REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202509071242
SOUZA, Alejandro Weyber Rodrigues de1
SOUSA, Marcos Saulo Patrício de2
LACERDA, Maria de Fátima de3
TOLEDO, Renata Ferraz de4
RESUMO
Este trabalho apresenta uma revisão bibliográfica sobre a promoção da saúde no contexto da Educação Física Escolar, com recorte temporal entre 2004 a 2024. Para isso, é realizada uma análise crítica das bases epistemológicas que têm norteado as pesquisas de pós-graduação stricto sensu no Brasil, envolvendo a temática da promoção da saúde no Ensino Médio. Após a revisão, foram selecionados doze trabalhos que versam sobre o assunto, revelando uma diversidade de perspectivas teórico-metodológicas. Os resultados revelam que grande parte dos trabalhos não afirmam uma vinculação a uma base epistemológica. No entanto, após análises criteriosas, foram observados elementos que nos permitiram identificar aproximações teórico-metodológicas. Em última análise, esta revisão evidencia a complexidade do tema e o modo como as diferentes abordagens epistemológicas podem ser utilizadas para a realização de pesquisas no campo da Educação Física Escolar que envolva a temática da promoção da saúde.
Palavras-chave: Promoção da saúde; Educação Física Escolar; Ensino Médio
INTRODUÇÃO
A promoção da saúde no contexto da Educação Física Escolar é uma temática de grande relevância nos estudos e pesquisas escolares. Esta abordagem se faz essencial diante dos desafios enfrentados pela sociedade, como o sedentarismo e os hábitos alimentares inadequados, que contribuem para o aumento das doenças crônicas não transmissíveis. No ambiente escolar, a disciplina de Educação Física desempenha um papel crucial na formação integral dos estudantes, não apenas em termos físicos, mas também na promoção de hábitos saudáveis e na conscientização sobre a importância da atividade física regular e de uma alimentação balanceada (LIMA, 2023).
Nesse sentido, é importante salientar que, conforme diversos autores da pedagogia da Educação Física, a disciplina não se limita apenas à prática de atividade física, mas também proporciona reflexões sobre a importância dos cuidados com a saúde em diferentes aspectos da vida humana. Conforme aponta Barbosa (2023), é a partir de uma visão holística da saúde que se reconhece sua amplitude conceitual para além da simples ausência de doenças, abrangendo o bem-estar físico, mental e social dos sujeitos.
Ainda, é importante destacar que a promoção da saúde no contexto da Educação Física Escolar não se restringe apenas ao ambiente escolar em si, mas se estende para além dos muros das instituições de ensino. A família, a comunidade e até mesmo políticas públicas de saúde e educação desempenham papéis relevantes nesse processo formativo. Portanto, é preciso promover uma articulação entre diferentes atores e instâncias sociais, visando criar um ambiente propício para a promoção da saúde e o desenvolvimento de hábitos saudáveis ao longo da vida dos estudantes (LUZ, 2020).
Diante deste cenário, o estudo por ora apresentado, nos mobiliza a seguinte indagação: Como se apresenta as bases epistemológicas que têm norteado as pesquisas de pós-graduação stricto sensu no Brasil, envolvendo a temática da promoção da saúde na disciplina da Educação Física no contexto do Ensino Médio? Assim, fundamentado nessa questão norteadora, o objetivo do presente estudo consiste em conhecer e analisar as bases epistemológicas que orientam as pesquisas no Brasil e que estejam relacionadas à promoção da saúde no ensino médio.
No que tange aos procedimentos metodológicos, o trabalho em questão está assentado no contexto bibliográfico, o qual realizamos um levantamento bibliográfico na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Capes – BDTD-CAPES. De forma qualitativa e quantitativa, analisamos as bases epistemológicas orientadoras das pesquisas em promoção da saúde no Ensino Médio.
BASES PISTEMOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: BREVES REFLEXÕES
Diferentes abordagens teórico-metodológicas têm orientado as pesquisas em Educação Física Escolar. Dentre elas, o positivismo, a fenomenologia e o marxismo tem sido as mais expressivas. Cabe ressaltar que outras abordagens teóricas foram desenvolvidas nos últimos tempos, porém, as três bases mencionadas continuam sendo referência na maioria das pesquisas científicas na área. Portanto, apresentaremos uma conceituação breve sobre as bases epistemológicas mencionadas.
O positivismo
A base positivista tem como fundador o filósofo Auguste Comte (1798 – 1857). Essa corrente filosófica surgiu na França no início do século XIX e ancorada no pensamento iluminista. Na perspectiva da ciência, na Educação Física, as pesquisas positivistas são ligadas às Ciências Naturais, (KUHN, 2017), ou seja, apresentam uma perspectiva de pesquisa “mensurável, testável, operacionalizável”. Também pode-se dizer que são quantificáveis, e na maioria das vezes generalizáveis (FRASSON, 2019).
Nesse preâmbulo, é oportuno frisar que diversos estudos demonstram o modo pelo qual o positivismo se consagrou como uma das correntes filosóficas mais presentes no âmbito da Educação Física. Embasada nas instituições militares e médicas, esses grupos sociais portavam a simbologia e a promessa da “ordem” e do “progresso” necessários aos imperativos nacionalistas que tomavam o mundo. Os médicos higienistas influenciaram decisivamente o referencial de conhecimentos necessários para o desenvolvimento desta área do conhecimento, sendo utilizada como um mecanismo a mais na construção do homem novo, sendo, dessa maneira, sujeito do capital. (SOARES, 2001).
Assim sendo, apontamos como características de um estudo positivista os seguintes elementos: a classificação, a enumeração, a quantificação, a objetividade, a ausência de valores pessoais ou juízo moral do pesquisador associados ao processo de pesquisa, a linguagem impessoal, dentre outros. Neste estudo, nos embasamos nesses conceitos para apontar aproximações das pesquisas selecionadas com a base epistemológica positivista.
A fenomenologia
Silva, Lopes e Diniz, (2006), ao trabalhar com a conceituação da fenomenologia, colocam que esta base epistemológica busca o estudo dos fenômenos, tanto do que aparece à consciência, como também daquilo que lhe é dado. Historicamente falando, a fenomenologia emergiu no final do século XIX e início do século XX, na Alemanha. Conforme estudos, foi desenvolvida inicialmente por Edmundo Husserl, (1859-1938), sob a influência do pensamento de Platão, Descartes e Brentano. Ao mesmo tempo em que foi influenciado, Husserl influenciou outros pensadores como: Martin Heidegger, Alfredo Schutz, Jean Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty.
De forma simplória, é possível afirmar que, centralizando o processo sujeito e objeto em direção à subjetividade, a abordagem fenomenológica se caracteriza pela dinâmica inferencial do sujeito (pesquisador), que trabalha o objeto de estudo desde a experiência fenomenológica da pesquisa até a sua essência. Nesse contexto, conhecer é compreender os fenômenos em suas diversas manifestações e nos contextos de onde se expressam. Assim, os fenômenos não são de certa forma analisados, e sim, compreendidos por meio de significados e processos de recuperação de contextos (GAMBOA, 2007).
Em síntese, a pesquisa fenomenológica na Educação Física busca compreender as experiências do “mundo vivido”; descrever o fenômeno experimentado; e promover uma conceituação reflexiva. Além disso, é atribuída às pesquisas em Educação Física a possibilidade de recusa das hipóteses que consideram a estrutura anatômica como princípio dos comportamentos humanos, pois essa base epistemológica compreende que os comportamentos não se dão apenas pelo estabelecimento de sua estrutura orgânica, mas também por sua relação com o meio, ou seja, a subjetividade é muito presente (MERLEAU-PONTY, 2018). Nesses moldes, vale reforçar que a análise dos trabalhos selecionados neste estudo se pautou nessas características.
O marxismo
Desvelar aquilo que constitui a condição humana é tarefa necessária para uma pesquisa qualitativa de grande relevância teórica. Sobre isso, o filósofo e revolucionário alemão Karl Marx (1818-1883) muito nos ajuda nessa tarefa. Seus fundamentos e categorias de análise são fundamentais para a compreensão de qualquer fenômeno, segundo sua lógica. De início, percebe-se nos estudos marxistas que a categoria trabalho é indispensável para a compreensão do jogo de relações instaladas nos espaços sociais. Manacorda (2007) tem esse entendimento e cita uma passagem de Marx para reforçar o caráter histórico e constituinte do conceito de trabalho humano:
“para afirmarem-se pessoalmente (ou como pessoas), devem abolir a própria condição de existência tal como tem se apresentado até hoje, que é, ao mesmo tempo, a condição de existência de toda a sociedade até hoje – o trabalho” (MANACORDA: 2007, p. 59).
Diante dessas afirmações, nota-se que é por meio do trabalho que o homem se faz homem. Nesses moldes marxistas, o trabalho não se resume a emprego, salário ou dinheiro, mas sim a ação. Do mesmo modo, a cultura não se resume a patrimônio ou a arte apenas, mas sim a produção humana. Em outras palavras, uma produção delineada pela ação: a ação dos homens sobre o meio e sobre outros homens. Ainda sobre o trabalho, Marx (1985) afirma:
[…] a existência […] de cada elemento da riqueza material não existente na natureza, sempre teve de ser mediada por uma atividade especial produtiva, adequada a seu fim, que assimila elementos específicos da natureza a necessidades humanas específicas. Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição de existência do homem, independente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e, portanto, da vida humana. (MARX, 1985a, p.50)
Percebe-se, nas ideias de Marx, o caráter do trabalho enquanto elemento de ação e de base para a sobrevivência humana. Esse processo é desencadeado pelo domínio e transformação da natureza como produção material de condições mais favoráveis à sobrevivência dos homens. Em todo esse processo pela busca da sobrevivência humana, o trabalho é elemento chave e são atreladas a diversos outros elementos constituintes da sociedade humana.
Ao analisar o modo de produção capitalista, Marx apreendeu o trabalho como uma categoria fundamental para o entendimento da sociedade e percebeu que ele, o trabalho, se associava/relacionava a outras categorias e conceitos, como por exemplo: a) a produção de mais valia; b) a formação da sociedade de classes; c) os burgueses; d) os proletários; e) a mercadoria como resultado do trabalho social cristalizado e alienado; f) o fetichismo em volta da mercadoria fruto do trabalho humano; g) o sistema de mercantilização universal; h) a coisificação; i) a alienação. Marx via esses conceitos dialéticos como fundamentais para a compreensão das estruturas sociais, das rupturas, das continuidades, das múltiplas relações estabelecidas nos espaços, das próprias dinâmicas socioespaciais e socioculturais dos espaços. Em síntese, é preciso afirmar a existência de um entravamento diário entre os elementos constituintes do espaço, cabendo ao pesquisador desvendá-lo.
Para mostrar todo esse processo, Marx desenvolveu um método categórico de pesquisa. A priori, não estava nos planos de Marx apresentar um método novo de pesquisa, mas sim entender a dinâmica do modo de produção capitalista. No entanto, ao buscar entendimentos sobre a realidade capitalista marcada por contradições, Marx demonstrou como desvelou o jogo de relações e os interesses mascarados no sistema capitalista. Todo esse percurso realizado por Marx fez/faz de seu método uma referência para as pesquisas preocupadas com o entendimento das questões sociais: pesquisas que denunciam e anunciam verdades acerca da realidade.
Uma outra característica marcante da base epistemológica marxista está no conceito de dialética. Sobre esse assunto, embora Marx tenha a dialética como um dos fundamentos de sua teoria, ela nasceu na Grécia Antiga muito antes dele. Vários filósofos tiveram o contato com a dialética e a percebiam de diferentes maneiras. A princípio, significava descobrir as contradições contidas no raciocínio do adversário. Descartes, por exemplo, chegou a afirmar que a dialética se fazia a partir da análise e da síntese de um fato ou fenômeno. Hegel, antecessor de Marx, fez da dialética um fundamento de suas pesquisas. Porém, Marx desenvolveu uma dialética um pouco diferente da dialética de Hegel. Enquanto este último limitava-se ao mundo do espírito, a dialética de Marx promoveu uma inversão: introduziu-a na matéria (GADOTTI, 1990). Segundo Souza & Domingues (2009),
Marx distancia-se do modo hegeliano abstrato e a-histórico de entender o homem, ao afirmar que “não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência” (MARX, 1986, p.37). Quando Marx fala da produção da vida, ele está tratando de uma atividade produtiva concreta que decorre da maneira de viver do homem. Esta noção de produção do homem pelo trabalho, ocupa um papel de suma importância no seu pensamento. É da produção que ele parte para explicar a própria sociedade, é pela produção que se entende o caráter social e histórico do homem (SOUZA & DOMINGUES: 2009, p.02).
Como se vê, os referidos autores corroboram para o entendimento da diferença entre Marx e Hegel. Gadotti (1990) também se posiciona em seu texto e salienta que o que distingue Marx de Hegel é a explicação do movimento do qual tratará o parágrafo seguinte.
A dialética de Marx não é apenas um método para se chegar à verdade. É uma concepção do homem, da sociedade e da relação homem-mundo (GADOTTI, 1990). Nesse sentido, todas as coisas encontram-se relacionadas e em constante movimento. Percebe-se, nesse processo, que todas as coisas, fatos e fenômenos estão conectados e em constante processo de transformação. Por mais que se pense que a sociedade se encontra estagnada, sem mudanças e sem rupturas, Marx nos mostra por meio da sua dialética o movimento contínuo ao qual marcaram e marcam as sociedades humanas.
Ademais, em Marx tudo se encontra em constante movimento. Perceber o movimento das coisas, dos fatos e fenômenos, suas rupturas e continuidades requer um trabalho minucioso. Somente desse modo pode-se ter um entendimento real da sociedade e suas relações. Em outras palavras, pesquisar é partir em busca do entendimento da realidade concreta, pensada socialmente, em suas conjunturas e relações. Melhor dizendo,
O real é um movimento contraditório, marcado por conflitos e interesses antagônicos. A ciência da história deve buscar desvendar esse movimento que é a base para a compreensão da economia, da história, da política, enfim, de qualquer campo de estudo (SOUZA & DOMINGUES: 2009, p.06).
Nesse sentido, tudo está relacionado, seja de forma direta ou indireta. Não há algo sequer que exista ou sobreviva isoladamente neste mundo: todas as coisas se relacionam de modos diferentes uns com os outros. Esses modos diferentes de relações são fortificados por amarras sociais, culturais, econômicas e políticas na qual cada uma se manifesta de um modo próprio/particular, mas ao mesmo tempo participa e se relaciona com o modo geral/global. Esse é o movimento da dialética marxista: o movimento se dá por meio do jogo de relações que os objetos apresentam e que jamais encontram-se estagnados.
Observa-se, nessa conjuntura, que os fundamentos de Marx não se dissociam. Eles se complementam e fornecem bases para o pesquisador compreender a lógica permeada pelo objeto de pesquisa: o movimento, a dialética, a contradição, a totalidade, a práxis e a história. Foi com base nessas ideias e conceitos que analisamos os trabalhos selecionados para este estudo sobre promoção da saúde no Ensino Médio.
ASPECTOS METODOLÓGICOS
Para atender aos objetivos elencados no presente estudo, inicialmente realizou-se um levantamento de trabalhos na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Capes – BDTD-CAPES. A escolha por este banco de dados se deu pelos seguintes quesitos: a) permite uma maior abrangência nacional, considerando-se a exigência de Programas de Pós-graduação em todas as regiões do país; b) os Programas dedicam-se em grande parte à formação docente e ao seu desenvolvimento para a atuação no ensino e na pesquisa, concentrando grande parte da pesquisa sobre os temas educacionais e, particularmente, sobre o trabalho docente; c) a avaliação contínua dos Programas de Pós-graduação pela Capes e, consequentemente, a qualidade acadêmica e científica das dissertações e teses.
Pautados na pergunta norteadora da investigação, o período de busca abrangeu os últimos 20 anos, de 2004 a 2024, visando incorporar as produções sobre o tema. As categorias de busca foram cuidadosamente selecionadas para englobar os aspectos essenciais do tema, a saber: a) educação física escolar; b) promoção da saúde; c) ensino médio. Com esses indicadores, foram encontrados um total de 110 trabalhos.
Os critérios de seleção foram definidos de forma a abarcar trabalhos que explorassem especificamente a relação entre Educação Física Escolar e promoção da saúde no Ensino Médio, publicados no período estabelecido e disponível na base de dados da Capes. Por outro lado, foram excluídos trabalhos que não apresentavam relação direta com o tema proposto; trabalhos duplicados; ou que não explorassem a temática em sua completude. Após a análise dos resumos, introdução e considerações finais das teses e dissertações da Capes, foram selecionados 12 trabalhos. Assim, a finalidade dessa análise visou identificar a base epistemológica e o tipo de análise adotados nas pesquisas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após os procedimentos de análise, os trabalhos selecionados foram catalogados por meio de um processo de aproximação de bases epistemológicas e organizados em uma tabela (Tabela 01). A referida tarefa foi necessária para dinamizar os processos da pesquisa e facilitar a apresentação dos resultados:
1. Tabela de catalogação dos trabalhos selecionados



Conforme apresentado na tabela, observa-se um quantitativo de 07 trabalhos com aproximações do positivismo. Pela análise dos trabalhos, foram observadas inúmeras preocupações destes trabalhos que, em sua totalidade, estavam centrados na quantificação; objetividade pautada em hipóteses; a ausência de valores pessoais ou juízo moral por parte dos pesquisadores, além da linguagem impessoal.
Ainda, foi evidenciado nas análises um quantitativo de 04 trabalhos que se aproximam da base epistemológica da fenomenologia. Nestes trabalhos foram identificadas intencionalidades relacionadas à descrição de fenômenos experimentados, “mundo vivido” e em um deles a recusa de hipóteses que consideram a estrutura anatômica como princípio dos comportamentos humanos.
Por fim, a tabela ainda mostra a presença de 01 trabalho que se aproxima da base epistemológica marxista. Com base na análise, foi identificada na pesquisa inúmeros momentos de citações de Marx como fundamentação para a análise, além do fato de promover um estudo pautado no movimento histórico e dialético; na contradição das relações humanas; e na totalidade que são fundamentos da base epistemológica marxista.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste estudo, é evidenciado que a perspectiva positivista está presente na maioria das pesquisas envolvendo a temática “promoção da saúde no Ensino Médio”. Ainda, conforme debates e discussões, observamos que não existe uma única forma considerada correta para produzir conhecimento científico. No entanto, é impossível produzir ciência desconectado de uma base epistemológica. Outro ponto de chegada permitida por este estudo está no fato de que cada base epistemológica proporciona um direcionamento do olhar para a realidade e, por isso, podemos ter diferentes olhares para uma mesma realidade. Em outras palavras, as possibilidades são infinitas. Dizer isso não isenta os estudos de rigorosidade teórico-metodológica. Tampouco dizer que ciência se produz de qualquer modo, sem referências e/ou parâmetros.
Finalizando, é preciso dizer que os embates e tensões entre as correntes epistemológicas perpetuarão nos programas de pós-graduação Stricto Sensu e pesquisas. Porém, é importante ressaltar que a diversidade epistemológica enriquece o campo da pesquisa e proporciona inúmeras possibilidades para a compreensão de um mesmo fenômeno e/ou realidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, T. P. S. Reflexões sobre a saúde nas aulas de educação física escolar: aproximações com a saúde coletiva e a pedagogia histórico-crítica. Dissertação de Mestrado. Goiás. Universidade Federal de Goiás, 2023.
DORNELLES, V. S. R. Atividade Física no contexto de escolares do Ensino Médio do Estado do Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Maria, 2018.
FRASSON, J. S; NETO, V. M; WITTIZORECKI, E. S. A produção científica resultante de teses e dissertações em programas de pós-graduação em educação física no período de 2013 a 2017. Movimento, v. 25, 2019. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/85355. Acesso em: 26 maio. 2024.
GAMBOA, S.S; CHAVES, M; TAFFAREL, C. A pesquisa em educação física no Nordeste brasileiro (Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe), 1982-2004: balanço e perspectivas. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.29, n.1, p.89-106, 2007.
GADOTTI, Moacir. “A dialética: concepção e método” in: Concepção Dialética da Educação. 7 ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1990. p. 15-38.
IANNI, Octavio. Karl Marx. São Paulo: Ática, 1988.
JUNIOR, A. S. C. B. Os sentidos da Promoção da Saúde no contexto escolar: da Reforma Sanitária ao Neoliberalismo. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2019.
LIMA, M. M. Educação física escolar e promoção de saúde no ensino médio: possibilidades e contribuições a partir da perspectiva de estudantes e docentes. Dissertação de Mestrado. São Paulo. Universidade Estadual Paulista, 2023.
LUZ, J. C. O. O tema saúde na educação física escolar: tecitura histórica e proposições curriculares atuais. Dissertação de Mestrado. Brasília. Universidade de Brasília, 2020.
MANACORDA, Mario Alighiero. Marx e a pedagogia moderna. Campinas: Alínea, 2007.
MANTOVANI, T. V. L. Aspectos sociais na saúde como tema Educação Física Escolar: uma investigação sobre a própria prática. Dissertação de Mestrado. São Paulo. Universidade São Judas Tadeu, 2021.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Tradução por Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. São Paulo: Abril Cultural, 1985.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. 5. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2018.
OLIVEIRA, L. C. V. Análise dos efeitos de um programa de Educação Física relacionado à promoção da saúde sobre a aptidão física de escolares. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014.
OLIVEIRA, S. J. M; LOPES R. L. M; DINIZ, N. M. F. Fenomenologia. Revista Brasileira de Enfermagem, p. 255,256. Disponível em https://doi.org/10.1590/S0034-71672008000200018. Acesso em 15 de junho de 2024.
ROCHA, D. V. Significado das ações de promoção da saúde e atividade física de adolescentes do Ensino Médio no município de Campo Largo (PR). Dissertação de Mestrado. São Paulo. Universidade de São Paulo, 2017.
SOARES, C. L. Educação física: raízes europeias e Brasil. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2001.
SOUZA, O. M; DOMINGUES, A. O materialismo-histórico: uma nova leitura da forma de ser dos homens. Nupem: 2009. Disponível em: http://www.fecilcam.br/nupem/anais_iv_epct/PDF/ciencias_humanas/10_MARTINS_DOMINGUES.pdf
VÁZQUEZ, A. S. Filosofia da práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
1Estudante do segundo ano do curso de Doutorado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu – USJT.
2Estudante do segundo ano do curso de Doutorado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu – USJT.
3Estudante do segundo ano do curso de Doutorado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu – USJT.
4Docente do Programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu – USJT.