REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202409171550
Thaisy R. M. Silva
Sandyla da Silva Santos
Resumo
Com sintomas de desatenção e hiperatividade o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um transtorno psiquiátrico do neurodesenvolvimento que acompanha crianças e que perpassa a vida adulta com a prevalência de 4% a 7% entre as crianças e de 2,5% entre os adultos. A sintomatologia advinda do TDAH causa prejuízos em diversas áreas afetando o funcionamento cognitivo, comportamental, emocional e social do indivíduo comprometendo a qualidade de vida.
Atualmente, as intervenções mais recomendadas para controle da sintomatologia do TDAH incluem uma combinação de psicoterapia e medicação, visto que nem todos os indivíduos toleram a medicação novos tratamentos têm sido desenvolvidos para melhorar a eficácia da terapêutica, dentre eles o mindfulness.
Desse modo o presente estudo se objetivou a compreender a correlação da proposta da atenção plena do mindfulness com a dificuldade da autorregulação da atenção, visando analisar sua efetividade no tratamento de indivíduos adultos com TDAH. Para tal foi realizada uma revisão integrativa de literatura com um total de 15 artigos elegíveis extraídos das bases de dados Periódicos CAPES, PubMED e LILACS. Nos estudos apresentados o uso de mindfulness apresentou melhores resultados associados ao uso da medicação ou da TCC. No geral, os estudos revisados fornecem evidências para a viabilidade e aceitabilidade do treinamento de meditação mindfulness em adultos com TDAH, evidências preliminares promissoras demonstraram o aumento da atenção sustentada, melhora no funcionamento cerebral prejudicado e na autorregulação da atenção e das emoções. No entanto, para maior compreensão se faz necessários ensaios metodologicamente mais rigorosos.
Palavras-chave: Atenção plena, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, Adultos, Terapia Cognitivo-Comportamental
Abstract
With symptoms such as lack of attention and hyperactivity, attention deficit/hyperactivity disorder (ADHD) is a neurodevelopmental psychiatric disorder that accompanies children and permeates adult life with a prevalence of 4% to 7% among children and 2.5% among adults. The symptomatology arising from ADHD causes damage in several areas, affecting cognitive, behavioral, emotional and social functioning, compromising the quality of life.
The most recommended interventions to control ADHD include a combination of psychotherapy and medication, as not all individuals tolerate medication, new treatments have been developed, including the mindfulness technique.
Thus, this study aims to analyze the effectiveness of mindfulness in the treatment of adults with ADHD. For this, an integrative literature review was carried out with a total of 15 scientific articles extracted from the databases Periodicals like CAPES, PubMED and LILACS. Overall, the reviewed studies provide evidence for the feasibility and acceptability of mindfulness in adults with ADHD, analyses showed a rise in sustained attention, improvement in impaired brain functioning, and in self-regulation of attention and emotions. However, for greater understanding, more rigorous tests are necessary methodologically.
Keywords: Mindfulness, Attention Deficit Disorder with Hyperactivity, Adults, Cognitive Behavioral Therapy
Introdução
O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento com sintomas característicos de desatenção, impulsividade, desassossego ou inquietude, reconhecido oficialmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (Matos, 2003). Segundo os critérios diagnósticos da última versão do manual de diagnóstico e estatísticas de transtornos mentais, American Psychiatric Association (APA, 2013), as características associadas ao transtorno podem incluir baixa tolerância à frustração, irritabilidade ou labilidade do humor. De acordo com este manual, o comportamento desatento está associado a vários processos cognitivos subjacentes, e indivíduos com TDAH podem exibir problemas cognitivos em testes de atenção, função executiva ou memória (APA, 2013).
A primeira definição oficial do que atualmente nomeamos como TDAH foi realizada no século XIX por George Still, pediatra inglês e primeiro professor de doenças infantis do King´s College George Still. Na história do diagnóstico de TDAH, de seu extenso trabalho, é possível destacar três palestras proferidas por tal em 1902 no Royal College of Physicians, intituladas “Some Unusual Mental Conditions in Children”, publicadas no mesmo ano no The Lancet Still (1902). Tais palestras utilizam em suas apresentações casos clínicos de hiperatividade e outras alterações de comportamento provocadas por alguma doença cerebral, oferecendo bases clínicas para o diagnóstico de TDAH.
Asherson et al. (2016) associa como um dos prejuízos do TDAH as dificuldades de aprendizagem, abandono escolar, divórcios e problemas na vida ocupacional, predizendo outros desfechos negativos ao longo da vida como: risco aumentado para lesões, baixo rendimento nas atividades, gravidez precoce, exposição a infecções sexuais transmissíveis, acidentes de trânsito, comportamento e atividades criminosas, entre outros.
De acordo com a APA (2013), os indivíduos com TDAH podem apresentar algumas variações ou subtipos sendo eles: apresentação combinada, apresentação predominante desatenta e apresentação predominante hiperativa/ impulsiva.
Ao longo dos anos a ciência busca intervenções que possam contribuir com a redução dos sintomas do TDAH com intuito de melhorar o funcionamento social, foco e desempenho do indivíduo nas mais diversas áreas. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é reconhecida mundialmente por proporcionar bons resultados na reabilitação do funcionamento cognitivo e comportamental do indivíduo com TDAH (Safren et al., 2017).
A evolução da teoria cognitiva resultou no surgimento de técnicas com um olhar mais abrangente, preocupadas em estabelecer uma relação com as dificuldades humanas num sentido mais amplo. Dentre as novas técnicas da TCC o mindfulness (atenção plena, em português) apresenta um potencial promissor na neurociência em diversos transtornos, entre eles o TDAH (Tang et al., 2015). De acordo com Zylowska (2012), o treino de atenção plena, visa construir um processo de concentração direcionando a atenção para o presente. Evidências mostram que a proposta do mindfulness em atingir a atenção plena se correlaciona positivamente com a dificuldade do indivíduo com TDAH em autorregular sua atenção, sendo capazes de modificar o funcionamento das redes neurais de atenção (Jha et al., 2007).
Bachmann et al. (2016) menciona em seus estudos evidências preliminares promissoras da eficácia do mindfulness aplicada como intervenção neurocomportamental com suporte não medicamentoso capaz de auxiliar o indivíduo portador com TDAH na autorregulação da atenção, do funcionamento cerebral afetado e no controle das emoções.
Objetivos
Objetivo Geral
Compreender a correlação da proposta da atenção plena do mindfulness com a dificuldade da autorregulação da atenção no indivíduo com TDAH.
Objetivo Específico
Analisar a efetividade do mindfulness no tratamento de indivíduos adultos com TDAH.
Acrônimo PICO
Como formulação da pergunta de pesquisa de modo acurado e científico, será utilizada a estratégia representada pelo acrônimo PICO: P – População/Problema, I – Intervenção, C – Comparação e O – Outcome/Desfecho (Santos et al., 2007). A partir do exposto, este estudo segue a seguinte estratégia PICO (Quadro 1):
Quadro 1
P – População/Problema | Adultos com TDAH |
I – Intervenção | Prática de mindfullness |
C – Comparação | Nenhuma comparação “não há” |
O – Outcome/Desfecho | Evidências da utilização ou fatores observados |
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
Desta forma esta investigação possui a seguinte questão norteadora: Qual a correlação da proposta da atenção plena do mindfulness com a dificuldade da autorregulação da atenção no indivíduo com TDAH?
Justificativa
A realização desse estudo justifica-se da necessidade de se aprofundar no estudo de novas técnicas que promovam a efetividade na manutenção dos sintomas do TDAH, visto que, por se tratar de um transtorno neurobiológico crônico com origem na infância e que perpassa até o fim da vida adulta, o TDAH apresenta prejuízos relevantes, que além interferir no bem-estar individual impacta significativamente na integração deste indivíduo com sociedade, originando e fomentando problemas sociais (Associação Brasileira do Déficit de Atenção [ABDA], 2017).
Autores como Matos (2006) e Barkley (2020) mencionam em seus estudos que apesar da redução da sintomatologia na fase adulta, os prejuízos advindos do transtorno de déficit de atenção TDAH e hiperatividade causa impactos significativos na idade adulta interferindo na qualidade de vida. Em um estudo realizado em sete países distintos comparando a carga da doença com adultos com TDAH, os dados coletados sugeriram que independente do país e os valores socioculturais o transtorno afeta os indivíduos de forma semelhante (Brod et al., 2012).
Segundo Wigal et al. (2010) nem todos os pacientes respondem adequadamente ou não aderem ao tratamento medicamentoso, existindo a necessidade de intervenções psicoterapêuticas. Assim, acredita-se que o treino de atenção profunda, juntamente com o treino de respiração, auxilia no processo de concentração e constância da atenção, direcionando pensamentos, sentimentos e sensação para o presente (Bispo et al., 2004). Alguns dos desafios vivenciados em adultos com TDAH estão relacionados ao detrimento da atenção, a dificuldade na autorregulação e a impulsividade ocasionando prejuízos significativos no funcionamento e na qualidade de vida (Matos et al., 2006).
Revisão Teórica
O TDAH é um transtorno psiquiátrico do neurodesenvolvimento comumente diagnosticado na infância e com prevalência residual na idade adulta (Barkley, 1997).
Para Gordon e Keizer (1998) existem controvérsias em torno do diagnóstico de TDAH, grande parte por sua sintomatologia interna. Os sintomas que definem esse transtorno (desatenção, impulsividade e hiperatividade) são, em menor grau, traços comuns da natureza humana. Todo mundo é um pouco desatento, impulsivo, desorganizado até certo ponto e nem sempre realiza as tarefas esperadas, especialmente quando criança.
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade possui um constructo histórico, social e educacional relevante. Segundo Caliman (2010) muitos analistas sociais construíram a história do TDAH como uma história de distrações geradas pelo excesso de informação, consumo de material desordenado e sem sentido, permeados pela somatização da falta de autoridades da família, da igreja e do estado se resultando em um estilo de vida indiscutivelmente normal e indulgente questionando a existência patológica do TDAH.
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade tem sido extensivamente estudado. Embora à primeira vista o TDAH possa parecer um distúrbio moderno, o tema TDAH tem sido discutido e documentado desde o século XVIII (Carvalho et al., 2022). A descrição inicial da sintomatologia característica do transtorno foi realizada pelo médico escocês Alexander Crichton. Em 1798 em um dos seus livros Crichton usa o termo ‘‘desatenção patológica’’ para delinear a incapacidade e/ou constância em manter a atenção do cérebro em qualquer evento (Carvalho et al., 2022). Outra referência relevante na literatura foi realizada pelo psiquiatra alemão Heinrich Hoffman com sua publicação original em 1845 do livro infantil: Der Struwwelpeter, contando a história de Felipe, um personagem com comportamentos hiperativos (Hoffmann, 2021).
Por se tratar de um transtorno de caráter crônico o TDAH acompanha ao longo da vida crianças e adultos, tendo a prevalência na população geral 4% a 7% entre crianças e de 2,5% entre adultos (Katzman et al., 2017). O TDAH é um transtorno subdiagnosticado e embora a redução da sintomatologia aconteça com a chegada da vida adulta, ainda continua sendo um transtorno oneroso com prejuízos na vida social, nos aspectos funcionais e emocionais, aumentando significativamente o risco para tentativa de suicídio, principalmente quando em comorbidade com transtornos do humor, da conduta ou por uso de substâncias (Faraone et al., 2015).
No ano de 1980 foi oficialmente reconhecida pela APA a existência de uma forma adulta de transtorno de atenção e hiperatividade nomeada como “tipo residual”. A partir do “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais” (DSM-IV) indica que o transtorno em alguns casos persiste até a vida adulta, apresentando melhora parcial e sem remissão completa da impulsividade e da hiperatividade ao final da adolescência (APA, 1994).
Segundo Roizblatt et al. (2003), estudos recentes identificam diversos sintomas em adultos diagnosticados com TDAH como: relações afetivas instáveis (divórcios e separações); rendimento abaixo do esperado, instabilidade profissional; dificuldade para manter a atenção, rotina e disciplina; insuficiente capacidade de comprometimento (prazos, esquecimentos, perdas e descuidos importantes); tendência a agir com impulsividade, interromper os outros. O indivíduo com TDAH ainda pode apresentar depressão e baixa autoestima assim como dificuldade para pensar e se expressar, se envolver em acidentes por distração/ desatenção, tendo maior propensão ao consumo e abuso de substâncias.
Mattos (2003) menciona sintomas que permitem a identificação de TDAH, considerados como não “oficiais”. Os sintomas devem aparecer de forma acentuada: sonolência diurna, baixa autoestima, pouca paciência com constantes rompantes (impulsividade e irritabilidade), dificuldade para fixar uma leitura necessitando ler mais vezes, dificuldade de levantar-se da cama ao acordar, mudança repentina de interesse, procrastinação, alterações frequentes de humor e capacidade reduzida em permanecer em situações monótonas e repetitivas.
Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção – ABDA (2017) o tratamento do TDAH deve ser multimodal, combinado com uso de medicações, psicoeducação sobre o transtorno, e ensino de técnicas específicas de manejo ao portador, psicoterapia na teoria cognitivo-comportamental em casos mais específicos o tratamento com fonoaudiólogo em casos de dislexia ou disortografia.
Em seus estudos Safren et al. (2008) mencionam a necessidade de um tratamento integrado como suporte para adultos com TDAH, consistindo no uso de medicação associados com a psicoterapia. O tratamento medicamentoso é indubitavelmente importante, porém não fornece estratégias e habilidades para controle e manutenção das dificuldades advindas do TDAH.
Os autores ainda relatam que aproximadamente 20% a 50% dos pacientes tratados com antidepressivos não têm os sintomas suficientemente reduzidos ou possuem intolerância à medicação, já os adultos que respondem bem a medicação tem aproximadamente 50% da sintomatologia reduzida.
Mesquita et al. (2009) considera a TCC como suporte para tratamento do TDAH, auxiliando o indivíduo a delimitar e centralizar a atenção, estabilizar o humor desenvolvendo suas competências pessoais e sociais alterando comportamentos. A TCC possibilita a reestruturação de crenças alterando o modo de como o indivíduo se vê e em consequência como se sente, ensina o automonitoramento, técnicas para solução de problemas, organização pessoal e regulação emocional.
Dentre as técnicas da TCC o mindfullness tem sido estudado como possibilidade de intervenção benéfica para indivíduos com TDAH. Em seus estudos Kabat-Zinn (1990) define mindfullness como atenção plena específica e centrada no presente, intencional e sem julgamentos. O praticante de mindfulness escolhe, se esforça e desenvolve a atenção plena, aceita seus sentimentos sem julgamento e legitimidade.
As intervenções em mindfulness complementam e contribuem para obtenção da regulação emocional, consciência corporal ajudando no reconhecimento e autocontrole das emoções, assim como na melhora da concentração e da criatividade (Demarzo et al., 2017).
Metodologia
A metodologia deste estudo se enquadrou em uma revisão integrativa de literatura. Visando a qualidade, credibilidade e confiabilidade do material pesquisado as bases de dados utilizadas para pesquisa dos artigos serão: periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Periódicos CAPES), PubMED e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da saúde( LILACS).
Segundo o ministério da educação/CAPES (2023) o portal de periódicos CAPES possui um dos maiores acervos científicos virtuais do Brasil, disponibilizando acesso à produção científica nacional e internacional.
Já a plataforma PubMED que permite o acesso à base de dados da MEDLINE, reunindo um acervo científico na área da saúde da biblioteca nacional dos Estados Unidos. Centro de Apoio à Pesquisa no Complexo de Saúde da Universidade do Estado do Rio de Janeiro CAPCS-UERJ (2021).
De acordo com biblioteca virtual em saúde (2023) A base de dados LILACS é considerada a mais importante e abarcador base de dados especializada na área da saúde, com literatura científica e técnica de 26 países da América Latina e do Caribe com acesso livre e gratuito.
O horizonte temporal da pesquisa abrange o período de novembro de 2015 a novembro de 2022, com intuito de reunir evidências com maior recenticidade.
Os descritores utilizados nesta investigação são provenientes dos Descritores em Ciências da Saúde/Medical Subject Headings (DeCS/MeSH), tendo como critérios de elegibilidade, inclusão e exclusão os elementos descritos no Quadro 2.
Quadro 2
Descritores/Booleanos | Critérios de inclusão | Critérios de exclusão |
Descritores em português: Atenção plena (F02.463.551); Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade; Adultos; Terapia Cognitivo Comportamental (F04.754.137.350). Descritores em inglês: Mindfulness (F02.463.551), Attention | – Estudos, artigos e pesquisas quantitativas e qualitativas com população maior de 18 anos em formato eletrônico e em open Search. – Pesquisas limitada aos períodos entre novembro 2015 e novembro de 2022 – Artigos empíricos publicados em português, inglês e espanhol – Artigos empíricos de origem ocidental | – Estudos, artigos e pesquisas que não estejam em formato eletrônico e de acesso restrito ou pago e com população menor de 18 anos. – A intervenção não teve o mindfulness como elemento central. – Os participantes não tinham diagnóstico de TDAH ou o diagnóstico não especificado |
Deficit Disorder with Hyperactivity; Adults; Cognitive Behavioral Therapy (F04.754.137.350). Descritores em espanhol: Atención Plena (F02.463.551), Trastorno por Déficit de Atención con Hiperactividad; Adultos; Terapia Cognitivo-Conductual (F04.754.137.350). | – Estudos que aplicam intervenções baseadas em mindfulness às pessoas com diagnóstico de TDAH (em população adulta). – Estudos sobre a eficácia do mindfulness em transtornos TDAH, ansiedade e depressão que tenham como base clínica TCC. | – Estudos e investigações anteriores a novembro de 2015 ou superiores a novembro de 2022 – Artigos de origem não ocidental – Artigos empíricos publicados que não estejam em português e inglês. – Artigos que não tenham a prática dos mindfulness embasada pela TCC. |
Fonte: Elaborado pela autora (2023).
Para realizar a busca nas bases de dados acima elencadas. “Atenção plena” AND “Transtorno por Déficit de Atenção com Hiperatividade” AND Adultos AND Terapia Cognitivo-Comportamental. Utilizando os respectivos idiomas apresentados no Quadro 2.
Resultados
Quadro 3 – Distribuição dos artigos analisados e incluídos na Revisão Sistemática.
REGISTRO ARTIGO | AUTORES/PAÍS | DESENHO | RESULTADOS | CONCLUSÃO |
Cognitive-behavioral group therapy for ADHD predominantly inattentive presentation: A feasibility study of a new treatment protocol. Nordic Psychology, 1–15. https://doi.org/10.1080/1901 2276.2021.2020683 | Strålin, E. E., Thorell, L. B., Szybek, K., Lundgren, T., Bölte, S., & Bohman, B. Estocolmo (2022). | Ensaio aberto n=47 elegíveis n=39(incluídos) 14 sessões semanais de 2 horas com intervalo e foi concebido para grupos de no máximo 10 participantes com sessões individuais de 30 minutos. | Em relação ao sucesso do tratamento na redução dos sintomas, 27,3% dos participantes pontuaram 7 ou mais (M = 5,5, SD = 1,6) e 69,7% pontuaram 5 (Um tanto bem sucedido) ou superior. | As avaliações dos oito componentes do protocolo CADDI mostraram que 75,0% dos participantes consideraram a meditação mindfulness e o enfrentamento do estresse como bastante úteis ou muito úteis, tornando-os os componentes mais bem avaliados. |
CBT/DBT skillstraining for adults with attention deficit hyperactivity disorder (ADHD). Psychiatria Danubina, 28(Suppl-1), 103– 107. https://pubmed.ncbi.nlm.nih. gov/27663817/ | Cole, P., Weibel, S., Nicastro, R., Hasler, R., Dayer, A., Aubry,J.-M., Prada, P., & Perroud, N. (2016). | Estudo comparativo Os 49 pacientes com TDAH foram comparados com 13 indivíduos com TDAH em uma lista de espera. receberam terapia individual, associada a sessões semanais de terapia de grupo com diferentes módulos: Mindfulness, Regulação Emocional, Eficácia Interpessoal e Tolerância ao Estresse, Impulsividade/Hiperatividade e Atenção. | No geral, o tratamento psicoterapêutico foi associado a melhorias significativas em quase todas as dimensões. As mudanças mais significativas foram observadas com moderado para grandes tamanhos de efeito. Em comparação com os controles da lista de espera, os pacientes com TDAH mostraram um padrão de resposta melhor, embora não significativo. | Grupos de DBT/CBT psicoeducacionais individuais e estruturados apoiam os dados existentes sugerindo que uma abordagem psicoterapêutica estruturada é útil para pacientes que respondem parcialmente ou não respondem totalmente à terapia medicamentosa. |
Behavioral and Cognitive Impacts of Mindfulness Based Interventions on Adults with Attention Deficit Hyperactivity Disorder: A Systematic Review. Behavioural neurology, 2019, 5682050. https://doi.org/10.1155/2019 /5682050 | Poissant, H., Mendrek, A., Talbot, N., Khoury, B., & Nolan, J. (2019). | Revisão sistemática 13 estudos conduzidos com 753 adultos(idade média de 35,1 anos) foram identificados como elegíveis. | Os resultados descritivos apresentados, todos os estudos (100%) mostraram melhora dos sintomas de TDAH. O treinamento de meditação mindfulness melhora alguns aspectos da função executiva e da desregulação emocional. | Embora esses sejam resultados promissores para apoiar a eficácia do tratamento de MBIs para TDAH, vários vieses, como ausência de randomização e falta de um grupo de controle, podem afetar o valor clínico real e as implicações dos estudos. |
The efficacy of mindfulness based interventions in attention deficit/hyperactivity disorder beyond core symptoms: A systematic review, meta analysis, and meta regression. Journal of affective disorders, 292, 475–486. https://doi.org/10.1016/j.jad. 2021.05.068 | Oliva, F., Malandrone, F., di Girolamo, G., Mirabella, S., Colombi, N., Carletto, S., & Ostacoli, L. (2021). | Revisão sistemática, meta-análise e meta regressão. A busca resultou em 31 artigos: 16 realizados em adultos, 14 em crianças e um estudo em uma amostra mista de adolescentes e adultos. | Mindfulness Awareness Practice (MAP) e Mindfulness Based Cognitive Therapy (MBCT) foram os protocolos mais usados em estudos com adultos | Mesmo que sejam necessários mais estudos com melhor metodologia, podemos sugerir que os MBIs podem ser úteis como complementação e não como substituição de outras intervenções ativas. |
Tratamiento del trastorno por deficit de atencion/hiperactividad en la edad adulta a traves de la realidad virtual mediante un programa de mindfulness [Treatment of attention deficit hyperactivity disorder in adults using virtual reality through a mindfulness programme]. Revista de neurologia, 64(s01), S117– S122. | Serra-Pla,J. F., Pozuelo, M., Richarte, V., Corrales, M., Ibanez, P., Bellina, M., Vidal, R., Calvo, E., Casas, M., & Ramos-Quiroga, J. A. (2017). | Realizamos um estudo piloto com 25 pacientestratados por meio de realidade virtual, São quatro sessões de 30 minutos, e 25 tratados com psicoestimulantes. Para avaliar tanto o TDAH quanto a depressão, ansiedade, funcionalidade e qualidade de vida. | O tratamento com realidade virtual é uma alternativa interessante aos tratamentos clássicos, sendo mais curto e atraente para os pacientes. | |
Mindfulness Meditation Improves Mood, Quality of Life, and Attention in Adults with Attention Deficit Hyperactivity Disorder. BioMed research international, 2015, 962857. https://doi.org/10.1155/2015 /962857 (Poissant et al., 2019) | Bueno, V. F., Kozasa, E. H., da Silva, M. A., Alves, T. M., Louzã, M. R., & Pompéia, S. (2015). São Paulo | Ensaios Clínicos Vinte e um pacientes com TDAH e 8 controles saudáveis foram submetidos a 8 sessões semanais de MAP; 22 pacientes semelhantes e 9 controles não foram submetidos à intervenção | Desatenção Meditação TDAH 21,9 Sem intervenção TDAH 26,2 MAP melhorou a atenção sustentada (ANT) e a detectabilidade (CPT II) e melhorou o humor e a qualidade de vida de pacientes e controles. | MAP é uma intervenção complementar que melhora o afeto e a atenção de adultos com TDAH e controles. |
A Pilot Trial of Mindfulness Meditation Training for ADHD in Adulthood: Impact on Core Symptoms, Executive Functioning, and Emotion Dysregulation. Journal of attention disorders, 21(13), 1105– 1120. https://doi.org/10.1177/1087 054713513328 | Mitchell,J. T., McIntyre, E. M., English, J. S., Dennis, M. F., Beckham, J. C., & Kollins, S. H. (2017). | Teste piloto de treinamento de meditação mindfulness para TDAH na idade adulta. Estudo comparativo Adultos com TDAH foram estratificados por status de medicação para TDAH e, de outra forma, randomizados para um tratamento de mindfulness baseado em grupo de 8 semanas | A viabilidade e aceitabilidade do tratamento foram positivas. Além disso, os sintomas autorrelatados de TDAH e FE (avaliados em laboratório e avaliação ecológica momentânea), avaliações clínicas de TDAH e sintomas de FE e autorrelato de desregulação emocional melhoraram para o grupo de tratamento em relação ao grupo da lista de espera ao longo do tempo com grande efeito tamanhos. | O estudo atual fornece suporte para a viabilidade, aceitabilidade do tratamento e eficácia do tratamento preliminar do treinamento de meditação mindfulness para TDAH adulto. |
Aversive Pavlovian inhibition in adult attention deficit/hyperactivity disorder and its restoration by mindfulness-based cognitive therapy. Frontiers in behavioral neuroscience, 16, 938082. https://doi.org/10.3389/fnbe h.2022.938082 | Geurts, D. E. M., den Ouden, H. E. M., Janssen, L., Swart, J. C., Froböse, M. I., Cools, R., &. .Speckens, A. E. M. (2022) | Estudo controlado randomizado, 50 pacientes adultos com TDAH foram avaliados antes e após 8 semanas de tratamento usual (TAU) com ( n = 24) ou sem ( n = 26) MBCT. | Resultados da tarefa revelaram (1) menos inibição pavloviana aversiva em pacientes com TDAH com hiperatividade/impulsiv idade clinicamente relevante do que naqueles sem; e (2) inibição pavloviana aumentada em todos os pacientes com TDAH após TAU+MBCT em comparação com TAU. | Revelamos um papel dos mecanismos inibitórios pavlovianos na compreensão dos comportamentos hiperativos/impulsivos no TDAH e apontamos para MBCT como uma intervenção que pode influenciar esses mecanismos. |
Non-pharmacological interventions for adult ADHD: a systematic review. Psychological medicine, 50(4), 529–541. https://doi.org/10.1017/S003 3291720000069 | Nimmo-Smith, V., Merwood, A., Hank, D., Brandling, J., Greenwood, R., Skinner, L., Law, S., Patel, V., & Rai, D. (2020). | Revisão sistemática | Houve 32 estudos elegíveis com o maior número de estudos avaliando a terapia cognitivo comportamental (TCC). A TCC consistia em grupo, internet ou terapia individual. | A maioria encontrou uma melhora nos sintomas de TDAH com o tratamento TCC. Além disso, a atenção plena e a remediação cognitiva têm evidências como intervenções eficazes para os principais sintomas do TDAH |
A Comparison of Mindfulness-Based Group Training and Skills Group Training in Adults With ADHD. Journal of attention disorders, 21(6), 533–539. https://doi.org/10.1177/1087 054714551635 | Edel, M. A., Hölter, T., Wassink, K., & Juckel, G. (2017). | Estudo comparativo com noventa e um adultos com TDAH (tipo combinado e desatento, principalmente medicado) foram designados de forma não aleatória e tratados em um grupo de treinamento baseado em mindfulness (MBTG, n = 39) ou um grupo de treinamento de habilidades(STG, n = 52 ), cada um realizado em 13 sessões semanais de 2 horas. | Modelos lineares gerais com medidas repetidas revelaram que ambos os programas resultaram em uma redução semelhante dos sintomas de TDAH e melhoria da atenção plena e da autoeficácia. No entanto, os tamanhos de efeito estavam na faixa de pequeno a médio. Uma diminuição nos sintomas de TDAH ≥30% foi observada em 30,8% dos participantes MBTG e 11,5% dos participantes STG. | Os resultados comparativamente fracos podem ser devidos a limitações como a ausência de randomização, a falta de um grupo de controle sem intervenção e a falta de grupos correspondentes para borderline, depressão e estado de ansiedade. Além disso, instruções de áudio para exercícios em casa e monitoramento mais rigoroso do progresso dos participantes e eventual ausência das sessões podem ter melhorado o resultado. |
Mechanisms of Change in Mindfulness-Based Cognitive Therapy in Adults With ADHD. Journal of attention disorders, 25(9), 1331–1342. https://doi.org/10.1177/1087 054719896865 | Geurts, D. E. M., Schellekens, M. P. J., Janssen, L., & Speckens, A. E. M. (2020). | Estudo controlado randomizado (RCT), MBCT + TAU (tratamento usual) ( n = 43) versus TAU ( n = 51) análises de mediação para examinar se a redução dos sintomas de TDAH avaliados e a melhora da saúde mental positiva no acompanhamento de 6 meses foi mediada por mudanças nas habilidades de atenção plena, autocompaixão e funcionamento executivo ao longo do MBCT | Aumento da melhora mediada pela autocompaixão da saúde mental positiva no acompanhamento de 6 meses. A melhoria das habilidades de atenção plena ou autocompaixão não mediou a redução dos sintomas de TDAH. Análises adicionais sugerem que a inibição autorrelatada sim. | O efeito do MBCT nos sintomas de TDAH e na saúde mental positiva ocorreu por meio de diferentes mecanismos de mudança, ou seja, por melhorias na inibição e na autocompaixão, respectivamente. |
The Feasibility, Effectiveness, and Process of Change of Mindfulness Based Cognitive Therapy for Adults With ADHD: A Mixed-Method Pilot Study. Journal of attention disorders, 24(6), 928–942. https://doi.org/10.1177/1087 054717727350 | Janssen, L., de Vries, A. M., Hepark, S., & Speckens, A. E. M. (2020). Nimega | Estudo de método misto com 31 pacientes com TDAH participantes de um programa MBCT adaptado. Questionários de autorrelato sobre sintomas de TDAH, funcionamento executivo, habilidades de atenção plena, autocompaixão, funcionamento do paciente e estado de saúde foram administrados antes e depois do MBCT. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 24 pacientes. | Um modesto abandono de n= 5 (16%) foi encontrado. O MBCT resultou em uma redução significativa dos sintomas de TDAH e melhorias no funcionamento executivo, autocompaixão e saúde mental. A análise qualitativa forneceu informações sobre facilitadores e barreiras que os participantes experimentaram e seu processo de mudança. | O programa MBCT adaptado parece ser viável para adultos com TDAH e evidências preliminares para a eficácia são mostradas. Um Ensaio Randomizado Controlado (ECR) com poder adequado é necessário para examinar melhor a eficácia do MBCT para o TDAH. |
The Efficacy of Adapted MBCT on Core Symptoms and Executive Functioning in Adults With ADHD: A Preliminary Randomized Controlled Trial.Journal of attention disorders, 23(4), 351–362. https://doi.org/10.1177/1087 054715613587 | Hepark, S., Janssen, L., de Vries, A., Schoenberg, P. L. A., Donders, R., Kan, C. C., & Speckens, A. E. M. (2019). Holanda | Estudo comparativo programa de terapia cognitiva baseada em mindfulness (MBCT) adaptado de 12 semanas é comparado com um grupo de lista de espera (WL). Adultos com TDAH foram alocados aleatoriamente para MBCT (n = 55) ou lista de espera (n = 48). | MBCT resultou em uma redução significativa dos sintomas de TDAH, tanto avaliados pelo investigador quanto autorrelatados, com base em análises por protocolo e por intenção de tratar. Melhorias significativas no funcionamento executivo e nas habilidades de atenção plena foram encontradas. Análises adicionais sugeriram que a eficácia do MBCT na redução dos sintomas do TDAH e na melhora do funcionamento executivo é parcialmente mediada por um aumento na habilidade de atenção plena “Agir com Consciência”. Não foram observadas melhorias nos sintomas depressivos e de ansiedade e no funcionamento do paciente. | Este estudo fornece suporte preliminar para a eficácia do MBCT para adultos com TDAH. |
Mindfulness Meditation Training for Attention Deficit/Hyperactivity Disorder in Adulthood: Current Empirical Support, Treatment Overview, and Future Directions. Cognitive and behavioral practice, 22(2), 172–191. https://doi.org/10.1016/j.cbp ra.2014.10.002 | Mitchell, J. T., Zylowska, L., & Kollins, S. H. (2015). | Revisão sistemática com dois estudos de caso. | No geral, os estudos empíricos atuais apoiam a justificativa para a aplicação da atenção plena ao TDAH, mostram que a atenção plena é uma intervenção viável e bem aceita em amostras de TDAH e fornecem suporte preliminar promissor para sua eficácia. | No entanto, são necessários ensaios metodologicamente mais rigorosos, particularmente ensaios controlados randomizados maiores e avaliação de efeitos de longo prazo com medidas ecologicamente válidas. |
Mindfulness-Based Cognitive Behavioral Therapy as an Adjunct Treatment of Attention Deficit Hyperactivity Disorder in Young Adults: A Literature Review. Cureus, 9(5), e1269. https://doi.org/10.7759/cureu s.1269 | Aadil, M., Cosme, R. M., & Chernaik,J. (2017). | Revisão da Literatura | No geral, descobrimos que há um claro efeito benéfico de tais terapias, especialmente quando usadas em conjunto com medicamentos estimulantes e podem aumentar a adesão geral. | No geral, descobrimos que há um claro efeito benéfico de tais terapias, especialmente quando usadas em conjunto com medicamentos estimulantes e podem aumentar a adesão geral. Para melhor entendimento, sugerimos que estudos grandes e bem delineados sejam conduzidos com estratégias robustas. |
Mindfulness-Based Cognitive Therapy and the Adult ADHD Brain: A Neuropsychotherapeutic Perspective. Frontiers in psychiatry, 7, 117. https://doi.org/10.3389/fpsyt .2016.00117 | Bachmann, K., Lam, A. P., & Philipsen, A. (2016). | Revisão de literatura | Há evidências preliminares promissoras de que a meditação mindfulness empregada como uma intervenção neurocomportamental na terapia pode ajudar os pacientes com TDAH a regular o funcionamento cerebral prejudicado e, assim, melhorar a autorregulação da atenção e o controle das emoções. | Concluímos que a meditação mindfulness empregada como uma intervenção neuropsicoterapêutica na terapia é uma abordagem de tratamento promissora no TDAH. |
Discussão
Este estudo avaliou a viabilidade, a aceitabilidade do tratamento e a eficácia preliminar do treinamento de atenção plena em grupo de adultos diagnosticados com TDAH com sintomas centrais, comprometimento funcional associado aos sintomas centrais, funcionamento executivo e desregulação emocional. Este estudo baseia-se em descobertas anteriores que avaliam a prática da Atenção Plena como possibilidade de estratégia de manejo para adultos com TDAH a partir da literatura disponível.
As amostras citadas foram compostas apenas por adultos diagnosticados com TDAH, sem introdução explícita de outras modalidades de tratamento, incorporando métodos de avaliação plausíveis. Para tanto, foi realizada uma revisão nas bases de dados CAPES, PUBMED e LILAC, sendo compilados um total de quinze artigos que avaliaram a relação dos sintomas de adultos com TDAH diante de alguns programas de Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (MBCT).
As medidas de avaliação utilizadas no ensaio aberto de MBCT em adultos com TDAH mostraram a diminuição da desatenção e dos sintomas depressivos. Houve um efeito significativo para consciência consciente, mas nenhum encontrados efeitos estatisticamente significativos nas medidas de ansiedade geral, estresse, comprometimento funcional ou qualidade de vida (Strålin et al., 2022). Em contrapartida um estudo piloto de realidade virtual com 25 integrantes utilizando técnicas mindfulness se mostrou promissor para depressão, ansiedade, funcionalidade e qualidade de vida. (Serra-Pla et al., 2017). No estudo comparativo entre indivíduos tratados MBCT e lista de espera, houve uma redução significativa dos sintomas de TDAH, tanto avaliados pelo investigador quanto autorrelatados. Melhorias significativas no funcionamento executivo e nas habilidades de atenção plena foram encontradas. Análises adicionais sugeriram que a eficácia do MBCT na redução dos sintomas do TDAH e na melhora do funcionamento executivo é parcialmente mediada por um aumento na habilidade de atenção plena “Agir com Consciência”. Não foram observadas melhorias nos sintomas depressivos e de ansiedade e no funcionamento do paciente.
Nove dos quinze estudos apresentados demonstraram o aumento da atenção sustentada, melhora no funcionamento cerebral prejudicado e na autorregulação da atenção e das emoções (Bachmann et al., 2016; Mitchell et al., 2015; Hepark et al., 2015; Janssen et al., 2017; Geurts et al., 2020; Edel et al., 2016; Mitchell et al., 2013; Poissant et al., 2019; Bueno et al., 2015).
No geral, descobrimos que há um claro efeito benéfico de tais terapias, especialmente quando usadas em conjunto com medicamentos estimulantes e podem aumentar a adesão geral. (Aadil et al., 2017). Em outros estudos que buscam intervenções não medicamentosas citam a atenção plena como possibilidade para o tratamento do TDAH em adultos, em que foi possível notar eficácia da MCBT associada com a TCC. (Nimmo-Smith et al., 2020).
Em outros estudos foi notado o aumento da autocompaixão, da saúde mental e qualidade de vida. Auxiliando participantes experimentaram seu processo de mudança. (Janssen et al., 2017; Geurts et al., 2020). Estudos de controle inibitório pavlovianos apontamos para MBCT como uma intervenção que pode influenciar esses mecanismos, auxiliando na compreensão dos comportamentos hiperativos/impulsivos no TDAH (Dirk et al., 2022).
Diante dos estudos apresentados em um deles, foi possível notar a melhora do humor e aumento e da qualidade de vida de pacientes e controles (Bueno et al., 2015). Apesar das evidências apresentadas podemos sugerir que os Mindfulness-Based Interventions (MBIs) podem ser úteis como complementação e não como substituição de outras intervenções ativas (Oliva et al., 2021).
Conclusão
Nos estudos apresentados o uso de Mindfulness apresentou melhores resultados associados ao uso da medicação ou da TCC. No geral, os estudos revisados neste artigo fornecem evidências para a viabilidade e aceitabilidade do treinamento de meditação mindfulness em adultos com TDAH, evidências preliminares promissoras demonstraram o aumento da atenção sustentada, melhora no funcionamento cerebral prejudicado e na autorregulação da atenção e das emoções. Foi notado a ainda que preliminar a relação do controle inibitório pavloviano apontando a MBCT como uma intervenção que pode influenciar esses mecanismos, auxiliando na compreensão dos comportamentos hiperativos/impulsivos no TDAH.
No entanto, para maior compreensão se faz necessários ensaios metodologicamente mais rigorosos, particularmente ensaios controlados randomizados maiores e avaliação de efeitos de longo prazo. Ainda que sejam imprescindíveis mais estudos com melhor metodologia, podemos sugerir que os MBIs podem ser úteis como complementação e não como substituição de outras intervenções ativas e validadas.
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