FATORES ASSOCIADOS A HIPERTENSÃO ARTERIAL EM IDOSOS

UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7259399


Andréia Cristina da Silva Ribeiro


RESUMO 

Introdução: O processo de envelhecimento é uma realidade mundial, sendo que no Brasil o número de idosos é de, aproximadamente, 21 milhões e representa cerca de 11,3% da população. As mudanças na composição etária da população têm sido acompanhadas por alterações nas causas de morbimortalidade, com destaque para a presença de doenças crônicas entre os idosos. Entre as morbidades prevalentes, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) acomete cerca de 50% das pessoas idosas. Objetivo: Analisar as produções técnicas cientificas acerca dos os fatores associados  a hipertensão arterial em idosos  no período de 2006 a 2016. Método: Trata- se de estudo de revisão integrativa da literatura realizada nos bancos de dados da Biblioteca Virtual em Saúde e na Scientific Eletronic Library Online, com descritores controlados em saúde, nos idiomas português e inglês, combinados com operador booleano AND. Resultados e discussão: A análise dos dados permitiu a identificação de duas categorias que norteiam os estudos: Práticas de controle da hipertensão arterial em idosos e a Importância da atenção básica na adesão ao tratamento de idosos com hipertensão arterial. Conclusão: A HAS apresentou alta prevalência nos idosos, sendo maior em determinados subgrupos: mulheres, baixa escolaridade e não brancos. Dentre os fatores de risco mais comuns, destacaram-se o sedentarismo, o sobrepeso e a obesidade abdominal. As complicações mais frequentes identificadas nos idosos foram o acidente vascular cerebral, problemas visuais e a doença renal. A adoção de medidas não farmacológicas e terapêuticas eficientes são importante recurso para controle e prevenção da hipertensão, além da identificação precoce dos casos e o estabelecimento do vínculo entre os portadores e a atenção básica para o sucesso do controle desses agravos. 

ABSTRACT 

Introduction: The aging process is a worldwide reality, and in Brazil the number of elderly people is approximately 21 million and represents about 11.3% of the population. The changes in the age composition of the population have been accompanied by changes in the causes of morbidity and mortality, with emphasis on the presence of chronic diseases among the elderly. Among the prevalent morbidities, systemic arterial hypertension (SAH) affects about 50% of the elderly. 

Objective:  To analyze the scientific technical productions about the factors associated with arterial hypertension in the elderly from 2006 to 2016. Method:  This is an integrative review of the literature carried out in the databases of the Virtual Health Library and the Scientific Eletronic Library Online, with controlled health descriptors in the Portuguese and English languages, combined with the Boolean operator AND. Results and discussion: Data analysis Allowed the identification of two categories that guide the studies: Practices of control of the arterial hypertension in the elderly and the Importance of the basic attention in the adhesion to the treatment of the elderly with arterial hypertension. Conclusion:  The HAS presented a high prevalence in the elderly, being higher in certain subgroups: women, low schooling and nonwhites. Among the most common risk factors were sedentary lifestyle, overweight and abdominal obesity. The most frequent complications identified in the elderly were stroke, visual problems and renal disease. The adoption of efficient non-pharmacological and therapeutic measures is an important resource for the control and prevention of hypertension, as well as the early identification of cases and the establishment of the link between the patients and the basic care for the success of the control of these diseases. 

KEYWORDS: hypertension, elderly, and risk factors. 

1.INTRODUÇÃO 

O processo de envelhecimento é uma realidade mundial, sendo que no Brasil o número de idosos é de, aproximadamente, 21 milhões e representa cerca de 11,3% da população. As mudanças na composição etária da população têm sido acompanhadas por alterações nas causas de morbimortalidade, com destaque para a presença de doenças crônicas entre os idosos. Entre as morbidades prevalentes, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) acomete cerca de 50% das pessoas com 60 anos ou mais1. 

O perfil de saúde da população brasileira no contexto da transição epidemiológica foi retratado e vários autores mostraram que as doenças crônicas não transmissíveis foram responsáveis por 66,3% da carga de doença no país, enquanto as infecciosas somaram 23,5% e as causas externas, 10,2% 2. 

A HAS é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, pois nos últimos 20 anos mostrou prevalência superior a 30%, e no período de 2003 a 2008, 44 estudos em 35 países revelaram uma prevalência global de 37,8% em homens e 32,1% em mulheres. Além disso, a HAS é fator de risco para doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e insuficiência renal crônica, sendo causadora de 40% das mortes por acidente vascular cerebral (AVC), 25% das o diabetes, representa 62,1% do diagnóstico primário de pessoas submetidas à diálise 3. 

A HAS ocorre quando o sangue circula com alta pressão nos vasos – igual ou acima de 140x90mmHg. Seu desenvolvimento é multifatorial; dentre os fatores, estão: idade, sexo, etnia, sobrepeso/obesidade, ingesta de sal, ingesta de álcool, sedentarismo, fatores socioeconômicos e genética 3. 

Vários estudos e pesquisas científicas mostraram como alguns fatores, inclusive hábitos de vida ou co-morbidades, podem contribuir para o aparecimento de hipertensão em idosos, e afirma que foi estabelecida uma ligação entre estilo de vida sedentário, tabagismo, consumo de álcool, diabetes mellitus, obesidade e hipercolesterolemia com elevados valores para a pressão arterial. Todos esses fatores contribuem para o fato de 65% a 70% dos indivíduos com 60 anos de idade ou mais sofrerem dessa síndrome de origem multifatorial, criando a possibilidade de anormalidades cardiovasculares e metabólicas que podem levar a alterações funcionais e/ou estruturais em diversos órgãos, principalmente no coração, cérebro, rins e vasos periféricos 2. 

A presença de uma equipe multidisciplinar contribui de forma eficaz na adesão ao tratamento. Dessa forma, é de extrema importância a atuação de uma equipe em busca da prevenção de complicações em pacientes hipertensos. Cabe aos profissionais estarem devidamente orientados sobre as características da doença assim como as formas de tratamento, visando melhor domínio sobre a doença 4. 

Diante do contexto apresentado, o objetivo do estudo é analisar as produções técnicas cientificas acerca dos os fatores associados a hipertensão arterial em idosos no período de 2006 a 2016. 

2.MATERIAL E MÉTODOS 

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que visa analisar as produções técnicas cientificas acerca dos fatores associados a hipertensão arterial em idosos no período de 2006 a 2016. O referido método permite atualizar os conhecimentos relacionados sobe essa temática, a partir da síntese de estudos publicados. O desenvolvimento desse estudo seguiu as seguintes etapas: identificação do tema e elaboração da questão norteadora, definição dos critérios de inclusão e exclusão, pesquisa no banco de dados, avaliação dos estudos incluídos na pesquisa; análise e interpretação dos estudos e apresentação da revisão 5.  

Para guiar a pesquisa, formulou-se a seguinte questão norteadora: O que foi produzido na literatura acerca dos fatores associados a hipertensão arterial em idosos no período de 2006 a 2016? 

Realizou-se a busca das publicações nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e na Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), nos meses de abril e maio de 2017. Utilizaram-se os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DECS): hipertensão, idoso e fatores de risco, combinados com o operador booleano AND, resultando na expressão (tw:(hipertensão)) AND (tw:(idoso)) AND (tw:(fatores de risco)). 

Foram incluídos na amostra artigos na integra publicados em português e inglês disponíveis gratuitamente, que atendesse a temática da pesquisa, foram excluídos os artigos do tipo revisão de literatura e editoriais. Após a seleção dos artigos realizou-se a leitura dos mesmos na integra para verificar se atendiam aos critérios de inclusão e exclusão a fim de delimitar quais realmente fariam parte da pesquisa.  

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

 Inicialmente, na etapa de levantamento das publicações encontramos 175 estudos relacionados aos descritores utilizados. Ao refinarmos mediante uso dos critérios de inclusão e exclusão restaram 10 estudos foram identificados e incluídos na pesquisa, conforme pode ser observado no fluxograma (Figura 1).  

Figura 1: Fluxograma de seleção dos estudos na revisão integrativa da literatura – São Luís, MA, 2017. 

Quanto ao ano de publicação dos artigos selecionados identificou-se maior número no ano de 2013 com 05 artigos, ao analisar a metodologia abordada todos os artigos utilizaram a metodologia quantitativa. Destaca-se que a maioria das publicações foram do caderno de saúde pública, com o total de 03 artigos. O Quadro 1 sumariza os dados acima descritos. 

Quadro 1. Descrição dos estudos incluídos na revisão de acordo o periódico, ano de publicação, titulo do artigo e tipo de estudo. 

PERIODICO/ANO/ AUTORIA  TITULO/TIPO DE ESTUDO OBJETIVORESULTADOS CONCLUSÃO 
Cad. Saúde Pública 2006 Zaitune MPA, Barros  MPA, César CLG, Carandina L, Goldbaum  M. Hipertensão arterial em idosos: prevalência, fatores associados e práticas de controle no Município de Campinas, São Paulo, Brasil.  Estudo transversal Avaliar a prevalência da HÁ referida em idosos de Campinas, SP, identificando os fatores associados, o uso de serviços de saúde e o conhecimento e as práticas quanto às opções do tratamento.A prevalência de hipertensão foi de 51,8% (46,4% nos homens e 55,9% nas mulheres) e mostrou-se mais elevada em idosos: com menor escolaridade (55,9%), migrantes de outros estados (60,2%) e com sobrepeso ou obesidade (57,2%). Persistem, no entanto, desigualdades sociais quanto ao conhecimento e utilização de outras práticas de controle da PA, como dieta adequada e atividade física, que são insuficientemente utilizadas também pelos segmentos socialmente mais favorecidos. 
Rev Enferm UFPE 2011 FariasDAA,  Neves PM,  Brito GEG. Hipertensão arterial em idosos no âmbito da atenção a saúde.  Estudo transversal   Traçar o perfil dos idosos hipertensos cadastrados/acompa nhados no âmbito da atenção básica de saúde. Foram encontrados registros de 7156 idosos hipertensos , destes 68,4% são do sexo feminino .Quanto aos fatores associados, 49% apresentaram sobrepeso, 51% eram sedentários e 15,9% tabagistas. Faz-se necessário incentivar e implementar políticas públicas voltadas a essa população, enfatizando a prevenção e valorizando os serviços de Atenção Básica. 
Cad. Saúde Pública 2013 Zattar LC, Boing AF , Giehl MWC, D’Orsi C.  Prevalência e fatores associados à PA elevada, seu conhecimento e tratamento em idosos no sul do Brasil .  Estudo transversal  Estimar a prevalência e investigar os fatores associados à pressão arterial elevada, seu conhecimento e tratamento em idosos de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Foram entrevistados 1.705 idosos. Desses, 84,6% apresentaram hipertensão, 77,5% estavam cientes da doença e 79,1% a tratavam. A prevalência associou-se à dependência funcional e idade e IMC elevados.  É preciso considerar a desigual distribuição da pressão arterial elevada na população, direcionando-se ações de prevenção, diagnóstico e garantia de tratamento. 
Rev. Bras. Geriatr. Gerontol 2013  Esperandio EM, Martins MAS, Guimarães LV, Lopes ALL, Scala LCN. Prevalência e fatores associados à hipertensão arterial em idosos de municípios da Amazônia Legal, MT  Estudo transversal Analisar as características epidemiológicas da HA e os fatores associados na população idosa residente nos municípios da Amazônia Legal no Estado de MG . . A prevalência da hipertensão foi de 67,4%.  Entre os idosos, observou-se que 78,3% tinham conhecimento de sua condição de hipertenso; destes, 97,7% estavam em tratamento. A alta prevalência da hipertensão, a associação a fatores de risco, reforçam a necessidade de implementar políticas públicas, visando a ações de prevenção, controle e promoção da saúde da população idosa. 
Cienc Cuid Saude 2013 Tavares DMS, Marques ALN, Ferreira CS, Martins NPF, Dias FA. Fatores associados à hipertensão arterial sistêmica e ao diabetes mellitus em idosos rurais  Estudo analítico e transversal Descrever as características socioeconômicas, de saúde e hábitos nutricionais de idosos com HAS e DM e identificar os fatores associados à presença destas morbidades, entre idosos da zona rural de UberabaMG. As morbidades prevalentes foram: problemas de visão, de circulação, cardíacos e obesidade. O sexo feminino e o excesso de peso permaneceram como preditores da hipertensão arterial sistêmica e do diabetes mellitus; o consumo de álcool e o tabagismo apresentaramse como fatores protetores. Ressalta-se a necessidade de ações em saúde no espaço rural, visando à promoção da saúde e a prevenção de agravos entre esses idosos. 
Rev Bras Epidemiol 2013  Filho AIL, Firmo JOA, Elizabeth,  Uchôa E, Costa MFL, Fatores associados à autoavaliação negativa da saúde entre idosos hipertensos e/ou diabéticos:  resultados do projeto Bambuí  Estudo longitudinal Investigar os fatores associados a auto avaliação negativa da saúde entre idosos hipertensos e/ou diabéticos. A pior auto avaliação da saúde apresentou-se positivamente associada a insatisfação com as relações a   ser tabagista, presença de artrite , sintomas depressivos e insônia. Nossos resultados confirmaram o caráter multidimensional da auto avaliação da saúde e apresentaram- se consistentes com o observado em outros estudos nacionais e internacionais. 
Cad. Saúde Pública 2013  Mendes TAB, Goldbaum M, Fatores associados à prevalência de hipertensão e medidas de controle entre idosos Analisar a prevalência de hipertensão e práticas de controle em idosos. As variáveis associadas à hipertensão foram auto percepção de saúde, consumo de álcool, sexo e hospitalização no último As três medidas mais adotadas para o controle da hipertensão, embora pouco  praticadas, são tomar medicação oral de rotina, 
Segri NJ, Barros MBA , César CLG, Carandina  L. residentes no Município de São Paulo, Brasil  Inquérito transversal  ano, independentemente da idade.   dieta sem sal e atividade física.  
Rev Bras Promoç Saúde 2014 Andrade AO, Aguiar MIF, Almeida PC, Chaves ES, Araújo NVSS, Neto JBF, Prevalência da hipertensão arterial e fatores associados em idosos  Estudo descritivo Investigar a prevalência de HAS em idosos e verificar perfil sociodemográfico, fatores de risco e complicações dos idosos identificados com hipertensão. A prevalência da hipertensão entre os idosos foi de 51,4%.Destes, 63,7% eram do sexo feminino; 64,6%%, sedentários; 52,2%  tinham sobrepeso; 53,1%, obesidade abdominal; 29,2%  eram diabéticos; 17,7% apresentavam comorbidades e complicações. A HAS apresentou alta prevalência nos idosos investigados, sendo maior em determinados subgrupos: mulheres, baixa escolaridade e não brancos. Dentre os fatores de risco mais comuns, destacaram-se o sedentarismo, o sobrepeso e a obesidade abdominal. 
Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada 2014 Silva LFRS, Marino JMR, Guidoni CM, Girotto E.  Fatores associados à adesão ao tratamento antihipertensivo por idosos na atenção primária  Estudo  transversal Determinar a adesão ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados em idosos hipertensos  cadastrados em uma Unidade de Saúde da Família, LondrinaPR. Dos 117 idosos investigados, 54,7% foram identificados como aderentes ao tratamento anti-hipertensivo e 61,4% apresentaram pressão arterial controlada. A média de medicamentos anti-hipertensivos utilizados foi de 1,97, destacando-se hidroclorotiazida (30,8%), enalapril (24,8%) e captopril (14,5%).   Os resultados observados indicam moderada adesão ao tratamento anti-hipertensivo e ao controle pressórico. Além disso, detectou-se que as variáveis socioeconômicas e demográficas mostraram-se mais fortemente associadas à adesão e controle pressórico. 
Internacional Journal of Cardiovascular Sciences 2015 Nunes TM, Martins AM, Manoel AL, Trevisol DJ, Trevisol FST.  Hipertensão arterial sistêmica em idosos do município de Tubarão, SC  Brasil: estudo populacional   Estudo transversal Estimar a prevalência de hipertensão arterial sistêmica e os fatores associados em idosos residentes no município de Tubarão, SC, Brasil. Foram entrevistados 805 idosos dos quais (86,8%) considerados hipertensos. Destes, 56,2% apresentaram HAS isolada.  As variáveis estatisticamente significativas foram idade, etnia, obesidade e história familiar de HAS. A prevalência da hipertensão arterial em idosos foi superior à encontrada em pesquisas realizadas anteriormente na cidade de Tubarão, SC. Os fatores associados à HAS foram: idade avançada, etnia não branca, presença de obesidade e história familiar positiva. 
Fonte: SCIELO e BVS (2006 a 2016). 

De acordo com a descrição dos estudos obtidos para revisão, nota-se que nos últimos anos a temática em estudo tem sido discutida em torno das práticas de controle e da importância da atenção básica na adesão ao tratamento de idosos  com hipertensão arterial. Para melhor representa-las, estas considerações serão discutidas em forma de categorias descritas abaixo: 

Práticas de controle da hipertensão arterial em idosos 

Dentro dessa categoria foram incluídos artigos relacionados as práticas de controle da hipertensão arterial em idosos, compreende-se inicialmente que embora seja apontado que doenças e limitações não são resultados inevitáveis do envelhecimento, existem amplas evidências de que alterações próprias do envelhecimento tornam o indivíduo mais propenso ao desenvolvimento de HAS, sendo esta a principal doença crônica nessa população. Estima-se que no Brasil mais de 60% dos idosos sejam hipertensos. Nesse contexto, a HAS, além de ser um dos principais fatores de risco para a mortalidade nessa faixa etária, também causa prejuízo à qualidade de vida, fato que muitas vezes retira o valor da longevidade conquistada 6. 

No idoso há o desenvolvimento do processo aterosclerótico que acomete artérias e arteríolas, diminuindo a elasticidade das mesmas. Com isso ocorre rigidez da parede dos vasos que tende a aumentar a pressão arterial, principalmente a sistólica. Consequentemente, com a instalação da hipertensão arterial, há aumento do risco de comorbidades como infarto agudo do miocárdio, insuficiência renal crônica e acidente vascular encefálico 7. 

A partir das análises feitas pelos estudos selecionados observou-se que o controle e adequado manejo da pressão arterial elevada e de suas consequências é imprescindível a identificação e acompanhamento dos hipertensos pelos serviços de saúde, pois tratamentos farmacológicos e não farmacológicos são capazes de melhorar significativamente o prognóstico da doença e a qualidade de vida das pessoas. Um dos determinantes para a busca dessas medidas terapêuticas é o próprio conhecimento da condição de hipertenso; no entanto, em muitos casos, esse diagnóstico precoce não ocorre 8. 

Estima-se que cerca de um terço dos hipertensos nunca teve o diagnóstico clínico da doença feito por um profissional de saúde, e muitas vezes tomam ciência da doença apenas após um evento clínico grave decorrente de seu descontrole por vários anos, tais como infarto agudo do miocárdio ou acidentes vasculares encefálicos. Além disso, grande parte das pessoas que conhecem seu diagnóstico de HAS apresenta baixa aderência ao tratamento ou é tratada com terapêutica incorreta. Tais situações levam ao baixo controle dos níveis pressóricos mesmo por parte da população ciente de sua condição clínica 9. 

O tratamento com medicamentos anti-hipertensivos, associado a medidas não farmacológicas, é fundamental para o controle da pressão arterial e dos riscos associados. O tratamento não medicamentoso inclui a realização de atividade física, hábitos alimentares saudáveis, principalmente com a redução do consumo de sódio e gorduras, e a cessação ou diminuição do tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas. O tratamento medicamentoso, quando necessário, deve ser iniciado com a menor dose possível, com o incremento gradual de doses e, por conseguinte, com a associação de novos medicamentos, quando pertinente 10. 

A dificuldade de adesão ao tratamento medicamentoso e controle pressórico é recorrente principalmente entre os idosos. Esta, por sua vez, pode ser influenciada por inúmeros fatores como, por exemplo, a compreensão do paciente em relação à enfermidade, dose e número de medicamentos utilizados, presença de efeitos adversos, o vínculo existente entre paciente e equipe de saúde, acesso aos serviços de saúde entre outros 10. 

A adesão ao tratamento medicamentoso pode ser realizada através de várias estratégias, utilizando-se de métodos diretos (medidas séricas do medicamento ou traçador) e indiretos, os quais são mais simples, pouco dispendiosos financeiramente e de fácil execução (controle na dispensação dos medicamentos, contagem de comprimidos, avaliação da resposta clínica por meio da aferição da PA, aplicação de questionário, informação ou relato do próprio paciente)11

Vale ressaltar a importância da contribuição em ampliar do conhecimento sobre esta temática, de maneira a subsidiar a formulação de ações e políticas públicas para os idosos com hipertensão arterial fortalecendo a gestão, os serviços e melhorando as condições de saúde e de vida desta população. 

Importância da atenção básica na adesão ao tratamento de idosos com hipertensão arterial 

Nesse contexto de quase epidemia da HA, observa-se a necessidade da disponibilização de informações referentes às condições de saúde dos hipertensos para que tanto os profissionais ligados diretamente à atenção, quanto os gestores de todas as esferas de governo e a comunidade possam ter acesso aos dados e com isso realizar avaliação permanente da situação desse problema crônico importante12

Para disponibilizar as informações referentes aos pacientes hipertensos e diabéticos, o Ministério da Saúde institucionalizou, em 2001, o Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (HiperDia). A adoção de estratégias como a busca ativa de usuários e a adoção de campanhas e mutirões que viabilizem o acesso da população trabalhadora aos serviços das USF se configuram como possibilidade de diagnosticar a HAS entre esses usuários 12. 

A abordagem da hipertensão deve ser parte integrante de um contexto multifatorial, multiprofissional e intersetorial, tendo permanentemente em foco a estratégia de longo prazo que visa à prevenção primária da HAS por meio do controle da obesidade, ingestão de alimentos saudáveis, da redução do alcoolismo e do sedentarismo. As estratégias de busca e controle dos fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis devem fazer parte da atuação de qualquer sistema público ou privado de saúde, sob pena de se arcar com os custos humanos e econômicos da morbimortalidade 13. 

Neste sentido o Ministério da Saúde vem implementando estratégias eficazes para a prevenção e controle da HAS e suas complicações, através do cuidado integral, de forma resolutiva e com qualidade, desenvolvendo modelos de atenção a saúde que incorporem estratégia individual e coletiva a fim de melhorar a qualidade da atenção e alcançar o controle adequado da população de risco. O acompanhamento e o controle da HAS, no âmbito da Atenção básica (AB) evita, o surgimento e a progressão das complicações, reduzindo o número de internações hospitalares, bem como a mortalidade por doenças cardiovasculares. A AB é um espaço privilegiado por contar com uma equipe multiprofissional e atuar respeitando as diversidades cultural, religiosa e outros fatores sociais, que tanto interferem na condução de um tratamento, além de criar o vínculo com o usuário, que passa a procurar mais efetivamente o serviço de saúde 13. 

Um fator que influencia a prática de controle da HA é a ligação entre o paciente e a unidade de saúde para acompanhamento. Ações que envolvam a formação de multiplicadores de profissionais de saúde, campanhas de rastreio, promovendo estilos de vida, inscrição e acompanhamento de hipertensão na atenção primária é realmente necessário. Estratégias devem ser sistematicamente mantidas pelo governo, com garantia de continuidade a assistência 14. 

Diante desse quadro, é importante que políticas públicas e governos orientem os sistemas de saúde a lidar com os problemas de comportamento, educativos, de assistência e cuidado continuado da população, que estão impulsionando a verdadeira epidemia da HAS. Não basta investir em programas de saúde, mas também nos profissionais de saúde da AB, notadamente a ESF. Profissionais adequadamente capacitados poderão, com ações coletivas e individuais, prevenir doenças e identificar grupos de risco, promovendo o bem-estar e qualidade de vida à população e assim contribuir para o desenvolvimento pleno das famílias e comunidades assistidas. 

4. CONCLUSÃO 

A HAS é uma doença crônica altamente prevalente no mundo todo. Seu estudo e conhecimento são fundamentais para uma abordagem efetiva dos pacientes hipertensos, principalmente em relação à prevenção de suas complicações, as quais acarretam em elevado custo econômico e principalmente à qualidade de vida da população acometida. 

De acordo com os artigos apresentados, a HAS apresentou alta prevalência nos idosos, sendo maior em determinados subgrupos: mulheres, baixa escolaridade e não brancos. Dentre os fatores de risco mais comuns, destacaram-se o sedentarismo, o sobrepeso e a obesidade abdominal. As complicações mais frequentes identificadas nos idosos foram o acidente vascular cerebral, problemas visuais e a doença renal.  

A adoção de medidas não farmacológicas e terapêuticas eficientes são importante recurso para controle e prevenção da hipertensão, além da identificação precoce dos casos e o estabelecimento do vínculo entre os portadores e a atenção básica para o sucesso do controle desses agravos. 

REFERÊNCIAS 

1. Tavares DMS,Marques ALN,Ferreira PCS,Martins NPF,Dias FA. Fatores associados à hipertensão arterial sistêmica e ao diabetes mellitus em idosos rurais.Cienc Cuid Saúde ,v.12,n.4,p.662-669,2013. 

2. Filho JCT,Costa RMA,Figueiredo Cunha CLF,Carvalho LDP. Hipertensão arterial em idosos atendidos em uma unidade ambulatorial.J Manag Prim Health Care ,v.5,n.2,p.131-139,2014. 

3. Andrade AO,Aguiar MIF,Almeida PC,Chaves ES,Araújo NVSS, Neto JBF. Prevalência da hipertensão arterial e fatores associados em idosos. Rev Bras Promoç Saúde, Fortaleza, v.27,n.3,p.303-311,2014. 

4 .Costa YF, Araújo OC, Almeida LBM, Viegas SMF. O papel educativo do enfermeiro na adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica: revisão integrativa da literatura Educational. O Mundo da Saúde, São Paulo,v.38,n.4,p:473481,2014. 

5. Silva RF, Paiva ARO. Incidência de acidentes com motocicletas no brasil: revisão integrativa da literatura. Revista Uningá ,v.51,n.3,p.75-80,2017. 

6. Esperandio EM,Espinosa MM,Martins MAS,Guimarães LV,Lima Lopes MAL,Scala LCN. .Prevalência e fatores associados à hipertensão arterial em idosos de municípios da Amazônia Legal, MT.Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro,  v.16,n.3,p.481-493,2013. 

7 .Nunes TM,Martins AM ,Manoel AL , Trevisol DJ, Schuelter-Trevisol F, Cavalcante RASQ et al , Hipertensão Arterial Sistêmica em Idosos do Município de Tubarão, SC, Internacional Journal of Cardiovascular Sciences,v.28,n.5,p.370-376,2015. 

8. Mendes TAB,Goldbaum  M,Segri NJ, Barros MBA,César CLG,Carandina L .Factors associated with the prevalence of hypertension and control practices among elderly residents of São Paulo city, Brazil.Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,v.29,n.11,p 2275-2286,2013. 

9. Zattar L.C ,Boing AF ,Giehl MWC ,d’Orsi E .Prevalência e fatores associados à pressão arterial elevada, seu conhecimento e tratamento em idosos no sul do Brasil.Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.29,n.3,p.507-521, 2013. 

10 .Silva LFRS, Marino JMR,Guidoni CM;  Girotto E. Fatores associados à adesão ao tratamento  anti-hipertensivo por idosos na atenção primária. Rev Ciênc Farm Básica,v.35,n.2,p.271-278,2014. 

11. Obreli-Neto PR, Baldoni AO, Guidoni CM, Bergamini D, Hernandes KC, Luz RT, Silva FB, Silva RO, Pereira LRL, Cuman RKN. Métodos de avaliação da adesão à farmacoterapia. Rev Bras Farm. Rio de Janeiro,v.93,n.4,.p.403-10,2012. 

12. Oliveira CA. O sistema de informações HIPERDIA em Guarapuava/PR 20022004: implantação e qualidade das informações [Dissertação]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto; 2005. 

13 .Farias DAA, Neves PM, Brito GEG. Hipertensão arterial em idosos no âmbito da atenção a saúde. Rev enferm UFPE on line. ,v.5,n.2,p.174-84,2011. 

14. Méndez-Chacón E, Santamaría-Ulloa C, RoseroBixby L. Factors associated with hypertension prevalence, unawareness and treatment among Costa Rican elderly. BMC Public Health 2008; 8:275.