PHYSICAL CHEMICAL STUDY OF BACURI FRUITS PLATONIA INSIGNIS MART. OF GENOTYPES COLLECTED IN NORTHEASTERN PARÁ.
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7901073
Vera Lúcia Ferreira Rodrigues1
Walter Vellasco Duarte Silvestre2
Wilza da Silveira Pinto3
Resumo
Acessos nativos de bacurizeiros encontrados no estado do Pará – Brasil, nordeste paraense, avaliadas em relação aos aspectos físico-químicos de frutos e feita a análise estatística de correlação fenotípica. Foi possível identificar três tipos de formato de frutos. Quanto a coloração da casca foram identificados os de coloração amarela, verde, verde-amarelada e marrom-avermelhada. Foram identificados genótipos com boas características agronômicas e bromatológicas de seus frutos, considerados de interesse tanto para indústria, que podem a vir a serem utilizados também em programas de melhoramento da espécie. Para a característica peso de frutos, os frutos apresentaram pesos superiores a 180 gramas. Os resultados permitem concluir ser um território de diversidade genotípica do bacurizeiro e consequentemente uma importante fonte de material genético para futuras pesquisas, principalmente para o melhoramento vegetal.
Palavras-chaves: Características, Bromatológicas, Pará
Abstract
Native accessions of bacuri trees found in the state of Pará – Brazil, northeast of Pará, evaluated in relation to physicochemical aspects of fruits and statistical analysis of phenotypic correlation performed. It was possible to identify three types of fruit shape. As for the color of the bark, yellow, green, yellowish-green and reddish-brown were identified. Genotypes with good agronomic and bromatological characteristics of their fruits were identified, considered of interest both for the industry, which may also be used in breeding programs for the species. For the fruit weight characteristic, the fruits had weights greater than 180 grams. The results allow us to conclude that it is a territory of genotypic diversity for the bacuri tree and consequently an important source of genetic material for future research, mainly for plant improvement.
Keywords: Characteristics, Bromatological, Par
Introdução
A cadeia produtiva das frutas se destaca como uma das mais promissoras do segmento do agronegócio brasileiro, e o bacurizeiro (Platonia insignis, Mart.) espécie nativa da Amazônia Oriental Brasileira, explorada basicamente em sistema extrativista, com um grande potencial de mercado, devido as suas qualidades organolépticas de sabor e aroma. Apresenta grande potencial de exploração comercial devido os subprodutos que poderão ser elaborados a partir do fruto. Da polpa a casca de onde se aproveitada também na elaboração de doces e utilizada na extração de azeite, que contém ácido palmítico e ácido oleico e resina identificada como resinotrol. Do caroço é extraído o óleo palmístico sob a forma de tripalmitina, usado na indústria de perfumaria (VILLACHICA, 1996; HOMMA et al., 2007).
A polpa apresenta um grande atrativo de mercado pelo sabor diferenciado e exótico, o que a deixa com maior de mercado em comparação com outras polpas regionais, chegando a ser comercializada com preço três vezes superior que outras polpas no mercado regional, estado do Pará, região norte do Brasil. Por se tratar de uma espécie sazonal, a safra ocorre entre os meses de janeiro a abril.
É considerada uma espécie ainda não domesticada, mas de elevado potencial de uso. A espécie é uma planta arbórea, frutífera e madeireira, tipicamente tropical, produtora de fruto denominado bacuri, nome originado da língua tupi-guarani (GIACOMETTI, 1990).
É uma espécie que compõe a vegetação da capoeira do nordeste paraense, onde são encontradas concentrações naturais de bacurizeiros (Platonia insignis, Mart.), integrando a paisagem da floresta secundária. Apresenta um sistema radicular das espécies tuberosas, cuja reserva permite o rebrotamento a partir das raízes, mesmo em áreas sob intensa pressão de desmatamentos e queimadas, característica que justifica a existência de densas e diversificadas populações de regeneração natural da espécie, Homma et al. (2006). Facilmente encontrados nessas áreas mais de 15.000 bacurizeiros por hectare em início de regeneração. Essa característica constitui-se em importante alternativa para promover a recuperação de áreas desmatadas, mediante a criação de linhas de crédito específicas (HOMMA et al. 2007).
Apesar dessa eficiente regeneração, ao tratar-se de espécie ainda não domesticada, corre risco de erosão genética devido ao intenso uso da terra para a agricultura onde há ocorrência natural (GUIMARÃES et al., 1992). Os centros de origem e de diversidade da espécie estão localizados no Pará, onde é encontrada ampla variação de forma e tamanho de frutos, rendimento e qualidade de polpa, além de outras características de interesse econômico (CAVALCANTE, 1991; VILLACHICA, 1996). Nessas áreas de ocorrência natural da espécie, existe uma grande diversidade genética, manifestada, principalmente, por diversas características fenotípicas relacionadas ao fruto, bem como nas características bromatológicas (MORAES et al., 1994; MOURÃO; BELTRATI, 1995; VILLACHICA, 1996).
Ainda que a espécie apresente um grande potencial para a cadeia de agroindústria de polpas, a falta de informações sobre as qualidades organolépticas de genótipos de diferentes áreas, é evidente, contribuindo desta forma para que fique restrita a exploração extrativista, aumentando consequentemente o risco de se vir a perder materiais diferenciados da espécie. Visando contribuir para a pesquisa e disseminar informações sobre a espécie é que este trabalho contribui com a análise de genótipos na caracterização físico química de frutos de acessos de ocorrência espontânea em sete localidades no nordeste paraense, visando com isso identificar matérias diferenciados que venham a despertar o interesse de produtores e agroindustriais que
estejam dispostos a investir no cultivo da espécie, o que irá contribuir para o desenvolvimento da cadeia de produção, assim como, para a preservação e ampliar a coletânea de informações sobre a espécie pelo interesse de pesquisadores.
Desenvolvimento
Foram realizadas várias expedições para a coleta de material para avaliação, em sete municípios, foram mapeados 51 pontos de coleta nas microrregiões Salgado e Bragantina, mesorregião do nordeste paraense, no período de fevereiro a abril de 2008. As coletas foram efetuadas na época de safra dos frutos, período de maior concentração de produção de bacuri. Os frutos foram coletados após queda natural das plantas matrizes, estabelecidas em populações naturais, em comunidades localizadas ao longo das rodovias dos municípios de Salinópolis, Santarém Novo, São João de Pirabas, Maracanã, Tracuateua, Bragança e Augusto Corrêa identificados conforme descrito na Tabela 1. As áreas de coleta foram mapeadas segundo as informações prestadas pelos moradores dos locais sobre as áreas de ocorrência de bacurizeiros produtivos.
Tabela 1: Identificação dos pontos de coleta de 51 matrizes de bacurizeiros, Platonia insignis, localizadas na mesorregião do nordeste paraense – 2009.
Fonte: Dados da pesquisa (2009).
No processo de coleta, foram consideradas além da variabilidade fenotípica dos frutos, as características das matrizes e dos locais. Foram tomadas informações sobre a localização geográfica da matriz ou ponto de coleta utilizando GPS.
Foram coletados números variados de frutos, de acordo com a disponibilidade dos mesmos por ocasião da pesquisa, porém, optou-se pela separação ao acaso de quatro frutos por matriz para efeito de repetição na análise estatística.
Para a caracterização física, os frutos de cada matriz foram individualmente analisados quanto aos seguintes aspectos: coloração, peso, comprimento, largura, diâmetro, formato, espessura da casca, volume da cavidade interna, número de sementes por fruto, número de segmentos partenocárpicos (filhos), rendimentos percentuais de casca, polpa, sementes e segmentos partenocárpicos.
Para o estabelecimento do peso médio dos frutos e dos seus componentes e respectivos rendimentos percentuais de casca, polpa, sementes e segmentos partenocárpicos, foi utilizada balança com precisão de 0,1g. O comprimento, a largura (diâmetro externo) e a espessura da casca, foram determinadas com a utilização de paquímetro manual, sendo que o comprimento foi medido considerando-se a distância longitudinal e a largura, na porção mais larga do fruto. A espessura da casca foi medida após a abertura transversal dos frutos no ponto médio da distância entre as referidas cicatrizes. Após a abertura transversal do fruto e a retirada dos componentes internos do fruto, foi estimado também o volume da cavidade interna através da medição do volume de água comportado na parte interna da casca.
As características químicas da polpa foram determinadas em amostra retirada dos frutos utilizados na etapa de caracterização física. Foram consideradas as seguintes variáveis: teor de umidade, sólidos totais, pH, acidez total titulável, sólidos solúveis totais e a relação sólidos solúveis totais / acidez total titulável.
O teor de umidade e de sólidos totais da polpa foi determinado pelo método da estufa a 105 ±3°C, com base em duas subamostras de 10g, expressando-se o resultado em base úmida. As leituras de pH foram efetuadas em potenciômetro, previamente calibrado com soluções tampão de pH 4,0 e 7,0. Adicionou-se a uma amostra de 10g de polpa, 50 ml de água destilada e determinou-se o pH por imersão direta dos eletrodos na solução.
A acidez total titulável foi quantificada em duas sub amostras de 5,0 g de polpa diluída com 50 ml de água destilada, pelo método titulométrico com solução de NaOH a 0,1N fatorada, usando como indicador solução de fenolftaleína a 1% e expressos em porcentagem do ácido predominante, segundo metodologia descrita pelo IAL (1985).
As determinações de sólidos solúveis totais foram feitas em refratômetro manual através da leitura direta após filtração da amostra diluída 1:5 (p/p). Os resultados foram expressos em °Brix.
Os dados foram analisados por meio da análise de variância delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições e utilizou-se o teste de Tukey (P<0,05) para a comparação das médias. Para tanto, foi utilizado os procedimentos do programa Núcleo Tecnológico para Informática Agropecuária (NTIA). Resultados e Discussão
Neste item será reproduzida a análise e apresentados os resultados alcançados e discutidos os dados apresentados. Este tópico estará dividido e apresentado os dados relativos as características de rendimento dos frutos e caracterização física e química da polpa dos frutos que são dois grandes importantes parâmetros para a indústria e para a pesquisa em melhoramento vegetal, haja vista, ser esta pesquisa focada no fruto como produto principal para o mercado consumidor.
1. Características de rendimento de frutos
Buscou-se avaliar os resultados dos pesos médios de frutos encontrados nessa pesquisa com os resultados encontrados por vários autores e corroboraram com os achados relatados por Guimarães et al.,1992; Barbosa et al., 1979; Santos, 1982; Teixeira, 2000; Souza et al., 2001; Farias Neto et al., 2004, em relação a peso de frutos. Nesta pesquisa encontramos frutos com peso médio variando entre 250,0 g e 350,0 g (CARVALHO et al., 2003). Em relação a este aspecto físico os frutos de bacuri apresentam pesos quase sempre superiores a 180 gramas. Porém, alguns tipos apresentam frutos bem menores, com peso médio inferior a 150g, e possuem pouco valor comercial tanto para o consumo “in natura” como para a agroindústria (SOUZA et al., 2001; CARVALHO et al., 2002). Há, ainda, outros bem maiores, chegando a pesar até 1000g (CALZAVARA, 1970).
Na tabela 2 pode-se verificar a comparação da variabilidade para as características de rendimento de frutos dos germoplasmas coletados. Não houveram diferenças significativas entre os resultados para as características de rendimento de frutos. Os valores médios obtidos para as referidas características foram bastantes similares entre os municípios.
Tabela 2: Características de rendimento de frutos de bacurizeiros, Platonia insignis, casca (C), semente (S), polpa (P), filho (Fi), peso do fruto (PF), peso da casca (PC), peso da semente (PS), peso total de polpa (PTP), peso de filho (PFi), nº de semente (NS), nº de filho (NFi), volume da cavidade interna do fruto (VCI) de genótipos coletados na região do nordeste paraense – 2009.
Fonte: Dados da pesquisa (2009). Médias ligadas com uma mesma letra não são significativamente diferentes pelo Teste de Tukey à 5% de probabilidade.
Na comparação da variabilidade para as características de rendimentos de peso e volume de frutos (Tabela 3), a média obtida para os frutos de bacuris avaliados (301,36g) é superior à encontrada por Barbosa et al. (1979) e Carvalho et al. (2003), que relataram peso médio de 213,00g e 265,80g, respectivamente. Guimarães et al. (1992) relatou peso médio de frutos de 346,26g com amplitude de 127,21g e 669,68g em bacuris oriundos dos municípios, respectivamente, de Soure e Salvaterra – na microrregião do Marajó-Pará.
Conforme análise estatística, os genótipos SJP1; SJP6; MR3; BR1; SL3; SN3; AC10 destacaram-se estatisticamente dos demais, pois apresentam valores médios de peso de frutos superiores às variações de pesos médios relatados na literatura especializada – variando de 376,15g até 640,33g – e os genótipos SL5; SJP3; SJP4 apresentaram peso inferior a 150g; portanto, de acordo com esses autores, esses frutos têm pouco valor comercial (Tabela 3).
Tabela 3: Comparação da variabilidade para as características de rendimentos de peso e volume de frutos de bacurizeiros, Platonia insignis, 51 genótipos de plantas matrizes localizadas na mesorregião do nordeste paraense.
Fonte: Dados da pesquisa (2009). Médias ligadas com uma mesma letra não são significativamente diferentes pelo Teste de Tukey à 5% de probabilidade.
Quanto ao número de sementes (Tabela 4), cerca de 80% dos genótipos apresentaram valores médios satisfatórios para esta característica, variando de 1,00 a 4,00 – com média de 2,28 sementes por fruto. É, geralmente, desejável que frutos apresentem poucas sementes, e os dados revelam a possibilidade da seleção dessa característica. Os valores médios obtidos são semelhantes aos de Guimarães et al. (1992) que obtiveram média de 2,53 com oscilação entre 1,05 até 3,38 sementes (por fruto). Além disso, se enquadram aos encontrados na literatura especializada, visto que há relatos que o número de sementes (por fruto), normalmente, varia de um a cinco, com média de dois a quatro sementes (GUIMARÃES et al., 1992; CARVALHO et al., 2003; MOURÃO; BELTRATI, 1995; SOUZA et al., 2001; FARIAS NETO et al., 2004).
Os genótipos SN8; MR2; SL5; MR7; MR11; SN6; SPJ2; SPJ3; SPJ4 apresentaram os menores valores médios para quantidade de sementes, com média variando entre 1,00 e 1,25 sementes por fruto.
Referente ao rendimento de casca, semente e polpa (Tabela 4), os valores encontrados em termos percentuais variaram entre 57,66% e 80,24%. A média foi de 62,80% para casca, 10,24% a 27,76% – com média de 18,63% – para semente; e, por seguinte, de 7,83% a 21,75%
– com média de 13,16% – para polpa. Esses resultados são semelhantes aos obtidos em outras pesquisas com frutos de bacurizeiros de diferentes matrizes que mostraram valores médios para os rendimentos percentuais de casca, sementes e polpa variando entre 53,0% e 85,0%; entre 12,0% e 26,0%, e entre 9,7% 27,7%, respectivamente (CALZAVARA, 1970; BARBOSA et
al., 1979; SANTOS, 1982; GUIMARÃES et al., 1992; TEIXEIRA, 2000; SOUZA et al., 2001; FARIAS NETO et al., 2004; CARVALHO et al., 2003).
Tabela 4: Características de rendimento de frutos de bacurizeiros, Platonia insignis, casca (C), semente (S), polpa (P), filho (Fi), peso do fruto (PF), peso da casca (PC), peso da semente (PS), peso total de polpa (PTP), peso de filho (PFi), nº de semente (NS), nº de filho (NFi), volume da cavidade interna do fruto (VCI) de 51 genótipos coletados no nordeste paraense-2009.
Fonte: Dados da pesquisa (2009). Médias ligadas com uma mesma letra não são significativamente diferentes pelo Teste de Tukey à 5% de probabilidade.
A Tabela 5 apresenta dados de comparação da variabilidade para as características de número de sementes (NS) e filhos (NF), porcentagem de casca (%C), semente (%S), polpa (%P) e filhos (%F), de frutos de bacurizeiros, Platonia insignis, dos 51 genótipos de plantas matrizes localizadas na mesorregião do nordeste paraense coletados para esta pesquisa.
Os resultados de variação das características de rendimento de polpa permitem selecionar os genótipos que apresentaram melhor desempenho neste parâmetro: SN1; BR5, AC8, AC7, AC1, BR6, BR3, AC6, TR1, BR1 e MR7, com valores médios de porcentagem de polpa variando de 15,18% a 21,75%, superiores aos demais genótipos. De acordo com o relatado na literatura, esses genótipos se enquadram como bacuris considerados bons de polpa, pois frutos de bacuri que apresentam no mínimo 15% de polpa são considerados aceitáveis no rendimento de polpa (CALZAVARA, 1970; BARBOSA et al., 1979; SANTOS, 1982; GUIMARÃES, 1992; TEIXEIRA, 2000; SOUZA et al., 2001; CARVALHO et al., 2003;FARIAS NETO et al., 2004). O maior rendimento porcentual de polpa de 21,75%, apresentado pelo genótipo MR7, foi igual e, em alguns casos, superior ao rendimento porcentual total de polpa de alguns genótipos dessa pesquisa.
A participação percentual dos segmentos partenocárpicos (filhos) oscilou de 1,63% até 12,80% – com média de 4,71%.
A variação das características de segmentos partenocárpicos, observada, permite selecionar os genótipos SN6; SL1; BR3; AC1; TR4; AC6; MR7 para futuros trabalhos de melhoramento e de propagação, os quais apresentaram maior rendimento, com valores médios de porcentagens superiores aos demais genótipos, variando de 7,00% até 12,80%.
Carvalho et al. (2003) relata que o elevado rendimento porcentual da polpa representada pelos segmentos partenocárpicos está associado à grande frequência de frutos contendo, no máximo, duas sementes. Esse fato foi constatado nessa pesquisa, visto que o genótipo MR7 apresentou valor médio de 1,25 sementes por fruto.
De acordo com pesquisas já realizadas, a elevada proporção de segmentos partenocárpicos é uma característica desejável, pois essa porção da polpa é a que tem maior valor comercial. Além disso, sua presença, em proporções elevadas, é altamente desejável quando os frutos se destinam ao consumo como fruta fresca ou para a elaboração de compotas (CARVALHO et al., 2003). Além disso, estes se constituem na porção preferida da polpa, por não estarem aderidos às sementes e serem de fácil remoção (CAVALCANTE, 1991; CARVALHO et al. (2003)).
Tabela 5: Comparação da variabilidade para as características de número de sementes (NS) e filhos (NF), porcentagem de casca (%C), semente (%S), polpa (%P) e filhos (%F), de frutos de bacurizeiros, Platonia insignis, de 51genótipos de plantas matrizes localizadas na mesorregião do nordeste paraense – 2009.
Fonte: Dados da pesquisa (2009). Médias ligadas com uma mesma letra não são significativamente diferentes pelo Teste de Tukey à 5% de probabilidade.
1.1. Correlações fenotípicas para características de frutos
O conhecimento das correlações entre os caracteres de interesse é um parâmetro importante para o melhoramento de plantas, isso permite direcionar as estratégias de melhoramento a serem adotadas, maximizando os ganhos genéticos por meio dos ciclos de seleção (FARIAS NETO et al., 2004). A estimativa positiva e elevada de correlação entre peso do fruto e peso de semente (0,8451) indica que frutos de maior peso apresentam sementes maiores. Esses resultados indicam ser bastante difícil a seleção de matriz com fruto grande e semente pequena. Essas informações são semelhantes às obtidas por Farias Neto et al. (2004).
A tabela 6 apresenta os resultados encontrados através da análise estatística pelo teste de Tukey para os caracteres de tamanho do fruto, comprimento, peso total de polpa e largura e peso total de polpa.
Estimativas de correlação positiva foram obtidas para os caracteres de tamanho do fruto comprimento e peso total de polpa (0,6893), largura e peso total de polpa (0,8010). Esses resultados sugerem que frutos maiores estão associados com maior quantidade de polpa. Resultados semelhantes foram obtidos por Souza et al. (2001) e Farias Neto et al. (2004).
A correlação entre o peso total de polpa e peso do fruto apresenta valor positivo e elevado (0,8518), indicando que a seleção de frutos grandes resulta em maior quantidade de polpa. Relatos semelhantes foram encontrados por Souza et al., 2001 e Farias Neto et al., 2004 quando aplicaram a mesma analise com a mesma espécie.
Correlações fenotípicas positivas obtidas para as características de espessura da casca (EC) com porcentagem de casca (%C) e também com comprimento do fruto (CF) indicam também ser possível a obtenção de frutos com maior percentual de polpa através da seleção indireta para frutos maiores e mais pesados.
Tabela 6: Estimativas dos coeficientes de correlações fenotípicas (r) entre os pares de caracteres de frutos de bacurizeiros, Platonia insignis, de 51genótipos de matrizes localizadas na mesorregião do nordeste paraense- 2009.
Fonte: Dados da pesquisa (2009).
**Médias ligadas com uma mesma letra não são significativamente diferentes pelo Teste de Tukey à 5% de probabilidade.
A correlação significativa e negativa (-0,7127) de porcentagem de casca (%C), com porcentagem de semente (%S), indica que maiores porcentagens de casca estão associadas a menores porcentagens de sementes e que a seleção para %C resultará na obtenção de progênie com tendência de ter menor %S.
As estimativas de correlação positiva, nessa pesquisa, foram obtidas entre o volume da cavidade interna (VCI) do fruto e as características de peso do fruto, peso da casca, peso de semente, número de sementes, peso total de polpa, tamanho do fruto e espessura da casca. Assim, implica na utilização dessas características para estimar o volume da cavidade interna do fruto de bacuri.
2. Caracterização física e química da polpa dos frutos
A qualidade das polpas é atribuída aos caracteres químicos que respondem pelo conjunto de atributos referentes à aparência, sabor, odor, textura e valor nutritivo principalmente para a à indústria de sucos, deve-se dar ênfase a tecnologias que confiram aos frutos alto rendimento em suco, boa consistência, maior teor de açúcar e acidez elevada.
A tabela 7 traz em seu conteúdo os resultados encontrados para os parâmetros físicos químicos analisados dos 51 genótipos coletados no nordeste paraense para serem discutidos.
Para a característica de sólidos solúveis totais (SST) os frutos coletados de São João de Pirabas e Tracuateua apresentaram valor médio superior e nos frutos coletados no município de Tracuateua, foram encontrados teores de acidez (ATT) superiores a Santarém Novo, São João de Pirabas. Para as demais características, os valores médios obtidos não diferiram estatisticamente entre os municípios (Tabela 7).
Os valores para teor de umidade e sólidos totais dos genótipos analisados variou entre 69,01 e 84,07% – com média de 78,23% e 30,98% e 15,93% – com média de 21,77% respectivamente. Esses valores obtidos foram superiores aos relatados por Santos (1982) e Teixeira (2000), em polpa oriunda de frutos produzidos no Estado do Piauí, porém são semelhantes com as determinações obtidas por Guimarães et al. (1992) e inferiores aos encontrados por Barbosa et al. (1979) em polpa de frutos produzidos no Estado do Pará.
Em geral, informações obtidas na literatura especializada relatam que a polpa de bacuri é constituída de 75,96 a 90,70% de água. Logo, a polpa possui de 24,04% a 9,30% de matéria seca (BARBOSA et al., 1979; SANTOS, 1982; GUIMARÃES et al., 1992; MORAES, 1994; TEIXEIRA et al., 2000; SOUZA et al., 2001; CARVALHO et al., 2003; AQUINO, 2008; AGUIAR et al., 2008).
A polpa dos genótipos analisados, nessa pesquisa, apresentou pH variando de 0,95 até 4,98 – com média de 2,77. Esses resultados estão próximos aos obtidos por outros autores quando analisaram frutos de bacuri de outras regiões, uma vez que diversos trabalhos apresentaram resultados para valores de pH variando entre 1,24 e 3,84 (BARBOSA et al., 1979; SANTOS, 1982; GUIMARÃES et al., 1992; MORAES, 1994; TEIXEIRA et al., 2000; SOUZA et al.,2001; CARVALHO et al., 2003; AQUINO, 2008; AGUIAR et al., 2008).
Os valores para os teores de acidez (ATT) dos genótipos avaliados variaram de 0,36 até 3,72 – com média de 1,64. Esses valores são semelhantes aos resultados de vários trabalhos que relataram valores médios para essa característica variando de 0,72% até 3,34% (BARBOSA et al., 1978; SANTOS, 1982; GUIMARÃES et al., 1992; MORAES, 1994; TEIXEIRA et al., 2000; SOUZA et al., 2001; CARVALHO et al., 2003; AQUINO, 2008; AGUIAR et al., 2008).
Segundo Guimarães, et al. (1992), existem grandes variações para a característica de acidez total, em função do genótipo, tal fato pode ser observado também nos resultados dessa pesquisa. Os genótipos BR5; SJP6; AC5; AC6; AC3; SPJ5; SN4; SL3; SJP2; MR4 se destacaram por apresentarem os menores valores médios para acidez, variando de 0,36% e 1,00%, caracterizando baixa acidez nesses genótipos. Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Guimarães et al. (1992) e Teixeira (2000) que relataram valores médios de 0,32% e 0,72% respectivamente. A pesquisa relata que para o consumo “in natura” é importante para que o teor de acidez total seja, no máximo 1,0% (CARVALHO et al., 2003). Portanto, de modo geral, os resultados de acidez encontrados nessa pesquisa, encontram-se dentro dos limites achados em outros trabalhos com a espécie.
O teor de sólidos solúveis totais, que está relacionado ao teor de açúcares, variou bastante em função do genótipo. Observou-se valores variando entre 6,20°Brix e 11,40°Brix – com média de 8,16°Brix. De acordo com os resultados de pesquisas, a polpa do fruto apresenta teores de sólidos solúveis totais variando entre 10,2 °Brix e 19,1°Brix (BARBOSA et al., 1979; SANTOS, 1982; GUIMARÃES et al., 1992; MORAES, 1994; TEIXEIRA et al., 2000; SOUZA et al., 2001; CARVALHO et al., 2003; AQUINO, 2008; AGUIAR et al., 2008). A pesquisa relata que para o consumo “in natura” é importante que o teor de sólidos solúveis totais seja superior a 16 °Brix (CARVALHO et al., 2003). De modo geral, os valores obtidos para sólidos solúveis totais nesta pesquisa, foram menores que os comumente registrados na literatura especializada.
A relação do teor de sólidos solúveis totais e a acidez total (SST/ATT), a qual se constitui em indicativo de sabor, apresentou valores médios variando de 2,36 a 23,87. Para essa característica, resultados de outras pesquisas evidenciam valores variando de 9,10 a 29,08 (SANTOS, 1982; GUIMARÃES et al., 1992; MORAES et al., 1994; TEIXEIRA et al., 2000; SOUZA et al., 2001; CARVALHO et al., 2003).
Tabela 7: Características física e química da polpa de frutos de bacurizeiros, Platonia insignis, entre as matrizes coletadas no nordeste paraense – 2009.
Fonte: Dados da pesquisa (2009). Médias ligadas com uma mesma letra não são significativamente diferentes pelo Teste de Tukey à 5% de probabilidade.
Os genótipos SL3; SPJ6; AC5; AC6; SN4; AC3; e BR5 foram superiores aos demais genótipos, apresentando os maiores valores médios para a característica SST/ATT de 11,15;
11,58; 11,61; 13,27; 14,63; 18,27 e 23,87, respectivamente. Esses resultados são compatíveis com os relatados por outros autores no Pará. Para o mercado consumidor de frutas frescas e/ou processadas, a relação ST/ATT elevada é desejável (AGUIAR, 2006). Nesse sentido, dentre os genótipos que apresentaram os maiores valores médios para a característica SST/ATT, destacamos os genótipos AC6; SN4; AC3; e BR5 (Tabela 8), pois apresentam os maiores valores para a referida característica, e menores teores de acidez – característica que promoveu o balanço doçura/acidez, visto que os valores para a característica de °Brix foram menores do que os comumente relatados por outros autores (BARBOSA et al., 1979; SANTOS, 1982; GUIMARÃES et al., 1992; MORAES, 1994; TEIXEIRA et al., 2000; SOUZA et al., 2001; CARVALHO et al., 2003; AQUINO, 2008; AGUIAR et al., 2008).
Tabela 8: Comparação da variabilidade para as características física e química da polpa de frutos de bacurizeiros, Platonia insignis, de 51 genótipos de plantas matrizes localizadas na mesorregião do nordeste paraense – 2009.
Conclusões
Foram identificados germoplasmas apresentando características físico-químicas da polpa com variações pronunciadas para as características de interesse para agroindústria. Foram selecionadas matrizes pelas boas características bromatológicas de seus frutos, configurando ser estes genótipos excelentes acessos para o consumo “in natura” como para a agroindústria. A alta variabilidade observada entre os indivíduos de bacurizeiros, coletados na região do nordeste paraense, permite indicar genótipos que reúnem características desejáveis nas características de frutos e características físico química de suas polpas. Destacam-se as matrizes SL1; SL3; MR3; MR4; MR7; SN3; SN4; SN6; SJP3; SJP6; TR4; BR1; BR3; BR5; AC1; AC3; AC5; AC6; e AC10.
As altas estimativas de correlações fenotípicas, obtidas para algumas características e combinações destas, são indicativos de que há ampla variabilidade genotípica; isto é, pode ser um forte componente genético a ser preservado. Assim, as informações registradas permitem concluir ser uma área de grande diversidade genotípica do bacurizeiro e consequentemente uma importante fonte de material genético para futuras pesquisas.
Referências
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1Engenheira Agrônoma, Doutora em Ciências Agrárias, Universidade Federal Rural da Amazônia. Jardim das Poncianas, Q2,183, Sacramenta – Belém – Pará CEP 66.120-030, vera.rodrigues@ufra.edu.br.
2Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Universidade Federal Rural da Amazônia, Av. Tancredo Neves, 2501, Terra Firme, Belém – Pará, CEP 66.077-830, walter.silvestre@ufra.edu.br.
3Engenheira Agrônoma, Doutora em Ciências Agrárias, Universidade Federal Rural da Amazônia, Av Tancredo Neves, 2501, Terra Firme, Belém – Pará, CEP 66.077-830, wilza.pinto@ufra.edu.br.