ESTAGIO SUPERVISIONADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM TEMPOS DE PANDEMIA: EM BUSCA DA IDENTIDADE DOCENTE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7850798


Luana Modesto Araújo1
Thais Ferreira da Silva Oliveira2
Ana Lúcia Maia da Silva3


Resumo: O presente artigo tem o propósito de relatar as experiências no processo de desenvolvimento do Estágio Supervisionado na Educação Infantil do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Pará no contexto da pandemia. As experiências desenvolvidas envolveram situações diferenciadas de aprendizagem e formação, tendo como campo de estágio uma Creche Municipal de Altamira no estado do Pará. As atividades aconteceram a partir de observações participantes, elaboração de plano de trabalho, preparação pedagógica para as intervenções didáticas com crianças entre 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses. Nas observações participantes foi desenvolvido um diagnóstico sobre a realidade e cotidiano infantil e do trabalho pedagógico docente, tendo como situação de observação, a interação com as crianças nesse momento atípico de pandemia do Covid-19 e também a relação família escola. Além do relato, buscamos desenvolver leituras e estudos referente à prática pedagógica docente na educação infantil e, ainda, sobre a importância do estágio na formação do pedagogo. Consideramos o estágio como parte importante do nosso processo de formação, sendo este o elemento que nos possibilita uma interação mais próxima com o cotidiano e as vivências da escola infantil.

Palavras-chave: Pandemia, Estágio Supervisionado, Educação Infantil, Docência.

INTRODUÇÃO

Ao ingressar na universidade em um curso de licenciatura, os estudantes já trazem consigo diferentes concepções sobre o que é “ser Professor(a)”, e qual o papel do aluno e da escola na sociedade, constituídos durante os anos escolares. No decorrer do curso essa imagem do professor concebida enquanto aluno é substituída pela identidade do “ser docente em construção”.

O estágio supervisionado, é uma das atividades mais aguardadas do currículo da faculdade, o momento em que a teoria e prática se encontram, e o estudante coloca em ação os conhecimentos adquiridos no decorrer do curso, o que lhe proporciona adquirir novas aprendizagens e conhecimentos fundamentais sobre o campo de atuação profissional.

O estágio curricular é compreendido como um processo de experiência prática, que aproxima o acadêmico da realidade de sua área de formação e o ajuda a compreender diversas teorias que conduzem ao exercício da sua profissão. É um elemento curricular essencial para o desenvolvimento dos alunos de graduação, sendo também, um lugar de aproximação verdadeira entre a universidade e a sociedade, permitindo uma integração à realidade social e assim também no processo de desenvolvimento do meio como um todo, além de ter a possibilidade de verificar na prática toda a teoria adquirida nos bancos escolares. (SCALABRIN: MOLINARI, 2013).

Nessa perspectiva o presente artigo tem como objetivo, relatar as experiências vividas no desenvolvimento do estágio supervisionado na educação infantil do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Pará, e assim contribuir na ampliação dos conhecimentos acadêmicos sobre o estágio na formação docente. De modo mais específico, analisamos a reinvenção do Profissional Docente e a relação Família-Escola no contexto da educação infantil em tempos de pandemia, através de uma abordagem qualitativa do assunto.

A instituição de ensino a qual foi realizado o Estágio Supervisionado se chama Creche Municipal Flores de Cerejeiras, é uma escola pública, localizada no bairro Brasília no município de Altamira no estado do Pará, devido ao surto infeccioso provocado pelo novo coronavírus, as atividades da escola está sendo realizada remotamente. O estágio foi realizado no período de 21 de Outubro de 2021 a 03 de Setembro de 2021, destacamos que nesse intervalo fizemos a observação, a coleta de dados e as atividades designadas pelas professoras regentes. No registro da estrutura física da escola optamos por duas visitas presenciais à instituição.

A Creche Municipal Flores de Cerejeiras, atualmente está funcionando com 150 alunos matriculados, e distribuídos em seis turmas, sendo estas, três turmas do Maternal I e três turmas do Maternal II, a faixa etária dos alunos é de 2 a 3 anos de idade. A instituição antigamente funcionava com nove turmas, mas devido a pandemia do covid-19, que assola o mundo inteiro, muitos pais não matricularam seus filhos, reduzindo assim a quantidade de turmas.

Devido às normas sanitárias da Organização Mundial da Saúde, para tentar conter o avanço da contaminação do vírus, muitas instituições de atendimento ao público foram fechadas, um desses estabelecimentos foram as escolas. Com isso crianças, jovens e adultos tiveram seu direito à educação interrompido. Uma das alternativas encontradas, foi substituir as aulas presenciais pelo ensino remoto emergencial, autorizado e orientado pelo Ministério da Educação, pela portaria nº 343, de 17 de março de 2021.

Para a segurança dos alunos, professores e gestores escolares as atividades da instituição estão sendo realizadas remotamente. A escola criou grupos de whatsApp para cada turma, no qual estão os pais e responsáveis de cada aluno, a professora regente e a coordenadora da escola. A turma a qual somos designadas foi a Sala III do Maternal II, que funciona em período integral, essa turma tem duas professoras regentes e conta com 25 alunos. No grupo de WhatsApp da Sala III são enviados três vídeo-aulas por semana, preparados pelas professoras e também é disponibilizado um bloco de atividades impressas entregues uma vez por mês.

O Estágio Supervisionado se dividiu em três momentos distintos, o primeiro a socialização e apresentação as professoras regentes da Creche Flores de Cerejeiras, realizada via WhatsApp, que relatou o contexto escolar do ensino remoto, a metodologia e as ações pedagógicas utilizadas com os alunos, e apresentou o fluxogramas e atividades a serem desenvolvidas no decorrer do estágio, o segundo momento foi a regência realizada por vídeo- aula gravada, planejada e baseada nos aspectos observados na vivência com as crianças e professoras. O terceiro momento foi a visita presencial à instituição, onde coletamos dados sobre a escola e seus colaboradores e observamos estrutura física, conhecemos as professoras, diretora, coordenadora e auxiliares da escola.

Sobre a estrutura física da instituição escolar, o ambiente é limpo, arejado, organizado e ventilado, logo na entrada da escola se nota acessibilidade para as crianças com rampa e corrimão. Todas as salas de aulas possuem ar condicionado, pia para higienização e um espaço para as crianças dormirem em colchões. A sala é decorada com materiais didáticos e lúdicos, as cadeiras são coloridas e proporcionais para o tamanho das crianças, assim como as cadeiras e mesas do refeitório, os banheiros, o vaso e a pia também são adequados. A escola conta também com uma sala chamada “Sala Multiulso”, apesar do momento pandêmico a sala manteve a estética de organização e decoração lúdica, bastante brinquedos e objetos pedagógicos para a socialização com os alunos. Neste sentido nota se que a Creche Municipal Flores de Cerejeiras reconhece a relevância que o espaço escolar tem no estímulo à criatividade e a autonomia do aluno.

O espaço da pré-escola pode fazer a total diferença, de maneira positiva ou negativa, na vida da criança, e a sua organização é essencial para uma melhor aprendizagem, considerando que o sujeito-criança é um ser ativo, em constante construção, e seu desenvolvimento está totalmente ligado à maneira como ele se relaciona com o mundo, de modo particular. (SILVA, 2020, p.1)

Entendesse que organização do espaço escolar como é um elemento indispensável a ser pensado na escola, pois um ambiente acolhedor e prazeroso, estimula a criatividade das crianças, despertando o interesse de brincar e desvendar o espaço que a cerca. É através do brincar que a criança na educação infantil constrói conhecimentos, favorecendo o desenvolvimento das suas potencialidades motoras, cognitivas e afetivas. O brincar é um direito da criança, assegurado pela Declaração Universal dos Direitos da Criança, aprovada pelo Assembleia das Nações Unidas em 1959, que destaca que “A criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito.” (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA,1959).

METODOLOGIA

O artigo se caracterizou como um relato de experiência vivenciado por duas estudantes no 6º semestre do curso de Pedagogia, matriculadas na atividade curricular de Estágio supervisionado na Educação Infantil da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Pará (UFPA) campus de Altamira. O Estágio Supervisionado na educação infantil teve como objetivo principal observar, analisar e descrever as teorias vivenciadas na academia para integrar teoria e prática, através das vivências práticas sob a orientação da professora da faculdade e supervisão das professoras regentes da Creche Municipal.

É relevante enfatizar que essa experiência favoreceu reflexões sobre nossa formação docente, considerando que fomos inseridos num contexto remoto devido a pandemia do Covid- 19, mas que passamos a elaborar estratégias que proporcionam aos educandos atividades práticas lúdicas e interativas no grupo de whatsApp da turma, compreendendo que o conhecimento deve ser compartilhado. Destaca-se que as atividades foram realizadas durante os meses de outubro a novembro de 2021, cumprindo a exigência de uma carga horária de 60 horas, numa escola de ensino infantil.

Com a finalidade de assegurar a privacidade e o anonimato da instituição que nos acolheu no período do desenvolvimento do estágio supervisionado, neste relato o nome da Creche e a sala, tiveram seus nomes substituídos por nomes fictícios, escolhidos pelas pesquisadoras.

Este pesquisa apresentam uma abordagem qualitativa sobre o assunto, segundo os autores Prodanov e Freitas (2013) a pesquisa qualitativa considera que há um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números, e que ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave.

O método de pesquisa adotado foi o participante. Ressalta-se ainda que a observação da interação entre os participantes e os seus pares, bem como o registro em diário de campo entrevistas, elaboração do plano de atividade educativa, confecção de materiais instrucional, desenvolvimento da prática educativa, reuniões na escola, e de avaliação do estágio, foram os instrumentos utilizados na coleta de dados.

REINVENÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM TEMPOS DE PANDEMIA

Em nossa atividade curricular de estágio, muitas dúvidas surgiram: ensino remoto é o mesmo que ensino a distância? Como as professoras estavam ensinando remotamente as crianças pequenas? Como era possível ensinar de forma não presencial? Quais recursos seriam utilizados pelas professoras? Diante disso, tivemos uma reunião via WhatsApp e socialização com as professoras regentes do campo de estágio para suprir alguns esclarecimentos e nos explicar todas as metodologias utilizadas por elas nas aulas.

Após os esclarecimentos, estudos e leituras, percebemos que esse tipo de ensino difere da Educação a Distância (EaD). De acordo com Joye, Moreira e Rocha (2020) “a EaD é uma modalidade de ensino complexa e que tem uma legislação própria” (p. 23), além disso, está ligada intensamente ao uso de tecnologias digitais de informação e comunicação. Já o ensino remoto não tem legislação própria, assim como não é uma modalidade de ensino” (p. 23), são atividades pedagógicas que ocorrem fora da sala de aula e podem ser mediadas por tecnologias ou por materiais impressos.

Em um curto período do dia 21 de outubro ao dia 03 de novembro podemos sentir o que os profissionais da educação passaram ao ter que se reinventar no quesito educar, assim como eles tivemos que aprender a operar as mídias digitais e replanejar a prática docente a partir do novo contexto. As estratégias para realização das atividades escolares não presenciais durante o período de estágio foram elaboradas de acordo com o fluxograma já elaborado e aprovado pela coordenação pedagógica.

Desenvolvemos 3 vídeos lúdicos, sendo eles um de apresentação, o outro sobre o campo de experiência: Escuta, fala, pensamento e imaginação. Um deles foi manipulação da vogal “U” e o outro foi sobre contação de história. Em ambos os vídeos tivemos que usar a criatividade e ludicidade para despertar a atenção das crianças. Os vídeos foram enviados via WhatsApp, tivemos um retorno mínimo de alunos, mas os que interagiram foi bem prazeroso. E por último o vídeo final, onde agradecemos às crianças pela receptividade e pais que ali também se mantiveram presente dando suporte aos seus filhos.

Dessa forma, o apoio e a troca de experiências/conhecimentos entre os pares foram fundamentais para o a nossa vida profissional e pessoal.

RELAÇÃO FAMÍLIA- ESCOLA NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM TEMPOS DE PANDEMIA

Nesse processo de ensino e aprendizagem em meio a pandemia, no qual houve uma mudança significativa na rotina escolar das crianças, houve uma mudança também na rotina de seus familiares. Podemos perceber o quão importante é a participação dos pais e responsáveis, ou seja são peças cruciais na educação das crianças, tanto no incentivo ao desenvolvimento das atividades sugeridas pelas professoras e na conservação do vínculo entre a escola e a família/criança, eles são mediadores.

Tudo que está relacionado ao desenvolvimento da criança perpassa principalmente pela família é importante que ela saiba que todo processo escolar e sua participação nesse contexto é garantido e reconhecido por lei cabendo assim fazendo que ele faça sua parte para garantir que a criança se desenvolva em todos os sentidos, a Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 em seu Art. 1º:

“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. Portanto toda manifestação por parte da família, para uma boa relação com a escola visa somente um alvo principal, o desenvolvimento do aluno, essa relação deve ser forte e duradoura, pois a educação é uma tarefa que a escola não pode trabalhar sozinha, é importante que esse enlace entre família/escola permaneça e tende a favorecer o desempenho escolar do aluno.

Pudemos vivenciar esse processo no campo de estágio remotamente, observamos que tanto nos vídeos, quanto das professoras regentes não há uma devolutiva e não acontece a interação no grupo, por mais lúdicos e criativos que fizéssemos os vídeos. Podemos observar que as vivências lúdicas propostas pelas professoras, não exigem conhecimento técnico para desenvolvê-las, mas sim, é preciso disponibilizar um pouco de tempo e paciência para participar das atividades sugeridas junto com as crianças.

No início do mês de novembro nos disponibilizamos em ajudar nas entregas das atividades de material físico. Outro problema encontrado nessa interação família e escola foi que, muitos pais não vão buscar as atividades, ficamos durante todo o dia na escola, e em uma turma de 25 alunos somente 4 pais foram buscar as atividades.

Por meio desse contato e conversa com as professoras regentes, podemos notar que os pais e responsáveis apresentam duas visões distintas em relação à Educação Infantil. Algumas famílias ainda possuem a visão assistencialista, em que acreditam que criança recebe somente os cuidados e brinca a maior parte do tempo na escola, dessa forma, estas não veem importância nas atividades sugeridas, pois acreditam que as brincadeiras não são conteúdos de ensino. Por outro lado, há familiares com uma visão escolarizada e tradicional da Educação Infantil, em que a criança deve aprender letras, números e até ser alfabetizada

Nas duas visões citadas, podemos notar que as brincadeiras não são vistas pelos familiares como atividades fundamentais para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil, por não terem o conhecimento das orientações trazidas pela BNCC. De acordo com esse documento, os eixos estruturantes das práticas pedagógicas da Educação Infantil são as interações e a brincadeira (BRASIL, 2018). E, especificamente sobre as brincadeiras, aponta que “a interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças” (BRASIL, 2018, p. 37).

Acreditamos também que algumas pessoas não querem expor a imagem de seus filhos, outros porque não lembram de tirar a foto no momento da atividade, e há aqueles que não conseguem realizar as vivências por diversos motivos como, por exemplo, a falta de tempo ou de interesse.

Com o pouco da experiência vivida nesse campo de estágio, nossa expectativa é que, com o passar do tempo e com a prorrogação das aulas não presenciais, os familiares compreendam a importância da realização das atividades propostas pelas professoras, que ali dedica toda a parte do seu dia para gravar e regravar os vídeos, e tornar o mais lúdico possível, e reservem um período do dia ou da semana para sua execução da atividade proposta e interação.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Estágio Supervisionado se desenvolvem a princípio, com a socialização e apresentação as professoras regentes, no qual nos informou o contexto escolar do ensino remoto, e o planejamento das atividades da semana, observamos que o planejamento todo é baseando nos campos de experiências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). As metodologias usadas são músicas, brincadeiras, contação de histórias, desenhos, jogos, etc. A turma do maternal II, conta com duas professoras e tem 25 alunos ao todo. Ao sermos inseridas no grupo da Sala III, fomos muito bem recebidas pelos alunos.

Em um segundo momento realizamos a regência na turma, através de vídeo-aula gravada, planejada e baseada nos aspectos observados na vivência com as crianças e professoras. O campo de experiência que trabalhamos na semana foi “Escuta, fala, pensamento e imaginação” da BNCC da educação infantil. Na primeira aula regente trabalhamos a Letra “U” com as crianças, através de uma vídeo aula lúdica, com músicas e imagens. A segunda aula regente trabalhou “contação de história” através de um vídeo lúdico, com desenhos e música.

Em um terceiro momento visitamos a destituição, escolhemos ir no dia da entrega do material impresso e da devolutiva do material preenchidos pelos ao alunos, passamos o dia todo na escola, e observamos que somente os pais de quatro alunos foram buscar e devolver o material impresso. Um desses pais levou o filho, que é aluno da creche, ele estava vestido de super-herói e foi muito bem recepcionado pelas professoras, que ficaram muito felizes em vê- lo.

Durante o período de estágio observamos que as crianças são pouco participativas no grupo de WhatsApp da turma, é na busca do material impresso. As professoras informaram que a participação dos alunos é muito pouca, devido eles serem pequenos e depender dos pais para ter acesso às aulas online. Muitos pais trabalham é não tem como a escola um acompanhamento em tempo real, do processo aprendizagem do aluno. A participação da família é muito importante no processo de ensino da criança, principalmente nesse período pandêmico que estamos enfrentando, no qual o professor não tem um contato direto com os alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na condição de estagiárias da Educação Infantil, no curso de Pedagogia, foi um processo desafiador, nos organizarmos e nos adaptarmos às tecnologias nunca utilizadas a fim de levar conhecimento às crianças da creche.

A identidade profissional não é apenas uma construção de saberes da profissão, mas também incorpora o ser e a vida do professor, incluindo desejos, realizações, frustrações e ambiguidades. A identidade vai se formando em diferentes dimensões da vida pessoal e profissional.

Acreditamos também que a relação entre a família e a criança se tornou diferente após a pandemia, pois neste período de isolamento social em que as crianças deixaram de ir à escola e permaneceram o tempo todo com os seus pais ou com pessoas muito próximas, fez com que esses vínculos se fortalecerem.

A escola campo de estágio que exercemos a atividade curricular, atende crianças de período integral, e elas passavam 9 horas contínuas na escola. Portanto, permaneciam a maior parte do tempo no ambiente escolar, interagindo e convivendo com os coleguinhas e professores. Agora, essa rotina foi invertida, ela está em contato direto com os seus familiares. Isso fez com que as famílias se aproximassem das crianças e, desse modo, pudessem conhecer melhor os seus filhos. Nesse contexto, temos a expectativa que as relações família – escola sejam valorizadas, que neste processo de convívio, os pais tenham compreendido a importância de seu papel na vida da criança e estejam mais presentes na vida escolar futura.

A prática do estágio nos trouxe significativas contribuições para nosso saber, mesmo remotamente foi uma possibilidade de amadurecimento tanto pessoal, quanto profissional. Num primeiro momento aconteceram as observações por intermédio da ambientação, que nos propiciaram uma visão das dinâmicas presentes na escola.

Em seguida as atividades desenvolvidas foram momentos de grande significação, de construção e reconstrução de conhecimento, pois ensinamos, mas também aprendemos. Pudemos de forma geral, desenvolver a proposta de trabalho elaborada e, simultaneamente, refletirmos sobre nossas ações e de termos a certeza que estamos no caminho certo.

Percebemos que a relação entre teoria e prática é indissociável, colocamos em ação os conhecimentos adquiridos para obter os resultados almejados e nós vimos como pessoas reflexivas.

A experiência vivenciada no estágio juntamente com as professoras regentes nos fez refletir sobre a nossa formação e nossa atuação enquanto futuros profissionais da educação. Que tipo de profissional queremos ser? Que cidadãos queremos formar e para que ambiente social? Essas questões só foram possíveis serem pensadas a partir da rica experiência advinda do estágio supervisionado em educação infantil.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília/DF, 2018.

JOYE, Cassandra Ribeiro.; MOREIRA, Marília Maia; ROCHA, Sinara Socorro Duarte. Educação a distância ou atividade educacional remota emergencial: em busca do elo perdido da educação escolar em tempos de COVID-19. Research, Society and Development, v. 9, n. 7, p.1-29, 2020.

SCALABRIN, I. C.MOLINAR, A. M. C. A importância da prática do estágio supervisionado nas licenciaturas. Revista Unar, Araras, SP, Vol 7, n 1, 2013. Disponível em: http://revistaunar.com.br/cientifica/documentos/vol7_n1_2013/3_a_importancia_da_pratica_e stagio.pdf. Acessado em 17 de nov. 2021

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cezar de. Metodologia do Trabalho Científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Rio Grande do Sul: Freevale, 2013.

Portaria n343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus – COVID-19. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de- marco-de-2020-248564376. Acesso em: 17 nov. 2021

SILVA, Maria Luiza Limeira Da. A importância da organização do espaço nas instituições pré-escolares. Anais VII CONEDU – Edição Online… Campina Grande: Realize Editora, 2020. Disponível em: https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/67688. Acesso em: 17 nov. 2021

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA. Biblioteca Virtual de Direitos Humanos/USP. Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Crian%C3%A7a/declaracao-dos-direitos-da- crianca.html. Acesso em: 17 nov. 2021. Ministério da Educação e do Desporto. Lei Federal nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e Bases para a Educação Nacional. Diário Oficial da União. Brasília


1Graduanda pedagogia pela UFPA-PA. E-mail: Luanwa.araujo7561@gmail.com
2Graduanda pedagogia pela UFPA-PA. E-mail: thaisferreira803@gmail.com
3Mestranda