EMPREENDEDORISMO FEMININO NO MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL

FEMALE ENTREPRENEURSHIP IN THE LABOR MARKET IN BRAZIL

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10982463


Bárbara Cruz Santos da Costa
Jessika Bezerra Silva Feitosa


RESUMO 

O empreendedorismo feminino está em evidência, por conta do processo de feminização do mercado de trabalho, e ocorre assim um aumento gradativo de empreendimentos organizados por mulheres, tornando-se cada vez mais importante conhecer sua importância no cenário econômico, e primordialmente as razões que as mulheres têm para empreender e ainda revelar uma parcela das particularidades do empreendedorismo feminino, destacando a trajetória da mulher no mercado de trabalho, setores de empreendimento, gestão feminina e consequências para a sociedade, segmentando por necessidade e/ou oportunidade. Esse Artigo trata-se de uma pesquisa teórica, partindo de leituras sobre empreendedorismo, o perfil empreendedor, administração de empresas, desigualdade do gênero, dando ênfase na mulher como empreendedora uma vez que a literatura se encontra muito carente de obras específicas ao assunto. Através do levantamento teórico, foi constatado que as mulheres no decorrer da história passam a assumir tarefas que diferem do ambiente familiar e doméstico por conta das mudanças na sociedade e que possuem características similares e diversas na sua busca por seu lugar no mercado de trabalho. O resultado do empreendedorismo feminino gera empregos, expansão econômica para a sociedade e crescimento pessoal, profissional e financeiro para a então empreendedora. 

Palavras – chave: Empreendedorismo feminino, mercado de trabalho, oportunidade e necessidade.

ABSTRACT

Female entrepreneurship is in evidence, due to the process of feminization of the labor market, and thus there is a gradual increase in enterprises organized by women, making it increasingly important to know their importance in the economic scenario, and primarily the reasons why women women have to undertake and also reveal a portion of the particularities of female entrepreneurship, highlighting women’s trajectory in the job market, business sectors, female management and consequences for society, segmenting by need and/or opportunity. This article is a theoretical research, based on readings on entrepreneurship, the entrepreneurial profile, business administration, gender inequality, placing emphasis on women as entrepreneurs since the literature is very lacking in specific works on the subject. Through the theoretical survey, it was found that women throughout history began to take on tasks that differ from the family and domestic environment due to changes in society and that have similar and diverse characteristics in their search for their place in the job market. The result of female entrepreneurship generates jobs, economic expansion for society and personal, professional and financial growth for the then entrepreneur.

Keywords: Female entrepreneurship, job market, opportunity and need.

INTRODUÇÃO

São conhecidos os desafios para o empreendedorismo no Brasil. A alta complexidade tributária e a disfuncionalidade da legislação trabalhista são alguns exemplos do arcabouço institucional que desestimulam a realização de negócios. Não é por acaso, portanto, que figuramos sempre como uma economia pouco afável com os empreendedores, como apontam diversos rankings internacionais sobre a qualidade do ambiente de negócios. Por outro lado, no cenário atual o empreendedorismo é um dos maiores responsáveis pela geração de emprego e renda causando alto impacto na estabilização da economia mundial, pode-se afirmar que a nova era, é caracterizada como a era do empreendedorismo (DORNELAS, 2021).

Durante muitos anos as mulheres foram habitualmente associadas a papeis suaves como: cuidadoras dos lares, onde tinham a responsabilidade de zelar pelos filhos e o marido. Com o passar do tempo esse cenário ganhou um novo perfil por meio do empreendedorismo. Diversas pesquisas mostram que o empreendedorismo feminino no Brasil tem se tornado maior a cada ano que passa. O aumento de mulheres abrindo seus próprios negócios vem da necessidade de uma fonte de renda. Principalmente aquelas que não sustentam apenas a si mesmas e sim tem outras pessoas para cuidar (AMORIM, BAISTA, 2012).

Qualquer pessoa que for começar um negócio necessita de apoio, seja familiar ou qualquer outra pessoa, visto que essas ações elevam a confiança das mulheres para deixarem suas inseguranças de lado, fazendo com que seus esforços não sejam limitados e possam dar tudo de si naquele instante. Quando pensamos em empreender, precisamos ter em mente que não é apenas vender seu produto, você precisa mostrar que vale a pena ser comprado além de mostrar o seu diferencial dos outros do mercado (CARRANZA, DHAKAL, LOVE, 2018).

Contudo, esse trabalho faz uma reflexão sobre o empreendedorismo feminino no país, explorando diversos aspectos demográficos, sociais e econômicos, bem como a situação do empreendedorismo da mulher no que concerne tanto à formalização quanto à informalidade. 

EMPREENDEDORISMO FEMININO

As relações de gênero têm caráter estruturante, à medida que definem as relações sociais, atribuindo lugares e papéis diferenciados para homens e mulheres em todas as sociedades. No Brasil, essa reconfiguração iniciada nos anos de 1980, afetou de maneira diferente homens e mulheres e com o passar do tempo houve retração no trabalho masculino e um aumento da participação da mulher no mundo do trabalho. O empreendedorismo feminino promove benefícios para toda a sociedade, pois além de ajudar a reduzir a desigualdade de gênero, promove a liderança, autonomia e participação das mulheres causando seu empoderamento econômico.

Muitas mulheres cresceram em lares que ditavam que a figura masculina era o provedor do lar. A mulher não precisava e não deveria ganhar dinheiro. As que ficavam viúvas, ou eram de uma elite empobrecida e precisavam se virar para se sustentar e aos filhos, faziam doces por encomendas, arranjo de flores, bordados e crivos, davam aulas e realizavam atividades mais simples e femininas. Elas eram pouco valorizadas na sociedade, mas, mesmo assim, alguns conseguiram transpor as barreiras do papel de ser apenas esposa, mãe e dona do lar. Posteriormente, a partir da década de 70, quando as mulheres foram conquistando um espaço maior no mercado de trabalho, pôde-se enxergar uma nova realidade (CARRANZA, 2018).

As mulheres passam por cima do machismo, da sociedade e do que lhes ditavam na época para buscar sua liberdade e posição na sociedade. Essa perseverança e luta, embora tenham tido impacto positivo no mercado, ao longo do tempo elas foram alvo de preconceito e discriminação, o que as tornou objeto de desigualdade ao longo do tempo. Sabe-se que, apesar da presença cada vez mais forte da mulher no mercado de trabalho, os cargos administrativos e mais bem remunerados, sempre foram atribuídos aos homens, pois a questão do gênero feminino sempre foi um obstáculo para o avanço. O mercado segregava a mulher para alguns cargos, visto que a mulher era vista por suas características sempre estiveram associadas à fragilidade, utilizando-se do profissionalismo e da capacidade para o trabalho (SULZBACH, 2020).

O QUE DOCUMENTA A LITERATURA SOBRE GÊNERO E EMPREENDEDORISMO

A literatura dedicada em estudar o empreendedorismo feminino costuma levantar algumas hipóteses para explicar o diferencial existente no grau de engajamento das mulheres em atividades empreendedoras em relação aos homens. A mulher além de enfrentar o gênero enfrenta o que o mercado propõe ser sua habilidade ou não. Mas, ainda hoje, as mulheres continuam buscando seu espaço no mercado, trabalhando de forma igualitária e lutando por remuneração da mesma forma que os homens, o que é mais um motivo para estimular a luta pela igualdade (CARRANZA, 2018). 

A participação cada vez mais expressiva de mulheres empreendedoras no Brasil é uma manifestação concreta desse movimento. Estas mulheres líderes desafiam estereótipos arraigados e contribuem para um futuro mais diversificado e inclusivo. Este fenômeno não se limita a impulsionar apenas o desenvolvimento econômico; ele desencadeia mudanças sociais profundas, transformando o cenário de negócios e a percepção social da mulher. Estudos indicam que a redução da diferença entre homens e mulheres em cargos executivos tem potencial para influenciar significativamente no Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Com isso, investir no empreendedorismo feminino, portanto, não beneficia apenas as mulheres, mas gera impactos positivos para a sociedade como um todo e para a economia do país.

SETORES EM QUE A MULHER EMPREENDE 

A posição da mulher no campo empresarial está cada vez mais evidente, gerando um novo cenário que não pode e nem deve passar despercebido em nossa economia atual. E isso não é resultado apenas de um empreendedorismo informal que surgiu nos últimos tempos. Mas, ainda hoje as mulheres são maioria nas funções ainda consideradas femininas e que pagam menos. As mulheres são preferencialmente técnicas de enfermagem, pediatras, ginecologistas, dermatologistas e dificilmente elas realizam cargos de chefia (AMORIM; BATISTA, 2012).

O empreendedorismo é considerado uma das melhores formas de diminuir as taxas de desemprego. De acordo com dados do IBGE divulgados em 2019, 65% da mão de obra geral do mercado ainda é masculina, em comparação com 45% feminina, e o salário feminino é muito menor que o homem em alguns setores. Segundo o estudo, a liderança feminina gera um resultado operacional 48% maior. No entanto, apesar dos dados positivos, apenas 39,1% dos cargos gerenciais pertencem a mulheres, e somente 16% dos postos de alta gestão são ocupados por elas. Pode-se notar que o empreendedorismo feminino atua principalmente no comércio varejista e em fábricas.

Mas até meados da década de 1960, as mulheres casadas precisavam da autorização legal do marido para participar do mercado de trabalho. O que nos leva a refletir sobre os grandes passos, avanços e conquistas que as mulheres deram ao longo dos anos.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo do tempo as mulheres fizeram transformações importantes nos mais variados campos, mas sem dúvidas as principais ocorreram em sua posição na sociedade, deixando de apenas subordinadas a tarefas do lar, filhos e marido, para assumir cargos políticos, em empresas, nas mais diversas profissões, buscando o direito trabalhar e ter sua independência financeira.

Apesar de todo o progresso que as mulheres têm feito ao longo dos anos, especialmente no mercado de trabalho, é necessário explicar que a discriminação e o desrespeito à mulher ainda existem. Embora o trabalho feminino seja cada vez mais utilizado, isso não significa que a discriminação acabou ou que a importância de seu trabalho foi reconhecida. É preciso entender a importância da mulher na sociedade como esposa, mãe, filha, trabalhadora e esposa. Gerenciar todos esses aspectos exige muito das mulheres e, mesmo que o façam com maestria, provavelmente não recebem o crédito que merecem

REFERÊNCIAS 

AMORIM, Rosane Oliveira; BATISTA, Luiz Eduardo. Empreendedorismo feminino: razão do empreendimento. Núcleo de Pesquisa da FINAN, v. 3, n. 3, p. 1-14, 2012

ALLEN, W. D.; CURINGTON, W. P. The self-employment of men and women: What are their motivations? Journal of Labor Research, v. 35, n. 2, p. 143–161, 2014. 

AUTOR, D. H.; LEVY, F.; MURNANE, R. J. The skill content of recent technological change: An EMPIRICAL EXPLORATION. THE QUARTERLY JOURNAL OF ECONOMICS, V. 118, N. 4, P. 1279–1333, 2003

BOSMA, N.; HARDING, R. Global entrepreneurship monitor: GEM 2006 summary results. [s.l.] Babson College London Business School, 2006.

CARRANZA, E.; DHAKAL, C.; LOVE, I. Female entrepreneurs: how and why are they different? 1818 H Street NW. Washington, DC, v. 20433, 2018.

DORNELAS, J. C. A. (2008). Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier.

COLE, R. A. Bank credit, trade credit or no credit: Evidence from the Surveys of Small Business Finances. Trade Credit or No Credit: Evidence from the Surveys of Small Business Finances (July 31, 2018), 2018. 

FAIRLIE, R. W.; FOSSEN, F. M. Defining opportunity versus necessity entrepreneurship: two components of business creation. In: Change at home, in the labor market, and on the job. [s.l.] Emerald Publishing Limited, 2020. 

LA PORTA, R.; SHLEIFER, A. Informality and development. The Journal of Economic Perspectives, v. 28, n. 3, p. 109–126, 2014.

POGGESI, S.; MARI, M.; DE VITA, L. What’s new in female entrepreneurship research? Answers from the literature. International Entrepreneurship and Management Journal, v. 12, n. 3, p. 735–764, 2016.

SULZBACH, V. Essays on job polarization in the brazilian labor market. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2020

VIEIRA, João Luiz. Especial: Mulheres Empreendedoras.