ESTUDO DE CASO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA CONSTRUÇÃO  CIVIL EM ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE SÃO LUÍS – MA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.8329228


MARIANA SILVA PIRES
JOSE ATILA MATOS AROUCHA JUNIOR
VALDILEA FERREIRA LOPES
SOLON TUPINAMBA LEITE


RESUMO

Este trabalho apresenta uma abordagem sobre as principais manifestações patológicas encontradas nas Escolas Municipais de São Luís, Maranhão com o propósito de investigar a origem e causa do problema para propor a terapia corretiva adequada para cada patologia encontrada. Foram vistoriadas treze Escolas da Secretaria Municipal de São Luís e por meio destas vistorias, identificamos, em cada escola, quais as manifestações patológicas foram encontradas. Assim caracterizou- se o problema que motivou a execução deste trabalho. Através da revisão bibliográfica buscou-se uma proposta para determinar as formas de correções adequadas. Classificamos as manifestações patológicas encontradas por ordem de prioridade de forma a otimizar a realização da manutenção corretivas. Vistoria e inspeção predial são ferramentas de investigação necessárias nessa fase, pois, através delas que verificamos a real necessidade de realizar as intervenções.

Palavras-chave: Patologia. Manifestação Patológicas. Terapia. Vistoria.

ABSTRACT

This work presents an approach on the main pathological manifestations found in the Municipal Schools of São Luís, Maranhão with the purpose of investigating the origin and cause of the problem to propose the appropriate corrective therapy for each pathology found. Thirteen schools of the São Luís Municipal Secretariat were inspected and through these inspections, we identified, in each school, which pathological manifestations were found. Thus, the problem that motivated the execution of this work was characterized. Through the bibliographic review, a proposal was sought to determine the appropriate forms of correction. We classified the pathological manifestations found in order of priority in order to optimize the performance of corrective maintenance. Survey and building inspection are necessary investigation tools at this stage, because through them we verify the real need to carry out the interventions.

Keywords: Pathology. Pathological Manifestation. Therapy. Survey.

INTRODUÇÃO

Na Construção Civil, as patologias, também comumente chamadas de doenças que acometem as edificações, afetam diretamente as matérias-primas da estrutura das construções (CAVALCANTE; MARTINS, 2022). Essas patologias, ressaltam, ainda, os autores “do armazenamento inadequado e falta de atenção, até questões que envolvem o não cumprimento de leis e normas” (CAVALCANTE, MARTINS, 2022, p.79). Sendo assim, é necessário avaliar de que condições as manifestações patológicas presentes nas edificações a fim de avaliar suas causas prováveis.

A construção civil é um dos setores de atividade econômica que vem apresentando, nos últimos anos, um grande avanço em relação ao número de obras sendo realizadas. Essa proposição pode ser afirmada por Rydlewski (2022) em divulgação de dados fornecidos pelo site Metrópoles o qual afirma que após o avanço de 7,6% em 2021, já se estima uma alta de 2% para 2022. Nesse sentido, é válido informar que no Brasil, algumas circunstancias socioeconômicas fizeram com que esse número atingisse uma velocidade de obras muito alta, na qual a prioridade se tornou a rapidez e foram-se deixando para segundo plano tanto o planejamento quanto o controle pela qualidade.

Em primeiro plano evidencia-se que segundo Brito, Moura e Lima (2017), geralmente, obras públicas apresentam baixa qualidade devido à falta de investimento em materiais, falta de planejamento e ausência de fiscalização na execução dos serviços realizados. Desse modo, a falta de uma gestão competente, compromete de forma decisiva a vida útil da construção. É importante frisar que patologia é a ciência que estuda os defeitos  construtivos existentes em uma edificação e é identificada através dos sintomas que são as manifestações patológicas.

Assim sendo, baseado nesse conceito, fica claro a  necessidade de realização de anamnese, inspeções e perícias, para conseguirmos realizar diagnósticos corretos para a elaboração de laudos, a fim de conseguir propor as soluções adequadas para os defeitos construtivos encontrados através de terapias. Nesse panorama, uma das normas responsáveis que atendem a inspeção predial é a norma de inspeção predial do IBAPE (2012) que atende a ABNT NBR 5674 e ABNT NBR 15575-1 com o objetivo de colaborar na “saúde dos edifícios” com segurança, funcionalidade e manutenção adequada. No item 13 da norma, ela define que a ordem de prioridades seja disposta em ordem decrescente quanto ao grau de  risco e intensidade de anomalias e falhas, apuradas através de algumas metodologias  e uma delas é o método GUT (ferramenta de “gerenciamento de risco” através da metodologia de Gravidade, Urgência e Tendência).

Portanto, com base em estudos teóricos e pesquisas em campo, este trabalho tem o objetivo de identificar as principais manifestações patológicas encontradas em algumas escolas públicas municipais e através do método GUT estabelecer o grau de prioridade de cada patologia para a terapia corretiva e quais as melhores soluções para esses problemas patológicos.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1PATOLOGIA DAS EDIFICAÇÕES

Patologia é a ciência que estuda a origem, fatores e mecanismos de degradação em materiais construtivos ou elementos da edificação. Essa área de conhecimento tem como objetivo buscar a origem e causa das manifestações patológicas com o intuito de identificar a patologia e solucioná-la.

Nesse sentido, cabe ressaltar o conceito de manifestações patológicas que são os defeitos ou anomalias que se manifestam na edificação com o intuito de alertar possíveis problemas a serem resolvidos. Como exemplos de manifestações, podemos citar as fissuras, desplacamento cerâmico, presença de manchas escuras nas paredes e deformações nas estruturas.

Em primeiro plano evidencia-se que as falhas são originadas devido a problemas que ocorrem em uma das etapas do ciclo de vida da edificação. Essas etapas são: planejamento, projeto executivo, execução e uso. Porém, quando se tem um planejamento ineficiente, alguns resultados negativos são esperados e como resultado disso temos canteiro mal dimensionado, estoque excessivo de matérias, assim como, na fase de execução o escoramento inadequado da estrutura pode causar fissuras na laje gerando anomalias posteriormente (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019). Segundo Helene (2007), cerca de 90% das origens dos problemas diagnosticados na etapa de uso é consequência do processo originado na fase de produção da edificação.

 2.2 VIDA ÚTIL E DURABILIDADE

A NBR 15575 (ABNT, 2013) define vida útil como o período em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos, com atendimento dos níveis de desempenho previstos nesta Norma. Porém, esse período mínimo de vida útil será alcançado se forem realizadas as manutenções periódicas solicitadas pelos fornecedores do produto garantindo o desempenho dos sistemas da edificação.

A durabilidade é definida como a capacidade de realizar o desempenho necessário, conforme planejado em projeto, ao longo do tempo contanto que sejam realizados de forma correta suas manutenções e uso, conforme a NBR 15575 (ABNT, 2013).

A vida útil de uma edificação habitacional no Brasil deve ser de, no mínimo, 50 anos (ABNT, 2013). Para que a edificação consiga atingir essa idade mínima, serão necessárias manutenções periódicas para conservar a habitação e caso seja identificado algum defeito, a realização de uma manutenção corretiva. A Tabela 1 apresenta a VUP dos sistemas de uma edificação.

Tabela 1 – Vida útil de projeto, em anos

Fonte: ABNT (2013)

2.3  INSPEÇÃO PREDIAL E FERRAMENTAS DIAGNÓSTICAS

Gomide et al. (2019) define inspeção predial como o check-up de uma edificação, visando a qualidade predial e a segurança dos usuários. Ela requer o diagnóstico de seus sistemas para posteriores providências de reparos e serviços de manutenção predial. A inspeção predial faz parte das ferramentas diagnósticas que tem como objetivo ações proativas com o intuito de reestabelecer e garantir a qualidade da edificação.

As ferramentas da Engenharia Diagnóstica (ED) têm como objetivo garantir a boa gestão predial no decorrer da vida edilícia e podem ser classificadas em diretas e indiretas. As ferramentas diretas são caracterizadas pelas vistorias, inspeções auditorias e perícias, tendo o objetivo de ser uma ferramenta de apoio ou reforço para  a ferramenta indireta. Sendo considerada como ferramenta indireta, a consultoria tem a função de propor soluções para a correção do problema através do diagnóstico. A hierarquização desses serviços permite que eles sejam ofertados de uma forma mais precisa e clara para o mercado, assim, evitando que um trabalho seja classificado como “imprestável” (GOMIDE et al., 2021).

2.4 MANUTENÇÃO PREDIAL

Com a realização do check-up predial, é possível identificar e determinar as irregularidades que possam prejudicar a qualidade da edificação. Desse modo, fazer o reconhecimento técnico das manifestações patológicas associadas a identificação de anomalias, falhas de manutenção e irregularidade de uso e operação nas edificações é de fundamental importância para um planejamento de qualidade, realização de um tratamento e manutenção adequada.

Nesse cenário, a atividade de manutenção consiste em acompanhar o desempenho de todo o sistema de uma edificação ao longo da sua vida útil, identificando a necessidade ou não de intervir e adotar medidas de correção ou substituição de sistemas e elementos que não estejam funcionando da forma que foi planejado em projeto, com o intuito de preservar os requisitos dos usuários, tendo em vista que, uma edificação só atenderá o período de vida útil estabelecido em projeto se forem realizadas as manutenções adequadas na sua fase de uso (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019).

Posto isso, cabe ressaltar que essas manutenções não podem ser realizadas ao acaso, é necessário seguir um plano de manutenção estabelecido em projeto, que foi entregue ao proprietário no ato de recebimento da edificação. Esse manual, que deve ser elaborado de acordo com as normas da NBR 5674. As atividades de manutenção podem ser classificadas em: preventivas, preditivas e corretivas.

 Manutenção preventiva tem como objetivo preservar o desempenho da edificação  em determinado período para evitar a deflagração de anomalias. Para que cumpra com esse objetivo, é necessário que as atividades sejam programadas em datas previamente estabelecidas, seguindo critérios técnicos administrativos, balizados por dados estatísticos ou históricos de manutenções anteriores (SENA, 2020). Manutenção preditiva ocorre através da análise do comportamento de uso, consegue identificar possíveis anomalias, contribuindo assim, para o direcionamento de ações  e implementação dos procedimentos a serem realizados na manutenção preventiva. (SENA; NASCIMENTO; NETO, 2020).

Manutenção corretiva é a mais utilizada e tem como objetivo intervir para corrigir a incidência de falha ou desempenho menor que o esperado em um elemento ou sistema de uma edificação (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019). É realizada quando é identificada a degradação de materiais que comprometem a funcionalidade das estruturas e para evitar possíveis acidentes (BERTOLINI, 2010).

2.4 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

As manifestações patológicas são enquadradas como defeitos originados a partir de um vício de projeto ou construtivo e podem ter diversas origens surgindo de falhas construtivas, falhas de manutenção ou uso inadequado da edificação. As anomalias construtivas podem ser classificadas em físicas, químicas ou mecânicas. As anomalias de natureza física são decorrentes, principalmente de sujidades e umidade e as anomalias de natureza química decorrem de fungos e bactérias que geram a biodeterioração com o desplacamento cerâmico e as eflorescências. As anomalias mecânicas têm como forma de manifestação fissuras, degradação dos revestimentos e perda de coesão. (GOMIDE et al., 2021).

2.4.4  Principais manifestações patológicas em estruturas de concreto.

2.4.4.1 Manifestações patológicas de deterioração química.

Esse tipo de deterioração acontece quando ocorre a alteração química dos materiais presentes na estrutura que acabam prejudicando o funcionamento planejado em projeto da edificação. Cabe ressaltar que em estruturas de concreto, a deterioração acontece quando agentes químicos, que são encontrados, principalmente em áreas litorâneas e industriais através do meio ambiente penetram, através dos poros da estrutura, atacam os compostos hidratados da pasta de cimento ou quando os próprios compostos do cimento estão contaminados.

Umas das principais manifestações causadas por ataques químicos na estrutura são as manchas esbranquiçadas que se manifestam na superfície do concreto. Essas manchas são chamadas de eflorescências que são originadas dessas reações químicas que através da lixiviação levam esses sais para a superfície que se cristalizam e tem esse aspecto esbranquiçado devido ao contato com o CO2 atmosférico e evaporação da água.

Figura 1 – Prédio FAU/USP, com manifestações típicas de ataque por chuva ácida

Fonte: Santos (2011) apud Bolina, Tutikian e Helene (2019)

A carbonatação é um dos processos de ataque mais comuns em concreto armado. É um processo físico-químico que consiste na reação do dióxido de carbono (CO2), presente no ar, que aliado a presença de água, penetra nos poros do concreto gerando interação com o os compostos hidratados da pasta de cimento e formando o carbonato de cálcio (CACO3), que reduz o pH abaixo de 9,0 comprometendo a camada passivadora das armaduras e ficando susceptível a corrosão. (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019) conforme se destaca através da Figura 4.

Figura 2 – Evolução das manifestações patológicas da viga de concreto afetada por mecanismos de corrosão

Fonte: Benitez et al. (2007) apud Bolina, Tutikian e Helene (2019).

2.4.4.2 Manifestações patológicas de deterioração física.

Mecanismos físicos de deterioração são desenvolvidos quando agentes patológicos provocam esforços internos maiores que os esforços de tração que a estrutura consegue suportar, podendo causar fissuras. Esses esforços podem ter sido originados devido a retração do concreto, movimentação térmica e até desgaste superficial e, por isso, é fundamental na fase de projeto o dimensionamento correto das armaduras, pois, elas que irão absorver os esforços solicitantes para que a edificação sofra menos com as ações.

A fissuração do concreto, em termos estruturais, nem sempre gera perigo na edificação, mas facilita a entrada de agente patológicos na estrutura. Umas das causas dessa fissura é a retração do concreto que pode ser por secagem, assentamento plástico, autógena ou carbonatação. A mais comum, entre elas, é a retração por secagem, pois, a maior parte das fissuras ocorre na etapa de produção do concreto e em até 48h após a pega. Esse mecanismo acontece devido a perda excessiva, por evaporação, da água livre do concreto.

Os elementos que são mais comuns a sofrerem essa manifestação patológica são as lajes, muros de contenção, paredes maciças e estruturas rígidas de concreto. Esse tipo de retração é conhecido, também, como dessecação superficial e, coloquialmente, chamado de pé de galinha ou pele de crocodilo.

A mudança de temperatura gera variação de volume no concreto, retraindo em temperaturas frias e expandindo em dias quentes. Essa movimentação gera fissuras, que são as principais manifestações patológicas quando se trata de mecanismo de degradação física na estrutura.

Figura 3 – Retração por assentamento plástico

Fonte: Adaptado de Carmona Filho e Carmona (2013) apud Bolina, Tutikian e Helene (2019)

2.4.4.3 Mecanismos mecânicos de degradação

Quando os carregamentos de uma estrutura são superiores à sua resistência, a segurança da edificação é comprometida e apresenta sintomas que alertam esse problema. O principal sintoma é a fissura, que é consequência da possível extrapolação da capacidade resistente da peça que pode ser causado por esforços simples ou combinados. As fissuras apresentadas nesse tipo de situação têm geometria características, mas, nem sempre significam eminência de colapso.

Esse tipo de manifestação pode ser originado devido a falha do dimensionamento na fase de projeto, lançamento estrutural equivocado, uso inadequado, sobrecarga, concreto ineficiente e até leitura errônea do projeto na fase de execução. As manifestações mais comuns são: compressão, tração, torção e fluência.

Figura 4 – Fissuras características de (A) esforços de compressão aproximadamente axiais e (B) esforços de flexão na compressão

Fonte: Bolina, Tutikian e Helene (2019)

2.5 Matriz GUT

É uma das ferramentas que auxiliam na classificação das manifestações patológicas. A matriz GUT classifica cada problema, priorizando-os em função da percepção pela ótica da gravidade (de cada patologia), da urgência (de sua intervenção) e pela tendência (de agravamento do problema). Todas essas classificações são organizadas em uma matriz (COURI, 2021) como a demonstrada por meio da Tabela 2.

Tabela 2 – Matriz GUT

Fonte: Couri (2021)

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Identificar a incidência de manifestações patológicas nas escolas, classificá-las por ordem de prioridade e apresentar suas terapias corretivas poderiam otimizar e evitar custos as obras de manutenção que são realizadas periodicamente, pois, seriam realizadas as manutenções priorizadas em tabela com suas terapias corretivas adequadas.

As vistorias realizadas nas escolas tiveram como objetivo identificar quais eram as manifestações patológicas apresentadas nas estruturas, instalações hidrossanitárias, pinturas internas e externas de paredes, fachadas, pisos. Conforme observado na visita técnica e análise de dados, a pesquisa de campo mostrou, de acordo com o  Gráfico, que:

Gráfico 3 – Percentual de incidência de casos das principais manifestações patológicas nas escolas públicas de São Luís, MA

INCIDÊNCIA DE CASOS

Assim, 54% das escolas apresentam fissuras mapeadas em paredes, que podem ser ocasionadas por retração excessiva da argamassa devido a execução do serviço em dias muito quente e úmido. Apesar de serem fissuras estáveis e que não geram riscos estruturais, esse tipo de fissura causa desconforto visual. A terapia corretiva mais adequada seria a remoção da camada fissurada e a realização de uma nova camada. Porém, quando a incidência de fissuras é pequena, o uso de tinta e textura é adequado para solucionar o problema.

Figura 5 – Fissuras mapeadas em paredes de fachada

Fonte: Autor (2023)

Em relação a estrutura do forro, 23% das escolas apresentaram estrutura danificada. Nas vistorias, observamos dois tipos de forros, os forros de madeira que apresentaram manifestações patológicas devido a presença de umidade na estrutura e presença de animais xilófagos, conhecidos como cupins. Sua principal terapia é a substituição da estrutura por uma nova, pois, a estrutura se encontra degradada em grande parte gerando riscos aos usuários. Nos forros de PVC, as principais manifestações patológicas são a oxidação da estrutura, espaçamento incorreto e ressecamento do forro que cede devido ao uso incorreto de pregos sem cabeça. De acordo com NBR 14.371, o uso correto para montagem do forro é a utilização de parafusos e espaçamento de, no máximo, 80 cm.

              Figura 6 – Estrutura de madeira danificada

          Fonte: Autor (2023)

De acordo com os dados, 8% das escolas apresentaram fissuras na estrutura da caixa d’água que pode ter como causa sobrecarga, infiltração que ocasiona a corrosão das armaduras deixando a estrutura menos resistente. É necessário o controle dessas fissuras para saber se são estáveis ou progressivas e um dos métodos utilizados é a aplicação de gesso para saber se está movimentando ou não .

Figura 7 – Fissuras em estrutura da caixa d’água

Fonte: Autor (2023)

Em relação as terapias corretivas, em caso de sobrecarga maior que a de projeto, é necessário a realização de reforço estrutural. Uma das medidas muitas utilizadas é a injeção de resinas a base epóxi ou poliuretano nas fissuras e o uso de fibras de carbono. No caso das infiltrações é necessário descobrir a causa para fazer a correção e evitar a entrada de água e agentes patológicos através dessas fissuras.

Em relação as manchas escuras nas paredes, 77% das escolas apresentaram esse tipo de manifestação patológica. Esses tipos de manchas aparecem quando há presença de bolor e fungos e ocorrem devido a alguns fatores como: presença de umidade, quando aparecem na base da parede é devido a umidade ascendente do solo, ambiente com baixa incidência de luz e ventilação. Esse tipo de manifestação, geralmente, ocorre, pois, é negligenciado a impermeabilização das áreas que tem contato com umidade e acabam gerando esse tipo de transtorno.

Figura 8– Manchas escuras em paredes por umidade ascendente

             Fonte: Autor (2023)

Eflorescências ocorrem quando, através de fissuras ou concreto poroso, sais ou ácidos entram em contato com o concreto através da lixiviação lavando os compostos hidratados da massa de cimento e os levando para a superfície. Quando a água evapora esses sais se cristalizam e ficam com a cor esbranquiçada na superfície do concreto. O contato da estrutura com o excesso de água é a principal causa. Como solução corretiva temos: diminuir o fator da relação água/cimento para deixar o concreto menos poroso, pois, assim impediremos a entrada desses agentes patológicos e uso de revestimento cerâmico para impermeabilizar a estrutura e evitar o contato direto com a água.

Armaduras expostas da estrutura são manifestações patológicas que são classificadas como muito graves, pois, geram riscos e de acordo com as vistorias realizadas, 15% das escolas apresentaram esse tipo de problema que pode ocorrer devido ao processo de corrosão das armaduras que tem seus produtos maiores que os reagentes gerando trações internas na estrutura que tende a gerar desplacamento do concreto. Esse tipo de manifestação se origina devido a entrada de água, cloretos e outros compostos que podem iniciar o processo de despassivação do concreto que deixa as armaduras desprotegidas e susceptíveis ao processo de oxidação.

Figura 9 – Desplacamento concreto e armadura exposta em pilar

Fonte: Autor (2023)

Outro tipo de manifestação identificado foi o desplacamento cerâmico que esteve presente em 23% dos casos. Esse tipo de manifestação ocorre devido a algumas negligencias na execução do serviço. A NBR 13.573 determina que revestimento cerâmico com área maior que 900 cm2 tem que ser realizado a dupla colagem nas peças, porém, a maioria dos prestadores de serviços não respeitam e executam de forma inadequada. Outras fatores responsáveis por esse tipo de problema são: uso de argamassa inadequada para o ambiente, não respeitam o espaçamento correto da junta de rejuntamento determinado pelo fabricante do piso e falta de aderência com o substrato.

Figura 10 – Desplacamento cerâmico

Fonte: Autor (2023)

As terapias corretivas mais indicadas são a realização do teste a percussão para indicar as peças soltas através do som cavo e fazer a retirada dessas peças, executar o serviço baseado na norma e manual do fabricante e fazer manutenção periódica do rejunte para evitar a entrada de água e produtos ácidos que contribuam para o processo de degradação da argamassa de assentamento.

Em relação as lajes, 46% das escolas apresentaram manchas escuras e bolhas nas lajes devido a infiltração, falta de impermeabilização ou impermeabilização executada de forma incorreta. Para esse tipo de manifestação a principal terapia corretiva é identificar e corrigir a infiltração e realizar a estanqueidade da laje através da impermeabilização. Um fator importante na realização desse serviço é a realização de uma proteção mecânica para evitar a danificação da impermeabilização.

Figura 11 –Manchas escuras em lajes devido a infiltração

Fonte: Autor (2023)

De acordo com esses dados, classificamos todas as manifestações patológicas  por ordem de prioridade através de matriz GUT, conforme se demonstra por meio do quadro abaixo:

Quadro 1 – Classificação manifestações patológicas identificadas por ordem de prioridade

Matriz de Prioridade (GUT)
Manifestações PatológicasGravidadeUrgênciaTendênciaPrioridade Final
Fissuras mapeadas em paredesNão é Grave1Não tem pressa1Vai Piorar em longo prazo24
Estrututra do forro danificadaGrave3Resolver com alguma urgência4Vai piorar em pouco tempo411
Fissuras na caixa d’aguaMuito Grave4Necessita de ação imediata5Vai piorar rapidamente514
Esquadrias danificadasNão é Grave1Não tem pressa1Não vai piorar13
Manchas escuras/Bolor em paredesPouco Grave2Pode esperar um pouco2Vai Piorar em médio prazo37
Manchas esbranquiçadas em paredesGrave3Pode esperar um pouco2Vai Piorar em médio prazo38
Trincas no muroGravíssimo5Necessita de ação imediata5Vai piorar em pouco tempo414
armadura exposta pilarGravíssimo5Necessita de ação imediata5Vai piorar rapidamente515
Desplacamento cerâmico (piso)Pouco Grave2Pode esperar um pouco2Vai Piorar em médio prazo37
Manchas escuras em lajesGrave3Resolver o mais cedo possível3Vai Piorar em médio prazo39
Estrutura metálica danificada (cobertura)Gravíssimo5Necessita de ação imediata5Vai piorar em pouco tempo414
Fonte: O Autor

CONCLUSÃO

Com o desenvolvimento deste trabalho podemos constatar que em todas as escolas públicas municipais analisadas foram encontradas manifestações patológica s em alguma área da edificação.

Foram observados todos os tipos de patologias e identificado que os fatores que contribuíram para que esse tipo de problema aparecesse foi a falta de manutenção periódica nas escolas, uso de materiais de baixa qualidade ou inadequado para determinado ambiente e execução incorreta ou fora de norma.

Na pintura interna e externa foram observados que a principal causa para o surgimento de manifestações patológicas foi o uso de material de baixa qualidade, e também, não respeitaram as etapas adequadas para uma pintura com qualidade boa e durável.

Analisando os tipos de patologias e suas origens, identificamos que, praticamente, o principal problema das escolas é a negligencia em relação a estanqueidade da água e umidade. Um exemplo disso é a presença de umidade ascendente na base de paredes da área externa que é causado pela falta de impermeabilização da viga baldrame na fase de construção da edificação. Alguns construtores negligenciam essa etapa para evitar custos, porém, é necessário a realização para aumentar a durabilidade e melhorar o desempenho e estado de conservação das escolas.

Esse estudo de caso tem como objetivo identificar as principais manifestações patológicas nas escolas, entendendo suas origens e causas, para de forma eficiente propor terapias corretivas adequadas para sanar os problemas e retornar o desempenho de projeto da edificação. Além de solucionar o problema, a classificação da patologia na matriz GUT consegue mostrar a classificação por prioridade de acordo com sua gravidade, urgência e tendencia. Deste modo, conseguimos otimizar custo e tempo nas manutenções periódicas, pois, saberemos quais as prioridades e a forma corretar para solucioná-las.

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