ENSINO MÉDIO PRESENCIAL COM MEDIAÇÃO TECNOLÓGICA DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: NO ANEXO DA ESCOLA ESTADUAL PEDRO SILVESTRE, LOCALIZADO NA AGROVILA AMAZONINO MENDES, ZONA RURAL DE MANAUS-AM/BRASIL, NO PERÍODO 2022- 2023 ( UM ESTUDO DE CASO)

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249011939


Dimicília Farias De Lira Colares
Orientador: Alderlan de Souza Cabral


RESUMO

Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou a COVID-19 como uma pandemia, a qual impactou todos os campos das relações humanas. Em Manaus-AM foi declarada situação emergencial para reduzir do risco da doença. O trabalho de pesquisa foi realizado entre os anos de 2022 e 2023 no anexo da escola Pedro Silvestre, localizada na zona rural ribeirinha de Manaus-AM. A questão norteadora traz a seguinte pergunta: Como as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) impactaram os processos de ensino, aprendizagem e avaliação nas turmas de Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela Escola Estadual Pedro Silvestre do município de Manaus-AM/Brasil, no período 2022-2023? Objetivo Geral buscou compreender como a gestão das Tecnologias da informação e comunicação (TICs) impactaram os processos de ensino, aprendizagem e avaliação no âmbito do Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela E.E. Pedro Silvestre em seu anexo localizado no meio rural de Manaus-AM/Brasil, no período 2022-2023. A metodologia teve uma abordagem, exploratória e descritiva, com enfoque qualitativa e quantitativa. Como instrumento de pesquisa foram utilizados questionários e entrevistas com os professores e estudantes. Nos resultados  foram identificadosos impactos negativos e positivos da pandemia sobre a dinâmica da comunidade escolar, bem como foi constatado que é possível tirar proveito institucional dos impactos provocados pelo contexto da pandemia e do uso excessivo de Tecnologias de informação e comunicação nos processos de ensino e aprendizagem no âmbito do Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica no anexo da Escola Pedro Silvestre.

Palavras-chave: Pandemia. Educação. TICs. Manaus-AM.

RESUMEN

En 2020, la Organización Mundial de la Salud (OMS) caracterizó al COVID-19 como una pandemia, que impactó en todos los campos de las relaciones humanas. En Manaus-AM, se declaró una situación de emergencia para reducir el riesgo de la enfermedad. El trabajo de investigación se realizó entre los años 2022 y 2023 en el anexo de la escuela Pedro Silvestre, ubicada en la zona rural ribereña de ManausAM. La pregunta orientadora trae la siguiente interrogante: ¿Cómo impactaron las Tecnologías de la Información y la Comunicación (TIC) en los procesos de enseñanza, aprendizaje y evaluación en las clases de la Enseñanza Media Presencial con Mediación Tecnológica que ofrece la Escuela Estadual Pedro

Silvestre de la ciudad de Manaus-AM/ Brasil, en el período 2022-2023? El Objetivo General buscó comprender cómo el manejo de las Tecnologías de la Información y la Comunicación (TIC) impactó en los procesos de enseñanza, aprendizaje y evaluación en el ámbito del Programa de Bachillerato Presencial con Mediación Tecnológica que ofrece la E.E. Pedro Silvestre en su anexo ubicado en el área rural de Manaus-AM/Brasil, en el período 2022-2023. La metodología tuvo un enfoque exploratorio y descriptivo, con un enfoque cualitativo y cuantitativo. Como instrumento de investigación se utilizaron cuestionarios y entrevistas a docentes y estudiantes. Los resultados identificaron los impactos negativos y positivos de la pandemia en la dinámica de la comunidad escolar, así como también se encontró que es posible aprovechar institucionalmente los impactos provocados por el contexto de la pandemia y el uso excesivo de información y tecnologías de la comunicación en los procesos de enseñanza y aprendizaje en el marco del Programa de Bachillerato Presencial con Mediación Tecnológica en el Anexo del Colegio Pedro Silvestre.

Palabras clave: Pandemia. Educación. TIC. Manaos-AM.

INTRODUÇÃO

No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou a COVID-19 como uma pandemia. O termo “pandemia” se refere à distribuição geográfica de uma doença e não à sua gravidade. A OMS define pandemia como sendo uma doença que tem impacto mundial disseminado por diferentes continentes, de pessoa por pessoa, o corona vírus (COVID-19) alcançou o nível de pandemia. A crise teve um grau de gravidade comparado à Peste Negra, na metade do séc. XIV, e à Gripe Espanhola, no início do séc. XX.

A pandemia impactou praticamente todos os campos das relações sociais, saúde, economia, finanças, deslocamentos, segurança e educação (DIAS e PINTO, 2020). Na tentativa de evitar o alastramento do vírus e conter o avanço da doença foram tomadas medidas sanitárias de isolamento social que incluíram a paralização das aulas presenciais nas escolas, mas que foram substituídas por atividades online (BRASIL, 2020).

No Estado do Amazonas, cuja maior arte da população está concentrada na Capital, o Governo declarou situação anormal caracterizada como emergencial no município de Manaus para reduzir do risco da doença. Para tal foi publicado o Decreto nº 4.780/2020 que tratava das medidas sanitárias a serem adotdas naquele momento dramático. O município, durante alguns momentos daquele ano esteve no pico do ranking da quantidade de mortes provocadas pelo coronavírus. 

Dada a larga experiência na educação estadual e municipal, há mais de 15 (quinze) anos, trabalhando em escolas públicas do município de Manaus, Estado do Amazonas, foi possível observar questões problemáticas as quais motivaram a realizar este trabalho de pesquisa. Situações como a fragilidade decorrente da infraestrutura precária da educação, a vulnerabilidade social dos estudantes, as dificuldades enfrentadas pelos professores para desenvolver seu trabalho de forma satisfatória e as dificuldades para vencer os obstáculos estruturais e físicos impostos à educação pública.

Assim, a presente pesquisa traz como questão norteadora a seguinte pergunta: Como as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) impactaram os processos de ensino, aprendizagem e avaliação nas turmas de Ensino Médio

Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela Escola Estadual Pedro Silvestre do município de Manaus/AM/Brasil, no período de 2022-2023? Para elucidar a questão principal foram elaboradas questões específicas: Como identificar os impactos positivos e negativos que ocorreram durante o processo de ensino, aprendizagem e avaliação no Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado em um anexo da Escola Estadual Pedro Silvestre localizado no meio rural de Manaus/AM/Brasil, no período de 2022-2023? De que forma descrever como esses impactos afetaram a dinâmica social e escolar dos alunos e professores do anexo da Escola Estadual Pedro Silvestre, no período da pandemia entre 2022 e 2023? Será que é possível tirar algum proveito institucional dos impactos provocados pelo contexto da pandemia de covid-19 e uso de Tecnologias de informação e comunicação, ocorrido no período de 2022-2023, para melhorar o processo de ensino e aprendizagem do Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica na Escola Estadual Pedro Silvestre?

Assim, a partir das questões anteriormente apresentadas, foi moldado o seguinte Objetivo Geral: Compreender como a gestão das Tecnologias da informação e comunicação (TICs) impactaram os processos de ensino, aprendizagem e avaliação no âmbito do Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela Escola Estadual Pedro Silvestre em seu anexo localizado no meio rural de Manaus/AM/Brasil, no período de 2022-2023.

De forma subsidiárias tem-se os seguintes Objetivos Específicos: Identificar os impactos positivos e negativos que ocorreram durante a gestão dos processos de ensino, aprendizagem e avaliação no âmbito do Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela Escola Estadual Pedro Silvestre em seu anexo localizado no meio rural de Manaus/AM/Brasil, no período de 2022-2023; descrever como esses impactos afetaram a dinâmica social e escolar dos alunos e professores da Escola Estadual Pedro Silvestre, em seu anexo localizado no meio rural de Manaus/AM/Brasil, no período de 2022-2023; analisar se é possível tirar proveito institucional dos impactos provocados pelo contexto da pandemia de covid-19 e uso excessivo de Tecnologias de informação e comunicação nos processos de ensino e aprendizagem no âmbito do Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela Escola Estadual Pedro Silvestre em seu anexo localizado no meio rural de Manaus/AM/Brasil, no período de 2022-2023.

Hipóteses: levantadas são de que: por meio de instrumentos de pesquisa é possível identificar os impactos positivos e negativos que ocorreram durante a gestão dos processos de ensino, aprendizagem e avaliação no âmbito do programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica no período de 2022-2023. Por meio de instrumentos de pesquisa e obseração é possível descrever como esses impactos afetaram a dinâmica social e escolar dos alunos e professores da Escola Estadual Pedro Silvestre e também, com a criteriosa análise das informações coletadas é possível tirar proveito institucional dos impactos provocados pelo contexto da pandemia de covid-19.

A presente obra  justifica-se, pois esta pesquisa se deu em meiados do período 2020-2021 ter sido especialmente diferenciado para a história da humanidade, pois todo o contexto até então vivido foi totalmente remodelado e continua a impactar os dias de hoje. No caso específico desta pesquisa os impactos se deram sobre o campo da Educação. Assim, espera-se que os resultados alcançados tenham influência positiva não só para a comunidade escolar da Agrovila Amazonino Mendes, mas para o programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica como um todo, bem como possa vir a sanar eventuais problemas que ocorrem de forma similar em outras unidades escolares do Amazonas.

Importante salientar que a viabilidade deste trabalho se deu por conta do uso de recursos financeiros e materiais da própria autora. O fato da pesquisadora trabalhar na Escola Pedro Silvestre e pernoitar na Agrovila proporcionou condições favoráveis para que o cronograma de atividades fosse cumprido com a superação de dificuldades que surgiram em decorrência de mudança de endereço de alguns entrevistados, mas que foi devidamente superado a tempo.

Professores experientes iniciam seu período letivo com a aplicação de testes de prospecção ou diagnose em suas turmas. Essa práxis é básica, pois apresenta um raio-X das peculiaridades da Turma como um todo e dos alunos de forma individualizada. Em geral se procura identificar duas situações opostas: os pontos fracos (deficiências, desinformação, vícios educativos) e os pontos fortes (habilidades, potencialidades específicas, genialidade, paixão por algum assunto ou componente curricular etc.) dos alunos. Justamente em busca de sanar os pontos fracos pelo período pandêmico é que este trabalho se apoia e se desenvolve.

Certamente, os questionamentos impulsionaram a busca por respostas para sanar tais indagações sobre como se deu a dinâmica da comunidade em relação à realidade imposta de forma catastrófica pela pandemia, dado que entre membros da Agrovila Amazonino Mendes houve quem perdesse um ente querido,  situação que trouxe consequências que extrapolam o preparo profissional da pesquisadora.  

A construção histórica e política do município tem papel importante para que se possa compreender como a formação do povo se reflete no panorama atual e pôde abrir caminhos para a reflexão de novas possibilidades para um futuro participativo, democrático e solidário em meio à tragédia sanitária que ora se instalou no mundo.

Vencidos estes pontos, começou-se a espreitar as condutas técnicas. Assim, foi preciso debruçar-se sobre leituras teóricas versando sobre a temática em tela. Inicialmente, foram eleitas proposições suficientes para fazer frente a uma série de informações necessárias ao desenvolvimento do processo e da materialização do presente estudo. 

Foi iniciado o contato com vários autores que discutem a metodologia da pesquisa nas aulas do Mestrado, a partir da linha de pesquisa: Currículo e Ensinoselecionou-se a metodologia que se julgou necessária para a escrita deste trabalho. Pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Na primeira etapa foi realizado o levantamento bibliográfico, com revisão de parte significativa da literatura teórica, com as leituras que deram base ao tema o que se resolveu descrevê-la no seu I Capitulo referente à metodologia (Caminhos da Pesquisa).

As fontes utilizadas foram limitadas à edições brasileiras, na maioria editdas nos útimos 20 anos e tiveram como base os seguintes autores:Antunes (2020), Bardin (2011 e 2016), Carneiro (2016), Chauí (2019), Fonseca (2002), Freire (1971), Gerhardt e Souza (2009), Hoffmann (2003), Morais (2022), Ortigão e Oliveira (2017), Saraiva (2005), Silva e Delgado (2018), Skinner (1972), Souza e Almeida (2020), Souza e Scudeller (2011).

Antes de passar para a leitura sobre Metodologia apresentar-se-á as partes da referida pesquisa, com o objetivo do leitor poder conhecer sua estrutura e a síntese de cada parte desenvolvida.

A primeira parte da pesquisa, intitulada Aspectos Motivadores da pesquisa, fez uma breve abordagem teórica sobre os pontos principais que deveriam balisar os trabalhos, tais como: Pandemia de corona vírus; Impactos positivos e negativos da pandemia; Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica; Zona rural ribeirinha do município de Manaus-AM; Agrovila Amazonino Mendes e Escola Estadual Pedro Silvestre, com algumas abordagens de autores abordados ao longo dos trabalhos bibliográficos de cunho exploratórios, descritivos, qualitativo e quantitativo.

A segunda parte do trabalho intitulada Caminhos da pesquisa, foi totalmente dedicada à metodologia adotada. Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratória, dado que objetivou gerar conhecimento para aplicação prática e dirigida à solução de problema de interesse local. O procedimento técnico adotado foi do tipo documental, pois no processo de elaboração foram apresentadas informações ainda não tratadas analiticamente. Quanto a forma de abordagem do problema, a pesquisa envolve aspectos empíricos, quantitativos e qualitativos. Empírico, dada a utilização da experiência profissional da autora e outros profissionais da educação, bem como uma leitura atenta de contexto. Quantitativo no sentido de quantificar os dados informados pelos Profissionais da Educação que colaboraram com o preenchimento de questionários. Por último, é qualitativo devido a busca da análise e contextualização das técnicas das informações coletadas.

Na terceira parte, dedicada à Análise dos resultados, com subdivisão em organização e Avaliação dos dados. Em dados momentos foram organizadas relações descritivas e quadros a partir dos quais foram feitas as análises e pontes teóricas com alguns autores consultados sobre cada tema em abordagem.

Na quarta parte a Conclusão, foi feita uma análise geral da pesquisa e contribuições que podem ajudar a melhorar o contexto dos currículos escolares locais, dado que a pesquisa se propôs a analisar se é possível tirar algum proveito institucional dos impactos provocados pelo contexto da pandemia de covid-19 e uso de Tecnologias de informação e comunicação.

Por fim ao final foram feitas recomendações no sentido de dar atenção aos pontos identificados e analisados na pesquisa, no sentido de colaborar com o sistema de ensino remoto no Estado do Amazonas.

1. ASPECTOS MOTIVADORES DA PESQUISA

O período 2020-2021 foi especialmente diferenciado para a história da humanidade, pois todo o contexto até então vivido foi totalmente remodelado. No caso específico desta pesquisa a Educação. Espera-se que os resultados alcançados tenham impactos positivos não só para a comunidade escolar da Agrovila Amazonino Mendes, mas para o Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica como um todo, pois é adotado em larga escala pela Secretaria de Estado de Educação e pode vir a sanar eventuais problemas que poderão surgir em outras unidades escolares do Estado Amazonas.

A pesquisa se desenvolveu no órbita dos três objetivos específicos, nos quais estavam inseridos (ou foram sendo inseridos) alguns tópicos que balisam o desenvolvimento desta pesquisa:

  • Pandemia de corona vírus,
  • Governo brasileiro,
  • Ministério da educção (MEC),
  • Impactos positivos e negativos da pandemia,
  • Atividades Pedagógicas não Presenciais (APNPs),
  • Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica,
  • Zona rural ribeirinha do município de Manaus-AM,
  • Agrovila Amazonino Mendes,
  • Escola Estadual Pedro Silvestre,
  • Proveitos dos impactos da pandemia sobre a educação.

1.1.     A PANDEMIA DE CORONA VÍRUS E SEUS IMPACTOS SOBRE A EDUCAÇÃO

Neste tópico serão abordadas as questões referentes ao primeiro objetivo específico, o qual está assim redigido: Identificar os impactos positivos e negativos que ocorreram durante a gestão dos processos de ensino, aprendizagem e avaliação no âmbito do Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela Escola Estadual Pedro Silvestre em seu anexo localizado no meio rural de Manaus-AM/Brasil, no período de 2022-2023. Não há como falar nos impactos sobre a educação sem antes abordar as questões de saúde pública que vieram em decorrência da pandemia, os percausos que a humanidade teve que lidar de forma severa e rápida, mesmo as comunidades mais isoladas e que até então se sentiam desconectadas do todo não ficaram isentas daquele contexto.

Devido à ameaça do COVID-19 as Instituições de Ensino são postas diante da necessidade de continuar com atividades de ensino, mantendo professores e alunos a salvo diante de uma emergência de saúde pública. Mudar para um modelo de instrução online facilita a flexibilidade para ensinar e aprender em qualquer lugar, a qualquer hora, mas a velocidade surpreendente com que essa mudança para o ensino online está ocorrendo é sem precedentes. 

Embora geralmente existam equipes de apoio para ajudar os docentes a aprender e implementar o ensino online, elas normalmente apoiam apenas um grupo de professores que anteriormente lecionaram nesta modalidade, em especial nos cursos EAD. Na situação atual, com tão pouco tempo de preparação, essas equipes não poderão oferecer o nível habitual de apoio a todos os professores.

Ao contrário de experiências educacionais totalmente projetadas e planejadas para serem online, o Ensino Remoto Emergencial responde a uma mudança repentina de modelos instrucionais para alternativas em uma situação de crise. Nessas circunstâncias, faz-se uso de soluções de ensino totalmente remotas que, de outra forma, seria ministrado presencialmente ou como cursos híbridos e que retornarão a esse formato assim que a crise ou emergência tiver diminuído.

O Ensino Remoto Emergencial exige que os professores assumam mais controle sobre o planejamento do curso, seu processo de desenvolvimento e implementação. A necessidade de desenvolver cursos de aprendizagem online em um período muito curto de tempo força os professores a encontrar novas maneiras de continuar ensinando e desenvolvam habilidades e competências para criar ambientes de aprendizagem digital[1].

No Brasil, as soluções adotadas variaram de acordo com as condições de cada estado ou município. Não podemos ignorar que, em alguns casos, o que foi feito não pode ser chamado de ensino. Um exemplo foi a entrega de material

impresso nas casas dos alunos, como aconteceu em alguns municípios. Apesar de louvável, isso não poderia ser chamado de ensino, pois não houve nenhum tipo de interação entre alunos e professores e nem processos de avaliação. Se se transfere para a família a responsabilidade de trabalhar o conteúdo com seus filhos e, ainda, se os responsáveis por esses alunos aceitam esse desafio, o que temos na verdade é educação domiciliar ou homeschooling, e não EaD ou ERE. Apesar de muitas secretarias de educação, com maior ou menor agilidade, terem providenciado material na internet, aulas gravadas e transmissão por TV, inúmeros estudantes ficaram totalmente isolados e desvinculados das escolas em todo o país.

Durante a pandemia da Covid-19, muitos foram os obstáculos enfrentados, mas o previsível era que o sistema se auto organizaria frente ao necessário distanciamento social e fechamento das escolas. Nesse processo, alguns professores estão se comportando no ensino on-line de forma muito semelhante ao que faziam em sala de aula: ministrando aulas expositivas, se apoiando em slides, propondo discussões e solicitando textos escritos e aplicando provas. Outros estão aprendendo a fazer vídeos, se valendo da grande quantidade de ferramentas digitais e perdendo o medo de usar a tecnologia. Há, ainda, quem crie grupos no WhatsApp e salas no Facebook. As crises são momentos de mudanças intensas, e seria impossível descrever as práticas educacionais que emergiram. Mas é possível prever que nossas práticas educacionais nunca serão as mesmas novamente. É possível afirmar que a internet se tornou uma necessidade pública e que o acesso precisa ser dado a todos.

A aprendizagem se constitui num processo de aquisição e assimilação de conhecimento que, por sua vez, serão geradores de uma mudança de comportamento. Desta forma, considera-se que a aprendizagem é decorrente de um processo ativo, resultado de tentativas do sujeito para construir o seu conhecimento.[2] 

O conhecimento, nesse sentido, é decorrente da aprendizagem construída ao longo da vida, o que se pode dizer que conhecimento não é produto de uma invenção casual, mas um processo de ressignificação construtiva do conhecimento socialmente compartilhado por todos os seres humanos.

Portanto, o sujeito se constrói nesta dupla relação de construção do conhecimento, do outro e de si, na mesma interação com o outro.  Pode-se pensar num diálogo constante do sujeito com o mundo e com sua própria subjetividade, que se transforma por causa desse diálogo. 

Para que ocorra o processo de aprendizagem é necessário que se queira aprender. É essencial que o aluno esteja envolvido, atribua sentido ao fato e a atividade, tenha motivação interior, esteja preparado física e psicologicamente, e que utilize a capacidade intelectual: prestar atenção, selecionar, avaliar, estabelecer relações, conscientizar-se.  

 Diz Silva (2019, p.89) que: “Aprender deriva do latim apprendere, que quer dizer agarrar, apoderar-se de alguma coisa”. A teoria cognitiva enfatiza que as pessoas fazem muito mais do que simplesmente responder ao reforço e à punição. Respostas são sistematizadas, sistemas referentes à memória são ativados e há a necessidade de uma constante reorganização de pensamentos e ideias.

No modelo do hibridismo, a escola não é mais tão somente polifônica, conforme pondera Kenski (2012), em que os sons se espalham pelos ambientes e dão sentido ao espaço educativo. A escola que se institui híbrida é pensada em uma fluidez exposta pela tela do computador, em um espaço virtual em que se integram momentos presenciais e virtuais. 

  Essa escola tem como ícone de um novo tempo tecnológico do espaço educativo, ligada aos espaços de ambientes presenciais e virtuais. Nessa direção, os espaços se integram em uma constante corrente de estímulos e estratégias, técnicas, procedimentos e aprendizagem muito específicos, passando de um modelo oral (tradicional) de ensino para um elaborado processo de escrita, já que nos ambientes virtuais os alunos necessitam escrever e ler utilizando a internet.  

  Nesse contexto julga-se relevante apresentar dados referentes aos números de acessos à internet por alunos no Brasil, divulgados principalmente durante o período da pandemia, foi revelador no tocante as políticas públicas de inclusão, tendo em vista que, para tal desenvolvimento, as TICs são um dos pilares que integram as práticas híbridas.

O cenário brasileiro de inclusão digital revela índice relativamente baixo de penetração do acesso à Internet nos domicílios de área urbana, sendo que apenas 44% desses domicílios possuem acesso à Internet. No entanto, alunos de escolas públicas e privadas em áreas urbanas demonstram um panorama diferente: 67% deles possuem acesso à rede em seu domicílio, proporção muito superior à média brasileira. Enquanto o acesso à Internet está presente em 94% dos domicílios de alunos da rede particular, o percentual é de 62% para os de escolas públicas. De forma geral, os alunos mostram-se internautas frequentes, já que 69% usam a Internet diariamente. Quanto à frequência de uso da Internet, o aspecto regional se destaca: os jovens das regiões Sul e Sudeste são usuários de Internet ainda mais frequentes – 70% e 77%, respectivamente, acessam a rede todos os dias. ([3]CETIC, 2020)

Os dados dessa citação mostram que há possibilidade para o Brasil implementar o ensino híbrido, pois a ideia é estender as aulas e o conhecimento para além dos horários e das paredes da sala de aula, empregando mediante a tecnologia estudos mais significativos que podem ser realizados em casa, o que está ocorrendo nesse período pandêmico. 

 Nesse viés, tendo como ponto de partida a personalização das ações educativas, o ensino híbrido pode ser definido como a combinação do aprendizado que integram o ambiente virtual – ensino a distância e também o ensino presencial. 

Martins (2020)[4] e Moran (2015) afirmam que, na metodologia híbrida é imprescindível a combinação entre ambientes, pessoas e ferramentas possibilitando inovação às condições de aprendizagem. A metodologia híbrida busca combinar práticas pedagógicas em momentos de aula presencial e do ensino a distância à troca de experiências.

  Diz Cordeiro (2020)[5] que as famílias também tiveram que se adaptar à nova realidade. Além de cuidar da casa, trabalho remoto (Home office), precisam acompanhar e auxiliar nas atividades prescritas pelos educadores. Algumas famílias estão tendo dificuldades para acompanhar seus filhos, pois muitos continuam trabalhando e não têm experiência em ensinar. 

 Vale salientar que, no Estado do Amazonas, muitos alunos não possuem acesso à Internet ou acesso à TV, e não estão acompanhando as aulas. O interessante é que muitas famílias estão acompanhando os filhos neste momento de pandemia, tendo nas mãos a possibilidade de compreender a importância do seu papel na educação destes, e ainda de valorizar o professor que não mede esforços no sentido de colaborar de forma incisiva para que as crianças sejam motivadas a não desistirem dos estudos, apesar de todas as dificuldades.

Cabe dizer que as estratégias para a implantação de um ensino midiático efetivo já se haviam iniciado no Amazonas com algumas experiências nas cidades do interior do Estado, como no caso do Centro de Mídias, com um design um pouco parecido, conforme se explica abaixo.

Segundo a Resolução CNE/CEB nº 01/20166, o sistema de ensino deve assegurar rigorosa avaliação das condições de oferta do ensino com mediação tecnológica, a fim de garantir a qualidade do ensino, considerando a multiplicidade de plataformas, meios e mídias como do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), a transmissão de aulas via satélite, Internet, videoaulas, MOOCS (Massive Open Online Course), telefonia celular, redes sociais, aplicativos mobile learning, TV digital, rádio, impresso e outros que compõem o arsenal de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).

É um momento histórico e transitório que sofre alterações no decorrer do tempo, envolvendo todo um contexto, seja socioeconômico, do local ao global, sendo necessário implementar adequações reais e viáveis, de forma a atender as necessidades do aluno no seu processo de processo de aprendizagem, diz (DOMINGUES, 2019).7

A pandemia institui por força de lei o chamado isolamento social, em que os alunos estão impedidos de ir até à escola, e a educação a distância torna-se um fator essencial nesse contexto.  No Estado do Amazonas, conforme já mencionado nesta dissertação, foi necessário utilizar a Metodologia utilizada pelo Centro de Mídias de Educação do Amazonas – CEMEAM.


6  O Cetic.br é um departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR Nic.br, que implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet do Brasil Cgi.br.  

MARTINS, L. B.; ZERBINI, T. Escala de Estratégias de Aprendizagem: evidências de validade em contexto universitário híbrido. Psico USF, v. 19, n. 2, p. 317-328, 2020.

CORDEIRO. Karolina Maria de Araújo. O impacto da pandemia na educação: A utilização da tecnologia como ferramenta de ensino. Disponível em: http://idaam.siteworks.com.br acesso em 20 de agosto de 2021.

7 DOMINGUES, M.Org. Educação presencial e virtual: espaços complementares essenciais na escola e na empresa: Porto Alegre, RS: Edipurcus, 2019

 O Centro de Mídias tem como suporte legal o Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria de Estado da Educação, que projetou o Ensino presencial com mediação tecnológica, cuja finalidade é garantir a inclusão educacional e a conclusão da educação básica de milhares de jovens e adultos que compõem uma demanda para o atendimento educacional nos diversos municípios do interior do Estado.

A metodologia do Ensino com Mediação Tecnológica, que é a blended  learning, ou B-learning,  soma  nesse modelo específico desde as tecnologias de comunicação de ponta a conteúdos escolares, planejados e estruturados em objetos de aprendizagens diversos, direcionados ao processo de construção dos conhecimentos dos estudantes, numa performance exclusiva de ensino presencial com mediação tecnológica.

O termo e-learning, do inglês electronic learning (aprendizagem eletrônica ou ensino eletrônico) corresponde a um modelo de ensino não presencial apoiado em tecnologia. No Ensino Presencial com Mediação Tecnológica, a aula em tempo real é realizada por meio de um sistema via satélite, com interação de áudio e vídeo, onde a solução de interatividade é a videoconferência, com acesso multiponto simultâneo por conexão de Internet em banda larga. A tecnologia consiste em TV Digital Interativa sobre IP-TV via Satélite, em uma Plataforma VSAT (Verysmall Aperture Terminal).

 Importante destacar que, quando se menciona aula remota se fala também em educação a distância, que é uma modalidade de ensino onde, no encontro presencial do educador e do educando se promove a comunicação educativa pelos meios capazes de suprir a distância que os separa fisicamente. Assim, não é verdade que a educação a distância seja uma educação distante, em que o aluno esteja isolado.

 Acentua-se a necessidade de refletir que a sociedade está pautada no conhecimento, sendo que as informações exercem um papel preponderante, provocando mudanças na estrutura do trabalho. Sendo importante que as instituições de ensino estejam atentas para promoverem os ajustes necessários em seus modelos de ensino, e elas deverão  estar  em constante processo de aprendizagem, o que se  torna atualmente  uma condição indispensável para a vida em sociedade.

1.1.1. A pandemia de corona vírus e a resposta do Governo brasileiro

A pandemia de corona vírus teve seu auge nos anos de 2020 e 2021, no entanto as consequências e impactos continuam a vigorar. A gravidade da crise sanitária foi tamanha que os sistemas de saúde de todas as partes do mundo não foram capazes de fazer frente de forma imediata ou eficaz para contê-la. Os impactos advindos do panorama pandêmico aos poucos começam a ser mensurados com relativa precisam. No caso deste estudo se busca entender o viés da educação em face do comportamento das pessoas envolvidas e das atitudes administrativas e operacionais do Poder Público no que se refere às respostas para enfrentar, conter e estabilizar o novo contexto.

No dia 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu um alertada que versava sobre vários casos de pneumonia na cidade chinesa de Wuhan, província de Hubei. A situação tratava de um novo tipo de coronavírus que ainda não havia sido identificado em seres humanos[6]. Segundo SCHUELER (2020, apud ENGUE e FREITAS, 2020) a Organização Mundial da Saúde (OMS) define pandemia como sendo uma doença que tem impacto mundial e é, em geral, disseminado por diferentes continentes, de pessoa para pessoa e, dessa forma, declarou que o corona vírus (COVID-19) alcançou o nível de uma pandemia no início do ano de 2020. 

Os impactos da pandemia insidiram sobre todos os campos das relações sociais, saúde, economia, finanças, deslocamentos, segurança e educação (DIAS e PINTO, 2020). Para (tentar) evitar a disseminação do vírus e conter o avanço da doença, foram adotadas medidas de isolamento social que incluíram a suspensão das aulas presenciais nos estabelecimentos de ensino público e particular de todas as esferas. Assim, foi determinado que houvesse a reconfiguração do ensino, de tal forma que as atividades presenciais passaram a ser (preferencialmente) on-line por meio de ferramentas tecnológicas e/ou digitais (BRASIL, 2020d) ou outros meios que pudessem mitigar a quebra da rotina do processo de ensinoe aprendizagem desenvolvidos nas escolas.

No Brasil, em 06 de fevereiro de 2020, a Presidência da República publicou a Lei nº 13.979, de 06 de fevereiro de 2020 (BRASIL, 2020a), a qual dispôs sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da pandemia de coronavírus (COVID19), tudo devidamente alinhado com as recomendações emanadas pela Organização Mundal da Saúde (OMS). Essas medidas foram estabelecidas a partir de decisões tomadas no âmbito do Ministério da Saúde (MS) e objetivavam a proteção coletiva. Assim, todas as medidas dos demais ministérios deveriam estar alinhadas com a Lei nº 13.979.

Em 20 de março de 2020, o Senado Federal publicou o Decreto legislativo nº 6/2020 (BRASIL, 2020b), no qual foi reconhecido estado de calamidade pública, nos termos da solicitação do Presidente da República encaminhada por meio da Mensagem nº 93, de 18 de março de 2020. Os efeitos do decreto foram estabelecidos até o dia 31 de dezembro de 2020. Na ocasião ficou constituída Comissão Mista no âmbito do Congresso Nacional, composta por 6 (seis) deputados e 6 (seis) senadores, com igual número de suplentes, com o objetivo de acompanhar a situação fiscal e a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas à emergência de saúde pública de importância internacional relacionada ao coronavírus (Covid-19).

No dia 1º de abril de 2020, foi publicada a Medida Provisória (MPV) nº 934 (BRASIL, 2020c), na qual ficaram estabelecidas as normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do ensino superior decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública tratada pela Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Entenda-se o caráter excepcional no âmbito do Poder Público toda e qualquer situação que não tem planejamento ou revisão anterior para ser solucionada e que exige meios de resolução nem sempre disponíveis ou pessoal capacitado para tal.

Assim está diposto no trecho inicial do texto da Medida Provisória (MPV):

Dessa forma, o Art. 1º da MPV dispensa, em caráter excepcional, as escolas de educação básica da obrigatoriedade de observar o mínimo de 200 dias letivos de efetivo trabalho escolar, conforme o inciso I do caput e no § 1º do Art. 24 e o inciso II do caput do Art. 31, da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 19969. Esse mesmo dispositivo da MPV determina que a carga horária mínima de oitocentas horas deve ser cumprida, nos termos das normas a serem editadas pelos respectivos sistemas de ensino.

Assim, o Governo brasileiro procurava fazer frente àquela situação que afetava a população em geral, de tal forma que não havia a mínima condição de manter os estabelecimentos de ensino funcionando normalmente. Segundo Estrella e Lima (2020), declaram que o portal do MEC, o Conselho Nacional da Educação – CNE aprovou diretrizes que orientaram as escolas de Educação Básica e Instituições de Ensino Superior sobre medidas que autorizaram a adoção de atividades não presencias para o cumprimento da carga horária letiva, por meio digital, vídeo-aulas, material didático impresso dentre outras estratégias.

Moser (in MACHADO, 2020) simplifica a situação ao afirmar que era preciso considerar a cruel realidade em que milhares de vidas foram perdidas para a Covid19, tendo o Estado do Amazonas figurado como um dos mais afetados com os crescentes casos de transmissão comunitária do coronavírus na época. Especificamente a Capital Manaus, em alguns momentos da crise sanitária, se destacou como uma das cidades com a maior quantidade de mortos pela doença, o que exigiu uma mobilização nacional para transportar e fornecer cilindros de oxigênio aos hospitais e clínicas da cidade.

O Parecer CNE/CP nº 5/2020, de 28 de abril de 2020, do Ministério da Educação – MEC (BRASIL, 2020d) definiu a adoção medidas de isolamento social que incluíram a suspensão das aulas presenciais em todos os tipos de estabelecimentos de ensino e o uso da modalidade online por meio de ferramentas digitais para evitar a disseminação do vírus e conter o avanço da doença. O texto do Parecer expõe o contexto e as sugestões para justificar suas recomendações:

[…]

9 “Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:

[…]

I – a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver;

[…]

§ 1º  A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de 2017”.

Em virtude da situação de calamidade pública decorrente da pandemia da COVID-19, a Medida Provisória nº 934/2020 flexibilizou excepcionalmente a exigência do cumprimento do calendário escolar ao dispensar os estabelecimentos de ensino da obrigatoriedade de observância ao mínimo de dias de efetivo trabalho escolar, desde que cumprida a carga horária mínima anual estabelecida nos referidos dispositivos, observadas as normas a serem editadas pelos respectivos sistemas de ensino.

O CNE recebeu várias sugestões de flexibilização da carga horária da educação infantil no período de consulta pública deste parecer. Como a carga horária mínima está prevista em lei para cada uma das etapas da educação básica, não é de competência do Conselho tratar deste assunto. Nosso entendimento é tal matéria ser objeto específico da MP nº 934/2020, na medida em que o CNE atua dentro dos limitadores legais da educação nacional e respeita a autonomia dos entes federados e sistemas de ensino.

Finalmente, é importante lembrar que a LDB dispõe em seu artigo

23, § 2º, que o calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei. (BRASIL, 2020d).

Negrão et. al (2022, p. 3) trataram sobre as questões dos impactos da pandemia de conrona vírus no Estado do Amazonas, onde descrevem a situação caótica que se instalou por lá naquel período: 

A orientação de ficar em casa, medida de prevenção orientada pelos Órgãos de Saúde, visando à diminuição da propagação do vírus, por sua vez, desdobrou-se em inúmeros conflitos políticos e sociais, ampliando discussões acerca da crise econômica, perdas irreparáveis no ano letivo, descortinando também o caos na área de saúde do país, em que a falta de aparelhos, insumos e até mesmo oxigênio intensificou o número de mortes em 2021.

[…]

No Amazonas, cenário deste estudo, a pandemia ganhou proporções extremas, colapsando os Sistemas de Saúde e Funerário, especialmente nos meses de janeiro e fevereiro de 2021. O debate acerca do controle da doença e as políticas de vacinação no Estado ganharam as manchetes dos noticiários em todo o mundo […]

Em âmbito local, a Prefeitura Municipal de Manaus-AM publicou o Decreto nº 4.780/2020, de 16 de março de 2020 (MANAUS, 2020), por meio do qual ficou declarada situação anormal, caracterizada como emergencial para reduzir do risco da doença. Dentre uma das medidas adotadas estava a suspensão das aulas presenciais nas redes públicas e particulares de ensino fundamental. Assim estava redigido alguns trechos daquele Decreto municipal[7]:

CONSIDERANDO que a saúde é direito de todos e dever do Poder Público garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, na forma do art. 196 da Constituição Federal;

[…]

CONSIDERANDO que a situação demanda o emprego urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública, a fim de evitar a disseminação da doença no município;

[…]

Art. 1º. Fica declarada pelo período de 180 (cento e oitenta) dias, situação anormal, caracterizada como emergencial, no município de Manaus, em razão da Pandemia causada pelo novo Coronavírus (COVID-19).

Art. 2º. A Secretaria Municipal de Saúde – SEMSA fica autorizada a adotar as medidas necessárias ao controle da pandemia, assim definidas:

[…]

II – planejar, organizar, coordenar e controlar medidas a serem empregadas durante a situação de anormalidade nos termos e diretrizes fixadas pelo Ministério da Saúde;

[…]

Art. 3º. A situação de emergência de que trata este Decreto autoriza a adoção de medidas administrativas necessárias à imediata resposta por parte do Poder Público Municipal.

[…]

Como se vê, o Poder Público buscou os meios necessários e possíveis para fazer frente àquela nova realidade. O inciso II do 2º do Decreto cita as diretrizes emanadas pelo Ministério da Saúde (MS) dentre as quais o isolamento social e a proibição de aglomerações, de tal forma que os encontros presenciais nas escolas também precisaram ser adequados àquela situação (da pandemia) pelo prazo inicial de 180 dias. Apesar da Escola Estadual Pedro Silvestre não pertencer ao sistema municipal de ensino, seu anexo da Agrovila Amazonino Mendes (objeto desta pesquisa) funciona em regime de cooperação nas dependências de uma escola municipal, fato que incidiu diretamente sobre as turmas do ensino fundamental que estudavam no turno da noite. 

1.1.2. A Adaptação da Rotina Escolar às Atividades não Presenciais

Mais adiante no tempo, em 18 de agosto, foi publicada a Lei nº 14.040[8] (BRASIL, 2020e), na qual ficaram estabelecidas as normas educacionais excepcionais a serem adotadas durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020. Da qual pode-se observar a referência à adoção de atividades pedagógicas não presenciais:

Art. 1º Esta Lei estabelece normas educacionais a serem adotadas, em caráter excepcional, durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020.

[…]

Art. 2º Os estabelecimentos de ensino de educação básica, observadas as diretrizes nacionais editadas pelo CNE, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as normas a serem editadas pelos respectivos sistemas de ensino, ficam dispensados, em caráter excepcional:

[…]

II – no ensino fundamental e no ensino médio, da obrigatoriedade de observância do mínimo de dias de efetivo trabalho escolar, nos termos do inciso I do caput e do § 1º do art. 24 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, desde que cumprida a carga horária mínima anual estabelecida nos referidos dispositivos, sem prejuízo da qualidade do ensino e da garantia dos direitos e objetivos de aprendizagem, observado o disposto no § 3º deste artigo.

[…]

§ 2º A reorganização do calendário escolar do ano letivo afetado pelo estado de calamidade pública referido no art. 1º desta Lei obedecerá aos princípios dispostos no art. 206 da Constituição Federal, notadamente a igualdade de condições para o acesso e a permanência nas escolas, e contará com a participação das comunidades escolares para sua definição.

[…]

§ 4º A critério dos sistemas de ensino, no ano letivo afetado pelo estado de calamidade pública referido no art. 1º desta Lei, poderão ser desenvolvidas atividades pedagógicas não presenciais(grifo da autora).

[…]

Com o panorama pandêmico, as atividades pedagógicas não presenciais (APNPs) passaram a ter importância ímpar no mundo da educação, pois muito era pregado à cerca de sua adoção de forma regular, mas apesar dos avanços tecnológicos ainda havia muita resistência (tanto institucional e quanto pessoal) em sua efetivação e incorporação ao dia a dia da comunidade escolar. Quanto às

APNPs tem-se as seguintes orientações do Instituto Federal do Rio Gande do Sul:

As Atividades Pedagógicas não Presenciais (APNPs) correspondem a processos de ensino e aprendizagem desenvolvidos para além dos tempos e espaços da sala de aula, mediados por tecnologias digitais de informação e comunicação, desenvolvidas numa relação dialógica entre docentes e estudantes (IFRS, 2020, p. 5).

De forma mais geral a questão das APNPs também é tratada pelo Ministério da Educação – MEC, que é expressa no texto do Parecer CNE/CP nº 19/2020, de 8 de dezembro de 2020 (BRASIL, 2020f), com a seguinte redação em sessão específica para o tema:

Seção V 

Das Atividades Pedagógicas Não Presenciais

Art. 14. Por atividades pedagógicas não presenciais na Educação Básica, entende-se o conjunto de atividades realizadas com mediação tecnológica ou por outros meios, a fim de garantir atendimento escolar essencial durante o período de restrições de presença física de estudantes na unidade educacional.

§ 1º As atividades pedagógicas não presenciais a serem desenvolvidas pelas instituições escolares estão descritas no Parecer CNE/CP nº 5/2020, referente à reorganização do calendário escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da pandemia da COVID-19.

§ 2º A realização das atividades pedagógicas não presenciais deve possibilitar a efetivação dos direitos de aprendizagem expressos no desenvolvimento de competências e suas habilidades, previstos na BNCC, nos currículos e nas propostas pedagógicas, passíveis de serem alcançados mediante estas práticas, considerando o replanejamento curricular adotado pelos sistemas de ensino, redes e escolas.

Assim, para os casos de planejamento e execução, as APNPs deverão ter a equivalência aos conteúdos programáticos dos componentes curriculares previstos, em conformidade com os projetos pedagógicos dos cursos, tanto em termos de conteúdos, quanto de carga horária regulamentar. Ou seja as APNPs são uma oferta especial de componentes curriculares, que pode ser aproveitados e integralizados pelos estudantes tal como ocorre no sistema tradicional presencial de ensino. Além do que a carga horária desenvolvida poderá ser utilizada para a substituição de carga horária presencial, conforme a legislação vigente.

A efetivação das atividades pedagógicas não presenciais de forma efetiva pode ser considerada, sem sombra de dúvidas, um dos maiores impactos positivos decorrenes do período pandêmico, pois forçou a adoção de forma permanente nos sistemas de ensino nos níveis fundamental, médio e superior. Em grande parte essa efetivação se deu graças à integração da internet com o aparelho celular, pois além de ser mais barato para aquisição também é de fácil portabilidade e mobilidade.

O Parecer do CNE/CP nº 19/2020[9] (BRASIL, 2020f) também fortaleceu o cumprimento das medidas para o enfrentamento da pandemia da Covid-19, com aulas remotas até 28 de fevereiro, após aquela data as aulas presenciais retornam com intuito de evitar mais prejuízos a toda a comunidade escolar, principalmente aos estudantes mais carentes.

Com base nas movimentações políticas havidas no período, PEREIRA et al. (2020, apud ENGUE e FREITAS, 2020, p. 2-3) enfatiza que a pandemia provocou significativas mudanças para a educação no Brasil, após a OMS declarar a gravidade da situação. De tal forma que o Ministério da Educação evidou esforços em adotar, o mais rápido possível, especificações para garantir a prevenção do contágio nas escolas. Os resultados, no geral, foram satisfatório.

Antunes (2020) divulgou que os Secretários da educação de todos os Estados brasileiros reuniram-se para discutir a adoção de medidas para a continuidade das atividades educativas em meio a pandemia, assim como passaram a cobrar ações do Governo Federal no sentido de cumprir o calendário escolar de 2020, a fim de evitar prejuízo ao sistema de ensino, assim evidenciado pelo autor:

A aposta no ensino à distância (EaD) no contexto da epidemia é vista com cautela por alguns dirigentes municipais. Alessio Costa, presidente da Undime Região Nordeste e secretário municipal de Educação de Alto Santo, no Ceará, enxerga uma corrida por parte de conselhos estaduais e alguns conselhos municipais em publicar resoluções para normatizar essa prática em suas respectivas redes, principalmente após o Conselho Nacional de Educação (CNE), no dia 18 de março, publicar uma nota autorizando a realização de atividades à distância a partir do ensino fundamental face à paralisação das aulas por conta da pandemia.

Realmente foi uma corrida, pois o calendário escolar brasileiro é, no geral, bastante fragmentado pela presença de feriados nacionais, estaduais e locais. As questões regionais de geografia (rios, relevo, florestas etc), clima (enchentes, secas prolongadas, chuvas fortes etc), economia (colheitas sazonais, desabastecimento, subemprego, falta de pagamento de funcionários públicos etc) e infraestrutura (estradas, pontes e transporte público precarizados) também tem forte influência sobre os dias letivos, pois dependendo da estação podem se apresentar como condicionantes ou determianates do funcionamento das escolas ou deslocamento dos membros da comunidade escolar.

Ortigão e oliveira (2017) enfatizam que o processo de reorganização das estruturas curriculares na modalidade de ensino remoto exigiu não somente a utilização de novos meios e metodologias, mas também a ressignificação dos saberes teóricos e da prática, o que acentuou ainda mais a ruptura das práticas tradicionais da educação

As novas tecnologias da informação e comunicação, que cada vez mais impactam a sociedade contemporânea, chegam à escola e convivem com velhos currículos. A escola há muito tempo vem sendo desafiada a repensar seu currículo, de modo que consiga integrar o computador e tecnologias associadas, como a Internet, nos processos de aprendizagem (Borges, Pucci, Torres & Barcellos, 2009).

Nos dias atuais, a disseminação da informação, através das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC), está acontecendo de forma cada vez mais rápida, ocasionando mudanças nas formas de organização da sociedade. Na educação, o uso dessas tecnologias vem contribuindo para substituição de aulas convencionais por aulas mais dinâmicas em que as metodologias e ferramentas utilizadas permitam a criação e construção do conhecimento através da interação do aluno com o meio em que vive. Isso possibilita a ampliação do conceito de sala de aula, de espaço e tempo, de comunicação audiovisual e estabelece pontes novas entre o presencial e o virtual, entre estar junto e o estarmos conectados à distância, buscando cada vez mais a excelência no processo de ensinar e aprender (Moran & Masetto, 2013) Rondini; Pedro; Duarte (2020) chamam atenção para o obstáculo que o emprego das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) representa nas instituições escolares:

A pandemia da COVID-19 fez com que instituições de ensino do mundo inteiro adotassem a modalidade de ensino remoto emergencial, para dar continuidade ao ano letivo. Nesse contexto, professores são demandados à reinvenção diária para dar seguimento às atividades pedagógicas. O período, embora desafiador, pode ser visto como promissor, no contexto educacional, ampliando o uso das tecnologias digitais no processo de ensinoaprendizagem, em todos os níveis de ensino.

Apesar das transformações parecerem forçadas, ela já vinha sendo construída há bastante tempo, porém a resistência em sua efetivação se dava em função dos custos ou mesmo a ausência de uma motivação maior que desencadeasse uma decisão consensual em larga escala. Essa construção anterior não deve ser confundida com o ensino à distância (EaD), que já era uma realidade consolidada e com nichos próprios bem antes da pandemia.

Nas considerações de Hodges (2020), o ensino remoto emergencial não pode ser confundido com a modalidade de Educação a Distância (EAD), pois a EAD conta com recursos e uma equipe de composição multiprofissional devidamente preparada para ofertar as atividades pedagógicas atrvés de diferentes mídias em plataformas on-line. Por outro lado, o ensino remoto não se destina a estruturar um ecossistema educacional permanente, mas tão apenas ofertar o acesso temporário a conteúdos curriculares que deveriam ser desenvolvidos presencialmente. Dessa forma, em consequência do período pandêmico, o ensino remoto emergencial tornou-se a principal alternativa das organizações educacionais de todos os níveis de ensino, porém sendo uma mudança temporária em face da crise sanitária.

As mudanças que ocorreram no sistema educacional tiveram que ser executas em curto prazo. Assim, praticamente de um dia para o outro os professores precisaram adaptar suas aulas presenciais para plataformas on-line com o emprego das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), mas a maioria não tinha preparação para isso ou só uma preparação superficial em caráter emergencial. No entanto incorporação das TDIC no cotidiano das instituições educacionais ainda enfrenta problemas de infraestrutura e de formação docente deficitária, pois são variáveis importantes que afetam diretamente em uma utilização crítica, intencional e produtiva das tecnologias (BRAGA, 2018; THADEI, 2018).

O Projeto Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica (EMPMT ) foi idealizado pela Secretaria de Estado de Educação e Qualidade no Ensino do Estado do Amazonas (SEDUC-AM), aprovado e autorizado pelo Conselho Estadual de Educação do Amazonas (CEEAM) sob a Resolução nº 27/2006/CEE-AM e Reconhecido pela Resolução nº 77/2010/CEE-AM, aprovada em 17/08/2010 (NASCIMENTO, 2017, p. 42). Também contou com apoio e suporte do Ministério da Educação e Cultura – MEC. Conforme se percebe nas datas das resoluções e da aprovação, o projeto não se deu em razão da pandemia, mas da necessidade de atender alunos residentes nos longínquos rincões do Estado (assentamentos agrícolas, aldeias indígenas, fazendas e comunidades ribeirinhas), sem precisar construir uma escola exclusiva para atender, às vezes, poucos alunos.

O programa EMPMT atende diversas comunidades rurais, as quais são organizadas em grupos, como por exemplo: a comunidade que possui escola e com maior número de estudantes, é chamada de Comunidade Polo, essa atende alunos de comunidades menores que encontram-se no seu entorno e que recebem os investimentos e equipamentos do Centro de Mídias para o funcionamento do programa, os equipamentos são antenas e kit tecnológico (computador com teclado e mouse, estabilizador/nobreak, webcam, microfone, impressora, TV de LCD 42’’, mais o acesso à internet), a fim de, alunos e professores se comunicarem em tempo real, por chats, e-mail e vídeo conferências (NASCIMENTO, 2017, p. 42).

Esse tipo de recurso faz uso de um sistema via satélite de videoconferência com interatividade em áudio e vídeo em tempo real, sendo que as aulas são produzidas por professores especialistas na área de cada componente curricular e transformadas em peças televisivas em uma central de produção educativa para TV com o uso de recursos midiáticos e ferramentas de comunicação e transmitidas diariamente ao vivo para todas as salas ao mesmo tempo.

A metodologia utilizada para fornecer o acesso a esse ensino é a blended learning que mistura o ensino presencial com o ensino à distância (EaD). Assim, é uma forma de ensino não convencional porque possui características de EaD com acompanhamento de um professor presencial. Portanto, os professores presenciais do Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica estão presentes diariamente na sala de aula, acompanham seus alunos durante todo o ano letivo e no desenvolvimento de todos os componentes curriculares.

Com esse recurso os professores desempenham a função de mediador facilitador, além de ser o responsável por coordenar e organizar os alunos em sala, responder as dúvidas, acompanhar o aprendizado, fiscalizar e registrar frequência e notas das avaliações, coordenar as atividades em sala chamadas de Dinâmica Local Interativa (DLI) e projetos interdisciplinares, tudo em um sistema de tutoria operando ferramentas como chat, e-mail e em tempo real utilizando a webcam e microfone. Cada turma assiste às aulas e executam as atividades passadas pelos professores em Manaus com o auxílio de um professor presente na sala.

Dentre as exigências, o professor presente na sala de aula é graduado, mas não precisa necessariamente ser especialista na disciplina trabalhada no módulo, mas recebe treinamento para manusear o material didático e os equipamentos. Após a exposição da aula, por meio de webcam ou chat, o aluno pode, na mesma hora, consultar os professores em Manaus sobre eventuais dúvidas no assunto estudado.

Esse modelo de ensino tem como objetivo assegurar aos estudantes da educação básica o acesso ao ensino médio, principalmente para aqueles que residem no meio rural em comunidades distantes das escolas de ensino regular. Assim, por meio de convênios com as Prefeituras municipais é possível garantir e manter a oportunidade desses estudantes poderem concluir a educação básica sem precisar se afastar do núcleo familiar, uma das causas da evasão escolar. Em alguns municípios, dada a precariedade dos servições de ecudação, o istema também promove a formação do nível fundamental para as localidades atendidas.

1.1.3. A Avaliação no Período da Pandemia

Nos dizeres de Silva e Delgado (2018) o processo de ensino e aprendizagem ocorre de diferentes formas e segundo eles “A função da educação é transformar sujeitos e mundo em algo melhor. O homem só entende o processo de construção do saber quando aprende a problematizar suas práticas”. Nesses termos, o objetivo do processo é a formação do estudante, como deverá ser capacitado e de quais formas a organização escolar pode ajudar em seu desenvolvimento pleno.

Cabe lembrar que a educação é um esforço conjunto, conforme se pode conferir nos Arts. 205 e 206 da Constituição da República (BRASIL, 1988), nos quais estão estabelecidos os objetivos e princípios que integram o direito fundamental à educação, o qual deve vislumbrar o desenvolvimento, preparo para a cidadania e qualificação profissional do cidadão brasileiro, conforme se vê no Art. 205:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

[…]

Como se pode perceber que os artigos apresentados são baseados na responsabilidade compartilhada, na igualdade, na solidariedade e na democracia.

Souza e Almeida (2020) defendem que atualmente a ação de avaliar é um processo investigativo e conflituoso e por outro lado, exige um enquadramento das ações docentes para promover aprendizagens significativas e melhoraria do ensino ofertado. Em razão disto, a avaliação não pode ser mais um obstáculo pedagógico, portanto se faz necessário romper com uma concepção avaliativa segregadora e meritocrática. Essa concepção, apesar de não ser intencional, cria categorias entre os alunos com base nos resultados obtidos nas avaliações. Rotulações como, por exemplo, “Aluno ou Aluno nota 10”, “Aluno ou Aluno abaixo da média”, “Aluno ou Aluna padrão”, “Aluno ou Aluna indesejável” são alguns exemplos da avaliação segregadora ou meritocrática.

De certo modo, outras formas de avaliação precisam ser pensadas ou concebidas, mas sem perder seu objetivo fundamental que é fornecer informações acerca das ações da aprendizagem e, por esse motivo, não pode ser realizada apenas no final do processo, pois dessa forma o seu objetivo principal, que é a aprendizagem do aluno, acaba se perdendo no caminho. 

Souza e Almeida (2020) fazem a seguinte reflexão: Com o intuito de garantir o direito de todos, em condições iguais de oportunidades e acesso, um grande desafio é articular toda diversidade existente no ambiente escolar aos conteúdos formativos que a escola deve trabalhar, com experiências concretas dos alunos em seu meio sociocultural. Em grande parte o que acontece é a falta de conecxão entre conteúdo trabalhado, ou da forma como é trabalhado, e a realidade da vida particular ou social do aluno. O conteúdo precisa fazer sentido de alguma forma prática para o aluno, o que pode incentivar a uma maior participação.

Na consepção de Libâneo (1994) o processo avaliativo escolar é uma tarefa didática necessária para o trabalho docente e que, imperiosamente, precisa ser acompanhado passo a passo no ensino e aprendizagem. Dessa forma, por meio da avaliação os resultados podem ser coletados no decorrer das atividades integradas entre professores e alunos, com a finalidade de constatar se houve progressos, dificuldades e, assim, orientar as correções necessárias. Essa interatividade pode levar também a uma maior interação entre professor e alunos, tornando o processo mais participativo e solidário. Tornar a avaliação constante e minimizando a idei de cobrança isolada pode potencializar o interesse do aluno em querer evoluir não só por uma questão de ter uma média melhor, mas como real resultado de seu esforço.

No entender de Hoffmann (2009), o processo avaliativo exige que se preste atenção diferenciada ao aluno(a), com o objetivo de conhecê-lo(a), ouvir seus argumentos e propor-lhe questões novas e desafiadoras, afim de guia-lo(a) rumo à tão necessária autonomia moral e intelectual. Uma vez convencido de que a educação é um caminho seguro para seu crescimento, nos mais diversos sentidos, é possível ajudar o aluno a evoluir conforme sua etapa de vida, integrando a aquisição de conhecimentos e os respectivos métodos e momentos de avaliação ao longo do processo de ensino e aprendizagem.

Kubo e Botomé (2001) são enfáticos em afirmar que: É frequente o uso dos substantivos “ensino” e “aprendizagem” para fazer referência aos processos “ensinar” e “aprender”. Raramente fica claro que as palavras referem-se a um

“processo” e não a “coisas estáticas” ou fixas. Nem sequer pode ser dito que correspondam a dois processos independentes ou separados. É fundamental entrar no mérito da questão, pois o ensino necessariamente está ligado aos professores e a aprendizagem aos alunos, porém é um processo só, mas fragmentado por conta de seus agentes desde que estejam em ação.

Freire (1971) já denunciava que essas expressões são compatíveis com o que ele definia ser uma “concepção bancária” de educação que não permitia o desenvolvimento de uma verdadeira “prática educacional” de forma adequada. Segundo o que afirmava Freire, esse modelo tem por base o “depósito” de ideias e conteúdos nos alunos, como se gravassem tudo automaticamente e sem questionamentos. Ainda sobre esse modelo é caracterizado por uma relação fortemente verticalizada e unilateral entre professor e aluno, educador e educando. No modelo o papel da professor é de ser meramente transmissor de conhecimentos que devem ser absolvidos de forma passiva.

Para Vygotsky (1998, apud SILVA e DELGADO, 2018), o aprendizado ocorre a partir de duas variáveis distintas: o processo e o produto. Onde o “processo” é aquilo que o aluno já conhece, ao passo que o “produto” é o que o aluno já possui adicionado dos conteúdos ensinados pelo professor que se transformam em novos conhecimentos. Portanto é um processo cíclico que se retroalimenta, mas precisa de parâmetros para se ter uma ideia clara sobre se está havendo evolução ou não em áreas específicas. A partir do momento em que o aluno para a ter contato com o mundo da escola “processo” e “produto” passam a ser dinâmicos e a cada encontro não são mais os mesmos.

Para Afonso (2014, p. 488) “A avaliação, ao longo da história, vem ganhando mais enfoque no campo da investigação educacional em função das mudanças sociais, gerando desafios nos espaços teóricos, metodológicos e práticos”. E isso é notório no campo da educação, dado que a dinâmica social molda a escola e a escola molda a dinâmica social por ser umas das portas de entrada de novos conhecimentos ou mesmo acalorando o debate sobre eles. Por outro lado a eficácia dos métodos avaliativos e as exclusões que ocorrem por conta deles são alguns dos conflitos entre a promessa do direito e acesso igualitário de todos à educação e o impacto dessas ações excludentes na escola.

Saraiva (2005) deixa claro que quando é realizada a avaliação da aprendizagem do aluno, também é avaliado o conjunto do ensino que é oferecido a ele, e quando é verificado que não ocorreu o resultado esperado da aprendizagem significa que o ensino não atingiu seus objetivos. Portanto, a avaliação 

Vilattore (2008) faz a defesa de uma avaliação que seja parte do processo de ensino e aprendizagem, composta de múltiplas ferramentas de avaliação de forma a incluir e complementar o que se quer como resultado positivo para todos os envolvidos.

Para Souza, Santos e Batista (2014) há de se dar importância ao papel do professor no processo de ensino e aprendizagem, assim expressam:

È dever do professor garantir uma relação didática entre ensino e aprendizagem, tendo em mente a formação individual da personalidade do aluno . Por meio da aula o docente organiza esse processo de ensino e transmite aos alunos o conhecimento adquirido durante seu processo de formação. O trabalho docente é parte integral do processo educativo aos quais os indivíduos são preparados para viver em sociedade, o educador deve formar alunos que sejam cidadãos ativos, reflexivos, críticos e participativos na sociedade em que vivem.

Hoffmann (2003) enfatiza que o processo de avaliação representa um compromisso do professor de investigar e acompanhar o processo de aprendizagem do aluno no seu cotidiano continua, gradativamente, buscando não só compreender e participar da caminhada do aluno, mas também intervir fazendo provocações intelectuais significativas, em termo de expressão de suas ideais.

1.2.   OS IMPACTOS DA PANDEMIA SOBRE A DINÂMICA DA VILA AMAZONINO MENDES

No tópico serão tratadas as questões referentes ao segundo objetivo específico, o qual está assim redigido: Descrever como esses impactos afetaram a dinâmica social e escolar dos alunos e professores da Escola Estadual Pedro Silvestre, em seu anexo localizado no meio rural de Manaus-AM/Brasil, no período de 2022-2023. Os impactos da crise sanitária sobre a educação também afetaram de forma severa os moradores da Agrovila Amazonino Mendes onde está localizado o anexo da Escola Pedro Silvestre, bem como as comunidades do entorno, onde moram alguns dos alunos matriculados na mesma escola.  

1.2.1. O Estado do Amazonas e sua Capital Manaus

O Estado do Amazonas é o maior em extensão do território brasileiro, que corresponde a 1.571.000 km2. Para se ter uma ideia dessa extensão toda, se o Estado do Amazonas fosse um país, seria o 19º em extensão do mundo[10]. Sua população estimada é de 4.269.995 habitantes (IBGE, 2021), sendo que mais de 80º dos habitantes vive na Zona Metropolitana de Manaus (ZMM). Pelo fato do Estado ter em seu território a Zona Franca de Manaus (ZFM) atrai migrantes dos estados vizinhos (Acre, Mato grosso, Pará, Rondônia, Roraima). O Estado apresenta dinâmica econômica voltada aos setores secundário e terciário, com destaque para os serviços e a indústria, que somam juntos mais de 80% do seu PIB.

Na divisão político-administrativa o Amazonas possui 2 municípios com sede de sua Capital, o município de Manaus, que concentra cerca de 52,25% da população do Estado. Como o estado é muito extenso, alguns municípios que são muito distantes da sede estadual e são fronteiriços com outros Estados acabam por se integrar à dinâmica social e econômica dos vizinhos do norte (Roraima), do leste (Pará), do sudoeste (Acre e Rondônia) e do sul (Mato Grosso), bem como com a Venezuela (ao norte), a Colômbia (norte e oeste) e Peru (oeste).

Com uma geografia rica, diversa e dinâmica, o Estado conta com a maior rede hidrográfica do país, clima tropical úmido, maior área de Floresta Amazônica reservada, regime de chuvas o ano todo, e ampla área de relevo fluvial, fator esse que favorece a navegação como meio de transporte e distribuição, principal infraestrutura de transporte do país. Seus principais cursos d’água são os Rios Amazonas, Solimões, Negro, Javari, Juruá, Madeira e Purus.

O Estado é cortado por três grandes rodovias federais. A BR 319 que liga o Amazonas a Rondônia e depois segue pra o sul do país, sendo uma estrada em condições precárias e que é bastante utilizada no período da seca. A BR 174, que liga a Manaus a Boa Vista (no Estado de Roraima na porção norte) é uma rodovia totalmente pavimentada e que apresenta boa infraestrutura o ano todo. O Estado também é cortado no sudeste pela BR 230, mais conhecida por Rodovia Tansamazônica, que se estende do Estado do Pará (ao leste) ao município de Humaitá, também apresenta infraesturura precária e é utilizada praticamente só no período da seca, mas sendo pouco trafegada.

Das demais atividades ligadas a essa composição do PIB amazonense, cerca de 10,5%, são relativos ao extrativismo vegetal com exploração de madeira, látex, açaí, castanha-do-pará e frutos da Amazônia, à bioindústria e ao turismo (principalmente o ecológico) ligado à Floresta e ao rio Amazonas e seus afluentes.

Conforme explanado anteriormente, a pandemia de corona vírus afetou drásticamente o Estado do Amazonas e sua Capital, conforme relata Negrão et. al (2022, p. 3) em sua pesquisa sobre aqueles acontecimentos:

No Amazonas, cenário deste estudo, a pandemia ganhou proporções extremas, colapsando os Sistemas de Saúde e Funerário, especialmente nos meses de janeiro e fevereiro de 2021. O debate acerca do controle da doença e as políticas de vacinação no Estado ganharam as manchetes dos noticiários em todo o mundo, desvelando condutas políticas corruptas e desvios financeiros que, inclusive, foram alvo de investigações por meio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID-19. Tal movimento de corrupção tem impactado o árduo trabalho dos profissionais que atuam na linha de frente da pandemia.

Estava evidenciado que os esforços deveriam ser canalizados para o Sistema de saúde Pública e que os demais sistemas deveiam buscar meios para acompanhar as dinâmicas desenvolvidas, mesmo que não fossem as ideais, mas que naquele momento a conjuntura exigia esforço diferenciado. As questões referentes à corrupção não fazem parte do objeto de estudo desta pesquisa, portanto, não serão comentadas.

Certamente os administradores do sistema de ensino precisaram mitigar, com o máximo de critério, as perdas sobre o desenvolvimento do ano letivo de 2020 e 2021 e seus ciclos. Por ser um Estado de dimensões grandiosas e de geografia desafiadora, as decisões não foram fáceis, dado que se sabia que as estratégias adotadas não seriam suficientes para compensar as perdas que a pasta sofreria. Questões como metodologias de urgência, mobilização, infraestrutura, tecnologia, capacitação de mão de obra, comunicação e muitas outras precisavam ser colocadas na balança das decisões para que se pudesse alcançar resultados minimamente satisfatórios para aquele momento tão delicado e desafiador.

Com agravo, há de se imaginar que comunidades isoladas ou distantes da Capital sofreram mais as consequências daquela assustadora realidade. Agravo maior para aquelas cujo isolamento já faz parte do cotidiano, mas sempre que necessário buscam os serviços oferecidos nos centros urbanos. Sobre isso tem-se:

Certamente, a pandemia descortinou alguns grupos que têm permanecido à margem de direitos básicos, vivendo historicamente quarentenas em seus cotidianos, o que nos impulsiona a refletirmos que, contrariamente ao que é evidenciado pela mídia e organismos internacionais, a quarentena não somente evidencia esses grupos, como enfatiza a injustiça e as diferenças sociais e o acesso à internet que ainda não chegou a todos (SANTOS, 2020).

Pode até ser contraditório, mas mesmo dentro do território da Capital, Manaus, existem localidades que sofrem com o isolamento, seja por questões ligadas à geografia da região rios principalmente), seja por questão da forma de viver de seus habitantes (cultura e/ou religião).

O município de Manaus, Capital do Estado do Amazonas, está localizado na margem direita do Rio Negro. Apesar de ser altamente urbanizado ainda mantém em seu meio rural algumas comunidades isoladas que só podem ser alcançadas por navegação fluvial, que é o caso da Agrovila Amazonino Mendes, que está situada na margem direita do Igarapé Tarumã-Mirim, afluente do Rio Negro.

Manaus é o município amazonense mais populoso, com população projetada de 2.054.731 habitantes (IBGE, 2022) e também o maior em população urbana. Pouco menos de 20% habita as centenas de vilas e localidades ribeirinhas do espaço rural. Concentra o comércio mais dinâmico, possui a maior rede de órgãos públicos de todas as esferas e também a maior quantidade de empresas prestadoras de serviços e profissionais liberais. No território municipal está instalada a a Zona Franca de Manaus, a qual goza de uma situação fiscal diferenciada para incentivar a instalação de indústrias nacionais e internacionais.

Na área rural do município de Manaus estão localizadas dezenas de agrovilas, comunidades indígenas, loteamentos e assentamentos, bem como centenas de propriedades ruaria que abrigam milhares de moradores que vivem em uma rotina mista de vida rural e vida urbana. Algumas dessas localidades podem ser acessadas por meio terrestre, sendo que muitas são atendidas pelo transporte público desenvolvido por meio de ônibus com linhas regulares. No entanto as algumas localidades ribeirinhas só podem ser alcançadas exclusivamente por meio fluvial por não terem rota terrestre que as conecte com a zona urbana do município. Por conta disso as viagens são realizadas por meio de embarcações dos mais diversos tipos e portes.

Segundo informações fornecidas pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED)[11], Manaus possui um sistema educacional vasto que inclui escolas municipais e creches. As escolas municipais são responsáveis por oferecer ensino fundamental e médio para as crianças e jovens da cidade. São mais de 500 escolas municipais que atendem a mais de 230.000 alunos em toda a cidade. As escolas municipais são bastante variadas em termos de tamanho, recursos e qualidade de ensino. Algumas escolas são grandes e bem equipadas, enquanto outras podem ser menores e com menos recursos.

A Escola Estadual Pedro Silvestre (objeto desta pesquia) pertence ao sistema de ensino estadual, mas funciona por meio de um convênio entre os Governos estadual e municipal, em que escolas municipais cedem seus prédios no turno da noite para que alunos das escolas estaduais frequentem o nível médio por meio do Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica (EMPMT) que é administrado pelo Centro de Mídias de Educação do Amazonas[12], subordinado à  Secretaria de Estado de Educação e Qualidade no Ensino do Estado do Amazonas (SEDUC-AM).

1.2.2. A Agrovila Amazonino Mendes

A Agrovila Amazonino Mendes está localizada na zona rural ribeirinha da Capital amazonense e que tem CEP 69049-992. Fica dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé (RDS Tupé). Não há estrada que a conecte à zona urbana de Manaus, portanto, a comunidade só pode ser alcançada por meio aquaviário em rota que inclui o Rio Negro e depois o Igarapé Tarumã-Mirim, um afluente. A viagem tem tempo médio de 45 minutos pequenos barcos particulares (de vários formatos e capacidades) que fazem o trajeto diariamente entre a Capital (portos localizados na praia do Tarumã) e a localidade. 

A comunidade tem como seu marco de fundação a data de registro em cartório, feito no dia 10 de abril de 1994. Está localizada no extremo nordeste da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, nas coordenadas 02°58’02,3”S e 60°12’35,2”W, margem direita do igarapé Tarumã-Mirim, sendo o seu principal meio de acesso por via fluvial, através deste mesmo igarapé, afluente do rio Negro. Na comunidade residem atualmente cerca de 200 famílias, que se distribuem na vila e ao longo dos igarapés que a permeiam igarapé do Acácio e igarapé do Caniço. Durante a pesquisa foi constatado que aproximadamente 20% dessas famílias têm dupla residência, com casa também na cidade de Manaus, e por isso não são moradores efetivos da comunidade (SOUZA e SCUDELLER, 2011, p. 500).

Nos arquivos da Escola Municipal Paulo Freire foi encontrado um texto que apresenta uma versão da fundação da localidade, assim descita:

No início de 1986, o Sr. Hugo Celso Ferreira Castro com sua esposa e filhos vieram residir num grande terreno a aproximadamente 20 Km de Manaus, na margem direita do Rio Tarumã Mirim. Em seguida foram chegando mais moradores com crianças formando uma pequena comunidade.

Na vila da comunidade concentra-se a maioria das casas, há a Escola Municipal de Ensino Fundamental Prof. Paulo Freire que oferece ensino fundamental (turnos da manhã e tarde) e que serve de anexo da Escola Estadual de Ensino Médio Ensino Médio Pedro Silvestre (à noite) por via TV. Na Vila também há cinco congregações religiosas – Igreja Católica, Igreja Atos dos Apóstolos, Assembléia de Deus Tradicional, Assembléia de Deus da Visão e Deus é Amor. Possui ainda cinco estabelecimentos comerciais (popularmente conhecidos por mercearias) (SOUZA e SCUDELLER, 2011, p. 500).

A água para consumo humano é conseguida à partir da captação em poço artesiano localizado na área da escola, tendo um pequeno sistema de distribuição, mas que não atende a todas as residências. Em relação ao sitema de de esgoto e recolhimento de lixo doméstico a Agrovila não conta com esses serviços, sendo feitos de forma individual com o uso de fossas sépticas e queima dos resíduos no fundo dos quintais. O fornecimento de energia elétrica se dá por meio do Programa Luz para Todos, do Governo Federal (SOUZA e SCUDELLER, 2011, p. 501).

A comunidade tem sua economia baseada em atividades primárias lastreadas na agricultura familiar, tais como criação de animais domésticos de pequeno porte (frangos, patos e perus), agricultura com cultivo de hortifrutis (frutas, legumes, verduras, tuberculos e ervas). Algumas famílias se dedicam à pesca artesanal para consumo próprio e venda dos excedentes. A produção de farinha de mandioca funciona basicamente para consumo dentro da própria localidade. Por estar localizada dentro de uma área de presentcação ambiental, o uso extensivo do solo não é pertmitido, o que garante uma natureza bem presenvada.

A Figura 1 abaixo apesentam a Agrovila Amazonino Mendes em sua localização em relação à cidade de Manaus: 

FIGURA 1- LOCALIZAÇÃO DA AGROVILA AMAZONINO MENDES EM RELAÇÃO À CIDADE DE MANAUS

 Fonte: Disponível em: <https://www.google.com/maps/@-2.9661014,-60.2152652,17z?authuser=0>. Acesso em: 23 mar. 2023.

1.2.3. Impactos no Anexo da Escola Estadual Pedro Silvestre

A confecção deste tópico é totalmente baseada no método descritivo, como fruto da coletas dos dados e informações obtidos na pesquisa de campo junto à administração escolar e moradores da Agrovila Amazonino Mendes. O fato da pesquisadora ficar na vila durante os dias da semana para trabalhar permitiu uma proximidade e interação que permitiram entender a dinâmica social daquela comunidade e de outras localidades próximas, como por exemplo a Tribo indígena Yumuatirisa Ruka, que fica localizada do outro lado do Igarapé Tarumã-Mirim.

Conforme dito anteriormente, o anexo da E.E.E.M. Pedro Silvestre funciona por meio de um convênio entre o Governo do Estado do Amazonas e a Prefeitura Municipal de Manaus, situação padrão que ocorre em todo o território amazonense. O programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica (EMPMT), desenvolvido pela Secretaria de Educação e Qualidade de Ensino (SEDUC/AM), a qual dá o suporte necessário para o desenvolvimento da modalidade EaD, mas enfrenta problemas decorrentes das dificuldades de manutenção dos equipamentos, os quais fazem parte de um kit tecnológico que inclui TV de 40”, computador, antena para captação do sinal de satélite e acessórios eletroeletrônicos.

A Escola Estadual de Ensino Fundamental Pedro Silvestre tem nome em homenagem ao notável professor Pedro Silvestre, que nas décadas de 1930 a 1970 labutou na educação nas escolas da Capital amazonense, inclusive tendo recebido da Câmara Municipal de Manaus o título de “Cidadão de Manaus” em 1961. A sede da escola está localizada na Rua Rio Branco, nº 41, bairro São Raimundo, CEP 69027-034. Além da sede, tem sob sua administração anexos que funcionam em outras escolas (em geral municipais) nas quais funciona o Ensino Médio no turno da noite por meio do Ensino Médio Presencial com Mediação tecnológica (PPP 20212014, p. 6).

Com essa dinâmica operacional, a escola consegue atender muitos alunos sem que esses precisem sair de sua comunidade ou localide, no entanto quando precisam de algum tipo documento precisam se reportar à escola por meio eletrônico ou ir pessoalmente à secretaria escolar para protocoloar , acompanhar o andamento e receber tal expediente. 

Assim como os alunos, os professores lotados na escola precisam desenvolver suas atividades administrativas na sede, são atividades como reuniões pedagógicas, treinamentos, planejamento, assinatura da folha de ponto, protocolos etc. A escola tem como missão, visão e valores a seguinte filosofia: 

Missão:

Por ser um dos alicerces e um dos mais importantes redutos morais da sociedade, cabe à Escola a missão de preservar a formação do indivíduo em sua totalidade (física e psicológica), visando ao bemestar coletivo, em especial as comunidades que atende.

Visão:

Ser uma Escola de referência a nível local, regional e nacional por conta do sucesso acadêmico, social e profissional dos seus alunos, pela qualidade do seu ambiente interno e relações externas e pelo elevado grau de satisfação da comunidade escolar.

Valores:

A chave para o sucesso da instituição é trabalhar incansavelmente lastreada nos valores como ética, justiça, dignidade, amor, respeito, paz, responsabilidade, solidariedade, amizade, empatia, fraternidade, compreensão, honestidade, autodisciplina, confiança, perseverança e resiliência, não de modo esporádico e superficial, mas de forma consciente, contíunua e frutífera (PPP 2021-2014, p. 7).

Quanto ao anexo que funciona nas dependências da Escola Municipal Paulo Freire, localizado na Agrovila Amazonino Mendes, nos registros da administração foi encontrado um texto que versa como surgiu a escola, assim resenhado:

Em 1996 fizeram um chapéu coberto com palhas próximo ao Rio Tarumã Mirim e o Senhor Hugo deu o nome à escolinha de Escola Paulo Freire. Reuniram-se perto de 20 crianças e começou a ensinálas, a professora escolhida foi a esposa do Sr. Hugo, Doa Jonatas Guimarães de Menezes.

A escolinha foi crescendo e em 1996 a SEMED passou a dar assistência aos alunos, com merenda e algum mobiliário. Marcarm a inauguração para junho de 1997 e com uma grande festa a Escola foi entregue a comunidade co o nome de Escola Municipal Paulo Freire.

De forma paralela às atividades em sala de aula, é desenvolvido um momento de convivência e educação física que tem por objetivo de cuidar da saúde física e mental dos estudantes, pois contribui para a socialização e pode ajudar na formação de uma consciência solidária e cidadã dentro da comunidade, além de permitir a participação em competições oficiais de alto rendimento. Além disso, já era hora de diversificar as práticas esportivas, dado que na comunidade prevalecem o futebol de campo e o jiu-jitsu. essas atividades são desenvolvidas na área eterna da escola e no Centro Cultural Sabaoth, onde também acontecem as aulas de jiu-jitsu.

Apesar da utilização permanentemente franqueada, o Centro Cultural Sabaoth não é uma extensão da Escola Paulo Freire, sendo que é um espaço anexo de uma Igreja Evangélica cujos dirigentes disponibilizam o epaço para o desenvolvimento de atividades de socialização e integração com os comunitários e integrantes da Tribo indígena Yumuatirisa Ruka (de etnia Baré), cujos habitantes mantém relações sociais e econômicas com os comunitários da Agrovila e de onde alguns estudantes matriculados na Escola Pedro Silvestre são oriundos.

Por meio de pesquisa do PNAD/IBGE (2021) foi relatado que a execução do uso do ensino remoto possui como maior dificuldade a realidade de um número significativamente reduzido de alunos que têm acesso às tecnologias digitais. Isso é um recorte da realidade não somente local, mas mundial. Apesar da comunidade da Agrovila Amazonino Mendes estar localizada em uma área contemplada por uma Zona Franca, em que os produtos em geral são mais baratos, a situação financeira de grande parte da população manauara não permite ter à disposição meios variados e permanentes de acesso aos meios digitais, o que acaba sendo feito de forma paliativa pela utilização de aparelhos celulares ou uso de tecnologias disponibilizadas pelo poder público (federal, estadual e municipal).

No período em que a pandemia foi decretada havia uma crença que o fato da Agrovila estar em local afastado da zona urbana seria suficiente para evitar os casos de contaminação, porém isso se mostrou falho, pois o fato de grande parte dos moradores possuir residência na comunidade e na cidade fez com que pessoas contaminadas chegassem e espalhassem a doença. O resultado disso foi a contaminação e morte de alguns membros da comunidade, inclusive indígenas da Tribo Yumatirisa Ruka. Esse contexto surtiu grande impacto sobre as atividades escolares como um todo, pois as aulas foram suspensas por um tempo para que as medidas sanitárias decretadas pelo Governo fossem aplicadas.

As aulas no anexo funcionam de forma padronizada, com os recursos fazendo uso do sistema via satélite de videoconferência com interatividade em áudio e vídeo, sendo transmitidas diariamente em tempo real para todas as salas ao mesmo tempo. No momento da aula, um professor mediador acompanha a turma e tira as dúvidas que surgem durante a aula. Esse professor mediador ajuda a manusear o material didático e acompanha o desenvolvimento e desempenho dos alunos por meio de exercícios e aplicaçãode avaliações periódicas.

Ocorre que o início da pandemia coincidiu com o final das férias escolars referentes ao ano de 2019, o que fez com que as transmissões não retornassem na data prevista, que era na metade do mês de fevereiro de 2020. Então o sistema ficou fora do ar por um tempo por conta da administração precisar encontrar uma solução quanto a permanência do(a) professor(a) em sala de aula durante as transmissões. Como a situação geral era de grande gravidade, a paralização das aulas não foi sentida de imediato, pois os alunos ainda estavam em ritmo de férias escolares. No entanto, a situação da pandemia não foi contida como imaginavam as autoridades, de tal forma que o calendário escolar foi sendo continuamente adiado, tendo findado o primeiro semestre do ano letivo de 2020 sem perspectiva de retorno das aulas presenciais.

Dada a manutenção do protocolo sanitário, em que o isolamento social e a proibição de aglomerações ainda vigoravam, a solução encontrada foi o retorno das aulas com a transmissão sendo feita sem a presença de professores mediadores, bem como os próprios alunos deveriam operar os equipamentos, mas com os devidos cuidados. Esse retorno se deu no mês de agosto de 2020, senguindo as regras de distanciamento social dentro da sala de aula, o que foi possível, pois as turmas contavam com poucos alunos e alguns não compareciam regularmente.

Para frequentar as aulas, os alunos precisavam fazer uso do álcool em gel para acepcia das mãos e materiais, não compartilhar objetos, sentar-se distantes uns dos outros e usar máscara facial. O retorno trouxe alívio aos estudantes, principalmente aos que precisavam cursar o 3º Ano para encerrar o ciclo e poder se habilitar a cursar o nível superior.

Inicialmente a situação teve uma solução razoável, porém logo se mostrou dificultosa para osalunos, pois não tinham como tirar eventuais dúvidas que, em geral, eram sanadas pelo professor mediador. Apesar do aluno poder se comunicar via chat com o Centro de Mídias, naquele momento não era possível, por conta que a internet disponível só conseguia atender a demanda local e também por conta de eventuais congestionamentos nos canais de atendimento do Centro. Com o tempo os alunos perceberam o quanto era necessário a presença do profissional de mediação durante as transmissões. O rendimento caiu e as duvidas se acumulavam.

Para os estudantes do 1º Ano foi mais dificultoso ainda, pois a transição entre os níveis fundamental e médio não teve o devido acompanhamento pedagógico e isso prejudicou em muito a compreensão de muitos conteúdos. Para os alunos do 3º Ano também foi frustrante encerrar o ciclo em meio a dificuldades decorrentes da falta de acompanhamento, pois é justamente o ano em que há a preparação para participar da prova do ENEM, na qual a nota aferida é determinante para o ingresso ou não em uma Instituição de Ensino Superior (IES).

Nesse processo de retomada das aulas sem apoio, muitos alunos passaram a faltar as aulas, o que os levou a ter um rendimento bem abaixo do esperado em situações de normalidade. Mas isso não era uma situação isolada, era um fenômeno que afetava todos os sistemas de ensino no Brasil. Dessa forma, como solução para evitar a evasão e a reprovação, os sistemas de ensino optaram por promover os alunos ao nível escolar seguinte. Claro que ocorreram muitas discursões a cerca da medida, mas foi a mais razoável a se adotar naquele momento. 

1.3.   COMO         TIRAR          PROVEITO   INSTITUCIONAL    DOS         IMPACTOS DECORRENTES DA PANDEMIA

Segundo Silva et. al (2022), citando outros autores:

A crise sanitária atual provocada pela COVID-19 trouxe grandes impactos para o mundo em termos sociais, econômicos e políticos e evidenciou a vulnerabilidade e o sentimento de impotência vivenciados por todos os países do globo (Leach, MacGregor, Scoones, & Wilkinson, 2020).

Passada a crise, ou pelo menos tendo sido controlada e ficado menos intensa é preciso olhar em como construir um cenário resiliente e mais seguro. A capacidade de recuperação do ser humano é inquestionável, tendo se mostrado acima das expectativas em muitos momentos difíceis da história. Sobre a resiliência, Taboada et. al (2006, p. 105) explica: 

Nas ciências humanas, poderíamos definir inicialmente resiliência como a capacidade que alguns indivíduos apresentam de superar as adversidades da vida.

A maioria dos estudos sobre a resiliência estão relacionados direta ou indiretamente com eventos geradores de estresse e que aumentam a probabilidade do(s) sujeito(s) apresentar(em) dificuldades, com possibilidade de desenvolver(em) uma série de problemas. Situações assim caracterizadas recebem o nome de Fatores de Risco (TABOADA et. al, 2006, p. 109). Sobre os fatores de risco, são definidos como os fatores presentes ou relacionados ao ambiente econômico, psicológico e familiar que possuem uma grande probabilidade de causar danos sociais evidentes (GRUSPUN, 2002). No caso da pandemia decorona vírus esse ambiente foi o da saúde.

De outra forma, com vistas a um olhar inviesado sob a ciência tem-se que:

Nesse contexto, um fato vem chamando a atenção da ciência: como alguns indivíduos, apesar de todo um contexto de adversidade e intenso estresse, conseguem se desenvolver de maneira saudável, correspondendo às expectativas sociais? Na trilha dos estudos sobre tal fato encontramos um novo constructo em desenvolvimento: a resiliência (TABOADA et. al, 2006, p. 105).

A questão posta é: será possível tirar proveito institucional dos impactos decorrentes da pandemia de corona vírus sobre a educação, em específico no anexo da Escola estadualpedro Silvestre, cujas turmas são atendidas pelo programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica (EMPMT).

A reflexão sobre tirar vantagem de uma situação dif´cil não é uma novidade ligada ao Capitalismo, como se poderia imaginar inicialmente, mas já era explorada de forma filosófica na era Antiga. Em especial é citado o filósofo grego Plutarco (46 a 120 d.C.) como um estrategista que se referia a essa questão de forma analítica e lógica. Em uma célebre refrência a esse filósofo da escola platônica em que em dada ocasião escreve uma carta para um amigo demonstrando que nem sempre podemos agradar a todos – e que isso não é um mal. Plutarco, como um bom estrategista, explicou que “um homem comum quer evitar as situações complicadas, mas que um homem ponderado sabe tirar proveito mesmo das situações difíceis”. 

Assim, se pode deduzir que tirar proveito de uma situação difícil ou adversa é bem mais que uma reação natural baseda no instinto de sobrevivência humana, mas uma parte notável de um processo de reação organizada e com foco na tomada de decisão. Sobre a tomada de decisão é importante salientar que se trat de um processo que consiste em optar por uma alternativa dentre todas as que estão disponíveis no momento. No âmbito institucional, a tomada de decisão tem relação com a escolha de um caminho que ofereça os melhores resultados, em conformidade com a estratégia e os objetivos da organização.

Nesta pesquisa a expectativa é de que por meio dos questionários, entrevistas e observação seja possível identificar os impactos negativos e positivos se deram sobre a dinâmica da comunidade escolar estudada e, a partir dos resultados, fazer inferências sobre o que se quer atingir. 

2. METODOLOGIA

2.1.      PROJETO DE PESQUISA

Etimologicamente, “metodologia” significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma pesquisa científica. Segundo Gerhardt e Silveira (2009, p. 12), “Metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para fazer ciência”. Assim, metodologia é o estudo do método composta por um conjunto de regras e procedimentos determinados para realizar uma pesquisa. 

Nas considerações de Gil (2007), a pesquisa é definida como um procedimento racional e sistemático que tem o objetivo de obter respostas para perguntas propostas, pois o início de uma pesquisa é uma pergunta ou um questionamento. Essas tentativas de responder ao questionamento induzem a uma ou mais hipóteses que levem à pertinente solução.

Quanto às hipóteses, para Da Silva e Menezes (2005) “são suposições colocadas como respostas plausíveis e provisórias para o problema de uma pesquisa. As hipóteses são provisórias porque poderão ser confirmadas ou não com o desenvolvimento da pesquisa”. Para Lakatos e Marconi (2017), a hipótese é caracterizada pela consistência lógica, por ser verificável, simples e relevante, por ter base teórica, ser específica e plausível, apresentar clareza e profundidade, fertilidade e originalidade.

A pesquisa foi realizada pela própria pesquisadora, com o uso de recursos financeiros e materiais próprios. A investigação envolveu um levantamento sucinto a respeito dos impactos positivos e negativos ocasionados pelo contexto da pandemia de covid-19 na Agrovila Amazonino Mendes por meio de aplicação de questionários semiestruturados, pesquisa bibliográfica e de campo. O fato da pesquisadora residir na Agrovila e trabalhar no anexo da Escola Pedro Silvestre estabeleceu condições favoráveis para que o cronograma de atividades fosse cumprido sem dificuldades, mesmo com a ocorrência de imprevistos de força maior.

Como toda e qualquer pesquisa, surgiram dificuldades de duas formas. A primeira estrutural, por conta da dificuldade em se levantar informações externas e institucionais com exatidão e celeridade, pois o Estado do Amazonas é grande e manter atualizado o banco de dados não é tarefa fácil para as organizações governamentais. A segunda foi conseguir tornar o resultado da pesquisa local em algo de âmbito genérico que possa ser útil do ponto de vista institucional, para que haja avanços no sistema como um todo ou em grande parte dele.

Escolher bem o objeto de estudo, assim como definir com clareza e precisão o problema da investigação contribuem bastante para que seja encontrado o melhor caminho a percorrer na trajetória da pesquisa científica. Nos dizeres de Minayo (1994), “[…] toda investigação se inicia por um problema, uma questão, dúvida ou uma pergunta já existente em conhecimentos anteriores, mas que também possam vir a suscitar novos referenciais”.

Do ponto de vista da natureza, a Pesquisa é Exploratória, pois “objetiva gerar conhecimento para aplicação prática e dirigida à solução de problema específico e que envolve verdades e interesses locais” (DA SILVA e MENEZES, 2005). Do ponto de vista do procedimento técnico, é Documental, uma vez que em sua elaboração serão manipulados dados ainda não tratados analiticamente. Da forma de abordar o problema, é um estudo Empírico, quantitativo e qualitativo.

Empírico por se valer da utilização da experiência profissional da autora e dos colaboradores, bem como da leitura dos referenciais que dialogam com a temática. Quantitativo por buscar quantificar os dados a serem obtidos sobre os dados informados pelos Alunos e Profissionais da Educação que colaboraram com o preenchimento dos questionários. Qualitativo por buscar analisar e contextualizar, dentro de parâmetros técnicos, as informações coletadas.

Há necessidade de se abordar a ética na pesquisa. Segundo Japiassú e Marcondes (2016, p. 97), “a ética é originada do termo grego “ethike”, que diz respeito aos costumes e à ação humana que busca dar valor social e consciência moral, num princípio de justiça e harmonia”. Assim, o pesquisador deve se ater à questão primordial do valor social de sua produção. Para Lígia Simonian (2005, apud CARNEIRO, 2016, p. 121), “[…] se a pesquisa é produzida adotando as orientações das Ciências Humanas ou da Antropologia, por certo implicará em muitas possibilidades de uso para a população envolvida”.

Nos dizeres de Chauí (2019, p. 67), “Ética é o estudo dos valores morais (virtudes), da relação entre vontade e paixão, vontade e razão; finalidades e valores da ação moral; ideias de liberdade, responsabilidade, dever, obrigação, […]”. A “ethike” surge baseada no ideal grego de justa medida com equilíbrio nas ações humanas. Já a tal “justa medida” é uma busca pelo engajamento do agir humano de modo que o mesmo seja bom e igual para a coletividade. O espaço individual dos envolvidos precisa ter garantia de autonomia e racionalidade. Tais princípios buscam um agir do modo mais adequado quanto possível dentro da moral e da cultura. 

Hannerz (1997, apud CARNEIRO, 2016, p. 121) aduz uma característica primordial da cultura para que se mantenha perene, tem que ser dinâmica, ou seja, “[…] as pessoas, enquanto atores e redes de atores têm de inventar cultura, refletir sobre ela, fazer experiências com ela, recordá-la (ou armazená-la de alguma maneira), discuti-la e transmiti-la”.

A legislação brasileira é omissa quanto ao tema relacionado à ética na pesquisa no campo das ciências humanas, para tanto é adotada a Resolução nº 466/2012, oriunda do Conselho Nacional de Saúde (CNS), a qual preconiza:

[…] no uso de suas competências regimentais e atribuições conferidas pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e pela Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, e Considerando o respeito pela dignidade humana e pela especial proteção devida aos participantes das pesquisas científicas envolvendo seres humanos; Considerando o desenvolvimento e o engajamento ético, que é inerente ao desenvolvimento científico e tecnológico; Considerando o progresso da ciência e da tecnologia […] R E S O L V E: Aprovar as seguintes diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos: […] II – DOS TERMOS E DEFINIÇÕES [..] II.14 – pesquisa envolvendo seres humanos – pesquisa que, individual ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos; II.15 – pesquisador – membro da equipe de pesquisa, corresponsável pela integridade e bem-estar dos participantes da pesquisa; II.16 – pesquisador responsável – pessoa responsável pela coordenação da pesquisa e corresponsável pela integridade e bemestar dos participantes da pesquisa; […] III – DOS ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS As pesquisas envolvendo seres humanos devem atender aos fundamentos éticos e científicos pertinentes (BRASIL, 2012).

Observa-se que o trabalho de pesquisa precisa ser focado nas questões da preservação de integridade dos envolvidos e outras questões para segundo plano. No que se refere ao conhecimento, há dois tipos principais: o popular e o científico. O popular (ou vulgar ou senso comum) é caracterizado pela superficialidade, subjetividade, por não ser sistemático e não acrítico; O científico prioriza aquilo que é factual, pois lida com ocorrências. Sua construção é conhecimento contingente, dado que suas proposições ou hipóteses têm veracidade ou falsidade obtida por meio da experiência e não somente pela razão, pois é sistemático, verificável e falível (LAKATOS; MARCONI, 2017, p. 77).

Para Gerhardt e Silveira (2009, p. 12), “Metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para fazer ciência. Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma pesquisa científica”. Fonseca (2002, p. 11), acrescenta: “O método científico envolve experiências exatas, objetivas e sistemáticas. Regras fixas para a formação de conceitos e condução de observações, para a realização de experimentos e para a validação de hipóteses formuladas”. Assim, metodologia é o estudo focado no método, sendo o conjunto de regras e procedimentos definidos para a realização de determinado estudo. 

Nos dizeres de Gil (2007, p. 172), a pesquisa pode ser definida como um procedimento de caráter racional e sistemático que objetiva obter respostas a problemas propostos, sendo que tal pesquisa contem algumas fases, que vão desde a concepção do problema até a apresentação e análise do(s) resultado(s). O início de uma investigação ou pesquisa é a pergunta ou questionamento para a qual se procura uma ou mais respostas. As tentativas de responder a tal questão induzem a uma ou várias hipóteses que resultem em uma solução.

À cerca das hipóteses, Silva e Menezes (2005, p. 86) definem que “[…] são suposições colocadas como respostas plausíveis e provisórias para o problema de uma pesquisa. As hipóteses são provisórias porque poderão ser confirmadas ou não com o desenvolvimento da pesquisa”. Pode-se também afirmar que a hipótese se caracteriza por apresentar consistência lógica, por ser verificável, ser simples, ter relevância, ter base teórica, ser específica, ser plausível, apresentar clareza e profundidade, apresentar fertilidade e originalidade (LAKATOS e MARCONI, 2017).

Quanto à abordagem do problema, Silva e Menezes (2005, p. 20) entendem que a pesquisa pode ser quantitativa ou qualitativa. A pesquisa quantitativa valoriza a quantificação, a representação por meio de números, quantidades, opiniões e informações para depois classificar e analisar por meio de critérios predeterminados. Já a qualitativa, admite uma relação entre a realidade e o indivíduo, ou seja, um vínculo existente entre o objetivo e a subjetividade do indivíduo, que é indissociável e difícil de ser traduzido numericamente.

Na presente pesquisa, foram utilizados o método Exploratório e o método Descritivo. Na primeira parte foi lançado mão da pesquisa bibliográfica, com exploração de textos de natureza qualitativa e quantitativa. Segundo Gil (1991, apud SILVA e MENEZES, 2005, p. 21), “do ponto de vista dos procedimentos técnicos, a pesquisa bibliográfica é aquela que é elaborada a partir de material já publicado, constituído, principalmente, de livros, artigos de periódicos e, atualmente, com material disponibilizado na Internet”. Buscou-se o máximo de obras publicadas há pelo menos nos últimos 20 anos, no entanto a carência de obras sobre os temas abordados direcionados para a região ainda é um entrave.

As análises, recomendações e propostas foram apresentadas a partir da observação documental e bibliográfica de textos oriundos dos meios acadêmico e governamental, assim como dados coletados de órgãos oficiais, principalmente o IBGE. Com os dados dos questionários aplicados serão construídos quadros, tabelas e gráficos que deverão possibilitar demonstrar com mais clareza os resultados e análises do contexto da pesquisa. Evidente que nem tudo se pode retratar, pois a realidade possui variáveis que nem sempre conseguimos observar com clareza e alguns sequer precisam ser quantificadas por não terem qualquer importância ou imacto sobre o objeto da pesquisa.

A pesquisa foi realizada com o uso de recursos financeiros e materiais próprios. A investigação envolveu um levantamento sucinto a respeito dos impactos positivos e negativos ocasionados pelo contexto da pandemia de covid-19 na Agrovila Amazonino Mendes por meio de aplicação de questionários semiestruturados, pesquisa bibliográfica e de campo. O fato da pesquisadora trabalhar no anexo da Escola Pedro Silvestre estabeleceu condições favoráveis para que o cronograma de atividades fosse cumprido com poucas dificuldades em coletar os dados necessários.

A pesquisa foi desenvolvida por meio da aplicação de questionários e entrevistas junto a professores e estudantes do Ensino Médio do Anexo da E.E.E.M. Pedro Silvestre para se obter dados referentes aos Identificar os impactos positivos e negativos que ocorreram durante a gestão dos processos de ensino, aprendizagem e avaliação no âmbito do Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica, bem como descrever como esses impactos afetaram a dinâmica social e escolar dos estudantes e professores, para ao final analisar como é possível tirar proveito institucional dos impactos provocados pelo contexto da pandêmico e uso intensivo dos meios tecnológicos na educação. 

2.1.1. Tipo de pesquisa 

O corpo do texto teve uma abordagem e enfoque de natureza, exploratória e descritiva, forma de abordar o problema qualitativa e quantitativa à cerca do que foi observado e coletado junto à comunidade Agrovila Amazonino Mendes, onde está situada a escola em questão.

2.1.2 Enfoque

O enfoque, trata-se de uma abordagem, qualitativa e quantitativa, adotando como procedimento técnico pesquisa documental e levantamento operacionalizado através de análises. Deste modo, através da classificação das fontes possibilita a realização de um julgamento qualitativo complementado por “estudo estatístico comparado” (FONSECA, 1986).

O enfoque quantitativo visa coletar fatos concretos: números. Dados quantitativos são estruturados e estatísticos. Eles formam a base para tirar conclusões gerais da sua pesquisa. O enfoque qualitativo coleta informações que não buscam apenas medir um tema, mas descrevê-lo, usando impressões, opiniões e pontos de vista. A pesquisa qualitativa é menos estruturada e busca se aprofundar em um tema para obter informações sobre as motivações, as ideias e as atitudes das pessoas. Embora essa abordagem proporcione uma compreensão mais detalhada das perguntas da pesquisa, ela dificulta a análise dos resultados.

2.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA

A pesquisa foi realizada ao longo de 18 (dezoito) meses no anexo da Escola Estadual Pedro Silvestre localizado no meio rural do município de Manaus-AM, na Agrovila Amazonino Mendes, às margens do Igarapé Tarumã-Mirim. Apesar de a escola funcionar nos 3 (três) turnos, a população a ser pesquisada se concentra no turno noturno, sendo 3 (três) turmas atendidas pelo Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela Secretaria de Estado de Educação e Qualidade no Ensino (SEDUC).

Cada turma conta com um professor que media as disciplinas ministradas ao longo do ano letivo. O quantitativo de alunos por turma é o seguinte:

  • 1º Ano: 10 (dez) estudantes,
  • 2º Ano: 12  (doze) estudantes, – 3º Ano: 10  (dez) estudantes.

Dado o tamanho do universo, a amostra será dividida da seguinte forma:

  • Para questionários: 100% para professores e estudantes;
  • Para entrevistas: 100% para professores e 15% para estudantes por turma. 

Os instrumentos de pesquisa foram questionários respondidos pelos professores e estudantes no próprio espaço escolar e entrevistas direcionadas em momentos que não atrapalhassem o horário escolar. Os questionários foram aplicados em 100% da quantidade de professores e alunos, já as entrevistas abrangeu todos os professores e 15% dos estudantes por turma, o que totalizou 4 (quatro) entrevistas. Para facilitar a descrição e aferição das entrevistas professores e estudantes foram identificados com a seguinte nomenclatura simplificada: Professores por P1 (1º Ano), P2 (2º Ano) e P3 (3º Ano); Estudantes por E1 (1º Ano), E2 e E3 (2º Ano) e E4 (3º Ano). 

As perguntas das entrevistas se basearam em lacunas deixadas pelo resultado dos questionários e pontos que se apresentaram com maior relevância para exploração. Essas lacunas se às origens e geografia do local, à dinâmica social da comunidade, as relações entre a comunidade e a vizinhança, o deslocamento entre a localidade e a Capital Manaus e algumas peculiaridades identificadas como pertinentes à pesquisa. Não houve questionário padronizado, pois as perguntas e respostas surgiram no decorrer da conversa e foram devidamente anotadas.

No bloco da pesquisa de natureza descritiva, foi feita a aplicação de 2 (dois) modelos de questionário. O primeiro, na quantidade de 3 (três), direcionado para professores, contendo 12 (doze) questões. O segundo, na quantidade de 12 (doze), direcionado para os estudantes, contendo 11 (onze) questões.

Tantos professores quanto estudantes pertenciam à escola onde se deu a pesquisa. Os questionários objetivavam coletar informações sobre os trabalhos desenvolvidos em relação aos impactos da pandemia sobre a dinâmica escolar e da comunidade. A aplicação do questionário seguiu as orientações de Gil (2007, p. 44):

As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob esse título e uma de suas características mais significante está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

Os dados iniciais que serviram de base para definição da quantidade de questionários foram obtidos com a computação da quantidade de estudantes matriculados nos anos incluídos na pesquisa. Por se tratar de uma comunidade que tem facilidade de mobilidade para se deslocar para a Capital Manaus, uma parte dos estudantes já não mora na comunidade, o que exigiu um trabalho de conversa com parentes e conhecidos para que fosse realizada a localização deles. 

2.3. TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Na parte descritiva da pesquisa foi feita a aplicação de 02 (dois) modelos de questionário (apêncides C e D) contendo quantidade de diferentes de questões, com o objetivo de identificar a realidade e a percepção dos professores e dos estudantes sobre questões relacionadas à pandemia e seus impactos havidos no período letivo e seus desdobramentos. A aplicação e coleta dos dados dos questionários ocorreram entre os meses de janeiro e abril de 2023, sob a orientação da própria autora. Algumas dificuldades ocorreram por conta da mudança de endereço de alguns estudantes, mas que foram superadas pelo colaboração de familiares e empenho da pesquisadora em localizar os mesmos na zona urbana de Manaus e conseguir a respectiva participação. A identificação e localização dos professores também seguiu a mesma lógica de dificuldades, mas da mesma forma como aconteceu no caso dos estudantes, a situação de dificuldade foi superada.

Nas coletas das informações foram selecionados apenas os professores que estavam atuando em sala de aula e os alunos que frequentaram as aulas durante a pandemia, uma vez que esses indivíduos teriam maiores possibilidades de trazer à tona a realidade vivida naquele momento. Os dados iniciais obedeceram à seguinte quantificação de estudantes contida no Quadro 1:

As porcentagens de questionários e entrevistas que foram aplicados obedeceram à seguinte quantificação apresentada na Tabela 2:

Conforme exposto anteriormente, para facilitar a descrição e aferição dos questionários e entrevistas de professores e estudantes foram identificados com a seguinte nomenclatura simplificada: Professores por P1 (1º Ano), P2 (2º Ano) e P3 (3º Ano); Estudantes por E1 (1º Ano), E2 e E3 (2º Ano) e E4 (3º Ano).

Quanto as perguntas das entrevistas, estas se basearam em lacunas deixadas pelo resultado dos questionários para que pontos que se apresentaram com alguma relevância para exploração fossem aresentados. Tais lacunas se referem às origens e geografia do local, à dinâmica social da comunidade, as relações entre a comunidade e a vizinhança, o deslocamento entre a localidade e a Capital Manaus e algumas peculiaridades identificadas como pertinentes à pesquisa. Durante as entrevistas não houve perguntas padronizadas, sendo as mesmas elaboradas no momento da conversa e devidamente anotadas.

2.3.1. Procedimentos e Aplicação dos Instrumentos

O primeiro modelo de questionário foi direcionado aos professores (total de 3), ocasião em que se buscou obter informações sobre a atuação funcional, como desenvolveram suas atividades laborais em sala de aula e também questões relacionadas à saúde no período da pandemia.

O documento continha 10 (dez) perguntas fechadas (múltipla escolha) referentes à formação profissional, questões de saúde e trabalho desenvolvido com os alunos e 2 (duas) questão de livre expressão, conforme pode ser visto no Quadro 1. O modelo completo do questionário está apresentado no Apêndice C no final desta pesquisa. 

O segundo modelo foi direcionado aos estudantes (total de 12 indivíduos), que por meio de 9 (nove) questões fechadas de múltipla escolha e 2 (duas) de livre expressão, se buscou conseguir informações a respeito de suas habilidades com as TICs, sobre a saúde pessoal, percepções sobre a vida escolar no período pandêmico, conforme pode ser visto no Quadro 2. O questionário completo está apresentado no Apêndice D da pesquisa.

3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.1. ORGANIZAÇÃO DOS RESULTADOS 

A análise dos dados coletados seguiu os princípios da “Análise de Conteúdo” elaborada por Laurence Bardin (2011), pois esta opção metodológica está lastreada no rigor técnico, pois apresenta o método de forma organizada e compreensível, bem como indica um caminho que potencializa a observação da produção da subjetividade humana, dá sentido, relevância e segurança para o alcance dos objetivos vislumbrados na pesquisa. Bardin (2011) com esse tipo de análise, denominado análise categorial, pretende:

[…] tomar em consideração a totalidade de um “texto”, passando-o pelo crivo da classificação e do recenseamento, segundo a frequência de presença (ou de ausência) de itens de sentido. […] É o método das categorias, espécie de gavetas ou rubricas significativas que permitem a classificação dos elementos de significação constitutivos da mensagem. É, portanto, um método taxonômico […] (BARDIN, 2011, p. 43).

O método de análise de conteúdo se objetiva a conseguir o máximo de informações junto aos participantes da pesquisa. Depois busca organizar e condensar essas informações para subsidiar respostas ao(s) problema(s) proposto(s) para a pesquisa. Ainda segundo Bardin (2016, p. 125), a análise de conteúdo está dividida em três fases: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. 

Na fase da pré-análise é feita a organização e sistematização de ideias e também do material coletado. Essa fase é composta por atividades abertas, e pode ser organizada da seguinte forma: leitura flutuante; escolha dos documentos; formulação das hipóteses e dos objetivos; referenciação dos índices e a elaboração de indicadores; e a preparação do material (BARDIN, 2016). O contato com os questionários permitiu que fosse feita a leitura flutuante, que consiste em um contato intenso com o material e o respectivaprofundamento na análise. Esse momento

“Consiste em estabelecer contato com os documentos a analisar e em conhecer o texto, deixando-se invadir por impressões e orientações” (BARDIN, 2016, p.126).

Nesta pesquisa a pré-análise definiu a estrutura do passo a passo para se conseguir a produção pretendida por turma e por aluno. Após as pesquisas realizadas na literatura selecionada e indicada pelo Orientador deste Trabalho, bem como dos estudos e das pesquisas de campo desenvolvidas, a partir dos diálogos com os entrevistados e o olhar específico da autora para a temática desenvolvida, apresentar-se-á, a partir de agora, a última parte desta escrita que intitulou-se 

Como o próprio nome explica, são Resultados, isto significa dizer que foram foram filtrados para a exposição daquilo que se abordou nos capítulos anteriores, sabendo que os estudos foram desenvolvidos nos município de Manaus-AM, pertencente à região amazônica, com suas particularidades. 

3.1.1. Organização do Primeiro objetivo específico

O primeiro objetivo específico se propõe a Identificar os impactos positivos e negativos que ocorreram durante a gestão dos processos de ensino, aprendizagem e avaliação no âmbito do Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela Escola Estadual Pedro Silvestre em seu anexo localizado no meio rural de Manaus-AM/Brasil, no período de 2022-2023.

Com a aplicação dos questionários, as entrevistas e as observações foi possível identificar os impactos positivos e negativos ocorridos no período, assim organizados:

Esses dados foram colatados a partir da aplicação dos questionários e entrevistas realizadas com professores e alunos. As informações foram organizadas em forma de lista e também em um quadro. Abaixo segue a descrição dos 10 (dez) de impactos negativos referentes à gestão dos processos de ensino, aprendizagem e avaliação no âmbito do EMPMT identificados e sua respectiva origem de coleta na pesquisa:

  • Adoecimento de alunos e consequente afastamento das aulas(questionário – professores e estudantes – e entrevistas com estudantes);
  • Adiamento do início das aulas (entrevistas – professores e estudantes);
  • Falta de acompanhamento de professores durante um período da pandemia (entrevistas – professores e estudantes);
  • Queda do rendimento escolar dos alunos (questionários – professores e estudantes e entrevistas – professores e estudantes);
  • Alunos pouco aplicados e pouco participativos (questionário – professores);
  • Falhas no fornecimento de sinal de internet (entrevistas – professores e estudantes);
  • Condições desfavoráveis para frequentar as aulas (questionário – estudantes);
  • Estrutura física inadequada (questionário – professores e estudantes);
  • Falta de organização (entrevista – alunos) e
  • Falta de direção (entevista – professores e estudantes).
  • Impactos positivos identificados

Abaixo estão descritos os 8 (oito) de impactos positivos concernentes à gestão dos processos de ensino, aprendizagem e avaliação no âmbito do EMPMT identificados e suas respectivas origens de coleta na pesquisa:

  • Todos os alunos que adoeceream durante a pandemia foram curados e não houve mortes (questionário e entrevistas – professores e estudantes);
  • Falta de acompanhamento de professores durante um período da pandemia revelou o quanto é importante o papel desses profissionais nas aulas de mediação tecnológica (entrevistas – estudantes);
  • Aumento da cooperação entre professores e alunos (entrevistas – professores e observação);Apesar de ter havido uma queda inicial no rendimento escolar dos alunos os mesmos conseguiram se recuperar (entrevistas – professores e estudantes);
  • Os alunos conseguiram superar as condições desfavoráveis que dificultavam na frequência das aulas (entrevistas – estudantes);
  • Os alunos passaram a ter mais autonomia no que se refere ao manuseio do material didático (entrevistas – estudantes e observação);
  • O nível de cooperação e solidariedade aumentou entre os alunos(entrevistas – estudantes e observação); 
  • O Centro de Mídias de Educação da SEDUC ampliou e melhorou seus serviços (observação).

Abaixo segue o Quadro 3 que contém o resumo dos impactos negativos e positivos identificados referentes ao primeiro objetivo específico:

3.1.2. Organização do Segundo Objetivo Específico

O segundo objetivo específico se propôs a descrever como esses impactos (negativos e positivos) afetaram a dinâmica social e escolar dos alunos e professores da Escola Estadual Pedro Silvestre, em seu anexo localizado no meio rural de Manaus-AM/Brasil, no período de 2022-2023.

Por meio das entrevistas com os professores e estudantes foi possível descrever as informações necessárias para atender o segundo objetivo específico. Abaixo segue a descrição das 13 (treze) informações coletadas:

  • O adoecimento e morte de membros da comunidade afetou psicologicamente, de forma negativa, professores e alunos (entrevistas com professores e estudantes);
  • O adoecimento e internação de alguns alunos durante a pandemia deixaram sequelas psicológicas e físicas que prejudicaram a rotina dessas pessoas(entrevistas com professores e estudantes);
  • O adiamento do início das aulas provocou apreensão à cerca do término do ciclo formativo entre os alunos do 3º Ano, em vista de puderem se habilitar a continuar a formação em Nível Superior, o que levou a alguns desenvolverem um princípio de depressão (entrevistas com estudantes);
  • O adiamento do início das aulas causou uma acomodação em relação ao compromisso com os estudos por conta da falta de motivação e orientação(entrevista com estudantes);
  • O adiamento do início das aulas levou grande parte dos alunos (principalmente aos que são arrimo de família) a empenharem mais tempo nas atividades laborais deixando os estudos de lado (entrevista com estudantes)
  • O interesse das famílias pelas questões escolares aumentou substancialmente, o que foi muito importante quando as aulas retornaram (entrevista com estudantes);
  • Falta de organização na fase incial da pandemia afastou os alunos dos professores, bem como dos alunos com a coordenação pedagógica (entrevista com estudantes);
  • Com o passar do tempo os alunos entenderam que precisavam tomar mais iniciativa em resolver suas questões escolares e depender menos da mediação para contactar com a sede da Escola Pedro Silvestre (entrevista com estudantes);
  • Os alunos passaram a se organizar para encontrar soluções para suas demandas, o que elevou os níveis de empatia, cooperação e solidariedade entre eles (entrevista com estudantes);
  • Os constantes contatos com a equipe de apoio do Centro de Mídias de Educação fizeram com que grande parte dos alunos entendessem mais sobre o processo desenvolvido no EMPMT (entrevista com estudantes);
  • Com o retorno da presença do Professor Mediador as ações e atividades que necessitavam de colaboração e cooperação passaram a ser realizadas com mais rapidez e assertividade (entrevistas com professores e estudantes);
  • Com o retorno do Professor Mediador nas aulas foi percebido que os alunos estavam mais interessados e motivados para recuperar o tempo perdido (entrevistas com professores);
  • Foi percebido que os alunos estavam mais independentes e autoconfiantes nas questões referentes ao manuseio dos equipamentos e material didático, bem como na comunicação com a sede da escola (entrevistas com professores).

3.1.3. Organização do Terceiro Objetivo Específico

O terceiro objetivo específico se propôs a analisar se é possível tirar proveito institucional dos impactos provocados pelo contexto da pandemia de covid-19 e uso excessivo de Tecnologias de informação e comunicação nos processos de ensino e aprendizagem no âmbito do Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela Escola Estadual Pedro Silvestre em seu anexo localizado no meio rural de Manaus-AM/Brasil, no período de 2022-2023.

As informações coletadas em atendimento ao primeiro e segundo objetivos específicos evidenciaram que houve (ou está havendo) um contexto de resiliência dentro da comunidade escolar do Anexo da Escola Estadual Pedro Silvestre, pois o que pode ser observado é que, durante o período pandêmico, para cada ponto negativo houve uma superação e (em algumas situações) até o fortalecimento (de forma positiva) de determinada conduta.

Assim, para atender o referido objetivo específico pode-se organizar as informações de forma categorizada em dois tipos: impactos a corrigir e impactos a fortalecer. Assim estão organizados: 

  • Impactos a corrigir
    • Queda do rendimento escolar dos alunos;
    • Alunos pouco aplicados e pouco participativos;
    • Condições desfavoráveis para frequentar as aulas;
    • Estrutura física inadequada; – Falhas no sinal de internet e – Falta de organização.
    • Professores e alunos afetados psicologicamente pelo adoecimento e morte de membros da comunidade;
    • Alunos com sequelas psicológicas e físicas, decorrentes do adoecimento e internação, que prejudicam a rotina;
    • Alunos que desenvolveram princípio de depressão em face da apreensão em não poderem se habilitar a continuar a formação em Nível Superior;
  • Impactos a fortalecer
    • O interesse das famílias pelas questões escolares aumentou substancialmente, o que foi muito importante quando as aulas retornaram;
    • Com o passar do tempo os alunos entenderam que precisavam tomar mais iniciativa em resolver suas questões escolares e depender menos da mediação para contactar com a sede da Escola Pedro Silvestre;
    • Os alunos passaram a se organizar para encontrar soluções para suas demandas, o que elevou os níveis de empatia, cooperação e solidariedade entre eles;
    • Os constantes contatos com a equipe de apoio do Centro de Mídias de Educação fizeram com que grande parte dos alunos entendessem mais sobre o processo desenvolvido no EMPMT;Com o retorno da presença do Professor Mediador as ações e atividades que necessitavam de colaboração e cooperação passaram a ser realizadas com mais rapidez e assertividade;Com o retorno do Professor Mediador nas aulas foi percebido que os alunos estavam mais interessados e motivados para recuperar o tempo perdido;
    • Foi percebido que os alunos estavam mais independentes e autoconfiantes nas questões referentes ao manuseio dos equipamentos e material didático, bem como na comunicação com a sede da escola.

Evidente que esses tópicos refletem apenas um fraguimento da totalidade da dinâmica impactada e que, obviamente, adentram em outros campos do saber, tais como a psicologia, a assistência social e a saúde, pois há de se ressaltar que as pessoas afetadas vivenciam e interpretam o ambiente de forma diferente, raramente com alguns consensos. Mas o que ficou claro ao organizar os pontos do segundo objetivoespecífico é que a palavra que mais se aproxima de um resumo geral é RESILIÊNCIA.

3.2. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS 

Neste tópico será desenvolvida uma análise descritiva para que seja identificado o que já aconteceu. Isto é, a partir de resultados e fatos levantados nesta pesquisa, se buscará formas sucintas e claras para responder aos questionamentos que foram levantados na introdução deste trabalho.

Na avaliação dos dados a autora optou por fazer a Análise com base no roteiro dos questionários aplicados junto aos professres e alunos, bem como nas entrevistas. A obção se justifica em face da excessiva fragmentação que sofreria a avalição, caso seguisse separadamente os objetivos específicos. No entanto, ao longo da análise dos objetivos são citados e relacionados aos trechos teóricos dos autores consultados. Portanto, não há nenhuma perda de conteúdo em relação à satisfação dos objetivos específicos.

3.2.1. Avaliação dos resultados em face dos questionários direcionados aos professores

Conforme especificado anteriormente, foram escolhidos profissionais que estavam atuando na rede estadual de ensino do meio rural, especificamente no Anexo da E.E.E.M Pedro Silvestre da Agrovila Amazonino Mendes. O quadro 4 apresenta os dados coletados sobre os conhecimentos de informática e as situações relacionadas ao trabalho:

As respostas para a pergunta 1 foram as seguintes:

P1: A tecnologia nos ensinou muito e isso é importante para as futuras gerações que vão se apropriar das tecnologias.

P2: Conhecimentos práticos, pacote office, pesquisador em esquemas públicos digitalizados, trabalhos em projetos do PCE nas escolas públicas de Manaus.

P3: Conhecimentos básicos de informática e navegação na internet. 

Como se percebe, os professores não precisam ser altamente capacitados para operar o sistema por meio do qual funciona o Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica. Conhecimentos básicos de informática e capacidade em resolver as eventuais falhas são suficientes para dar continuidade aos trabalhos.

As respostas atendem ao primeiro e segundo objetivo específico, pois revelam pontos positivos e negativos em decorrência daquele contexto. Pois, como enfatizam Ortigão e Oliveira (2017), o processo de reorganização das estruturas curriculares na modalidade de ensino remoto exigiu não somente a utilização de novos meios e metodologias, mas também a ressignificação dos saberes teóricos e práticos, o que explicitou ainda mais a ruptura das práticas tradicionais da educação.

Quanto a pergunta 2, a questão das dificuldades de acesso não se restringe à região, os desafios em acessar e conseguir navegar na rede de computadores tem se tornado parte do cotidiano das pessoas em escala global pelos mais diversos motivos (entretenimento, trabalho, informação, estudo etc.). No caso dos professores a necessidade em dominar tem faces multiplas, pois abrange o trabalho, a informação e a educação de forma simultânea, situação que exige que os mesmos busquem continuamente aperfeiçoamente e atualização para o desenvolvimento de um trabalho seguro e eficiente. As respostas atendem ao primeiro e segundo objetivo específico, pois revelam pontos positivos e negativos em decorrência daquele contexto imperioso.

Por meio do quadro 5 estão apresentados os dados brutos coletados sobre a situação de saúde própria e também dos estudantes:

No que se refere à situação de saúde um dos professores foi infectado pelo coronavírus, em relato complementar informou que precisou ser internado. Quanto aos estudantes, muitos foram infectados,mas não houve óbitos, o que é um resultado excelente em face da situação que a Capital amazonense passou nos períodods de pico da pandemia. A situação de recuperação dos infectados proporcionou o retorno das atividades letivas, mesmo que de forma gradual e em alinhamento com as regras sanitárias estabelecidas pelo Governo do Amazonas.

As respostas se enquadram no primeiro e segundo objetivo específico, pois apresentam pontos negativos ao se referir à infecção de professores e estudantes pelo corona vírus, mas  apresenta como ponto positivo a recuperação dos mesmos e a ausência de óbitos entre eles, pois cabe recordar a reflexão de Moser (in MACHADO, 2020), que simplificou a situação ao afirmar que é preciso considerar a cruel realidade onde milhares de vidas foram perdidas para a Covid-19, tendo o Amazonas apresentado uma crescente transmissão comunitária do coronavírus no período de pico da doença no ano de 2020.

O quadro 6 apresenta os dados referentes ao comportamento individual e familiar dos estudantes resultante do período pandêmico:

As respostas obtidas revelam uma situação um tanto quanto inusitada. Enquanto os estudantes passaram a se comportar de maneira mais interessada e participativa, os familiares continuaram a ter o mesmo tipo de relação que era mantida anteriormente, aparentemente não havendo mudanças. Quanto aos estudantes era esperado uma mudança no interesse, pois entre integrantes de comunidades carentes é pacífico que o único caminho para se conseguir o sucesso profissional é o termino dos estudos no Nível Médio e a consequente conquista de uma vaga no curso universitário almejado. 

A situação de interrupção na meta formativa trouxe como consequência a possibilidade da trajetória não se completar. Essas respostas contemplam o primeiro e segundo objetivo específico, pois revelam como ponto positivo a melhoria no interesse e na participação dos estudantes, mas apresntam como ponto negativo a estática de seus familiares em relação ao interesse pela dinâmica da escola.

O quadro 7 trata da questão do processo avaliativo durante o período pandêmico, pois conforme defende Saraiva (2005), “quando é realizada a avaliação da aprendizagem do aluno, também é avaliado o conjunto do ensino que é oferecido a ele, e quando é verificado que não ocorreu o resultado esperado da aprendizagem significa que o ensino não atingiu seus objetivos”. Ante a ruptura do processo de ensino e aprendizagem, a avaliação se fez altamente necessária para também avaliar as consequências do contexto ora instalado. 

As respostas obtidas nas perguntas 10 e 11 foram satisfatórias do ponto de vista da continuidade dos trabalhos escolares, dado que a avaliação ainda é tida como o meio de medição de conhecimentos e aferição quantitativa para o sistema escolar brasileiro. No entanto cabe lembrar os dizeres de Souza e Almeida (2020) quando defendem que atualmente a ação de avaliar é um processo investigativo e conflituoso e por outro lado, exige um enquadramento das ações docentes para promover aprendizagens significativas e melhoraria do ensino ofertado. As respostas apresentadas pelos professores se enquandram perfeitamente no primeiro e segundo objetivos específicos como pontos positivos identificados e descritos.

As respostas para a pergunta 12 foram as seguintes:

P1: Pontos positivos: os alunos ficaram capacitados para enfrentar os tipos de obstáculos encontrados na vida como: concursos, vestibulares etc.

Pontos negativos: a falta de energia e internet para quem trabalha na zona rural ainda é um termo determinante para que os professores deem suas aulas com eficiência. 

P2: O auxílio transporte não supre a necessidade para o professor deslocarse da sua casa para sua escola na qual trabalha. Locais distantes entre a escola e a casa dificultam o trabalho dos professores. 

P3: Pontos positivos: acolhida da comunidade para com os professores, esforço da esquipe da escola em fazer funcionar os trabalhos pedagógicos, empenho dos alunos.

Pontos negativos: as constantes falhas no fornecimento de energia elétrica e sinal de internet, a distância entre a residência e o local de trabalho e o pouco apoio no transporte entre a cidade e a comunidade.

Para Souza, Santos e Batista (2013) há de se dar importância ao papel do professor no processo de ensino e aprendizagem. Hoffmann (2003) enfatiza que o processo de avaliação representa um compromisso do professor de investigar e acompanhar o processo de aprendizagem do aluno no seu cotidiano continua, gradativamente, buscando não só compreender e participar da caminhada do aluno, mas também intervir fazendo provocações intelectuais significativas, em termo de expressão de suas ideais.

As respostas apontam para uma série de situações que se perdem na conjuntura administrativa e financeira da operacionalização do sistema de ensino, seja municipal ou estadual. Porém os pontos apresentados, principalmente os negativos, devem receber justa atenção e análize para terem a respectiva solução. Um ponto forte da pesquia é a constatação da acolhida que a comunidade dispensa aos professores, com os quais é mantida a mais perfeita sintonia e reciprocidade. A reciprocidade é fator fundamental no estabelecimento das relações entre os comunitários e a equipe escolar, pois o isolamento geográfico exige que haja uma ajuda mútua, a qual é basilar para que o sucesso do período letivo seja garantido e o ciclo formativo dos jovens não cesse e matenha o sonho de terem uma vida melhor. 

3.2.2. Avaliação dos Resultados em Face dos Questionários Direcionados aos Estudantes

Conforme já especificado, foram escolhidos todos os estudantes que estavam frequentando alguma turma (1º, 2º ou 3º Anos) no Anexo da E.E.E.M Pedro Silvestre da Agrovila Amazonino Mendes no período especificado na pesquisa. O quadro 8 apresenta os dados coletados sobre os conhecimentos de informática e as situações relacionadas ao ambiente escolar:

No que se refere à pergunta 1 a maioria não respondeu. Das poucas respostas que se teve, foram elencadas as seguintes:

E1: A tecnologia é muito importante porque facilita no meu estudo e aprendizado e também é muito importante para conseguir obter novos conhecimentos.

E1: Eu preciso diariamente quando uso um celular para me comunicar e assistir vídeos, assisto televisão, vou pra aula e 

E2: Eu entendo que minhas aulas são todas via satélite e o professor é um mediador na sala.

E2: Sei que tem tecnologia envolvida quando uso o telefonecelular.

E3: Aprendemos através dela e com uma professora através da tela.

E3: As aulas são totalmente tecnológicas, mas não tenho comutador em casa.

E4: Meu conhecimento é um pouco, sei mexer em um computador prova, foto, música etc.

E4: Pretendo aprender mais porque é importante para minha vida.

E5: É não basta só ensinar, por que isso se tornará utilizável, pois é necessário que adquira um conhecimento prático que ser compreendido, que assemelhá-la com seus conhecimentos profissionais.

E6: As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) podem ser inseridas no cotidiano do ambiente escolar. O uso Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) apoia o processo de ensino aprendizagem. Hoje na chamada sociedade da informação, novas formas de pensar, de agir e de comunicar-se são introduzidas as formas de adquirir conhecimentos.

Como se percebe, os estudantes percebem a importância das TICs no cenário atual e que elas se relacionam não só com suas vidas na escola, mas também servem de suporte para a sociedade contemporânea. As afirmações se enquadram nas considerações de Moran e Mosetto (2013), os quais defendem que:

Nos dias atuais, a disseminação da informação, através das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC), está acontecendo de forma cada vez mais rápida, ocasionando mudanças nas formas de organização da sociedade. Na educação, o uso dessas tecnologias vem contribuindo para substituição de aulas convencionais por aulas mais dinâmicas em que as metodologias e ferramentas utilizadas permitam a criação e construção do conhecimento através da interação do aluno com o meio que vive.

As respostas atendem ao primeiro e segundo objetivo específico, pois revelam pontos positivos visualizados pelos estudantes em relação à informática em sua realidade escolar e cotidiana, tanto no presente quanto as exigências no futuro.

Quanto a pergunta 2, a questão das dificuldades de acesso a maioria respondeu que não, pois entenderam se tratar da questão de ter ou não um aparelho, sendo que a maioria possui um telefone celular. Apesar da comunidade estar a cerca de 20 Km da zona urbana de Manaus, o sinal de internet é captado na área da RDS Tupé. As respostas atendem ao primeiro e segundo objetivo específico, pois revelam pontos positivos vividos durante o período da pandemia.

Quanto a pergunta 3, a maioria respondeu que os equipamentos utilizados nas aulas satisfazem as necessidades. As respostas vão ao encontro da afirmação defendida por Borges et. al. (2009), os quais enfatizam:

As novas tecnologias da informação e comunicação, que cada vez mais impactam a sociedade contemporânea, chegam à escola e convivem com velh os currículos. A escola há muito tempo vem sendo desafiada a repensar seu currículo, de modo que consiga integrar o computador e tecnologias associadas, como a Internet, nos processos de aprendizagem.

Em relação à pergunta 4, quase todos não ficaram satisfeitos com as medidas de contingência que foram adotadas no início da pandemia, ocasião em que não tiveram a presença dos professores para mediar as aula e isso ocasionou que muitas dúvidas ficassem sem respostas. No entanto, a situação foi regularizada no ano seguinte, o que satisfez as demandas.

As respostas atendem ao primeiro e segundo objetivo específico, pois revelam pontos positivos e negativos em relação as questões da infraestura escolar no período pandêmico e pós-pandêmico.

No quadro 9 estão apresentados os dados referentes à questão de saúde ocorrida no período da pandemia e pós-pandemia:

As respostas dão conta de que todos os estudantes foram infectados, no entanto não houve mortes, o que é um desfeche excelente face à situação crítica pela qual passou a Capital mazonense nos tempos de pico da pandemia.

As respostas se enquadram no primeiro e segundo objetivo específico, pois apresentam pontos negativos ao se referir à infecção dos estudantes pelo corona vírus, porém  apresenta como ponto positivo a recuperação dos mesmos e a ausência de mortes. 

O quadro 10 apresenta os dados referentes ao comportamento individual e familiar dos estudantes resultante do período pandêmico:

As respostas obtidas apontam que houve melhoras no interesse da família pelos assuntos da escola. As respostas são compreensíveis com o contexto pelo fato de ter havido um processo de geral de solidariedade e fortalecimento dos laços familiares, bem como as escolas fora alvo de severas críticas se voltavam ou não a desenvolver atividades presenciais, o que acabou acontecendo mediante um processo lento e cheio de desconfianças sobre as questões sanitárias.

O apoio da família é fundamental nessa fase em que o estudante que cursa o Nível Médio, pois em geral são adolescentes é importante manter o foco e o ânimo diante dos desafios e dificuldades que todo e qualquer jovem enfrenta não somente em sua vida escolar, mas também porque passa aser cobrado com novas responsabilidades em face da idade, sendo que uma boa parte passa a ser cobrado para se integrar ao mercado de trabalho e, assim, contribuir na renda familiar.

As respostas se enquadram no primeiro e segundo objetivo específico, pois apresentam pontos positivos ao se referir à mudança de postura das famílias em relação à escola.

O quadro 11 trata da questão do processo avaliativo durante o período da pandemia, pois apesar das condições de isolamento social e das contingências no acompanhamento dos conteúdos foi necessário realizar as avaliações.  

As respostas obtidas nas perguntas 8 e 10 foram satisfatórias do ponto de vista da continuidade dos trabalhos escolares, dado que a avaliação ainda é o principal meio para aferir o rendimento e o resultado do processo de ensin e aprendizagem no sistema escolar brasileiro. Segundo Libâneo (1994):

o processo avaliativo escolar é uma tarefa didática necessária para o trabalho docente e que, imperiosamente, precisa ser acompanhado passo a passo no ensino e aprendizagem. Dessa forma, por meio da avaliação os resultados podem ser coletados no decorrer das atividades integradas entre professores e alunos, com a finalidade de constatar se houve progressos, dificuldades e, assim, orientar as correções necessárias.

As respostas apresentadas pelos estudantes se enquandram perfeitamente no primeiro e segundo objetivos específicos como pontos positivos identificados e descritos. Positivos quanto a manutenção do processo de avaliação, mesmo durante o período pandêmico, bem como é declarada melhora nos resultados. Negativo por ter sido declarada a fragilidade da metodologia EaD quando não há a presença do(a) professor(a) para titrar dúvidas (já analizado nas respostas da pergunta 4), justamente o que ocasionou, segundo auto-declaração, diminuição de rendimento quanto ao resultado das avaliações. 

No quadro 12 está o resultado referente ao desempenho dos professores durante o período da pandemia. Interessante notar que no primeiro momento as respostas são unânimes em afirmar que o desempenho foi ruim. Isso se justifica pelo fato de no período em questão não haver a presença do professor mediador, o que já foi explorado nos comentários das respostas das perguntas 4 e 10. No entanto a resposta passa a ser satisfatória quando os professores retornam às atividades presenciais. 

Da mesma forma que aconteceu com a primeira pergunta, a maioria dos estudantes não respondeu a última pergunta, a qual era de livre expressão e que versava sobre pontos positivos e negativos decorrentes do período da pandemia de corona vírus sobre a vida escolar dos mesmos. O resumo de todas as respostas resultou na seguinte relação descritiva:

Pontos positivos: 

  • apesar das dificuldades iniciais todos os alunos conseguiram continuar os estudos e obter a aprovação.
  • capacitação dos professores para lidarem com a situação.

Pontos negativos:

  • problemas de fornecimento de energia elétrica e sinal de internet.
  • inadequação da estrutura física.
  • falta de organização.
  • falta de direção.

As respostas apontam para a mesma percepção dos professores, que se enquadram no conjunto das situações de ordem conjuntural administrativa e financeira para operacionalização do sistema de ensino estadual com mediação tecnológica. Um ponto forte da pesquia em relação aos estudantes foi a constatação, principalmente por meio da entrevista, que praticamrnte todos se dispuseram ao desafio de continuar a estudar. Mas isso era esperado, pois o histórico de vida escolar desses estudantes é permeado de superação por conta das adversidades e obstáculos que já se tornaram tradicionais na vida escolar deles. É pacífico entre eles que o sucesso do ciclo formativo é o único meio seguro para se  conseguir um emprego digno e reconhecido para conquista de uma vida melhor. 

Durante as entrevistas e contato com a comunidade, foi observado que mais da metade dos pais ou responsáveis não possuem o ensino fundamental completo. O quadro 14 representa uma informação que inicialmente não foi proposta, mas que veio como consequência da entrevista, do avanço dos trabalhos e do nível de interação entra pesquisadora e os estudantes. Importante salientar que o nível de escolaridade dos pais influenca diretamente nos anos inciais da formação, pois o estudante, enquanto ainda criança, precisa de auxílio nas atividades escolares, pois somente as orientações do(a) professor(a) não são suficientes para firmar os conhecimentos administrados na escola. Vejamos esse resultado no quadro 13: 

Deve-se destacar que o apoio familiar dispensado ao estudante que cursa o Nível Médio é fundamental para manter o ânimo diante dos desafios e obstáculos que o jovem enfrenta não só no âmbito escolar, mas também nas novas relações que passa a ter na comunidade por conta de sua idade, já que também passa a ser cobrado(a) mais intensamente nos afazeres cotidianos e como força de trabalho para obtenção de renda para a família.

Na fase tratamento dos resultados, inferência e interpretação é o momento em que a pesquisadora “[…] tendo à sua disposição resultados significativos e fiéis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos, ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas” (BARDIN, 2016, p. 131). Com o apoio das informações suplementares da mensagem é possível propor inferências e realizar a interlocução de conhecimentos, categorias do método e explicativas da realidade (BARDIN, 2016). Estabelece-se a conexão entre os objetivos buscados na pesquisa, a fundamentação teórica, com o que emergirá da realidade, podendo ser feita uma síntese articulada dos dados empíricos e suas representações qualitativas e quantitativas.

Apesar dos percausos decorrentes da distância entre a residência da autora e seu local de trabalho, as dificuldades puderam ser superadas principalmente pelo apoio irrestrito dos moradores (com destaque para os estudantes) da Agrovila Amazonino Mendes e da Tribo indígena Yumuatirisa Ruka (de etnia Baré) de onde alguns estudantes são oriundos. O apoio dos professores entrevistados também foi fundamental para que fosse possível identificar os contrapontos e as concordâncias nas opiniões e observações decorrentes do contexto que emergiu na localidade em decorrência do período pandêmico e pós-pandêmico. 

4. CONCLUSÃO

Conforme foi verificado ao longo da pesquisa, a pandemia impactou todos os campos das relações humanas, tais como as sociais, a saúde, a economia, as finanças, os deslocamentos, a segurança e a educação. Na tentativa de evitar que o vírus se alastrasse e fosse contido foram tomadas medidas sanitárias de isolamento social que precisaram paralizar as aulas presenciais nos estabelecimentos de ensino, mas que foi compensado pela utilização imediata de atividades on-line.

Depois de um período bastante longo de estudos, mesmo vivendo tempos difíceis, impactados pela Pandemia da COVID-19, foi possível chegar ao final de mais esta etapa acadêmica com resultados favoráveis, dada a larga experiência na educação municipal e uma inquietação recente que suscitou a origem ao questionamento principal da pesquisa: Como as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) impactaram os processos de ensino, aprendizagem e avaliação nas turmas de Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela Escola Estadual Pedro Silvestre do município de Manaus/AM/Brasil, no período de 2022-2023? A questão norteadora não revela de imediato a dimensão do desafio, pois o lócus da pesquisa se deu em uma localidade situada na zona rural ribeirinha.

Assim, a partir da questão norteadora foi moldado o seguinte Objetivo Geral: Compreender como a gestão das Tecnologias da informação e comunicação (TICs) impactaram os processos de ensino, aprendizagem e avaliação no âmbito do Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela Escola Estadual Pedro Silvestre em seu anexo localizado no meio rural de Manaus/AM/Brasil, no período de 2022-2023.

Após essa longa viagem no campo da pesquisa, observou-se que o objetivo geral do trabalho foi atingido, em grande parte graças ao apoio incondicional dos moradores da Agrovila Amazonino Mendes, onde reside a maioria dos estudantes,  e dosmnativos da Tribo indígena Yumatirisa Ruka, que fica próxima e de onde alguns estudantes são oriundos. O apoio dos professores entrevistados também foi fundamental, pois o resultado da aplicação de questionários e entrevistas forneceu os dados necessários para identificar e analisar os pontos de concordância e discordância, os pontos positivos e negativos e outras peculiaridades daquele local.

Direcionando-se aos objetivos específicos, foi constatado, pela análise geral das respostas dos entrevistados, que foi possível identificar e descrever os impactos positivos e negativos que ocorreram durante a gestão dos processos de ensino, aprendizagem e avaliação no âmbito do Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado pela Escola Estadual Pedro Silvestre em seu anexo localizado no meio rural de Manaus/AM/Brasil, no período de 2022-2023, bem como foi possível descrever como esses impactos afetaram a dinâmica social e escolar dos alunos e professores daquela escola.

A pesquisa se arriscou no desvendamento das riquezas de detalhes que se referem não somente à dinâmica social atual da Agrovila Amazonino Mendes, mas também suas relações com a zona urbana de Manaus e com os nativos da Tribo indígena Yumuatirisa Ruka, da etinia Baré. Reconheceu a importância da franquia ímpar do espaço físico do Centro Cultural Sabaoth, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, sob a Direção da Pastora Marineide Soares, onde aulas de jiu-jitsu são praticadas e que também é disponibilizado para realização de eventos de socialização (inter)comunitária e educação física dos estudantes do Ensino Médio. 

Dessa forma, chega-se à conclusão de que é possível tirar proveito institucional dos impactos provocados pelo contexto da pandemia de covid-19 e uso excessivo de Tecnologias de informação e comunicação nos processos de ensino e aprendizagem no âmbito do Programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica ofertado no Anexo da E.E.E.M. Pedro Silvestre, pois com a identificação e descrição dos pontos positivos e negativos observados que impactaram na dinâmica escolar no período da pandemia e pós-pandemia 

Espera-se que os resultados construídos sejam úteis não só para o engrandencimento da comunidade escolar da Agrovila Amazonino Mendes, mas também para o programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica (EMPMT) desenvolvido pelo Centro de Mídias de Educação sob a coordenação a

Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino do Amazonas (SEDUCAM), dada as contribuições que conseguiu elucidar em meio ao contexto estudado.

5. RECOMENDAÇÕES

Resta dizer que esta pesquisa é o início de um estudo no campo da Ciência da Educação ainda inconcluso, mas que abre portas para trabalhos posteriores. Assim, espera-se que o resultado obtido traga impactos positivos não só para a comunidade escolar da Agrovila Amazonino Mendes, mas também para o programa Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica (EMPMT). Recomenda-se atenção aos pontos listados como negativos, para que sejam encontradas soluções possíveis, eficientes e eficazes. Quanto aos pontos positivos, que sejam fortalecidos e tomados como ponto de partida para avanço das melhorias e aperfeiçoamentos dos processos aqui identificados e estudados. 

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[1] KENSKI, V. M. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. 2ª. ed. Campinas: Papirus, 2010.

[2] KENSKI, V.M.Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. 2ª. ed.Campinas: Papirus, 2010. 

[3] O Cetic.br é um departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR Nic.br, que implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet do Brasil Cgi.br.  

[4] MARTINS, L. B.; ZERBINI, T. Escala de Estratégias de Aprendizagem: evidências de validade em contexto universitário híbrido. Psico USF, v. 19, n. 2, p. 317-328, 2020.

[5] CORDEIRO. Karolina Maria de Araújo. O impacto da pandemia na educação: A utilização da tecnologia como ferramenta de ensino. Disponível em: http://idaam.siteworks.com.bra acesso em 20 de agosto de 2021.

[6] Disponível em: <https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19>. Acesso em: 04 abr. 2023.

[7] Disponível em: <https://leismunicipais.com.br/a/am/m/manaus/decreto/2020/478/4780/decreto-n4780-2020-declara-situacao-anormal-caracterizada-como-emergencial-no-municipio-de-manaus-e-daoutras-providencias>. Acesso em: 04 abr. 2023.

[8] Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l14040.htm>. Acesso em: 05 abr. 2023.

[9] Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2020-pdf/167131-pcp019-20/file>. Acesso em: 05 abr. 2023.

[10] Veja a lista do 20 maiores paíse do mundo em: <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/maiorespaises-planeta.htm>. Acesso em 10 abr. 2023.

[11] Mais informações disponíveis em: <https://www.manaus.am.gov.br/semed/escolas-cmeis-ecreches/#:~:text=S%C3%A3o%20mais%20de%20500%20escolas,recursos%20e%20qualidade%20d e%20ensino.>. Acesso em: 02 maio 2023.

[12] O Centro de Mídias da Seduc-AM, desde 2007, oferece a alunos de comunidades rurais do Estado formação do ensino fundamental ao médio, por meio de aulas transmitidas via satélite ministradas a partir de estúdios localizados em Manaus.