ESTUDO POPULACIONAL DE MOSCAS-DAS-FRUTAS EM POMAR COMERCIAL DE MAMÃO COM AVALIAÇÃO DE  INFESTAÇÃO POR CERATITIS CAPITATA NO RIO GRANDE DO NORTE -BRASIL

POPULATION STUDY OF FRUIT FLIES IN A COMMERCIAL PAPAYA ORCHARD WITH EVALUATION OF INFESTATION  BY CERATITIS CAPITATA IN RIO GRANDE DO NORTE – BRAZIL. 

REGISTRO DOI:  10.69849/revistaft/ch10202504280609


Wilda da Silveira Pinto¹


Resumo 

Com o objetivo de identificar espécies de moscas-das-frutas (Díptera: Tephritidae) e estudar  sua flutuação populacional em um pomar comercial com 50 ha de mamão (Carica papaya L.),  variedade Sunrise solo, na zona Litoral Oriental do Estado do Rio Grande do Norte, foi  realizado um monitoramento, no período de setembro de 2000 a setembro de 2001, com uso de  armadilhas e amostragem de frutos. Nesse estudo foram usadas 15 armadilhas do tipo McPhail e 10 do tipo Jackson distribuídas de forma a cobrir a área do pomar, com densidades de 3 e 5  armadilhas por hectare respectivamente. A análise faunística revelou as espécies Anastrepha  sororcula e A. dissimilis como espécies dominantes e acessórias e as demais como não  dominantes e acidentais. Apesar desse resultado, nenhuma dessas espécies têm o mamão como  hospedeiro preferencial quando este apresenta-se com a casca totalmente verde ou com até ¼  com manchas amarelas. O estudo da flutuação populacional revelou uma pequena variação nos  índices de captura, com valores semanais do índice/armadilha/dia – índice MAD, expressando  uma baixa prevalência de moscas-das-frutas no pomar. No monitoramento de larvas não foi  observada ocorrência de moscas-das-frutas tanto nos frutos dissecados, como em frutos  observados em vermiculita. Os resultados com teste de infestação por C. capitata nos cinco  estágios de maturação do fruto revelaram o mamão como fruto não preferido pelas moscas-das frutas quando se encontra nos estágios 1 e 2 de maturação, ao contrário do fruto nos estágios 3,  4 e 5 que sofreram infestação. 

Palavras-chave: mamão. mosca-das-frutas. Ceratitis capitata.  

Abstract 

In order to identify species of fruit flies (Diptera: Tephritidae) and study their population  fluctuation in a commercial orchard with 50 ha of papaya (Carica papaya L.), variety Sunrise  solo, in the eastern coastal zone of the state of Rio Grande do Norte, a monitoring was carried  out from September 2000 to September 2001, using traps and fruit sampling. In this study, 15  McPhail-type traps and 10 Jackson-type traps were used, distributed to cover the orchard area,  with densities of 3 and 5 traps per hectare, respectively. The faunistic analysis revealed the  species Anastrepha sororcula and A. dissimilis as dominant and accessory species and the  others as non-dominant and accidental. Despite this result, none of these species have papaya  as their preferred host when the skin is completely green or with up to ¼ of the skin yellow.  The study of population fluctuation revealed a small variation in capture rates, with weekly  values of the index/trap/day – MAD index, expressing a low prevalence of fruit flies in the  orchard. In the monitoring of larvae, no occurrence of fruit flies was observed in either the  dissected fruits or in fruits observed in vermiculite. The results of the infestation test by  Ceratitis capitata in the five stages of fruit ripening revealed that papaya is not a fruit preferred  by fruit flies when it is in stages 1 and 2 of ripening, unlike the fruit in stages 3, 4 and 5 that  suffered infestation. 

Keyword: papaya.fruit fly.Ceratitis capitata

1- Introdução 

A ocorrência de espécies de moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) de importância  econômica em pomares comerciais no Brasil é a principal causa das restrições nas exportações  de frutos de mamão (Carica papaya L.) principalmente aos mercados norte-americano e  japonês.  

O mamão é considerado um fruto não preferencial para as moscas-das-frutas dos  gêneros Anastrepha Schiner,1868 e Ceratitis Macleay, 1829, tanto na pré quanto na pós colheita caracterizando-se como uma planta resistente (Branco et al. 2000). Diversos estudos  sobre resistência genética varietal de plantas a insetos têm atribuído essa resistência do fruto do  mamão à elevada concentração da substância benzil isotiocianato (BITC) presente nos frutos  quando a superfície da casca ainda encontra-se verde, devido à toxidade que essa substância  causa aos ovos e larvas dos tefritídeos impedindo seu desenvolvimento (Greany, 1989; Seo &  Tang, 1982; Seo et al. 1983). De acordo com Seo et al. (1982), os frutos verdes de mamão  podem deter a oviposição e o desenvolvimento de larvas, mas de acordo com os interesses de  exportação, a simples presença de uma espécie quarentenária em um pomar comercial já é  suficiente para comprometer a comercialização dos frutos se esta não estiver em níveis  controláveis comprovados. E, a ferramenta mais utilizada para garantir a segurança  quarentenária dos frutos, principalmente frente ao mercado internacional, é o monitoramento  contínuo com o uso de armadilhas ou amostragem de frutos. 

As principais espécies de tefritídeos que atacam o fruto do mamão em áreas tropicais e  subtropicais são Toxotrypana curvicauda Gerstaecke, 1860 (Zucchi, 2000a), Bactrocera  dorsalis Hendel, 1912 e Bactrocera papayae Drew & Hancock, 1994. A espécie T. curvicauda encontra-se distribuída do sul do Texas à Colômbia, Venezuela, Trinidad e Antilhas (Malavasi  et al. 2000); B. dorsalis encontra-se distribuída na Ásia, Havaí, Ilhas do Pacífico, Estados  Unidos e Chile (Liquido, 1993; Malavasi et. al. 2000); e B. papayae é endêmica em países  asiáticos como, Tailândia, Malásia, Singapura, Indonésia e Kalimantam (Clarke et al. 2001).  Segundo Zucchi (2000), não existe registro de mamão atacado por T. curvicauda no território  brasileiro, assim como não existem referências relatando a ocorrência das espécies citadas do  gênero Bactrocera no Brasil. 

De acordo com Branco et al. (2000), existem estudos sobre o comportamento da T.  curvicauda em frutos do mamão que indicam que, o ovipositor dessa espécie penetra  completamente a polpa, depositando os ovos na região das sementes, onde não ocorre presença  do benzil isotiocianato. Essa observação pode ser atribuída ao tamanho grande do ovipositor  dessa espécie que, em média, mede 9 a 14 mm de comprimento, excedendo o tamanho do seu corpo que varia de 8,5 a 12,5 mm (Selman, 1998), o que não é o caso, por exemplo, das espécies  de A. fraterculus Wied,1830 , e C. capitata Wied, 1824, cujos acúleos medem respectivamente  de 1,5 a 2,0 mm (Zucchi, 1978) e 1,2mm (Weems, 1981). 

São poucos os trabalhos realizados sobre ocorrência de tefritídeos na cultura do mamão  no Brasil e em outros países. A maioria dos trabalhos, ora existentes, foram desenvolvidos nas  grandes áreas produtoras do Havaí (USA) com T. curvicauda e as espécies do gênero  Bactrocera. No Brasil, as pesquisas iniciaram por volta 1987 no Estado do Espírito Santo,  quando ocorreu o primeiro registro de C. capitata infestando frutos de mamão naquele Estado  (Martins et al. 2000). Contudo, nesse levantamento foi verificado que houve ocorrência de C.  capitata e de algumas espécies do gênero Anastrepha, apenas em lavouras mal-conduzidas ou  quase abandonadas onde os frutos maduros não foram retirados da área e que, em áreas onde o  sistema de colheita não permitia deixar frutos maduros no pomar, essa praga não ocorria. Em  outros levantamentos realizados por Martins et al. (1993), no município de Linhares/ES, no  período de julho de 1993 a outubro de 1994, também foi detectado reduzido número de  espécimes de Ceratitis associados ao plantio de mamoeiros, sendo capturados somente 13  exemplares naquele período. Estudos posteriores também associaram a presença dessa praga à  ocorrência de doenças causadas por vírus, como a doença pegajosa do mamoeiro (PMeV), que  quebram a resistência natural dos frutos de mamão às moscas-das-frutas, provavelmente por  interferir na fisiologia da planta, permitindo que o fruto seja infestado ainda imaturo (Martins  e Malavasi, 2003; Martins, 2012).  

Estudo sobre moscas-das-frutas na cultura do mamão também foi realizado no  município de Curaçá/Bahia e, não foi registrada ocorrência de tefritídeos nos pomares  estudados naquele período (Carvalho et al. 1995). 

Este foi o primeiro estudo desenvolvido visando avaliar a flutuação populacional e  análise faunística das espécies de moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) em pomar comercial  de mamão no Rio Grande do Norte e, dois aspectos relevantes foram registrados no presente  trabalho: a detecção da área de Baixa Prevalência para moscas-das-frutas e a ausência da  espécie C. capitata caracterizando a área como Biologicamente Livre desta espécie. Estes  aspectos apresentaram grande importância econômica para a expansão da cultura do mamão na  zona Litoral Oriental daquele Estado frente ao papel limitante que os tefritídeos representam na  comercialização de frutos in natura entre países.

2- Desenvolvimento 

Nesta pesquisa foram realizados estudos de levantamento e flutuação populacional de  moscas-das-frutas no campo e de infestação em laboratório por Ceratitis capitata nos cinco  estágios de maturação do fruto do mamão. 

O estudo de campo foi conduzido em uma propriedade de 200ha composta por um  pomar comercial de 50ha de mamão, variedade Sunrise solo (Havaí); 25ha de talhão em  repouso, aproximadamente 3ha contendo outras espécies frutíferas dispersas na propriedade  como mangueira (Mangifera indica L.), cajueiro (Anacardium occidentale L.), mangabeira  (Hancornia speciosa L.) e ciriguela (Spondias purpurea L.) e vegetação nativa. Encontra-se  localizada no município de Ceará-Mirim, zona Litoral Oriental do Estado do Rio Grande do  Norte, a 05º 32’ 15,2 “S e 035° 25’ 03,2’’ W, 313 m de altitude, distante 40 km do município  de Natal  

O experimento foi conduzido em plantas com idade variando entre um e dois anos, que  se encontravam em produção, cultivados em solo do tipo franco arenoso. As plantas irrigadas  diariamente pelo sistema de micro-aspersão. No pomar adotava-se práticas culturais como a  ferti-irrigação, o controle integrado de pragas, principalmente ácaros, cochonilhas e viroses e  através do controle cultural são retirados do interior do pomar os frutos que se encontram em  estágios avançados de maturação, bem como os frutos caídos e refugados, seguido do enterrio  dos mesmos. 

O monitoramento foi realizado num período de 13 meses, através da utilização de 15  armadilhas do tipo McPhail e 10 do tipo Jackson. A distribuição das armadilhas foi de forma  aleatória na bordadura e no interior do pomar, obedecendo as densidades de 1 armadilha  McPhail para cada 3,3ha de área e 1 armadilha Jackson para cada 5ha.  

Para as armadilhas McPhail utilizou-se como atrativo proteína hidrolisada de milho, na  concentração de 5% e para as do tipo Jackson o atrativo sexual Trimedlure. As armadilhas  foram fixadas individualmente em um suporte de madeira à altura dos frutos nas plantas  escolhidas ao acaso. Cada armadilha McPhail continha 500 ml de substância atrativa e era  revisada em intervalos de sete dias para coleta dos insetos e reposição do atrativo.  

As armadilhas Jackson foram revisadas a cada quatorze dias com substituição do  atrativo em intervalos de quarenta e dois dias. Nessa ocasião os insetos recolhidos nas  armadilhas foram lavados em água e acondicionados em pequenos frascos plásticos contendo  álcool 70%, devidamente identificados pelo número da armadilha correspondente, onde foram transportados ao Laboratório de Moscas-das-Frutas, do Departamento de Biologia Celular e  Genética da UFRN para triagem, contagem de machos e fêmeas e, classificação. 

A identificação das espécies de Anastrepha foi realizada com base na comparação dos  caracteres externos do padrão alar e do ápice do ovipositor das fêmeas, de acordo com as  metodologias descritas nas chaves taxonômicas de Zucchi (1978) e Steyskal, (1977). Os machos  foram classificados como Anastrepha spp considerando-se que, na maioria das espécies, estes  não apresentam caracteres morfológicos específicos que permitam sua identificação com  precisão. Os exemplares foram colocados em frascos de vidro contendo álcool 70% e etiqueta  de papel vegetal com informações sobre o código da armadilha, local, data da coleta e espécie. 

No mesmo período realizou-se o monitoramento de larvas em frutos através de  observações em vermiculita e por procedimento de dissecação. Foi utilizado um total de 2.963  frutos (1.369,74 kg) de mamão em diferentes estágios de maturação, colhidos de forma aleatória  no pomar. Destes, 1.410 frutos foram observados em vermiculita e 1.553 foram dissecados.  

As amostras foram constituídas de aproximadamente 50 kg de frutos coletados em  intervalos de quinze dias e transportadas para o laboratório de moscas-das-frutas, do  Departamento de Biologia Celular e Genética da UFRN em contentores plásticos. No  laboratório, os frutos foram contados e pesados sendo que, em média 20 kg foram distribuídos  em bandejas plásticas contendo camada densa do substrato vermiculita para obtenção direta de  pupários e o restante dissecado, objetivando a detecção de larvas. Na vermiculita, os frutos  ficavam em temperatura ambiente por um período de 14 dias.  

Após os primeiros sete dias efetuava-se o primeiro peneiramento utilizando peneira de  malha fina, para verificação de possíveis pupários. Em seguida os frutos foram recolocados nas  bandejas e após 14 dias realizava-se o segundo peneiramento, seguido do descarte dos mesmos 

No procedimento de dissecação, era efetuado quatro cortes paralelos no sentido  longitudinal do fruto sendo a polpa e as sementes revolvidas manualmente. O experimento de infestação forçada por C. capitata, em condições de laboratório foi  aplicado em um plano aleatorizado de blocos ao acaso, em três dias consecutivos, onde cada  dia de exposição dos frutos às moscas correspondeu um bloco experimental.  Neste ensaio, os tratamentos foram representados pelos cinco estágios de maturação do  mamão (1, 2, 3, 4 e 5). Cada tratamento foi constituído de cinco frutos e replicado quatro vezes  por dia de exposição. Os frutos foram selecionados pelo método visual, caracterizados da  seguinte forma: estágio 1- fruto com a casca completamente verde; estágio 2- com até 10% da  superfície da casca apresentando manchas amarelas; estágio 3- com manchas amarelas em mais  de 10% e menos que 25% da superfície da casca; estágio 4- com mais de 25% e menos de 50%  da superfície da casca amarela e estágio 5- com mais de 75% da casca amarela.

Uma população de moscas foi distribuída em vinte caixas de população (gaiola telada  de malha fina, no tamanho de 40 x 40 x 50 cm), recebendo quinze casais, sexualmente maduros,  cada uma. Nas gaiolas foram colocados cinco frutos de um mesmo tratamento por dia de  exposição que tinham a duração de 24 horas e, findo esse prazo, foram retirados das gaiolas e  colocados individualmente em sacos de papel contendo uma camada de vermiculita para  obtenção dos pupários.  

Durante a observação na vermiculita, os frutos ficaram agrupados por estágio de  maturação em uma caixa de papelão coberta com tecido de filó para evitar contaminação por  outros insetos. Dez dias após os frutos terem sido colocados na vermiculita efetuou-se o  primeiro peneiramento para coleta dos pupários, e sete dias após o primeiro efetuou-se o  segundo peneiramento. Os pupários foram contados e colocados em frascos telados para  obtenção dos adultos. 

No estudo das populações de moscas-das-frutas tomou-se por base o número de espécies  e de indivíduos capturados no pomar, bem como as relações existentes entre esses e seus  biótipos. Foram analisados os índices faunísticos: Riqueza, Freqüência, Índice de Simpson,  Dominância de acordo com a metodologia descrita por Ludwig e Reynolds (1988) e Constância,  segundo Silveira Neto et al. (1976). 

Quanto ao monitoramento de adultos, o índice de indivíduos capturados no pomar  durante os treze meses de monitoramento foi calculado através do índice mosca/armadilha/dia  – MAD, para armadilha McPhail, dado pela relação entre o número de indivíduos coletados no  período pelo número de armadilhas instaladas no pomar, vezes o período total de captura  (Malavasi et al. 2001).

De acordo com o Manual de Procedimento para os Programas Brasileiros de  Monitoramento de Moscas-das-frutas citado por Malavasi et al. (2001), os valores máximos do  MAD são estabelecidos segundo a caracterização da área afetada e devem ser utilizados como  referência para tomada de decisão quanto ao efetivo controle dos tefritídeos. Assim, quando o  MAD atingir o nível igual a 1, deverá ser iniciado o tratamento fitossanitário visando baixar a  população de moscas-das-frutas na área monitorada. De acordo com os critérios e  procedimentos para a aplicação de medidas integradas em um enfoque de sistema para o manejo  de risco das pragas Ceratitis capitata e Anastrepha fraterculus em frutos frescos de mamão  para exportação ao mercado dos Estados Unidos o Índice MAD para cada um dos gêneros  Anastrepha e Ceratitis não poderá ser superior a 1,0 (BRASIL, 2008).

Neste estudo não foi realizada nenhuma correlação da flutuação populacional das  moscas-das-frutas com os parâmetros climatológicos do período estudado, devido ao baixo  número de exemplares capturados em armadilhas McPhail.  

No experimento de infestação forçada por C. capitata em laboratório foi aplicado o teste  não paramétrico de Kruskall Wallys, ao nível de 5% de significância. Todos os cálculos foram  realizados no sistema SAS (Statistical Analysis Sistem), versão 6.11. 

Durante os treze meses de levantamento foram capturados 222 espécimes de moscas das-frutas do gênero Anastrepha. Entre as moscas capturadas 141 foram fêmeas e 81 machos,  correspondendo respectivamente a 63,51% e 36,49% do total da população. 

As espécies capturadas foram: A. sororcula Zucchi,1979; A. dissimilis Stone, 1942; A.  pickeli Lima,1934; A. alveata Stone, 1942; A. nascimentoi Zucchi, 1979; A. serpentina Wiedemann, 1830 e A. fraterculus Wiedemann, 1830. Entre as espécies caracterizadas, A.  sororcula apresentou a maior freqüência (61,70%) e, A. fraterculus e A. serpentina foram as  espécies menos freqüente apresentando o mesmo número de captura, igual a 0,71%. 

Os resultados demonstraram baixa densidade populacional de Anastrepha spp e  ausência da espécie C. capitata na área experimental. Alguns aspectos práticos podem ter  contribuído diretamente para os dados obtidos tais como o monocultivo com um hospedeiro  secundário retirada cuidadosa de frutos maduros do interior do pomar. Isso acontece porque a  presença de frutos maduros dentro do pomar aumenta o movimento das moscas-das-frutas, já  que esses frutos servem como locais de oviposição ou fonte de alimento para os insetos adultos.  O isolamento do pomar estudado de outras áreas com hospedeiros primários pode também ter  contribuído para o resultado obtido. 

O índice mosca/armadilha/dia – MAD apresentou pequena variação nos treze meses de  estudo atingindo um valor médio de 0,038. Embora não tenha sido possível correlacionar a  flutuação populacional com os fatores climatológicos observou-se que os picos populacionais,  mesmo baixos, ocorreram principalmente após os meses de maiores incidências de chuvas,  outubro de 2000, março e julho de 2001. 

Constatou-se que o índice MAD obtido está abaixo dos índices padronizados para os  “Procedimentos de Harmonização nos Programas de Monitoramento de Moscas-das-frutas no  Brasil e se enquadram no enfoque atual preconizado pelo conceito internacional em estudo  conhecido por Área de Baixa Prevalência de moscas-das-frutas–ALBP (Malavasi et al. 2001;  Latapia, 2001) e nos critérios e procedimentos do sistema de mitigação de risco das pragas Ceratitis capitata e Anastrepha fraterculus em frutos frescos de mamão para exportação ao  mercado dos Estados Unidos (BRASIL, 2008). 

Embora tenha sido capturado um número de sete espécies de Anastrepha, somente duas  foram dominantes e dessas, apenas A. sororcula apresenta importância econômica. 

Em diversos estudos sobre Migração e Dispersão de espécies de Anastrepha foi  observado que as moscas tendem a migrar pouca ou substancial distância do ponto de soltura,  a procura dos recursos necessários para sua sobrevivência (Bressan & Teles, 1991, Thomas &  Loera-Gallardo, 1998; Kovaleski et al. 1999).  

Neste trabalho os maiores números de adultos capturados ocorreram nas armadilhas  localizadas na área IV, onde predominava vegetação nativa e outras espécies frutíferas,  enquanto nas armadilhas localizadas na periferia das áreas cultivadas com o mamão foi muito  reduzido.  

Esses dados demonstram que pode ter ocorrido migração das moscas provenientes da  área IV para o pomar de mamão, provavelmente a procura de alimentos ou de locais para  oviposição, até porque nenhuma das espécies capturada no presente levantamento tem registro  na literatura como praga de frutos de mamão. A. sororcula tem como hospedeiros primários  frutos da família Myrtaceae e secundários da família Rubiaceae, Anacardiaceae e Fabaceae  (Malavasi, et. al. 2000; Zucchi, 2000a) e A. dissimilis tem especificidade por frutos da família  Passifloraceae (Zucchi, 2000).  

Esse aspecto migratório foi observado também em outros estudos desenvolvidos com  tefritídeos em pomares de manga no Mexico (Aluja et al. 1996) e maçã na região Sul do Brasil  (Kovaleski et al. 1999). É necessário, entretanto, acompanhar os níveis populacionais de  moscas nesses hospedeiros visando eliminar os riscos de aumento de população de moscas-das frutas na área ou, associar essa situação às práticas de controle integrado para essas pragas. Em  condições de laboratório utiliza-se o fruto de mamão nos estágios 3, 4 e 5 para constituir  população de moscas-das-frutas, daí as recomendações para manter o pomar em permanente  vigilância sanitária. 

Mesmo o fruto do mamão sendo caracterizado como não atrativo para as espécies do  gênero Anastrepha e por C. capitata quando ainda verdes, não se pode desconsiderar o controle  químico que foi implementado no pomar, de forma sistemática, para prevenção e controle de  outras pragas, principalmente ácaros e cochonilhas, pois o uso de inseticidas e métodos culturais de controle implementados no pomar pode diminuir a população do inseto (Brown & Schmitt,  2001). 

Com relação à frequência observou-se que A. sororcula foi a espécie mais freqüente na  área em estudo, apresentando um percentual de captura de 61,70% seguida por A. dissimilis e A. pickeli com 17,73% e 12,77% respectivamente. As demais espécies apresentaram  freqüências muito baixas, ficando inclusive, A. serpentina e A. fraterculus com percentuais de  captura iguais, abaixo de 1%. 

As espécies dominantes foram aquelas que apresentaram percentual de freqüência  superior à relação 1/S, sendo aqui representadas por: A. sororcula e A.dissimilis. Ao se analisar o parâmetro referente à constância das espécies nas coletas efetuadas,  observou-se que A. sororcula e A. dissimilis se comportaram como espécies acessórias,  enquanto A. pickeli, A. alveata, A. nascimentoi, A. serpentina e A. fraterculus se apresentaram  como acidentais. Não sendo observado, portanto, espécies constantes no presente levantamento.  Com base no Índice de Simpson (λ) verificou-se a probabilidade de dois indivíduos  capturados aleatoriamente no pomar pertencerem à mesma espécie. O valor obtido foi 0,43,  expressando que as diferenças verificadas entre as freqüências das espécies não contribuíram  para caracterizar baixa diversidade de espécies de Anastrepha presentes no pomar durante o  período estudado. 

Nos estudos de laboratório constatou-se que os frutos verdes, nos estágios 1 e 2 não  foram atacados por C. capitata, todavia os frutos em estágios de maturação mais avançados, 3,  4 e 5 foram significativamente susceptíveis à espécie. O maior índice de infestação apresentado  foi para o estágio de maturação 5, seguido do 4 e 3.  

Na análise estatística foram utilizados dados dos estágios 3, 4 e 5 através do teste não  paramétrico de Kruskall Wallys, para comparar a média de pupários obtidos nos três dias de  observação.  

A diferença de pupários entre os dias de observação foi realizada através do teste do  qui-quadrado (X2) levando em consideração os estágios de maturação dos frutos de 3 a 5. No  primeiro dia de exposição o número médio de pupário nos três estágios, apresentou um X2 de  5,7, com 2 graus de liberdade e p-valor (p) igual a 0,057.  

Constatou-se que somente os estágios 3 e 5 apresentaram diferença significativa,  apresentando um X2 igual a 5,58, com 1 grau de liberdade e p igual a 0,018. No segundo dia de  observação, verificou-se que houve diferença significativa entre os três estágios para um X2 de  14,78, com 2 graus de liberdade e p igual a 0,0006. 

Comparando a média de pupários entre os estágios 3 e 4 não houve diferença  significativa de infestação, com um X2 de 0,62, com 1 grau de liberdade e p igual a 0,43.  Comparando os estágios 3 e 5, verificou-se diferença significativa para um X2 igual a 8,12, com  1 grau de liberdade e p igual a 0,004.  

Comparando os estágios 4 e 5 temos diferença significativa para um X2 igual a 12,38,  com 1 grau de liberdade e p igual a 0,0004. No terceiro dia de observação, verificou-se diferença  significativa entre os três estágios para um X2 de 7,06, com 2 graus de liberdade e p igual a  0,029.  

Comparando as médias de pupários das combinações dois a dois para os três estágios  verificou-se que somente entre os estágios 3 e 5 apresentou diferença significativa de infestação,  verificando um X2 de 7,06, com 1 grau de liberdade e p igual a 0,008. Comparando os estágios  4 e 5 não se observa diferença significativa para um X2 igual a 12,38, com 1 grau de liberdade  e p igual a 0,256.  

Quanto a distribuição do número de pupários de C. capitata obtidos, por estágio de  maturação do mamão papaya, nos três dias de infestação forçada no laboratório inferiu-se que  os dados obtidos são similares aos trabalhos de infestação realizados em nível de campo e de  laboratório no Estado do Espírito Santo, que corroboram com a hipótese de que frutos de  mamão nos estágios de maturação 1 e 2 não são infestados por C. capitata (Martins et al. 1995).  Em experimentos de infestação em condições de laboratório realizados por Liquido et al.  (1989), no Havaí e Maui, com Bactrocera spp registraram maior infestação em frutos que  apresentavam manchas amarelas acima de ¼ da casca, embora tenha observado infestação em  frutos no estágio verde, quando esses foram selecionados visualmente. Esses resultados são  apoiados nos relatos de que o fruto do mamão quando se encontra em estágios de maturação  completamente verde ou com até um quarto da casca apresentando manchas amarelas, apresenta  certa resistência para o desenvolvimento das espécies C. capitata devido à presença do benzil  isotiocianato presente na casca do fruto, haja vista que as moscas-das-frutas apresentam  preferência pelos frutos maduros para ovipositar (Nascimento et al., 2000; Martins, 2003; 2012;  Costa, et al. 2024) 

Em trabalhos futuros sugerimos que os procedimentos para seleção dos frutos de mamão  para experimentos de infestação leve em consideração os índices quantitativos em relação à  cor, além de utilizar mecanismos que estimulem a autoproteção da planta contra mosca-das frutas. 

Conclusão 

Considerando a baixa densidade populacional de espécies do gênero Anastrepha e  ausência da espécie Ceratitis capitata detectadas pelo presente estudo conclui-se que a área  experimental, Fazenda Bátia, localizada no município de Ceará-Mirim/RN foi caracterizada  como uma Área de Baixa Prevalência de Moscas-das-Frutas e “Biologicamente Livre de C.  capitata”. 

Com relação à infestação forçada por C. capitata conclui-se que ocorre variação nos  níveis de infestação, de acordo com o estágio de maturação do fruto do mamão, nas condições  laboratoriais. Entretanto os frutos nos estágios de maturação 1 e 2 não são infestados por esta  espécie. 

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1 Engenheira Agrônoma, Mestre em Genética e biologia molecular. Endereço: Rua Valdemiro Júlio Gonçalves,  317, casa B, Carianos, Florianópolis, SC, CEP 88.047-470. wildaspp@gmail.com