Autores:
1Michelle Maia Santos de Menezes;
2Helido Quadros de Menezes;
3Aparecida Monteiro;
4Mayke Loiola;
5Suellen de Souza Gaspar;
6Sabrina Glins;
7Denílson da Silva Veras.
1, 2, 3, 4, 5, 6Acadêmicos do curso de Bacharelado em fisioterapia da CEUNI/FAMETRO.
7Graduado em Fisioterapia/UNIP, residente em fisioterapia em terapia intensiva neonatal/UFAM,
Mestrado em ciências da saúde/UFAM.
RESUMO
Introdução: O Covid-19 vem aumentado o índice de pacientes internados em unidades de terapia intensiva, a taxa de evolução dessa doença é rápida, se prevalecendo de piorar o quadro onde o organismo encontra-se debilitado pela inflamação muitos pacientes podem se beneficiar da posição em prona, mostrando ser eficaz na melhora da oxigenação, reduzindo assim a mortalidade. Objetivo: O presente trabalho tem por objetivo analisar a eficácia da posição prona em pacientes adultos acometidos por Covid -19 internados em unidades de terapia intensiva. Metodologia: Trata-se de um levantamento bibliográfico, acerca dos assuntos mencionados, baseados em literatura de estudos encontrados em revistas especializadas, pesquisas eletrônicas, e também em eventos científicos como seminários e congressos. Resultados: Os resultados encontrados na verificação sugerem que a posição prona é eficaz na melhora da oxigenação de pacientes adultos internados com covid-19 em unidade de terapia intensiva. Conclusão: A posição prona por ser uma técnica simples e eficaz vem trazendo excelentes resultados para pacientes internados em unidades de terapia intensiva acometidos pela covid-19, uma técnica realizada por fisioterapeutas especializados na área de respiratória, segundo mostram os artigos científicos.
Palavras-Chave: Fisioterapia; Pronação; oxigenação, COVID 19; Decúbito Ventral; Unidade de Terapia Intensiva.
ABSTRACT
Introduction: Covid-19 has increased the rate of patients hospitalized in intensive care units, the rate of evolution of this disease is fast, and if the situation worsens where the body is weakened by inflammation, many patients can benefit from the prone position, showing to be effective in improving oxygenation, thus reducing mortality. Objective: This study aims to analyze the effectiveness of the prone position in adult patients with covid-19 hospitalized in intensive care units. Methodology: It is a bibliographical survey, about the mentioned subjects, based on literature of studies found in specialized journals, electronic researches, and also in scientific events such as seminars and congresses. Results: The results found in the verification suggest that the prone position is effective in improving oxygenation in adult patients hospitalized with covid-19 in the intensive care unit.. Conclusion: Since the prone position is a simple and effective technique, it has brought excellent results for patients admitted to intensive care units affected by covid-19, a technique performed by physiotherapists specialized in the respiratory area, as shown in the scientific articles.
Keywords: Physical Therapy Specialist; Pronation; Pediatrics; COVID 19; Prone Position; Intensive Care Units.
INTRODUÇÃO
A pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS CoV-2) chamado de Covid19 apareceu pela primeira vez em uma província da China. As autoridades chinesas relatam um novo vírus infectante logo após esta descoberta. Desde então, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a disseminação do vírus, como uma pandemia em 11 de março de 2020 (OMS,2020).
Para FIOCRUZ (2020) a sociedade está diante de uma doença nova, eles (os cientistas) encontram-se na busca de descobrir diversos fatores relacionados a covid19. Mas, já se tem conhecimento que a transmissão se dá por contato com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirros, tosse e catarro. Portanto, deve-se evitar o contato muito próximo, a exemplo os toques ou aperto de mão, assim como contato com objetos ou superfície contaminada, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Conforme Michelin (2020), as condições clínicas de risco para desenvolvimento de complicações por Covid-19, são pessoas com 60 anos ou mais; cardiopatas graves ou descompensados; imunodeprimidos; doentes renais crônicos em estágio avançado; diabéticos e gestantes de alto risco. Indivíduos de qualquer idade podem ser infectados pelo Covid-19 com síndrome respiratória aguda grave, embora adultos de meia-idade e mais velhos sejam mais comumente afetados e adultos mais velhos tenham maior probabilidade de ter doença grave. Entretanto, não significa que está restrita a se proliferar somente neste grupo de risco.
Segundo Musumeci (2020), os pacientes infectados por Covid-19 vão desde quadros leves ao grave, onde requer internação e suporte regulatório (ventilação mecânica).
Dentre os diferentes desafios a serem enfrentados em decorrência da pandemia do novo Coronavírus (SARS-CoV-2) é necessário acompanhar o que ocorre após a fase aguda da infecção. Os sinais e sintomas de longo prazo que os pacientes podem manifestar dependem da extensão e gravidade da infecção viral, dos órgãos afetados e da \”tempestade de citocinas\” durante a fase aguda Covid-19 (DOURADO, 2020).
Conforme Mendes (2020), a hipoxemia é marca dos pacientes acometidos e em casos moderados e graves e a posição prona é uma das técnicas que podem ser usadas a fim proporcionar maior oxigenação e assim evita a intubação.
De acordo com Musumeci (2020), a posição prona é uma das estratégias que também se se destacam dentro dos protocolos de atendimentos, posiciona-se o paciente em decúbito ventral, tendo como objetivo melhorar a relação ventilação e perfusão da mecânica pulmonar, pois os resulta em distribuição mais uniforme do estresse e da tensão pulmonar. Reduzindo assim a taxa de mortalidade avaliadas em um tempo de 28 dias a 90 dias, sendo assim avaliado através da gasometria do mesmo.
Segundo o estudo de Chad & Sampson (2020), em relação a posição prona, o paciente é reposicionado para ficar na posição deitada para frente, e o uso dessa técnica visa melhorar a oxigenação dos pacientes com insuficiência respiratória aguda inclui o paciente acordado, sem estar intubado, em que o momento da intubação foi adiado. A técnica é amplamente utilizada para uma terapia de resgate, principalmente em pacientes mecanicamente com síndrome do desconforto respiratório agudo grave.
Para Coppo et al. (2020), o número de pacientes que necessitam de unidade de terapia intensiva com covid-19 e alto, ficando assim muito difícil a disponibilidade de leitos em UTIs. Uma situação muito difícil, a síndrome do desconforto respiratório é uma das principais complicações de covid-19 além da ventilação mecânica e intubação a posição prona demonstra ser positiva em relação a oxigenação, reduzindo assim o índice de mortalidade.
Segundo Mendes (2020), os pacientes acometidos com maior gravidade necessitam de maior reabilitação, dedicação, frequência, tratamento fisioterapêutico especializado e individualizado. Ocorrendo quadros clínicos de graves déficits, tornando-se indispensável a atuação do fisioterapeuta. Essas abordagens ajudam a atender os desafios impostos pela pandemia, como permitir o início precoce da fisioterapia a esses indivíduos.
Jangra & Saxena (2020) concluíram que a fisioterapia realiza um trabalho com eficácia em relação ao manejo respiratório de reabilitação aos pacientes com covid19 realizando técnicas posturais ,mecânicas para desobstrução de vias aéreas, exercícios respiratórios tudo o possível para que melhore a dispneia e as quantidades de secreções, já o posicionamento em prono pode evitar complicações secundárias, pois os riscos em unidades de terapia intensiva é muito elevado a reabilitação precoce deste paciente através das estratégias fisioterapêuticas acelera a alta hospitalar e independência funcional.
METODOLOGIA
O estudo foi construído através de um levantamento bibliográfico, acerca dos assuntos mencionados, baseados em literatura de estudos em forma de livros, revistas especializadas, pesquisas eletrônicas, e também em eventos científicos como seminários e congressos. Trata-se de uma pesquisa de revisão de literatura que se utilizou como método o tipo hipotético dedutivo com objetivo descritivo de natureza quantitativa não experimental.
Para elaboração desta pesquisa utilizou-se os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados no ano de 2020 e 2021; publicados na língua portuguesa, inglesa e espanhola; indexados em revistas especializadas; e como critérios de exclusão: artigos que não retratassem sobre o protocolo da posição prona em indivíduos adultos e internados com Covid-19 em unidade de terapia intensiva; artigos que não estivessem disponíveis integralmente, artigos estrangeiros que não fossem na língua inglesa ou espanhola. Assim a construção geral da pesquisa ocorreu de agosto a dezembro de 2021. As bases de dados utilizadas foram: SciELO, Lilacs, Medline e BVS. Os descritores utilizados foram: Posição Prona/Prone Positions; Pacientes COVID 19/ Patients COVID 19; Unidade de Terapia Intensiva/Intensive Care Units. Na busca foram encontrados 41 artigos científicos referentes a temática da pesquisa, desse quantitativo foram excluídos 30 artigos que não se encaixavam nos critérios de inclusão.
FIGURA 1: Fluxograma da pesquisa bibliográfica nos bancos de dados científicos abordando sobre a eficácia da posição prona em indivíduos adultos com COVID-19 em unidade de terapia intensiva.
RESULTADOS
Após o levantamento dos dados mencionados anteriormente, foram expostos por meio de tabelas comparando os resultados referentes aos efeitos, necessidade, função e aos impactos positivos da intervenção aos pacientes em Unidade de Terapia Intensiva.
Tabela 1: Resultado encontrado pelos autores acerca dos principais efeitos da intervenção aos pacientes adultos em Unidade de Terapia Intensiva.
AUTOR/ANO | MÉTODO | RESULTADOS |
Bindá et al., 2020 | Um total de 89 pacientes (67% do sexo masculino; idade mediana, 59 anos [variação, 23-80 anos]) com COVID-19 confirmado que foram admitidos entre 23 de fevereiro e 31 de março de 2020, foram inscritos neste projeto de melhoria de qualidade. | A intubação endotraqueal foi necessária em 86 pacientes (97%). A posição prona foi usada como terapia de resgate em 43 (48%) pacientes. Significativamente, mais pacientes mais jovens (idade ≤ 59 anos) receberam alta com vida (43 de 48 [90%]) do que pacientes mais velhos (idade ≥ 60 anos; 26 de 41 [63%]; P <0,005). Entre os 43 pacientes tratados com ventilação em prona, 15 (35% [IC 95%, 21% -51%]) morreram na unidade de terapia intensiva, dos quais 10 (67%; P <0,001) eram pacientes mais velhos. |
Kaur et al., 2020 | Meta-ensaio colaborativo de seis ensaios clínicos randomizados e controlados de superioridade para comparar a eficácia do posicionamento prono versus o tratamento padrão em pacientes com insuficiência respiratória hipoxêmica aguda devido ao COVID-19 apoiado com cânula nasal de alto fluxo (HFNC). | 222 pacientes com COVID-19 foram inscritos no estudo americano, 112 pacientes foram designados para receber PP e 110 pacientes foram designados para tratamento padrão. Não houve diferença significativa na relação SpO 2 / FiO 2 ou índice ROX antes da PP nos grupos de PP precoce vs tardia; no entanto, após 30 minutos na primeira sessão prona, o grupo APP precoce teve uma relação SpO 2 / FiO 2 mais alta [163,2 (132,8–211) vs 141,4 (105– 172,5); p = 0,007]. |
Padrão et al., 2020 | Foram recuperados dados de todos os pacientes internados com necessidade de suplementação de oxigênio (> 3 L / min) e taquipneia (> 24 ipm) de 1º de março a 30 de abril de 2020, excluindo aqueles que tinham alguma contra-indicação para a posição prona ou que tiveram uma necessidade de intubação. | De 925 pacientes com suspeita de COVID19 admitidos fora da ventilação mecânica, 166 pacientes preencheram os critérios de inclusão e exclusão: 57 foram expostos à posição prona e 109 aos cuidados habituais. No grupo de intervenção, 33 (58%) foram intubados contra 53 (49%) no grupo controle. Não observamos diferença nas taxas de intubação na análise univariada (razão de risco = 1,21, intervalo de confiança de 95% [IC] = 0,78 a 1,88, p = 0,39) nem na análise ajustada (razão de risco = 0,90, IC 95% = 0,55 a 1,49, p = 0,69). |
Wittemore et al., 2020 | Um homem de 60 anos com COVID-19 e extensa alteração em vidro fosco visto em imagens de TC foi tratado com sucesso em nossa unidade de alta dependência COVID-19 com apenas oxigênio de baixo fluxo e instruções estritas de pronação para acordar. | Durante a permanência na unidade, ficou claro que a oxigenação do paciente melhorou muito com períodos prolongados de pronação acordada, geralmente superiores a 18 horas / dia. Quando em decúbito dorsal, havia dessaturações recorrentes de até 82%, que pudemos corrigir para> 94% simplesmente colocando o paciente em decúbito ventral e não fazendo nenhuma alteração no fornecimento de oxigênio. O paciente foi tratado inteiramente com oxigênio de baixo fluxo (até 12 L / min por meio de uma máscara sem rebreather) durante toda a sua permanência no hospital. |
Cammarota et al., 2021 | 20 pacientes admitidos em unidade de terapia intensiva (UTI) por IRA hipoxêmica e submetidos à VNI, foram incluídos em todos os pacientes adultos gravemente enfermos com VNI, merecedores do posicionamento em prono acordado como terapia de resgate. | Apesar da melhora da saturação periférica de oxigênio [96 (94-97)% supina vs 98 (9699)% prona, p = 0,008], virar para a posição prona induziu uma piora na pontuação de conforto de 7,0 (6,0-8,0) para 6,0 (5,0 –7,0) ( p = 0,012) e um aumento na fração de espessamento diafragmático de 33,3 (25,7– 40,5)% para 41,5 (29,8–50,0)% ( p = 0,025). |
Jouffroy et al., 2021 | Pacientes gravemente enfermos consecutivos com COVID-19 foram matriculados em quatro UTIs. As sessões de PP duraram pelo menos 3 horas cada e foram realizadas duas vezes ao dia. Um modelo de risco proporcional de Cox identificou fatores associados à necessidade de intubação . Uma análise de ponderação de sobreposição do escore de propensão foi realizada para avaliar a associação entre a respiração espontânea PP e a intubação. | A oxigenação foi alcançada por cânula nasal de alto fluxo em todos os pacientes, exceto três. A duração da pronação foi de 2,5 [1,6; 3,4] dias. A PASB foi bem tolerada hemodinamicamente, PaO 2 / FiO 2 aumentada (78 [68; 96] versus 63 [53; 77] mm Hg, p = 0,004) e PaCO 2 (38 [34; 43] versus 35 [32; 38] mm Hg, p = 0,005). Nem a sobrevida no dia 28 (HR 0,51, IC 95% 0,16-1,16] nem o risco de ventilação invasiva [sHR 0,96; IC 95% 0,49; 1,88] diferiram entre os pacientes submetidos à PP e outros. |
Mathews et al., 2021 | Dos 4.853 pacientes considerados para inclusão, 2.338 eram elegíveis e foram incluídos na análise. Um total de 702 pacientes (30,0%) foram iniciados na pronação nos primeiros 2 dias de admissão na UTI, com 407 (58,0%) iniciados no dia 1 e 295 (42,0%) iniciados no dia 2. Outros 457 pacientes (19,5%) ) foram iniciados em pronação posteriormente em seu curso de UTI. | A ventilação em posição prona precoce iniciada nos primeiros 2 dias de admissão à UTI pode aumentar a sobrevida em pacientes ventilados mecanicamente com hipoxemia moderada a grave devido à insuficiência respiratória associada a COVID-19. |
Rosén et al., 2021 | 141 pacientes adultos com COVID-19 confirmado, oxigênio nasal de alto fluxo ou ventilação não invasiva para suporte respiratório e uma relação PaO 2 / FiO 2 ≤ 20 kPa foram aleatoriamente designados para um protocolo que visa 16 h de posicionamento propenso por dia ou tratamento padrão. O desfecho primário foi a intubação em 30 dias. | Dos 141 pacientes avaliados para elegibilidade, 75 foram randomizados, dos quais 39 foram alocados para o grupo controle e 36 para o grupo prono. Dentro de 30 dias após a inscrição, 13 pacientes (33%) foram intubados no grupo controle contra 12 pacientes (33%) no grupo prono (HR 1,01 (IC 95% 0,46–2,21), P = 0,99). A duração mediana em prona foi de 3,4 h [IQR 1,8–8,4] no grupo controle em comparação com 9,0 h por dia [IQR 4,4–10,6] no grupo prono ( P = 0,014). Nove pacientes (23%) no grupo controle tinham úlceras de pressão em comparação com dois pacientes (6%) no grupo prono (diferença – 18% (IC 95% – 2 a – 33%); P = 0,032). Não houve outras diferenças nos resultados secundários entre os grupos. |
Shelhamer et al., 2021 | Dos 335 participantes que foram intubados e ventilados mecanicamente, 62 foram submetidos à posição prona, 199 não preencheram os critérios de posição prona e serviram como controle e 74 foram excluídos. | Os grupos de int ervenção e controle foram semelhantes no início do estudo. Em modelos de riscos concorrentes ajustados multivariados com sIPTW, o posicionamento prono foi significativamente associado à redução da mortalidade (SHR 0,61, IC 95% 0,46-0,80, P <0,005). o índice de saturação de oxigenação melhorou significativamente durante os dias 1-3 ( P <0,01), enquanto o índice de saturação de oxigenação (OSI), índice de oxigenação (OI) e oxigênio arterial parcial pressão para oxigênio inspirado fracionado (P a O 2 : FiO2 ) melhoraram significativamente durante os dias 4-7 (P <0,05 para todos). |
Taboada et al., 2021 | Nesta série de casos, 7 pacientes acordados com SDRA moderada ou grave pelo COVID-19 internados na UTI do Hospital Universitário de Santiago foram analisados prospectivamente. Os pacientes foram instruídos a permanecer em PP o maior tempo possível até que o paciente se sentisse muito cansado para manter aquela posição. | Todos os pacientes receberam pelo menos 1 sessão de PP. Um total de 16 sessões de PP foram realizadas nos 7 pacientes durante o período de estudo. A duração média das sessões de PP foi de 10 horas. Dexmedetomidina foi usada em todas as sessões de PP. A oxigenação aumentou em todas as 16 sessões realizadas nos 7 pacientes. |
Yildiz et al, 2021 | A posição prona foi aplicada por períodos mínimos de 30 minutos por no mínimo quatro horas por dia. Os níveis de saturação de oxigênio e as taxas de respiração dos pacientes foram monitorados antes e 30 minutos após o posicionamento prono.Dez pacientes, nove do sexo masculino (9/1, M / F), foram incluídos no estudo. | A saturação de oxigênio média no início do estudo foi de 75,8 ± 12,14 (min: 50%; max: 90%) e todos os pacientes tinham alta demanda de oxigênio. A saturação de oxigênio dos pacientes diferiu significativamente antes e depois (83,4 ± 6,38%; 90 ± 5,31%, p <0,001) do posicionamento prono. Da mesma forma, as taxas de respiração diferiram significativamente antes e depois (23,9 ± 6; 21,4 ± 4,97, p <0,001) do posicionamento prono. Dois pacientes morreram durante o tratamento. |
DISCUSSÃO
Uriol-mantilla & Vasquez-Tirado (2020) demonstraram em seu estudo que a PP em pacientes com SDRA devido a Covid-19, promove a homogeneidade pulmonar, melhorando troca gasosa e otimização mecânica respiratório. A PP em pacientes acordados demonstrou melhora na respiração espontânea, não intubado com COVID19, sendo viável, seguro e associado a um benefício significativo na oxigenação. Os autores então, encorajam o uso da posição prona em pacientes acordados com Covid-19, como um tratamento não invasivo que pode prevenir agravamento da hipoxemia.
Yildiz et al., 2021 também realizou o estudo com dez pacientes, porém as internações eram na UTI. O oxigênio a saturação dos pacientes diferiu significativamente antes e depois (83,4 ± 6,38%; 90 ± 5,31%, p <0,001) propenso posicionamento. Da mesma forma, as taxas de respiração diferiram significativamente antes e depois (23,9 ± 6; 21,4 ± 4,97, p <0,001) posicionamento propenso. Dois pacientes morreram durante o tratamento.
A investigação feita por Cammarota et al., 2021 analisou 20 pacientes adultos admitidos em unidade de terapia intensiva (UTI) merecedores do posicionamento em prono acordado como terapia de resgate. Foi constatado melhora da saturação periférica de oxigênio [96 (94-97) % supina vs 98 (96-99) % prona, p = 0,008], porém apesar da aplicação da posição prona acordada melhorar a oxigenação houve uma maior fração de espessamento diafragmático em comparação com a posição supina.
A observação feita por Taboada et al., 2021 em Sete pacientes com SDRA moderada ou grave por Covid-19 também revelou resultados positivos. A PP melhorou a oxigenação dos pacientes e foi relativamente bem tolerada podendo reduzir o número de pacientes em ventilação mecânica e o tempo de permanência na UTI. Todos os pacientes receberam pelo menos 1 sessão de PP. Um total de 16 sessões de PP foram realizadas nos 7 pacientes durante o período de estudo. A duração média das sessões de PP foi de 10 horas.
Corroborando com os estudos citados acima, Bindá et al., 2020 afirma que durante esta pandemia, o posicionamento prono pode ser usado extensivamente como terapia de resgate, de acordo com um protocolo específico, em unidades de terapia intensiva. Em sua pesquisa, os autores contaram com um total de 89 pacientes onde todos foram intubados. A posição prona foi usada como terapia de resgate em 43 (48%) pacientes. Significativamente, mais pacientes mais jovens receberam alta com vida do que pacientes mais velhos.
Jouffroy et al., 2021 realizou um estudo com 379 pacientes e relata que a posição prona realizada em pacientes com respiração espontânea não intubados e insuficiência respiratória grave devido ao Covid-19 foi uma estratégia foi bem tolerada, melhorou significativamente a troca gasosa do sangue e não foi associada ao risco de intubação e mortalidade.
Os resultados encontrados na verificação de Padrão et al., 2020 difere dos demais, uma vez que o posicionamento acordado em pronação não foi associado a taxas mais baixas de intubação. De 925 pacientes com suspeita de Covid-19 admitidos fora da ventilação mecânica, 166 pacientes preencheram os critérios de inclusão e exclusão: 57 foram expostos à posição prona e 109 aos cuidados habituais. No grupo de intervenção, 33 (58%) foram intubados contra 53 (49%) no grupo controle. Da mesma forma, Rosén et al, 2021 relata que ao implantar um protocolo PP e tratamento padrão entre pacientes com insuficiência respiratória hipoxêmica devido ao Covid-19 não houve redução na taxa de intubação endotraqueal em comparação com o tratamento padrão sozinho. Foram randomizados 75 pacientes, dos quais 39 foram alocados para o grupo controle e 36 para o grupo prono.
Conforme Munshi et al. (2017) o desenvolvimento da evidência sobre o posicionamento, expressão como a melhoria de uma abordagem auxiliar notável e eficiente pode não ser evidente até que seja realizado na forma correta e para pacientes ideais. Nesses achados destacam-se a importância de discernir uma população-alvo adequada e denominar as particularidades da aplicação da abordagem nos mesmos.
No estudo de Kaur et al., 2021 foi avaliado a eficiência da posição prono quando aplicada precocemente e tardiamente. Os resultados apontam que para pacientes com insuficiência respiratória hipoxêmica aguda secundária a Covid-19, o posicionamento prono acordado precoce está associado a uma mortalidade mais baixa. Mathews et al, 2021 encontrou resultados similares ao de Kaur et al. 2021, ele afirma que a mortalidade hospitalar foi menor em pacientes hipoxêmicos ventilados mecanicamente com o coronavírus tratados com pronação precoce em comparação com pacientes cujo tratamento não incluiu pronação precoce. A pesquisa incluiu 2.338 pacientes elegíveis, dos quais 702 (30,0%) foram pronados nos primeiros 2 dias de admissão na UTI.
Shelhamer et al., 2020 concluiu que o posicionamento prono em pacientes com SDRA moderada a grave devido a Covid-19 está associado à redução da mortalidade e à melhora dos parâmetros fisiológicos. Uma morte hospitalar pode ser evitada para cada 8 pacientes tratados. Sendo assim, recomenda que posicionamento de bruços pode representar uma opção terapêutica adicional em pacientes com SDRA devido ao COVID-19.
Whittemore et al., 2020 Apresentou um estudo de caso com paciente que testou positivo para Covid-19. Durante a internação ficou claro que a oxigenação do paciente melhorou muito com períodos prolongados de pronação acordada, geralmente superiores a 18 horas / dia. Quando em decúbito dorsal, havia dessaturações recorrentes de até 82%, que pudemos corrigir para> 94% simplesmente colocando o paciente em decúbito ventral e não fazendo nenhuma alteração no fornecimento de oxigênio.
CONCLUSÃO
Mediante os estudos apresentados foi possível concluir a posição prona atua de forma eficaz na oxigenação de pacientes com Covid-19 internados na unidade de terapia intensiva. Na grande maioria das pesquisas analisadas encontrou-se melhora na oxigenação e prevenção do agravamento da doença em alguns casos. É preciso observar que, para que tal protocolo seja amplamente realizado é necessário a organização de uma equipe mínima para esses atendimentos, além disso é preciso também associar essa técnica a outros recursos para alcançar sempre os melhores resultados.
Nesse contexto destaca-se o profissional da fisioterapia, pois ele sabe exatamente quando, como e por quanto tempo pronar o paciente cada um com suas especificidades em cuidados respiratórios. O fisioterapeuta tem exercido um papel de destaque mediante este quadro tão desafiador desta doença que vem trazendo muitos desfechos e estudos que são frequentemente atualizados pois, ainda engloba um cenário desconhecido com muito a desvendar. Dessa forma, essa pesquisa poderá servir de base para as futuras descobertas relacionadas a Covid-19 que sofre mutações constantes e continua afetando gravemente a população mundial.
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