EXPERIÊNCIAS DE ENFERMEIRAS COM PACIENTES HEMODIALÍTICOS E A TEORIA DO MODELO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE

NURSES EXPERIENCES WITH HEMODIALYSIS PATIENTS AND THE THEORY OF THE HEALTH PROMOTION MODEL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202410281810


Thatiana da Fonseca Peixoto1
Lavinia Helena Rufino da Silva2
Camila Aparecida de Oliveira Alves3
Dandara Dinna Cavalcante da Silva4
Amuzza Aylla Pereira dos Santos5
Laís de Miranda Crispim Costa6
Maria Cicera Dos Santos de Albuquerque7


Resumo: Essa pesquisa teve como objetivo relatar as experiências de enfermeiras no cuidado aos pacientes hemodialíticos com a utilização da teoria de promoção da saúde de Nola Pender. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência vivenciado por enfermeiras em uma unidade de nefrologia do estado de Alagoas. Para melhor compreensão, as experiências foram relatadas e discutidas através de 3 categorias, sendo elas: ações planejadas e implementadas segundo o MPS; limitações e facilidades encontradas na utilização do MPS e os aspectos que potencializaram a implementação do MPS aos pacientes hemodialíticos. Consideramos que a experiência oportunizou uma reflexão quanto a urgente necessidade de se utilizar as teorias de enfermagem em nossa prática assistencial. A vista disso sugere-se que no contexto acadêmico os estudos sobre as bases teóricas do cuidado em enfermagem sejam mais aprofundados, a fim de ampliar os olhares dos graduandos e contribuir para uma assistência mais segura.

Palavras chaves: Promoção da Saúde;Cuidado de Enfermagem; Teoria de Enfermagem; Nefrologia.

Summary: This research aimed to report the experiences of nurses in caring for hemodialysis patients using Nola Pender’s health promotion theory. This is a descriptive study, with a qualitative approach, reporting the experience experienced by nurses in a nephrology unit in the state of Alagoas. For better understanding, the experiences were reported and discussed through 3 categories, namely: actions planned and implemented according to the MPS; limitations and facilities found in the use of MPS and the aspects that enhanced the implementation of MPS for hemodialysis patients. We consider that the experience provided an opportunity to reflect on the urgent need to use nursing theories in our care practice. In view of this, it is suggested that in the academic context, studies on the theoretical bases of nursing care be more in-depth, in order to broaden the perspectives of undergraduates and contribute to safer care.

Keywords: Health Promotion; Nursing Care; Nursing Theory; Nephrology.

INTRODUÇÃO

A doença renal é definida como a diminuição da capacidade dos rins em desenvolverem suas funções de filtração, regulação hormonal, volume de líquidos do organismo e de outras substâncias do líquido extracelular. Pode ser classificada em aguda ou crônica, sendo esta última considerada uma redução severa, irreversível e insidiosa, por um período mínimo de três meses, o que pode ser evidenciado pela presença de lesão renal bem como pela redução da Taxa de Filtração Glomerular (TFG)2.

Segundo o Ministério da Saúde, a Doença Renal Crônica (DRC) é classificada em 5 estágios clínicos com base em sua TFG.  A fim de garantir a qualidade de vida da pessoa com DRC, até o quarto estágio é possível mantê-lo em tratamento conservador, a partir do quinto faz-se necessário iniciar a Terapia Renal Substitutiva (TRS), que abrange hemodiálise, diálise peritoneal e o transplante renal3.

No Brasil, dentre os tipos terapêuticos de substituição renal, a hemodiálise é a mais utilizada, em comparação à diálise peritoneal e o transplante renal. Por isso, ainda em estágios anteriores ao de diálise, é providenciado um acesso venoso temporário ou permanente, sendo preferível o definitivo. Destacamos que para os pacientes esta modalidade de tratamento é vista como uma experiência debilitante e, por vezes, descrita como uma situação de dependência e de perda de autonomia, pois gera algumas dificuldades para o cotidiano, necessitando de adaptação e enfrentamento por parte deles e de seus familiares10.

Sendo assim, o enfermeiro exerce papel essencial na prestação de cuidados ao paciente em hemodiálise, tornando-se necessária a aquisição de conhecimentos e habilidades específicas. Para tanto, é fundamental desenvolver competências que vão além dos conhecimentos técnicos e científicos, os quais são elementos básicos da dinâmica do cuidado à doença renal7. A vista disso, o cuidado e aplicação do processo de enfermagem permitirá compreender a importância dos relacionamentos, a sensibilidade de ouvir, acolher e estabelecer a conexão necessária  nas sessões de hemodiálise identificando as necessidades particulares de cada paciente e buscando a promoção da saúde destes usuários22.

Nesse contexto, a utilização de teorias no campo da promoção da saúde pode facilitar na compreensão dos problemas e orientar nas soluções que respondem às necessidades e interesses das pessoas envolvidas. Dentre as teorias de enfermagem que podem ser aplicadas podemos citar o Modelo de Promoção da Saúde de Nola Pender, o qual fornece uma estrutura simples e clara, em que o enfermeiro realiza um cuidado de forma individual ou coletiva e permite a aplicação do processo de enfermagem18.

Essa pesquisa tem como objeto de estudo as experiências de enfermeiras no cuidado a pacientes hemodialíticos com a utilização da teoria de promoção da saúde de Nola Pender. A motivação para realizá-la nasceu durante um dos seminários da disciplina de Bases Teórico Filosóficas do Cuidado em Saúde e Enfermagem do curso de mestrado acadêmico de uma Universidade Federal. Ao observarem que o modelo de Pender pode ser aplicável em diversas populações e em diferentes contextos, as pesquisadoras, optaram em aplicá-lo em sua prática de trabalho com pacientes que realizam hemodiálise, justificando o nascimento deste relato de experiência.  

Ante ao exposto, o estudo tem o seguinte objetivo: relatar as experiências de enfermeiras no cuidado a pacientes hemodialíticos com a utilização da teoria de promoção da saúde de Nola Pender. A pesquisa torna-se relevante diante da incidência nacional de pacientes renais crônicos que realizam hemodiálise, sendo fundamental uma assistência de enfermagem equitativa, a qual torna-se mais segura uma vez que esteja ancorada em modelos e teorias de enfermagem. Além disso, será possível dar mais visibilidade às teorias de médio alcance, provando que são passíveis de aplicação tanto quanto as de alto alcance.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência vivenciado por enfermeiras em uma unidade de nefrologia do estado de Alagoas, sob a ótica da teoria de promoção da saúde de Nola Pender. Os estudos do tipo relato de experiência exprimem uma vivência acadêmica e/ou profissional em um dos pilares da formação universitária (ensino, pesquisa e extensão), cuja característica principal é a descrição da intervenção14.

Para dar sustentação à construção deste estudo, foi utilizado o roteiro proposto por MUSSI e seus colaboradores14 (2021) na pesquisa Pressupostos para a elaboração de relato de experiência como conhecimento científico”. Para isso, inicialmente foi elaborada a seguinte questão norteadora: Quais as experiências de enfermeiras no cuidado a pacientes hemodialíticos com a utilização da Teoria de Promoção da saúde? 

Ressalta-se que esta pergunta de pesquisa foi estabelecida através da estratégia PICO, que corresponde a Population (População); intervention or area of interest (intervenção ou área de interesse); comparison (comparação); Outcome (Desfecho). Assim, nesta pesquisa alcançou-se: a) população: enfermeiras; b) área de interesse: nefrologia; c) comparação: utilização do modelo de promoção da saúde no cuidado a pacientes hemodialíticos; d) desfecho: experiência12.

A experiência teve seu nascimento quando uma das enfermeiras iniciou sua jornada de trabalho em uma clínica de hemodiálise localizada na cidade de Maceió, Alagoas, Brasil, que se caracterizou como o cenário de estudo.  O local conta com os três tipos de terapia renal substitutiva, com predomínio da modalidade de hemodiálise, onde os pacientes recebem assistência e suporte de uma equipe multidisciplinar. Entretanto, foi durante o curso de curso de mestrado acadêmico da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), ao conhecer as teorias de médio alcance, as enfermeiras/mestrandas observaram a associação direta de uma dessas teorias com a sua respectiva área de atuação, com isso decidiram aplicar este modelo em suas vivências profissionais com os pacientes hemodialíticos. 

Após decidiram qual teoria iriam utilizar, as pesquisadoras se debruçaram no modelo proposto pela teórica a fim de proporcionar uma aplicação mais próxima e fiel do modelo com a área escolhida. Assim, realizaram encontros presenciais e remotos para discutirem e elaborarem as práticas e ações a serem desenvolvidas. Como recurso para análise dos depoimentos relatados pelas autoras, utilizou-se da técnica de análise contextual discursiva de Roque Morais13.

No que se refere às questões éticas, é importante salientar que, no relato de experiência, o sujeito em questão são os próprios pesquisadores, mesmo que, no decorrer da experiência, ocorram contatos com outras pessoas4. Assim, o estudo segue rigorosamente as normas de pesquisa com seres humanos das Resoluções 510 de 2016 e 466 de 20125.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Modelo de Promoção da Saúde (MPS) de Nola Pender atuou nesta pesquisa como arcabouço descritivo e explicativo das condições que ocorrem relacionadas ao cuidado dos pacientes hemodialíticos e de fatores promotores da saúde. É válido expor que durante a experiência das enfermeiras a teoria permitiu traçar a análise desse processo, servindo como base para elaboração de um modelo que abordasse atividades relevantes para a prática da enfermagem em nefrologia com foco no cuidado e promoção da saúde desses pacientes6.

Assim, para melhor compreensão, as experiências foram relatadas e discutidas através de 3 categorias, sendo elas: ações planejadas e implementadas segundo o MPS; limitações e facilidades encontradas na utilização do MPS e os aspectos que potencializaram a implementação do MPS aos pacientes hemodialíticos.  Estas categorias foram elaboradas com base no Modelo de Promoção da Saúde de Nola Pender.

No tocante à primeira categoria, foi realizada pelas enfermeiras uma roda de conversa onde os pacientes relataram seus hábitos e comportamentos prévios ao diagnóstico de DRC e fatores de automotivação para não abandonar a terapia.  Igualmente, foi recorrido a dados contidos em prontuário eletrônico para confirmar a idade média dos pacientes, onde foi constatado que a idade média é de 65 anos, cerca de 95% possuíam 2º grau completo, 60% apresentavam 2 a 3 salários mínimos, cerca de 97% encontravam-se aposentados, 60% possuíam de 2 a 3 filhos.

Sabendo da importância dessa caracterização prévia para haver aplicabilidade da Teoria do MPS,foi adotada como estratégia pelas autoras o Processo de Enfermagem (PE), onde o mesmo atua como um guia sistemático que norteia o raciocínio diagnóstico e terapêutico do enfermeiro, além de orientar a documentação da prática profissional, conforme preconizado pela Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) 358/20099.Dessa forma, os elementos da prática profissional que compõem o PE são o histórico, diagnósticos, planejamento, intervenções e resultados de enfermagem, essas etapas devem ser documentadas por meio de taxonomias, uma linguagem padronizada que são veiculadas por Sistemas de Classificação em Enfermagem9.

Durante a experiência, foram discutidos os dados individualmente levantados, acrescentando-se dados expandidos emergidos, incluindo a discussão dos significados atribuídos. Todo esse envolvimento conscientizou os pacientes sobre o quanto eles se encontravam no contexto de riscos e suas possíveis consequências a não adesão ao tratamento hemodialíticos, seguindo um pressuposto de melhorar a qualidade de vida. 

Atrelado a isso, o MPS permitiu às autoras a utilização das etapas do Diagnóstico de Enfermagem (DE) e das Intervenções de Enfermagem (IEs). De posse dos dados expandidos do Histórico de Enfermagem (HE), sua análise encaminhou-se para definir alguns DEs prioritários selecionados a partir da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE). Conforme o Quadro 1, há uma explanação sobre as respectivas IEs, pensadas, discutidas e planejadas, para cada DE firmado durante esta experiência.

Quadro 1: MPS de Nola Pender aplicado à realidade de uma clínica de hemodiálise.

Nesse contexto, de acordo com o quadro 1, foram identificadas várias respostas relacionadas às dificuldades enfrentadas pelos pacientes que realizam hemodiálise para aderir ao tratamento hemodialítico, destacando-se várias situações, a exemplo de: transporte (deslocamento) e o tempo para ir à clínica, bem como fatores, como: dor ou desconforto da punção da fístula arteriovenosa e distância e, foi lembrado como dificuldade de adesão ao tratamento o não cumprimento das necessidades humanas básicas, como: conforto (ausência de dor), sono, repouso, ingestão hídrica e lazer. 

Dentre os fatores promotores da adesão ao tratamento hemodialítico, destacou-se o medo de morrer, pois os clientes sabem que a hemodiálise é essencial para a manutenção de suas vidas. Também foi observado pelas enfermeiras, aspectos relacionados ao compromisso do paciente em manter as metas acordadas mutuamente, para conseguir atingir um comportamento de promoção da saúde ideal, preservando sua vida e bem estar.

Corroborando com o que dito, foram observadas condutas alternativas mediantes as quais os indivíduos possuem baixo controle sobre a situação, como o trabalho, e as responsabilidades do cuidado da família (pois, existe grande parte dos pacientes que são responsáveis pela parte financeira de sua casa). Porém, foi observado também, que alguns pacientes adotaram hábitos de vida mais saudáveis dentro da sua realidade, como por exemplo: aquisição de bicicleta ergométrica para fazer exercício em casa, outros passaram a fazer caminhada (saindo de casa até a clínica de hemodiálise nos dias do tratamento), outros passaram a frequentar pilates, academia e aula de dança. Todas estas atividades atuaram como alternativa aos mecanismos de enfrentamento, visando maximizar a qualidade de vida.   

Ante ao exposto, estudiosos apontam que existem vários fatores de risco associado aos hábitos e comportamentos dos indivíduos referentes às Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que podem levar ao adoecimento precoce, como por exemplo, hábitos de vida não saudáveis como o tabagismo, o sedentarismo, o consumo de alimentos não saudáveis e o excesso de sal, açúcar e álcool. As doenças crônicas afetam a maneira de viver dos indivíduos acometidos, levando-os à necessidade de mudança de hábitos e à busca por melhores condições de vida11.                                                

Dessa forma, a partir da experiência das autoras pode-se inferir que quando o indivíduo encontra a instituição de saúde para realizar o tratamento e prestação de cuidados à saúde, há possibilidade de o enfermeiro aplicar o modelo de Promoção da Saúde de Nola Pender, pois possibilita promover qualidade de vida e prevenir problemas, antes que estes sejam instalados, utilizando estratégias para que não ocorra agravos decorrentes da DRC23

Nesse contexto, o cuidado de enfermagem se relaciona principalmente no que diz respeito à competência profissional do enfermeiro e às relações interpessoais no ambiente da hemodiálise.  Este ambiente propicia aos sujeitos envolvidos uma série de oportunidades para que sejam criados e mantidos vínculos que podem subsidiar o cuidado de enfermagem17.

Ademais, ao relacionar o papel do enfermeiro e a percepção de saúde relacionada às possibilidades de promoção da saúde aos pacientes hemodialíticos, ou na comparação com a vivência anterior ao tratamento, remonta à aproximação da essência do objeto saúde através da articulação dialética sócio-histórica, bem como à produção de saúde como a produção da própria vida e das subjetividades21.

Desta maneira, a atenção a esse público por meio da consulta de Enfermagem torna-se uma oportunidade ampla para o desenvolvimento de cuidados de Enfermagem que atendam suas necessidades em saúde. A visita de enfermagem no momento em que o paciente está realizando o tratamento também demonstra ser um relevante instrumento de intervenção para a promoção da saúde, uma vez que os enfermeiros podem fortalecer o vínculo com essas pessoas16.

Nesse contexto, a integração da interdisciplinaridade nas práticas de cuidado pode ampliar a compreensão dos fatores que influenciam o sofrimento mental e proporcionar uma visão holística dos indivíduos, direcionada à complexidade e transformadora do modelo de atenção16.

Sendo assim, a adesão aos comportamentos e hábitos de vida saudáveis é uma das estratégias da equipe de enfermagem que potencializa o empoderamento dos indivíduos para a manutenção do seu bem estar e da sua saúde. Os participantes envolvidos sinalizaram a adoção de comportamentos promotores de saúde com redução da exposição aos fatores de risco, favorecendo a proposta do MPSE de Nola Pender15.

Por conseguinte, partindo do pressuposto de que a equipe de enfermagem realiza uma estratégia para o autocuidado do paciente, através de suas orientações o paciente começa a aceitar e incluir em sua rotina esses novos cuidados. Como a hemodiálise ocasiona limitações em seu cotidiano para o paciente estará sendo um momento de transformação em sua vida, sendo assim será um desafio mudar seu estilo de vida, porém a partir do momento em que o indivíduo entende que essa mudança ocasionará conforto nas atividades vivenciadas no seu dia a dia, ele passará a se sentir mais confiante nesse processo de mudança22.

Dessa forma, ao examinar tais mecanismos e as variáveis que influenciam o processo da intervenção, pode-se inferir que os mesmos permitem que enfermeiros desenvolvam e forneçam cuidados fundamentados em referencial teórico apropriado. O enfermeiro pode promover condições favoráveis para a mudança, valendo-se dos principais determinantes como base para o aconselhamento comportamental, tomando como foco a promoção de estilos de vida saudáveis19.

Logo, de acordo com o que foi elucidado anteriormente, percebe-se que o empoderamento do indivíduo em relação à DRC e ao tratamento hemodialítico, através de uma intervenção de enfermagem, possibilita a criação de vínculo, maximiza ações de autocuidado e auto eficácia, e consequentemente haverá melhoras em sua qualidade de vida1.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos que a experiência oportunizou uma reflexão quanto a urgente necessidade de se utilizar as teorias de enfermagem em nossa prática assistencial. O MPS assegurou às pesquisadoras um suporte científico no cuidado dos pacientes hemodialíticos, auxiliando-as na construção do plano de ação com a participação ativa do indivíduo em seu processo de cuidado. 

Percebe-se então, que o referencial teórico da enfermeira Nola Pender pode ser plenamente aplicado na área da nefrologia e destaca-se que a Enfermagem, mesmo sendo uma profissão consolidada, precisa resgatar seus constructos, pressupostos e referências, lançando mão daquilo que lhe é exclusivo – o Processo de Enfermagem – e aplicando na sua prática para que o seu fazer, de fato, possa ser privativo da profissão, específico, individual e efetivo.

Ademais, é importante elucidar que através dessa experiência houve o entendimento de que em uma unidade de hemodiálise é responsabilidade do enfermeiro a transmissão de conhecimentos que o paciente e seus familiares necessitam ter sobre a doença, auxiliando-os, para que aprendam a conviver melhor com a DRCe a HD. O paciente deve entender perfeitamente, desde o início do programa hemodialítico que sua negligência quanto ao tratamento, lhe trará graves consequências. Sendo assim, o enfermeiro terá de comunicar ao paciente as orientações corretas para que ele possa decidir adequadamente sobre suas responsabilidades.

A vista disso sugere-se que no contexto acadêmico os estudos sobre as bases teóricas do cuidado em enfermagem sejam mais aprofundados, a fim de ampliar os olhares dos graduandos e contribuir para uma assistência mais segura. Enfatiza-se a necessidade de que novas pesquisas sejam desenvolvidas e outras reforçadas para assegurar uma maior visibilidade ao tema. 

REFERÊNCIAS 

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1Universidade Federal de Alagoas, Escola de Enfermagem. Maceió. Alagoas. Brasil. (https://orcid.org/0009-0000-5367-1914) Email:enfathatianapeixoto@gmail.com
2Universidade Federal de Alagoas, Escola de Enfermagem. Maceió. Alagoas. Brasil. (https://orcid.org/0000-0001-7413-2485)
3Universidade Federal de Alagoas, Escola de Enfermagem. Maceió. Alagoas. Brasil. (https://orcid.org/0000-0003-2139-6385)
4Universidade Federal de Alagoas, Escola de Enfermagem. Maceió. Alagoas. Brasil. (https://orcid.org/0000-0001-8739-0096)
5Universidade Federal de Alagoas, Escola de Enfermagem. Maceió. Alagoas. Brasil. (https://orcid.org/0009-0000-5367-1914)
6Universidade Federal de Alagoas, Escola de Enfermagem. Maceió. Alagoas. Brasil. (https://orcid.org/0000-0003-4997-567X)
7Universidade Federal de Alagoas, Escola de Enfermagem. Maceió. Alagoas. Brasil. (https://orcid.org/0000-0002-5230-3447)