EPIDEMIA DA OBESIDADE INFANTIL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

INTEGRATIVA CHILDHOOD OBESITY EPIDEMIC: AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410300926


Jemille Victória Pires dos Santos1
Kerem Roberta Rodrigues dos Santos1
Letícia Fernanda Souza Gonçalves Prado1
Lorrayne Ribeiro Monteiro1
Sâmia Cristina Gualberto da Silva2


Resumo

A epidemia de obesidade infantil tem se tornado um assunto cada vez mais presente na rotina dos profissionais da saúde. Compreende-se por obesidade o acúmulo excessivo de tecido adiposo capaz de prejudicar a saúde dos indivíduos acometidos. O presente estudo busca esclarecer aspectos fundamentais e potencialmente modificáveis com a intenção de reduzir os números expressivos de morbimortalidade associados ao excesso de gordura corporal na infância. Para isso, foi realizada uma revisão integrativa com 21 artigos selecionados a partir dos 144 artigos encontrados nas bases de dados BVS, Scielo e ScienceDirect sobre o assunto.  Por fim, foi possível estabelecer que a obesidade é classificada como uma doença multifatorial, envolvendo fatores genéticos, ambientais, nutricionais, metabólicos e psicossociais e, portanto, a abordagem preventiva e terapêutica também precisa ser planejada de maneira multimodal. Caso não haja mudança no curso da epidemia de obesidade infantil no Brasil, as projeções indicam uma população doente e totalmente dependente dos serviços de saúde pública devido às repercussões negativas da obesidade nos diversos sistemas a médio e longo prazo. A prevenção da obesidade, com implementação de estratégias desde o pré-natal e a amamentação materna exclusiva até as mudanças do estilo de vida familiar, é o melhor caminho para reversão da atual situação.

Palavras-chave: Obesidade Infantil. Epidemia.

1 INTRODUÇÃO

A obesidade é definida pelo acúmulo excessivo de gordura corporal com prejuízos à saúde dos indivíduos. Sua etiologia é bastante diversificada e apresenta fatores genéticos, nutricionais, metabólicos, psicossociais, ambientais e do estilo de vida. A Organização Mundial da Saúde reconhece a obesidade infantil como um grave problema de saúde pública global com aumento expressivo de sua prevalência nos países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Patologias crônicas não transmissíveis que vêm afetando de forma precoce crianças e adolescentes, estão diretamente relacionadas com a epidemia de obesidade na atualidade (Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019). 

De acordo com dados do Ministério da Saúde (2021), o sobrepeso e a obesidade são classificações que dizem respeito ao acúmulo excessivo de gordura corporal, o que diferencia tais condições é a quantidade desse excesso e, portanto, a gravidade das consequências sobre a qualidade de vida presente e futura do indivíduo. O sobrepeso possui um percentual menor quando comparado à obesidade, que tem a quantidade de gordura elevada e maior probabilidade de causar malefícios à saúde em todos os aspectos (Brasil, 2021).   

Para classificar o sobrepeso e a obesidade na criança existem dois índices a depender da faixa etária: índice peso/estatura por idade e o IMC por idade, sendo classificadas como sobrepeso crianças com 5 anos incompletos e escore z superior a +2 e menor/igual que +3, correspondendo ao percentil 97 e 99,9, respectivamente, e como crianças obesas com escore z superior a +3, o que corresponde ao percentil 99,9. Quanto a idade, de 5 a 20 anos incompletos, os mesmos valores são utilizados, portanto o valor que corresponde a sobrepeso, aplica-se obesidade nessa faixa etária e o escore de obesidade, corresponde à obesidade grave (Brasil, 2013).  

A obesidade infantil é decorrente de uma rede complexa e multifatorial. Além das questões já citadas, como a associação de fatores genéticos, comportamentais e ambientais que estão presentes nos contextos, familiar, escolar e social, na infância, a obesidade pode ser desencadeada também por fatores como a interrupção da amamentação antes do lactente completar seis meses de idade, a introdução inadequada dos alimentos, distúrbios do comportamento alimentar e da qualidade das relações familiares e social. Tais aspectos geram influência notória sobre a composição corporal infantil justamente por ocorrer no período de maior desenvolvimento e crescimento da criança como um todo (Dahmer & Maciel, 2021).  

Estudos realizados com gêmeos e crianças adotadas mostraram que a influência genética está presente na regulação do índice de massa corporal e na suscetibilidade ao ganho de peso, seja por manipular a afinidade pela quantidade e qualidade da ingesta alimentar ou por atuar no controle metabólico do gasto energético. Porém, os hábitos alimentares e o estilo de vida saudável contra o sedentarismo e o maior consumo de alimentos processados e industrializados, explicam o crescente papel da epigenética sobre tais questões (Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019).   

As alterações de saúde desenvolvidas precocemente têm se tornado cada vez mais preocupantes, principalmente por se manifestarem de forma sistêmica, com acometimentos ortopédicos, hormonais, metabólicos, respiratórios e cardiovasculares. A longo prazo, instabilidades no desenvolvimento neuropsicomotor, no crescimento e a puberdade precoce nas crianças, majoritariamente do sexo feminino, têm se avolumado exponencialmente. É importante ressaltar que tais preocupações estão fundamentadas no fato de que crianças e adolescentes obesos têm maiores chances de desenvolver doenças crônicas na fase adulta, como Diabetes Mellitus tipo 2, hipertensão arterial, síndromes metabólicas, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico além de transtornos psicológicos (Oliveira & Fanaro, 2015).   

A Obesidade infantil é considerada um dos principais problemas de saúde pública no país pelo fato de afetar milhares de crianças anualmente, vista como a “Síndrome do Novo Mundo” no século XXI, que precisa ser encarada como uma epidemia mundial pois apresenta crescente prevalência na população. É caracterizada como uma doença multifatorial, e em termos de herança genética, filhos de genitores obesos possuem maiores chances de desenvolver obesidade ou sobrepeso (da Rocha & Laira, 2013). 

 Junto a isso, hábitos alimentares inadequados dos pais funcionam como um grande reflexo na alimentação dos filhos, crianças adeptas da tecnologia criam hábitos semelhantes aos dos adultos, para elas, brincar com vídeo game é muito mais interessante do que realizar atividades que exijam esforços físicos, por exemplo, reduzindo o tempo gasto em atividades e brincadeiras com maior dispêndio energético, contribuindo para um estilo de vida sedentário (da Rocha & Laira, 2013).        

Tendo em vista a seriedade com que a temática da composição corporal na atualidade necessita ser tratada e a grande relevância para a sociedade, é que surgiu o interesse por destrinchar as causas e os impactos da epidemia de obesidade infantil. Os principais objetivos a serem discutidos visam esclarecer aspectos fundamentais e potencialmente modificáveis com a intenção de propor as melhores e mais adequadas abordagens de prevenção da obesidade infantil e assim, reduzir os números expressivos de morbimortalidade associados ao excesso de gordura corporal na infância (Freitas, Coelho & Ribeiro, 2009).  

Levando em consideração os descritos acima, este trabalho trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com caráter descritivo, seguida por análise qualitativa sobre a epidemia de obesidade infantil, abordando as causas, impactos e prevenção. A Revisão integrativa é um mecanismo que favorece a classificação, análise dos dados e sintetização da literatura sobre determinado tema (Pereira, 2019).

2 METODOLOGIA

A coleta das informações obtidas foi realizada de forma sistemática e metódica com a finalidade de garantir a utilização de um conteúdo relevante. Por meio da plataforma “DeCS/MeSH Terms”, foram selecionados os termos “Obesidade infantil” and “Epidemia” como descritores da pesquisa. A busca por artigos científicos foi realizada nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scielo e ScienceDirect, abrangendo publicações do período de 2014 a 2024. 

No intuito de filtrar os inúmeros artigos encontrados, foram considerados apenas aqueles que se encontravam disponíveis de forma integral, gratuita e com versão publicada em português. Não houve imposição de restrições quanto o tipo de texto. Foram excluídos artigos publicados há mais de 10 anos e que não foram realizados com a população brasileira. 

No primeiro momento, foram encontrados 144 (120 na BVS; 2 no Scielo e 22 no ScienceDirect) artigos considerados relevantes para a temática. Após aplicar todos os critérios de seleção, 21 artigos permaneceram para composição desse estudo.

A análise do material selecionado possibilitou encontrar respostas para os questionamentos sobre a origem da epidemia de obesidade infantil e contribuir para elaboração de propostas mais adequadas para abordagem preventiva e terapêutica da obesidade na população infantil no Brasil.

3 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS

Após seleção dos artigos mais relevantes para a temática abordada, a seguinte tabela foi confeccionada para sintetizar as principais informações de forma estruturada, contendo o Autor/Ano, Revista/Base de Dados, o Título, os Objetivos e o Método aplicado em cada artigo.

AUTORIA/ ANO REVISTA/ BASE DE DADOS/  DOI TÍTULO OBJETIVOS MÉTODO 
Barbosa, Paula & Recine, 2024Revista de Saúde Pública/  BVS/ DOI: 10.11606/s1518-8787.2024058005632Atenção integral à obesidade infantil nos municípios brasileirosCompreender as potencialidades e os limites do cuidado com a obesidade infantil na perspectiva da integralidade, no contexto da Atenção Primária à Saúde, nos municípios brasileiros.Abordagem qualitativa com formulário eletrônico dissertativo aplicado em 11 municípios das cinco regiões brasileiras, baseado nos quatro eixos de integralidade definidos por Ayres (necessidades, finalidades, articulações e interações).
Tornquist et al., 2022Arquivos Brasileiros de Cardiologia/ BVS/  DOI/ID: 10.36660/abc.20210593Risco cardiometabólico em crianças e adolescentes: O paradoxo entre índice de massa corporal e aptidão cardiorrespiratóriaAnalisar a associação entre fatores de risco cardiometabólicos com o índice de massa corporal (IMC) e a aptidão cardiorrespiratória (APCR) combinados em escolares de sete a 17 anos.Estudo transversal com 1252 escolares, avaliando colesterol, triglicerídeos, pressão arterial, IMC e APCR, com análise por Regressão de Poisson e alfa de 0,05.
Kravchychyn et al., 2021Arquivos Brasileiros de Cardiologia/ BVS/  DOI/ID: 10.36660/abc.20200735O papel dos níveis séricos de ANP na perda de peso, risco cardiometabólico e composição corporal de adolescentes com obesidade submetidos a terapia interdisciplinarAvaliar os efeitos das variações dos níveis de ANP em resposta a uma intervenção interdisciplinar para perda de peso e seus impactos na Síndrome Metabólica e riscos cardiometabólicos em adolescentes com obesidade.Estudo com 73 adolescentes com obesidade submetidos a uma terapia interdisciplinar de 20 semanas, que incluiu componentes clínicos, nutricionais, psicológicos e físicos. Avaliações de composição corporal e parâmetros bioquímicos foram realizadas.
Canuto et al., 2022Revista Paulista de Pediatria/ BVS/ DOI: 10.1590/1984-0462/2022/40/2020354Fatores de risco relacionados à obesidade abdominal em crianças de escolas públicas de Barbacena, Minas Gerais, BrasilAvaliar os fatores sociodemográficos e de estilo de vida associados à obesidade abdominal em crianças de escolas públicas.Estudo transversal com 326 estudantes de 7 a 9 anos, coletando dados antropométricos, como peso, altura, IMC, circunferência da cintura e relação cintura-estatura. O consumo alimentar foi avaliado por questionário alimentar.
Wagner et al., 2021Revista Paulista de Pediatria/ BVS/ 
DOI: 10.1590/1984-0462/2021/39/2020076
Associação entre aleitamento materno e sobrepeso/obesidade em escolares de 7 a 14 anosAvaliar a prevalência de aleitamento materno (AM) e a associação entre sua ocorrência/duração e sobrepeso/obesidade em escolares de 7 a 14 anos.Estudo transversal realizado com escolares. Medidas de peso e altura foram realizadas conforme a OMS. Dados sobre aleitamento materno foram coletados por questionário respondido pelos pais. O estado nutricional foi avaliado pelo escore Z do IMC. Análises ajustadas foram realizadas por regressão logística para duas faixas etárias (7-10 e 11-14 anos).
Guedes & Mello, 2021Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde/ BVS/ 
DOI/ID: 10.7322/abcshs.2019133.1398
Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes brasileiros: revisão sistemática e metanáliseInvestigar a prevalência de sobrepeso e obesidade em jovens brasileiros entre 5 e 19 anos por meio de uma revisão sistemática e metanálise dos dados disponíveis na literatura.Foi realizada uma busca eletrônica nas bases de dados MedLine/PubMed, Scopus, Web of Science, Scielo e Lilacs, com publicações de 2000 a 2018 e critérios de inclusão, gerados modelos de metarregressão para ajustar a heterogeneidade e variabilidade. Foram calculadas taxas de prevalência global utilizando modelos de efeito aleatório e gráficos forest-plots.
Ladeira et al., 2020Revista Paulista de Pediatria/ BVS/   DOI: 10.5935/2238-3182.v30supl.5.05Doença hepática gordurosa não alcoólica em crianças e adolescentesRevisar aspectos da doença hepática gordurosa não alcoólica em crianças e adolescentes, incluindo diagnóstico e tratamento.Revisão da literatura com pesquisa nas bases PubMed e Medline e sites como Uptodate, focando em artigos em português e inglês dos últimos 20 anos sobre DHGNA. Avaliação de critérios clínicos, laboratoriais e de imagem. Discussão sobre tratamento baseado em mudanças de estilo de vida.
Almeida et al., 2020Revista Paulista de Pediatria/ BVS/ DOI: 10.1590/1984-0462/2020/38/2019060Associação entre fatores pré e perinatais e padrão de ganho de peso em pré-escolares de centros de educação infantilIdentificar fatores associados ao ganho ponderal excessivo entre pré-escolares de Centros de Educação Infantil em uma capital do Nordeste brasileiro.Estudo transversal com 326 crianças de 17 a 63 meses em cinco CEIs. A evolução ponderal condicional (EPC) foi analisada. Fatores associados foram identificados por regressão linear múltipla, considerando variáveis com p<0,20 para inclusão no modelo.
Oliosa et al., 2019Ciência e saúde coletiva/  BVS/ DOI: 10.1590/1413-812320182410.17662017Relação entre composição corporal e dislipidemias em crianças e adolescentesAnalisar a relação entre índices antropométricos e lipídios plasmáticos em crianças e adolescentes.Estudo transversal com 854 escolares (6-18 anos). Medidas incluíram circunferência da cintura, percentual de gordura corporal, IMC e relação cintura/estatura. Lipídios plasmáticos foram analisados. Regressão linear testou associações entre variáveis.
Rocha et al., 2019Arquivo Brasileiro de Cardiologia/ BVS/ DOI: 10.5935/abc.20190113Associação de padrões alimentares com excesso de peso e adiposidade corporal em crianças brasileiras: o estudo pase-brasilAvaliar a associação dos padrões alimentares de escolares com obesidade e adiposidade corporal.Estudo transversal com 378 crianças de 8 e 9 anos. Questionários e três recordatórios alimentares identificaram padrões alimentares. Medidas de IMC, circunferência da cintura e composição corporal foram realizadas. Análise de Componentes foi usada.
Kuhn-Santos et al., 2019Ciência e saúde coletiva/ BVS/ DOI: 10.1590/1413-81232018242.30702016Fatores associados ao excesso de peso e baixa estatura em escolares nascidos com baixo pesoAvaliar a condição nutricional de crianças com baixo peso ao nascer (BPN) e as possíveis associações com variáveis independentes maternas, sexo e antecedentes neonatais.Estudo transversal com 544 escolares de 5 a 10 anos, nascidos com BPN em Embu das Artes, São Paulo. Foram analisados dados de peso e estatura, z-escore de estatura/idade (ZEI) e IMC, além das condições maternas.
Nakandakare, 2019Faculdade de Saúde Púbica da Universidade de São Paulo/  BVS/ DOI: https://doi.org/10.11606/D.6.2019.tde-13082019-142030Expressão de genes relacionados à obesidade E inflamação em gestantes e adiposidade dos conceptosAvaliar a associação entre a expressão de genes relacionados à obesidade, inflamação e perfil lipídico em gestantes obesas/sobrepeso e eutróficas, e a adiposidade dos recém-nascidos.Estudo prospectivo com 78 gestantes acompanhadas desde o pré-natal em Unidades Básicas de Saúde e hospital em Araraquara (SP). Foram coletados dados sociodemográficos, exames laboratoriais e a expressão gênica foi analisada no terceiro trimestre.
Lourenço et al., 2018Revista Paulista de Pediatria/ BVS/ DOI: 10.1590/1984-0462/Fatores associados ao rápido ganho de peso em pré-escolares em creches públicasAvaliar a prevalência e identificar fatores associados ao rápido ganho de peso em pré-escolares.Estudo transversal com 136 crianças de 24 a 35 meses em creches públicas de Mogi das Cruzes. O ganho de peso rápido foi definido como aumento de mais de 0,67 no escore Z de peso para idade desde o nascimento. Foram realizadas entrevistas com as mães e ajustado um modelo de regressão logística.
Alves et al., 2018Revista eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde/ BVS/ DOI: https://doi.org/10.29397/reciis.v12i3.1371Estado nutricional de crianças em creches de Carapicuíba – SP comparado ao de seus paisAssociar o estado nutricional de crianças que frequentam creches no município de Carapicuíba, SP, com o estado nutricional, consumo alimentar, classe econômica e escolaridade dos pais.Estudo transversal descritivo com crianças (6 meses a 6 anos) de três creches de Carapicuíba, SP, e seus pais. Dados antropométricos e alimentares foram coletados e analisados pelo SPSS 22 e GraphPad Prism 6.0. Foram utilizados testes de qui-quadrado e correlação de Pearson ou Spearman (p < 0,05).
Martins et al., 2018Revista Baiana de Enfermagem/ BVS/  DOI: http://dx.doi.org/10.18471/rbe.v32.26264Fatores de riscos metabólicos em crianças na atenção primária à saúdeVerificar a prevalência de fatores de riscos metabólicos na consulta de enfermagem de crianças.Estudo exploratório e transversal realizado em uma unidade básica de saúde de Fortaleza, Ceará, Brasil. A amostra incluiu 97 crianças de 2 a 10 anos, coletadas em 6 meses.
Silva et al., 2017Revista Andaluza de Medicina del Deporte/ BVS/ DOI: https://dx.doi.org/10.1016/j.ramd.2015.02.010Caracterização e influência dos indicadores de obesidade central, aptidão cardiorrespiratória e nível de atividade física sobre a pressão arterial de escolaresVerificar a associação dos indicadores de obesidade central, aptidão cardiorrespiratória e de nível de atividade física sobre a pressão arterial de escolares.Estudo epidemiológico com 610 escolares de 8 a 12 anos. Foram avaliados: massa corporal, estatura, circunferência de cintura, índice de conicidade, razão cintura/estatura, nível de atividade física, aptidão cardiorrespiratória, pressão arterial e índice de massa corporal.
Titski et al., 2014Revista Pensar a Prática/  BVS/ DOI/ID: biblio-982728Frequência de síndrome metabólica em escolaresComparar a frequência de síndrome metabólica (SM) em crianças e adolescentes com e sem excesso de peso de uma escola de Curitiba.Estudo transversal com 182 escolares de 5ª a 8ª série de uma escola de Curitiba, PR. Medidas antropométricas, pressão arterial e exames laboratoriais foram realizados. A síndrome metabólica foi identificada segundo critérios do NCEP/ATP III. Dados foram analisados com SPSS e Minitab.
Figueiredo, 2014BVS/ DOI/ ID: lil-714012Evolução dos perfis antropométrico e lipídico em crianças e adolescentes com excesso de peso submetidos A intervenção nutricionalAnalisar mudanças nos perfis antropométrico e lipídico após intervenção nutricional de 6 semanas em crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade.Estudo clínico randomizado de 6 semanas com crianças e adolescentes de 2 a 17 anos com sobrepeso. Após intervenção nutricional, foram analisadas as variáveis antropométricas e lipídicas com testes t para amostras independentes e pareadas.
Bahia et al., 2019Jornal de Pediatria/ ScienceDirect/ DOI:  https://doi.org/10.1016/j.jped.2018.07.009Visão geral das meta-análises sobre prevenção e tratamento da obesidade infantilAvaliar a qualidade das revisões sistemáticas sobre a prevenção e tratamento não farmacológico do sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes.estudo de revisão sistemática com meta-análise em Medline, Web of Science, Scopus, LILACS, Cochrane e Clinical Trials. Foram selecionadas 24 revisões sobre prevenção e tratamento não farmacológico da obesidade infantil, seguindo PRISMA. Dois revisores avaliaram as publicações, com resolução de divergências por um terceiro.
Penha et al., 2019Jornal de Pediatria/ ScienceDirect/ DOI: https://doi.org/10.1016/j.jped.2018.04.010Aptidão e atividade física, perfil metabólico, adipocinas e função endotelial em criançasInvestigar a disfunção endotelial em crianças com diferentes pesos e sua associação com o perfil metabólico, adipocinas, aptidão física e níveis de atividade física.Estudo transversal com crianças de 5-12 anos, avaliando pletismografia venosa, adipocina, leptina, insulina, lipidograma, atividade física (PAQ-C) e aptidão física (teste Yo-Yo).
Farias et al., 2015Jornal de Pediatria/  ScienceDirect/ DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.jpedp.2014.06.006Efeitos da atividade física programada sobre a composição corporal em escolares pós‐púberesAvaliar as modificações da composição corporal em escolares pós-púberes após a prática de um programa de atividade física durante um ano letivo.Estudo com 386 estudantes divididos em dois grupos: um com 195 alunos no programa de atividade física e outro com 191 alunos em aulas convencionais. A composição corporal foi avaliada por IMC, percentual de gordura, massa gorda e massa magra.

Fonte: Autores, 2024.

Por meio da análise dos artigos selecionados, foi possível constatar que os aspectos relacionados à obesidade infantil no Brasil, são amplos e diversificados. De forma mais sensata, os principais fatores foram identificados e divididos em tópicos para melhor entendimento e maior integração dos temas semelhantes. 

3.1 Fatores Endógenos

A predisposição genética atua também no cenário da obesidade infantil e suas consequências. Genes como LEPR, STAT3, PPARG, TLR4, IL6, NFkB e TNF, estão relacionados com a inflamação sistêmica crônica, o percentual de gordura neonatal aumentado e a presença de diabetes mellitus gestacional, fatores estes, diretamente relacionados com a resistência à insulina e com as vias pró-inflamatórias, principais componentes presentes na obesidade e sobrepeso (Nakandakare, 2019).

Outro fator intrínseco que afeta na composição corporal é o dimorfismo sexual. Pessoas do sexo feminino possuem a tendência de acumular a gordura no tecido subcutâneo, enquanto os meninos têm a propensão de acumular gordura na região abdominal, sendo esta, principalmente ao redor das vísceras, aumentando o risco de alterações do colesterol total e lipoproteínas. O que torna os meninos mais suscetíveis às complicações e aos impactos decorrentes da obesidade a longo prazo e não tratada (Oliosa et al., 2019).   

Além das diferenças sobre a composição corporal, Kuhn-Santos et al., (2019), discorre sobre as influências do dimorfismo sexual sobre o funcionamento do organismo desde o desenvolvimento intrauterino. Meninos apresentam o dobro de probabilidade de desenvolver sobrepeso ou obesidade e também maiores chances de apresentar doenças cardiovasculares quando comparado com as meninas. Tais alterações estão relacionadas ao metabolismo energético e à quantidade de nutrientes disponibilizados pela placenta, tudo isso sendo diretamente influenciado pelo sexo.

3.2 Fatores Ambientais

Ao comparar a prevalência da obesidade entre sexos, os meninos encontram-se em maior número, tanto pelo Índice de Massa Corporal (IMC), quanto pela medida da circunferência abdominal. Apesar de serem mais ativos, os meninos não estão sujeitos às pressões de um padrão estético de forma tão acentuada quanto as meninas, o que demonstra o papel da sociedade e da cultura sobre a aparência física do indivíduo desde tenra idade. Porém, é importante ressaltar que, dentre os meninos, aqueles que mantêm maior nível de atividade física, estão menos propensos à obesidade quando comparado com meninas que também praticam atividade física, justificando o componente multimodal da doença (Canuto et al., 2022).             

O ambiente escolar e familiar, onde as crianças passam maior parte do tempo, possuem grande influência sobre sua alimentação e estilo de vida. A respeito do estilo de vida dos pais, incluindo padrões de sono, alimentação qualitativa e quantitativamente, frequência e quantidade de atividade física realizada diariamente, Alves et al., (2018) afirmam ser estes, os fatores determinantes para o desenvolvimento de hábitos saudáveis ou não em uma criança, a qual aprende por imitação e pelo exemplo.

 Escolas localizadas em regiões centrais e com maior acesso a lanchonetes e às propagandas de alimentos ultraprocessados, estão associadas à maior prevalência de obesidade em sua população pelo fato de facilitar o contato e estimular o consumo de alimentos ricos em gorduras, açucares e calorias, alterando o paladar e a dieta das crianças a longo prazo. Tal relação é inversamente proporcional nas escolas de áreas rurais ou periféricas (Canuto et al., 2022). 

Além disso, dietas ricas em gorduras, açúcares e condimentos ultraprocessados, afetam o centro de controle do apetite fazendo com que as crianças apresentem aumento da voracidade e do maior aporte calórico consumido diariamente, porém, por serem compostas por calorias vazias, mesmo comendo uma quantidade maior de alimentos, a saciedade estará reduzida, gerando um índice de obesidade maior nas crianças que sustentam tais padrões dietéticos (Rocha et al., 2019). Estudos relacionam um maior índice de deficiência nutricional em famílias de baixo poder aquisitivo, tornando as crianças mais suscetíveis à uma alimentação de má qualidade nutricional e na forma de preparo inadequada (Martins et al., 2018).

Fatores como o aumento da violência urbana, avanços tecnológicos utilizados para facilitar e reduzir os trabalhos manuais, maior facilidade de acesso ao transporte motorizado e aos aparelhos eletrônicos, utilizados em larga escala tanto para estudo, trabalho e lazer, estão diretamente associados ao aumento da epidemia da obesidade na atualidade. Por conta de tais facilidades, a ingesta calórica diária sobrepõe-se ao gasto energético, fazendo com que esse excesso seja acumulado em forma de tecido adiposo, alterando a composição corporal de toda uma geração (Guedes & Mello, 2021). 

É de suma importância reconhecer os fatores ambientais relacionados ao desenvolvimento da obesidade infantil, pois somente assim, será possível elaborar propostas relevantes para uma intervenção mais precisa e eficaz, visto que são fatores passiveis de modificações.

3.3 Impactos Diretos e Secundários

Em um estudo transversal, Tornquist et al., (2022) demonstraram que, quanto maior o índice de massa corporal (IMC), maior o risco cardiometabólico. Isso significa que o excesso de peso impacta diretamente nos critérios clínicos e laboratoriais que prejudicam o funcionamento do sistema cardiovascular. Tais alterações laboratoriais são comprovadas por meio dos dados encontrados por Oliosa et al., (2019) em que os valores dos exames laboratoriais se encontraram acima dos valores de referência para a idade, principalmente as taxas mais elevadas do perfil lipídico e as alterações da pressão arterial, caracterizando a obesidade como uma condição fortemente aterogênica. 

Dentre as alterações citadas acima, Silva et al., (2017) apresentam dados que estabelecem a forte relação entre o desenvolvimento da hipertensão arterial sistêmica com a presença precoce da obesidade central. Vários são os mecanismos que podem estar relacionados e afetados nessas condições, como a maior ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, quantidade de lipídios circulantes, maior resistência à insulina, estímulo do sistema nervoso simpático e maior demanda cardíaca, aumentando o débito cardíaco e reduzindo a resistência vascular periférica. Ou seja, os sistemas endócrinos e metabólicos são afetados devido às repercussões da obesidade (Silva et al., 2017). 

Outro fator que é diretamente afetado pela presença da obesidade é o nível circulante do Peptídeo Natriurético Atrial (ANP) o qual encontra-se reduzido em indivíduos com obesidade. O ANP, além de exercer funções hemodinâmicas como a natriurese, diurese e vasodilatação das artérias, também está relacionado com a redução da gordura corporal por meio do estímulo ao gasto energético, produção de calor e transformação da gordura branca em gordura marrom, melhorando o metabolismo de forma geral. Ademais, o ANP também auxilia na redução da relação Triglicerídeos e colesterol HDL (TG/HDL), fator esse relacionado a doenças cardiovasculares e a síndrome metabólica, que inclui alterações como resistência à insulina, hipertensão, dislipidemia e aumento da circunferência abdominal (Kravchychyn et al., 2021). 

As alterações endócrinas e metabólicas decorrentes da obesidade infantil, predispõem também ao maior risco de desenvolver doenças cardíacas, principalmente aterosclerose ainda na infância ou no futuro. As repercussões da obesidade causam disfunção endotelial, redução do colesterol HDL e aumento da resistência às ações da leptina sobre o controle do apetite. O aumento do tecido adiposo gera um estado inflamatório que prejudica a saúde dos vasos sanguíneos e tal condição é agravada em casos de um estilo de vida sedentário (Penha et al., 2019). 

O excesso de gordura circulante pode se acumular no fígado causando a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), o que gera inflamação, fibrose, e quando iniciado na infância possui maiores chances de progredir para cirrose e carcinoma hepatocelular, sendo necessário transplante de fígado em casos mais avançados e que não tenha sido submetido à intervenção precoce (Ladeira et al., 2020).     

3.4 Abordagem Preventiva

A presença de um serviço voltado à atenção primária para todas as idades, como há no Brasil, consiste em uma grande vantagem para uma abordagem preventiva, disseminada e eficaz. Atualmente, já estão em vigor alguns programas voltados à essa demanda, como o Programa Saúde na Escola e o PROTEJA – Estratégia de Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil. Ainda assim, por se tratar de uma condição multidimensional, os programas direcionados à obesidade infantil precisam incluir diferentes profissionais e serviços além de respeitar a integralidade do cuidado e a priorização do assunto na agenda da saúde de todos os municípios a nível nacional. Porém, todas as ações devem ser realizadas de forma individualizada e de acordo com o contexto do indivíduo para garantir maior adesão e efetividade (Barbosa, Paula & Recine, 2024). 

Estimular o aleitamento materno exclusivo por pelo menos os seis primeiros meses de vida da criança, consiste em uma medida preventiva eficaz. De acordo com Lourenço et al., (2018), os efeitos do aleitamento materno exclusivo possuem caráter cumulativo, quanto maior o tempo de amamentação, maiores os efeitos protetores contra a obesidade. O leite materno auxilia na modulação da resposta hormonal do organismo, fazendo com que haja melhor adaptação metabólica ao introduzir a alimentação sólida posteriormente. As substâncias presentes no leite materno, como insulina, leptina, grelina, dentre outros, estão relacionadas à composição corporal e controle do apetite, e, portanto, é considerado um fator protetor, devendo ser incentivado constantemente (Wagner et al., 2021).  

Além de estimular o aleitamento materno exclusivo, o estudo de Almeida et al., (2020) associa o ganho excessivo de peso a outros fatores como a má adesão ao pré-natal e ao afastamento do bebê e da mãe logo após o parto. Tais riscos de obesidade são explicados pelo fato de que a mãe não obtém informações valiosas sobre a amamentação durante as etapas do pré-natal quando deixa de realizar o seguimento adequando e ainda pelo fato de que, ao separar mãe e o recém-nascido após o nascimento, a criança será alimentada com fórmulas infantis ultra processadas de forma muito precoce, predispondo à obesidade e distúrbios da alimentação (Almeida et al., 2020).  

Estudos realizados para compreender a função da atividade física como fator preventivo para as complicações decorrentes da obesidade comprovam que, mesmo com o IMC elevado, crianças com alta capacidade respiratória, possuem proteção contra os efeitos prejudiciais da obesidade sobre o sistema cardiovascular e, portanto, atividades aeróbicas devem ser estimuladas na rotina das crianças como um grande aliado (Tornquist et al., 2022). Outro ponto de grande importância é a orientação quanto a necessidade do aumento progressivo da intensidade dos exercícios físicos, pois tal estratégia contribui para maior gasto calórico e maior queima de gordura, auxiliando na diminuição da circunferência abdominal e na aptidão cardiorrespiratória (Farias et al., 2015). 

A redução do tempo de tela, seja televisão, videogame, celular ou tablets, é uma grande aliada da perda de peso, pois contribui para uma vida mais ativa e maior disposição para realização de atividades físicas. O tempo de tela possui relação diretamente proporcional ao desenvolvimento do aumento da massa corporal, em que, quanto maior o tempo de tela, maior será a quantidade de tecido adiposo acumulado. Bahia et al., (2019) destacam que dentre as intervenções realizadas contra a obesidade, a redução do tempo de tela está entre os principais fatores contribuintes, sendo primordial a sua presença no plano terapêutico. 

Outra medida que visa melhorar as ações preventivas, consiste em monitorar o tamanho da circunferência abdominal das crianças em fase escolar por meio de medidas rotineiras. Titski et al., (2014) defendem a importância de tal abordagem devido ao fato de que o aumento da circunferência abdominal apresenta maior risco de manutenção da obesidade, desenvolvimento da síndrome metabólica e, consequentemente, de doenças cardiovasculares, e portanto, o acompanhamento das medidas auxilia na constatação do aumento gradativo da quantidade de gordura abdominal acumulada possibilitando uma abordagem precoce.

3.5 Abordagem Terapêutica

Um fator de grande valia na abordagem terapêutica é a adesão de toda a família às propostas de mudanças do estilo de vida. Além de melhorar a qualidade de vida dos genitores, será benéfico também para a formação dos hábitos saudáveis da criança, que poderão perpetuar até a vida adulta, formando um novo padrão de dieta, de exercício físico e de uma rotina mais saudável (Ladeira et al., 2020).  

Ladeira et al., (2020) defendem como ponto primordial do tratamento, a perda de peso associada à mudança do estilo de vida com a finalidade de reduzir a gordura em excesso, melhorar o perfil lipídico e até mesmo regredir as lesões hepáticas já existentes. Tais melhorias são fundamentais na prevenção do desenvolvimento do câncer de fígado. Uma dieta hipocalórica, rica em fibras e gorduras de boa qualidade associadas à prática regular de exercícios físicos, têm se mostrado um combo terapêutico bastante eficaz (Figueiredo, 2014).

Em um estudo clínico, Figueiredo (2014) demonstrou o quanto as intervenções terapêuticas podem ser úteis na abordagem da obesidade infantil. Por meio de intervenção direcionada na alimentação com a introdução de fibras de aveia na dieta por um período de seis semanas, foi possível quantificar a redução dos níveis de colesterol total e frações, redução do peso corporal e do índice de massa corporal segundo os escores para a idade e sexo. Tais modificações contribuíram para melhor prognóstico cardiovascular nas crianças e comprovou que tais ações compensam ser colocados em prática.  

É importante ressaltar que nenhuma medida realizada de forma isolada foi capaz de alterar de forma significativa a composição corporal a longo prazo, e, portanto, por ser multifatorial a obesidade precisa ser tratada com intervenções multimodais para resultados duradouros e satisfatórios (Bahia et al., 2019). 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É notório a relevância da crescente onda da epidemia de obesidade infantil no Brasil e no mundo. As repercussões endócrinas e metabólicas presentes em crianças obesas são bastante preocupantes devido ao fato de estas estarem em um período de franco desenvolvimento orgânico e do seu ser. Por meio da vivência em um ambiente obesogênico, seja em casa, na escola ou na comunidade, o estilo de vida sedentário e uma dieta alimentar ultraprocessada e altamente calórica, tem prevalecido.

O estilo de vida tem sido gradativamente modificado, com a facilidade tecnológica, seja em transportes ou na educação e entretenimento, o sedentarismo tem se tornado realidade em meio a população pediátrica. A quantidade de tempo gasto em brincadeiras lúdicas aeróbicas tem sido suplantada por jogos e brincadeiras predominantemente solitárias e de pouca ou nenhuma mobilidade. Com isso, o excesso de aporte calórico, acrescido de um déficit no gasto energético diário, gera um saldo positivo para o acúmulo de tecido adiposo.

Ademais, o caráter multifatorial da obesidade, envolvendo fatores intrínsecos e extrínsecos, dificulta uma padronização das propostas preventivas e terapêuticas, sendo necessário salientar a importância de um atendimento centrado na pessoa e em suas necessidade específicas. Porém, as intervenções gerais já comprovadas como benéficas para abordagem de um quadro de obesidade ou sobrepeso, são fortemente recomendadas para todos os pacientes. Isso inclui uma mudança na rotina alimentar, comportamental e social. A adesão de toda família a um plano alimentar equilibrado e uma rotina com maior tempo de atividades físicas e menor tempo de uso de telas, é de suma importância para o tratamento eficaz.

As pesquisas indicam que, caso não haja mudança significativa no curso da obesidade como doença e como comorbidade para tantos outros impactos à saúde da criança, e posteriormente, do adulto, a tendência é uma população composta por pessoas doentes e totalmente dependentes dos serviços de saúde. A promoção de um estilo de vida saudável, com uma alimentação balanceada e realização de atividades físicas regulares, devem fazer parte das intervenções institucionalizadas em todo o país.

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[1] Discentes do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas – Afya Educacional Campus 1 Porto Velho e-mail: jemillevictoria8@gmail.com; keremroberta0913@gmail.com; letsferprado19@gmail.com; lorraynemont@gmail.com;

[2] Docente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas – Afya Educacional Campus 1 Porto Velho e-mail: samia.gualberto@saolucas.edu.br;