de referência, disponibilizando materiais  pedagógicos para a desenvolvimento do trabalho pedagógico, possibilitando os (as)  professores (as) formação continuada com curso de mestrado e doutorado assim o educador  estará mais capacitado para desenvolver a práxis educativa. 

Palavras-chave: Aprendizagem; educação infantil; políticas públicas. 

ABSTRACT 

Early childhood education is the first stage of basic education in the country, it is known that  children have the right to learn with the guarantee of excellent education with the opportunity  to access and stay in preschool. This research analyzes the factors that can influence the  learning of preschool-age children to achieve a quality education in the city of  Manaus/Amazonas. The research presents a mixed approach, as it encompasses qualitative and  quantitative research, research at a descriptive level, application of technique through a  questionnaire with dated and open questions. The results allow observing the educational  process in the city of Manaus, obtaining information and data that will contribute to research  with the objective of analyzing the social, cultural and environmental factors outside the school  that influence early childhood education: public policies, family participation and continuing  education of teachers. Research with a qualitative and quantitative approach, at a descriptive  and exploratory level, non- experimental research, through direct observation with the  application of a semi- structured questionnaire. The objectives are only achieved after the  interpretation of the data, the result allowed us to conclude that the education of children needs  to improve by expanding enrollments for this age group, with the maintenance of the physical  structure of the municipal school, and reducing the number of children per reference room. ,  providing pedagogical materials for the development of pedagogical work, enabling teachers to continue training with master’s and doctoral degrees, so the educator will be better able to  develop educational praxis. 

Keywords: Learning; early childhood education; public policies. 

INTRODUÇÃO 

A educação infantil é a fase mais importante para o desenvolvimento da criança  em vários aspectos. De acordo com os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a  Educação Infantil- PNQEI (2006), a construção de uma Educação Infantil de qualidade  no país “já percorreu muitos caminhos, já contou com muitos protagonistas, já  alcançou resultados significativos e já identificou obstáculos a serem superados”. Esse  processo é coletivo, necessita da participação dos movimentos sociais e demais  sujeitos envolvidos. Sabe-se que no percurso de longos anos a criança não era  reconhecida como sujeito social, o reconhecimento dos direitos e abrangência da  educação das crianças torna-se realidade somente com a Constituição Federal de 1988.  Após uma década, com a Lei Nº 8.069 de 13 de julho de 1990, a instituição do Estatuto  da Criança e do Adolescente- ECA, garante às crianças o direito à educação. 

A criança tem o direito de estudar, aprender e socializar-se dentro de uma  instituição escolar preparado para a sua faixa etária. O direito à educação que promova  a formação integral do cidadão está na Constituição Federal (1988) capítulo III seção  I: art. 205 a educação é direito de todos, dever do Estado e da família, objetivando o  pleno desenvolvimento da pessoa. Diante da importância desta pesquisa, em uma pré-escola municipal de Manaus- AM, o caso em estudo. Esta pesquisa tem como objetivo  geral: analisar os fatores que podem influir no aprendizado das crianças em idade pré-escolar a fim de termos uma educação de qualidade na cidade de Manaus/Amazonas – Brasil. Objetivos específicos: Identificar os fatores sociais, culturais e ambientais  externos à escola que influenciam na educação infantil na etapa pré-escolar; Descobrir  os fatores internos da escola que interferem na educação infantil pré-escolar;  Discriminar os fatores que beneficiam e os que dificultam na educação infantil pré-escolar, na percepção dos professores. Apresenta-se a justificativa, a relevância do  tema, pois, discorrer sobre os fatores de influência no processo de aprendizagem da  educação infantil, na etapa pré-escolar para compreender e criar estratégias para  superar os desafios vivenciados no contexto educacional. Faz-se um resgate da história  da educação, conceituando a educação, pois, é a maneira de viver, pensar e agir de um  povo passados de geração em geração.  

A pesquisa com enfoque misto: qualitativo e quantitativo, é do tipo descritivo,  abordagem de estudo de caso e, objeto de estudo, a percepção do professor quanto a  criança e sua aprendizagem em uma escola municipal de educação infantil da cidade  de Manaus realizada entre 2020 e 2021. Os resultados alcançados com a pesquisa  possibilitaram conhecer a evolução da educação infantil e identificar as condições e  possibilidades para aperfeiçoar a prática pedagógica. Diante do exposto pode-se  realizar ações educativas que contribuam com o processo de aprendizagem das  crianças. 

Problema da pesquisa 

A educação infantil é desenvolvida por um processo considerado essencial para a  formação integral do cidadão, porque as crianças aprendem e se desenvolvem no  contexto histórico, social, econômico, à escola como instituição constituída faz parte  do cenário educacional. Sabe-se que a fase da educação infantil está prevista em lei, com garantia que todas as crianças têm direito de aprender, que a educação oferecida pela escola seja de qualidade. Diante do exposto surgiu a seguinte indagação: Quais os  fatores que podem interferir no processo de aprendizagem da pré-escola em uma  instituição pública da cidade de Manaus? 

Antecedentes da pesquisa 

Os estudos realizados por vários teóricos sobre a criança e sua aprendizagem,  servem como suporte para a pesquisa, FREIRE, 1996; ARANHA, 2012; BATISTA,  2018). Os documentos oficiais (UNICEF, 1959; CONSTITUIÇÃO FEDERAL ,1988;  ECA, 1990; LDB, 1996; BNCC, 2017; RCA, 2019; CEM, 2020. Para ampliar o estudo  busquei pesquisas em sites da WEB e nas autoras Barbosa, Edna Luzia Cavalari;  Amarantes, Sandra Regina Gavasso. Escola e democracia: teorias metodológicas de  ensino na abordagem de Dermeval Saviani.In: XII Congresso Nacional de Educação.  EDUCERE- IFPR. 2015. Que aborda a contextualização da educação de forma clara  com uma linguagem compreensível. Também serviu como base as concepções de  CORDI, Angela. Na obra Pé de brincadeira: 4 a 5 anos e onze meses: livro do professor  da educação infantil. Curitiba ed. Positivo. 2018. Que traz inúmeras atividades que  podem ser usadas na sala de referência que está de acordo com o currículo da BNCC  (2017). 

A contextualização da educação 

A educação na comunidade tribal é chamada educação difusa, não tinham  necessidade da escola porque todos participavam diretamente das atividades, a  aprendizagem desenvolve- se pela imitação dos pequenos ao observar os modos de  agir dos adultos, tendo como ocupação a caça, a pesca e o cultivo da terra; à educação  das crianças era “para a vida e por meio da vida” (ARANHA, 2012, p. 36). A formação  integral engloba todo o saber da tribo, e é universal porque todos podem ter acesso ao  saber e ao fazer adequado pela comunidade. Na realidade “a sabedoria para governar”  era destinado a poucos privilegiando a elite dominante em algumas tribos. Já em  sociedade mais europeizada como na Idade Média ou em sistemas de castas como na  Índia, por exemplo, foi criada à escola para atender somente os que tinham condição  financeira elevada ou eram filhos da oligarquia dominante, ou seja, o acesso ao  conhecimento seria de modo restrito, enfim, à escola era elitizada. 

As crianças menos favorecidas da Grécia, aprendiam nos campos, na lavoura e  cuidando dos animais. Já os filhos dos ricos tinham os mestres que lhe davam os  ensinamentos. Somente com a “democratização do saber” é que inicia “a escola  aberta” onde qualquer um poderia ter acesso a ela. (Brandão, 2007, p. 39-40) “As  crianças devem, antes de tudo, aprender a nadar e a ler; em seguida, os pobres devem  exercitar-se na agricultura ou em uma indústria qualquer, ao passo que os ricos devem  se preocupar com a música e a equitação, e entregar-se à filosofia, à caça e à frequência  aos ginásios”. Constata- se a desigualdade de classe nesse período, a educação era  restrita às pessoas que conviviam sob o mesmo teto, onde o ensino não era  sistematizado logo, não conseguia suprir de modo efetivo o ensino de forma mais  abrangente, “as escolas surgiram justamente para responder às necessidades sociais  que não eram mais satisfeitas exclusivamente pela educação informal no âmbito  familiar, como a construção de identidades nacionais, a socialização das novas  gerações para o exercício da cidadania[…] (GADOTTI, 2003, p. 23). 

Retoma-se à educação no Brasil que foi marcada pela atuação dos Jesuítas e os  métodos de ensino que usavam a concepção tradicional, assim persuadiram muitas pessoas em várias partes do mundo, conforme (Gadotti, 2003; Medrado, 2008)  “Incluindo o Brasil chegaram aqui em 1549, foram expulsos em 1759, retornaram em  1847. Até hoje a educação tradicional os defende […]. Na visão de Gadotti, “os jesuítas  descuidaram completamente da educação popular” (Gadotti, 2003, p. 72). Continua  o teórico, os jesuítas criaram o plano de estudos de métodos, o documento incluía a  metodologia de ensino de forma detalhada. Sobre isso, acrescenta Negrão (2000), […]  na importância do Ratio Studiorum para a Igreja Católica intimidada diante da  Reforma Protestante à qual aderiram muitas nações que já estavam se adaptando à  nova ordem social capitalista”. Quanto a isso, Medrado (2008) “Visando à propagação  da fé, lançaram as bases de um vasto sistema educacional, que se desenvolveu  progressivamente à expansão territorial da colônia. Agindo com rapidez,  estabeleceram-se no litoral e daí penetraram nas aldeias indígenas, fundando  conventos e colégios”.  

O objetivo dos jesuítas era de conter a expansão do protestantismo, para isso catequizavam os índios e eram considerados por alguns “os principais educadores do  Brasil”. Para Negrão, “Entendem-se as razões pelas quais Portugal elegeu a  Companhia de Jesus para o monopólio da educação e de ensino tradicional à Metrópole  e nas colônias, reinando de certa forma absoluta, até mesmo após a sua expulsão, pela  Reforma Pombalina”, Negrão (2000). Um dos intuitos da Companhia segundo Paiva  era “à educação integral do aluno e à preparação do bom cristão” (2015, p. 211). A  referida Companhia era considerada uma ordem ampla com cunho religioso  pertencente à Igreja Católica. Conforme Barbosa e Amarantes (2015, p.17994) “A  Escola Tradicional não cumpria com sua função social, revelou-se inadequada”. Para  Paiva: 

Embora os jesuítas tenham aberto “escolas de ler e escrever” em quase todas as povoações e aldeias onde residiram, no princípio o progresso da educação foi um tanto quanto lento, mormente entre os filhos dos colonos que não viam muita vantagem na aprendizagem das primeiras letras. (2015, p. 214). 

Entretanto, faz-se necessário compreender que os jesuítas deixaram um legado à  educação brasileira, pois, afirma Paiva (p.204) “[…] uma visão de mundo, uma  concepção de educação e uma prática pedagógica que ajudaram a edificar o que  comumente se chama de escola ou pedagogia tradicional”. Outra importante  contribuição do ensino jesuítico conforme Velázquez “O Royal Indian Board foi o  instrumento usado pelos padres missionários para fins de evangelização dos nativos  Guarani […] Os reis de Castela ordenaram que todos os aborígines aprendessem a ler e  escrever”. (p.11). A educação implantada pelos jesuítas recebeu influição de Herbart e  Pestalozzi. 

A concepção de educação, ampliou-se nas primeiras décadas do século XX. Com  a introdução no Brasil do movimento da Educação Nova, iniciado na Europa no final  do século XIX, logo expandido aos Estados Unidos, de onde vem, após a guerra de  1914, a influência mais forte na educação brasileira: 

O ideário da educação nova começa a difundir-se mais acentuada nos anos 20, postulando novos objetivos, novos programas e métodos de ensino a partir das influências de movimentos sociais e políticos do século XIX e do desenvolvimento da biologia, psicologia e sociologia. As bases teóricas do escolanovismo europeu e norte-americano têm como suporte uma concepção científica da educação. (LIBÂNEO, 2010, p.119). 

A partir do Movimento Escolanovista, experiências significativas no âmbito da  educação integral foram observadas (MANAUS, 2017, p.23). Nessa época, surgiam  correntes políticas voltadas para o desenvolvimento integral do homem. Em 1932, o  país vivenciava crescente urbanização causado pelo progresso industrial, após a  Primeira Guerra Mundial, surgiram os defensores da “Escola Nova”, que haviam  chegado ao Brasil pelas mãos dos educadores Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo. Segundo Libâneo: 

[…] desenvolve-se um amplo movimento de renovação escolar de conotação liberal, reunindo nomes como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Paschoal Lemme e outros em torno da ideia de reconstrução educacional para o desenvolvimento social e econômico do país. (2010, p.121). 

Os intelectuais já citados lançam o Manifesto dos Pioneiros da Educação, o  referido movimento teve um dos precursores, o educador Anísio Teixeira, que  contribuiu para a construção de uma formação integral dos sujeitos (FERRARI, 2008).  Revista Nova Escola “Anísio Teixeira, o inventor da escola pública no Brasil”, porque  o educador preconizou a experiência dos alunos e lutou pela democratização da  educação. Nesse século, as grandes mudanças para a educação brasileira tiveram o  principal idealizador, Anísio Teixeira (1900-1971) foi o precursor das escolas públicas  no país com ações de implantação de instituições de ensino em todos os níveis  concretizando o propósito de oferecer educação gratuita para todos. […] era a  superação do caráter discriminatório e antidemocrático do ensino brasileiro, que  destinava a escola profissional para os pobres e o ensino acadêmico para a elite […].  (ARANHA, 2012, p.532). Registra-se que Teixeira, teórico da educação, não se  preocupava em defender somente suas ideias, mas era inspirado pelos pensamentos e  a filosofia de John Dewey[…] (1882-1948), (NUNES, 2010, p.18).  

Para Nunes, “A concepção deweyana de democracia e mudança social está  centrada na criança. Sua perspectiva é a de que o enraizamento e as direções que essa  mudança assume estão postos na infância” (2010, p.36). Na visão de Silva, Lima e  Carvalho (2017, p. 626) “A Escola Nova trouxe outra forma de pensar a criança e a  infância e, consequentemente, trouxe novas reflexões sobre a Educação Infantil”. A  criança passa a ter direitos segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância UNICEF, “Direito à Educação Gratuita[…]; A criança tem direito a receber educação  escolar, a qual será gratuita e obrigatória […]. Dar-se-á à criança uma educação […] em  condições de igualdade de oportunidades” (UNICEF 1959). Além disso, Ferrari  (2008), a Escola Nova possui algumas peculiaridades no qual o aluno é o centro do  processo educativo, o professor apenas orienta, na teoria tradicional era o professor  “detentor do conhecimento”, aluno agente passivo, pois apenas recebe os ensinos a  conhecida “educação bancária” de Paulo Freire. A Escola Nova destaca-se por alguns  aspectos, entre outros, a escola como espaço democrático, a valorização da criança e  suas distintas fases de desenvolvimento. 

Em 1960 entra no cenário educacional a pedagogia tecnicista, com o foco na  organização racional da escola com métodos rígidos, de cunho burocrático, elaborados  por técnicos do mercado, gerando especialização para o trabalho. Conforme Barbosa  e Amarantes (2015) na década de 1960, surge a pedagogia tecnicista, uma nova teoria  educacional articulada para o povo. Tanto a pedagogia tradicional como a pedagogia nova revelaram-se ineficazes na questão da marginalidade e, portanto, na equalização  social. A teoria tecnicista era somente para preparar os alunos para desempenharem  trabalho em fábricas. “O aluno deve aprender a fazer e o professor atua de forma  padronizada, um reprodutor técnico” (BARBOSA e AMARANTES, 2015). 

Em 1964 o país vivenciou o “Período de Chumbo” marcado pela Ditadura  Militar que trouxe distintos prejuízos à população, ditadura que se prolongou até 1968.  Freire (1997, p.11-12) faz menção sobre os retrocessos que a ditadura trouxe à  sociedade e consequentemente para o ensino, pois, Freire defendia tenazmente a  perspectiva de uma educação emancipadora. Destaca-se que a educação teve grande  êxito pelo trabalho realizado por Paulo Freire com a criação do método usado para  alfabetização de adultos na região Nordeste. Quanto a Freire, declara Aranha,  ‘Podemos dizer, sem risco de errar, que Paulo Freire (1921-1997) foi um dos grandes  pedagogos da atualidade, respeitado não só no Brasil, mas também no mundo”  (Aranha, 2012, p.593). 

A década de 1970, segundo Batista, representa para a história brasileira grande  peso, ou seja, momentos de muitos significados especialmente pelo progresso da  democracia e pela ascensão social. “No Brasil, a história da educação infantil é  marcada por lutas, impasses, distorções, retrocessos e interesses[…], (BATISTA, 2018,  p. 45). Barbosa e Amarantes declaram que a década de 1980 foi marcada por  esperanças e expectativas, (2015) “Vínhamos de uma geração desacreditada da política  devido a precariedade das relações de trabalho e no campo da educação, baixa  remuneração salarial dos docentes em todos os níveis”. Pode-se dizer que o descrédito  não ocorria somente com a política, também com à educação, (Barbosa e Amarantes,  2015, p. 17993). Com um olhar voltado para os problemas políticos, sociais e educacionais que a sociedade enfrentava e ainda perdura. 

Aranha aborda (2012, p.565) “No início da década de 1980, o regime militar  dava sinais de enfraquecimento, entrando em curso o lento processo de  democratização”. Por volta dos anos 80, surge o movimento pela revalorização da  educação pública que estava em crise. Pois, a democratização do Brasil acontecia de  maneira gradativa, contudo de acordo Barbosa e Amarantes, (2015, p.17993,17994) as  mudanças começam a acontecer principalmente “No aspecto político um avanço com  a eleição ainda de forma indireta do presidente da República, em 1984 marcando o fim  do governo militar”. A partir daí inicia-se o processo de restabelecimento da  democracia no país. 

Em 1985, com a Redemocratização Nova República, trouxe a abertura política,  houve pressão por parte das camadas populares, organização social com lutas por uma  educação de qualidade e cumprimento dos direitos sociais da criança pela melhoria do  ensino, através da ampliação do acesso à escola para todos (BARBOSA e  AMARANTES, 2015). 

Em 1989, com o fim da Guerra Fria, UNICEF (1995) em um momento de grande  otimismo global no contexto do final da guerra fria, a Convenção sobre os Direitos da  Criança é adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Percebe-se que a  Convenção trouxe muitos benefícios, considerada conquista histórica dos direitos  humanos, pois, dá garantia para proteção dos direitos das crianças. Além disso, a  reforma educacional ocorrida em 1990 no Brasil e a implementação de uma política  pública voltada para a Educação Infantil é notório que este percurso até aqui esteve  regulado […] na dinâmica da mundialização do capital […] (BATISTA, 2018, p. 56). 

Após diversas lutas e adversidades a educação infantil avançou e progrediu nos  últimos anos após ter amparo legal da Constituição Federal de 1988, Estatuto da  Criança e do adolescente-ECA (1990), Lei de Diretrizes e Bases da Educação  Nacional- LDBN Nº 9.394/1996. A legislação, expressa que a criança, têm direitos a  atendimento de suas necessidades, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa,  direito fundamental a cada cidadão. A normatização da educação infantil está prevista  na lei vigente do país e na LDB, Lei Nº 9.394/ 96, que tem a função de regular o  sistema de ensino público ou particular, determina o elo entre o atendimento às  crianças de zero a cinco anos e à educação. 

O capítulo IV da Lei de Diretrizes, no artigo 53, assegura que toda criança e  adolescente tem direito à educação que o prepare para seu desenvolvimento pleno e  para a vida em uma perspectiva cidadã e que o qualifique para o mundo do trabalho.  O art. nº 59 do ECA, responsabiliza os municípios, os estados e a União a facilitar o  acesso dos estudantes a espaços culturais, esportivos e de lazer, pela “destinação de  recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a  infância e a juventude”. Após à instituição da LDBN Nº 9.394/1996, que reitera os  princípios da educação de qualidade. Em 1998, é criado o Referencial Curricular  Nacional para Educação Infantil- RCNEI. O referencial representa um progresso em  busca de estruturar melhor o papel da educação infantil, trazendo uma proposta que  integra o cuidar e o educar, o que é hoje um dos maiores desafios da educação infantil.  De fato, para ter uma educação de qualidade é necessário que o cuidar e o educar sejam  inseparáveis no espaço escolar. O crescimento da escola de ensino infantil no país,  requer um ensino de qualidade para todos. 

Na compreensão de Batista (2018), antes o atendimento disponibilizado à  criança estava relacionado à higiene infantil. As crianças não eram protegidas,  apresenta UNICEF (1995) “Nos países industrializados do início do século XX, não  havia padrões de proteção para crianças. Era comum elas trabalharem ao lado de  adultos em condições insalubres e inseguras”. Os direitos da criança se expandiram de  maneira abrangente a nível internacional, mas que “ainda existem lacunas” a serem  preenchidas. Pertinente à organização da educação infantil e sua regularização no país,  deu-se principalmente pela urbanização das zonas rurais, crescimentos da indústria e  do comércio que contribuíram para o crescimento demográfico de grandes cidades e  pela condição econômica precária de muitas famílias. 

Esses fatores impulsionaram a mulher deixar a criação dos filhos, na busca por  um espaço na sociedade e assumir uma profissão fora do ambiente familiar ressalta, o  RCNEI (1998) “A expansão da educação infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido  de forma crescente nas últimas décadas, acompanhando a intensificação da  urbanização […]. Outro fator que contribuiu com o crescimento de forma mais  abrangente, tem relação direta com a participação da mulher no mercado de trabalho,  além das mudanças da estrutura familiar (BRASIL, 1998, p.11). Concernente a isto,  afirma o Parecer (2009, p.14) “A ampla participação dos movimentos comunitários,  dos movimentos de mulheres, dos movimentos de redemocratização do país, além,  evidentemente, das lutas dos profissionais da educação. 

A partir do novo ordenamento legal, creches e pré-escolas passaram a construir  nova identidade […], a educação das crianças passou a ser um “direito social”. Pois, no  passado era bem distinto do que observamos na atualidade (BRASIL, 1998, p.16). O  atendimento institucional à criança pequena, no Brasil e no mundo, apresenta ao longo de sua história concepções bastante divergentes sobre sua finalidade social. […]  nasceram com o objetivo de atender exclusivamente às crianças de baixa renda. 

Os programas do governo para a educação das crianças há muito tempo era  voltado somente para atender a população carente, as políticas educacionais não  tinham o foco no desenvolvimento da criança de forma completa. Mas, através dos  movimentos sociais e da compreensão sobre a importância das experiências da  infância, fator preponderante na formação das crianças, houve um grande avanço nesse  sentido com apoio do poder público. 

Nessa direção, o documento Indicadores da Qualidade para Educação Infantil  (Brasil, 2009, p.13) expõe que o direito à educação foi acrescido “Essa ampliação do  direito à educação a todas as crianças pequenas, desde seu nascimento, representa uma  conquista importante para a sociedade brasileira”. Sobre isso, determina o Conselho  Nacional de Educação- CNE/CEB nº 5/2009, § 1º É dever do Estado garantir a oferta  de Educação Infantil pública. A Constituição Federal prevê que a oferta de creches e  pré-escolas seja destinada às crianças até 5 anos de idade. (BRASIL, 2006) 

No âmbito das políticas públicas destinadas à infância, muitos debates e desafios  têm surgido oriundos das questões sociais, específicas no campo educacional. Nota-se  o crescente esforço ao longo de décadas, em compreender qual a concepção de criança  do passado e quem são as crianças do século XX? Análises, indicam que o conceito de  infância pode mudar historicamente de acordo com fatores determinantes sejam eles:  sociais, culturais, políticos e econômicos. Em 1970, foi realizado um estudo sobre a  história social da criança onde o historiador francês Philippe Ariés publicou ao fazer  uma análise sobre a noção de infância na sociedade moderna. Além de Ariés, outra  contribuição valiosa é do francês Bernard Charlot da mesma década, Nascimento  (2006) expõe que esse estudo possibilitou rever. 

A concepção de criança na visão de Cordi, “a criança é considerada um ser único  e completo, ao mesmo tempo que continua a crescer e a se desenvolver. Desde que  nasce ela já é capaz de interagir com os meios natural, social e cultural” (2018, p.6). A  criança, há tempo, deixou de ser considerada um adulto em miniatura. Agora é olhada,  reconhecida, um ser especial e com especificidades de tratamento desde o útero  materno até atingir a sua autonomia social e intelectual (RIBEIRO, SILVA, LIMA,  2019, p.15). 

De acordo com o Parecer nº 9 (2009) “A visão de criança: o sujeito do processo  de educação. A criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de  direitos que se desenvolve nas interações, relações e práticas cotidianas […]. Esse olhar  é importante, pois, vê que a criança não é um “adulto em miniatura” e que o educador  ao planejar as aulas, as ações serão voltadas para os pequenos. Sobre isso defendia  Rousseau, a criança se desloca para o centro da aprendizagem (ARANHA, 2012,  p.454), à interação da criança com seus pares é prioritário à sua formação “Nessas  condições ela faz amizades, brinca com água ou terra, faz-de-conta, deseja, aprende,  observa, conversa, experimenta, questiona, constrói sentidos sobre o mundo e suas  identidades pessoal e coletiva, produzindo cultura” (PARECER, 2009, p. 6). Na escola  a criança tem oportunidade de se desenvolver em distintos aspectos: pessoal, social e  cultural, porque quando brinca estabelece relações com o outro e assim aprende com  o outro. Nesse sentido, concorda Kramer que as “Crianças são sujeitos sociais e  históricos, marcadas, portanto, pelas contradições das sociedades em que estão inseridas […] crianças são cidadãs, pessoas detentoras de direitos, que produzem  cultura e são nela produzidas (KRAMER, 2006, p. 15). 

Sabe-se que as experiências trazem muitos benefícios, “Além disso, as crianças  apresentam características de acordo com suas experiências, sua etapa de  desenvolvimento e seu processo de crescimento” (CORDI, 2018, p.6). 

A educação infantil na cidade de Manaus 

No município de Manaus, estado do Amazonas, o ensino destinado às crianças  é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) com início em  1970, através da Lei nº 1.94, de 21 de outubro de 1970. Com atendimento de 231  (duzentas e trinta e uma) crianças na pré-escola no ano de 1978. Posteriormente, a  Secretaria de educação passou por atualização no ano de 1989. Obedecendo o  cumprimento da legislação em 1990, preocupou-se em construir uma proposta  curricular específica para o ensino infantil conforme orientações oriundas do  Ministério da Educação e dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997). A Proposta  Pedagógico- Curricular de Educação Infantil (2016) foi um documento construído em  2012 com a participação de professores, pedagogos e a comunidade escolar  (MANAUS, 2016, p. 9-10). 

O funcionamento da Educação Infantil da Rede Pública Municipal de Ensino  de Manaus. Amparado pela Resolução N. 018/CME/2015, de 27/07/2015, define os  objetivos da educação infantil, art.3º: 

A Educação Infantil da Rede Pública Municipal de Ensino de Manaus, tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança até 5 (cinco) anos e 11 (onze) meses de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, garantindo a indissociabilidade do cuidar/educar, complementando a ação da família e da comunidade e respeitando os princípios éticos, políticos e estéticos. 

A responsabilidade em ofertar Educação Infantil é do município, “definida na  Constituição Federal de 1988, conforme prevê o artigo 211, parágrafo segundo que  determina que “os municípios atuarão prioritariamente na educação infantil e ensino  fundamental”. Segundo consta na Resolução N. 009/CME/2015 de 18.06.2015, art. 3º  Resolução N.038/CME/2015, Art. 12º A educação infantil, primeira etapa da educação  básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco)  anos e 11 (onze) meses de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e  social, complementando a ação da família e da comunidade. A Resolução e a proposta  pedagógica curricular tratam da organização da educação infantil, traz a estruturação  do ensino específico para as crianças. Para aperfeiçoamento da pré-escola, metas são  elaboradas no Plano Municipal de Educação do Município de Manaus- PME, Lei Nº  2.000, de 24 de junho de 2015. Meta 1: Universalizar, até 2016, a educação infantil na  pré-escola para as crianças de quatro a cinco anos de idade e ampliar a oferta de  educação infantil em creches, de forma a atender, no mínimo, cinquenta por cento das  crianças de até três anos até o fim da vigência deste PME 

O Plano Municipal de Educação de Manaus-PME (MANAUS, 2015) está em  conformidade com o Plano Nacional de Educação- PNE (2014-2024). Quando se  refere a universalização da educação na fase da pré-escola até 2016. A meta não foi  alcançada de acordo com o Censo da Educação Básica o total de matrículas em 2016,  85,7%.

Ressalta-se que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica,  apresenta peculiaridades destinadas ao público infantil, faz-se necessário cultivar essas  características (PNE, 2014-2024; Resolução N. 038, 2015; PME, 2015). A Resolução  (2015), apresenta os Objetivos da Educação Infantil art. 4º: I Garantir à criança […]  acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e  aprendizagens de diferentes linguagens, II- […] desenvolvimento integral da criança  em seus diversos aspectos; III- ampliar experiências[…]; IV- Fortalecer o  acompanhamento e monitoramento do acesso e permanência das crianças na Educação  Infantil […]; V- Oferecer às crianças um ambiente propício ao seu bem-estar, sua  dignidade[…]. A instituição de ensino destinada à educação infantil, um ambiente  público, local em que os vínculos entre a família, professores e demais profissionais  da educação são estabelecidos através das relações de respeito e confiança para a construção de uma sociedade democrática. Ainda nesse contexto, a Constituição  Federal (1988), art. 206. Afirma que o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: VI- gestão democrática do ensino público; VII- garantia de padrão de  qualidade. 

O ambiente educativo tem o propósito de respeitar os direitos inerentes às  crianças, quando desempenha as ações de cuidar e educar de modo inseparável.  Concernente a isso, refere o Plano Nacional de Educação, apresenta estratégia: 

[…] preservar as especificidades da educação infantil na organização  das redes escolares, garantindo o atendimento da criança de zero a cinco anos em estabelecimentos que atendam a parâmetros nacionais de qualidade, e a articulação com a etapa escolar seguinte […]. (PNE, 2014-2024, p. 44). 

O espaço físico e a organização podem influenciar crianças e professores Cordi  (2018), os espaços explorados pelas crianças devem promover “liberdade de  movimento, segurança e possibilidade de socialização”. Defende a autora, que esses  espaços sejam transformados em ambientes de aprendizagem, “a organização do  espaço escolar como recurso físico que promova distintas aprendizagens às crianças  da Educação infantil”. 

A fase da pré-escola possibilita as interações com seus pares, as brincadeiras  fazem parte do contexto escolar, esses enfoques são relevantes à aprendizagem infantil. Contudo, para que o processo ocorra com aproveitamento o espaço escolar é um dos  fatores que precisam ser referidos, (PME, 2015), aplicar a proposta da educação  infantil, considerando a ressalva da Resolução 008/2010/CME, que limita a, no  máximo, vinte crianças por sala de aula da pré-escola. Sobre a quantidade de crianças  por sala, também consta no Regimento Geral das Unidades de Ensino da Rede pública  Municipal de Manaus. A proposta curricular configura-se como instrumento de uso  obrigatório durante o planejamento, dá ao educador o suporte teórico e prático sobre  quais ações pedagógicas podem ser realizadas no espaço escolar e que promovem  aprendizagens. (MANAUS, 2016). 

A sistematização do ensino infantil e as metodologias a serem usadas precisam  estar em concordância com a proposta curricular, o educador ao realizar o  planejamento precisa utilizar a proposta pedagógica e o Referencial Curricular Amazonense-RCA (2019) que dão suporte teórico, direciona à prática pedagógica. O  RCA segundo a Secretaria Municipal de Educação, é um documento “elaborado de  forma sistêmica e colaborativa por uma comissão composta por mais de 120 profissionais da educação, representantes de professores, pedagogos, gestores,  assessores, formadores e técnicos”: 

Este documento fundamenta-se na Constituição Federal (CF/1988), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), no Plano Nacional de Educação (PNE/2014), na Base Nacional Comum Curricular (BNCC/2017), no Referencial Curricular Amazonense (RCA) e na Proposta Curricular vigente, valorizando e respeitando o multiculturalismo e a diversidade existente em nosso município. (MANAUS, 2019, p. 5). 

A estruturação do RCA (2019) tem como base a lei vigente no país e os demais  suportes teóricos que reforçam as políticas públicas, a prática docente em prol de uma  educação de qualidade. 

Fator externo que interfere na educação infantil pré-escolar: as políticas públicas/família 

A educação infantil é mantida por verbas públicas através da aplicação das  políticas educacionais no ensino das crianças por meio do FUNDEB instituído pelo  Decreto nº 6.253, de 13/11/2007, estabelece, o Fundo de Manutenção e  Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação  (FUNDEB). Outro fator que interfere na educação escolar das crianças da pré-escola é  a participação da família como aliada da instituição escolar, pois a ação efetiva familiar  na aprendizagem da criança é determinante para o sucesso no ensino. A abrangência  ao acesso da criança à pré-escola possibilita à família a participação na vida escolar de  seus filhos, com a responsabilidade de acompanhar as crianças e ajudar nas atividades  escolares. O Plano Nacional de Educação- PNE (2014-2024), o PNE serve, “para  garantir que a educação seja um direito de todos os brasileiros, desde a infância e ao  longo de toda a vida”. Tanto as políticas públicas como a família podem influenciar no  ambiente escolar. 

Fator interno que interfere na educação infantil pré-escolar: aprendizagem da criança e a metodologia de ensino 

O currículo da educação infantil é específico para a faixa etária das crianças,  pois, sabe-se que o aperfeiçoamento da aprendizagem da criança da pré-escola  acontece na fase da educação infantil, pois, a criança cresce e desenvolve-se em vários  aspectos, de acordo com a proposta curricular (2016) “A criança aprende a partir das  experiências vivenciadas, é desta forma que se inicia o processo de comunicação, a  expressão de sentimentos, pensamentos, ações, emoções dando vida e significado  através dos gestos e posturas corporais adquiridas” (MANAUS, 2016, p. 49). Compreende-se que a criança está em amadurecimento com grande interesse por novas  aprendizagens, logo, cabe ao educador possibilitar através das experiências momentos  significativos que despertem curiosidade pelos conteúdos ministrados com ludicidade. 

As Diretrizes Curriculares Nacionais- DCNEI, em seu Art. 9º, ressalta sobre as  práticas pedagógicas legitimadas em experiências, dentro dos eixos norteadores de  interações e brincadeiras. O professor ao oportunizar “situações de aprendizagem”  contribui para o aperfeiçoamento da autonomia das crianças. As DCNEIs (2009) e a  proposta sugestiona ao educador que no âmbito escolar aconteça a aprendizagem  através do “contexto significativo” com uso dos recursos midiáticos, tecnológicos  como o uso dos computadores e data show no ensino infantil. O currículo da educação  infantil deve estar em consonância com a Base Nacional Comum Curricular-BNCC (2017) e o Currículo Escolar Municipal- CEM (2020). A BNCC sistematiza os campos  de experiência: O eu, o outro e o nós; corpo, gestos e movimentos, traços, sons, cores  e formas; oralidade e escrita; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.  (BRASIL, 2017a, p.36-38). Os campos de experiência da BNCC devem ser vistos e  estruturados num “arranjo curricular” para tenha uma relação mútua entre os direitos  e objetivos de aprendizagem da criança de 0 a 5 anos CEM (2020, p.100) 

O Referencial Curricular para educação infantil- RCNEI (1998); (Gadotti, 2003;  Borba e Goulart, 2006; Parecer, 2009; Navarro, 2009), a proposta para a educação  infantil (2016), (Reis e Prado, 2017; Frota e Sousa, 2017; Batista, 2018), a revista Nova  Escola dá sugestões de atividades que são fundamentais para as crianças de 5 anos: 

– Preparar o ambiente: a sala de referência pode ser uma estratégia para atrair a  atenção das crianças para os “espaços diferenciados”, como o cantinho do salão de  beleza, ou então o dia de montar a barraca “cabana” dentro da sala. 

– Ambientação letrada, condição propícia para a aprendizagem ao disponibilizar  livros, revistas, imagens e outros materiais de leitura, para que as crianças possam  manuseá-los sem ajuda de adultos. As experiências aperfeiçoam a oralidade e  posteriormente à escrita. RCNEI (1998, p.15) Quanto mais rico e desafiador for esse  ambiente, mais ele lhes possibilitará a ampliação de conhecimentos acerca de si  mesmos, dos outros e do meio em que vivem. Diante disso, nota-se que as  metodologias de ensino são diversas no contexto da modernidade o “computador pode  ser um aliado no processo educativo dos alunos. Ele pode se tornar um catalisador de  mudanças, contribuindo com uma nova forma de aprender. Por meio dele, cria-se a possibilidade de o aluno aprender “brincando”, construindo seu próprio conhecimento  […]. (MATTEI ,2011, p. 3). 

As parlendas servem como fórmula de escolha numa brincadeira, como trava línguas etc., como os seguintes exemplos: “Rei, capitão, soldado, ladrão, moço bonito  do meu coração…”; “Lá em cima do piano tem um copo de veneno, quem bebeu  morreu, o azar foi seu…” (RCNEI, 1998, p.71). 

– O desenvolvimento da linguagem escrita, RCNEI (1998, p. 121), pesquisas na  área da linguagem tendem a reconhecer que o processo de letramento está associado  tanto à construção do discurso oral como do discurso escrito. Sabe-se que as crianças  antes de irem à escola, estão em contato com a linguagem escrita através dos distintos  portadores de texto, embalagens de produtos que consomem na alimentação e utilizam  na higiene pessoal, encartes de propaganda do supermercado, cartazes, placas de  ônibus. 

Nessa perspectiva, ressalta o RCA (2019, p.125) “O trabalho com a linguagem  escrita é muito mais abrangente do que a apresentação das letras do alfabeto ou  famílias silábicas”. De fato, o desenvolvimento da escrita não pode limitar-se à prática  de exercícios de pontilhados. “Aprender a ler e a escrever fazem parte de um longo  processo ligado à participação em práticas sociais de leitura e escrita” (RCNEI, 1998,  p. 123). A partir das práticas sociais que as crianças aprendem, o currículo escolar explica,  “A própria experiência leitora é o conteúdo mais importante na Educação Infantil. É  subjetiva, envolve emoção, imaginação, reflexão, ou seja, tudo o que diz respeito à  experiência humana”. O processo de aquisição da leitura em conformidade com a  proposta da SEMED, “Registrar as sílabas provenientes dos jogos que estimulam a  análise de sons, sempre dentro da palavra, pode ser um interessante recurso didático  para que as crianças percebam uma das principais características da linguagem humana”: que uma sílaba estará presente em inúmeras outras palavras. O “PA” DE  PALITO também aparece em PANELA, em PATA e em CAPA. (MANAUS, 2016,  p.74). 

Fator interno que interfere na educação infantil pré-escolar: o professor/formação continuada 

O professor é o profissional responsável pela educação dos alunos, mas, para  exercer com êxito a função de educador precisa estar fundamentado no conhecimento do  “ser” quanto ao aspecto filosófico que trata a antropologia. Para Knight (2002) “O  aspecto antropológico da metafísica é especialmente importante para educadores de  todas as ideologias. Afinal, eles lidam com seres humanos maleáveis em uma das fases  mais impressionáveis da vida.” 

Abordagens sobre a natureza e o potencial dos alunos repousam na base do  processo educacional. Todo educador deve, por necessidade, ter alguma concepção da  natureza do ser humano, de suas necessidades pessoais e sociais e da pessoa ideal. O  próprio propósito da educação, em todas as filosofias, está intrinsecamente relacionado  a tais concepções. Assim, considerações antropológicas são profundamente  identificadas com os objetivos e propósitos da educação. (KNIGHT, 2002, p. 34). O  professor para desenvolver o trabalho pedagógico precisa apropriar-se dos  conhecimentos filosóficos da antropologia para conhecer o aluno quanto às questões  sociais a fim de identificar suas habilidades e assim cumprir o objetivo educativo. O  educador dentro da instituição escolar desempenha a tarefa de ensinar, a etapa da  educação infantil o ensino é específico baseado nas experiências, educar e cuidar  juntos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação- LDB (93.94/96) no art. 62, ressalta  que o professor para trabalhar na educação básica, faz-se necessário ter cursado o  ensino superior como requisito da “formação mínima”: 

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal. (BRASIL,2019). 

A formação exigida na legislação é pertinente, pois, para desempenhar com  habilidade o exercício de profissional o educador precisa de formação acadêmica. A  preparação acadêmica é útil para desempenhar a prática educativa estar fundamentado  nos teóricos da educação que dão o suporte necessário para a práxis que é a junção  entre teoria e a prática. Para Pestalozzi, a formação pedagógica faz-se necessária e deveria ocorrer em espaços específicos, nos quais o professor precisa aprender os  métodos para ensinar melhor às crianças. (DURÃES, 2011, p. 468). A formação do  profissional da educação, é um processo formativo contínuo, mais abrangente. O  educador, segundo Feire, precisa aprender a cultivar vários saberes necessários à  prática educativa transformadora. (1996, p. 10). Ter formação ética é um aspecto  fundamental no exercício da profissão de educador. A formação continuada, descrita  na LDB, a Lei 9394/96, inciso I, art. 61 amplia as possibilidades de formação dos  profissionais da educação ao reconhecer a validade da alternativa de formação em  serviço. 

As Diretrizes norteiam a elaboração de políticas destinadas à capacitação  profissional dos que exercem o ensino ou fazem parte da equipe pedagógica da instituição. MANAUS (2016) […] as formações oferecidas aos profissionais da  educação da rede municipal de Manaus pela Divisão de Desenvolvimento Profissional  do Magistério – DDPM tem caráter de continuidade através de encontros presenciais  com módulos e oficinas distribuídos anualmente. (MANAUS, 2016, p.92). A  Secretaria Municipal de Educação- SEMED, realiza palestras e cursos que melhoram  a formação do professor. Entretanto, são palestras, seminários, socialização de práticas  e cursos de pouca duração. Acrescenta Passos […] existe a necessidade de uma  formação inicial e continuada que garanta uma atuação profissional conscienciosa e  do mesmo modo, inerente às diversas especificidades […], as quais refletem no desenvolvimento da criança como um todo. (2017, p. 40). 

O educador que desempenha atividade pedagógica na fase da pré-escola precisa  de formação ampla que atenda às peculiaridades do ensino infantil. A pesquisa revela  que muitos educadores só possuem graduação, que é a formação inicial, outros só com  curso de aperfeiçoamento ou pós-graduação (lato sensu) especialização, sendo a  minoria com pós-graduação (stricto sensu) mestrado. Talvez por falta de recursos  financeiros para prosseguir buscando formação de modo contínuo. 

METODOLOGIA 

O estudo foi realizado através da pesquisa mista: qualitativa e quantitativa por  estudo de caso, de natureza não experimental, pesquisa descritiva, exploratória pois,  ajuda na compreensão da realidade. A escolha da pesquisa mista foi importante para  conhecer a percepção do professor (a) sobre os fatores de influência no processo de  aprendizagem da educação infantil. Foi essencial buscar as fontes bibliográficas para  que fosse fundamentada a pesquisa tornando-a científica. A vantagem dessa pesquisa é porque trazem teorias e conceitos já comprovados pela ciência. E a pesquisa realizada  com os (as) professores (as) com aplicação do questionário ofereceram informações  pertinentes que contribuíram para entender o problema da pesquisa. As informações  tornaram dados que foram representados por gráficos e quadros para comprovar ou  não os questionamentos deste estudo. 

O enfoque adotado nesta investigação foi o enfoque misto, pois abrange a  pesquisa qualitativa e quantitativa. Para Souza (2018) “Para um melhor entendimento  sobre o método misto é importante descrever, ainda que de forma concisa, sobre as  bases e características das duas abordagens metodológicas integrantes.” A pesquisa do  tipo descritivo, apresenta uma descrição fiel e precisa de dado, objeto ou fenômeno,  que é de interesse da Ciência e da sociedade (DIESEL e SOUZA, 2008, p. 58). Na  percepção de Gil (2002), a pesquisa descritiva apresenta como principal característica,  o uso de questionário e a observação como técnicas de coleta de dados. A população e  a amostra da pesquisa foram (as) professores (as) de uma escola municipal de educação  infantil de Manaus. O questionário foi elaborado com perguntas fechadas e abertas  (MARCONI e LAKATOS, 2003). A investigação seguiu os princípios éticos não  interferindo nos resultados. Santana (2016, p. 27), a ética está relacionada aos aspectos  práticos, do exercício em busca de uma conduta aceitável. 

Métodos e técnicas: a pesquisa estrutura-se nas bases do materialismo histórico dialético. O método para (Pereira et al., 2018). Método dialético – que penetra o mundo  dos fenômenos, através de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e  da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. Esse método compreende  a importância do contexto em que os fenômenos acontecem (p. 28). Análise dos  resultados: para categorizar os dados que posteriormente foram transformados em símbolo, ou seja, cada professor (a) representado com uma letra do alfabeto. Ficando  assim professores (as) a, b, c, d, e, f, g, h. Para facilitar na compreensão dos dados  obtidos. 

RESULTADOS 

Conforme os gráficos e a resposta dos questionários respondidos pelas professoras: 

1 Analisar os fatores sociais, culturais e ambientais externos à escola que  influenciam na educação infantil na etapa pré-escolar 

O fator externo que interfere no ambiente escolar: políticas públicas/família: 

Quadro.1 Pesquisa com as professoras

 Fonte: pesquisa, 2021.

Quadro.2 Pesquisa com as professoras

Fonte: pesquisa, 2021.

Quadro.3 Pesquisa com as professoras

Fonte: pesquisa, 2021.

Sobre as matrículas no ano de 2019 no município de Manaus no Estado do  Amazonas cresceram de modo gradativo, falta ampliação de vagas para que as crianças  tenham acesso à educação infantil seja em creches ou em pré-escola, sabe-se que é um  direito presente na Constituição Federal (1988) e no Estatuto da Criança e do  Adolescente- ECA (1990), conforme o gráfico. 1 abaixo: 

Gráfico. 1 Quantitativo de matrículas

Fonte: DEED/INEP, 2019. 

O gráfico.1 Mostra o quantitativo de matrículas na cidade de Manaus. No  período de 2016 a 2019 as matrículas aumentaram 2,4%. A meta não foi alcançada. 

2.Descobrir os fatores internos da escola que interferem na educação infantil pré escolar: a aprendizagem e a metodologia de ensino 

Quadro.4 Pesquisa com as professoras

Fonte: pesquisa, 2021.

Quadro.5 Pesquisa com as professoras

Fonte: pesquisa, 2021.

Quadro.6 Pesquisa com as professoras 

Fonte: pesquisa, 2021

O fator interno da escola que interfere na educação infantil pré-escolar: O professor e a formação continuada

Gráfico.2 Formação continuada dos (as) professores (as) no Brasil

Fonte: DEED/INEP, 2019. 

Gráfico.2 mostra o quantitativo de professores com pós-graduação em 2019 no  Brasil fazendo comparação tem um acréscimo de 2,8% com relação ao Mestrado. De 2015 até 2019 aumentou somente 7,6% aos professores com pós-graduação, enquanto o  curso de mestrado aumentou apenas 5,20%. 

Quanto à atuação/formação do (a) professor (a): o professor para desenvolver o  trabalho pedagógico precisa de condições básicas como a formação acadêmica e a  formação continuada. Conforme a opinião das professoras, de acordo com gráfico.3  abaixo: 

 Gráfico.3 Nível de formação das participantes da pesquisa

Fonte: pesquisa 2021.

Resultado: De acordo com o gráfico.3 todas professoras só têm graduação e  especialização. Nenhuma professora tem formação em mestrado ou doutorado. 

3 Discriminar os fatores que beneficiam e os que dificultam na educação infantil  pré-escolar, na percepção dos professores 

Quadro.7 Pesquisa com as professoras 

Fonte: pesquisa, 2021. 

CONCLUSÃO 

O presente estudo possibilitou compreender o contexto histórico da educação  sob várias perspectivas das teorias que fundamentam a prática pedagógica.  Comprovou-se que as políticas públicas são importantes para o bom funcionamento  da pré-escola, a efetivação das políticas públicas destinadas à educação infantil faz  cumprir os direitos das crianças. A pesquisa mostrou que as matrículas estão abaixo do  previsto no Plano Nacional de Educação, a meta 1 sobre a universalização do ensino  não foi alcançada, precisa aumentar o quantitativo de matrículas. Na percepção das  participantes precisa de maior acesso à pré-escola para todas as crianças, ainda falta  política pública para esse seguimento, que o professor seja valorizado com melhores  salários. O fator interno que interfere na aprendizagem: a estrutura física da escola com  sala de aula ampla, laboratório de informática, materiais pedagógicos, o currículo e a  atuação do professor. Segundo a pesquisa, a estrutura da pré-escola está em boas  condições de uso, mas falta computadores para o ensino com uso das mídias, o material  pedagógico e brinquedos disponibilizados é insuficiente para desenvolver um trabalho  de excelência.  

Quanto ao currículo está de acordo com as Diretrizes curriculares com foco nas  experiências alinhado à BNCC. A metodologia de ensino é importante, o professor ao  oportunizar “situações de aprendizagem” contribui para elaboração da autonomia das  crianças. O fator interno da escola que interfere na educação infantil pré-escolar: O  professor e a formação continuada: todas as participantes têm graduação e pós graduação, entretanto, nenhuma professora com formação de Mestrado e Doutorado. Os fatores que beneficiam a educação infantil pré-escolar: a estrutura física da escola  com salas em boas condições de atendimento, materiais pedagógicos, recursos  tecnológicos e a participação da família no acompanhamento dos filhos. 

Os fatores que dificultam a educação infantil pré-escolar: a falta de políticas  públicas para esse seguimento, o número superior de crianças na sala de referência em  contradição ao que está previsto em lei. Além dessa questão vale destacar a falta de  brinquedos adequados para a realização de jogos e brincadeiras como preconiza as  diretrizes curriculares, pois, tem como eixo as interações e a brincadeira. Portanto,  conclui-se que a educação infantil tem progredido, entretanto alguns entraves ainda  precisam ser superados para termos uma educação de qualidade. 

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