ANKYLOSING SPONDYLOSIS IN A GOLDEN RETRIEVER DOG – CASE REPORT
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202411111023
Giovanna Franzini1
Everton Oliveira2
Resumo
A espondilose é uma doença evolutiva não inflamatória que se agrava ao decorrer do tempo, caracterizada através da identificação de uma reação osteofítica nas margens dos corpos vertebrais, nos espaços intervertebrais da coluna vertebral (MELO, LAURA, 2022).
A espondilose do tipo anquilosante consiste em uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente a coluna vertebral, tendendo a evoluir com rigidez e limitação funcional progressiva do esqueleto axial (MENDONÇA, GUILHERME et al . , 2013).
Esse trabalho foi realizado para conclusão de curso de Medicina Veterinária da Universidade Metodista De São Paulo, com o objetivo de relatar um caso de espondilose anquilosante que acometeu um paciente da espécie canina, da raça golden retriever macho de 12 anos de idade, para discutir seus sintomas, diagnóstico e tratamento da doença.
Palavras- chave: espondilose, espondilose anquilosante.
Abstract
Spondylosis is a non-inflammatory, progressive disease that worsens over time, characterized by the identification of an osteophytic reaction at the edges of the vertebral bodies, in the intervertebral spaces of the spine (MELO, LAURA, 2022).
Ankylosing spondylosis is a chronic inflammatory disease that mainly affects the spine, tending to evolve with stiffness and progressive functional limitation of the axial skeleton (MENDONÇA, GUILHERME et al . , 2013).
This work was carried out for the conclusion of the Veterinary Medicine course at Universidade Metodista de São Paulo, with the objective of reporting a case of ankylosing spondylosis that affected canine patients, of the golden retriever breed male, that have 12 years, to discuss its symptoms, diagnosis and treatment of the disease.
Keywords: ankylosing spondylosis, spondylosis.
Introdução
Espondilose tem sido definida como um colar prediscal de tecido ósseo neo-formado que liga a córtex ventral e/ou lateral de corpos vertebrais adjacentes (WALKER, 2002). É uma doença evolutiva não inflamatória que se agrava ao decorrer do tempo, caracterizada através da identificação de uma reação osteofítica nas margens dos corpos vertebrais, nos espaços intervertebrais da coluna vertebral (MELO, LAURA, 2022 ; KRANENBURG, HENDRIK-JAN et al . , 2011).
Essa doença ocorre com maior frequência em vértebras torácicas, lombares e lombo-sacrais de cães de meia idade e idosos, especialmente em Boxer e cães de raças grandes (KISTEMACHER, BRUNA, 2017 ; SILVA, THELMA et al . , 2009).
A espondilose pode aparecer adjacente a um disco intervertebral degenerado, protruído ou normal e pode estar associada a um sítio de instabilidade espinhal, no entanto, na maioria das vezes sua etiologia é idiopática (SANTOS, TAÍZHA et al . , 2006).
Há dois tipos de espondilose: a deformante e a do tipo anquilosante.
Na espondilose deformante ocorre uma lesão frequente atribuída à alterações de forças aplicadas à coluna vertebral. Caracteriza-se como doença degenerativa com a presença de um ou mais osteófitos nos corpos vertebrais que variam em tamanho e forma. Quando grave provoca rigidez dorsal, claudicação, alterações da marcha e dor (MENDONÇA, GUILHERME et al . , 2013; SILVA, ANDRÉ, 2015).
A espondilose anquilosante consiste em uma doença inflamatória crônica que acomete preferencialmente a coluna vertebral, podendo evoluir com rigidez e limitação funcional progressiva do esqueleto axial (MENDONÇA, GUILHERME et al . , 2013). Nela ocorre a proliferação óssea, que pode provocar a fusão ventral entre as vértebras pelo disco intervertebral, formando uma ponte óssea entre os corpos vertebrais. Esta situação caracteriza-se por um processo anquilosante no espaço do disco intervertebral (MELO, LAURA, 2022 ; MOURA LUCAS et al . , 2019).
Os sinais clínicos mais comuns são: dor, alterações de marcha, claudicação e rigidez na coluna, no entanto são muitas vezes achados acidentais na clínica (MELO, LAURA, 2022 ; SANTOS, PATRICIO et al . , 2017).
Esse trabalho tem como objetivo mostrar um caso de espondilose anquilosante que foi diagnosticado na rotina clínica e mostrar como foi feito esse diagnóstico, as opções de tratamento, assim como o estado de saúde do animal e seu comportamento.
Relato de caso
Figura 1 – paciente apresentado no relato
Foi atendido na Clínica Veterinária Central no dia 31 de janeiro de 2021, o paciente chamado Haty da espécie canina, sendo sua raça Golden Retrivier com a idade de 11 anos, pesando 40,800 kg com problemas de claudicação, dores em região de coluna (torácica – lombar e sacral) e lesão de pele por mordedura do próprio paciente em região próxima a coxal. Foi solicitada radiografia em decúbito latero lateral direito.
Figura 2 – radiografia da coluna lombar realizada em decúbito latero lateral direito.
Fonte: Imagem cedida pela Clínica Veterinária Central (2021).
O diagnóstico foi de espondilose anquilosante em L5-L6 (A) e diminuição do espaço intervertebral em L6-L7 (B).
Após a elucidação do caso, foram prescritas as seguintes medicações: gabapentina 200 mg 60 cápsulas (1 cápsula a cada 12 horas durante 30 dias), controle com condroplex (um comprimido e meio a cada 24 horas por 90 dias). Além disso, foi feita a limpeza da lesão de pele com a retirada de pelos da região lesionada com máquina de tricotomia e receitado para casa a limpeza com sabonete neutro, soro fisiológico e a pomada vetaglós.
Outro tratamento feito foi a mudança de manejo em relação ao animal. Foi preciso realizar dieta alimentar pois o mesmo se apresentava acima do peso corporal ideal, pesando 40,800 kg, sobrecarregando, portanto, sua coluna e dificultando sua locomoção. Houve mudança em relação à quantidade de ração que o paciente ingeria por dia, no caso uma ração super premium sênior.
No dia 15 de setembro de 2022 o animal retornou à clínica para avaliar se houve evolução do quadro clínico. Segundo o tutor, os sintomas se agravam apenas em dias de temperatura baixa.
O veterinário solicitou radiografia realizada em decúbito latero lateral direito.
Figura 3 – radiografia da coluna lombar realizada em decúbito latero lateral direito.
Fonte: Imagem cedida pela clínica Veterinária Central (2022).
Foi diagnosticado: presença de diminuição do espaço intervertebral em L5-L6 (A) e L6-L7 (B); osteófito ventral em L7 (C); espondilose anquilosante em L5-L6 (A).
Foi receitado pelo médico veterinário para a continuação do tratamento do animal o Ativi 40 mg 1 comprimido Sid (por dia) durante 2 meses e depois diminuir a quantidade gradativamente para 3 comprimidos por semana.
Na nova consulta o animal foi pesado resultando em 36,600 kg, apresentando seu escore corporal ideal cerca de 1 ano e 8 meses depois.
Discussão
Comparando as imagens radiográficas realizadas em 2021 e 2022 foi possível notar em relação à espondilose anquilosante entre as vértebras L5-L6 que não houve evolução significativa do quadro clínico. Entretanto houve nova diminuição de espaço intervertebral em L5-L6 e formação de osteófito ventral em L7.
O diagnóstico de espondilose é feito principalmente através de radiografia, pois é um exame prático, simples e de baixo custo, onde é comum ser apenas um achado radiológico (GUERRA, MARIA, et al . , 2021 ; MORGAN, JOE, 1968).
Também pode ser diagnosticada através de ressonância magnética (geralmente em casos mais graves onde outras enfermidades degenerativas estão envolvidas), e aquando da necropsia, em achados histopatológicos (MELO, LAURA, 2022).
Em relação ao tratamento, não existe um protocolo para esta doença. Muitos animais não recebem tratamento adequado por desvalorização da doença e dos sinais clínicos por parte dos médicos veterinários, no entanto a espondilose é causadora de dor e desconforto agudo e especialmente crônico, portanto o tratamento deve focar-se no alívio destes sintomas. (MELO, LAURA, 2022).
Fisioterapia, acupuntura, exercícios terapêuticos, quiropraxia e ozonioterapia são técnicas que possuem efeitos positivos quando associadas (MAURO, ROSARIA et al . , 2019 ; BRAGA, VIVIAN, 2011).
Medicações como uso de analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides (com ações anti-inflamatórias e analgésicas), e em casos mais críticos anti-inflamatórios esteroides, Galliprant ™ e Karsivan®, e suplementos alimentares (glucosamina, metilsulfonilmetano (MSM), sulfato de condroitina, etc) são algumas das opções não cirúrgicas utilizadas convencionalmente que até certo ponto são eficazes (MELO, LAURA, 2022 ; NEVES, ISABELLE, 2010).
No tratamento do animal em questão houve sucesso no manejo alimentar. Com ele ocorreu uma perda significativa de 4 kg fornecendo melhor qualidade de vida ao Haty, ajudando positivamente em sua locomoção.
Conclusão
A espondilose anquilosante é uma doença comum na rotina clínica e muitas vezes é despercebida quando presente, no entanto ela causa dor aguda no animal, necessitando de diagnóstico e tratamento adequado.
O diagnóstico e o tratamento rápido são imprescindíveis para que a lesão não se estenda, além de um acompanhamento minucioso do paciente visando a evolução da doença.
Além disso é importante o manejo ambiental do paciente como controle de peso, evitar subir escadas e esforços físicos e se possível em estações de clima frio realizar técnicas terapêuticas no animal como acupuntura e ozonioterapia, garantindo, portanto, a qualidade de vida do animal.
Referências
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1Discente, Universidade Metodista de São Paulo, curso de Medicina Veterinária, SP, Brasil – E-mail: gi_franzini@outlook.com https://orcid.org/0000-0002-8863-3544
2Médico veterinário, docente – Universidade Metodista de São Paulo. Graduanda em 2022 – Universidade Metodista de São Paulo. E-mail: evertonwar1@gmail.com