STRATEGIC ENTREPRENEURSHIP IN MICRO ENTERPRISES: A BIBLIOGRAPHICAL REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11841488
Carlos Medeiros da Costa1;
Orientadora: Simônica Lima de Carvalho Sidrim2.
Resumo
Este trabalho teve por finalidade realizar uma pesquisa de literatura, cujo objetivo geral reflete as mudanças que ocorreram no processo histórico do Empreendedorismo Estratégico, e como objetivos específicos: (1) contextualizar o empreendedorismo estratégico; (2) analisar o empreendedorismo estratégico nas microempresas e, (3) identificar quais as principais mudanças no empreendedorismo no decorrer dos anos, através de documentos e estudos que embasam teoricamente esta pesquisa. O empreendedorismo tem como peça fundamental, o empreendedor, pois é através dele que é possível colocar em prática novas estratégias de negócios ou ampliar empreendimentos já existentes, inovando e melhorando o negócio em busca do crescimento no ramo empresarial. Para um melhor entendimento da proposta do estudo realizou-se uma revisão de pesquisa qualitativa, exploratória, e bibliográfica, tendo essa pesquisa o intuito de beneficiar acadêmicos do curso de Administração e outras áreas a realizarem pesquisas para acrescentar o conteúdo e melhorar o entendimento sobre o tema abordado.
Palavras- chave: Empreendedorismo Estratégico. Microempresas. Mudanças conceituais teóricas.
Abstract
This work aimed to carry out a literature search, whose general objective reflects the changes that occurred in the historical process of Strategic Entrepreneurship, and as specific objectives: (1) contextualize strategic entrepreneurship; (2) analyze strategic entrepreneurship in micro-enterprises and, (3) identify the main changes in entrepreneurship over the years, through documents and studies that theoretically support this research. Entrepreneurship has as its fundamental component the entrepreneur, as it is through him that it is possible to put new business strategies into practice or expand existing ventures, innovating and improving the business in search of growth in the business sector. For a better understanding of the study proposal, a qualitative, exploratory and bibliographical research review was carried out, with the aim of this research being to benefit academics from the Administration course and other areas to carry out research to add content and improve understanding of the topic covered.
Keywords: Strategic Entrepreneurship. Microenterprises. Theoretical conceptual changes.
INTRODUÇÃO
Esse trabalho tem como intuito abordar o tema empreendedorismo estratégico no processo organizacional de microempresas, a partir de uma revisão bibliográfica. Apesar do empreendedorismo ter sido reconhecido há muitos séculos atrás, foi somente na década de 1980 que o tema passou a gerar curiosidade e tornar-se campo de pesquisa para várias áreas do conhecimento, como a Administração, a Economia, a Sociologia, a Psicologia, as Engenharias, dentre outras.
A relevância do empreendedorismo tem sido de grande valia para o desenvolvimento de países desenvolvidos economicamente, representando na elaboração e na expansão dos negócios, o crescimento e a ascensão das nações e regiões, as ações empreendedoras começam por uma oportunidade que gera lucro e com a vontade do indivíduo em empreender.
A pesquisa será realizada e baseada em procedimentos e estudos de cunho científico. O estudo utilizou a pesquisa bibliográfica, desenvolvida por meio de materiais já existentes, como livros, artigos científicos e documentos oficiais, com a intenção de dar resposta à problemática em estudo. Esse tipo de levantamento bibliográfico consiste em levantar o maior tipo de conhecimento sobre um apontado assunto, sendo assim, essa pesquisa é necessária para a coleta de dados informacionais sobre o tema.
Isso permite realizar um histórico e a atualização no que tange o entendimento do assunto estudado. Para isso realizou- se uma pesquisa qualitativa que busca uma percepção das questões subjetivas, visões de mudo e modos de compreensão. Para apresentar de forma clara o referencial teórico será embasado com subtópicos que trarão conceitos e embasamentos realizados por meio de procedimentos e estudos já existentes no campo acadêmico e de pesquisa.
O presente trabalho é organizado nas seguintes seções, sendo a fundamentação teórica dividida em três subtópicos, no primeiro tópico são colocados os conceitos e abordagens com intuito de demarcar a temática em estudo, o empreendedorismo estratégico, conceituando as palavras- chave desta pesquisa que são: empreendedor, empreendedorismo, estratégia e microempresas, na segunda parte será realizado uma contextualização acerca das microempresas e do empreendedorismo estratégico, e por fim, na fundamentação teórica, apresentado o item que aborda as mudanças conceituais que ocorreram no empreendedorismo estratégico nas microempresas no decorrer dos últimos vinte anos. Posteriormente, são apontadas a metodologia utilizada, seguida das considerações finais do estudo, seguido das referências bibliográficas utilizadas na pesquisa.
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 Conceitos: Empreendedor, Empreendedorismo, Estratégia e Microempresas
Ao abordar o empreendedorismo estratégico é importante entender os conceitos das palavras empreendedor, empreendedorismo, estratégia, e microempresas com o intuito de embasar teoricamente o estudo.
Schumpeter (1997) afirma que “o empreendedor é o agente responsável pela exploração de inovações, e pelo emprego das mesmas em novos negócios ou em empreendimentos já existentes”. Para o autor, o empreendedor é o sujeito principal do empreendedorismo. Saraiva e Figueira (2011) abordam sobre as características do empreendedor, como:
Ousadia saudável/sustentável, capaz de evitar medos (sabe lidar com o risco); Sentido de responsabilidade individual/social, capacidade de decisão mesmo num mundo de incertezas, sabendo que as decisões tomadas em tempo útil são mais eficazes que as que são tomadas com base em mais informação, mas tardiamente;
Capacidade de iniciativa, com capacidades de planeamento e criatividade, a par• de sentimentos de persistência; Sabe trabalhar com imprevistos e em ambientes de extrema mudança; Extremamente sonhador mas ao mesmo tempo concretizador, entre o realismo e a irreverência; Espírito de líder, com capacidade de envolver as pessoas certas no projeto e altas competências de gestão; consegue ver as partes positivas do fracasso, e não bloqueia perante as intempéries; Preparado para controlar emoções e situações de elevada pressão; Comunicativo, com facilidade em gerir e criar uma vasta rede de contatos. (p.48-49)
Dessa forma, é o empreendedor que tem a responsabilidade de inovar em novos negócios ou até mesmo em empreendimentos já existentes no mercado. Signorini (2022, p. 04) Apud Melo (20170 mostra que entre 1980 e 1990 o empreendedorismo ganhou maior visibilidade no país, partir da criação de Instituições como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), para encaminhar esses novos gestores em seus negócios, dando assistência para toda formalização da empresa, além de orientações para resolução de contratempos.
O vocábulo da palavra empreendedorismo é oriundo da palavra imprehendere, do latim, tendo o seu correspondente, “empreender”, tendo surgido na língua portuguesa no século XV. Sendo primordial para o desenvolvimento econômico. Sendo primordial para o desenvolvimento econômico. Assim, de acordo com Barreto (1998, pp. 189-190).
A expressão “empreendedor”, segundo o Dicionário Etimológico Nova Fronteira, teria surgido na língua portuguesa no século XVI. Todavia, a expressão “empreendedorismo” foi originada da tradução da expressão entrepreneurship da língua inglesa que, por sua vez, é composta da palavra francesa entrepreneur e do sufixo inglês ship. O sufixo ship indica posição, grau, relação, estado ou qualidade, tal como, em friendship (amizade ou qualidade de ter amigo). O sufixo pode ainda significar uma habilidade ou perícia ou, ainda, uma combinação de todos esses significados como em leadership (liderança=perícia ou habilidade de liderar)
No que se refere à estratégia, Godoy (2009, p. 12) destaca que a palavra estratégia é de origem grega, provém de stratego, que significa no idioma de origem, a arte da liderança. Era utilizada desde a antiguidade para designar a função do chefe do exército, e, assim, durante vários séculos a palavra foi utilizada por militares para designar o caminho que era definido para guerra, visando à vitória militar. Mintzberg (2000) citado por Lobato (2009, p.10) elenca cinco tipos de conceito de estratégia.
A estratégia é um plano (plan), uma direção, um guia ou curso de ação para o futuro, um caminho a ser seguido para levar a organização de um estado atual, corrente, para um estado futuro desejado. A estratégia é um padrão (pattern), isto é, consistência de comportamento ao longo do tempo. A estratégia é uma posição (position), ou seja, a localização de certo produto em determinados mercados. A estratégia é uma perspectiva (perspective), uma maneira fundamental de a organização fazer as coisas. A estratégia é um estratagema (Play) – nessa definição, estratégia é uma manobra específica para vencer com um ardil um oponente ou concorrente.
Nesse sentido, o autor evidencia os 5 Ps para estratégias, tornando-se importante para que as empresas consigam manter o foco no que planeja e onde quer chegar no ramo empresarial. De acordo com a Lei Complementar Nº123, de 14 de dezembro de 2006, as microempresas são as que detêm Receita bruta no período anual igual ou menor que 360 mil reais. Acerca da definição de microempresa e de empresa de pequeno porte a citada Lei, dispõe em seu Capítulo II, Art. 3º que “a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas” compõem as microempresas.
1.2 As Microempresas e o Empreendedorismo Estratégico
Ao abordar o contexto das microempresas, percebe-se de acordo com Santos, Krein e Calixtre (2012, p.11) que no atual cenário econômico brasileiro “é inegável a importância das MPEs para o desenvolvimento nacional no âmbito da geração de empregos e renda em uma situação caracterizada pela concentração e pela centralização do capital”. Os autores relatam que entre os anos de 2000 e 2009 as microempresas tornaram- se tendência de crescimento no que tange a expansão do emprego no Brasil.
O microempreendedor constitui capacidade de adaptação, isso possibilita que haja a presença massiva de tais empreendimentos, tanto em pequenas quanto em grandes cidades, sendo fator determinante para que essas organizações consigam manter-se ativa, mesmo nas crises econômicas. Peclat (2019, p.14). No decorrer dos anos, em decorrência do aumento da renda familiar e das ofertas de crédito para pequenas e microempresas, o Brasil vem se destacando no empreendedorismo, em especial no que diz respeito a geração de emprego, com esse aumento é normal que o empreendedorismo cresça não somente na quantidade de empresas, mas também, na participação das mesmas no setor econômico. SEBRAE (2018)
O cenário de hoje, relacionado ao empreendedorismo apresenta algumas mudanças como por exemplo, as alterações ocorridas na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), o que torna inevitável acordos entre empregados e empregadores e há uma forte propensão que os empregos atuais sejam substituídos por outra maneira de relacionar trabalho e capital, e uma possibilidade é a criação de novas empresas, situação cada vez mais comum em nosso país. Hitt et al. (2001) aponta duas características do empreendedorismo estratégico, sendo elas:
- Primeiro, a noção de empreendedorismo estratégico se refere à criação e sustentação de uma vantagem competitiva, contribuindo para a identificação e avaliação de seus pontos fortes, suas capacidades dinâmicas e competências essenciais.
- Segundo, a noção de empreendedorismo estratégico contempla a configuração de processos de identificação e exploração de novas oportunidades de negócio.
Compreende-se assim, que o empreendedorismo estratégico está relacionado a vantagem competitiva no mercado ao qual a organização está inserida, conforme Borges et al. (2017, p.06) surge como um complemento à orientação estratégica empreendedora, visando o “estabelecimento de um equilíbrio (ambidexterety) entre a exploração (exploration) de novos mercados, produtos e/ou serviços, e a exploração (exploitation) de ações que a empresa já executa em seus negócios, e que lhe propiciam diferencial competitivo”. Com base nos estudos realizados por March, Ireland e Webb, Neto (2020, p.04) explica a exploration da seguinte forma:
Para March (1991), a exploração (exploration) está associada a novas possibilidades, que incluem pesquisa, tomada de risco, experimentação, jogos, flexibilidade, descobertas e inovação (em uma perspectiva de natureza mais radical), sendo mais difícil integrá-la às práticas da organização. Para Ireland e Webb (2007), a noção de exploration pode ser visualizada como um modo de procurar, pesquisar, estudar, produzir e desenvolver um negócio, em busca da exploração de uma nova oportunidade não existente ou inexplorada no mercado em que a organização está inserida.
Ou seja, está relacionado ao novo, ao recém elaborado ou a um meio já existente, porém utilizado de uma nova maneira. Já a exploitation se caracteriza pelo aproveitamento de recursos já existentes, com foco na otimização de uma vantagem competitiva. Neto (2020, p. 05).
March (1991) a exploração (exploitation) implica em aproveitamento, aperfeiçoamento, produtividade, eficiência, seleção, implementação e execução. Quando uma organização adota o método de aproveitamento, há uma tendência para maiores certezas e uma maior rapidez e clareza nos processos envolvidos. Como consequência, a exploitation exige um esforço menos alocado nas inovações, ou o reaproveitamento de um serviço, ou produto, criando uma vantagem competitiva e uma estratégia que o diferencia dos demais. Na exploração (exploitation) tem-se um conhecimento mais explícito, uma vez que esse método está mais voltado a uma rotina, um padrão.
Souza (2008, p 39) baseado no estudo de Anderson e Miller (2003) reforça o pensamento dos autores onde argumentam que o empreendedorismo “é um fenómeno social em duas vertentes: os comportamentos e a percepção das oportunidades dos empreendedores, onde o ambiente social em que o empreendedor se insere molda a informação que está ao seu alcance”, ou seja, ambos têm como meio influenciador o ambiente social ao qual está inserido.
Ireland et al. (2003) elabora como ocorre a construção do empreendedorismo estratégico, mostrando um modelo do Empreendedorismo Estratégico, apresentado por Oliveira (2014, p.33) com as seguintes características:
[…] a mentalidade empreendedora implica a exploração de novas oportunidades mesmo em situações de extrema incerteza, pois o empreendedor tem a habilidade cognitiva e dinâmica que lhe permite dar sentido às situações ambíguas e fragmentadas; uma liderança e cultura empreendedora são essenciais para motivarem e educarem a equipa na busca de oportunidades, na determinação dos recursos que necessitam, na sustentabilidade da vantagem competitiva, no fundo fomenta os indivíduos para o sonho e a imaginação; quanto à gestão estratégica de recursos, passa pela eficiência em gerir os recursos e capacidades para assim se construírem condições para uma eficaz recolha de oportunidades e construção sólida de vantagem; todo este processo só faz sentido para os autores se passar pela aplicação de criatividade e desenvolvimento de inovação, caraterísticas essenciais em ambientes altamente dinâmicos, que fortalecem o espírito empreendedor e dão a oportunidade à empresa de se diferenciar dos concorrentes; o modelo culmina com a criação de riqueza, quer para os empresários quer para o mercado, a empresa atinge assim o desempenho pretendido através deste processo contínuo de procura de oportunidades juntamente com a busca pela vantagem competitiva.
Com isso, o empreendedorismo surge como uma maneira de revitalizar o empreendimento, tornando-se um ambiente inovador, com capacidades essenciais para o sucesso da empresa, independentemente de seu porte. Levando ao conhecimento de gestão estratégico, o que leva a novas oportunidades, conseguindo assim, algo primordial ao sucesso do empreendedorismo, a vantagem competitiva.
1.3. O empreendedor e as mudanças conceituais no Empreendedorismo Estratégico (EE) nos últimos 20 anos.
No final do século XIX e no início do século XX, a definição do empreendedor passou a ser vista pela perspectiva econômica. Dito deste modo, o empreendedor organiza e opera uma empresa para lucro pessoal. Paga os preços atuais pelos materiais consumidos no negócio, pelo uso da terra, pelo Serviço de pessoas que emprega e pelo capital de que necessita contribuindo com sua própria iniciativa, habilidade e engenhosidade no planejamento, organização e administração da empresa. Também assume a possibilidade de prejuízo e de lucro em consequência de circunstâncias imprevistas e incontroláveis. Os resíduos líquidos das receitas anuais do empreendimento, após o pagamento de todos os custos, são retidos pelo empreendedor. (ELY e RESS, 1937, p. 488.)
A definição de empreendedor evoluiu com o passar do tempo, devido às mudanças ocorridas na área econômica mundial tornando-se mais complexas. Desde seu início na idade média, o indivíduo que participava ou administrava grandes projetos de produção era chamado de empreendedor, porém esta pessoa utilizava os recursos fornecidos geralmente pelo governo do país. O empreendedor da idade média era o clérigo – a pessoa encarregada de obras arquitetônicas como castelos e fortificações, prédios públicos, abadias e catedrais. No século XVII agrega-se mais uma característica ao empreendedor, o do risco. Neste período o empreendedor era a pessoa que assumia um contrato com o governo, para fornecimento de um produto ou serviço. Como o valor do contrato é fixo quaisquer resultados, seja ele lucro ou até mesmo prejuízo, eram do empreendedor. Bispo et al. (2015, p.03)
A função do empreendedor é reformar ou revolucionar o padrão de produção explorando uma invenção ou, de modo geral, um método tecnológico não experimentado para produzir um novo bem ou um bem antigo de maneira nova, abrindo uma nova fonte de suprimento de materiais ou uma nova comercialização para produtos, e organizando um novo setor. (Schumpeter, 1952, p.72.).
Bispo et al. (2015, p.03) apud Chiavenato (2007), existem três características básicas para um empreendedor. São elas: 1-Necessidade de realização: Uma necessidade pessoal, o que o diferencia dos outros. 2-Disposição para assumir riscos: Riscos financeiros e de demais ordens assumidos ao iniciar o próprio negócio. 3 -Autoconfiança: Segurança ao sentir que pode enfrentar os desafios e problemas.
O conceito de empreendedorismo surgiu na metade do século XVIII, com Richard Cantillon (1775) e, posteriormente, com Jean Baptiste Say, e é tema de estudo desde 1921 com
Knight, desenvolvendo a noção de risco e incerteza. Schumpeter, em 1934, definiu o empreendedorismo como novas combinações para se obter novas coisas ou fazer as coisas que já existem de um novo modo, e em 1942, definiu o processo de inovação, difusão e transformação, como destruição criativa, pois os agentes organizacionais, ao inovarem, forçam os setores, com suas empresas já estabelecidas, a se atualizarem para não se tornarem obsoletos apud (Ibrahim & Goodwin, 1986). Ao abordar as raízes do empreendedorismo estratégico três fases cronológica foram identificadas, conforme mostra VENTURA; LIMA (2017, p. 05-06) apresentadas da seguinte maneira:
Fase 1: (1921 a 1962) – tem-se a concentração nas ideias de risco, inovação, criação de novos negócios, crescimento econômico e criação de riqueza, com Schumpeter, em 1934; oportunidade, com Pen Rose, em 1959; e cognição e comportamento, com Simon, em 1962. Essa primeira fase está mais alinhada à perspectiva de base econômica acerca do empreendedorismo – concentra-se nas ideias de inovação, risco calculado e desenvolvimento.
Esses autores são considerados “âncoras”, pois são base para o desenvolvimento de três linhas distintas de pensamento sobre o empreendedorismo.
Fase 2: (1973 a 1991) – a concentração inicial, citada na primeira fase, expande-se para a busca de oportunidade, comportamento estratégico e vantagem competitiva. É nessa fase, que se consolidam as quatro principais linhas de pensamento sobre empreendedorismo, que servem como base para a evolução do tema Empreendedorismo Estratégico, sendo elas:
- A primeira linha de pensamento sobre empreendedorismo, que representa a evolução do conceito sobre empreendedorismo estratégico;
- Na segunda linha de evolução do conceito de EE, destaca-se Pen Rose em 1959, como base para a teoria Resource Based View (RBV) –, desenvolvida por Barney (1991).
- Já na terceira linha de evolução do conceito de EE, tem-se Porter (1980), desenvolvendo o conceito de vantagem competitiva.
- A quarta e principal linha de evolução do conceito de EE inicia-se com Simon em 1962 e March em 1991, que abordam e questionam a aprendizagem organizacional e o balanceamento entre os comportamentos de prospecção em longo prazo e de aproveitamento em curto prazo.
Fase 3: (1993 a 2012) – nessa fase as quatro linhas de pensamento sobre empreendedorismo são concatenadas e tomam a configuração atual de Empreendedorismo Estratégico.
A RBV citada na segunda linha de evolução é explicada por Madhani (2010, p.01) como: a Visão Baseada em Recursos (RBV) adota uma visão “de dentro para fora” ou uma perspectiva específica da empresa sobre por que as organizações têm sucesso ou fracassam no mercado. De acordo com a RBV, as capacidades das empresas também permitem que algumas empresas agreguem valor na cadeia de valor do cliente, desenvolvam novos produtos ou se expandam em novos mercados. A RBV baseia-se nos recursos e capacidades que residem na organização para desenvolver vantagens competitivas sustentáveis. No entanto, nem todos os recursos da empresa serão estratégicos e, portanto, fontes de vantagem competitiva. A vantagem competitiva ocorre apenas quando existe uma situação de heterogeneidade e imobilidade de recursos.
METODOLOGIA
No presente estudo utilizou-se a pesquisa bibliográfica, desenvolvida por meio de materiais já existentes, como livros, artigos científicos e documentos oficiais, com o intuito de dar resposta à problemática em estudo. Conforme (CERVO, BERVIAN, 2002, p. 48) “quando se procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental”. Nos dois casos, faz-se importante conhecer e analisar estudos científicos, sobre o tema ou problemática em pesquisa.
A presente pesquisa foi desenvolvida com base em procedimentos e estudos de cunho científico, Gil explica que: A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados. (GIL, 2008, p.17)
A fase inicial do processo de estudo se dá a partir desse tipo de análise e essa etapa ocorrerá o embasamento teórico necessário para dar base a esse trabalho. Para Fachin (2006, p. 119), “pode-se dizer que é um tipo de pesquisa que ocupa lugar de destaque entre as demais, por constituir-se o primeiro passo na vida do estudante”. A pesquisa bibliográfica é muito importante para o desenvolvimento e coleta de informações sobre o tema, pois ajuda no exercício intelectual e colabora para o entendimento cultural em tudo que envolve o conhecimento.
Esse tipo de levantamento bibliográfico consiste em levantar o maior tipo de conhecimentos sobre um apontado assunto, assim Fachin (2006, p. 121) explica que “todo tipo de estudo deve, primeiramente, ter o apoio e o respaldo da pesquisa bibliográfica, mesmo que esse se baseie em outro tipo de pesquisa, seja de campo, de laboratório, documental ou outra”. Pois o estudo bibliográfico além de conduzir e permitir o conhecer sobre determinada análise em estudo, pode servir como pesquisa preparativa para outro modo de pesquisa. Gil (2008, p.17) apresenta o modo a seguir como as etapas desse processo de pesquisa. Essa pesquisa é importante para o levantamento de dados informativos, isso permite realizar um histórico e a atualização no que tange o conhecimento do assunto estudado. A elaboração do projeto consiste em definir o nível da pesquisa: exploratório, descritivo ou explicativo, para isso realizou- se pesquisas dos tipos: qualitativa e exploratória.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo buscou em seu objetivo geral refletir acerca das mudanças no Empreendedorismo Estratégico (EE) nas microempresas por meio de uma revisão bibliográfica, onde, a partir das análises foi possível identificar o contexto em que esse tipo de empreendedorismo passou ao longo dos anos.
Entender o papel do empreendedor é primordial, pois ele é considerado a parte principal ao abordar o empreendedorismo, a partir desse conceito se torna possível inovar em empresas já atuantes no mercado ou criar novos empreendimentos. As microempresas são parte fundamental no cenário econômico brasileiro, pois gera renda e emprego, e tem sido vista como tendência empresarial desde o início dos anos dois mil.
De todo o exposto, conclui-se que empreender é de suma importância na atualidade das empresas brasileiras, ao implementar novos negócios ou adequar antigos empreendimentos às mudanças, com isso, gerando autonomia e desenvolvimento para uma empresa já atuante no mercado competitivo, levando ao entendimento que empreender é algo maior do que criar um negócio, é ter comprometimento, necessita de esforço e tempo dedicados ao empreendimento, mesmo tendo ciência dos riscos.
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¹Acadêmico do Curso de Administração de Empresas da Faculdade FUCAPI em Manaus.
²Professora/ Orientadora de TCC do Curso de Administração de Empresas da Faculdade FUCAPI em Manaus. Mestre em Administração