EFICÁCIA DO MINDFULNESS NO TRATAMENTO DE ADULTOS COM TDAH 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202409171550


Thaisy R. M. Silva
Sandyla da Silva Santos


Resumo 

Com sintomas de desatenção e hiperatividade o transtorno de déficit de  atenção/hiperatividade (TDAH) é um transtorno psiquiátrico do neurodesenvolvimento que  acompanha crianças e que perpassa a vida adulta com a prevalência de 4% a 7% entre as  crianças e de 2,5% entre os adultos. A sintomatologia advinda do TDAH causa prejuízos em  diversas áreas afetando o funcionamento cognitivo, comportamental, emocional e social do  indivíduo comprometendo a qualidade de vida. 

Atualmente, as intervenções mais recomendadas para controle da sintomatologia do  TDAH incluem uma combinação de psicoterapia e medicação, visto que nem todos os  indivíduos toleram a medicação novos tratamentos têm sido desenvolvidos para melhorar a  eficácia da terapêutica, dentre eles o mindfulness. 

Desse modo o presente estudo se objetivou a compreender a correlação da proposta da  atenção plena do mindfulness com a dificuldade da autorregulação da atenção, visando  analisar sua efetividade no tratamento de indivíduos adultos com TDAH. Para tal foi realizada uma revisão integrativa de literatura com um total de 15 artigos elegíveis extraídos  das bases de dados Periódicos CAPES, PubMED e LILACS. Nos estudos apresentados o uso  de mindfulness apresentou melhores resultados associados ao uso da medicação ou da TCC.  No geral, os estudos revisados fornecem evidências para a viabilidade e aceitabilidade do  treinamento de meditação mindfulness em adultos com TDAH, evidências preliminares  promissoras demonstraram o aumento da atenção sustentada, melhora no funcionamento  cerebral prejudicado e na autorregulação da atenção e das emoções. No entanto, para maior  compreensão se faz necessários ensaios metodologicamente mais rigorosos. 

Palavras-chave: Atenção plena, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade,  Adultos, Terapia Cognitivo-Comportamental

Abstract 

With symptoms such as lack of attention and hyperactivity, attention deficit/hyperactivity  disorder (ADHD) is a neurodevelopmental psychiatric disorder that accompanies children  and permeates adult life with a prevalence of 4% to 7% among children and 2.5% among adults. The symptomatology arising from ADHD causes damage in several areas, affecting  cognitive, behavioral, emotional and social functioning, compromising the quality of life. 

The most recommended interventions to control ADHD include a combination of  psychotherapy and medication, as not all individuals tolerate medication, new treatments  have been developed, including the mindfulness technique. 

Thus, this study aims to analyze the effectiveness of mindfulness in the treatment of  adults with ADHD. For this, an integrative literature review was carried out with a total of 15  scientific articles extracted from the databases Periodicals like CAPES, PubMED and  LILACS. Overall, the reviewed studies provide evidence for the feasibility and acceptability  of mindfulness in adults with ADHD, analyses showed a rise in sustained attention,  improvement in impaired brain functioning, and in self-regulation of attention and emotions.  However, for greater understanding, more rigorous tests are necessary methodologically. 

Keywords: Mindfulness, Attention Deficit Disorder with Hyperactivity, Adults,  Cognitive Behavioral Therapy

Introdução 

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um transtorno do  neurodesenvolvimento com sintomas característicos de desatenção, impulsividade,  desassossego ou inquietude, reconhecido oficialmente pela Organização Mundial de Saúde  (OMS) (Matos, 2003). Segundo os critérios diagnósticos da última versão do manual de  diagnóstico e estatísticas de transtornos mentais, American Psychiatric Association (APA,  2013), as características associadas ao transtorno podem incluir baixa tolerância à frustração,  irritabilidade ou labilidade do humor. De acordo com este manual, o comportamento  desatento está associado a vários processos cognitivos subjacentes, e indivíduos com TDAH  podem exibir problemas cognitivos em testes de atenção, função executiva ou memória  (APA, 2013). 

A primeira definição oficial do que atualmente nomeamos como TDAH foi realizada  no século XIX por George Still, pediatra inglês e primeiro professor de doenças infantis do  King´s College George Still. Na história do diagnóstico de TDAH, de seu extenso trabalho, é  possível destacar três palestras proferidas por tal em 1902 no Royal College of Physicians,  intituladas “Some Unusual Mental Conditions in Children”, publicadas no mesmo ano no  The Lancet Still (1902). Tais palestras utilizam em suas apresentações casos clínicos de  hiperatividade e outras alterações de comportamento provocadas por alguma doença  cerebral, oferecendo bases clínicas para o diagnóstico de TDAH. 

Asherson et al. (2016) associa como um dos prejuízos do TDAH as dificuldades de  aprendizagem, abandono escolar, divórcios e problemas na vida ocupacional, predizendo  outros desfechos negativos ao longo da vida como: risco aumentado para lesões, baixo  rendimento nas atividades, gravidez precoce, exposição a infecções sexuais transmissíveis,  acidentes de trânsito, comportamento e atividades criminosas, entre outros.

De acordo com a APA (2013), os indivíduos com TDAH podem apresentar algumas  variações ou subtipos sendo eles: apresentação combinada, apresentação predominante  desatenta e apresentação predominante hiperativa/ impulsiva.

Ao longo dos anos a ciência busca intervenções que possam contribuir com a redução  dos sintomas do TDAH com intuito de melhorar o funcionamento social, foco e desempenho  do indivíduo nas mais diversas áreas. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é  reconhecida mundialmente por proporcionar bons resultados na reabilitação do  funcionamento cognitivo e comportamental do indivíduo com TDAH (Safren et al., 2017). 

A evolução da teoria cognitiva resultou no surgimento de técnicas com um olhar mais  abrangente, preocupadas em estabelecer uma relação com as dificuldades humanas num  sentido mais amplo. Dentre as novas técnicas da TCC o mindfulness (atenção plena, em  português) apresenta um potencial promissor na neurociência em diversos transtornos, entre  eles o TDAH (Tang et al., 2015). De acordo com Zylowska (2012), o treino de atenção  plena, visa construir um processo de concentração direcionando a atenção para o presente. Evidências mostram que a proposta do mindfulness em atingir a atenção plena se correlaciona  positivamente com a dificuldade do indivíduo com TDAH em autorregular sua atenção,  sendo capazes de modificar o funcionamento das redes neurais de atenção (Jha et al., 2007). 

Bachmann et al. (2016) menciona em seus estudos evidências preliminares  promissoras da eficácia do mindfulness aplicada como intervenção neurocomportamental  com suporte não medicamentoso capaz de auxiliar o indivíduo portador com TDAH na  autorregulação da atenção, do funcionamento cerebral afetado e no controle das emoções.

Objetivos 

Objetivo Geral 

Compreender a correlação da proposta da atenção plena do mindfulness com a  dificuldade da autorregulação da atenção no indivíduo com TDAH.

Objetivo Específico 

Analisar a efetividade do mindfulness no tratamento de indivíduos adultos com TDAH. 

Acrônimo PICO 

Como formulação da pergunta de pesquisa de modo acurado e científico, será  utilizada a estratégia representada pelo acrônimo PICO: P – População/Problema, I – Intervenção, C – Comparação e O – Outcome/Desfecho (Santos et al., 2007). A partir do  exposto, este estudo segue a seguinte estratégia PICO (Quadro 1): 

Quadro 1

P – População/Problema Adultos com TDAH
I – Intervenção Prática de mindfullness
C – Comparação Nenhuma comparação “não há”
O – Outcome/Desfecho Evidências da utilização ou fatores observados

Fonte: Elaborado pela autora (2023). 

Desta forma esta investigação possui a seguinte questão norteadora: Qual a correlação  da proposta da atenção plena do mindfulness com a dificuldade da autorregulação da atenção  no indivíduo com TDAH? 

Justificativa 

A realização desse estudo justifica-se da necessidade de se aprofundar no estudo de  novas técnicas que promovam a efetividade na manutenção dos sintomas do TDAH, visto  que, por se tratar de um transtorno neurobiológico crônico com origem na infância e que  perpassa até o fim da vida adulta, o TDAH apresenta prejuízos relevantes, que além interferir  no bem-estar individual impacta significativamente na integração deste indivíduo com  sociedade, originando e fomentando problemas sociais (Associação Brasileira do Déficit de  Atenção [ABDA], 2017). 

Autores como Matos (2006) e Barkley (2020) mencionam em seus estudos que apesar  da redução da sintomatologia na fase adulta, os prejuízos advindos do transtorno de déficit de  atenção TDAH e hiperatividade causa impactos significativos na idade adulta interferindo na qualidade de vida. Em um estudo realizado em sete países distintos comparando a carga da  doença com adultos com TDAH, os dados coletados sugeriram que independente do país e os  valores socioculturais o transtorno afeta os indivíduos de forma semelhante (Brod et al.,  2012). 

Segundo Wigal et al. (2010) nem todos os pacientes respondem adequadamente ou  não aderem ao tratamento medicamentoso, existindo a necessidade de intervenções  psicoterapêuticas. Assim, acredita-se que o treino de atenção profunda, juntamente com o treino de  respiração, auxilia no processo de concentração e constância da atenção, direcionando  pensamentos, sentimentos e sensação para o presente (Bispo et al., 2004). Alguns dos  desafios vivenciados em adultos com TDAH estão relacionados ao detrimento da atenção, a  dificuldade na autorregulação e a impulsividade ocasionando prejuízos significativos no  funcionamento e na qualidade de vida (Matos et al., 2006). 

Revisão Teórica 

O TDAH é um transtorno psiquiátrico do neurodesenvolvimento comumente  diagnosticado na infância e com prevalência residual na idade adulta (Barkley, 1997).

Para Gordon e Keizer (1998) existem controvérsias em torno do diagnóstico de  TDAH, grande parte por sua sintomatologia interna. Os sintomas que definem esse transtorno  (desatenção, impulsividade e hiperatividade) são, em menor grau, traços comuns da natureza  humana. Todo mundo é um pouco desatento, impulsivo, desorganizado até certo ponto e nem  sempre realiza as tarefas esperadas, especialmente quando criança. 

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade possui um constructo histórico,  social e educacional relevante. Segundo Caliman (2010) muitos analistas sociais construíram  a história do TDAH como uma história de distrações geradas pelo excesso de informação,  consumo de material desordenado e sem sentido, permeados pela somatização da falta de autoridades da família, da igreja e do estado se resultando em um estilo de vida  indiscutivelmente normal e indulgente questionando a existência patológica do TDAH.

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade tem sido extensivamente estudado. Embora à primeira vista o TDAH possa parecer um distúrbio moderno, o tema TDAH tem  sido discutido e documentado desde o século XVIII (Carvalho et al., 2022). A descrição  inicial da sintomatologia característica do transtorno foi realizada pelo médico escocês  Alexander Crichton. Em 1798 em um dos seus livros Crichton usa o termo ‘‘desatenção  patológica’’ para delinear a incapacidade e/ou constância em manter a atenção do cérebro em  qualquer evento (Carvalho et al., 2022). Outra referência relevante na literatura foi realizada  pelo psiquiatra alemão Heinrich Hoffman com sua publicação original em 1845 do livro  infantil: Der Struwwelpeter, contando a história de Felipe, um personagem com  comportamentos hiperativos (Hoffmann, 2021).

Por se tratar de um transtorno de caráter crônico o TDAH acompanha ao longo da  vida crianças e adultos, tendo a prevalência na população geral 4% a 7% entre crianças e de  2,5% entre adultos (Katzman et al., 2017). O TDAH é um transtorno subdiagnosticado e  embora a redução da sintomatologia aconteça com a chegada da vida adulta, ainda continua  sendo um transtorno oneroso com prejuízos na vida social, nos aspectos funcionais e  emocionais, aumentando significativamente o risco para tentativa de suicídio, principalmente  quando em comorbidade com transtornos do humor, da conduta ou por uso de substâncias (Faraone et al., 2015). 

No ano de 1980 foi oficialmente reconhecida pela APA a existência de uma forma  adulta de transtorno de atenção e hiperatividade nomeada como “tipo residual”. A partir do  “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais” (DSM-IV) indica que o  transtorno em alguns casos persiste até a vida adulta, apresentando melhora parcial e sem remissão completa da impulsividade e da hiperatividade ao final da adolescência (APA,  1994). 

Segundo Roizblatt et al. (2003), estudos recentes identificam diversos sintomas em  adultos diagnosticados com TDAH como: relações afetivas instáveis (divórcios e  separações); rendimento abaixo do esperado, instabilidade profissional; dificuldade para  manter a atenção, rotina e disciplina; insuficiente capacidade de comprometimento (prazos,  esquecimentos, perdas e descuidos importantes); tendência a agir com impulsividade,  interromper os outros. O indivíduo com TDAH ainda pode apresentar depressão e baixa  autoestima assim como dificuldade para pensar e se expressar, se envolver em acidentes por  distração/ desatenção, tendo maior propensão ao consumo e abuso de substâncias. 

Mattos (2003) menciona sintomas que permitem a identificação de TDAH,  considerados como não “oficiais”. Os sintomas devem aparecer de forma acentuada:  sonolência diurna, baixa autoestima, pouca paciência com constantes rompantes  (impulsividade e irritabilidade), dificuldade para fixar uma leitura necessitando ler mais  vezes, dificuldade de levantar-se da cama ao acordar, mudança repentina de interesse,  procrastinação, alterações frequentes de humor e capacidade reduzida em permanecer em  situações monótonas e repetitivas. 

Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção – ABDA (2017) o tratamento  do TDAH deve ser multimodal, combinado com uso de medicações, psicoeducação sobre o  transtorno, e ensino de técnicas específicas de manejo ao portador, psicoterapia na teoria  cognitivo-comportamental em casos mais específicos o tratamento com fonoaudiólogo em  casos de dislexia ou disortografia. 

Em seus estudos Safren et al. (2008) mencionam a necessidade de um tratamento  integrado como suporte para adultos com TDAH, consistindo no uso de medicação  associados com a psicoterapia. O tratamento medicamentoso é indubitavelmente importante, porém não fornece estratégias e habilidades para controle e manutenção das dificuldades  advindas do TDAH. 

Os autores ainda relatam que aproximadamente 20% a 50% dos pacientes tratados  com antidepressivos não têm os sintomas suficientemente reduzidos ou possuem intolerância  à medicação, já os adultos que respondem bem a medicação tem aproximadamente 50% da  sintomatologia reduzida. 

Mesquita et al. (2009) considera a TCC como suporte para tratamento do TDAH,  auxiliando o indivíduo a delimitar e centralizar a atenção, estabilizar o humor desenvolvendo  suas competências pessoais e sociais alterando comportamentos. A TCC possibilita a  reestruturação de crenças alterando o modo de como o indivíduo se vê e em consequência  como se sente, ensina o automonitoramento, técnicas para solução de problemas, organização  pessoal e regulação emocional. 

Dentre as técnicas da TCC o mindfullness tem sido estudado como possibilidade de  intervenção benéfica para indivíduos com TDAH. Em seus estudos Kabat-Zinn (1990) define  mindfullness como atenção plena específica e centrada no presente, intencional e sem  julgamentos. O praticante de mindfulness escolhe, se esforça e desenvolve a atenção plena,  aceita seus sentimentos sem julgamento e legitimidade. 

As intervenções em mindfulness complementam e contribuem para obtenção da  regulação emocional, consciência corporal ajudando no reconhecimento e autocontrole das  emoções, assim como na melhora da concentração e da criatividade (Demarzo et al., 2017).

Metodologia 

A metodologia deste estudo se enquadrou em uma revisão integrativa de literatura. Visando a qualidade, credibilidade e confiabilidade do material pesquisado as bases de dados  utilizadas para pesquisa dos artigos serão: periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Periódicos CAPES), PubMED e Literatura Latino-Americana e  do Caribe em Ciências da saúde( LILACS). 

Segundo o ministério da educação/CAPES (2023) o portal de periódicos CAPES  possui um dos maiores acervos científicos virtuais do Brasil, disponibilizando acesso à produção científica nacional e internacional. 

Já a plataforma PubMED que permite o acesso à base de dados da MEDLINE,  reunindo um acervo científico na área da saúde da biblioteca nacional dos Estados Unidos.  Centro de Apoio à Pesquisa no Complexo de Saúde da Universidade do Estado do Rio de  Janeiro CAPCS-UERJ (2021). 

De acordo com biblioteca virtual em saúde (2023) A base de dados LILACS é  considerada a mais importante e abarcador base de dados especializada na área da saúde,  com literatura científica e técnica de 26 países da América Latina e do Caribe com acesso  livre e gratuito. 

O horizonte temporal da pesquisa abrange o período de novembro de 2015 a  novembro de 2022, com intuito de reunir evidências com maior recenticidade.

Os descritores utilizados nesta investigação são provenientes dos Descritores em  Ciências da Saúde/Medical Subject Headings (DeCS/MeSH), tendo como critérios de  elegibilidade, inclusão e exclusão os elementos descritos no Quadro 2. 

Quadro 2

Descritores/Booleanos Critérios de inclusão Critérios de exclusão
Descritores em português:  Atenção plena  (F02.463.551); Transtorno  do Déficit de Atenção com  Hiperatividade; Adultos;  Terapia Cognitivo 
Comportamental (F04.754.137.350). 

Descritores em inglês: 
Mindfulness (F02.463.551), Attention
– Estudos, artigos e pesquisas  quantitativas e qualitativas com  população maior de 18 anos em  formato eletrônico e em open  Search. 
– Pesquisas limitada aos períodos  entre novembro 2015 e novembro  de 2022 
– Artigos empíricos publicados em  português, inglês e espanhol – Artigos empíricos de origem  ocidental
– Estudos, artigos e pesquisas  que não estejam em formato  eletrônico e de acesso restrito  ou pago e com população  menor de 18 anos. 
– A intervenção não teve o  mindfulness como elemento  central. 
– Os participantes não tinham  diagnóstico de TDAH ou o  diagnóstico não especificado
Deficit Disorder with  Hyperactivity; Adults;  Cognitive Behavioral  Therapy  (F04.754.137.350). 

Descritores em espanhol:  Atención Plena  (F02.463.551), Trastorno  por Déficit de Atención  con Hiperactividad;  Adultos; Terapia  Cognitivo-Conductual  (F04.754.137.350).
– Estudos que aplicam intervenções  baseadas em mindfulness às pessoas  com diagnóstico de TDAH (em  população adulta). 
– Estudos sobre a eficácia do  mindfulness em transtornos TDAH,  ansiedade e depressão que tenham  como base clínica TCC.
– Estudos e investigações  anteriores a novembro de  2015 ou superiores a  novembro de 2022 
– Artigos de origem não  ocidental 
– Artigos empíricos  publicados que não estejam  em português e inglês. 
– Artigos que não tenham a  prática dos mindfulness  embasada pela TCC.

Fonte: Elaborado pela autora (2023). 

Para realizar a busca nas bases de dados acima elencadas. “Atenção plena” AND  “Transtorno por Déficit de Atenção com Hiperatividade” AND Adultos AND Terapia  Cognitivo-Comportamental. Utilizando os respectivos idiomas apresentados no Quadro 2.

Resultados

Quadro 3 – Distribuição dos artigos analisados e incluídos na Revisão Sistemática. 

REGISTRO ARTIGOAUTORES/PAÍSDESENHORESULTADOSCONCLUSÃO
Cognitive-behavioral group  therapy for ADHD  predominantly inattentive  presentation: A feasibility  study of a new treatment  protocol. Nordic  Psychology, 1–15.  
https://doi.org/10.1080/1901  2276.2021.2020683
Strålin, E. E., 
Thorell, L. B., 
Szybek, K.,  
Lundgren, T.,  
Bölte, S., &  
Bohman, B. Estocolmo (2022).
Ensaio aberto n=47 elegíveis  n=39(incluídos) 14 sessões semanais de 2  horas com intervalo e  foi concebido para  grupos de no máximo  10 participantes com  sessões individuais de  30 minutos.Em relação ao sucesso do tratamento na 
redução dos sintomas,  27,3% dos  participantes  pontuaram 7 ou mais  (M = 5,5, SD = 1,6) e 69,7% pontuaram 5  (Um tanto bem sucedido) ou superior.
As avaliações dos oito componentes do protocolo CADDI mostraram que 75,0%  dos participantes 
consideraram a  
meditação mindfulness e  o enfrentamento do estresse como bastante úteis ou muito úteis, 
tornando-os os componentes mais bem  avaliados.
CBT/DBT skillstraining for  adults with attention deficit  hyperactivity disorder  (ADHD). Psychiatria  Danubina, 28(Suppl-1), 103– 107. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.  gov/27663817/Cole, P.,  
Weibel, S.,  
Nicastro, R.,  
Hasler, R.,  
Dayer, A.,  
Aubry,J.-M.,  
Prada, P., &  
Perroud, N.  (2016).
Estudo comparativo  Os 49 pacientes com  TDAH foram  comparados com 13  indivíduos com  TDAH em uma lista  de espera. receberam  terapia individual,  associada a sessões  semanais de terapia  de grupo com  diferentes módulos:  Mindfulness, Regulação Emocional, Eficácia  Interpessoal e  Tolerância ao  Estresse,  Impulsividade/Hiperatividade e Atenção.No geral, o tratamento  psicoterapêutico foi  associado a melhorias  significativas em quase  todas as dimensões. As  mudanças mais  significativas foram  observadas com  moderado para grandes  tamanhos de efeito. Em  comparação com os  controles da lista de  espera, os pacientes com TDAH mostraram um padrão de resposta  melhor, embora não  significativo.Grupos de DBT/CBT  psicoeducacionais   individuais e estruturados apoiam os dados existentes sugerindo que uma 
abordagem psicoterapêutica estruturada é útil para  pacientes que respondem  parcialmente ou não respondem totalmente à  terapia medicamentosa.
Behavioral and Cognitive  Impacts of Mindfulness Based Interventions on  Adults with Attention Deficit Hyperactivity  Disorder: A Systematic  Review. Behavioural  neurology, 2019, 5682050.  https://doi.org/10.1155/2019 /5682050Poissant, H.,  Mendrek, A.,  Talbot, N.,  Khoury, B., &  Nolan, J.  (2019).Revisão sistemática  13 estudos 
conduzidos com 753  adultos(idade média de 35,1 anos) foram identificados como  elegíveis.
Os resultados 
descritivos  apresentados, todos os  estudos (100%) 
mostraram melhora dos  sintomas de TDAH. O  treinamento de 
meditação mindfulness  melhora alguns 
aspectos da função  executiva e da  desregulação emocional.
Embora esses sejam resultados promissores  para apoiar a eficácia do  tratamento de MBIs para  TDAH, vários vieses, como ausência de 
randomização e falta de  um grupo de controle, podem afetar o valor clínico real e as implicações dos estudos.
The efficacy of mindfulness based interventions in  attention deficit/hyperactivity disorder  beyond core symptoms: A  systematic review, meta analysis, and meta regression. Journal of  affective disorders, 292, 475–486. https://doi.org/10.1016/j.jad.  2021.05.068Oliva, F.,  
Malandrone, F., 
di Girolamo, G.,  Mirabella, S.,  
Colombi, N.,  
Carletto, S., &  Ostacoli, L.  (2021).
Revisão sistemática,  meta-análise e meta regressão. A busca  resultou em 31 artigos: 16 realizados  em adultos, 14 em  crianças e um estudo  em uma amostra  mista de adolescentes  e adultos.Mindfulness  Awareness Practice  (MAP) e Mindfulness  Based Cognitive 
Therapy (MBCT)  
foram os protocolos  mais usados em  estudos com adultos
Mesmo que sejam necessários mais estudos com melhor metodologia, podemos  sugerir que os MBIs  podem ser úteis como  complementação e não  como substituição de  outras intervenções ativas.
Tratamiento del trastorno  por deficit de  atencion/hiperactividad en la  edad adulta a traves de la  realidad virtual mediante un  programa de mindfulness [Treatment of attention deficit hyperactivity disorder  in adults using virtual reality  through a mindfulness  programme]. Revista de  neurologia, 64(s01), S117– S122.Serra-Pla,J. F.,  Pozuelo, M.,  
Richarte, V.,  
Corrales, M.,  
Ibanez, P.,  
Bellina, M., 
Vidal, R.,
Calvo, E., 
Casas, M., &  
Ramos-Quiroga, J. A. (2017).
Realizamos um  estudo piloto com 25  pacientestratados por  meio de realidade  virtual, São quatro  sessões de 30 minutos, e 25 tratados com 
psicoestimulantes. 
Para avaliar tanto o  TDAH quanto a  
depressão, ansiedade,  funcionalidade e qualidade de vida.
O tratamento com  realidade virtual é uma  alternativa interessante aos tratamentos  clássicos, sendo mais  curto e atraente para os pacientes.
Mindfulness Meditation  Improves Mood, Quality of  Life, and Attention in Adults  with Attention Deficit  Hyperactivity Disorder. BioMed research  international, 2015, 962857.  https://doi.org/10.1155/2015 /962857 (Poissant et al.,  2019)Bueno, V. F., 
Kozasa, E. H., da Silva, M. A.,
Alves, T. M., 
Louzã, M. R., &  Pompéia, S.  (2015). São Paulo
Ensaios Clínicos  
Vinte e um pacientes com TDAH e 8 controles saudáveis foram submetidos a 8  sessões semanais de  MAP; 22 pacientes semelhantes e 9  
controles não foram  submetidos à  intervenção
Desatenção Meditação  TDAH 21,9 Sem intervenção TDAH 26,2 MAP melhorou a atenção sustentada  (ANT) e a detectabilidade (CPT  II) e melhorou o humor  e a qualidade de vida  de pacientes e controles.MAP é uma intervenção  complementar que  melhora o afeto e a  atenção de adultos com  TDAH e controles.
A Pilot Trial of Mindfulness  Meditation Training for  ADHD in Adulthood:  Impact on Core Symptoms,  Executive Functioning, and  Emotion Dysregulation. Journal of attention  disorders, 21(13), 1105– 1120. https://doi.org/10.1177/1087  054713513328Mitchell,J. T.,  McIntyre, E.  M., English, J. S., Dennis, M. F.,
Beckham, J.  C., & Kollins, S. H. (2017).
Teste piloto de 
treinamento de meditação  mindfulness para  TDAH na idade adulta. 
Estudo comparativo  Adultos com TDAH  foram estratificados  por status de 
medicação para 
TDAH e, de outra  forma, randomizados  para um tratamento  de mindfulness baseado em grupo de  8 semanas
A viabilidade e  aceitabilidade do  tratamento foram  positivas. Além disso,  os sintomas  autorrelatados de  TDAH e FE (avaliados  em laboratório e  avaliação ecológica  momentânea),  avaliações clínicas de  TDAH e sintomas de  FE e autorrelato de  desregulação  emocional melhoraram para o grupo de 
tratamento em relação  ao grupo da lista de  espera ao longo do  tempo com grande efeito tamanhos.
O estudo atual fornece  suporte para a  
viabilidade,  aceitabilidade do  
tratamento e eficácia do  tratamento preliminar do  treinamento de  meditação mindfulness  para TDAH adulto.
Aversive Pavlovian  inhibition in adult attention deficit/hyperactivity disorder  and its restoration by  mindfulness-based cognitive  therapy. Frontiers in  behavioral neuroscience, 16, 938082. https://doi.org/10.3389/fnbe  h.2022.938082Geurts, D. E.  M.,
den Ouden, H. E. M., 
Janssen, L.,  
Swart, J. C., Froböse, M. I., 
Cools, R., &. .Speckens, A. E. M. (2022)
Estudo controlado  randomizado, 50  pacientes adultos com  TDAH foram  avaliados antes e após 8 semanas de  tratamento usual  
(TAU) com ( n = 24) ou sem ( n = 26)  
MBCT.
Resultados da tarefa  revelaram (1) menos  inibição pavloviana  aversiva em pacientes  com TDAH com  
hiperatividade/impulsiv  idade clinicamente  relevante do que  
naqueles sem; e (2)  inibição pavloviana  aumentada em todos os  pacientes com TDAH  após TAU+MBCT em comparação com TAU.
Revelamos um papel dos  mecanismos inibitórios  pavlovianos na  compreensão dos  comportamentos  hiperativos/impulsivos  no TDAH e apontamos  para MBCT como uma  intervenção que pode  influenciar esses  mecanismos.
Non-pharmacological  interventions for adult  ADHD: a systematic review.  Psychological medicine,  50(4), 529–541. https://doi.org/10.1017/S003  3291720000069Nimmo-Smith,  V., Merwood,  A.,
Hank, D., Brandling, J.,  Greenwood,
R.,  Skinner, L.,  
Law, S., Patel, V.,
& Rai, D. (2020).
Revisão sistemática Houve 32 estudos 
elegíveis com o maior número de estudos avaliando a terapia cognitivo comportamental (TCC). A TCC consistia em grupo,  internet ou terapia individual.
A maioria encontrou uma  melhora nos sintomas de  TDAH com o tratamento  TCC. Além disso, a  atenção plena e a  remediação cognitiva têm evidências como  intervenções eficazes  para os principais sintomas do TDAH
A Comparison of  Mindfulness-Based Group  Training and Skills Group  Training in Adults With  ADHD. Journal of attention  disorders, 21(6), 533–539.  https://doi.org/10.1177/1087  054714551635Edel, M. A.,  
Hölter, T.,  
Wassink, K., &  Juckel, G.  (2017).
Estudo comparativo  com noventa e um adultos  com TDAH (tipo  combinado e  desatento,  principalmente  medicado) foram  
designados de forma  não aleatória e  tratados em um grupo  de treinamento  baseado em  mindfulness (MBTG, n = 39) ou um grupo de treinamento de  habilidades(STG, n = 52 ), cada um  realizado em 13  sessões semanais de 2 horas.
Modelos lineares gerais  com medidas repetidas  revelaram que ambos os programas resultaram em uma redução semelhante dos sintomas de TDAH  e melhoria da atenção  plena e da autoeficácia.  No entanto, os 
tamanhos de efeito  estavam na faixa de  pequeno a médio. Uma  diminuição nos sintomas de TDAH ≥30% foi observada em  30,8% dos 
participantes MBTG e  11,5% dos 
participantes STG.
Os resultados  comparativamente fracos  podem ser devidos a  limitações como a ausência de 
randomização, a falta de  um grupo de controle  sem intervenção e a falta  de grupos 
correspondentes para  borderline, depressão e  estado de ansiedade. Além disso, instruções  de áudio para exercícios em casa e monitoramento mais rigoroso do 
progresso dos participantes e eventual  ausência das sessões  podem ter melhorado o resultado.
Mechanisms of Change in  Mindfulness-Based  Cognitive Therapy in Adults  With ADHD. Journal of  attention disorders, 25(9), 1331–1342. https://doi.org/10.1177/1087  054719896865Geurts, D. E.  M., Schellekens, M. P. J., 
Janssen, L., &  Speckens, A. E. M. (2020).
Estudo controlado  randomizado (RCT),  MBCT + TAU (tratamento usual) ( n = 43) versus TAU ( n = 51) análises de  mediação para  examinar se a  redução dos sintomas  de TDAH avaliados e  a melhora da saúde  mental positiva no  acompanhamento de  6 meses foi mediada  por mudanças nas 
habilidades de 
atenção plena, 
autocompaixão e  funcionamento  executivo ao longo do MBCT
Aumento da melhora  mediada pela  autocompaixão da  saúde mental positiva  no acompanhamento de  6 meses. A melhoria  das habilidades de  atenção plena ou  autocompaixão não  mediou a redução dos  sintomas de TDAH.  Análises adicionais  sugerem que a inibição  autorrelatada sim.O efeito do MBCT nos  sintomas de TDAH e na  saúde mental positiva  ocorreu por meio de  diferentes mecanismos  de mudança, ou seja, por  melhorias na inibição e  na autocompaixão,  respectivamente.
The Feasibility,  Effectiveness, and Process of Change of Mindfulness Based Cognitive Therapy for  Adults With ADHD: A  Mixed-Method Pilot Study.  Journal of attention  disorders, 24(6), 928–942.  https://doi.org/10.1177/1087  054717727350Janssen, L.,
de  Vries, A. M.,  Hepark, S., &  Speckens, A. E. M. (2020). Nimega
Estudo de método  misto com 31  pacientes com TDAH  participantes de um  programa MBCT  adaptado. Questionários de 
autorrelato sobre  sintomas de TDAH,  funcionamento  executivo, habilidades de atenção plena, 
autocompaixão,  funcionamento do  paciente e estado de  saúde foram 
administrados antes e  depois do MBCT. 
Foram realizadas 
entrevistas  semiestruturadas com 24 pacientes.
Um modesto abandono  de n= 5 (16%) foi encontrado.
O MBCT resultou em uma  redução significativa  dos sintomas de TDAH  e melhorias no 
funcionamento  executivo,  autocompaixão e saúde  mental. A análise qualitativa forneceu informações sobre  facilitadores e barreiras  que os participantes  experimentaram e seu  processo de mudança.
O programa MBCT  adaptado parece ser  viável para adultos com  TDAH e evidências 
preliminares para a  eficácia são mostradas.  Um Ensaio Randomizado Controlado (ECR) com  poder adequado é  necessário para examinar melhor a eficácia do  MBCT para o TDAH.
The Efficacy of Adapted  MBCT on Core Symptoms  and Executive Functioning  in Adults With ADHD: A  Preliminary Randomized  Controlled Trial.Journal of  attention disorders, 23(4), 351–362. https://doi.org/10.1177/1087  054715613587Hepark, S.,  
Janssen, L.,
de  Vries, A.,  
Schoenberg, P. L. A., Donders,  R., Kan, C. C., & Speckens, A. E. M. (2019). Holanda
Estudo comparativo  programa de terapia  cognitiva baseada em  mindfulness (MBCT)  adaptado de 12  semanas é comparado  com um grupo de lista de espera (WL).  Adultos com TDAH  foram alocados 
aleatoriamente para MBCT (n = 55) ou lista de espera
(n =  48).
MBCT resultou em  uma redução 
significativa dos  sintomas de TDAH,  tanto avaliados pelo  investigador quanto  autorrelatados, com  base em análises por  protocolo e por  intenção de tratar. Melhorias  significativas no 
funcionamento  executivo e nas 
habilidades de atenção  plena foram  encontradas. Análises adicionais sugeriram  que a eficácia do  MBCT na redução dos  sintomas do TDAH e  na melhora do  funcionamento  executivo é 
parcialmente mediada  por um aumento na  habilidade de atenção  plena “Agir com Consciência”. Não foram observadas  melhorias nos sintomas  depressivos e de  ansiedade e no  funcionamento do paciente.
Este estudo fornece  suporte preliminar para a  eficácia do MBCT para  adultos com TDAH.
Mindfulness Meditation  Training for Attention 
Deficit/Hyperactivity Disorder in Adulthood:  Current Empirical Support,  Treatment Overview, and  Future Directions. Cognitive  and behavioral practice,  22(2), 172–191. https://doi.org/10.1016/j.cbp  ra.2014.10.002
Mitchell, J. T.,  Zylowska, L., &  Kollins, S. H.  (2015).Revisão sistemática  com dois estudos de  caso.No geral, os estudos  empíricos atuais 
apoiam a justificativa para a aplicação da 
atenção plena ao TDAH, mostram que a  atenção plena é uma  intervenção viável e  bem aceita em 
amostras de TDAH e  fornecem suporte  preliminar promissor para sua eficácia.
No entanto, são  necessários ensaios  metodologicamente mais  rigorosos,  particularmente ensaios  controlados  randomizados maiores e  avaliação de efeitos de  longo prazo com  medidas ecologicamente  válidas.
Mindfulness-Based Cognitive Behavioral  Therapy as an Adjunct  
Treatment of Attention  Deficit Hyperactivity  Disorder in Young Adults: A  Literature Review. Cureus,  9(5), e1269. https://doi.org/10.7759/cureu  s.1269
Aadil, M., 
Cosme, R. M.,  & Chernaik,J.  (2017).
Revisão da LiteraturaNo geral, descobrimos  que há um claro efeito  benéfico de tais  terapias, especialmente  quando usadas em conjunto com medicamentos  estimulantes e podem  aumentar a adesão  geral.No geral, descobrimos  que há um claro efeito  benéfico de tais terapias,  especialmente quando  usadas em conjunto com  medicamentos  estimulantes e podem  aumentar a adesão geral.  Para melhor 
entendimento, sugerimos  que estudos grandes e  bem delineados sejam  conduzidos com estratégias robustas.
Mindfulness-Based  Cognitive Therapy and the  Adult ADHD Brain: A  Neuropsychotherapeutic  Perspective. Frontiers in  psychiatry, 7, 117. https://doi.org/10.3389/fpsyt .2016.00117Bachmann, K., 
Lam, A. P., &  Philipsen, A.  (2016).
Revisão de literatura Há evidências  preliminares  promissoras de que a  meditação mindfulness  empregada como uma  intervenção neurocomportamental na terapia pode ajudar  os pacientes com  TDAH a regular o  funcionamento cerebral  prejudicado e, assim,  melhorar a  autorregulação da  atenção e o controle das emoções.Concluímos que a  meditação mindfulness  empregada como uma  intervenção  neuropsicoterapêutica na  terapia é uma abordagem de tratamento promissora  no TDAH.

Discussão 

Este estudo avaliou a viabilidade, a aceitabilidade do tratamento e a eficácia preliminar do  treinamento de atenção plena em grupo de adultos diagnosticados com TDAH com sintomas centrais,  comprometimento funcional associado aos sintomas centrais, funcionamento executivo e desregulação emocional. Este estudo baseia-se em descobertas anteriores que avaliam a prática da  Atenção Plena como possibilidade de estratégia de manejo para adultos com TDAH a partir da  literatura disponível. 

As amostras citadas foram compostas apenas por adultos diagnosticados com TDAH, sem  introdução explícita de outras modalidades de tratamento, incorporando métodos de avaliação  plausíveis. Para tanto, foi realizada uma revisão nas bases de dados CAPES, PUBMED e LILAC,  sendo compilados um total de quinze artigos que avaliaram a relação dos sintomas de adultos com  TDAH diante de alguns programas de Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (MBCT).

As medidas de avaliação utilizadas no ensaio aberto de MBCT em adultos com TDAH mostraram a diminuição da desatenção e dos sintomas depressivos. Houve um efeito significativo  para consciência consciente, mas nenhum encontrados efeitos estatisticamente significativos nas  medidas de ansiedade geral, estresse, comprometimento funcional ou qualidade de vida (Strålin et al.,  2022). Em contrapartida um estudo piloto de realidade virtual com 25 integrantes utilizando técnicas  mindfulness se mostrou promissor para depressão, ansiedade, funcionalidade e qualidade de vida.  (Serra-Pla et al., 2017). No estudo comparativo entre indivíduos tratados MBCT e lista de espera,  houve uma redução significativa dos sintomas de TDAH, tanto avaliados pelo investigador quanto autorrelatados. Melhorias significativas no funcionamento executivo e nas habilidades de atenção  plena foram encontradas. Análises adicionais sugeriram que a eficácia do MBCT na redução dos  sintomas do TDAH e na melhora do funcionamento executivo é parcialmente mediada por um  aumento na habilidade de atenção plena “Agir com Consciência”. Não foram observadas melhorias  nos sintomas depressivos e de ansiedade e no funcionamento do paciente. 

Nove dos quinze estudos apresentados demonstraram o aumento da atenção sustentada,  melhora no funcionamento cerebral prejudicado e na autorregulação da atenção e das emoções  (Bachmann et al., 2016; Mitchell et al., 2015; Hepark et al., 2015; Janssen et al., 2017; Geurts et al.,  2020; Edel et al., 2016; Mitchell et al., 2013; Poissant et al., 2019; Bueno et al., 2015). 

No geral, descobrimos que há um claro efeito benéfico de tais terapias, especialmente quando  usadas em conjunto com medicamentos estimulantes e podem aumentar a adesão geral. (Aadil et al.,  2017). Em outros estudos que buscam intervenções não medicamentosas citam a atenção plena como  possibilidade para o tratamento do TDAH em adultos, em que foi possível notar eficácia da MCBT  associada com a TCC. (Nimmo-Smith et al., 2020). 

Em outros estudos foi notado o aumento da autocompaixão, da saúde mental e qualidade de  vida. Auxiliando participantes experimentaram seu processo de mudança. (Janssen et al., 2017;  Geurts et al., 2020). Estudos de controle inibitório pavlovianos apontamos para MBCT como uma  intervenção que pode influenciar esses mecanismos, auxiliando na compreensão dos comportamentos  hiperativos/impulsivos no TDAH (Dirk et al., 2022). 

Diante dos estudos apresentados em um deles, foi possível notar a melhora do humor e aumento  e da qualidade de vida de pacientes e controles (Bueno et al., 2015). Apesar das evidências  apresentadas podemos sugerir que os Mindfulness-Based Interventions (MBIs) podem ser úteis como  complementação e não como substituição de outras intervenções ativas (Oliva et al., 2021).

Conclusão 

Nos estudos apresentados o uso de Mindfulness apresentou melhores resultados associados ao  uso da medicação ou da TCC. No geral, os estudos revisados neste artigo fornecem evidências para a  viabilidade e aceitabilidade do treinamento de meditação mindfulness em adultos com TDAH,  evidências preliminares promissoras demonstraram o aumento da atenção sustentada, melhora no funcionamento cerebral prejudicado e na autorregulação da atenção e das emoções. Foi notado a ainda  que preliminar a relação do controle inibitório pavloviano apontando a MBCT como uma intervenção  que pode influenciar esses mecanismos, auxiliando na compreensão dos comportamentos  hiperativos/impulsivos no TDAH. 

No entanto, para maior compreensão se faz necessários ensaios metodologicamente mais  rigorosos, particularmente ensaios controlados randomizados maiores e avaliação de efeitos de longo  prazo. Ainda que sejam imprescindíveis mais estudos com melhor metodologia, podemos sugerir que  os MBIs podem ser úteis como complementação e não como substituição de outras intervenções  ativas e validadas.

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