EFFECTIVENESS OF MICROCURRENT ELECTRICAL STIMULATION IN HEALING IN PATIENTS WITH PRESSURE INJURIES: A SYSTEMATIC REVIEW
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11182964
Anne Caroliny Silva de Sá 1
Julia Moraes Fialho 2
Luciane Marta Neiva 3
RESUMO: A lesão por pressão, decorrente de pressão prolongada sobre a pele e tecidos moles, pode variar de pele íntegra a feridas abertas, resultando em desconforto e dor. A microcorrente, empregada no tratamento, visa otimizar a resposta terapêutica e acelerar a cicatrização estimulando a produção de trifosfato de adenosina, aliviando a dor e favorecendo a regeneração tecidual, além de possuir propriedades anti-inflamatórias e bactericidas. O objetivo deste estudo foi investigar a efetividade da estimulação elétrica por microcorrente na cicatrização em pacientes com lesão por pressão. Esta revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados, avaliada por dois revisores independentes utilizando a escala PEDro, analisou três estudos sobre a efetividade da estimulação elétrica por microcorrente na cicatrização de lesão por pressão. Os resultados indicam que a aplicação de microcorrente é benéfica na redução da área das úlceras, melhora do grau das úlceras e aumento das taxas de cicatrização e contração da área da ferida em comparação com grupos de controle. Portanto, evidencia-se que a microcorrente é uma intervenção importante e eficaz para estimular a cicatrização de lesões por pressão.
PALAVRAS-CHAVE: Lesão por pressão, microcorrente, estimulação elétrica.
ABSTRACT: Pressure injuries, resulting from prolonged pressure on the skin and soft tissues, can range from intact skin to open wounds, resulting in discomfort and pain. Microcurrent, used in the treatment, aims to optimize the therapeutic response and accelerate healing by stimulating the production of adenosine triphosphate, relieving pain and promoting tissue regeneration, in addition to having anti-inflammatory and bactericidal properties. The objective of this study was to investigate the effectiveness of microcurrent electrical stimulation on healing in patients with pressure injuries. This systematic review of randomized clinical trials, evaluated by two independent reviewers using the PEDro scale, analyzed three studies on the effectiveness of microcurrent electrical stimulation in the healing of pressure injuries. The results indicate that the application of microcurrent is beneficial in reducing the area of ulcers, improving the grade of ulcers, and increasing the rates of healing and contraction of the wound area compared to control groups. Therefore, it is clear that microcurrent is an important and effective intervention to stimulate the healing of pressure injuries.
KEYWORDS: Pressure injury, microcurrent, electrical stimulation.
1.INTRODUÇÃO
A lesão por pressão é caracterizada como um dano localizado na pele e/ou nos tecidos moles subjacentes, frequentemente encontrados sobre uma proeminência óssea ou em conexão com o uso de dispositivos médicos ou outros artefatos. Essa lesão pode se manifestar sob a forma de pele íntegra ou como uma ferida aberta, podendo apresentar desconforto e dor. Ela ocorre devido à aplicação de pressão intensa e/ou prolongada, frequentemente associada a forças de cisalhamento (NPUAP, 2016).
Estudos indicam que a ocorrência de lesões por pressão (LPP) varia de 4% a 16% entre pacientes hospitalizados em nações de economia avançada, conforme apontado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em 2017. No contexto brasileiro, uma pesquisa demonstrou que a prevalência de LPP em Unidades de Terapia Intensiva apresentou uma amplitude entre 35,2% e 63,6%, com uma incidência variando de 11,1% a 64,3% (Vasconcelos; Caliri, 2017).
Conforme os dados do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, a maioria desses eventos (3.462 – 73,5%) correspondia a lesões por pressão no Estágio 3, seguidas no Estágio 4 (985 – 21%). Além disso, entre os 948 óbitos notificados ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária no mesmo período, 34 (4%) estavam relacionados a lesões por pressão.
O processo de cicatrização é o mecanismo biológico que ocorre com o propósito de reparar o tecido danificado, avançando por três fases distintas: a fase inicial imediatamente após a lesão e envolve a liberação de hormônios vasoconstritores para minimizar a perda de sangue, a fase de granulação também conhecida como fase de epitelização, caracterizada pelo reparo do tecido e do epitélio, formação de tecido de granulação e deposição de colágeno, e a fase de remodelação caracterizada pelo aumento da força do tecido e pela redução do eritema, culminando na redução da cicatriz (Campos; Borges; Groth, 2020).
A utilização da microcorrente para melhor resposta ao tratamento como forma de auxiliar e acelerar o processo de cicatrização de LPP. A aplicação correta no tecido lesado estimula a produção de trifosfato de adenosina, aliviando a dor, promovendo a regeneração tecidual, exibindo propriedades anti-inflamatórias e efeitos bactericidas, tende a aumentar o fluxo da corrente endógena, uma vez que o corpo fica estático e o sangue é a fonte de condução da energia. À medida que esse fluxo aumenta, a área traumatizada pode recuperar sua capacidade funcional (Lemos; Soares; Dantas, 2017).
Considerando a importância das investigações direcionadas à aplicação da microcorrente para a promoção da cicatrização da LPP, com o propósito de contribuir para uma compreensão mais abrangente dos benefícios e impactos dessa abordagem terapêutica, analisar a efetividade da estimulação elétrica por microcorrentes no processo de cicatrização em pacientes com lesão por pressão.
2. METODOLOGIA
A presente pesquisa corresponde a uma revisão sistemática. No estudo utilizou-se a Estratégia PICO que se constitui em quatro itens P: paciente com LPP; I: estimulação elétrica por microcorrentes; C: Não apresenta comparação com nenhuma intervenção; O: cicatrização em pacientes com lesão por pressão.
Esta revisão sistemática, foi submetida no Registro Prospectivo Internacional de Revisões Sistemáticas (PRÓSPERO) segundo os padrões exigidos. O registro foi realizado no dia 16 de dezembro de 2023 contendo o número CRD42023490580.
O levantamento de dados se deu no ano de 2024, por meio das bases de dados National Library of Medicine (PUBMED), Physiotherapy Evidence Database (PEDro) e Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL).Foram utilizados os descritores em inglês “microcurrent”, “electro-stimulation”, “injury pressure”, com suas respectivas traduções em português: “microcorrente”, “eletroestimulação”, “lesão por pressão”, associado aos operadores booleanos AND/OR para combinar os termos ou deixá-los sozinhos a fim de apurar as buscas. A última busca foi realizada dia 19/03/2024.
Foram incluídos ensaios clínicos controlados randomizados (ECRs) que abordavam o efeito da microcorrente na cicatrização em pacientes LPP. Estudos que utilizaram outros recursos da eletroterapia associado à microcorrentes, pesquisas que envolviam animais, duplicados e publicados em mais de uma base de dados que não estavam relacionados ao tema proposto foram excluídos.
Foram utilizadas as estratégias de busca em inglês, nas plataformas National Library of Medicine (PUBMED) e Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL): “microcurrent AND injury pressure”, “injury pressure AND electrostimulation”, “microcurrent OR electrostimulation”. Vale ressaltar que, na plataforma Physiotherapy Evidence Database (PEDro) a pesquisa aconteceu sem o emprego de operadores booleanos, sendo utilizado a seguinte estratégia: Microcurrent* Injury Pressure* Eletroestimulation*.
Para avaliar a qualidade metodológica dos artigos foi utilizada a escala de qualidade PEDro que tem como objetivo fornecer orientação aos utilizadores da base de dados PEDro em relação à solidez metodológica dos Ensaios Clínicos Aleatórios, com foco na avaliação da validade interna, abrangendo os critérios do 2 ao 9 da escala. Além disso, a escala também verifica a adequação da apresentação estatística, ou seja, se o estudo disponibiliza informações estatísticas mínimas para que os resultados possam ser compreensíveis, abrangendo os critérios 10 e 11 da escala.
A seleção dos artigos aconteceu por dois revisores de maneira independente, a princípio por meio da leitura do título e resumo, e em seguida pela análise aos critérios de inclusão e exclusão. Os dados alcançados após a extração, foram apresentados por meio de quadros que continham as principais características pertencentes a cada estudo para que fossem comparados e discutidos, restando aqueles que atendiam aos critérios de elegibilidade da escala PEDro.
Apresenta um viés de publicação (tendência em publicações científicas de evidências positivas que têm maior probabilidade de serem publicadas do que evidências negativas) entre o artigo “Eficácia da terapia de estimulação por micro corrente pulsada monofásica de baixa frequência na lesão por pressão: um estudo duplo-cego controlado cruzado” e o artigo secundário “Associação entre índice de massa corporal e efeitos da estimulação monofásica por microcorrente pulsada em lesões por pressão”.
Após a extração dos dados, estes foram empregados para elaborar fluxogramas e tabelas que englobarão as características inerentes de cada estudo, proporcionando uma contextualização clara e organizada. Foram incluídos o ano de publicação, os autores, a descrição do desenho metodológico, o tamanho da amostra, os grupos de comparação, o protocolo, a descrição da intervenção e os principais resultados obtidos. Por fim, foram apresentadas as evidências analisadas na literatura, discutindo a efetividade da intervenção em questão.
Fluxograma 1. Pesquisa e triagem dos estudos relacionados nos bancos de dados, conforme a plataforma PRISMA. Teresina-PI, 2024
Fonte: Autores
3 RESULTADOS
O quadro 1 refere-se à avaliação metodológica dos artigos por meio da escala de qualidade PEDro organizada em critérios de 1 a 11, autor e ano de publicação.
Quadro 1. Análise da qualidade metodológica dos estudos por meio da escala PEDro. Teresina-PI, 2024.
Critérios/ Artigos | Avendaño-Coy, J. et al. 2022 | Yoshikawa, Y. et al. 2022 | Yoshikawa, Y. et al. 2023 |
1. Os critérios de elegibilidade foram especificados | SIM | SIM | SIM |
2. Os sujeitos foram aleatoriamente distribuídos por grupos (num estudo cruzado, os sujeitos foram colocados em grupos de forma aleatória de acordo com o tratamento recebido) | SIM | SIM | SIM |
3. A alocação dos sujeitos foi secreta | SIM | SIM | SIM |
4. Inicialmente, os grupos eram semelhantes no que diz respeito aos indicadores de prognóstico mais importantes | SIM | NÃO | NÃO |
5. Todos os sujeitos participaram de forma cega no estudo | NÃO | SIM | SIM |
6. Todos os terapeutas que administraram a terapia fizeram-no de forma cega | SIM | NÃO | SIM |
7. Todos os avaliadores que mediram pelo menos um resultado-chave, fizeram-no de forma cega | SIM | SIM | SIM |
8. Mensurações de pelo menos um resultado-chave foram obtidas em mais de 85% dos sujeitos inicialmente distribuídos pelos grupos | SIM | SIM | SIM |
9. Todos os sujeitos a partir dos quais se apresentaram mensurações de resultados receberam o tratamento ou a condição de controle conforme a alocação ou, quando não foi esse o caso, fez-se a análise dos dados para pelo menos um dos resultados chave por “intenção de tratamento” | SIM | NÃO | NÃO |
10. Os resultados das comparações estatísticas inter-grupos foram descritos para pelo menos um resultado-chave | SIM | SIM | SIM |
11. O estudo apresenta tanto medidas de precisão como medidas de variabilidade para pelo menos um resultado-chave | SIM | SIM | SIM |
TOTAL | 9 | 7 | 8 |
Fonte: Autores
O quadro 2 corresponde às principais características referentes aos estudos, a fim de facilitar a organização e comparação das informações, separadas por autor, amostra, objetivos, intervenção e resultados.
Quadro 2. Dados gerais sobre os artigos selecionados para obtenção dos resultados. Teresina-PI, 2024
Autor | Amostra | Objetivos | Intervenção | Resultados |
Avendaño-Coy, J. et al. 2022 | 30 | Avaliar a eficácia da terapia por microcorrentes na cicatrização de úlcera por pressão em idosos. | No grupo experimental, que recebeu um protocolo padronizado de cuidados de enfermagem combinado com adesivos de microcorrentes ativas, houve uma aplicação diária de dois eletrodos de 10 cm² ao redor da úlcera, durante 10 horas por dia, por 25 dias consecutivos ou até a cicatrização completa da ferida. As características das microcorrentes incluíram um pulso monofásico, pulsado e de forma quadrada de 1,5 segundos, com uma pausa de 300 milissegundos, uma voltagem de 21 mV, uma intensidade de 42 µA e uma densidade de corrente de 4,2 µA/cm². Por outro lado, o grupo placebo recebeu o mesmo protocolo de cuidados de enfermagem, mas sem a emissão de corrente elétrica. | Mudanças estatisticamente significativas nas áreas das úlceras também foram observadas no fator tempo (ANOVA F = 9,2, p < 0,001) e no grupo intersecção tempo-intervenção (ANOVA F = 7,3, p = 0,002). A redução da área da ferida em T2 e T3 foi 20,1% (IC95% 5,2–35,0) e 28,6% (IC95% 11,9–45,3) maior no grupo experimental versus placebo. O grau das úlceras por pressão melhorou com o tempo (teste de Friedman p < 0,001). Uma melhora significativamente maior no grau da úlcera foi observada no grupo experimental em T2 (classificações médias: experimental = 12,5 vs. sham = 18,5; p = 0,045) e T3 (classificações médias: ativo = 12,2 vs. sham = 18,8; p = 0,027). |
Yoshikawa, Y. et al. 2022 | 13 | Verificar o efeito da terapia de estimulação monofásica por microcorrente pulsada (MPMC)nas lesões por pressão com deslocamento. | Os participantes foram designados aleatoriamente para um grupo de período simulado ou MPMC usando um método cego de envelope de terceiros. Dado que a terapia com MPMC promove a cura alguns dias após o início da terapia, projetamos este estudo de forma que cada intervenção ocorresse após 2 semanas. O período de washout foi definido para 1 semana porque o efeito de contração da ferida desapareceu alguns dias após o término da terapia com MPMC com base nos achados de Honda et al. | A redução de toda a área da ferida, incluindo a área de descolamento, resultou em taxas de cicatrização e contração significativamente maiores no grupo de tratamento (taxa geral de redução da área da ferida: taxa de contração, P = 0,008; taxa de cicatrização do período, P = 0,002) |
Yoshikawa, Y. et al. 2023 | 11 | Encontrar a relação entre os fatores individuais e a eficácia da terapia MPMC em lesões por pressão com descolamento. | A estimulação MPMC foi realizada utilizando um estimulador elétrico (Ito iPES) da Ito Co., Ltd., Kawaguchi, Japão, com eletrodos de baixa tendência de ionização e em forma de bastão, folheados a ouro, medindo 20 mm de comprimento e 1 mm de diâmetro. Eletrodos acopláveis de cinco cm x cinco cm foram usados para os eletrodos indiferentes. Durante a aplicação, os eletrodos foram cobertos com gaze esterilizada saturada com solução salina fisiológica. Quando necessário, os eletrodos foram inseridos diretamente no descolamento da ferida após a resolução do enfraquecimento. A estimulação MPMC foi administrada uma vez ao dia durante 60 minutos, seis vezes por semana, com uma frequência de 2 Hz, largura de pulso de 250 ms, intensidade de estimulação de 170 µA e fator de serviço de 50%. A estimulação placebo foi realizada de forma idêntica, mas com uma intensidade de 0 µA. | Foram observadas taxas de redução de P e E, sendo 8,2 ± 11,4% e 26,0 ± 19,0%, respectivamente. A taxa de redução de E mostrou superioridade significativa (p < 0,01). Não houve correlação significativa entre a taxa de redução de P e os fatores de base, enquanto a taxa de redução de E correlacionou-se positivamente com o IMC (r = 0,74, p < 0,01). A taxa de redução da PE também se correlacionou positivamente com o IMC (r = 0,76, p < 0,01). A comparação entre indivíduos com taxas de redução de PE > 10% e ≤ 10% mostrando diferenças significativas no IMC (p < 0,01). |
Fonte: Autores
4.DISCUSSÃO
Para esta revisão sistemática, foram identificados três artigos nas bases de dados (PEDro, PubMed e CENTRAL) que investigaram o uso da estimulação elétrica por microcorrente na cicatrização de LPP. Todos os estudos utilizaram a MENS como intervenção, incluíram tanto grupos experimentais quanto de controle para avaliar a eficácia das microcorrentes e mantiveram protocolos de cuidados de enfermagem padronizados entre os grupos. Os três estudos analisaram os efeitos da MENS na cicatrização de LPP, oferecendo perspectivas complementares sobre sua efetividade.
Os resultados das pesquisas de Avendaño-Coy et al. (2022) e de Yoshikawa et al. (2022) demonstraram melhorias significativas na cicatrização das LPP quando comparadas aos grupos de controle. Isso indica que a estimulação elétrica por microcorrente pode ser uma abordagem eficaz no tratamento de LLP promovendo a cicatrização e reduzindo a área afetada. Esses achados fornecem suporte para a continuação e o aprofundamento da pesquisa sobre o uso das microcorrentes como uma modalidade terapêutica na cicatrização de feridas.
Avendaño-Coy et al. (2022) evidenciaram uma melhoria significativa nos graus da lesão e uma taxa de cicatrização completa de 20% no grupo experimental em comparação com o grupo de controle simulado. Por outro lado, Yoshikawa et al. (2022) destacaram uma significativa melhoria nas taxas de cicatrização e contração da área da lesão após 2 semanas de estimulação, com tamanhos de efeito variando de 0,40 a 0,77.
O estudo realizado por Yoshikawa et al. (2023) mostrou que o uso de MENS foi eficaz na cicatrização das LPP prolongadas. No entanto, observou-se uma relação positiva entre o índice de massa corporal (IMC) e a taxa de redução da área da ferida no período de estimulação elétrica, enquanto não encontraram uma correlação significativa entre outra medida e quaisquer fatores de base. Além disso, comparações separando indivíduos com uma taxa de redução de PE> 10% e aqueles com apenas 10% mostraram diferenças significativas com o IMC (<10% vs. 10% 18.9 0.4 vs. 16.8 ± 1.0 respectivamente, p < 0,01). Esses resultados destacam a complexidade das respostas individuais à estimulação elétrica por microcorrente e a importância de considerar fatores como o IMC na eficácia do tratamento.
Os protocolos desenvolvidos por Avendaño et al. (2022) e Yoshikawa et al. (2023) para a cicatrização de lesões por pressão diferem em suas abordagens de estimulação por microcorrentes. Enquanto Avendaño et al. aplicaram adesivos de microcorrentes durante 10 horas diárias por até 25 dias ou até a cicatrização completa, com inte 42 µA, o protocolo de Yoshikawa et al. foi realizado por 2 semanas, seguidas de mais 2 semanas para os pacientes elegíveis, com intensidade de 170 µA, frequência de 2 Hz e administração diária por 60 minutos, seis vezes por semana. Ambos os métodos foram eficazes na cicatrização das lesões, destacando a utilidade da estimulação por microcorrentes como uma opção terapêutica para a condição.
Entretanto, é importante contextualizar que os estudos em questão tinham amostras pequenas e apresentaram um potencial viés de publicação. Isso é evidente na relação entre os estudos de Yoshikawa et al. (2022, 2023), onde o Yoshikawa et al. (2023) é um estudo secundário de Yoshikawa et al. (2022), compartilhando parâmetros e escores de avaliação semelhantes, como o DESIGN-R.
Segundo as pesquisas de Uemura M et al. e Yoshikawa Y. et al., foram identificadas intensidades e frequências específicas que afetam a migração e proliferação de fibroblastos em testes realizados em laboratório. Esses estudos destacaram que a migração dos fibroblastos é estimulada com uma intensidade de 200 µA e uma frequência de 2 Hz, enquanto a proliferação celular ocorre em frequências entre 1 e 8 Hz.
Os resultados deste estudo fornecem informações importantes para a prática clínica e para futuras investigações sobre a efetividade da MENS na cicatrização de LPP. A identificação de um tempo de aplicação mais prolongado, com uma média de 8 a 10 horas por dia, em conjunto com uma intensidade mais baixa, aproximadamente 42 µA, e a consideração do IMC, destacam variáveis importantes a serem consideradas na implementação de intervenções mais eficazes ou estratégias de manejo para LPP.
Vale ressaltar a necessidade de considerar as limitações dos estudos, com amostras pequenas e potencial viés de publicação, ao interpretar os achados. No entanto, os resultados deste estudo oferecem informações importantes para a prática clínica e sugerem que a MENS pode ser uma opção terapêutica eficaz para a cicatrização de LPP, especialmente quando combinada com protocolos de tratamento individualizados e consideração de fatores específicos do paciente.
Com base em uma pesquisa realizada no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC), não foram identificados ensaios clínicos randomizados (ECRs) em andamento ou concluídos que abordem o tema da revisão sistemática em questão. A ReBEC é uma plataforma de acesso livre que tem como objetivo registrar os ensaios clínicos conduzidos em seres humanos, realizados por pesquisadores brasileiros e estrangeiros. No entanto, há 2 estudos registrados e que estão em andamento sob o título “High frequency and microcurrent efficacy in the healing process of skin lesions” (Efetividade da alta frequência e microcorrente no processo de cicatrização de lesões cutâneas) e “Laser and Microcurrent in Pressure Ulcers” (Laser e Microcorrente em úlcera de pressão) apresentam relevância para a pesquisa em questão. Ambos podem fornecer contribuições sobre o uso da microcorrente em diferentes contextos de cicatrização de lesões cutâneas, incluindo o processo de cicatrização de feridas e de LPP.
5.CONCLUSÃO
Os estudos avaliados revelaram que a terapia de estimulação elétrica por microcorrente pode ser eficaz no tratamento de lesões por pressão, especialmente em casos em que a cicatrização está estagnada ou ausente após tratamentos convencionais. No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar essas descobertas e compreender melhor os mecanismos subjacentes à eficácia da microcorrente. Recomenda-se a padronização dos protocolos terapêuticos e a condução de ensaios clínicos com amostragens mais amplas e acompanhamento prolongado para validar esses resultados e permitir uma aplicação clínica mais sólida da terapia de microcorrentes no tratamento de lesão por pressão.
REFERÊNCIAS
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1Graduanda em Fisioterapia
Instituição: Centro Universitário Santo Agostinho (UNIFSA)
Endereço: Teresina, Piauí, Brasil
E-mail: annecarolinysa2017@gmail.com
2Graduanda em Fisioterapia
Instituição: Centro Universitário Santo Agostinho (UNIFSA)
Endereço: Teresina, Piauí, Brasil
E-mail: juliamoraesfialho@outlook.com
3Mestre em Saúde Pública
Instituição: Centro Universitário Santo Agostinho (UNIFSA)
Endereço: Teresina, Piauí, Brasil
E-mail: lucianemarta@hotmail.com