REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7689945
Adriane Rodrigues Pinto
Claudio Osvaldo Rodrigues Batista
Renato Augusto Rodrigues Batista
RESUMO
O presente projeto apresenta uma proposta de utilização do conto regional, como meio de explorar a oralidade através do texto narrativo. O objetivo do trabalho é propor ideias de como desenvolver a fala dos alunos e dessa forma levá-los a conhecer as estórias de sua região, localidade ou de sua comunidade para que eles desenvolvam mecanismos que possibilitem a interação em sala de aula e a comunicação no ato de oralizar. Trata-se de construir memórias em que os alunos possam contar e recontar contos ou aquelas estórias que ouviram e que possibilitam uma nova roupagem, afim de que todos possam ter acesso à fala, perdendo o medo de se expressar em público, e buscando aprimoramento nas aulas e nas apresentações. Nesse sentido, pretende se que os alunos conheçam contos que são próprios de sua comunidade, com o intuito, que por intermédio do ato de contar possam explorar a oralidade e que sejam mais participativos nas dinâmicas do contexto escolar. A metodologia que se propõe para este trabalho é qualitativa de cunho bibliográfico e os autores que embasam esta proposta são: Santos (2010), Miranda e Rodrigues (2003), Liberato (2006), Zilberman (1991), PCN (Brasil 1998).
Palavras-chave: Conto. Oralidade. Memória. Leitura. Escrita.
1 INTRODUÇÃO
Esse artigo surge da necessidade de observar em muitos alunos, a dificuldade em falar nas aulas, mesmo querendo, há algo que os impede, como se o que fossem falar estivesse sempre errado, dificultando assim a aprendizagem, pois muitas vezes, eles têm dificuldade sobre o conteúdo das disciplinas, e que pela falta de exercício com a oralidade preferem ficar sem entender. Vale ressaltar a prática docente em sala de aula, permite ao aluno a disposição de todos os recursos que possam proporcionar-lhes uma aula didatizante, no sentido de reconhecer conhecimentos advindos de sua própria cultura ou de sua realidade, fato que fortaleceria mais o ensino e suas vertentes, pois, o professor que atua com o tempo presente e traz para suas aulas o cotidiano do aluno, atua no sentido de fortalecer não só as práticas pedagógicas de ensino-aprendizagem, mas também trabalha engajado com as realidades que nos cercam e que são de suma importância para uma aprendizagem significativa.
Esta proposta visa historiar, reinventar, e propiciar ao aluno um momento agradável de sua história e de seus mundos, narrando/interpretando acontecimentos, recortes, através da escolha do que acreditamos ser importante para a melhor reflexão sobre o ensinar aprendendo e aprender através da sua busca pelo mundo maravilhoso do gênero conto e suas interfaces.
Propõe-se utilizar a oralidade através do texto narrativo conto regional, como norteador de uma prática pedagógica que visa demonstrar todas as especificidades contidas no texto narrativo e afirmar através da atividade de intervenção que o conto regional pode sim ser trabalhado em sala de aula como uma proposta que vem somar com métodos e técnicas que já existem, mas que são poucos explorados em sala de aula. Com isso o docente pode possibilitar ao aluno refletir sobre a cultura local relacionando o ensino de literatura, da língua portuguesa e variedades linguísticas.
Nesse sentido, optou-se por trazer neste trabalho uma proposta de intervenção para os docentes trabalharem em sala de aula a oralidade através dos contos regionais por ser um gênero pouco utilizado em sala de aula e por ser um tipo de texto que nos possibilita muitas atividades de leitura, reflexões, questionamentos, tornando notório ao aluno as oportunidades de vivenciar e conhecer em sala de aula esse tipo de narrativa e faz parte do seu cotidiano e que muitas vezes, não é explorado. Busca se explorar a pluralidade interna em outros saberes, e não apenas os conteudistas, mas outros que agregam valor ao saber comum, da região, de um mundo todo vinculado à realidade local, buscando gerar outros conhecimentos, acrescentando mais saberes à vida do educando.
No entanto, vale ressaltar, a escola deve desenvolver um leitor completo (proficiente) encarando o ato de ler como uma verdadeira interlocução o leitor através da fruição da leitura estabelece um diálogo entre o leitor e o texto deve perceber a compreensão do texto não pode ser encarado somente pela materialidade textual, é necessário, contudo, a construção de sentidos que estão previamente inseridos no texto. Conforme ressalta os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN (1998, p.51), “que o objetivo de se produzir textos é o de formar escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes”.
Portanto, a proposta de intervenção aqui abordada visa propiciar o trabalho com o gênero conto sendo este uma excelente ferramenta no auxílio de aprendizagem às práticas de leitura e oralidade, uma vez que esse gênero está muito próximo dos alunos, portanto, cabe, nesse sentido, ao professor oportunizar ao aluno a leitura do conto, pois o mesmo oferece diversas situações para estes participarem de suas narrativas de forma direta e indireta tais como: ler, contar, (re) escrever, dramatizar, ilustrar, reestruturar, (re) inventar, etc.
Sabe-se que trabalhar a oralidade em sala de aula, é uma tarefa complexa, mas, esperamos que seja prazerosa, pois, é possível sim aprender a escrever e ler por meio de brincadeiras, reflexões, diálogos, debates, e por intermédio de um trabalho solidário e em conjunto para assim avançarmos na construção de uma significativa proposta de leitura e escrita através dos contos regionais.
A partir das afirmações acima, acredita-se ser imprescindível levantar algumas questões como:
✓ A importância do gênero conto e suas interfaces.
✓ Proposta de trabalho com gênero para professores estimularem a oralidade em sala de aula.
✓ Ampliação do repertório de leitura, conhecer biografias locais, valorizar o patrimônio sociocultural da região.
✓ Respeitar o pensamento dos colegas, pois cada texto pode ter múltiplas interpretações.
✓ Interpretar textos que possam ser condizentes com a realidade local para se obter uma aprendizagem significativa.
Para que esta pesquisa tenha foco, traçamos os objetivos Geral e Específicos e norteamos assim este trabalho para que o leitor possa compreender quais os alvos a serem alcançados e a finalidade desta pesquisa.
Como objetivo Geral pensou-se em pesquisar o conto regional como uma proposta para explorar a oralidade através desse gênero, incentivando assim, os alunos para que eles se tornem leitores e escritores proficientes. E os específicos são: Explorar a leitura dos contos regionais valorizando o patrimônio sociocultural. Vincular o ensino de literatura ao ensino de língua portuguesa e suas variações linguísticas, reflexo da história, do grupo, das influências e da diversidade cultural. Compreender textos orais e escritos, incentivando a oralidade e a escrita. Ampliar o repertório literário dos alunos por meio da leitura diária. Possibilitar um contato maior entre os alunos, livros e escritores regionais. Desenvolver a atenção, concentração, hábito de saber ouvir, possibilitando ao aluno a oportunidade de dramatizar, reescrever histórias, aguçar a imaginação e a criatividade, através da produção textual.
Nessa perspectiva, trabalhar o gênero conto como alternativa do ensino do oral é resgatar a cultura de sujeitos que direta ou indiretamente acreditam nessa concepção, ora como simples estórias contadas, ora como explicações para determinados fatos que permeiam sua realidade. Dessa forma, o uso da oralidade presente nos contos não privilegia o oral apenas como leitura de textos, mas em situações contextualizadas histórico-socialmente, valoriza os conhecimentos prévios adquiridos no decorrer da apropriação oral.
Em virtude disso, esta pesquisa justifica-se pelo fato, na atualidade os alunos vêm se afastando cada vez mais da leitura. Isso ocorre devido à atenção estar mais voltada a computadores, games, TVs, e desta maneira fica um pouco mais difícil o aluno se interessar pela leitura, trazendo dificuldades marcantes sentido na escola como o: vocabulário que não é devidamente falado e, a dificuldade de compreensão e interpretação, erros ortográficos e gramaticais graves, e pouco conhecimentos aos conteúdos escolares.
Espera-se, contudo, que as escolas e os professores tenham consciência de fazer o possível para despertar nos alunos curiosidades e a alegria de poder deslumbrar mundos antes desconhecidos, tendo a plena certeza se dedicar à leitura e a escrita é um processo contínuo e prazeroso que pode trazer apenas benefícios para todos, por isso, essa proposta traz os contos regionais para que seu uso seja mais evidente em sala de aula, para ajudar na compreensão, interpretação, e na busca pelo aperfeiçoamento da leitura e da escrita.
Este trabalho está estruturado de forma teórica bem sucinta, clara e de linguagem acessível. Para que os leitores, pesquisadores, estudantes possam assim fazer uso desta pesquisa, propomos a organização deste trabalho acadêmico em: Introdução, Questões norteadoras, os Objetivos Geral e Específico, Justificativa da pesquisa, Tópico teórico: A leitura e a escrita no processo de aquisição do saber, Referencial Teórico-Metodológico, Avaliação e considerações finais acerca da pesquisa.
2 A LEITURA E A ESCRITA NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DO SABER
A leitura e a escrita possuem um papel bastante importante e significativo para a formação do indivíduo como um ser social. Ler e escrever são duas atividades interligadas, complexas, social, cultural e educativa, elas são os maiores instrumentos para a construção do conhecimento e da aprendizagem. Podemos dizer, que esses dois elementos são mágicos e através dos mesmos descobrimos o mundo que nos cerca.
Os estudos sobre leitura e a escrita surgiram a muitos e muitos séculos atrás, lá na pré-história, quando o homem buscou se comunicar através dos desenhos realizados nas paredes das cavernas, sendo isso caracterizado como uma forma de comunicação humana, no qual as pessoas trocavam mensagens, transmitiam ideias, desejos, alegrias, sofrimentos e necessidades, através do símbolo do desenho, algo muito significativo na pré-história, pois, esses registros permitiam a comunicação. Sendo assim, a leitura e a escrita são modos que possibilitam o diálogo, até porque entendemos que ler e escrever é muito mais que juntar letras e formar palavras ou decifrar códigos. Ler e escrever é entender que esse processo é construído aos poucos, de forma gradativa, aos poucos os alunos vão adquirindo qualidade na leitura e ampliando repertório e compreendendo o que está nas entrelinhas de um texto.
Vale ressaltar a leitura e a escrita está por toda parte e, as crianças começam a entrar em contato no mundo letrado muito cedo, haja vista, pela maioria dos objetos que estão a sua volta. Logo cabe ao professor, instigar no aluno o hábito de leitura e escrita afim dos mesmos tornarem-se protagonistas de sua própria história. Sendo assim um leitor, escritor proficiente, autônomo, crítico, construindo assim, sua história.
Trabalhar com a leitura e a escrita é algo que requer dedicação dos envolvidos, a fim de tornar a prática mais atraente para o aluno, já que ambas são as formas de linguagem mais avaliadas pela escola. E a família possui um papel muito significativo nesse processo de alfabetização de seus filhos, para que esse processo torne-se mais fácil, espontâneo e sólido. Já o professor deve ser o facilitador no processo de desenvolvimento das competências leitora e escritora dos alunos, dando lhes suportes, tendo planejamento, autonomia e responsabilidade, sempre criando assim laços afetivos e mostrando como a leitura e a escrita podem nos permitir diversas possibilidades de ver o mundo que nos cerca, abrindo caminhos para a vida por meio de aventuras construídas pela imaginação no ato de ler.
É interessante a leitura e a escrita serem aplicadas com encantamento fazendo com que a criança vá em busca de aprender e compreender mais e mais esse processo, o ambiente de aula, seja atrativo e equipado de forma que instigue nas crianças o desejo de produzir e o prazer de estarem ali naquele ambiente. Com isso, esse projeto visar apresentar às crianças maneiras de aprender com atividades significativas para o desenvolvimento de sua aprendizagem, pois apresenta possibilidades de leitura e escrita utilizando os contos regionais.
Entende-se a leitura e a escrita possuem um papel importante, relevante e significativo para a formação do indivíduo como um ser social, político e na construção de um cidadão completo, comprometido e atuante com a realidade de seu papel na sociedade, na qual precisamos estar inseridos no processo de ajudar uns aos outros e construir possibilidades de crescimento em comunidade. No ato da busca da informação, precisamos levar em consideração a leitura sempre vai nos acompanhar e se quisermos refletir na busca por notícias, conhecimentos e o entendimento de qualquer mensagem que chegue até nós, nesse sentido, o ato de ler, faz-se imprescindível na procura por conhecimentos, transformações, reflexões e até possíveis mudanças que consequentemente podem vir a ocorrer no meio cultural, social e político. Ler e escrever são duas atividades interligadas, complexas, sociais, culturais e educativas, são os maiores instrumentos para a construção do conhecimento e da aprendizagem. Podemos dizer que esses dois elementos são mágicos e através dos mesmos descobrimos o mundo que nos cerca e podemos modificar a nossa realidade, como assim ressalta Boaventura:
Trata-se de uma ecologia porque assenta-se no reconhecimento da pluralidade de saberes heterogéneos, da autonomia de cada um deles e da articulação sistémica, dinâmica e horizontal entre eles. A ecologia de saberes se assenta na independência complexa entre os diferentes saberes que constituem o sistema aberto do conhecimento em processo constante da criação e renovação. O conhecimento é interconhecimento, é reconhecimento, é autoconhecimento. (SANTOS, 2010 p. 157).
Sendo assim ao nos debruçarmos no mundo da leitura descobrimos prazeres na fruição e com isso desenhamos outro mundo ao inserirmos nos mecanismos da leitura, outra visão nos preenche e dar lugar ao mundo mágico e contagiante da leitura. Esse universo ganha uma maior conotação quando faz parte do mundo das crianças, em que elas podem se deleitar e buscar preencher o seu tempo de forma mais prazerosa e cheia de significados. A leitura abre caminhos para imaginação e para a curiosidade, esses caminhos conduzirão à aprendizagem de forma mais leve, precisa e significativa, pois ler garante autonomia, segurança acerca do que se leu, quase não se busca resposta, mas sempre há de se questionar, indagar e procurar com muita dedicação se aperfeiçoar nessa caminhada que conduz ao conhecimento e ao melhor entendimento, nesse sentido, os contos estão inteiramente inseridos nesse contexto do imaginário, trazendo para esse universo a fantasia, a curiosidade, o encantamento.
Cabe aos pais e professores criar situações e mecanismos que possibilitem encucar nos nossos alunos que só através da leitura, os seres humanos, conseguirá nos transportar para o desconhecido, explorar os sentimentos e as emoções que cercam nossas vidas, portanto, através da leitura e da escrita podemos propiciar conhecimentos significativos ao processo de aprendizagem. Partindo do que foi citado acima, acredita-se que não é dever apenas da instituição escolar incentivar a leitura e a escrita, mas, todos juntos com professores e toda a equipe de pedagogos e pais, propiciar aos alunos momentos que possam despertar neles o gosto pela leitura e escrita, o amor em ler um livro e a consciência em adquirir o hábito pela leitura. O aluno vai perceber que a leitura é o instrumento para alcançar as competências necessárias a uma vida de qualidade, de conhecimento, de prazer e fruição.
Espera-se, contudo, as escolas e os professores tenham consciência de fazer o possível para despertar nos alunos curiosidades e a alegria de poder deslumbrar mundos dantes desconhecidos, tendo a plena certeza que se dedicar à leitura e a escrita é um processo contínuo e prazeroso que pode trazer apenas benefícios para todos. Sendo assim, a leitura e a escrita são modos que possibilitam o diálogo, a compreensão, até porque entendemos que ler e escrever é muito mais que juntar letras e formar palavras, codificar ou decodificar.
O professor deve ser o facilitador no processo de desenvolvimento das competências leitora e escritora dos alunos, dando lhes suportes, tendo planejamento, autonomia e responsabilidade, sempre criando assim laços afetivos e mostrando como a leitura e a escrita podem nos permitir diversas possibilidades de ver o mundo que nos cerca, abrindo caminhos para a vida por meio de aventuras construídas pela imaginação no ato de ler.
Portanto, é interessante a leitura e a escrita sejam aplicadas com encantamento fazendo a criança ir em busca de aprender e compreender mais e mais esse processo, o ambiente de aula, seja atrativo, interativo, questionador e equipado de forma que instigue nas crianças o desejo de produzir e o prazer de estarem ali naquele ambiente. Com isso, esse projeto visar apresentar às crianças maneiras de aprender com atividades significativas para o desenvolvimento de sua aprendizagem e construção de autonomia e saber.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
O GÊNERO NARRATIVO CONTO: SUGESTÃO PARA FRUIÇÃO DA ORALIDADE.
Levando em consideração a oralidade é um processo vivo, heterogêneo e dinâmico da linguagem, este projeto pauta-se na ideia a escola tem papel fundamental nesse processo e é notório em muitas escolas públicas do Brasil, o ensino de Literatura está desvinculado do ensino de Língua Portuguesa, e de forma descontextualizada o professor trabalha o texto literário. A partir, desses questionamentos este trabalho apresenta ao docente uma forma de como ele pode incluir esse gênero na sala de aula e utilizar a oralidade a partir deste, uma vez que a escola é responsável pela criação de cidadãos atuantes, críticos que consigam agir nas mais diversas situações, tanto no seu cotidiano, quanto em contextos mais específicos, assim acreditamos o gênero seja encarado como meio básico de inserção e de busca de sua cidadania. Nesse sentido propõe-se: “o ensino de língua portuguesa esteja pautado na noção de gêneros textuais, que são concebidos como fenômenos históricos profundamente vinculados à vida social e cultural de sujeitos”. (PCN, 1998 p. 54)
É importante ressalvar que o trabalho com diversos gêneros se relaciona também com as atividades de leitura, onde os gêneros podem contribuir para o prazer da leitura e da fruição da oralidade. Ler é muito mais que decodificar palavras registradas na folha de papel; ler é produzir sentido, é compreender, interagir, e reproduzir através da fala o que se leu é o papel da oralidade. É a forma mais plena de colocar o indivíduo com a realidade que o cerca, sendo assim os PCN (BRASIL 1998, p. 53) mencionam a leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção de significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo que se sabe sobre a língua: característica do gênero, do portador, do sistema de escrita etc. De acordo com Miranda e Rodrigues:
O conto é uma verdadeira história que contém um valioso e rico mistério de um povo, pois tudo é maravilhoso, incompreensível, surpreendente e fascinante. Portanto, o conto é uma narração maravilhosa de maior brevidade, baseada numa trama romanesca, os lugares não são determinados e os personagens não têm nenhuma precisão histórica. (MIRANDA E RODRIGUES, 2003, p. 12)
A escola precisa ter um vínculo com as experiências oralizadas de cada aluno, do que se passa na sua região, para então abordar com os mesmos de forma muito espontânea o gênero conto, tendo em vista esse gênero propicia a liberdade de falar e de expor para os demais colegas as vivências e realidades de um local. Nessa perspectiva, cabe ao professor propor atividades que promovam a ativação ao conhecimento de gêneros estabelecidos socialmente e de acordo com a vivência de cada aluno, para tanto ele necessita ter conhecimentos de teorias que lhe dê subsídios necessários para promover, sempre que possíveis experiências do uso da linguagem para que os alunos sintam-se dispostos a contar as estórias ouvidas de seus pais, parentes ou pessoas da comunidade, para isso Liberato ressalta:
Considerando que a prática da leitura é o melhor meio de se aprender a ler, se o leitor iniciante é exposto a textos que são inadequados, difíceis de ler, é de se esperar que lhe falhe na tentativa de se desenvolver a leitura, perca o interesse e imagine que não é capaz de realizar a sua tarefa. É preciso, portanto, selecionar e apresentar ao aluno textos adequados ao seu nível de conhecimento. (LIBERATO, 2006 p. 66)
Complementando esse raciocínio Zilberman, afirma que:
Tem sido atribuição da escola desde seus inícios, sendo atividades estimuladas já nas primeiras séries – ou ainda na pré-escola, segundo algumas orientações – e praticada em todas as disciplinas. Porém, a responsabilidade pelo incentivo à leitura, incluindo-se aí a introdução à literatura, e a aprendizagem da escrita, bem como das maneiras mais adequadas de redigir e falar cabe invariavelmente ao professor de língua portuguesa. (ZILBERMAN, 1991, p. 112)
Nesse sentido o gênero conto pode estar mais próximo da realidade dos alunos, da sua cultura e do espaço onde vivem, torna-se importante tanto para o estímulo da oralidade e produção escrita quanto para a valorização e o resgate da nossa cultura, sendo o gênero em foco pode contribuir para a formação do educando dentro e fora da escola. E o professor pode contar com mais um instrumento que pode vim lhe beneficiar em sala de aula, ao tornar suas aulas mais dinâmicas, prazerosas, interessantes e atraentes, pois os alunos serão os mentores da aula, sendo, pois, o conto pode ser exposto diversas vezes por alunos diferentes, fator este que depende da sua comunidade e localidade, seguindo esse raciocínio este trabalho propõe a utilização do conto regional em sala de aula, pois, como já foi especificado o gênero conto possui muitas maneiras de ser trabalhado e explorado em sala de aula pelo professor de língua portuguesa e uma delas trata-se da oralidade cujo tema deste trabalho enfoca.
Deve-se atentar que o trabalho com memória e oralidade nos proporciona uma gama de análises e propostas de intervenção em sala de aula, mesmo que muito já discutidas, algumas questões devem sempre ser relembradas quando se trabalha com fontes orais, são estórias que não podem ser esquecidas, ou deixadas de lado, até por certo preconceito de serem regionais, mas que devem ser trazidas para as rodas de discussão, para ganhar abrangência e gosto por parte dos alunos. Nesse projeto, podemos atentar para o fato de podermos trabalhar com uma metodologia que permita a constituição de fontes históricas e documentais por meio de registro de testemunhos, depoimentos e narrativas tudo regional, possibilitando o acesso à história, onde o aluno sinta-se envolvido na sua própria estória, ele terá gosto por aprender como de fato as coisas ocorreram, as muitas narrativas advindas de uma mesma estória. A narrativa é uma representação da vida e do mundo no qual todos os sujeitos estão inseridos, valores são adquiridos e perpetuados gerações a gerações, criando laços de pertencimento mediados pela convivência e pela cultura que de forma muito peculiar está presente em cada região e em cada pessoa.
Sabe-se, a maioria dos estudos que se realizam no campo da educação utiliza uma proposta metodológica descritiva. Esta tem como objetivo central o conhecimento da comunidade analisada, mediante contato e interação com os valores, traços característicos e problemas, observados e analisados. Desse modo, abrange aspectos gerais e específicos de um determinado contexto social, político e econômico. Ao mesmo tempo, podemos trabalhar com uma proposta qualitativa, uma vez que se procurou descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisando a interação de certas variáveis, compreendendo e classificando processos dinâmicos experimentados pelos grupos sociais que serviram de base para este projeto de intervenção notadamente os professores e alunos. Ressalta-se que a escolha da metodologia de pesquisa indica o meio pelo qual o pesquisador busca desenvolver o conhecimento da realidade que se constitui pela diversidade social, histórica e cultural, assim, utilizarei neste trabalho, à priori, a pesquisa bibliográfica, sobre autores regionais que tenham a temática como enfoque.
Através dessa pesquisa pretende-se propor a análise e interpretação em momentos diferenciados, como rodas de leitura e contação de estórias, leitura de textos literários baseados nos contos, dramatização, entre outras sugestões. Considera-se, nesse tipo de pesquisa, a interpretação dos fenômenos, dos momentos históricos e a atribuição dos significados são fundamentais, por isso, pretende-se com essa pesquisa analisar e interpretar literaturas, o processo e seu significado, as contribuições que essa pesquisa oferece em diferentes campos de estudo. Todo levantamento de dados será feito por meio das literaturas, depoimentos, conversas, portanto todas essas são formas possíveis de acessarmos os fatos históricos de uma determinada época e região, buscando assim o contexto das literaturas. A literatura, também, constitui uma forma muito prazerosa de nos aproximarmos de um contexto social, de uma forma que nos leva a entender como os fatos aconteceram. É onde temos as fontes que norteiam as transformações que ocorreram e seus períodos.
Pretende-se, também, explorar a pesquisa quantitativa, porque constitui um instrumento eficaz para o recolhimento de dados para a elaboração de uma pesquisa e porque privilegia a obtenção de informações, relatos, depoimentos. Sendo assim, pesquisa qualitativa, possibilita a checagem e confirmação de preposições através de dados relevantes, e esses devem ser aplicados com rigor para que se obtenha a confiabilidade necessária para os resultados. A pesquisa quantitativa prioriza os resultados numéricos dos estudos propostos para avaliar comportamentos e opiniões de indivíduos de um determinado grupo ou opinião.
4 METODOLOGIA
Tendo em vista os contos regionais são componentes importantes para a cultura, podem transmitir não somente experiências através de uma tradição existente, mas também por possuir um valor que se estabelece entre interditos e conhecimentos acerca de uma cultura popular transmitidos de geração a geração, no qual o seu valor é aproveitado em algumas narrativas.
Assim, estudar os contos regionais é algo de muita relevância para a literatura, pois, possui um leque de possibilidades de conteúdos que podem ser explorados e aproveitados nas aulas de literatura, observa-se os textos literários são trabalhados em sala de aula como pretexto para se ensinar as regras gramaticais sendo que a ferramenta principal do professor o livro didático não aborda os textos regionais, a partir, desse levantamento observa-se então a necessidade de trazer essa discussão para o meio educacional dando enfoque na importância da literatura presente nos contos regionais.
Um dos grandes desafios da escola contemporânea é propiciar ao aluno condições que eles consigam estabelecer tanto uma boa leitura como uma boa escrita. E criar oportunidades deve ser nossa missão, ser um professor provocador, que estimule o senso crítico-reflexivo dos estudantes, aguçar o imaginário, para que possa fluir a criticidade, estimulando o hábito da leitura e da escrita, adquirindo através disso a facilidade no ato de se comunicar com os demais e uma forma de abrir caminhos para uma melhor aprendizagem.
Muitos de nossos alunos hoje, concluem o Ensino Fundamental sem saber ler e escrever, o que é muito preocupante. Sentem dificuldades, talvez pelo fato de seus pais não estimularem esse hábito, devido às exaustas correrias de seu dia a dia ou também por acharem a aula chata e pouco criativa, logo, tudo acaba não sendo apreciado pelos alunos.
Neste sentido, esta pesquisa se pautou em um estudo qualitativo de cunho bibliográfico. Primeiramente será feito o levantamento bibliográfico de literaturas sobre o tema da pesquisa, com enfoque nos contos regionais e fontes secundárias que abordam o tema proposto de diferentes maneiras, tais como, artigos, livros, documentos monográficos, periódicos, textos científicos ou em outro conteúdo, que falem acerca do tema e suas vertentes. E, posteriormente, alguns depoimentos, informações, relatos, propor narrativas, para que por último possa se fazer uma amostra dos resultados obtidos dessas análises, entre literatura, contexto histórico e atividades dos alunos, levar essa proposta para dentro da sala de aula, fazer a análise e verificação de como se deu a fruição e aceitação da proposta, propor esse desafio ao professor, e mostrar através dos experimentos que este método pode ser algo que busca sair das rotinas enfadonhas das aulas, trazendo novas intervenções para o contexto escolar, dando voz e vez para o aluno contar e recontar sua estória do jeito que ele achar melhor, quebrar paradigmas de aprendizagens, trabalhar com a interação professor/aluno, aluno/aluno, ainda que, muito debatido é pouco explorado. O ensino de língua portuguesa e literatura não podem ser desvinculados, eles nos garantem autonomia com nossa língua, com as variantes e o conto traz a regionalidade que se pretende explorar, conhecer mais a fundo, seus processos, a identidade local, proporcionando ao aluno ser conhecedor de sua estória, e estima-se que esta pesquisa busca atingir seus ideais e sirva para outras possíveis indagações e discussões no âmbito educacional.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao trabalhar a oralidade através de textos do gênero conto regional, temos que levar em consideração alguns alunos sentirão entusiasmo ao falar do que já conhecem sobre os contos, isto é mais uma ferramenta a favor, pois os contos fluem através de estórias contadas pela família, isso possibilita aos mesmos fazerem comentários e questionarem sobre os acontecimentos relatados nos contos.
Trabalhar a oralidade de maneira natural, é desenvolver a mesma nos alunos, é criar mecanismos que despertem o seu interesse para que estes possam interagir questionar e fazer da oralidade um instrumento de análise crítica. Porém para que possam ter consciência da importância da oralidade é preciso que esta seja trabalhada diariamente e não só nas aulas de português, mas também em outras disciplinas.
De forma geral pode-se verificar se os alunos se expressam bem entre eles, ou seja, na equipe, o projeto terá êxito, mas se quando for preciso expor para os demais colegas observar se gerou um problema e se o aluno soube se expressar de forma correta e espontânea, e a partir desse momento fazer a intervenção de forma positiva, com o intuito de ajudar esse aluno a se desenvolver também fora de seu grupo.
Em suma conseguiremos atingir parte de nosso objetivo se incentivarmos a oralidade através do gênero conto. Vale ressaltar que em poucos dias, o professor de língua portuguesa pode desenvolver essa proposta metodológica e seria muito eficaz visto a sua carga horária ser mais relevante e o processo de ensino-aprendizagem exigir um longo processo didático-pedagógico dentro da sala de aula.
O conto nos permite transitar por universos desconhecidos e que ao serem desbravados como em uma narrativa, podemos construir em nossa mente o cenário magnifico dos contos e por onde ele perpassa em suas vertentes, pessoas, povos, saberes e diferentes culturas. Neste sentido, este trabalho pauta-se na importância de formação tanto de leitores/escritores quanto de pessoas que possam perder o medo de oralizar, opinar, contar em sala de aula, trata-se de mais uma ferramenta utilizada, de forma correta, para dar suporte ao professor, trazendo consigo os benefícios que os contos e a oralização podem proporcionar ao contexto escolar.
Sendo assim espera-se que tanto docentes quanto alunos possam desfrutar dos contos regionais para fortalecer os laços da aprendizagem, do ensino dialógico, pautado na interação em sala de aula e na conduta de alunos que busquem o saber não estar atrelado apenas às aulas conteudista, mas aos mecanismos que proporcionam a verdadeira aprendizagem, daquilo que realmente fica acerca da construção do saber que permite conhecer sua própria cultura/identidade e transitar por ela como sujeito autônomo, crítico, busca o conhecimento e adquire o saber sendo o protagonista de sua história dentro do universo escolar.
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