REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7679175
Maria de Fátima Silveira Medeiros*
Resumo:
Este artigo abordará a evolução e retrocessos na educação, através de um breve relato sobre a história educacional brasileira bem como que dificuldades ocorreram e se as mesmas ainda estão vigentes e os teóricos que apresentaram as referidas evoluções e seus retrocessos. Se os mesmos, ainda perduram até os dias de hoje e, quais foram sanados. Sendo que a metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica sobre o tema, bem como de pesquisas relacionadas a este processo educacional.
Palavras-chaves: evolução; educação; retrocessos.
Abstract:
This article will address the evolution and setbacks in education, through a brief report on Brazilian educational history as well as what difficulties have occurred and if they are still in force and the theorists who presented these evolutions and their setbacks. If the same, they still last until the present day and, which ones were remedied. Since the methodology used was the literature review on the subject, as well as research related to this educational process.
Keywords: evolution; education; setbacks.
Introdução
O presente artigo em sua abordagem sobre a evolução e retrocesso na educação brasileira, inicia ressaltando a Constituição Federal de 1988, que em seu artigo 205, trata do direito à educação.
O referido artigo diz que a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Contudo, relato sobre a história educacional brasileira denota que a educação não evoluiu como deveria e que a educação teve os seus avanços, mas também muitos retrocessos, sendo que historicamente houve reformas educacionais, sempre atentando às necessidades da época das suas implantações, citando como exemplo Gaudêncio Frigotto.
A partir desses relatos falarei um pouco sobre a história educacional brasileira com suas evoluções e retrocessos, mas também com avanços solucionáveis
História Educacional no Brasil
A educação formal brasileira inicia com a chegada dos padres Jesuítas no Brasil com a colonização do Brasil, mas pela história já estava habitando essas terras, muitas famílias indígenas, as quais foram aos poucos catequizadas pelos padres Jesuítas, e os filhos dos colonos o ensinamento das primeiras letras, houve conflitos, sim, mas foram sanadas e os padres ficaram até serem expulso com a chegada da família real.
Nessa época o professor era o detentor do conhecimento e poucos os recebiam, sendo que o aluno apenas escutava e não participava do processo, sendo que permanecia passivamente nas aulas expositivas e teóricas com exercícios repetitivos com foco na memorização e não no aprendizado e conhecimento. O que o professor falava era lei.
No entanto, mesmo com a chegada da família real, a educação não mudou muito, pois os filhos das famílias mais abastadas saiam da sua zona de origem para estudar fora e adquirir mais conhecimentos.
E isso perdurou por muito tempo, mas com o passar dos anos e com a evolução da educação os professores tornaram-se mentores, com a aluno sendo o protagonista, ou seja, aquele que buscava e dividia o conhecimento, com aulas mais práticas e dando valor aos seus aprendizados que traziam do seu dia a dia, com exemplos da vida que os mesmos tinham ou queriam ter, ou seja, o aluno tem a educação como um processo contínuo.
Neste meio tempo veio o período militar e, neste período criou-se a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) com o decreto 5692 de 1971 (5.692/71) que até pouco tempo regeu o ensino fundamental, onde tinha o infantil e o fundamental e o ensino médio.
Evolução e Retrocessos da Educação Brasileira
A LDB pode ser considerada, ao mesmo tempo, um avanço e um tropeço. Avanço porque normatizou o sistema escolar nacional, que até esse momento não estava completamente organizada. Foi um tropeço porque a escola nacional se tornou dependente dos interesses norte-americanos, em razão dos acordos MEC-Usaid, que tinha o objetivo de implantar o modelo norte americano nas universidades brasileiras através de uma profunda reforma universitária..
E a proposta de profissionalização não surtiu efeito, pois os cursos profissionalizantes não deram conta de preparar os jovens para o mercado de trabalho. Seu efeito foi o de, por algum tempo, diminuir a demanda por vagas nas portas das universidades.
Pois para Frigotto (2010) a educação brasileira, entre as décadas de 60-70, de prática social que se define pelo desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, atitudes, concepções de valores articulados às necessidades e interesse das diferentes classes e grupos sociais, foi reduzida, pelo economicismo, a mero fator de produção-“capital humano”.
Ainda segundo FRIGOTTO, 2010, p. 47,
A partir do projeto de autonomização educacional brasileiro, a escola passou a ser vista como setor privilegiado pela elite dominante; privilegiado não através de investimentos financeiros, e sim através de mecanismos de precarização para as escolas das massas populacionais com menos condições econômicas. “A escola é uma instituição social que mediante suas práticas no campo do conhecimento, valores, atitudes e, mesmo, por sua desqualificação, articula determinados interesses e desarticula outros”.
Com o processo de abertura e redemocratização, a partir de meados da década de 1980, o sistema escolar se reorganizou e em 1996 foi publicada uma nova LDB, a qual rege o sistema escolar brasileiro, na atualidade.
Porém, o artigo da Brasil Escola fala que “o grande avanço do sistema escolar brasileiro e da legislação educacional foi a obrigatoriedade da gratuidade do ensino fundamental e médio a ser oferecido pelos estados e municípios”.
Contudo essa oferta e compromisso com essa escolaridade que era uma obrigação do País e um dever do Estado, não foi uma realidade para todos, pois muitos não tinham condições de acesso escolar.
Mesmo agora, ainda tem lugares onde o acesso é restrito devido às grandes distâncias entre uma escola e outra e, quando em locais de difícil acesso devido a intempérie do tempo, destacando as chuvas.
A seguir comentarei sobre os 5 (cinco) maiores desafios da educação básica e as maneiras de solucioná-las, segundo o blog da Escola em Movimento.
Os 5 maiores desafios da educação básica e as maneiras de solucioná-los
Os desafios educacionais são imenso, pois mesmo nos dias de hoje a educação está em crise, ou pelos governantes que pensam na educação, mas não sabem como gerenciar ou pelos docentes que muitos não têm capacitação/formação para atuar na educação de hoje, ou pelos alunos que cansados de estarem com ensino remoto, muitos evadiram e não aprenderam quase ou nada do ensino preterido.
Sendo que os números provam as falhas, porque mais de 60% dos alunos do quinto ano não conseguem interpretar textos simples, tampouco fazer cálculos matemáticos básicos. E as crianças no ensino inicial que saem sem saber escrever o próprio nome.
Esses são uns dos motivos para esse problema, que muitas vezes inicia na própria casa do aluno onde os pais, muitos sem instruções, não tem autonomia para ensiná-los e colocam essa responsabilidade na escola, acreditando que a mesma deva ensiná-los de todas as formas de saber e de comportamento.
Com todos esses motivos relatados acimas, venho elencar 5 (cinco) maneiras que podem ajudar nesse desafio e melhorar a educação para tornar o ensino de qualidade.
1. Falta de investimentos generalizados
Muitos alunos numa única sala, sem estrutura, passando poucas horas e professores mal remunerados. A solução seria um investimento maciço em escolas preparadas com laboratórios, computadores, bibliotecas e aumento salarial para os professores, mas com um programa de educação continuada para eles.
Os países mais desenvolvidos são justamente aqueles que mais investem em educação.
2. Mais acesso à escola e mais participação das famílias
A meta inicial do Plano Nacional de Educação (PNE) previa que crianças de 0 a 3 anos de idade deveriam ter acesso à creche e escolas, mas não foi atingida em 2010, data final da meta, postergada para 2020. O déficit é tão grande que apenas 23,5% das crianças estão matriculadas nas creches. Entretanto, a solução não é apenas aumentar o número de vagas, mas garantir que haja qualidade no ensino.
A realidade das escolas particulares é melhor. No entanto, quando o assunto é parceria entre família e escola, o desafio é o mesmo para todos os tipos de escolas.
Estudos comprovam que o nível de envolvimento das famílias nos estudos tem total impacto no comportamento dos alunos em sala de aula.
É claro que a escola não tem o controle sobre o quanto os pais vão participar, mas ela pode sim estimular este relacionamento. Isso começa com uma comunicação escolar bem trabalhada, que permite que os pais fiquem cientes de tudo que acontece na escola e se sentem convidados a participar.
O trabalho de conscientização também é necessário. A maioria dos pais não tem noção do peso que têm no comportamento dos filhos. Alguns acham que só de colocarem em uma boa escola, é suficiente.
Mas, na prática, o envolvimento das famílias com a escola é imprescindível, sendo que a escola ensina, mas são os pais que educam, portanto, o engajamento entre escola-família é imprescindível.
3. Carga horária x vagas
O brasileiro passa pouco tempo nos bancos escolares durante sua vida como aluno. Ao contrário da maioria dos países desenvolvidos, onde o aluno fica tempo integral. É preciso que a carga mínima de 800 horas anuais seja cumprida, distribuída em 200 dias letivos. Isso assegura tempo para trabalhos escolares e plano de desenvolvimento.
Mas, quando essa carga horária não acontece, o trabalho fica comprometido e, os alunos vão se evadindo, sobrando vagas e, com isso, seu desenvolvimento e conhecimento vão se deteriorando.
4. Fortalecimento da escola pública
Inclusão de alunos com deficiência, tratamento à diversidade em todas as suas esferas e organização da grade curricular. O fortalecimento da escola pública nestes (e outros) aspectos passa por uma gestão participativa e democrática. Neste modelo, os pais participam da vida escolar dos filhos com voz ativa. Num modelo baseado na parceria escola-comunidade e o gestor passa a ouvir opiniões e sugestões.
Essa parceria faz com que os alunos participem mais no dia a dia da escola e a interação entre os professores, pais e alunos faz com que o ensino público fique mais fortalecido.
5. Modelo distorcido de formação de docentes
França e Alemanha têm instituições dedicadas exclusivamente à formação de professores (CAPDEVILLE, 1994). No Brasil, o professor aprende o conteúdo que precisa ensinar (como Português, Geografia e História), mas não aprende especificamente didática e pedagogia.
Outro agravante é que o professor aprende dar aula e trabalhar com um modelo específico de aluno, considerado o ideal, longe da realidade heterogênea e diversificada tanto cultural, quanto social e econômica que estamos inseridos e, também para alunos com dificuldade de aprendizagem, onde o professor sem a devida formação não sabe o que fazer, quando o recebe em sala de aula.
Desta feita a inclusão não acontece e o aluno com deficiência acaba se evadido, pois não encontra, naquele professor o que veio buscar que é sua formação integral.
A criação de institutos dedicados à formação de professores, programas de educação continuada e certificada, com avaliação constante deste aprendizado e um novo currículo dos docentes estão entre os caminhos para reverter este modelo distorcido atualmente empregado, mas muito vezes, difícil de ser implantado, pois na maioria das vezes ocorre resistência entre os professores com relação a este tipo de aprendizado.
Diferente das necessidades da década passada, a educação de hoje enfrenta outros desafios, pois na atualidade existem vários tipos de carreiras que sequer eram conhecidas, na época, mas que são importantes para o crescimento educacional tanto do professor quanto para o aluno em sua constante formação.
Muito do que já foi feito em países desenvolvidos sequer começou no Brasil, contudo toda e qualquer mudança passa pelo engajamento da sociedade.
Acredita-se que esses são os maiores desafios que a educação passou ou está passando, embora outros apareçam com o passar dos anos.
Mas, ainda tem alguns teóricos que muito ajudaram na educação passada e, que ainda está sendo utilizada na atualidade, como exemplo cito o Darci Ribeiro, Florestan Fernandes, Anísio Teixeira e, conjuntamente com eles reescrevo a entrevista que realizei com o professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSUL) Antônio Magdalena.
Teóricos e suas contribuições educacionais
a) Darcy Ribeiro
Os estudos de Darcy Ribeiro foram essenciais para alavancar uma nova reforma educacional no Brasil. Na área da antropologia, aprofundou na análise das comunidades indígenas. O principal conceito difundido por ele foi o de identidade cultural.
Com o trabalho no Ministério da Educação e Cultura (MEC), ele foi um grande articulador do ensino no Brasil e, junto com Anísio Teixeira, que será comentado mais tarde, como um dos teóricos que revolucionou o sistema educacional no Brasil fundaram a Universidade de Brasília (UNB) e, foram seus reitores, sendo que com Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro foi um defensor da democratização do ensino público e de qualidade para todos.
Darcy Ribeiro, também idealizou a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), que leva o seu nome, ou seja, hoje ela é Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.
Se exilou na ditadura, mas voltou ao Brasil e participou da criação dos Centros Integrados de Ensino Público (CIEP), com a proposta de aliar estudos formais com atividades de cunho cultural. Também participou da elaboração da Lei de Diretrizes e Bases (LDB).
Sua contribuição foi muito significativa para a educação brasileira, porém como antropólogo se dedicou muito mais à educação indígenas, sendo autor de muitos livros sobre o tema.
Em 2010, no campus da Universidade de Brasília foi construído o Memorial Darcy Ribeiro em parceria com a Fundação Darcy Ribeiro (FUNDAR) e o Ministério da Cultura.
Este legado, era composto de salas para pesquisas, anfiteatro, galeria para exposição e café, com uma biblioteca que tinha cerca de 30 mil de obras de acervos dele e de sua primeira esposa, além de outras obras, que poderiam ser utilizadas por quaisquer pessoas que assim necessitassem.
Com frases relevantes, como por exemplo: “se nossos governantes não ficarem nas escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construírem presídios”.
Esse grande teórico faleceu em 1997, deixando todo esse legado que até hoje é manuseado por muitos que desejam saber um pouco mais sobre a educação brasileira.
b) Anísio Teixeira
Considerado o principal idealizador das grandes mudanças que marcaram a educação brasileira no século 20, sendo pioneiro na implantação de escolas públicas de todos os níveis que refletiam seu objetivo de oferecer educação gratuita para todos. E, juntamente com Darcy Ribeiro, fundaram a Universidade de Brasília (UNB), sendo reitor, também.
Suas contribuições foram imensuráveis, podendo destacar a escola pública em estudo e a sua gratuidade, sendo uma escola de qualidade e para todos, encaminhando-se para a união dos ideais da Escola Nova, pois o mesmo foi o precursor da Escola Nova no Brasil, participando, deste modo, do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.
Planejava suas teorias educacionais e idealizava a educação e a escola em pelo menos cinco aspectos, segundo Assunção (2014):
Sendo o primeiro aspecto considerado por ele que o fundamental era a educação como um bem que não poderia ser negado, pois o mesmo era parte da formação do ser humano, ou seja, de fato, um direito.
O segundo aspecto destaca a educação não como um privilégio, mas sim, um dever e baseada numa consciência fundante.
Já o terceiro aspecto, a base da educação deve ser geral e humanista, envolvendo a participação da sociedade e dos movimentos que nela ocorrem, daí a necessidade de ser geral.
Com isso, o quarto aspecto é a escola pública como a máquina que prepara a democracia., como referência a escola pública, ele aponta a mesma como mecanismo necessário, contudo reconhece os problemas existentes na máquina ideal em vista do real.
E, por fim, no quinto e último aspectos salienta que o professor tem de ser capacitado democraticamente, ou seja, tenha a formação e a capacitação como algo contínuo, pois só assim teria um avanço na educação brasileira.
Segundo Lima (1978, p.64) Anísio sempre esteve apegado a uma visão de educação, pois as duas orientações metodológicas que Anísio se manteve invariavelmente fiel foram: não há educação sem teoria da educação, nem educação sem o diagnóstico das situações que está chamada a resolver.
Para Lemme (2005) o manifesto dos pioneiros tinha por objetivo principal indicar rumos que consolidassem a obra de renovação que pretendiam realizar em todos os setores da vida nacional.
Em 1935 criou a Universidade do Distrito Federal do Rio de Janeiro, e a ela incorporou a Escola de Professores com o nome de Escola de Educação (SAVIANI, 2008).
Seu maior legado foi lutar por um sistema educacional descentralizado, com formação integral e focada nas demandas dos alunos, além de defender o ensino público, laico e gratuito.
3. Florestan Fernandes
Sociólogo brasileiro do século XX, sobressaiu-se pela acentuada atuação acadêmica, produzindo uma teoria dedicada a orientar a ação política, também, foi um importante político durante a democratização do Brasil, formulando políticas educacionais e combatendo a desigualdade.
Ele estudava as relações entre raça e classe social no Brasil, apontando o aspecto da desigualdade social que continha um fator étnico, sendo sua principal obra a tese de livre docência intitulada a inserção do negro na sociedade de classes.
Na visão de Florestan Fernandes, a democracia brasileira não era completa, pois não chegava à periferia, às camadas mais pobres da população.
A democracia efetiva seria aquela que levasse a todos o direito à alimentação, à moradia e à educação.
Florestan, corrobora a fala de Anísio Teixeira, pois segundo ele a educação deve ser para todos e todas, laica, gratuita e de qualidade, por este motivo e pensamento, quando foi criada a Constituição de 1988, ele foi o responsável pela elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, ou seja, a primeira LDB, a qual foi promulgada em 1996 e, que vigora até os dias de hoje.
Lei esta que inclui a educação especial ou inclusiva, então, só assim, realmente a educação alcançou a todos da população brasileira.
Por meio da lei 9394/96 instituiu:
“TÍTULO I Da Educação
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
TÍTULO II Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III – pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII – valorização do profissional da educação escolar;
VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX – garantia de padrão de qualidade;
X – valorização da experiência extra-escolar;
XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais”.
Deixou um legado de muito conhecimento, com livros sobre a educação e, trabalhando conjuntamente com o antropólogo Darcy Ribeiro para a construção do regimento educacional, pois ambos acordaram com as ideias de democratização do ensino.
d) Entrevista com Antônio Madalena
Para corroborar o que já foi comentado acima sobre os teóricos da educação e suas falas em detrimento de uma educação pública, termino com a entrevista realizada com o Professor de Filosofia Madalena (2022), que falou sobre a evolução e o retrocesso da educação.
Então abaixo um resumo da entrevista do professor:
Ao pedir para que ele falasse o que pensava sobre a evolução e o retrocesso da educação, ele respondeu que, primeiro, tinha que contextualizar, a fim de se ter um parâmetro do que está em evolução e do que está em retrocesso e em relação a quê?
Então, comentou sobre a realidade dos Institutos Federais, já que o mesmo é professor em um dos campi, pois ele pensa que a realidade, ainda, é nova, porque os Institutos foram criados em 2008, ou seja, tem pouco mais de 10 anos da Rede Federal, então para ele é um grande avanço, uma vez que tem mais de 600 Campi espalhados pelo País e, esse avanço, deve ser mantido e deve-se lutar pela sua expansão.
Segundo, Madalena, em cada cidade do Brasil com 30 mil habitantes, por exemplo, poderia ter um campus de um Instituto Federal, mas muitos podem pensar que é absurdo, mas pergunta ele e, por que não? Ele acredita que sim, que podemos ter.
Comenta que iniciou sua carreira no IFSUL e, a sua trajetória inicial foi na cidade de Jaguarão, onde tem 30 mil habitantes, onde o mesmo ajudou a implantar o Campus Avançado de Jaguarão e, nesta cidade tem, também, um campus da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA).
Ele dizia aos seus alunos que eles tinham o privilégio de estar ou residir em uma cidade onde tinha um Instituto Federal e uma Universidade e, que eles não eram obrigados a fazer uma faculdade ali na cidade, mas que era super legal ter ali uma faculdade.
Comenta, também, que não serão todas as cidades do Brasil que tenham que ter um campus universitário, mas que todas as cidades do Brasil com esse tamanho de 30 mil habitantes podem e devem ter um campus de um Instituto Federal, se pudermos realizar esse feito num projeto de País para os próximos, talvez, 20 (vinte) anos, mudaremos a educação neste País e isso é um avanço que devemos pensar.
Que ele teve essa experiência, numa cidade de fronteira de viver essa realidade de transformação, que se dá não só na vida dos estudantes, mas na vida da cidade, a partir da realidade de uma escola com essa qualidade pública, tanto é que quando faziam, às vezes, campanha de divulgação da escola e iam nas comunidades vizinhas, as pessoas pensavam que a escola era paga, porque no imaginário na representação social delas, uma escola assim com um ensino de qualidade, não poderia ser pública.
O professor, finaliza, afirmando que no Brasil não se tem a tradição do cuidado com o público e da valorização do que é público e, isso ele fala como um retrocesso que deve ser mudado, com o intuito de agregar mais estudantes e, que os mesmos saibam que escola de qualidade tem, juntamente com um ensino e professores qualificados, sendo esta a verdadeira educação que ser quer e que se luta para atingir.
Considerações Finais
A educação vem sendo discutida desde os primórdios dos anos, mas ultimamente a discussão se acentuou devido ter havido muitas mudanças educacionais, inclusive com implementação de novas políticas públicas, com isso os desafios são imensos tanto internos quanto externamente.
Se não aprendessem presencial, aprenderiam à distância? Respondi que não iriam aprender e, muito retornaram com uma defasagem extrema em todas as áreas do conhecimento e, com isso a educação ficou abalada e, com muitos assuntos pendentes que serão resolvidos com o tempo, com paciência, com organização, mas com a competência de se fazer o melhor, a fim de que o Brasil suba no seu patamar educacional.
Conhecer o legado que esses teóricos nos brindaram foi de muita valia, pois, ainda a educação necessita de pessoas que acreditam que apenas pela educação teremos um país e pessoas melhores, que ela faz com que os horizontes de cada vivente se alargam e que os mesmos vão em busca dos seus objetivos de aprendizados.
Por fim, destaco o legado deixado por Anísio Teixeira, um historiador importante na sua época e, também, ainda na atualidade.
Conhecer o legado deixado por Anísio Teixeira é compreender uma fase da educação brasileira repleta de lutas, debates e transformações, é compreender que a educação deve ser idealizada e buscar em ações concretas tornar a educação mais igualitária, justa, democrática, laica e gratuita, porta de entrada para uma sociedade em que todos tenham seus direitos assegurados.
Em sua trajetória de vida e educação, ficou clara em suas manifestações sua contrariedade à educação como processo exclusivo de formação de uma elite, mantendo a grande maioria da população em estado de analfabetismo e ignorância.
O princípio democrático pensado por Anísio Teixeira defende que a vivência em sociedade deve ser respeitada e isso se inicia na área educacional, onde todos devem ter o direito de acesso.
A educação na atualidade em alguns aspectos está igual e, de muitas maneiras, seguem os educadores do passado, porém evolui, pois na atualidade a educação deve ser inclusiva, ou seja, a escola deve se adaptar para receber todos os indivíduos, pois segundo a Declaração de Salamanca a educação é para todos, pois antes disso alunos com deficiência não frequentavam a escola.
Por isso a educação não pode ficar estacionada, ela tem que estar sempre pronta e preparada para que os professores possam ajudar a atingir todas as idades e área do conhecimento, mas para isso esses professores têm que ter uma formação e até uma capacitação.
Hoje, temos muito que iniciar essa caminhada, tanto o professor quanto o aluno, serão fáceis, não sei ou serão difíceis, também, não tenho resposta, apenas digo que temos que fazer o nosso melhor e que ninguém saia prejudicado nesta caminhada, que é a educação.
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3https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-educacao-no-brasil-avancos-problemas.htm#:~:text=Podemos%20dizer%20que%2C%20o%20grande,oferecido%20pelos%20estados%20e%20munic%C3%ADpios.
4https://escolaemmovimento.com.br/
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7Antônio Madalena, professor efetivo da disciplina de Filosofia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense do Campus Sapucaia do Sul/RS
*Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação, Eikom University