EMOTIONS AND RESILIENCE IN NEUROTYPIC ELDERLY PEOPLE NEURODIVERGENTS IN THE FUNCTIONAL CONTEXT
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11778701
Alice Rodrigues dos Santos1
Rebeca Prado Aguiar1
Orientadora: Eliziane das Chagas dos Santos Rios2
RESUMO
INTRODUÇÃO: As emoções ou afetos podem ser definidas como reações psicológicas e físicas, que podem ser moldadas diante de situações ou ambientes. A independência do idoso influencia de maneira significativa no seu emocional, sendo assim sem o domínio de suas funções e a incapacidade de realizar as AVD ‘s. OBJETIVOS: O presente estudo teve como objetivo avaliar como as emoções influenciam na capacidade de resiliência de idosos neurotípicos e neurodivergentes no contexto funcional. METODOLOGIA: A pesquisa se trata de um estudo primário, quantitativo, observacional, transversal não controlado, que foi realizado no centro de reabilitação – FIMCA de Porto velho – RO. Foram investigados idosos entre 60 e 65 anos de idade, homens e mulheres com patologias neurológicas e não neurológicas. Os instrumentos utilizados nesta pesquisa foram: Escala de Resiliência Connor-Davidson e Escala de Afeto Positivo e Afeto Negativo – PANAS. RESULTADOS: Participaram deste estudo 18 indivíduos dos gêneros feminino e masculino, com idade a partir de 60 anos, residentes de Porto Velho – RO. O grupo foi constituído por pacientes do centro de reabilitação do centro universitário-FIMCA. CONCLUSÃO: A pesquisa em Porto Velho destaca que as emoções são cruciais para a resiliência de idosos, neurotípicos e neurodivergentes. A correlação entre emoções e resiliência foi evidente nos dados, sendo que os idosos neurodivegentes apresentam maiores níveis de resiliência. A independência funcional dos idosos está ligada ao seu estado emocional, sendo que os mais resilientes tendem a ter mais afetos positivos. Isso ressalta a importância de considerar as emoções em programas de reabilitação. Intervenções psicossociais para gerenciamento emocional são relevantes, especialmente em contextos em que a independência funcional é desafiada.
Palavras-chave: Resiliência Psicológica. Idoso. Reabilitação Neurológica. Emoções.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Emotions or affects can be defined as psychological and physical reactions, which can be shaped in the face of situations or environments. The independence of elderly people significantly influences their emotions, resulting in them not being able to control their functions and being unable to carry out ADLs. OBJECTIVES: The present study aimed to evaluate how emotions influence the resilience capacity of neurotypical and neurodivergent elderly people in the functional context. METHODOLOGY: The research is a primary, quantitative, observational, cross-sectional, uncontrolled study, which was carried out at the rehabilitation center – FIMCA in Porto Velho – RO. Elderly people between 60 and 65 years of age, men and women with neurological and non-neurological pathologies, were investigated. The instruments used in this research were: Connor-Davidson Resilience Scale and Positive Affect and Negative Affect Scale – PANAS. RESULTS: 18 female and male individuals, aged 60 years and over, residents of Porto Velho – RO, participated in this study. The group was made up of patients from the rehabilitation center of the university center-FIMCA. CONCLUSION: The research in Porto Velho highlights that emotions are crucial for the resilience of elderly individuals, both neurotypical and neurodivergent. The correlation between emotions and resilience was evident in the data, with neurodivergent elderly individuals presenting higher levels of resilience. The functional independence of elderly individuals is linked to their emotional state, with the most resilient individuals tending to have more positive affect. This highlights the importance of considering emotions in rehabilitation programs. Psychosocial interventions for emotional management are relevant, especially in contexts where functional independence is challenged.
KEYWORDS: Psychological Resilience. Elderly. Neurological Rehabilitation. Emotions.
INTRODUÇÃO
As emoções ou afetos podem ser definidas como reações psicológicas e físicas, que podem ser moldadas diante de situações ou ambientes. Em relação ao psicológico as emoções alteram comportamentos e como o indivíduo irá lidar com situações da vida (Atkinson, Atkinson, Smith, Bem, & Nolen-Hoeksema, 2002).
Já a Resiliência define-se como a capacidade do indivíduo em se adaptar, resistir a mudanças e superar circunstâncias difíceis; a forma como um indivíduo enxerga situações complicadas da vida, ou seja, a percepção subjetiva, a interpretação e o sentido que ele atribui ao evento que o conduz a um tipo estresse (Yunes & Szymanski, 2001).
Os afetos podem ser positivos ou negativos, como por exemplo: alegria, amor ou tristeza e raiva, sendo assim possui influência no processo para se obter ou desenvolver a capacidade de resiliência, de forma a ter ligação direta sobre a percepção do indivíduo com as suas adversidades (BALLONE, 2002).
Essa percepção sofre influência da neuroanatomia e neurofisiologia do indivíduo, pessoas que sofrem lesões neurológicas, como exemplo Acidente Vascular Cerebral (AVC), carregam um déficit funcional no processamento neurocognitivo, também observados no processo de envelhecimento neurológico. (Pavan et. al 2015).
De acordo com Smith et al. (2002) apud Couto (2010), as condições patológicas podem diminuir de forma significativa o potencial dos indivíduos de experienciar a vida com uma visão positiva, principalmente entre aqueles acima de 80 anos de idade.
O envelhecimento nos remete a dois conceitos bastante utilizados: a senescência, que é o envelhecimento normal, onde ocorrem várias alterações inevitáveis no funcionamento do organismo, e a senilidade, considerado o envelhecimento “patológico”, quando o processo de envelhecimento é acompanhado de doenças, assim necessitando de intervenção (Brasil, 2007; Pelegrino, 2009 apud Martins et. al).
Bem se sabe que a independência do idoso influencia de maneira significativa no seu emocional, sendo assim sem o domínio de suas funções e a incapacidade de realizar as atividades de vida diária ou até mesmo comprometimentos mais graves que afetem a sua locomoção, visão ou audição não significam que o idoso tenha menor domínio emocional e cognitivo (Pavarini e Neri, 2000 apud couto 2010).
Segundo Macleod et.al (2016), em revisão da literatura, foi constatado que a resiliência na velhice é associada à diminuição do risco de desenvolver depressão e também diminui a mortalidade, melhora a autopercepção do processo de envelhecimento, e aumenta a qualidade de vida do idoso. Além disso, nessa mesma pesquisa foi demonstrado que níveis mais altos de resiliência estão ligados com o aumento da idade, assim entende-se que os mais jovens não são sempre tão resilientes quanto as pessoas mais velhas.
As pesquisas atuais irão sugerir que obter resiliência deve ser a parte central do processo de envelhecimento. No que diz respeito ao envelhecimento bem sucedido, as características físicas e psicológicas, quando combinadas, têm o poder de influenciar nesse desenvolvimento (JESTE et al., 2013).
Assim, o processo de resiliência ajuda o indivíduo a conseguir maior qualidade de vida e bem-estar mental, ajudando-o a adotar soluções positivas para os desafios que ele vai se deparar no estágio de velhice. Pois um dos principais desafios do milênio será envelhecer com qualidade de vida (OLIVEIRA; ROCHA, 2016).
Logo este estudo tem como problema de pesquisa a comparação de dois grupos, tanto idosos com patologias que afetem o neurológico, como idosos sem patologias neurológicas. com a finalidade de destrinchar as diferenças ou igualdades entre os dois, para assim os profissionais que trabalham com a reabilitação desses indivíduos, possam trabalhar e dar atenção conforme as necessidades de cada um, ajudando também no desenvolvimento do resiliência deles e mostrando a importância do emocional nesse processo.
METODOLOGIA
O presente estudo aborda o seguinte tema: Resiliência em Idosos neurotípicos e neurodivergentes no contexto funcional. Trata-se de um estudo primário, quantitativo, observacional, transversal não controlado, que foi realizado no Centro de Reabilitação – FIMCA de Porto velho – RO. Foram investigados idosos >60 anos, ambos os sexos, com patologias neurológicas e não neurológicas. A pesquisa transcorreu a partir da autorização do comitê de ética e pesquisa (CEP) das Faculdades Integradas Aparício Carvalho – FIMCA. Os participantes da amostra foram selecionados através dos prontuários contendo as características da inclusão da pesquisa.
O primeiro instrumento utilizado na pesquisa foi: Escala de Afeto Positivo e Afeto Negativo – PANAS que avalia os construtos de afeto positivo e negativo. A escala é composta por 20 itens, que descrevem os humores e emoções dos sujeitos, como por exemplo: “amável”, “cuidadoso”, “aflito”, “impaciente”. A escala é avaliada de 01 a 05 pontos, em que 01 significa “nem um pouco” e 05 “extremamente”, divididos assim em afetos positivos e negativos. O segundo instrumento foi a Escala Resiliência Connor-Davidson: a escala contém 25 itens, cada um com uma escala de pontuação de 0 a 4. As opções são: 0 “nem um pouco verdadeiro”; 1 “raramente verdadeiro”; 2 “às vezes verdadeiro”; 3 “frequentemente verdadeiro”; “04 “quase sempre verdadeiro” totalizando 100 pontos. Esses 25 itens são divididos em 4 competências. (1) Tenacidade; (2) Adaptabilidade Tolerância; (3) Confiança no Apoio Externo; (4) Intuição. O entrevistado deve levar em consideração seu estado no mês anterior.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram deste estudo 18 indivíduos dos gêneros feminino e masculino, com idade a partir de 60 anos, residentes de Porto Velho – RO. O grupo foi constituído por pacientes do centro de reabilitação do Centro Universitário-FIMCA, após o preenchimento do termo de consentimento para a coleta de dados.
As variáveis numéricas contínuas e discretas serão descritas por meio do cálculo de medidas de tendência central (média e mediana) e de dispersão (valores mínimo e máximo, percentis e desvio-padrão). As variáveis qualitativas serão apresentadas por meio de frequência absoluta (n) e frequência relativa (%).
Para a verificação de correlação entre as variáveis foi calculado o coeficiente de correlação de Pearson, caso a distribuição das variáveis seja paramétrica, ou de Spearman, se não-paramétrica. A normalidade das variáveis será verificada por meio do teste de Shapiro-Wilk, sendo considerada como distribuição normal p≥0,05 com intervalo de confiança de 95%.
Comparações de dois grupos foram feitas por meio do teste T-Student. O nível de significância adotado será de 5% e as análises serão realizadas no pacote estatístico SPSS 22.0″
A partir desse ponto, o objetivo foi entrevistar idosos, tanto com quanto sem alterações neurológicas, visando quantificar e comparar seus níveis de resiliência. Além disso, analisamos como as emoções podem influenciar nesses níveis.
Inicialmente, neste artigo serão apresentados os dados descritivos, incluindo tabelas que descrevem características populacionais como idade, sexo e grupo. Em seguida, serão abordados os dados estatísticos dos níveis de resiliência por grupo, a comparação da resiliência entre os sexos e a possível correlação entre as emoções e os níveis de resiliência.
Tabela 01 – Frequência de Idade
Fonte: coletadas nesta pesquisa
A tabela 1 refere-se à frequência de idade dos participantes onde de 60 – 65 corresponde a n-8 (44,4%); 66 – 70 corresponde a n-5 (26,3%) e acima de 70 corresponde a n-5 (26,3%).
Tabela 02 – Frequência de Sexo
Fonte: coletadas nesta pesquisa.
A tabela 2 refere-se à frequência de sexo onde o sexo feminino corresponde a n-9 (50%) e masculino n-9 (50%), onde o total corresponde a 18 participantes desta pesquisa.
Tabela 03 – Frequência de Grupo
Fonte: coletadas nesta pesquisa
De acordo com estatísticas da ONU, a transição para a Terceira Idade ocorre em torno dos 60 anos em países menos desenvolvidos, enquanto em nações mais avançadas esse marco é geralmente aos 65 anos.
O envelhecimento, uma fase complexa da vida, transcende dimensões biológicas para abranger aspectos sociais, psicológicos, econômicos, jurídicos e políticos, muitas vezes interconectados. Este processo é moldado por uma miríade de elementos ao longo das fases anteriores da vida, incluindo experiências familiares, educacionais e institucionais (RUTE BARCELAR, 2002).
No Brasil, 55% da população idosa é constituída de mulheres e quanto maior a idade acima de 60 anos, maior é a proporção de mulheres, principalmente nas áreas urbanas. Nas áreas rurais predominam os homens, o que pode ser justificado pela maior participação dos homens em atividades do campo (IBGE, 2011),
Com esse aumento da população idosa, há uma crescente incidência de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, doença coronariana, osteoartrite, doenças pulmonares, AVCs e demências, afetando negativamente a qualidade de vida dos idosos. No Brasil, os AVCs têm alta incidência em pessoas acima de 55 anos, podendo ser isquêmicos ou hemorrágicos (ROQUE, 2013).
Tabela 04 – Resiliência por grupo
Fonte: coletada nesta pesquisa
A tabela 4 refere-se à comparação da resiliência de cada grupo analisando cada competência. O grupo neurotípico na competência Resiliência Tenacidade teve a x̅de 34,10; Resiliência Adaptabilidade de Tolerância teve x̅23,10; Resiliência Confiança no Apoio Externo teve a x̅8,90; Resiliência Intuição teve a x̅5,40, onde a x̅de Resiliência total de 72,80. O grupo neurodivergente na competência Resiliência Tenacidade teve a x̅de 37,37; Resiliência Adaptabilidade de Tolerância teve a x̅27,62; Resiliência Confiança no Apoio Externo teve a x̅ 9,62; Resiliência Intuição teve a x̅4,87, onde a x̅ de Resiliência total de 79,50.
No presente estudo, percebe-se que os idosos neurodivergentes apresentam médias superiores tanto nas competências quanto na resiliência total, exceto na competência intuição, onde a média é menor. Segundo Morais (2005), mesmo na presença de ameaças e dos riscos inerentes à velhice, alguns idosos podem se desenvolver normalmente e evitar a ocorrência de diversas patologias, sem complicações ou sequelas que dificultem sua independência e autonomia.
Esse desenvolvimento positivo é possível graças à resiliência dos idosos, que permite superar situações de risco e participar ativamente de seu tratamento, além de se envolver na prevenção de condições crônicas e seus sintomas. Para reverter as perdas associadas à idade, os idosos utilizam recursos como a capacidade de resiliência, o atributo pessoal da auto-estima, e o apoio e a assistência da família, de equipes de saúde e de instituições da comunidade.
Hanus (2006) apud Cabral 2013 define resiliência como a capacidade de superar traumas e perdas, conseguindo enxergar algum benefício nesses eventos. Essa habilidade é desenvolvida nos primeiros anos de vida, através de interações afetuosas positivas com os pais e dos investimentos emocionais que eles fazem na criança. Portanto, a qualidade desses vínculos é essencial para o desenvolvimento da resiliência.
Complementando essa visão, Anaut (2006) afirma que a resiliência possui um funcionamento psíquico complexo, envolvendo diferentes dimensões. Ela pode ser vista como um processo de adaptação psicológica que resulta do equilíbrio entre os processos defensivos e a capacidade de se adaptar ao meio social e afetivo.
Dessa forma, com o auxílio desses recursos, os idosos têm a possibilidade de enfrentar positivamente as adversidades que marcam essa fase do desenvolvimento, obtendo êxito no decorrer do processo de envelhecimento Neri 2005(apud Ferreira LC et. al 2012)
Tabela 05 – Resiliência por sexo
Fonte: coletadas nesta pesquisa
A tabela 5 refere-se à comparação da resiliência de cada sexo por competências e resiliência total, as pacientes do sexo femenino apresentam a x̅: tenacidade 34,66; adaptabilidade e tolerancia 24,00; confiança no apoio externo 9,44 e intuição 5,11e na Resiliencia total 74,66. Já o sexo masculino apresenta a x̅: tenacidade 36,44; adaptabilidade e tolerancia 26,22; confiançano apoio externo 9,00; intuiçao 5,22 e na resiliência total 76,88.
A resiliência refere-se à capacidade de se acomodar e reequilibrar-se constantemente em situações adversas, mantendo o funcionamento psicossocial inicial. O apoio social é um fator de proteção significativo, pois as relações desenvolvidas ao longo da vida podem influenciar na superação das adversidades através de mecanismos de controle emocional, afetivo e cognitivo. Para os idosos, qualidade de vida significa estar satisfeito com a vida atual e ter expectativas positivas em relação ao futuro (Macleod et.al 2016).
Além do apoio social, fatores específicos de gênero também influenciam na resiliência e na qualidade de vida. Mulheres possuem maior susceptibilidade a doenças crônicas degenerativas devido à tendência aumentada à obesidade, o que as coloca em maior risco de desenvolver condições como diabetes, dislipidemias, problemas cardíacos e hipertensão. Apesar disso, elas têm uma maior expectativa de vida em comparação com os homens, devido à menor exposição a fatores de risco associados ao trabalho, à violência urbana, acidentes de trânsito, tabagismo e consumo de álcool. Além disso, graças à proatividade na adoção de medidas preventivas e à busca frequente por cuidados médicos, as mulheres tendem a cuidar mais da saúde do que os homens (Veras, 1996).
No entanto, essa maior longevidade também traz desafios, como a solidão, que é uma característica comum entre as mulheres idosas, especialmente aquelas acima dos oitenta anos (Veras,1996). Os papéis de gênero tradicionais exercem grande influência na forma como a resiliência é percebida. Os homens são culturalmente incentivados a demonstrarem força e independência, o que pode dar a impressão de que possuem uma resiliência maior. No entanto, essa expectativa pode levá-los a não buscar ajuda quando precisam, afetando negativamente sua saúde mental a longo prazo.
Por outro lado, as mulheres geralmente são ensinadas a serem mais expressivas emocionalmente e a procurarem apoio social, o que desempenha um papel crucial na construção da resiliência. A busca ativa por apoio social e cuidados médicos, junto com uma maior expressão emocional, proporciona às mulheres ferramentas eficazes para lidar com as adversidades, podendo contribuir para uma melhor qualidade de vida na velhice.
Tabela 06 – Emoções por Grupo
Fonte: coletadas nesta pesquisa
A tabela 6 refere-se à comparação de cada grupo, analisando as emoções positivas e negativas. O grupo neurotípico nas emoções positivas obteve a x̅ de 38,40 e nas negativas 22,40, já o grupo neurodivergente nas emoções positivas obteve a x̅de 40,75 e nas negativas 15,37, sendo a x̅ total das emoções positivas de 39,44 e negativas de 19,27.
O envelhecimento é um processo contínuo que começa desde que nascemos e inevitavelmente nos conduz à morte. Este processo provoca alterações em momentos e intensidades diferentes, dependendo de características genéticas, ambientais e sociais (Marin, 2012).
A senescência, resultado de vários elementos ambientais, representa o curso natural do envelhecimento e traz modificações estruturais como ressecamento da pele, perda de audição, problemas de memória e visão alterada. Para promover um envelhecimento saudável, é crucial implementar novas práticas, incluindo a prática de atividades físicas, controle da alimentação e atenção à saúde mental (Ciosak et al., 2011).
Durante a vida, podem ocorrer várias mudanças no sistema nervoso, conhecidas como desordens neurológicas. Essas desordens podem surgir devido à degeneração neuronal, como no caso do Alzheimer e do Parkinson; desordens musculares, como as distrofias; desordens adquiridas, como tumores, traumatismos e infecções; e desordens ligadas a alterações comportamentais e neuropsíquicas (Souza et al., 2022).
No contexto funcional, tanto para idosos neurotípicos quanto neurodivergentes, as emoções desempenham um papel crucial na adaptação e na resiliência. Enquanto os idosos neurotípicos enfrentam desafios emocionais relacionados ao envelhecimento, como solidão, perda de independência e preocupações com a saúde, os idosos neurodivergentes lidam não apenas com esses desafios, mas também com questões específicas relacionadas à sua condição, como dificuldades de comunicação e interação social.
No entanto, ambos os grupos podem desenvolver estratégias de enfrentamento e resiliência para lidar com essas adversidades. A resiliência, nesse contexto, refere-se à capacidade de se adaptar positivamente às mudanças e superar obstáculos, mesmo diante de condições adversas (Otero et al., 2023).
A emoção, sendo uma experiência subjetiva que envolve a pessoa como um todo (mente e corpo), é uma reação observável que inclui excitação fisiológica, interpretação cognitiva e experiência subjetiva (Tavares et al., 2012).
Portanto, entender e gerir as emoções é fundamental para o bem-estar dos idosos, contribuindo para a sua capacidade de enfrentar os desafios do envelhecimento.
Tabela 07 – Emoções por Sexo
Fonte: coletadas nesta pesquisa
A tabela 7 refere-se à comparação das emoções positivas e negativas por sexo, onde a x̅ do sexo feminino na escala de PANAS positiva foi 38,77 e negativa 23,00, ja para o sexo masculino a x̅ nas PANAS positiva foi 40,11 e na negativa 15,55.
As emoções humanas são multifacetadas e diversas, e apesar de homens e mulheres vivenciarem uma ampla gama de sentimentos, frequentemente ocorrem sutis discrepâncias na manifestação e percepção dessas emoções. (Atkinson, Atkinson, Smith, Bem, & Nolen-Hoeksema, 2002).
Por exemplo, as mulheres costumam demonstrar de modo mais aberto sua empatia e sensibilidade emocional, expressando-se de maneira mais livre. Por outro lado, os homens muitas vezes são instruídos a reprimir suas emoções, especialmente aquelas consideradas como “fracas” ou “femininas”, optando por expressar predominantemente sentimentos como raiva ou confiança.
As variações na manifestação das emoções podem ser explicadas por uma mistura de influências biológicas, sociais e culturais. Pesquisas indicam que os desequilíbrios hormonais podem afetar a maneira como homens e mulheres vivenciam e demonstram suas emoções. Além disso, as normas de gênero e expectativas culturais têm um papel relevante, moldando a forma como as emoções são percebidas e incentivadas socialmente em ambos os sexos (Reeve 2006 apud Cezar A.T 2016).
Ainda segundo Reeve é importante notar que essas generalizações não se aplicam a todos os indivíduos e que a experiência emocional é altamente individualizada. Muitos homens podem sentir-se confortáveis expressando uma ampla gama de emoções, enquanto algumas mulheres podem sentir-se inibidas pela pressão social para parecerem fortes e controladas. Portanto, é fundamental reconhecer e respeitar a diversidade de experiências emocionais dentro de cada gênero.
Em última análise, a compreensão e aceitação das diferenças emocionais entre homens e mulheres podem promover uma comunicação mais empática e relacionamentos mais saudáveis. Ao reconhecer e valorizar as diversas maneiras pelas quais as pessoas experimentam e expressam emoções, podemos criar um ambiente mais inclusivo e acolhedor para todos. Howard Gardner (1999 apud Casanova N et al. 2009).
Tabela 08 – Teste de Normalidade
Fonte: coletadas nesta pesquisa
Tabela 09 – Correlações Entre Resiliência e Emoções
Os testes de normalidade Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk indicaram resultados significantes em ambos os casos. Na análise da correlação entre Resiliência e emoções, constatou-se, na PANAS positiva, uma correlação moderada entre emoções positivas e resiliência, enquanto não se observou tal relação entre emoções positivas e negativas. Quanto à PANAS negativa, observou-se uma correlação fraca com a resiliência, sugerindo que emoções negativas não afetam a resiliência. Com uma correlação significativamente menor que 0.05, a hipótese nula de que idosos neurotípicos podem ter predominância de emoções positivas, levando a uma maior resiliência, foi descartada. Assim, conclui-se que há uma diferença significativa nos níveis de resiliência entre os grupos.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados da pesquisa realizada no centro de reabilitação FIMCA de Porto Velho, pode-se concluir que as emoções desempenham um papel significativo na capacidade de resiliência de idosos neurotípicos e neurodivergentes no contexto funcional. Os dados coletados indicaram que as emoções positivas e negativas, avaliadas através da Escala de Afeto Positivo e Afeto Negativo (PANAS), estão correlacionadas com os níveis de resiliência dos participantes, conforme medido pela Escala de Resiliência Connor-Davidson.
Observou-se que a independência funcional dos idosos, especialmente sua capacidade de realizar Atividades da Vida Diária (AVDs), está diretamente ligada ao seu estado emocional. Os participantes que apresentaram maior resiliência também demonstraram tendência a experimentar mais afetos positivos e menos afetos negativos, indicando uma correlação moderada entre essas variáveis.
Esses achados sugerem a importância de abordagens que considerem as emoções dos idosos em programas de reabilitação e cuidados de saúde, visando não apenas à melhoria funcional, mas também ao fortalecimento da resiliência emocional. Além disso, destacam a relevância de intervenções psicossociais voltadas para o manejo das emoções, especialmente em contextos em que a independência funcional pode ser comprometida, como é o caso de idosos com patologias neurológicas e não neurológicas.
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1Graduandos em FISIOTERAPIA das Faculdades Integradas Aparício Carvalho – FIMCA
2Docente das Faculdades Integradas Aparício Carvalho – FIMCA. E-mail: Prof.rios.eliziane@fimca.com.br