EFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DE ATRATIVOS EM NINHOS-ISCAS PARA CAPTURA DE ABELHAS MELÍPONAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7883823


Geovana Costa Dos Santos1


A meliponicultora tem sido praticada por muitos admiradores dessas espécies de abelhas nos últimos anos, isso devido ao fato de as abelhas melíponas ou abelhas – sem ferrão serem facilmente capturadas e possuir um manejo baseado em pequenos reparos dependendo da finalidade da criação. Muitos meliponicultores tem a atividade como fonte de renda podendo ser elas: Extração de mel, comercialização das colmeias pólen, resinas, produção de caixas para colmeias, própolis e outros substratos como atrativos e ninhos-iscas. Existem também aqueles que criam as meliponas como hobby, tendo elas apenas para enfeitar o local proposto e admirá-las. 

Todo o processo requer um conhecimento bastante intenso para que não seja cometido erros que possam ocasionar prejuízos à colmeia.

Para que se tenha êxito na criação das meliponas é preciso estar atento a algumas exigências do CONAMA para o manejo de qualquer animal silvestre. Deve-se seguir a legislação específica, a Resolução CONAMA nº 346, que disciplina a utilização das abelhas nativas e a implantação de meliponários, considerando o valor da meliponicultura no âmbito econômico, social e ambiental (BRASIL, 2004).

 Podemos destacar que a enxameação só ocorre quando todos os pontos cruciais encontram-se favoráveis para que isso ocorra, o ponto base para este acontecimento é a colônia mãe estar extremamente forte e com o ambiente favoráveis para o bom desenvolvimento de uma migração.

Com todos os pontos alinhados as operárias saem em busca de um lugar para construírem seu novo ninho, o mais comum que podemos destacar é que as meliponas costumam construir seus ninhos preferencialmente em tocos de árvores não sendo esta uma regra. Após achar o local escolhido elas começam a limpar, preencher as frestas com resinas ou cerume para após isso construir então a entrada da colônia.

2. Material e Métodos

Para a confecção destas iscas foi utilizados materiais 100% recicláveis tornando o experimento ainda mais satisfatório pois além de buscar um maior conhecimento sobre o assunto pode-se contribuir para a multiplicação das meliponas ajudando o meio ambiente. Os materiais utilizados foram: 3 folhas de jornal, 2 garrafa pet (1 garrafa de 2 litros e 1 sem exigência de tamanho pois será usada para fazer a entrada da colmeia), um pedaço de lona preta, fita crepe, arame de cerca, conduite (encontrado em resto de obras).

Confecção:

 1° Passo: Na garrafa pet de 2 litros deve-se fazer pequenos furos no fundo da garrafa e na ponta.

 2° Passo: Enrolar os jornais na garrafa pet utilizando pedaços de fita crepe para ajudar na fixação do jornal, O jornal irá ajudar a colméia atuando como isolante térmico e retirando toda a umidade que sairá dos furos feitos no pet.

3° Passo: Enrolar a lona na garrafa pet utilizando fita crepe para ajudar na fixação da lona. Obs: Importante destacar que no interior da garrafa pet o ambiente deve se encontrar totalmente escuro.

4° Passo: Para a entrada da colmeia faremos a junção do conduíte e a outra entrada da garrafa pet fixando em formato de L o conduíte na entrada da colmeia e fixando a outra parte do conduite no pedaço recortado da outra pet.

Segundo a CETAP Agricultura Ecológica, a maioria dos meliponicultores realiza a instalação a campo a partir da segunda quinzena de setembro e a orientação é para continuar a colocação a campo até a primeira quinzena de janeiro. Passado este período, o risco de perder a captura na isca pet é grande, pois o processo todo, que envolve da enxameação até a instalação definitiva do novo enxame, leva em torno de 60 a 90 dias, tempo necessário para que a rainha realize a postura e a nova colmeia se torne independente do enxame matriz. 

2.1. Local de estudo e espécie

Este experimento deu-se início 29/09/2022 com as confecções das iscas e sua colocação ocorreu 04/10/2022 sendo anexadas na região Nova Santa Marta, município de Santa Maria, Rio Grande do Sul, com coordenadas geográficas 29°41’14.0″S 53°51’54.0″W.

A espécie estudada, Tetragonisca angustula, família: Apidae Tribo: Trigonini nome popular: Jataí, é uma abelha sem ferrão ou ferrão atrofiado sendo esta espécie característica por a produção do mel e pelo grande poder de polinização.

Fonte: Google Maps

Neste local encontra se um ambiente urbano tendo dimensão do terreno 15×25, árvores de diversas espécies, tendo em especial bananeiras onde as iscas foram instaladas deixando uma altura de aproximadamente um metro e meio do chão com a entrada da colmeia pegando o sol da manhã e sombreamento durante o restante do dia, a média de temperatura no período do experimento ficou entre 20° e 25°. 

O experimento tem o intuito de verificar se o atrativo de própolis faz a diferença na hora das meliponas escolherem onde anexar sua nova colônia, com isso o atrativo de própolis foi aplicado somente em uma das iscas a outra ficou sem nenhum atrativo. 

2.3. Análises

As dezesseis iscas ficarão sobre um período de três meses neste local para ser analisada a preferência das abelhas sem-ferrão quanto ao uso do atrativo.

No dia 27/10/2022 após conversa e a orientadora do projeto constatou-se que a isca-ninho estava em um local inadequado apesar de ter sido avistado abelhas Jatai no local a temperatura no ninho-isca estava elevada, aconselha-se que a luz do sol seja aproveitada no início da manhã sendo indicado até as 09:00 levando em consideração a estação verão. Segundo Castro, Cavalcante e Silva “Entre 10 e 12 h há novamente uma entrada maior das abelhas nas colmeias e ao entardecer, após as 16 h, há uma queda na entrada de abelhas. Em ambos os tratamentos o comportamento entre os horários é similar.”

Após uma visita técnica no meliponário Guaçu em Silveira Martins foi possível tirar algumas dúvidas e informações que foram avaliadas e posteriormente colocadas em práticas no projeto. No dia 17/12/2022 realizou-se a vistoria em todos os ninhos iscas, como ainda não ocorreu enxameação em nenhuma das 16 iscas instaladas sendo atualmente dez iscas com atrativos e seis sem atrativos realizamos nas iscas que tinham sido colocadas atrativo inicialmente o seu reforço para que o cheiro ainda se exale, em algumas iscas ocorreu a mudança de lugar levando-se em consideração a altura espécies de árvores e luminosidade do sol em relação ao tempo e horário.

3. Resultados e Discussão

As abelhas meliponas são nativas das regiões tropicais e subtropicais, e são mais comuns na América Central e do Sul. O clima ideal para as abelhas meliponas é geralmente quente e úmido, com temperaturas médias entre 20°C e 30°C e umidade relativa do ar em torno de 80%. Essas condições são importantes para garantir que as colônias de abelhas meliponas possam prosperar e se reproduzir adequadamente.

Além disso, as abelhas meliponas também precisam de um ambiente natural saudável e diversificado, com uma ampla variedade de flores e plantas disponíveis para coleta de néctar e pólen. Portanto, é importante manter a biodiversidade da região e evitar a destruição de habitats naturais, como florestas tropicais e áreas de mata.

Em resumo, o clima ideal para as abelhas meliponas é quente, úmido e com alta biodiversidade vegetal. No entanto, é importante lembrar que diferentes espécies de abelhas meliponas podem ter preferências climáticas específicas, e as condições ideais podem variar dependendo da localização geográfica.

3.1. Observações gerais

A captura de abelhas meliponas requer cuidado e atenção para garantir que as abelhas não sejam prejudicadas e que a captura seja realizada de forma segura e eficiente. Aqui estão algumas observações importantes a serem consideradas antes de iniciar o processo de captura de abelhas meliponas:

Identifique a espécie de abelha melipona: É importante saber qual espécie de abelha melipona está presente na área onde a captura será realizada. Isso pode ajudar a determinar a melhor abordagem e técnica de captura, pois algumas espécies podem ser mais fáceis ou mais difíceis de capturar do que outras.

Verifique se é permitido capturar abelhas meliponas: Verifique se é permitido capturar abelhas meliponas na área onde você pretende realizar a captura. Em alguns países e regiões, a captura de abelhas meliponas é ilegal ou requer permissão especial.

Escolha o momento certo: O momento ideal para capturar abelhas meliponas é durante a primavera ou o início do verão, quando as colônias estão se fortalecendo e produzindo mais mel. Evite capturar abelhas durante períodos de tempo frio ou chuvoso.

Use equipamento de proteção adequado: Use um traje de proteção de apicultor completo para se proteger das picadas das abelhas. Luvas de couro, botas e boné com proteção facial são itens recomendados.

Utilize técnicas de captura adequadas: Existem várias técnicas de captura de abelhas meliponas, incluindo o uso de armadilhas de isca, cortiços e caixas racionais. É importante escolher a técnica mais adequada para a espécie de abelha melipona e o ambiente em que a captura será realizada.

3.2. Comportamento forrageiro das abelhas

 Apesar de ter anexado o ninho-isca em bananeiras a observação do forrageamento das abelhas sem ferrão permitiu notar que as mesma tiveram preferência pela árvore Senna spectabilis conhecida popularmente também pelo nome Cássia-do-nordeste presente no local do experimento porém com um menor número desta espécie. A observação proporcionou concluir que entre as plantas e árvores presentes no local como bananeiras, laranjeiras, bergamoteiras, Limoeiros e Senna spectabilis, esta última citada tem um maior atrativo para as abelhas devido ao período de observação no experimento as mesmas estarem em maior tempo forrageando nesta espécie de árvore.

3.3. Temperatura interna das colmeias

O clima interno da colmeia de uma abelha Melipona é controlado pelas abelhas operárias através da regulação da temperatura, umidade e circulação de ar. As abelhas Melipona são conhecidas por serem espécies tropicais e, portanto, adaptadas a climas quentes e úmidos.

A temperatura interna da colmeia é mantida em torno de 32 a 34 graus Celsius, dependendo das necessidades da colônia e das condições climáticas externas. As abelhas operárias regulam a temperatura por meio do batimento de suas asas, da movimentação de ar através da colmeia e da coleta de água para a evaporação, o que ajuda a resfriar a colmeia.

A umidade também é importante para a sobrevivência das abelhas Melipona. As abelhas operárias regulam a umidade dentro da colmeia coletando água e distribuindo-a pelas células de cria e mel. Eles também cobrem as células de cria com uma fina camada de cera para ajudar a manter a umidade adequada.

A circulação de ar dentro da colmeia é mantida pelas aberturas de entrada e saída de ar, que também ajudam a controlar a temperatura e a umidade. Além disso, as abelhas operárias movem-se continuamente dentro da colmeia, movendo-se entre as células de cria e mel, o que ajuda a circular o ar e manter a temperatura e a umidade adequadas.

Em geral, as abelhas Melipona são altamente adaptáveis e capazes de regular o clima interno da colmeia para garantir a sobrevivência da colônia.

3.4. Temperatura externa (ambiente)

A temperatura externa de uma colmeia no Rio Grande do Sul pode variar bastante, dependendo da época do ano e das condições climáticas. No verão, as temperaturas podem chegar a mais de 30 graus Celsius, enquanto no inverno, as temperaturas podem cair para abaixo de zero graus Celsius.

Durante a primavera e o outono, as temperaturas podem variar entre 10 e 25 graus Celsius. É importante lembrar que a temperatura externa pode ter um impacto significativo na temperatura interna da colmeia, pois as abelhas operárias precisam regular a temperatura interna para garantir a sobrevivência da colônia.

As abelhas Melipona, que são nativas do Brasil, são adaptadas a climas tropicais e subtropicais, o que significa que elas são capazes de sobreviver em uma ampla faixa de temperaturas. No entanto, temperaturas extremas, tanto altas quanto baixas, podem afetar negativamente a saúde e a sobrevivência da colônia. Por isso, as abelhas operárias trabalham para manter a temperatura interna da colmeia dentro de uma faixa adequada, independentemente da temperatura externa.

Conclusão:

As abelhas Meliponas são atraídas por uma variedade de cheiros e odores, que podem variar dependendo da espécie. Algumas espécies são atraídas pelo cheiro de flores específicas, enquanto outras são atraídas por cheiros de substâncias doces, como o néctar das flores ou mel.

Além disso, as abelhas Meliponas são capazes de reconhecer os feromônios produzidos por outras abelhas da mesma colônia e usam esses odores para se comunicar e se orientar. Os feromônios também podem ser usados para marcar a entrada da colmeia e ajudar as abelhas a encontrá-la.

As abelhas Meliponas também são atraídas pelo cheiro de substâncias como resinas e própolis, que elas usam para selar a entrada da colmeia e protegê-la contra invasores e doenças.

Em geral, as abelhas Meliponas têm uma excelente capacidade olfativa e são capazes de detectar uma ampla gama de odores e cheiros. Eles usam essas habilidades para encontrar alimento, comunicar-se com outras abelhas e proteger sua colônia.

Com essas informações e com as observações que foram realizadas neste período, conseguiu-se constatar que os ninhos iscas com atrativos foram os mais procurados pelas meliponas tendo um procura de 80% a mais que os ninhos-isca sem atrativos.

REFERÊNCIAS:

CETAP; Isca para captura de Abelhas Nativas Sem Ferrão. Disponível em: <http://www.cetap.org.br/site/wp-content/uploads/material/CircularTec-03-Isca-Captura.pdf> Acesso em 16 agosto 2022.

CASTRO. J. S; CAVALCANTE. A. M. B; CASTRO. V. J;Resposta Adaptativa de Melipona subnitida Ducke e a Termorregulação Colonial em Diferentes Condições Térmicas no Contexto das Mudanças Climáticas. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbmet/a/5XKjfYkNCYfXZyT4mGZcdHS/?lang=pt&format=html> Acesso em: 17 setembro 2022.

OLIVEIRA. A; Abelhas sem ferrão: Jataí (Tetragonisca angustula). Disponível em <https://www.cpt.com.br/cursos-criacaodeabelhas/artigos/abelhas-sem-ferrao-jatai-tetragonisca-angustula> Acesso em: 28 setembro 2022.

CASTRO. J. S; CAVALCANTE. A. M. B; CASTRO. SILVA. E. M; Resposta Adaptativa de Melipona subnitida Ducke e a Termorregulação

Colonial em Diferentes Condições Térmicas no Contexto das MudançasClimáticas. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbmet/a/5XKjfYkNCYfXZyT4mGZcdHS/?format=pdf&lang=pt> Acesso em: 17 novembro 2022.


1Centro de ciências rurais, Universidade Federal de Santa Maria: Av. Roraima nº 1000 Cidade Universitária Bairro – Camobi, Santa Maria – RS, CEP 97105-900.
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