EVIDÊNCIAS ACERCA DOS DESAFIOS DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO RELACIONADO AO PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV)

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8327596


Francisca Fabiana Peres Aragão da Silva1, Deyse Dias Bastos2, Marianne da Silva Sousa3, Paula Daniela de Sousa Rocha4, Larissa Ribeiro Viana Costa5, Elisangela Pegado Andrade Feitosa6, Jorge de Brito e Silva7, Johildo Dos Santos Rocha, Maria Rita Paulino de Oliveira9, Ana Karine de Resende Coelho10, Lilia Ravila da Silva Mota11, Gabriel Victor Silva de Lyra12 , Márcia Richelly do Nascimento13 ,Iraneide Nunes Nascimento14Carlos Weuller Sousa Miguel15


RESUMO

INTRODUÇÃO: O câncer do colo do útero, também conhecido como câncer cervical, é causado por uma infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano (HPV).Esse tipo de neoplasia maligna é o segundo mais comum entre as mulheres no mundo, sendo superado apenas pelo câncer de mama.  OBJETIVO:  Revisar a literatura sobre o HPV e o desenvolvimento da neoplasia do Colo do Útero. METODOLOGIA: Realizou-se uma revisão integrativa da literatura com buscas nas bases de dados BVS e SCIELO.  Foram cruzados com o operador booleano AND e OR aos descritores” Papilomavírus Humano” e “câncer do colo do útero”.  Os critérios de inclusão foram:  artigos publicados, restrição de idiomas, publicados nos últimos 10 anos, e disponíveis na íntegra.  Como critério de exclusão considerou-se a não pertinência ao tema. RESULTADOS: Foram identificadas N= 22.814 publicações que após a seleção daqueles que contemplavam os critérios todas 10 foram utilizadas. DISCUSSÕES: Está estruturada em três eixos: aspectos clínicos do HPV e CCU; HPV e CCU: prevenção e diagnóstico; e Desafios acerca do HPV relacionado a CCU.  CONCLUSÃO: Pode-se afirmar que é evidente a relação entre o diagnóstico positivo do HPV e o CCU. assim, os estudos reforçam a necessidade tanto de educação em saúde, como enriquecimento dos processos formativos da graduação, como também da educação permanente dos profissionais, pois esta relação é de   grande   valia   para   a   noção   dos   mecanismos envolvidos na prevenção ao HPV, diagnóstico e aperfeiçoamento da assistência ao CCU.

Palavras-chave: Neoplasias; Papilomavírus Humano; Assistência; Prevenção. 

ABSTRACT

INTRODUCTION: Cervical cancer, also called cervical cancer, is caused by persistent infection by some types of Human Papillomavirus -HPV. This disease is the second most frequent type of malignant neoplasm in women worldwide, being surpassed only by breast cancer. OBJECTIVE: To review the literature on HPV and the development of cervical cancer. METHODOLOGY: An integrative literature review was carried out with searches in the BVS and SCIELO databases. They were crossed with the Boolean operator AND and OR to the descriptors “Human Papillomavirus” and “cancer of the cervix”. Inclusion criteria were: published articles language restriction, published in the last 10 years, and available in full. As an exclusion criterion, non-pertinence to the topic was considered. RESULTS: N= 22,814 publications were identified that, after selecting those that met the criteria, all 10 were used. DISCUSSIONS: It is structured in three axes: Clinical aspects of HPV and CC; HPV and CCU: prevention and diagnosis; and Challenges about HPV related to CC. CONCLUSION:It can be said that the relationship between a positive diagnosis of HPV and CC is evident. thus, the studies reinforce the need both for education in your area, such as enrichment of the formative processes of graduation, as well as the permanent education of professionals, as this relationship is of great value for the notion of the mechanisms involved in the prevention of HPV, diagnosis and improvement of assistance to the CCU.

Keywords: Neoplasms; Human Papillomavirus; Assistance; Prevention.

1 INTRODUÇÃO 

O câncer é um sério problema de saúde pública que acomete indivíduos em todo o mundo. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é a segunda principal causa de morte no mundo, sendo que uma em cada seis mortes estão relacionadas à doença. Além disso, as informações da OMS mostram que cerca de 70% das mortes por câncer acontecem em países de baixa e média renda, mostrando que o problema está ligado diretamente a indicadores socio demográficos. Este problema está relacionado aos obstáculos enfrentados pelos países em desenvolvimento que dificultam ou impedem o acesso a serviços efetivos de diagnóstico e tratamento.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o câncer foi responsável por 8,8 milhões de mortes em 2015. Os principais tipos foram o pulmão(1,69milhão de mortes), o fígado (788 mil mortes), o colorretal (774 mil mortes),o estômago (754 mil mortes) e a mama (571 mil mortes). Segundo dados do relatório do Instituto Nacional do Câncer (INCA) sobre as estimativas do ano de 2018 para a incidência de câncer no Brasil.  Assim, a OMS explica que o câncer se origina de um processo de transformação de células normais em células tumorais, sendo que esse processo envolve vários estágios e, geralmente, as células progridem de uma lesão pré-cancerosa para tumores malignos.

Conforme a OMS, o câncer é multifatorial e as mutações celulares que levam à sua formação são resultados da interação entre fatores genéticos do indivíduo e agentes externos, que podem ser classificados em físicos, químicos ou biológicos. O exame preventivo ginecológico Papanicolau é um método de triagem das lesões pré-cancerosas do câncer de colo de útero e de prevenção da neoplasia em si. Trata-se de um método de baixo custo, que apresenta alta efetividade, sendo considerado um dos melhores métodos disponibilizados pelo sistema de saúde público para rastreamento do câncer cervical (NUNES; ARRUDA; PEREIRA, 2015).

Diógenes, Varela e Barroso (2006) apontam para a alta incidência e estimativa desse tipo de câncer no Brasil. Com relação à infecção por HPV, os autores indicam que se trata da infecção de transmissão sexual mais frequente no mundo, tendo em vista o aumento da sua incidência, sendo, portanto, considerada uma epidemia, por isso a relação entre o vírus HPV e o Câncer de Colo de Útero (CCU) deve ser amplamente discutida pela literatura específica da área. 

Desse modo, o presente trabalho pretende discutir, com base nas evidências científicas, a relação entre os vírus HPV e o CCU, enfocando aspectos relacionados à prevenção, diagnóstico e desafios para minimizar os índices de mortalidade por essa neoplasia. Assim, é de suma importância estudos acerca da temática, uma vez que traz relevância científica, acadêmica e social. 

2 MÉTODO

O presente artigo tratou-se de uma revisão integrativa, que por ser um método mais amplo de evidências da literatura, permite incluir literatura teórica e empírica, bem como estudos com diferentes abordagens metodológica, tanto quantitativa, quanto a qualitativa (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). 

Assim, a pesquisa percorre as seguintes etapas: definição da questão e objetivos da revisão; estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão, leitura dos títulos; leitura dos resumos, seleção das informações; análise dos resultados; interpretação e discussão dos resultados, respeitando e referenciando os autores citados no estudo, conforme normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

A pesquisa ocorreu no mês de maio de 2023 por dois colaboradores independentes, acessando o Scientific Electronic Library Online (SciELO) e as bases de dados indexadas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS): Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE®), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de dados em Enfermagem (BDENF), sobre os temas relacionados ao HPV e CCU e fatores relacionados à prevenção, diagnóstico e qualidade de vida. Para nortear a busca, foram aplicados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Papilomavírus Humano e Câncer do colo do útero. Para a combinação dos descritores supracitados, utilizou-se o operador booleano AND e OR. Pesquisados nas seguintes combinações: papillomavirus humano AND cancer do colo de utero AND ( fulltext:(“1” OR “1”) AND db:(“MEDLINE” OR “LILACS” OR “BDENF”) AND la:(“pt”)) AND (year_cluster:[2013 TO 2023]). Abaixo está esquematizado o processo de elegibilidade e seleção dos trabalhos pelo PRISMA: 

Quadro 1: Fluxograma PRISMA de seleção dos trabalhos para construção do artigo 

Fonte: Autores, 2023.

Para os critérios de inclusão foram incluídos artigos completos, disponíveis na íntegra, teses e dissertações sobre a temática em questão, publicados no período de 2013 a 2023, sem restrição de idiomas. Como critérios de exclusão, optou-se por não utilizar artigos que não se enquadrarem na temática, dialogassem com o objetivo deste estudo e que estivessem duplicados nas bases de dados. Durante a pesquisa foram encontrados a seguinte quantidade de artigos: MEDLINE N= 21768), BDENF N= 50 e LILACS N= 929, SCIELO N= 100, totalizando N= 22.814 estudos encontrados durante a fase da pesquisa. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 10 artigos para a elaboração desta revisão, que atendem ao objetivo do estudo.

O estudo não foi submetido ao comitê de ética em pesquisa (CEP), uma vez que se trata de uma revisão bibliográfica. No entanto, é importante enfatizar a importância dos princípios éticos e legais ao longo do processo de escrita.

3 RESULTADOS 

Quadro 1: Descrição dos artigos incluídos na revisão integrativa

Título do artigoAutores/AnoTipo de estudoObjetivo
01A importância dos fatores associados à não adesão ao exame preventivo do câncer de colo uterino por mulheres brasileiras ­ revisão sistemáticaLima, et al., 2020.Revisão sistemáticaAvaliar a importância da adesão ao exame de Papanicolau no diagnóstico do Papilomavírus humano, bem como relatar as dificuldades e os fatores da não realização do mesmo por mulheres brasileiras.
02Conhecimento de acadêmicos de enfermagem sobre a vacina contra o papilomavírus humanoPanobianco et al., 2022.Estudo descritivoO conhecimento entre acadêmicos de enfermagem sobre a vacina contra o papilomavírus humano e comparar os resultados obtidos entre estudantes do primeiro e do último ano de graduação.
03Detecção precoce e prevenção do câncer do colo do útero: conhecimentos, atitudes e práticas de profissionais da ESFFerreira, et al., 2022.Estudo transversalInvestigar conhecimentos, atitudes e práticas de profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF) sobre o controle do câncer do colo do útero (CCU) recomendadas pelo Ministério da Saúde (MS).
04Fatores associados a alterações do exame citopatológico cérvico-uterino no Sul do BrasilMelo, et al., 2017.Estudo analíticoIdentificar os fatores associados com alterações do exame citopatológico cérvico-uterino.
05Conhecimento, atitude e prática sobre o exame colpocitológico e sua relação com a idade femininaSilveira, et al., 2016.Pesquisa de corte transversalVerificar a associação entre o conhecimento, atitude e prática de mulheres em relação ao exame colpocitológico e a faixa etária
06Conhecimento de mulheres sobre HPV e câncer do colo do útero após consulta de enfermagemSouza; Costa, 2015.Estudo de abordagem qualitativaCompreender a capacidade de assimilação das mulheres que realizam o exame Papanicolau acerca do papilomavírus humano e sua relação com o câncer do colo do útero, por meio das informações e/ou orientações repassadas durante a consulta realizada por enfermeiros.
07Conhecimentos, atitudes e práticas de adolescentes sobre o papilomavírus humanoGalvão, et al., 2022.Estudo transversal e analíticoAnalisar conhecimentos, atitudes e práticas de adolescentes estudantes de escolas públicas do município de Teresina-PI sobre o papilomavírus humano (HPV)
08Imunização contra o vírus do papiloma humano: taxa de adesão, abstenção e conclusão do esquema de vacinaçãoGonçalves et al., 2020. estudo transversal, de caráter descritivoAnalisar a taxa de adesão, abstenção e conclusão à campanha de vacinação
09Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: infecção pelo papilomavírus humano (HPV)Carvalho, et al., 2020.Estudo clínico Aborda a infecção pelo HPV e as terapêuticas voltadas à prevenção, diagnóstico e tratamento. 
10Frequência de neoplasia intraepitelial cervical e papilomavírus humano na região Sul do Brasil: um estudo retrospectivoBarros, et al., 2020. Estudo retrospectivoDeterminar a frequência de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) e de papilomavírus humano (HPV) no Rio Grande do Sul (RS)

Fonte: Autores, 2023.

Quadro 2- HPV e o CCU achados acerca da prevenção, diagnóstico e tratamento 

Principais achados 
01Observou-se que as diferenças entre raça, classe econômica, nível de escolaridade e estado civil mostram-se como fatores determinantes quando comparamos a diferença na adesão e acesso do exame de Papanicolau entre as mulheres brasileiras. Faz-se necessária a utilização de ações, campanhas e estratégias para a melhoria na realização do exame, enfatizando a sua importância.
0282,4% dos estudantes do primeiro ano e 95,5% do último responderam que sabiam o que é o papilomavírus humano, e afirmaram ser um vírus sexualmente transmissível. Lacunas de conhecimento foram identificadas, quanto à finalidade do exame citopatológico, aos fatores de risco relacionados à infecção e relacionados à vacina, como número de doses e possíveis riscos e benefícios da mesma. Apesar de os acadêmicos demonstrarem conhecimento quanto ao papilomavírus humano, sua transmissibilidade e relação direta com o câncer do colo do útero, ainda apresentaram dúvidas importantes que devem ser sanadas, quanto à finalidade do exame citopatológico, aos fatores de risco para infecção pelo vírus e em relação à vacina contra o papilomavírus humano.
03A prevalência de conhecimento adequado foi de 39,4% e teve associação com idade mais jovem e sexo feminino. A prevalência de atitude adequada foi de 59.5%, e de práticas adequadas 77,6%, ambos associados a maior tempo de graduação. A presença das diretrizes do MS nas unidades associou-se aos desfechos conhecimento e prática adequada, ratificando a importância de material de apoio para consulta dos profissionais. Apenas 28,2% dos profissionais relataram ter recebido capacitação nos últimos três anos e 50,3% realizaram ações educativas para as usuárias. Destaca-se necessidade de ações de educação permanente junto aos profissionais, visando uma atuação mais efetiva para o enfrentamento e erradicação do CCU.
04A idade média foi de 38,8 anos sendo a maioria casada ou união estável (72,8%) e com baixa escolaridade (42,8%) e raça/cor branca (87,4%). A contaminação pelo HPV foi detectada em 49,7% das mulheres e lesões citológicas de alto grau em 18,2%. A baixa escolaridade (OR95%=4,07) e etnia não branca (OR95%=2,22) estiveram fortemente associadas ao desenvolvimento às lesões de colo uterino (p<0,05). Características sociodemográficas foram determinantes para lesões de alto risco e desenvolvimento de câncer de colo uterino, especialmente nas mulheres de baixa escolaridade e raça/cor negra ou parda. Estes resultados confirmam a persistência de doenças por causas evitáveis e reduzíveis no país.
05Embora o conhecimento inadequado tenha tido altas taxas em todas as faixas etárias, foi significativamente superior entre as adolescentes (p=0,000). Tendência semelhante no componente atitude por apresentar percentuais de inadequabilidade na adolescência e decair com o avançar da idade (p=0,000). Todavia, não houve diferença estatística entre os grupos quanto à prática (p=0,852). Assim, o estudo demonstrou relação entre a faixa etária e o conhecimento, a atitude e a prática do exame colpocitológico.
06Os dados estão organizados nas seguintes categorias: desconhecimento do papilomavírus humano; não aceitação do uso do preservativo; e orientações na consulta de enfermagem do exame preventivo do câncer do colo do útero. Assim, mostrou a persistência do desconhecimento de mulheres sobre o papilomavírus humano e sua relação com o carcinoma do colo uterino, após a consulta de enfermagem na ESF para prevenção desse tipo de câncer, o que aponta para deficiente a comunicação entre enfermeiro e paciente durante a consulta.
07Dentre os participantes, 27,3% apresentaram conhecimento suficiente, 34,1% atitudes positivas e 74,6% prática adequada. Na análise multivariada observou-se associação estatisticamente significativa entre o sexo feminino (ORa = 15,62; IC95% 9,08-26,9), conhecimento satisfatório (ORa = 2,09; IC95% 1,15-3,81), e atitudes positivas (ORa = 1,89; IC95% 1,10-3,23) com a prática adequada. Ser do sexo feminino, ter nível de conhecimento sobre o HPV e a vacina classificados como satisfatório, bem como ter atitudes positivas frente à vacinação contra o HPV reforçam a prática adequada de vacinação. Estes achados demonstram a necessidade de ampliar o conhecimento dos adolescentes, gerando atitudes positivas com vistas à vacinação dentro de uma perspectiva adequada.
08A vacina quadrivalente imuniza contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 e foi instituída no ano de 2013 de forma pioneira no Distrito Federal com objetivo de imunizar 100% das meninas de 11 a 13 anos. Observou-se no estudo que das meninas que aderiram à campanha apenas 72,5% concluíram o esquema vacinal, taxa inferior à esperada pelas autoridades governamentais do Distrito Federal.
09São apresentados aspectos epidemiológicos e clínicos, bem como orientações para os gestores e profissionais de saúde no diagnóstico, tratamento e prevenção da infecção pelo HPV. Este tema representa importante problema de saúde pública, haja vista essa infecção sexualmente transmissível ser a mais prevalente no mundo, capaz de desencadear o processo oncogênico do câncer do colo uterino. Apresenta informações importantes para o conhecimento do HPV, estratégias de ação para a prevenção e controle da infecção, uma assistência de qualidade e tratamento efetivo da doença.
10Observou-se na análise global que a maioria dos casos se manteve estável (183 casos), porém 107 progrediram em um nível. Dos 64 casos de NIC I em 2015, 12 apresentaram a presença de HPV; em 2016, 19 casos de NIC I, e todos com HPV; em 2017 teve uma diminuição de casos de NIC I mais HPV (12 casos). Até junho de 2018, apenas 2 casos de HPV foram registrados. Com este estudo, ficou evidente que, na população estudada, houve diminuição no número de casos de NIC (22%), o que pode estar relacionado a campanhas e incentivo aos cuidados com a saúde e prevenção. 

Fonte: Autores, 2023.

4 DISCUSSÃO 

4.1 Aspectos clínicos do HPV e CCU

No estudo 09, é abordado que a infecção por um determinado tipo de vírus não impede a infecção por outros tipos de HPV. Podem ocorrer diversas infecções, uma vez que existem diversos tipos de vírus. Dentre eles, podemos destacar: baixo risco (6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 70, 72 e 81) associado a lesões benignas; alto risco (16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82) associado a lesões intraepiteliais escamosas de grande grau e aos carcino  

No entanto, é relevante salientar que a média de tempo entre a infecção por HPV de alto risco e o surgimento do câncer cervical é de cerca de 10 a 20 anos, o que pode levar a um diagnóstico precoce (Carvalho, et al., 2020). O estudo destaca que fatores como tabagismo, deficiências imunológicas, desnutrição e cânceres podem influenciar no aparecimento de lesões, além de medicamentos imunossupressores.

No entanto, existem sinais clínicos que podem indicar o CCU, como o surgimento de lesões únicas ou múltiplas, achatadas ou papulosas que se apresentam de forma polimórfica, podendo ser pontiagudas (condiloma acuminado), espiculadas, com circunvoluções ou até planas, que podem ser observadas na mulher na vulva, vagina e cérvice (Carvalho, et al., 2020). 

4.2 HPV e CCU: prevenção e diagnóstico  

Em grande parte dos estudos, como os de 02, 07 e 08, é enfatizado o papel da imunização como um mecanismo de prevenção da transmissão do vírus do HPV, bem como a diminuição das chances de desenvolver CCU.  Estudos anteriores demonstram que a vacinação profilática é segura e eficaz na prevenção da infecção pelo HPV e suas complicações (Panobianco, et al., 2022). Essas evidências confirmam o benefício da imunização, tanto para a proteção individual quanto coletiva, reduzindo a ocorrência de lesões benignas e malignas (Galvão, et al., 2022; Gonçalves et al., 2020).

É importante salientar que, no que diz respeito ao conhecimento científico de acadêmicos da área da saúde, ainda há dificuldades em reconhecer a vacinação como uma ferramenta eficaz e eficaz no combate ao contágio pelo HPV, bem como a verdadeira finalidade do citopatológico como um exame que permite identificar e identificar precocemente o CCU, garantindo maiores chances de sobrevida às pacientes (Panobianco et al., 2022).

No estudo 03, os autores enfatizam a relevância da detecção precoce e prevenção do câncer do colo do útero por parte dos profissionais da saúde, onde os conhecimentos, atitudes e práticas são fundamentais ferramentas tanto para a tomada de medidas preventivas quanto para a promoção da saúde. Dessa forma, os profissionais da Atenção Primária têm um papel fundamental no controle do CCU, tendo necessidades estruturais, formativas e de apoio (Ferreira et al., 2022). 

4.3 Desafios acerca do HPV relacionado a CCU

No estudo 01, os autores abordam que fatores sociodemográficos como as diferenças raciais, econômicas, nível de escolaridade e estado civil estão intimamente ligados à adesão ao exame preventivo, o que resulta na incidência e na prevalência do CCU e da infecção pelo HPV.  No presente estudo, verificou-se que esses fatores têm um impacto direto na adesão ao exame de Papanicolau para diagnóstico do HPV pela população, uma vez que estão relacionados às dificuldades e aos fatores que impedem a realização do exame (Lima et al., 2020).

No entanto, no estudo 02, foram demonstradas grandes dificuldades nos processos de formação em saúde. Os autores chegaram à conclusão de que, apesar de os estudantes terem familiaridade com o conceito de transmissibilidade e sua relação direta com o câncer do colo do útero, ainda é necessário enxergar as barreiras que impedem o acesso aos serviços e fatores relacionados. Assim, notamos que os processos de formação enfrentam desafios para criar um contexto factual em meio a situações distintas encontradas na sociedade brasileira (Panobianco et al., 2022).

Com o estudo que já foi citado, no texto 03, os autores procuram investigar os conhecimentos, atitudes e práticas de profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF) sobre o CCU recomendadas pelo Ministério da Saúde (MS). Logo, quando há lacunas nas formações em saúde, é necessário que sejam realizadas ações de educação permanente junto aos profissionais, com o objetivo de uma atuação mais efetiva para o enfrentamento e eliminação do CCU (Ferreira et al., 2022).

Diante disso, no texto 04, é discutido o tema dos fatores que estão ligados às alterações do exame citopatológico cérvico-uterino, onde foi constatado que os fatores sociodemográficos foram determinantes para lesões de alto risco e o surgimento de câncer de colo uterino, onde, entre os dados, destacam-se mulheres de baixa escolaridade e raça/cor negra ou parda. Dessa forma, é crucial que as políticas governamentais de saúde discutam a fim de reduzir o número de enfermidades causadas por causas evitáveis e reduzidas no país (Melo, et al., 2017).

Os textos 05, 06 e 07 foram elaborados sob a perspectiva da mulher em relação ao tema em questão, o que tem como objetivo avaliar o conhecimento da mulher em relação ao HPV. De acordo com Silveira et al. (2016), a faixa etária está relacionada ao conhecimento, à atitude e à prática do exame colpocitológico, o que está diretamente ligado à baixa adesão em determinadas faixas. Vale ressaltar que Souza e Costa (2015) salientam que a comunicação é uma importante tática usada pelo enfermeiro para lidar com o desconhecimento do HPV, e, consequentemente, a não aceitação do uso do preservativo pela comunidade assistida, para enfatizar a sua relevância na prevenção do CCU. De acordo com Galvão et al. (2022), é importante salientar que o conhecimento dos estudantes em relação ao HPV e à imunização deve ser aprimorado para gerar atitudes positivas entre os adolescentes. 

Ademais, um dos grandes desafios no que diz respeito à prevenção é a adesão às medidas preventivas, como a vacinação e o exame citopatológico. No entanto, o estudo 10 aborda a questão da diminuição do número de casos de NIC, o que pode estar ligado a uma maior aceitação de campanhas e à adoção de incentivos para cuidar da saúde e prevenir (Barros, et al., 2020). 

 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa mostrou a importância dos mecanismos de prevenção ao CCU e da infecção ao vírus do HPV. Assim, os estudos reforçam a relevância do conhecimento, imunização e exame preventivo, uma vez que é evidente a relevância deles perante a comunidade científica.

Em termos de aspectos clínicos, é crucial que o profissional esteja atento aos principais sinais e sintomas. É importante salientar que essa não é uma condição obrigatória, uma vez que em muitos casos estamos diante de indivíduos assintomáticos.

Além disso, reforça-se a relevância das medidas preventivas e de promoção da saúde. Dessa forma, é possível notar que a vacina é eficaz e segura na prevenção. Além disso, mecanismos como a comunicação clara, a educação em saúde, a capacitação profissional, a adesão ao programa de prevenção ao câncer do colo do útero, bem como a adoção de hábitos saudáveis, são fundamentais para assegurar uma qualidade de vida e diminuir o risco de contrair doenças.

O investimento contínuo nos profissionais de saúde para rastrear e detectar precocemente a HPV e CCU é indispensável para melhorar a qualidade da assistência prestada. Dessa forma, este estudo atingiu os seus objetivos e forneceu dados importantes para novas pesquisas sobre o tema, além de servir como um instrumento de estudo relevante para a prática docente e estudantil. 

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Silveira, N. S. P. et al. Conhecimento, atitude e prática sobre o exame colpocitológico e sua relação com a idade feminina. Rev. Latino-Am. Enfermagem; 24:e2699. 2016. Disponível em: <https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/20064/1/2016_art_nspsilveira.pdf>. Acesso em: ago. 2023.

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1 Email: fabianasoaresperes@outlook.com, Graduanda de Enfermagem, Faculdade Estácio Teresina. 

2 Email: deysedias2@hotmail.com, Graduanda de Medicina, Centro Universitário Uninovafapi. 

3 Email: mariannesilva11@gmail.com, Graduanda de Enfermagem, Faculdade Estácio Teresina. 

4 Email: pauladanieladesousarochasousa@gmail.com, Graduanda de Enfermagem Faculdade Estácio de Teresina. 

5 Email: larissa.ribeirovc@gmail.com, Graduanda de Enfermagem, Faculdade Estácio Teresina.  

6 Email: elis_peg@hotmail.com, Graduanda de Enfermagem Faculdade Estácio Teresina. 

7 Email: jorg.britto@hotmail.com, Graduando de Enfermagem Faculdade Estácio Teresina. 

8 Email: johildo.jesus@hotmail.com, Graduando de Enfermagem Faculdade Estácio Teresina. 

9 Email: mrpaulinoo@gmail.com, Graduanda de Enfermagem, Faculdade Uninassau-Redenção 

10 E-mail: anakarinesilva2000@gmail.com, Graduanda de Enfermagem, UniFacid Wyden,  

11 Email: liliamotta086@gmail.com, Graduanda de Enfermagem Faculdade Estácio Teresina. 

12 Email: gabrielvictorlyra@gmail.com, Graduando de Enfermagem Faculdade Estácio Teresina. 

13 Email:  richelly789@hotmail.com, Graduanda de Enfermagem Faculdade Estácio Teresina 

14 Email: milly_ejc@hotmail.com.br, Graduanda de Enfermagem, Faculdade Estácio Teresina. 

15 Email: carlos.smiguel02@gmail.com, Enfermeiro, Faculdade Estácio Teresina.