EMOÇÕES E RESILIÊNCIA EM IDOSOS NEUROTÍPICOS E NEURODIVERGENTES NO CONTEXTO FUNCIONAL  

EMOTIONS AND RESILIENCE IN NEUROTYPIC ELDERLY PEOPLE NEURODIVERGENTS IN THE FUNCTIONAL CONTEXT

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11778701


Alice Rodrigues dos Santos1
Rebeca Prado Aguiar1
Orientadora: Eliziane das Chagas dos Santos Rios2


RESUMO 

INTRODUÇÃO: As emoções ou afetos podem ser definidas como  reações psicológicas e físicas, que podem ser moldadas diante de  situações ou ambientes. A independência do idoso influencia de  maneira significativa no seu emocional, sendo assim sem o domínio  de suas funções e a incapacidade de realizar as AVD ‘s. OBJETIVOS:  O presente estudo teve como objetivo avaliar como as emoções  influenciam na capacidade de resiliência de idosos neurotípicos e  neurodivergentes no contexto funcional. METODOLOGIA: A  pesquisa se trata de um estudo primário, quantitativo, observacional,  transversal não controlado, que foi realizado no centro de reabilitação  – FIMCA de Porto velho – RO. Foram investigados idosos entre 60 e  65 anos de idade, homens e mulheres com patologias neurológicas e  não neurológicas. Os instrumentos utilizados nesta pesquisa foram:  Escala de Resiliência Connor-Davidson e Escala de Afeto Positivo e  Afeto Negativo – PANAS. RESULTADOS: Participaram deste estudo  18 indivíduos dos gêneros feminino e masculino, com idade a partir  de 60 anos, residentes de Porto Velho – RO. O grupo foi constituído  por pacientes do centro de reabilitação do centro universitário-FIMCA. CONCLUSÃO: A pesquisa em Porto Velho destaca que as emoções  são cruciais para a resiliência de idosos, neurotípicos e  neurodivergentes. A correlação entre emoções e resiliência foi  evidente nos dados, sendo que os idosos neurodivegentes  apresentam maiores níveis de resiliência. A independência funcional  dos idosos está ligada ao seu estado emocional, sendo que os mais resilientes tendem a ter mais afetos positivos. Isso ressalta a  importância de considerar as emoções em programas de reabilitação.  Intervenções psicossociais para gerenciamento emocional são  relevantes, especialmente em contextos em que a independência  funcional é desafiada. 

Palavras-chave: Resiliência Psicológica. Idoso. Reabilitação Neurológica. Emoções. 

ABSTRACT 

INTRODUCTION: Emotions or affects can be defined as psychological and physical reactions,  which can be shaped in the face of situations or environments. The independence of elderly  people significantly influences their emotions, resulting in them not being able to control their  functions and being unable to carry out ADLs. OBJECTIVES: The present study aimed to  evaluate how emotions influence the resilience capacity of neurotypical and neurodivergent  elderly people in the functional context. METHODOLOGY: The research is a primary,  quantitative, observational, cross-sectional, uncontrolled study, which was carried out at the  rehabilitation center – FIMCA in Porto Velho – RO. Elderly people between 60 and 65 years of  age, men and women with neurological and non-neurological pathologies, were investigated.  The instruments used in this research were: Connor-Davidson Resilience Scale and Positive  Affect and Negative Affect Scale – PANAS. RESULTS: 18 female and male individuals, aged  60 years and over, residents of Porto Velho – RO, participated in this study. The group was  made up of patients from the rehabilitation center of the university center-FIMCA. CONCLUSION: The research in Porto Velho highlights that emotions are crucial for the  resilience of elderly individuals, both neurotypical and neurodivergent. The correlation between  emotions and resilience was evident in the data, with neurodivergent elderly individuals  presenting higher levels of resilience. The functional independence of elderly individuals is  linked to their emotional state, with the most resilient individuals tending to have more positive  affect. This highlights the importance of considering emotions in rehabilitation programs.  Psychosocial interventions for emotional management are relevant, especially in contexts  where functional independence is challenged. 

KEYWORDS: Psychological Resilience. Elderly. Neurological Rehabilitation. Emotions.

INTRODUÇÃO 

As emoções ou afetos podem ser definidas como reações psicológicas e  físicas, que podem ser moldadas diante de situações ou ambientes. Em relação ao  psicológico as emoções alteram comportamentos e como o indivíduo irá lidar com  situações da vida (Atkinson, Atkinson, Smith, Bem, & Nolen-Hoeksema, 2002).  

Já a Resiliência define-se como a capacidade do indivíduo em se adaptar,  resistir a mudanças e superar circunstâncias difíceis; a forma como um indivíduo  enxerga situações complicadas da vida, ou seja, a percepção subjetiva, a  interpretação e o sentido que ele atribui ao evento que o conduz a um tipo estresse  (Yunes & Szymanski, 2001).  

Os afetos podem ser positivos ou negativos, como por exemplo: alegria, amor  ou tristeza e raiva, sendo assim possui influência no processo para se obter ou  desenvolver a capacidade de resiliência, de forma a ter ligação direta sobre a  percepção do indivíduo com as suas adversidades (BALLONE, 2002).  

Essa percepção sofre influência da neuroanatomia e neurofisiologia do  indivíduo, pessoas que sofrem lesões neurológicas, como exemplo Acidente Vascular  Cerebral (AVC), carregam um déficit funcional no processamento neurocognitivo,  também observados no processo de envelhecimento neurológico. (Pavan et. al 2015). 

De acordo com Smith et al. (2002) apud Couto (2010), as condições patológicas  podem diminuir de forma significativa o potencial dos indivíduos de experienciar a vida  com uma visão positiva, principalmente entre aqueles acima de 80 anos de idade.  

O envelhecimento nos remete a dois conceitos bastante utilizados: a  senescência, que é o envelhecimento normal, onde ocorrem várias alterações  inevitáveis no funcionamento do organismo, e a senilidade, considerado o  envelhecimento “patológico”, quando o processo de envelhecimento é acompanhado  de doenças, assim necessitando de intervenção (Brasil, 2007; Pelegrino, 2009 apud  Martins et. al).  

Bem se sabe que a independência do idoso influencia de maneira significativa  no seu emocional, sendo assim sem o domínio de suas funções e a incapacidade de  realizar as atividades de vida diária ou até mesmo comprometimentos mais graves  que afetem a sua locomoção, visão ou audição não significam que o idoso tenha  menor domínio emocional e cognitivo (Pavarini e Neri, 2000 apud couto 2010).

Segundo Macleod et.al (2016), em revisão da literatura, foi constatado que a  resiliência na velhice é associada à diminuição do risco de desenvolver depressão e  também diminui a mortalidade, melhora a autopercepção do processo de  envelhecimento, e aumenta a qualidade de vida do idoso. Além disso, nessa mesma  pesquisa foi demonstrado que níveis mais altos de resiliência estão ligados com o  aumento da idade, assim entende-se que os mais jovens não são sempre tão  resilientes quanto as pessoas mais velhas.  

As pesquisas atuais irão sugerir que obter resiliência deve ser a parte central  do processo de envelhecimento. No que diz respeito ao envelhecimento bem sucedido, as características físicas e psicológicas, quando combinadas, têm o poder  de influenciar nesse desenvolvimento (JESTE et al., 2013). 

Assim, o processo de resiliência ajuda o indivíduo a conseguir maior qualidade  de vida e bem-estar mental, ajudando-o a adotar soluções positivas para os desafios  que ele vai se deparar no estágio de velhice. Pois um dos principais desafios do  milênio será envelhecer com qualidade de vida (OLIVEIRA; ROCHA, 2016).  

Logo este estudo tem como problema de pesquisa a comparação de dois  grupos, tanto idosos com patologias que afetem o neurológico, como idosos sem  patologias neurológicas. com a finalidade de destrinchar as diferenças ou igualdades  entre os dois, para assim os profissionais que trabalham com a reabilitação desses  indivíduos, possam trabalhar e dar atenção conforme as necessidades de cada um,  ajudando também no desenvolvimento do resiliência deles e mostrando a importância  do emocional nesse processo. 

METODOLOGIA 

O presente estudo aborda o seguinte tema: Resiliência em Idosos neurotípicos  e neurodivergentes no contexto funcional. Trata-se de um estudo primário,  quantitativo, observacional, transversal não controlado, que foi realizado no Centro de  Reabilitação – FIMCA de Porto velho – RO. Foram investigados idosos >60 anos,  ambos os sexos, com patologias neurológicas e não neurológicas. A pesquisa  transcorreu a partir da autorização do comitê de ética e pesquisa (CEP) das  Faculdades Integradas Aparício Carvalho – FIMCA. Os participantes da amostra foram  selecionados através dos prontuários contendo as características da inclusão da  pesquisa.  

O primeiro instrumento utilizado na pesquisa foi: Escala de Afeto Positivo e  Afeto Negativo – PANAS que avalia os construtos de afeto positivo e negativo. A  escala é composta por 20 itens, que descrevem os humores e emoções dos sujeitos,  como por exemplo: “amável”, “cuidadoso”, “aflito”, “impaciente”. A escala é avaliada  de 01 a 05 pontos, em que 01 significa “nem um pouco” e 05 “extremamente”, divididos  assim em afetos positivos e negativos. O segundo instrumento foi a Escala Resiliência  Connor-Davidson: a escala contém 25 itens, cada um com uma escala de pontuação  de 0 a 4. As opções são: 0 “nem um pouco verdadeiro”; 1 “raramente verdadeiro”; 2  “às vezes verdadeiro”; 3 “frequentemente verdadeiro”; “04 “quase sempre verdadeiro”  totalizando 100 pontos. Esses 25 itens são divididos em 4 competências. (1)  Tenacidade; (2) Adaptabilidade Tolerância; (3) Confiança no Apoio Externo; (4)  Intuição. O entrevistado deve levar em consideração seu estado no mês anterior.

RESULTADOS E DISCUSSÃO  

Participaram deste estudo 18 indivíduos dos gêneros feminino e masculino,  com idade a partir de 60 anos, residentes de Porto Velho – RO. O grupo foi constituído  por pacientes do centro de reabilitação do Centro Universitário-FIMCA, após o  preenchimento do termo de consentimento para a coleta de dados. 

As variáveis numéricas contínuas e discretas serão descritas por meio do  cálculo de medidas de tendência central (média e mediana) e de dispersão (valores  mínimo e máximo, percentis e desvio-padrão). As variáveis qualitativas serão  apresentadas por meio de frequência absoluta (n) e frequência relativa (%). 

Para a verificação de correlação entre as variáveis foi calculado o coeficiente  de correlação de Pearson, caso a distribuição das variáveis seja paramétrica, ou de  Spearman, se não-paramétrica. A normalidade das variáveis será verificada por meio  do teste de Shapiro-Wilk, sendo considerada como distribuição normal p≥0,05 com  intervalo de confiança de 95%. 

Comparações de dois grupos foram feitas por meio do teste T-Student. O nível  de significância adotado será de 5% e as análises serão realizadas no pacote  estatístico SPSS 22.0″ 

A partir desse ponto, o objetivo foi entrevistar idosos, tanto com quanto sem  alterações neurológicas, visando quantificar e comparar seus níveis de resiliência.  Além disso, analisamos como as emoções podem influenciar nesses níveis. 

Inicialmente, neste artigo serão apresentados os dados descritivos, incluindo  tabelas que descrevem características populacionais como idade, sexo e grupo. Em  seguida, serão abordados os dados estatísticos dos níveis de resiliência por grupo, a  comparação da resiliência entre os sexos e a possível correlação entre as emoções e  os níveis de resiliência. 

Tabela 01 – Frequência de Idade

Fonte: coletadas nesta pesquisa 

A tabela 1 refere-se à frequência de idade dos participantes onde de 60 – 65  corresponde a n-8 (44,4%); 66 – 70 corresponde a n-5 (26,3%) e acima de 70  corresponde a n-5 (26,3%). 

Tabela 02 – Frequência de Sexo

Fonte: coletadas nesta pesquisa. 

A tabela 2 refere-se à frequência de sexo onde o sexo feminino corresponde a  n-9 (50%) e masculino n-9 (50%), onde o total corresponde a 18 participantes desta  pesquisa. 

Tabela 03 – Frequência de Grupo

Fonte: coletadas nesta pesquisa 

De acordo com estatísticas da ONU, a transição para a Terceira Idade  ocorre em torno dos 60 anos em países menos desenvolvidos, enquanto em nações  mais avançadas esse marco é geralmente aos 65 anos. 

O envelhecimento, uma fase complexa da vida, transcende dimensões  biológicas para abranger aspectos sociais, psicológicos, econômicos, jurídicos e  políticos, muitas vezes interconectados. Este processo é moldado por uma miríade de  elementos ao longo das fases anteriores da vida, incluindo experiências familiares,  educacionais e institucionais (RUTE BARCELAR, 2002). 

No Brasil, 55% da população idosa é constituída de mulheres e quanto maior  a idade acima de 60 anos, maior é a proporção de mulheres, principalmente nas áreas  urbanas. Nas áreas rurais predominam os homens, o que pode ser justificado pela  maior participação dos homens em atividades do campo (IBGE, 2011), 

Com esse aumento da população idosa, há uma crescente incidência de  doenças crônicas como diabetes, hipertensão, doença coronariana, osteoartrite,  doenças pulmonares, AVCs e demências, afetando negativamente a qualidade de  vida dos idosos. No Brasil, os AVCs têm alta incidência em pessoas acima de 55 anos,  podendo ser isquêmicos ou hemorrágicos (ROQUE, 2013). 

Tabela 04 – Resiliência por grupo

Fonte: coletada nesta pesquisa 

A tabela 4 refere-se à comparação da resiliência de cada grupo analisando  cada competência. O grupo neurotípico na competência Resiliência Tenacidade teve  a x̅de 34,10; Resiliência Adaptabilidade de Tolerância teve x̅23,10; Resiliência  Confiança no Apoio Externo teve a x̅8,90; Resiliência Intuição teve a x̅5,40, onde a  x̅de Resiliência total de 72,80. O grupo neurodivergente na competência Resiliência  Tenacidade teve a x̅de 37,37; Resiliência Adaptabilidade de Tolerância teve a x̅27,62; Resiliência Confiança no Apoio Externo teve a x̅ 9,62; Resiliência Intuição  teve a x̅4,87, onde a x̅ de Resiliência total de 79,50. 

No presente estudo, percebe-se que os idosos neurodivergentes apresentam  médias superiores tanto nas competências quanto na resiliência total, exceto na  competência intuição, onde a média é menor. Segundo Morais (2005), mesmo na  presença de ameaças e dos riscos inerentes à velhice, alguns idosos podem se  desenvolver normalmente e evitar a ocorrência de diversas patologias, sem  complicações ou sequelas que dificultem sua independência e autonomia.  

Esse desenvolvimento positivo é possível graças à resiliência dos idosos, que  permite superar situações de risco e participar ativamente de seu tratamento, além de  se envolver na prevenção de condições crônicas e seus sintomas. Para reverter as  perdas associadas à idade, os idosos utilizam recursos como a capacidade de  resiliência, o atributo pessoal da auto-estima, e o apoio e a assistência da família, de  equipes de saúde e de instituições da comunidade. 

Hanus (2006) apud Cabral 2013 define resiliência como a capacidade de  superar traumas e perdas, conseguindo enxergar algum benefício nesses eventos.  Essa habilidade é desenvolvida nos primeiros anos de vida, através de interações  afetuosas positivas com os pais e dos investimentos emocionais que eles fazem na  criança. Portanto, a qualidade desses vínculos é essencial para o desenvolvimento da  resiliência. 

Complementando essa visão, Anaut (2006) afirma que a resiliência possui um  funcionamento psíquico complexo, envolvendo diferentes dimensões. Ela pode ser  vista como um processo de adaptação psicológica que resulta do equilíbrio entre os  processos defensivos e a capacidade de se adaptar ao meio social e afetivo. 

Dessa forma, com o auxílio desses recursos, os idosos têm a possibilidade de  enfrentar positivamente as adversidades que marcam essa fase do desenvolvimento,  obtendo êxito no decorrer do processo de envelhecimento Neri 2005(apud Ferreira LC  et. al 2012) 

Tabela 05 – Resiliência por sexo

Fonte: coletadas nesta pesquisa 

A tabela 5 refere-se à comparação da resiliência de cada sexo por  competências e resiliência total, as pacientes do sexo femenino apresentam a x̅:  tenacidade 34,66; adaptabilidade e tolerancia 24,00; confiança no apoio externo 9,44  e intuição 5,11e na Resiliencia total 74,66. Já o sexo masculino apresenta a x̅:  tenacidade 36,44; adaptabilidade e tolerancia 26,22; confiançano apoio externo 9,00;  intuiçao 5,22 e na resiliência total 76,88. 

A resiliência refere-se à capacidade de se acomodar e reequilibrar-se  constantemente em situações adversas, mantendo o funcionamento psicossocial  inicial. O apoio social é um fator de proteção significativo, pois as relações  desenvolvidas ao longo da vida podem influenciar na superação das adversidades  através de mecanismos de controle emocional, afetivo e cognitivo. Para os idosos,  qualidade de vida significa estar satisfeito com a vida atual e ter expectativas positivas  em relação ao futuro (Macleod et.al 2016). 

Além do apoio social, fatores específicos de gênero também influenciam na  resiliência e na qualidade de vida. Mulheres possuem maior susceptibilidade a  doenças crônicas degenerativas devido à tendência aumentada à obesidade, o que  as coloca em maior risco de desenvolver condições como diabetes, dislipidemias,  problemas cardíacos e hipertensão. Apesar disso, elas têm uma maior expectativa de  vida em comparação com os homens, devido à menor exposição a fatores de risco  associados ao trabalho, à violência urbana, acidentes de trânsito, tabagismo e  consumo de álcool. Além disso, graças à proatividade na adoção de medidas  preventivas e à busca frequente por cuidados médicos, as mulheres tendem a cuidar  mais da saúde do que os homens (Veras, 1996). 

No entanto, essa maior longevidade também traz desafios, como a solidão, que  é uma característica comum entre as mulheres idosas, especialmente aquelas acima  dos oitenta anos (Veras,1996). Os papéis de gênero tradicionais exercem grande influência na forma como a resiliência é percebida. Os homens são culturalmente  incentivados a demonstrarem força e independência, o que pode dar a impressão de  que possuem uma resiliência maior. No entanto, essa expectativa pode levá-los a não  buscar ajuda quando precisam, afetando negativamente sua saúde mental a longo  prazo. 

Por outro lado, as mulheres geralmente são ensinadas a serem mais  expressivas emocionalmente e a procurarem apoio social, o que desempenha um  papel crucial na construção da resiliência. A busca ativa por apoio social e cuidados  médicos, junto com uma maior expressão emocional, proporciona às mulheres  ferramentas eficazes para lidar com as adversidades, podendo contribuir para uma  melhor qualidade de vida na velhice. 

Tabela 06 – Emoções por Grupo

Fonte: coletadas nesta pesquisa 

A tabela 6 refere-se à comparação de cada grupo, analisando as emoções  positivas e negativas. O grupo neurotípico nas emoções positivas obteve a x̅ de 38,40  e nas negativas 22,40, já o grupo neurodivergente nas emoções positivas obteve a  x̅de 40,75 e nas negativas 15,37, sendo a x̅ total das emoções positivas de 39,44 e  negativas de 19,27. 

O envelhecimento é um processo contínuo que começa desde que nascemos  e inevitavelmente nos conduz à morte. Este processo provoca alterações em  momentos e intensidades diferentes, dependendo de características genéticas,  ambientais e sociais (Marin, 2012). 

A senescência, resultado de vários elementos ambientais, representa o curso  natural do envelhecimento e traz modificações estruturais como ressecamento da  pele, perda de audição, problemas de memória e visão alterada. Para promover um  envelhecimento saudável, é crucial implementar novas práticas, incluindo a prática de  atividades físicas, controle da alimentação e atenção à saúde mental (Ciosak et al., 2011). 

Durante a vida, podem ocorrer várias mudanças no sistema nervoso,  conhecidas como desordens neurológicas. Essas desordens podem surgir devido à  degeneração neuronal, como no caso do Alzheimer e do Parkinson; desordens  musculares, como as distrofias; desordens adquiridas, como tumores, traumatismos  e infecções; e desordens ligadas a alterações comportamentais e neuropsíquicas  (Souza et al., 2022).  

No contexto funcional, tanto para idosos neurotípicos quanto neurodivergentes,  as emoções desempenham um papel crucial na adaptação e na resiliência. Enquanto  os idosos neurotípicos enfrentam desafios emocionais relacionados ao  envelhecimento, como solidão, perda de independência e preocupações com a saúde,  os idosos neurodivergentes lidam não apenas com esses desafios, mas também com  questões específicas relacionadas à sua condição, como dificuldades de  comunicação e interação social.  

No entanto, ambos os grupos podem desenvolver estratégias de enfrentamento  e resiliência para lidar com essas adversidades. A resiliência, nesse contexto, refere-se à capacidade de se adaptar positivamente às mudanças e superar obstáculos,  mesmo diante de condições adversas (Otero et al., 2023). 

A emoção, sendo uma experiência subjetiva que envolve a pessoa como um  todo (mente e corpo), é uma reação observável que inclui excitação fisiológica,  interpretação cognitiva e experiência subjetiva (Tavares et al., 2012).  

Portanto, entender e gerir as emoções é fundamental para o bem-estar dos  idosos, contribuindo para a sua capacidade de enfrentar os desafios do  envelhecimento. 

Tabela 07 – Emoções por Sexo

Fonte: coletadas nesta pesquisa 

A tabela 7 refere-se à comparação das emoções positivas e negativas por sexo, onde a x̅ do sexo feminino na escala de PANAS positiva foi 38,77 e negativa 23,00,  ja para o sexo masculino a x̅ nas PANAS positiva foi 40,11 e na negativa 15,55.  

As emoções humanas são multifacetadas e diversas, e apesar de homens e  mulheres vivenciarem uma ampla gama de sentimentos, frequentemente ocorrem  sutis discrepâncias na manifestação e percepção dessas emoções. (Atkinson,  Atkinson, Smith, Bem, & Nolen-Hoeksema, 2002). 

Por exemplo, as mulheres costumam demonstrar de modo mais aberto sua  empatia e sensibilidade emocional, expressando-se de maneira mais livre. Por outro  lado, os homens muitas vezes são instruídos a reprimir suas emoções, especialmente  aquelas consideradas como “fracas” ou “femininas”, optando por expressar  predominantemente sentimentos como raiva ou confiança. 

As variações na manifestação das emoções podem ser explicadas por uma  mistura de influências biológicas, sociais e culturais. Pesquisas indicam que os  desequilíbrios hormonais podem afetar a maneira como homens e mulheres  vivenciam e demonstram suas emoções. Além disso, as normas de gênero e  expectativas culturais têm um papel relevante, moldando a forma como as emoções  são percebidas e incentivadas socialmente em ambos os sexos (Reeve 2006 apud  Cezar A.T 2016). 

Ainda segundo Reeve é importante notar que essas generalizações não se  aplicam a todos os indivíduos e que a experiência emocional é altamente  individualizada. Muitos homens podem sentir-se confortáveis expressando uma ampla gama de emoções, enquanto algumas mulheres podem sentir-se inibidas pela  pressão social para parecerem fortes e controladas. Portanto, é fundamental  reconhecer e respeitar a diversidade de experiências emocionais dentro de cada  gênero. 

Em última análise, a compreensão e aceitação das diferenças emocionais entre  homens e mulheres podem promover uma comunicação mais empática e  relacionamentos mais saudáveis. Ao reconhecer e valorizar as diversas maneiras  pelas quais as pessoas experimentam e expressam emoções, podemos criar um  ambiente mais inclusivo e acolhedor para todos. Howard Gardner (1999 apud  Casanova N et al. 2009). 

Tabela 08 – Teste de Normalidade

Fonte: coletadas nesta pesquisa 

Tabela 09 – Correlações Entre Resiliência e Emoções  

Os testes de normalidade Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk indicaram  resultados significantes em ambos os casos. Na análise da correlação entre  Resiliência e emoções, constatou-se, na PANAS positiva, uma correlação moderada  entre emoções positivas e resiliência, enquanto não se observou tal relação entre  emoções positivas e negativas. Quanto à PANAS negativa, observou-se uma  correlação fraca com a resiliência, sugerindo que emoções negativas não afetam a  resiliência. Com uma correlação significativamente menor que 0.05, a hipótese nula  de que idosos neurotípicos podem ter predominância de emoções positivas, levando  a uma maior resiliência, foi descartada. Assim, conclui-se que há uma diferença  significativa nos níveis de resiliência entre os grupos.

CONCLUSÃO 

Com base nos resultados da pesquisa realizada no centro de reabilitação  FIMCA de Porto Velho, pode-se concluir que as emoções desempenham um papel  significativo na capacidade de resiliência de idosos neurotípicos e neurodivergentes  no contexto funcional. Os dados coletados indicaram que as emoções positivas e  negativas, avaliadas através da Escala de Afeto Positivo e Afeto Negativo (PANAS),  estão correlacionadas com os níveis de resiliência dos participantes, conforme medido  pela Escala de Resiliência Connor-Davidson. 

Observou-se que a independência funcional dos idosos, especialmente sua  capacidade de realizar Atividades da Vida Diária (AVDs), está diretamente ligada ao  seu estado emocional. Os participantes que apresentaram maior resiliência também  demonstraram tendência a experimentar mais afetos positivos e menos afetos  negativos, indicando uma correlação moderada entre essas variáveis. 

Esses achados sugerem a importância de abordagens que considerem as  emoções dos idosos em programas de reabilitação e cuidados de saúde, visando não  apenas à melhoria funcional, mas também ao fortalecimento da resiliência emocional.  Além disso, destacam a relevância de intervenções psicossociais voltadas para o  manejo das emoções, especialmente em contextos em que a independência funcional  pode ser comprometida, como é o caso de idosos com patologias neurológicas e não  neurológicas.

REFERÊNCIAS 

ANAUT, M., & PEDINIELLI, J.-L. (2008). La résilience: surmonter les traumatismes.  Paris: A. Colin. Disponível em:https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt BR&as_sdt=0%2C5&q=ANAUT%2C+M.%2C+%26+PEDINIELLI%2C+J.- L.+%282008%29.+La+r%C3%A9silience+%3A+surmonter+les+traumatismes.+Paris %3A+A.+Colin.+Dispon%C3%ADvel+em%3A&btnG=#d=gs_qabs&t=171812592363 7&u=%23p%3DjCv1aVTA7vwJ. Acesso em 11 de maio 2024 

BACELAR, R. Envelhecimento e produtividade: processos de subjetivação. Recife,  FASA, 2002 disponível em: file:///C:/Users/user/Downloads/mariamarce,+624-1912- 1-PB%20(1).pdf. acesso em 11 de maio de 2024 

CABRAL S.A et. al Resiliência e psicanálise: aspectos teóricos e possibilidades de  investigação.Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, 16(1),42-55, mar. 2013.  Disponível em:https://www.scielo.br/j/rlpf/a/qRvRWKsThxSVRNMzkbzmsdF/. Acesso  em: 11 de maio de 2024.  

CASANOVA, Nuno. Emoções. Orientador: nora cavaco. 2009. 27 f. TCC  (Graduação) – Curso de psicologia, portal dos psicólogos, portugal, 2009. Disponível  em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0132.pdf. acesso em: 11 mai. 2023. 

CEZAR, A.T. Diferenciando sensações, sentimentos e emoções: uma articulação  com a abordagem gestáltica. Revista IGT na Rede, Rio de janeiro, ed. 24, p. 04-14,  24 mai. 2016. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/igt/v13n24/v13n24a02.pdf. Acesso em: 12 mai. 2023. 

CIOSAK S.I et al. Senescência e senilidade: novo paradigma na atenção básica de  saúde. Rev. esc. enferm, São Paulo: SciELO, ed. 45, p. 1763-1768, 29 nov. 2011.  Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/9VCqQLGF9kHwsVTLk4FdDRt/.  Acesso em: 1 mai. 2023. 

COUTO, Fernanda Bueno D`Elboux. Resiliência e capacidade funcional em idosos. Revista Kairós, São Paulo, 16 mai. 2010. Caderno Temático 7, p. 51-62. Disponível  em: https://revistas.pucsp.br/kairos/article/view/3922. Acesso em: 3 mar. 2023.

Jeste DV, et al. Association between older age and more successful aging: critical  role of resilience and depression. Am J Psychiatry. 2013 Feb;170(2):188-96.  Disponivel em: 10.1176/appi.ajp.2012.12030386. PMID: 23223917; PMCID:  PMC3593664. 

MARTINS, NFF et al. O processo saúde-doença e a velhice: reflexões acerca do  normal e do patológico. Research, Society and Development, Rio Grande, ano 2021,  v. 10, 24 jan. 2021. p. 1-7. Disponível em: file:///C:/Users/andr/Downloads/11977- Article-158717-1-10-20210124 . Acesso em: 4 mar. 2023. 

MACLEOD, S et al. The impact of resilience among older adults. Geriatric Nursing,  v.37, n.4, p. 266-272, jul-aug. 2016. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27055911/ . Acesso em: 04/03/2023 Neri AL. Palavras-chave em gerontologia. Campinas: Alínea; 2005. 

OTERO, G. D. DE O. et al. CARACTERÍSTICAS DE IDOSOS COM DOENÇAS  NEUROLÓGICAS EM TRATAMENTO HOMEOPÁTICO EM RIO BRANCO-AC.  South American Journal of Basic Education, Technical and Technological, v. 10, n. 1,  p. 35–51, 17 set. 2023 

PAVAN SL et al, AVALIAÇÃO neuropsicológica no acidente vascular cerebral: um  estudo de caso. distúrbios comuns, São Paulo , ano 2015, n. 27, 27 out. 2015. p.  831-839. Disponível em: file:///C:/Users/ander/Downloads/Avaliacao_neuropsicologica_no_acidente_vascular  _cerebral_um_estudo_de_caso.pdf. Acesso em: 4 mar. 2023. 

ROQUE, Susimauren Navarro. Resiliência e apoio social em idosos: uma interface  com a qualidade de vida. 2013. 

SOUSA G.K et al Doenças e alterações neurológicas: a importância da fisioterapia.  Monte Carmelo – MG. unifucamp centro universitário, 2022, E-book. disponível  em:https://www.unifucamp.edu.br/wp-content/uploads/2022/03/ebook_doencas_e_alt  eracoes_neurologica-pronto-29-marco.pdf acesso em: 23 mar. 2023 

TAVARES R.E et al. Envelhecimento saudável na perspectiva de idosos: uma  revisão integrativa. Rev. bras. geriatr. gerontol., Rio de janeiro: SciELO, ed. 20, p.  889-900, 5 nov. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbgg/a/pSRcgwghsRTjc3MYdXDC9hF/?lang=pt. Acesso em: 1  mai. 2023.  

VERAS, Renato. Atenção preventiva ao idoso: uma abordagem de Saúde Coletiva.  In: PAPALÉO NETTO, Matheus. Gerontologia: a velhice e o envelhecimento em  visão globalizada. São Paulo: Atheneu, 1996. p. 383-393. 

YUNES, Maria Angela Mattar; SZYMANSKI, Heloísa. Crenças, sentimentos e  percepções acerca da noção de resiliência em profissionais da saúde e da educação  que atuam com famílias pobres. Psic. da Ed, São Paulo, ano 2003, v. 17, 16 mai.  2010. Caderno Temático 7, p. 119-137. Disponível em: revistas.pucsp.br/psicoeduca/article/download/30846/21345. Acesso em: 14 jan.  2003. 

WALSH, F. (1998). Strengthening family resilience. New York: The Guilford.  disponível em: https://psycnet.apa.org/record/1998-06535-000 acesso em 11 mai.  2023. 

ZANON, Cristian; BASTIANELLO, Micheline Roat. Desenvolvimento e validação de  uma escala de afetos positivos e negativos. Psico-USF, Bragança Paulista, Rio  grande do sul , ano 2013, v. 18, n. 2, 7 mar. 2013. p. 193-202. Disponível em:  https://www.scielo.br/j/pusf/a/vh7QqFWQLYx5dBptgfQHBJS/ . Acesso em: 5 mar.  2023.


1Graduandos em FISIOTERAPIA das  Faculdades Integradas Aparício Carvalho  – FIMCA
2Docente das Faculdades Integradas  Aparício Carvalho – FIMCA. E-mail: Prof.rios.eliziane@fimca.com.br