EPIDEMIOLOGIA DA EPILEPSIA NO BRASIL ENTRE 2019 A 2024

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202504131112


Isabella de La Jara Gagliardi; Gustavo Lopes da Silva; Gleyce Ellen Tapia Fernandes; Marina Santos Moreira Guimarães; Jessica Christiani Oyama da Luz; Jéssica Liara Santos Magalhães Oliveira; Natália Oliveira Avelar Costa; Lígia Luana Freire da Silva


RESUMO:

INTRODUÇÃO: A epilepsia é uma condição neurológica crônica caracterizada por crises recorrentes devido à atividade elétrica anormal no cérebro. Afeta uma significativa parcela da população mundial e representa um desafio para o sistema de saúde, com impacto direto na qualidade de vida dos pacientes. No Brasil, os dados de prevalência e distribuição da epilepsia entre 2019 e 2024 revelam variações geográficas e demográficas importantes, sendo fundamental a análise desses dados para aprimorar o diagnóstico, tratamento e políticas públicas relacionadas à doença. OBJETIVOS: O objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento epidemiológico acerca dos casos de epilepsia no Brasil, entre 2019 a 2024.  METODOLOGIA: O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados foram coletados a respeito dos casos de epilepsia no Brasil, entre 2019 a 2024, notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). As variáveis coletadas e estudadas foram: casos de epilepsia (CID G40) por região, distribuição anual, caráter de atendimento (eletivo e urgência), raça, faixa etária e sexo. RESULTADOS: Entre 2019 a 2024 houve 296.017 casos de epilepsia no Brasil.  Esses casos foram distribuídos nas seguintes regiões: 1) Região Norte: 16.655 (5,6%), 2) Região Nordeste: 75.889 (25,6%), 3) Região Sudeste: 119.225 (40,2%), 4) Região Sul: 58.365 (19,7%), 5) Região Centro-Oeste: 25.883 (8,9%). A distribuição anual dos casos se deu: 1) 2019: 3.357 (1,1%), 2) 2020: 49.015 (16,5%), 3) 2021: 54.634 (18,4%), 4) 2022: 62.086 (21%), 5) 2023: 64.658 (21,8%), 6) 2024: 62.267 (21,2%). Os casos foram divididos nos seguintes caráter de atendimento: 1) eletivo: 20.078 (6,8%) e 2) urgência: 275.939 (93,2%). Os casos foram distribuídos nas seguintes raças: 1) branca: 96.923 (32,7%), 2) preta: 14.418 (4,9%), 3) parda: 146.237 (49,4%), 4) amarela: 3.714 (1,2%), 5) indígena: 678 (0,2%) e 6) sem informação: 34.047 (11,6%). Os pacientes foram divididos nas seguintes faixas etárias: 1) Menor de 1 ano: 20.860 (7%), 2) 1 a 9 anos: 72.358 (24,4%), 3) 10 a 19 anos: 31.655 (10,7%), 4) 20 a 29 anos: 24.591 (8,3%), 5) 30 a 39 anos: 24.333 (8,2%), 6) 40 a 49 anos: 29.544 (10%), 7) 50 a 59 anos: 31.283 (10,5%), 8) 60 a 69 anos: 27.612 (9,3%), 9) 70 a 79 anos: 20.750 (7%), 10) 80 anos e mais; 13.031 (4,6%). Os casos de epilepsia foram distribuídos nos seguintes sexos: 1) masculino: 170.823 (57,7%) e 2) feminino: 125.194 (42,3%). CONCLUSÃO: Conclui-se que os dados de epilepsia entre 2019 e 2024 no Brasil mostram uma prevalência considerável da doença – tendo taxas crescentes de diagnósticos anualmente. Há uma grande concentração de casos nas Regiões Sudeste e Sul, e maior incidência no sexo masculino, pardos, e em crianças de 1 a 9 anos. A alta taxa de atendimento urgente e a disparidade racial e  revelam a necessidade de políticas públicas voltadas para o diagnóstico precoce, tratamento eficaz e acesso igualitário aos cuidados de saúde. O tratamento da epilepsia exige atenção contínua, com estratégias que envolvam tanto a prevenção quanto o atendimento especializado, para garantir a qualidade de vida dos pacientes e minimizar os impactos das crises.

PALAVRAS-CHAVE: “Epilepsia”; “Epilepsia parcial” ; “Síndromes epilépticas”.

INTRODUÇÃO:

A epilepsia é uma condição neurológica crônica caracterizada por crises recorrentes, que ocorrem devido a atividade elétrica anormal e excessiva no cérebro. Essa condição pode afetar pessoas de todas as idades e está entre os transtornos neurológicos mais comuns no mundo, com uma prevalência global estimada de aproximadamente 1% da população (FERREIRA et al., 2020).

As crises epilépticas podem variar em tipo e intensidade, e seu tratamento envolve desde a administração de medicamentos até intervenções cirúrgicas, dependendo da gravidade e da resposta ao tratamento. No Brasil, a epilepsia representa um importante desafio para a saúde pública, demandando diagnósticos rápidos, manejo adequado e acesso a tratamentos especializados.

A condição não só impacta a saúde física dos pacientes, mas também afeta sua qualidade de vida, suas relações sociais e sua capacidade de trabalhar e estudar. Este estudo tem como objetivo analisar a prevalência e a distribuição dos casos de epilepsia no Brasil entre 2019 e 2024, identificando padrões geográficos, demográficos e de atendimento, a fim de fornecer dados relevantes para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde mais eficazes para o manejo dessa condição.

OBJETIVOS:

O objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento epidemiológico acerca dos casos de epilepsia no Brasil, entre 2019 a 2024.

METODOLOGIA:

O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados foram coletados a respeito dos casos de epilepsia no Brasil, entre 2019 a 2024, notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), os quais encontram-se disponíveis no banco de dados online do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

As variáveis coletadas e estudadas foram: casos de epilepsia (CID G40) por região, distribuição anual, caráter de atendimento (eletivo e urgência), raça, faixa etária e sexo. A análise estatística dos dados foi realizada por meio do uso de frequências relativas com auxílio do programa Excel e o Tabwin 3.6.

Em conformidade com a Resolução no 4661/2012, como o estudo trata-se de uma análise realizada por meio de banco de dados secundários de domínio público, este não foi encaminhado para apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa.

RESULTADOS:

Entre 2019 a 2024 houve 296.017 casos de epilepsia no Brasil.

Esses casos foram distribuídos nas seguintes regiões: 1) Região Norte: 16.655 (5,6%), 2) Região Nordeste: 75.889 (25,6%), 3) Região Sudeste: 119.225 (40,2%), 4) Região Sul: 58.365 (19,7%), 5) Região Centro-Oeste: 25.883 (8,9%) (Gráfico 1). Sendo a Região Sudeste com maior número de casos.

Gráfico 1. Distribuição dos casos de epilepsia, no Brasil, entre 2019 a 2024.

Fonte: Datasus.

A distribuição anual dos casos se deu: 1) 2019: 3.357 (1,1%), 2) 2020: 49.015 (16,5%), 3) 2021: 54.634 (18,4%), 4) 2022: 62.086 (21%), 5) 2023: 64.658 (21,8%), 6) 2024: 62.267 (21,2%) (Gráfico 2). Sendo os três anos com maior número de casos: 2023, 2024 e 2022, respectivamente.

Gráfico 2. Distribuição dos casos de epilepsia, no Brasil, entre 2019 a 2024.

Fonte: Datasus.

Os casos foram divididos nos seguintes caráter de atendimento: 1) eletivo: 20.078 (6,8%) e 2) urgência: 275.939 (93,2%) (Tabela 1). Sendo o caráter de atendimento em urgência com maior número de casos de epilepsia.

Tabela 1. Distribuição por caráter de atendimento dos casos de epilepsia, no Brasil, entre 2019 a 2024.

Fonte: Datasus.

Os casos foram distribuídos nas seguintes raças: 1) branca: 96.923 (32,7%), 2) preta: 14.418 (4,9%), 3) parda: 146.237 (49,4%), 4) amarela: 3.714 (1,2%), 5) indígena: 678 (0,2%) e 6) sem informação: 34.047 (11,6%) (Gráfico 3). Sendo a raça parda com maior número de casos.

Gráfico 3. Distribuição racial dos casos de epilepsia, no Brasil, entre 2019 a 2024.

Fonte: Datasus.

Os pacientes foram divididos nas seguintes faixas etárias: 1) Menor de 1 ano: 20.860 (7%), 2) 1 a 9 anos: 72.358 (24,4%), 3) 10 a 19 anos: 31.655 (10,7%), 4) 20 a 29 anos: 24.591 (8,3%), 5) 30 a 39 anos: 24.333 (8,2%), 6) 40 a 49 anos: 29.544 (10%), 7) 50 a 59 anos: 31.283 (10,5%), 8) 60 a 69 anos: 27.612 (9,3%), 9) 70 a 79 anos: 20.750 (7%), 10) 80 anos e mais; 13.031 (4,6%) (Gráfico 4). Sendo a faixa etária de 1 a 9 anos com maior número de casos.

Gráfico 4. Distribuição por faixa etária dos casos de epilepsia, no Brasil, entre 2019 a 2024.

Fonte: Datasus.

Os casos de epilepsia foram distribuídos nos seguintes sexos: 1) masculino: 170.823 (57,7%) e 2) feminino: 125.194 (42,3%) (Tabela 2). Sendo o sexo masculino com maior prevalência.

Tabela 2. Distribuição por sexo dos casos de epilepsia, no Brasil, entre 2019 a 2024.

Fonte: Datasus.

DISCUSSÃO:

A análise dos dados entre 2019 e 2024 revela que a Região Sudeste foi a mais afetada, com 40,2% dos casos registrados, seguida pelas Regiões Nordeste e Sul. A concentração de casos no Sudeste pode estar associada à maior densidade populacional e a maior infraestrutura de serviços de saúde, o que facilita o diagnóstico e o acesso ao tratamento.

Com relação à distribuição anual, observa-se um pico em 2023, 2024 e 2022, o que pode estar relacionado a fatores como mudanças nas políticas públicas, aumento da conscientização sobre a doença e avanços na tecnologia de diagnóstico (SOUZA et al., 2020).

Outro ponto relevante foi o caráter de urgência predominante, com 93,2% dos casos registrados, o que indica que a maior parte dos pacientes procura os serviços de saúde devido à gravidade das crises. Essa alta demanda por atendimento urgente sugere a necessidade de uma maior capacitação das equipes de saúde para o manejo adequado dos casos e para a implementação de estratégias de prevenção para reduzir a frequência das crises (FERREIRA et al., 2021).

A raça parda foi a mais prevalente entre os casos de epilepsia, representando 49,4% do total, o que pode refletir fatores socioeconômicos e de acesso desigual ao cuidado médico. As disparidades raciais e socioeconômicas no Brasil influenciam o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, evidenciando a importância de políticas de saúde pública que abordem essas desigualdades (SILVA et al., 2022).

Além disso, a faixa etária de 1 a 9 anos teve o maior número de casos, destacando a importância da detecção precoce e do manejo das crises em crianças. A epilepsia infantil, especialmente nas primeiras décadas de vida, pode ter um impacto significativo no desenvolvimento neurológico e na qualidade de vida das crianças afetadas (OLIVEIRA et al., 2019).

CONCLUSÃO:

Os dados de epilepsia entre 2019 e 2024 no Brasil mostram uma prevalência considerável da doença, com uma concentração de casos nas Regiões Sudeste e Sul, e maior incidência no sexo masculino e em crianças de 1 a 9 anos. A alta taxa de atendimento urgente e a disparidade racial e socioeconômica revelam a necessidade de políticas públicas voltadas para o diagnóstico precoce, tratamento eficaz e acesso igualitário aos cuidados de saúde. O tratamento da epilepsia exige atenção contínua, com estratégias que envolvam tanto a prevenção quanto o atendimento especializado, para garantir a qualidade de vida dos pacientes e minimizar os impactos das crises.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FERREIRA, A. B. et al. Impacto da epilepsia no atendimento de urgência: um estudo nacional. Revista Brasileira de Neurologia, v. 56, n. 2, p. 143-150, 2021.

OLIVEIRA, M. C. et al. Epilepsia infantil: diagnóstico e abordagem terapêutica. Jornal Brasileiro de Pediatria, v. 91, n. 3, p. 275-283, 2019.

SILVA, L. F. et al. Desigualdade racial e epilepsia no Brasil: implicações para a saúde pública. Cadernos de Saúde Pública, v. 38, n. 6, p. 1-10, 2022.

SOUZA, M. R. et al. Fatores epidemiológicos e sociodemográficos associados à epilepsia no Brasil. Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção, v. 29, n. 1, p. 55-63, 2020.