FAMÍLIA E ESCOLA: VISÕES SOBRE O ENSINO HÍBRIDO 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8377478


Ester de Almeida Gonçalves1
Julio Rezende Mauricio Neto2
Ana Carolina Carius3
Jardelino Menegat4


Resumo

Este artigo visa apresentar os resultados de uma pesquisa de caráter exploratório onde buscou-se dialogar com familiares e membros do corpo docente de uma instituição privada de ensino do município de Miguel Pereira-RJ, atuante na Educação Básica. Objetivou-se coletar dados quantitativos sobre a compreensão do Ensino Híbrido e sua necessidade em tempos de pandemia, possibilitando a continuidade das relações de ensino e aprendizagem. A partir dos resultados do questionário aplicado, foi possível perceber uma boa compreensão da maioria expressiva dos participantes, demonstrando que somente uma pequena parcela destes ainda necessita de esclarecimentos adicionais sobre a temática, a qual pretendemos fazer através da divulgação e pesquisa científica sobre o tema. 

Palavras-chave: Ensino Híbrido. Educação básica. Família. Docentes.

Introdução

A autonomia no campo da educação compõe uma garantia constitucional (Constituição Federal de 1988) e, dentro das instituições de ensino, isto afeta diversos setores: administrativo, financeiro, didático e científico. Isto significa a liberdade de escolher sua própria metodologia de ensino e aprendizagem, o que abrange desde a escolha dos marcos teóricos até o material a ser utilizado, bem como as práticas e dinâmicas em sala de aula.

Acometidos pela pandemia do Covid-19, a sociedade sofre uma verdadeira revolução tecnológica e cabe aos indivíduos crescentes mudanças de hábitos de vida e de trabalho. O trabalho docente, em suas relações com tecnologias de ensino digital, por exemplo, mostra a realidade em constante mudança, o que altera condições a que os docentes estão expostos e precisam enfrentar a todo instante. Da noite para o dia o professor viu-se na situação de estar em salas de aula virtuais sem muita das vezes, ter uma formação tecnológica adequada que ofereça o mínimo de conhecimento para tal. Não houve sequer tempo para que este se preparasse. Afinal é uma pandemia! Com os recursos pessoais disponíveis, foi-se reinventando diante de suas possibilidades. O dinamismo dos professores tornou-se fundamental nesse processo, pois precisam se atualizar com uma frequência ainda maior.

O atual modelo híbrido de ensino tem por finalidade dar mais estímulo à interatividade, fazendo com que professores e alunos interajam mais em sala de aula, não só entre si, mas também com a matéria que está sendo ensinada; o docente começa a se adaptar com as novas tecnologias de modo que possa não só ensiná-las a seus estudantes, mas também aprender cada vez mais com cada uma delas. O profissional educador do século XXI se qualifica para criar um ambiente escolar mais produtivo e agradável. Os professores se mostram como imigrantes digitais5 em relação às novas tecnologias que possuem – computadores, notebooks, tablets, celulares – que a todo momento sofrem modificações e tornam-se mais modernos.

Castro et al. (2015) apresentam diversas formas de misturas que acontecem no ambiente de educação formal. Na escola, em seus diferentes níveis e modalidades, lidamos com saberes, metodologias, desafios e valores das diferentes áreas de conhecimento. Na atualidade, repleta de pluralidades, muitas escolas incorporaram as novas tecnologias como forma de diversificar as atividades e as estratégias de ensino, adaptando as atividades de sala de aula com as digitais e algumas vezes as atividades presenciais com as virtuais.

Temos o Ensino Híbrido como a articulação dos processos de ensino e aprendizagem, como educação aberta ou em rede. Ocorre através da mescla e associação de diferentes áreas, formada por professores e alunos, cujas atividades ocorrem em espaços e tempos diferenciados. 5

 De acordo com Prensky (2001), os imigrantes digitais são indivíduos que nasceram em um período considerado “analógico”. Esses indivíduos, nascidos antes da década de 1980, são acostumados com papel, livros, jornais impressos e terão sempre que se adaptar ao período tecnológico atual.

São muitas as questões que impactam o ensino híbrido, o qual não se reduz a metodologias ativas, o mix de presencial e on-line, de sala de aula e outros espaços, mas que mostra que, por um lado, ensinar e aprender nunca foi tão fascinante, pelas inúmeras oportunidades oferecidas, e, por outro, tão frustrante, pelas inúmeras dificuldades em conseguir que todos desenvolvam seu potencial e se mobilizem de verdade para evoluir sempre mais. (BACICH, TANZI NETO; TREVISANI, 2015, p. 29)

A educação abrange a aplicação de instrumentos e metodologias de ensino que assegurem a formação e o desenvolvimento pessoal e profissional de cada indivíduo. É um verdadeiro sistema, pois engloba alguns procedimentos e ferramentas – ela não funciona sozinha. O objetivo deste estudo é a compreensão e a percepção do conhecimento das famílias e dos docentes de uma instituição de ensino do município de Miguel Pereira-RJ a respeito do Ensino Híbrido e sua implementação no sistema educacional, de modo a identificar possíveis distorções de conceitos junto a familiares e docentes sobre esta metodologia, principalmente no que tange a compreensão da diferença entre Ensino Híbrido e ensino com o uso de tecnologias digitais.

Referencial teórico

Uma verdadeira revolução tecnológica se instala na sociedade e impõe aos indivíduos emergentes mudanças de hábitos de vida e de trabalho. Em um cenário em constante transição, um dos desafios vividos, atualmente, no âmbito educacional, é o que envolve o planejamento e a construção de modelos e métodos de ensino compatíveis às crescentes necessidades de aprendizagem do aluno em qualquer nível de formação. Focalizamos aqui o surgimento das metodologias de ensino baseadas em tecnologia, particularmente o Ensino Híbrido, com o intuito de mostrar a realidade em constante transformação. A entrada da tecnologia no ambiente de trabalho, mais particularmente no ambiente da educação, apresenta efeitos objetivos na já reconhecida revolução tecnológica sobre a educação (COELHO; HAGUENAUER, 2004, p.2), o que altera condições a que os docentes e alunos estão expostos e precisam enfrentar a todo instante. Há infinitas possibilidades de utilização das tecnologias e é crescente o interesse por elas na educação. Com a expansão tecnológica cada vez maior, o quadro merece reflexões pelo que provoca nos indivíduos envolvidos nesse processo.

Vivemos em uma sociedade cada vez mais intrigante, considerando suas novas formulações como sociedade da informação e sociedade do conhecimento. A informação impulsiona as transformações e é o elemento mais importante nos sistemas modernos de produção. Surge assim a sociedade em rede. Para Castells, as redes constituem “a nova morfologia social de nossas sociedades e a difusão da lógica de redes modifica, de forma substancial, a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura” (CASTELLS, 1999, p. 497). Rede pode ser definida como um conjunto de nós interconectados[1]

Esta complexidade vai além das relações de poder, atingindo a própria cultura, constituindo o fenômeno da cibercultura, que, de acordo com Pierre Lévy (1999), consiste num conjunto de comportamentos sociais que o indivíduo aprende e internaliza, de acordo com o modo de viver da sociedade que está inserido: são suas formas de comunicação e interação nesse ambiente, onde o aperfeiçoamento desses hábitos acontece também em meio digital; uma rede de comunicação inteiramente on-line, definida por Lévy como: o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores, bem como o universo oceânico de informações que abriga as pessoas que navegam e se alimentam desse universo (LÉVY, 1999). Essa essência se representa na democratização do acesso à cultura, à informação e à inteligência.

Dessa forma não podemos pensar em educação sem pensar que tecnologia faz parte dela. Cada vez mais as crianças desenvolvem habilidades de aprendizado frente às tecnologias e o uso dos aparatos tecnológicos passam a ser ferramentas utilizadas tanto para lazer como para aprendizagem. Em consequência disso, faz-se necessária uma readequação também no âmbito educacional e em tempos de modernização há uma cobrança para a ruptura do modelo tradicional de ensino, buscando considerar as inovações tecnológicas, bem como as inovações de acesso à informação.

Diante dessas mudanças ocorridas na sociedade, o modelo predominante de ensino tradicional tem pela frente enormes desafios. Dentre eles, a reorganização do currículo, as metodologias de ensino, o tempo e os espaços destinados para aprendizagem

(MORAN, 2015). Esses desafios devem ser realizados de maneira que proporcione para cada aluno a oportunidade de aprender em seu próprio ritmo, colaborativamente com os outros em grupos, sob a supervisão do professor.

A escola padronizada, que ensina e avalia a todos de forma igual e exige resultados previsíveis, ignora que a sociedade do conhecimento é baseada em competências cognitivas, pessoais e sociais, que não se adquirem da forma convencional e que exigem proatividade, colaboração, personalização e visão empreendedora. Os métodos tradicionais, que privilegiam a transmissão de informações pelos professores, faziam sentido quando o acesso à informação era difícil (MORAN, 2015, p. 16).

Salienta-se que somente a introdução de tecnologias digitais no ambiente escolar não é a solução, o que também não significa que se perderá as bases sólidas da educação tradicional (ABREU; MARAVALHAS, 2015). O uso das TDIC (Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação) não se configura como única metodologia inovadora, opondo-se ao ensino tradicional. Vantagens como a integração de espaços de ensino e tempo de aprendizagem são alguns pontos relevantes que a tecnologia proporciona numa interligação dependente de dois mundos, ou espaços, físicos e digitais.

 No contexto deste estudo trataremos das tecnologias voltadas para o Ensino Híbrido, bem como sua aplicabilidade no espaço escolar.

 Baseados na definição de Horn e Staker (2015) trataremos Ensino Híbrido da seguinte maneira:  

“Ensino híbrido é qualquer programa educacional formal no qual um estudante aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino on-line, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, o lugar, o caminho e/ou o ritmo. (…) “o estudante aprende, pelo menos em parte, em um local físico supervisionado longe de casa. Em outras palavras, o estudante frequenta uma escola tradicional, com professores ou supervisores.” (HORN; STAKER, 2015. p. 34-35)

 O Ensino Híbrido, originado pela expressão blended learning, é uma abordagem pedagógica que concilia atividades presenciais e as realizadas por meio do uso de tecnologias digitais de informação e comunicação (TICs) que se demonstrou como uma das grandes e importantes mudanças para a educação do século XXI. A difusão dessa tecnologia possibilitou este novo formato de ensino digital onde professores e alunos não se encontram no mesmo espaço físico durante todo o processo.

De acordo com Moran (2015), Sunaga e Carvalho (2015), o Ensino Híbrido é um programa de ensino que mescla o ensino on-line e o convencional com intuito de suprir as necessidades de aprendizagem deste aluno, o qual está imerso num ambiente cercados pelas TDIC. Esse modelo de ensino é uma extensão e ampliação da sala de aula formal, que com o auxílio das TDIC, integra os diferentes espaços destinados ao ensino se tornando cada vez mais blended, misturado e híbrido, ofertando ao aluno a liberdade de planejar seu ritmo de aprendizagem e escolha dos momentos mais adequados para realização de suas atividades em sua residência como um complemento do que foi aprendido na sala de aula presencial.

Desta forma, o Ensino Híbrido proporciona ao estudante uma condição de maior autonomia, dando-lhe liberdade para ditar seu próprio ritmo, demonstrando-lhe que existem distintas formas de aprender, nos mais distintos espaços, em um processo de aprendizagem contínuo onde neste modelo de ensino objetiva-se integrar o que há de melhor dos modelos convencional e on-line, proporcionando ao aluno uma experiência de educação integrada. Configurando-se assim, uma combinação metodológica que impacta na ação do professor no que diz respeito ao ensino, e na ação do aluno no que se refere à aprendizagem (BACICH; NETO; TREVISANI; 2015).

O ponto crucial desta metodologia de aprendizagem é a necessidade do desenvolvimento de alunos e professores com as tecnologias disponíveis possibilitando uma melhor capacidade de interação e produção de conteúdo neste novo ambiente. Sabemos que apesar dessa geração de alunos ser uma geração de nativos digitais, por muitas vezes lhes falta um melhor conhecimento da plataforma de ensino utilizada, o que vem a reforçar a necessidade do desenvolvimento de ambientes cada vez mais atrativos para esses alunos, visto que é preciso que eles sintam a necessidade de utilizá-las voltada para o ambiente educacional. Por outro lado, os professores também precisam estar devidamente preparados para esta nova realidade, aproximando-se cada vez mais desta nova geração de alunos que já nasceram em meio às tecnologias (CASTRO, et al., 2015).

Metodologia da pesquisa

A metodologia da pesquisa se deu, em caráter exploratório, a partir da coleta de dados em pesquisa de campo envolvendo familiares dos alunos e os docentes a respeito do Ensino Híbrido.

A primeira etapa da pesquisa se constituiu em levantamento bibliográfico, considerando questões envolvendo o Ensino Híbrido e sua inserção neste novo modelo de ensino largamente disseminado em tempos de pandemia. A segunda etapa da pesquisa se constituiu na coleta de dados a partir da aplicação de um questionário interativo com sua divulgação através de e-mails e aplicativos de mensagens. A terceira etapa se constituiu na análise dos resultados obtidos com os questionários e desta forma foi possível a realização de uma análise quantitativa trazendo a compreensão de alguns conceitos de suma importância para o tema proposto. A quarta etapa se constituiu com uma devolutiva dos resultados obtidos aos participantes assim como avaliou-se a necessidade de possíveis esclarecimentos e orientações para uma melhor compreensão e implementação do Ensino Híbrido na instituição.

 Para a realização desta pesquisa convidamos familiares dos alunos da educação básica, com exceção da educação infantil e os membros do corpo docente da escola previamente selecionada no município de Miguel Pereira-RJ.

A pesquisa alcançou um número de 63 participantes.

O município de Miguel Pereira foi emancipado no dia 25 de outubro de 1955. Está localizado no Maciço da Serra do Couto, na Serra do Tinguá, com altitude de 614 metros em relação ao nível do mar. Seu clima é temperado e subtropical. O município é considerado o 3º melhor clima do mundo pela Organização Mundial de Climatologia. A presença de grandes extensões de cobertura vegetal natural aumenta sensivelmente a taxa geral de oxigênio e mantém o nível de umidade do ar em parâmetros agradáveis.

Segundo informações do Censo 2019, o município de Miguel Pereira possui uma população de 25.538 habitantes. O IDEB dos anos iniciais do Ensino Fundamental da Rede pública em 2017 chegou a 6,6 e dos anos finais a 4,0. Em 2018 tivemos 3.359 matrículas no Ensino Fundamental, 220 docentes e 23 estabelecimentos de ensino.

De acordo com pesquisas realizadas no portal https://www.escol.as/, o município possui 107 instituições de ensino, sendo elas, 76 são da rede municipal, 17 da rede estadual e 14 são instituições particulares de ensino.

Os participantes foram escolhidos de acordo com os seguintes critérios de elegibilidade do estudo:

  • Ser professor ou familiar da instituição de ensino selecionada do município de Miguel Pereira-RJ;
  • Ser maior de 18 anos de idade;
  • Consentir em participar, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O instrumento selecionado para a realização da pesquisa foi o questionário; o mesmo abordou as seguintes variáveis:

  • Perfil social: idade, sexo, estado civil, filhos, escolaridade e profissão.
  • Ensino Híbrido: Anexo 1

 Após a coleta dos dados do questionário, estes foram analisados a fim de determinar algumas possíveis respostas ao problema que estava sendo estudado. Utilizouse análise exploratória de dados com o objetivo de verificar a precisão da coleta, respostas omissas, casos extremos, normalidade das variáveis e a verificação dos pressupostos necessários à aplicação das técnicas multivariadas.

Foi realizada uma leitura de todos os conteúdos do questionário e posteriormente foram desmembrados em temas relevantes para a pesquisa. Demos prioridade aos temas voltados para a educação e o Ensino Híbrido, a adaptação do professor ao contexto da educação digital e ao nível de conhecimento e adesão das famílias diante desta modalidade de ensino. 

 Respeitando todos os aspectos éticos de uma pesquisa, os participantes receberam garantia de autonomia, privacidade e liberdade de desistir do questionário a qualquer momento. A pesquisa foi submetida previamente ao comitê de ética da Universidade Católica de Petrópolis – UCP. Todos os participantes consentiram sobre a realização da pesquisa assinando, digitalmente, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido previamente as suas respostas ao questionário. A realização da pesquisa foi efetuada com utilização de questionário interativo, respeitando as possibilidades de horários de cada participante e respeitando as orientações quanto ao distanciamento social devido ao momento da pandemia. Os resultados foram divulgados em meios públicos, com honestidade científica e mantendo o nome dos participantes em anonimato. 

Resultados 

Abordar a temática do Ensino Híbrido torna-se relevante devido a atual necessidade de sua implementação imediata a fim de suprir uma demanda emergencial surgida em função da pandemia do Covid-19, onde os estudantes e as instituições de ensino foram obrigadas a se distanciar fisicamente e se reinventar com o uso da tecnologia em prol da continuidade da transmissão do saber. 

O questionário elaborado para esta pesquisa foi divulgado para 220 (duzentas e vinte) participantes, entre responsáveis e docentes, dos quais 63 (sessenta e três) aceitaram e participaram da pesquisa, representando uma adesão de 28,6%. A idade das pessoas envolvidas na pesquisa variou de 27 a 68 anos, sendo a média de idade de 43 anos.  

Dentre os participantes tivemos 5 (cinco) do sexo masculino e 56 (cinquenta e seis) participantes do sexo feminino, além de 2 (dois) participantes que não responderam tal questionamento (Figura 1). Cada participante representa um grupo familiar.

Figura 1 – Representação do sexo dos participantes

Entre os participantes, 14 (quatorze) declararam-se solteiros, 39 (trinta e nove) casados, 6 (seis) divorciados, 2 (dois) viúvos e 2 (dois) participantes não responderam a este questionamento (Figura 2). 

Figura 2 – Representação do estado civil dos participantes

Entre as profissões apresentadas na entrevista a de maior representatividade foi a de Professor, com 25 (vinte e cinco) dos participantes, seguido de 4 (Quatro) médicos e tivemos Psicólogos, Advogados e Auxiliares Administrativos com 3 (três) participantes de cada profissão. Na sequência Cirurgião-dentista, Comerciante e Empresário, com 2 (dois) participantes para cada. Outras profissões foram citadas na pesquisa com um representante para cada, como apresentado a seguir: Atendente de câmbio, Cabeleireira, Contadora, Coordenadora Pedagógica, Corretor de imóveis, Designer, Do lar, Engenheira, Escritora e pesquisadora, Fonoaudióloga, Gerente de Banco, Médica veterinária, Oficial de Justiça, Pedagoga, Servidor público e Vendedor autônomo, além de 4 participantes que não responderam a este questionamento. 

Quanto ao nível de escolaridade ficou definido da seguinte maneira: 7 (sete) participantes com Ensino Médio, 15 (quinze) com Ensino Superior, 30 (trinta) com PósGraduação, 6 (seis) com Mestrado, 3 (três) com Doutorado, assim como tivemos 2 (dois) participantes que não responderam a este questionamento (Figura 3). 

Figura 3 – Representação da escolaridade dos participantes

 Após o perfil social 4 questões fechadas foram apresentadas, sendo estas focadas na compreensão do que é Ensino Híbrido na visão dos participantes, onde eles poderiam assinalar mais de uma alternativa que julgasse correta e desta forma, em algumas respostas, atingimos um percentual superior aos 100%, conforme apresentamos abaixo:

  1. Na sua opinião, o que seria Ensino Híbrido?
  • 76,2% dos participantes afirmam que é “Um modelo de ensino onde os ambientes de aprendizagem são complementares e integrados, fornecendo ao aluno parte do ensino em sua residência e parte na escola”.
  • 12,7% dos participantes afirmam que “Limita-se a uma mescla entre o ensino on-line e o presencial”.
  • 11,1% dos participantes afirmam que é “Um modelo de ensino onde se trabalha o conteúdo de modo que o aluno tenha mais autonomia sobre o tempo e a aprendizagem”.
  • 7,9% dos participantes afirmam que é “Uma modalidade de ensino on-line”.
  • 3,2% dos participantes deixaram em branco esta questão.

2. Qual o objetivo principal desse novo modelo de ensino?

  • 82,5% dos participantes afirmam que é “Dar liberdade para alunos e professores para estarem nos mais distintos locais, levando o conhecimento para fora da sala de aula integrando o uso das tecnologias digitais ao ensino”.
  • 6,3% dos participantes afirmam que é “Substituir o modelo convencional, de modo que os alunos substituam os livros e cadernos fazendo um uso mais assíduo dos recursos tecnológicos”. 
  • 4,8% dos participantes afirmam que “Não há um objetivo específico”.
  • 3,2% dos participantes afirmam que é “Forçar aos professores a adotar novas estratégias para o ensino com base no uso da internet”.
  • 2.3,2% dos participantes deixaram em branco esta questão.

3. Na sua opinião, quais são as vantagens do Ensino Híbrido?

  • 54% dos participantes afirmam que é “Dar a oportunidade ao aluno para tomar suas decisões sobre os componentes de estudo em um espaço virtual coordenando desta forma suas tarefas diárias e aprimorando a sua disciplina”.
  • 49,2% dos participantes afirmam que é “Permitir que os alunos tenham liberdade de aprendizado, não limitando-se ao ensino rotineiro e tradicional”.
  • 7,9% dos participantes afirmam que é “Possibilitar o estudo no conforto do seu lar”.
  • 7,9% dos participantes afirmam que é “Reduzir os custos de deslocamento dos alunos até as instituições de ensino”.
  • 6,3% dos participantes deixaram em branco esta questão.

4. Na sua opinião, quais são os desafios e/ou desvantagens do Ensino Híbrido?

  • 63,5% dos participantes afirmam que é “Dificuldade de acesso à internet, por oscilações momentâneas ou por indisponibilidade”.
  • 44,4% dos participantes afirmam que é a “Capacitação do corpo docente para uso das tecnologias contribuindo para o processo ensino-aprendizagem”.
  • 38,1% dos participantes afirmam que é a “Indisciplina dos alunos com esta nova modalidade de ensino”.
  • 12,7% dos participantes afirmam que é a “Dificuldade dos alunos com o uso das tecnologias”.
  • 6,3% dos participantes deixaram em branco esta questão.

Com base nos resultados obtidos, percebe-se que a maioria expressiva dos participantes possuem uma boa compreensão sobre o conceito de Ensino Híbrido, seu objetivo, assim como suas vantagens e desvantagens.

A intervenção deste projeto promoveu uma melhor compreensão dos conceitos de Ensino Híbrido presentes nas famílias desses alunos e em membros do corpo docente, buscando uma melhoria na qualidade deste entendimento e demonstrando que uma pequena parcela dos participantes ainda necessita de esclarecimentos adicionais sobre esta temática, desta forma o resultado final deste trabalho será disponibilizado para, no mínimo, a mesma amostra selecionada. 

Faz-se importante ressaltar as limitações deste estudo, principalmente em relação à validez externa, uma vez que os participantes desta pesquisa pertencem a uma escola da rede privada de ensino do município de Miguel Pereira-RJ, exercendo suas atividades em um contexto diferente daquele em que se encontram as escolas públicas e demais instituições de ensino de regiões remotas do país.

Considerações finais

A pesquisa apresentada neste artigo foi oriunda das observações realizadas pelos autores em discussões envolvendo a expressão Ensino Híbrido, seus conceitos e aplicações, principalmente ao observarem a distorção, em alguns casos, da compreensão da diferença entre Ensino Híbrido e o ensino com o uso de tecnologias digitais.

Após a aplicação do questionário, ficou claro que a distorção dos conceitos sobre Ensino Híbrido está presente em uma pequena parcela dos participantes, onde a maioria expressiva destes tem a clara percepção sobre esta metodologia.

Faz-se necessário uma melhor estruturação das instituições de ensino no que tange o planejamento das atividades acadêmicas de modo a terem uma clara definição dos objetivos a serem alcançados e assim tornar possível um pleno alinhamento junto a seus alunos potencializando os resultados, visto que acredita-se que esta metodologia de ensino chegou em função de uma pandemia, mas que oferece fortes subsídios que serão uma nova realidade de ensino para as próximas gerações, principalmente por permitir uma maior flexibilidade de tempo, ritmo e rotina de aprendizagem para estes alunos sem abrir mão da qualidade do ensino. 

Referências

______. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Documentação, 2018b. (Atualizada até a EC n. 99/2017).

BACHIC, Lilian; TANZI NETO, Adolfo; TREVISANI, Fernando de Mello (org). Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação. Porto Alegre: Penso. 2015.

CASTELLS, Manuel. La Era de la información: economía, sociedad y cultura. México: Siglo Veintiuno Editores, 1999.

CASTRO, E. A. et al. Ensino híbrido: desafio da contemporaneidade? Projeção e docência, v. 6, n. 2, p. 47-58, 2015.

COELHO, C. U. F.; HAGUENAUER, C. J. As Tecnologias da Informação e da Comunicação e sua Influência na Mudança do Perfil e da Postura do Professor.

Colabor@, Revista Digital da CVA, v. 2, n. 6, 2004.

HORN, Michel B.; STAKER, Hearther. Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar a educação. Porto Alegre: Penso. 2015. http://ideb.inep.gov.br/resultado/. Acessado em: 03 de Janeiro de 2021. http://portal.inep.gov.br/resultadoseresumos. Acessado em: 03 de Janeiro de 2021.

https://www.escol.as/escolas/search?utf8=%E2%9C%93&q=miguel+pereira&button=. Acessado em: 03 de Janeiro de 2021.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo, Editora 34, 1999.

MARAVALHAS, Manoel Rui Gomes; DE ABREU, Márcia Luzia Correia. A formação docente, no contexto da tic: atuação para a inclusão. ARTEFACTUM-Revista de estudos em Linguagens e Tecnologia, v. 10, n. 1, 2015.

MORAN, J. Aprender e ensinar com foco na educação híbrida. Revista Pátio, n.25, junho, 2015, p. 45-47. Disponível em:

http://www.grupoa.com.br/revistapatio/artigo/11551/aprender-e-ensinar-com-foco-naeducação-hibrida. aspx. Acessado em: 03 de Janeiro de 2021.

PRENSKY, Marc. Digital Natives. Digital Immigrants. On the Horizon. MCB University        Press,        vol.        09,        nº        05,        2001.        Disponível         em: <https://www.marcprensky.com/writing/Prensky%20- %20Digital%20Natives,%20Digital%20Immigrants%20-%20Part1.pdf>. Acessado em: 03 de Janeiro de 2021.

SUNAGA, A.; CARVALHO, C. S. As tecnologias digitais no ensino híbrido. In: BACICH, Lilian; NETO, Adolfo Tanzi; TREVISANI, Fernando de Mello (Orgs.). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso , 2015.


ANEXO 1

1. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) como voluntário(a) a participar da pesquisa “FAMÍLIA E ESCOLA: VISÕES SOBRE O ENSINO HÍBRIDO”, onde pretendemos fazer um levantamento a respeito das percepções dos pais, docentes e gestores envolvidos com educação, sobre a utilização de ferramentas tecnológicas para mediar as aulas durante o período de distanciamento social.

Para a realização desta pesquisa adotaremos o(s) seguinte(s) procedimento(s):

levantamento de dados através de questionário. Para você participar desta pesquisa, basta aceitar este termo de consentimento e responder o questionário.

Você poderá retirar o consentimento ou interromper a sua participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido (a) pelo pesquisador.

Você não será identificado em nenhuma publicação. Os riscos envolvidos na pesquisa consistem em “riscos mínimos”, “se for o caso” ou “não existem riscos”. A pesquisa contribuirá para “benefícios diretos ou indiretos”.

Os resultados estarão à sua disposição quando finalizada a pesquisa. Qualquer material que indique sua participação não será liberado sem a sua permissão. Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por um período de 5 anos, e após esse tempo serão destruídos.

Este termo de consentimento encontra-se em duas vias originais: sendo que uma será arquivada pelo pesquisador responsável, e a outra será fornecida a você, em resposta a esse formulário.

Eu, fui informado (a) dos objetivos da presente pesquisa, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações. Declaro que concordo em participar dessa pesquisa. Recebi o termo de consentimento e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.    

2. SEÇÃO 1 – Perfil social
  1. Idade
  2. Sexo
    a)Masculino
    b)Feminino
  3. Estado Civil
    a)Solteiro(a)
    b)Casado(a)
    c)Divorciado(a)
  4. Escolaridade
    a)Viúvo(a)
    b)Ensino Médio
    c)Ensino Superior
    d)Pós Graduação
    e)Doutorado
  5. Profissão
  6. Dentre as opções abaixo, em qual você se qualifica?
    a)Docente
    b)Responsável
    c)Docente e Responsável
  7. Período escolar do(a/s) filho(a/s)
    a)Não se aplica
    b)Ensino fundamental I (1º ao 5º ano)
    c)Ensino fundamental II (6º ao 9º ano)
    d)Ensino Médio 

3. SEÇÃO 2 – Ensino Híbrido (docentes, pais e responsáveis)

  1. Na sua opinião, o que seria Ensino Híbrido?
    a) Uma modalidade de ensino on-line.
    b) Limita-se a uma mescla entre o ensino on-line e o presencial.
    c) Um modelo de ensino onde se trabalha o conteúdo de modo que o aluno tenha mais autonomia sobre o tempo e a aprendizagem.
    d) Um modelo de ensino onde os ambientes de aprendizagem são complementares e integrados, fornecendo ao aluno parte do ensino em sua residência e parte na escola.
  2. Qual o objetivo principal desse novo modelo de ensino?
    a) Substituir o modelo convencional, de modo que os alunos substituam os livros e cadernos fazendo um uso mais assíduo dos recursos tecnológicos.   
    b) Não há um objetivo específico. 
    c) Dar liberdade para alunos e professores para estarem nos mais distintos locais, levando o conhecimento para fora da sala de aula integrando o uso das tecnologias digitais ao ensino.
    d) Forçar aos professores a adotar novas estratégias para o ensino com base no uso da internet.
  3. Na sua opinião, quais são as vantagens do Ensino Híbrido?
    a) Permitir que os alunos tenham liberdade de aprendizado, não limitandose ao ensino rotineiro e tradicional.
    b) Possibilitar o estudo no conforto do seu lar.
    c) Dar a oportunidade ao aluno para tomar suas decisões sobre os componentes de estudo em um espaço virtual coordenando desta forma suas tarefas diárias e aprimorando a sua disciplina.
    d) Reduzir os custos de deslocamento dos alunos até as instituições de ensino.
  4. Na sua opinião, quais são os desafios e/ou desvantagens do Ensino Híbrido?
    a) Capacitação do corpo docente para uso das tecnologias contribuindo para o processo ensino-aprendizagem.
    b)Dificuldade de acesso à internet, por oscilações momentâneas ou por indisponibilidade.
    c) Indisciplina dos alunos com esta nova modalidade de ensino.
    d)Dificuldade dos alunos com o uso das tecnologias.

[1] Um nó depende do tipo de redes concretas (…). São mercados de bolsas de valores e suas centrais de serviços auxiliares avançados na rede dos fluxos financeiros globais (…). São campos de coca e papoula, laboratórios clandestinos, pistas de aterrissagem secretas, gangues de rua e instituições financeiras para lavagem de dinheiro na rede de tráfico de drogas que invade as economias, sociedades e Estados do mundo inteiro. São sistemas de televisão, estúdios de entretenimento, meios de computação gráfica, equipes para cobertura jornalística e equipamentos móveis gerando, transmitindo e recebendo sinais na rede global da nova mídia no âmago da expressão cultural e da opinião pública, na era da informação” (CASTELLS, 1999, p. 498).


1 Doutoranda do curso de Pós-Graduação em Educação da Universidade Católica de Petrópolis (RJ/Brasil), Mestre em Psicologia pela Universidade Católica de Petrópolis (RJ/Brasil), ester.goncalves@eco4solutions.com.

2 Doutorando do curso de Pós-Graduação em Educação da Universidade Católica de Petrópolis, Mestre em Ciências do Meio Ambiente pela Universidade Veiga de Almeida(RJ/Brasil), julio.rezende@eco4solutions.com.  

3 Docente do curso de Doutorado em Educação da Universidade Católica de Petrópolis (RJ/Brasil), Pósdoutoranda em Educação e Novas Tecnologias pelo Centro Universitário Internacional UNINTER (RJ/Brasil), Doutora em Modelagem Computacional pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (RJ/Brasil), ana.carius@ucp.br.

4 Docente do curso de Doutorado em Educação da Universidade Católica de Petrópolis (RJ/Brasil), PósDoutorado em Educação pela Universidade Federal Fluminense (RJ/Brasil), Doutor em Educação pela Universidade La Salle (RS/Brasil) jardelino.menegat@ucp.br.