EFEITOS DO TREINO MULTICOMPONENTE EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: REVISÃO DE LITERATURA

EFFECTS OF MULTICOMPONENT TRAINING IN INSTITUTIONALIZED ELDERLY PEOPLE: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11179835


Divaneide da Silva Pinto1; Maria Francisca Lima de Souza1; Salimara dos Santos Vieira1; Thaiana Bezerra Duarte2


Resumo

Introdução: A ligação entre saúde, exercício físico, qualidade de envelhecimento tem sido ponto principal de muitos estudos, visto que a população está cada vez mais envelhecida. A institucionalização é na maior parte dos casos, a solução social nestas situações. Ao longo dos últimos anos têm sido desenvolvidos e implementados, nesta população, programas de maximização da funcionalidade com efeitos benéficos comprovados. Objetivo: Evidenciar os efeitos de um treino multicomponente, na saúde de idosos institucionalizados. Materiais e método: Trata-se de pesquisa exploratória, com base em uma revisão bibliográfica, cuja revisão de literatura adotou 6 etapas: (1) identificação do tema, (2) critérios para inclusão e exclusão de estudos, (3) coleta em plataforma de dados, (4) avaliação e triagem dos estudos, (5) interpretação dos resultados e (6) apresentação dos dados. Resultados: Esta revisão incluiu 9 estudos, com dados de 327 pessoas com média de idade de 79,66 anos, de ambos os sexos, porém com predominância do sexo feminino. Foram realizadas em média 2 a 5 sessões de treino multicomponente por semana, por aproximadamente 4 a 35 semanas por estudo. Dentre os 9 estudos selecionados, a intervenção fisioterapêutica utilizada incluiu exercícios aeróbios, resistidos, de flexibilidade, de coordenação motora, de equilíbrio e de agilidade. Conclusão: Concluiu-se, neste estudo, que a fisioterapia em idosos institucionalizados, de maneira geral, se mostrou imprescindível, para manutenção da qualidade de vida e aspectos psicossociais e emocionais, com desfechos significativos na autonomia, capacidade funcional, melhoras cardiorrespiratórias, prevenção de quedas, aquisição de força e desempenho motor, funções cognitivas, além de reversão da fragilidade. Desse modo, há relevância da inserção de um programa fisioterapêutico baseado no treino multicomponente nas variadas atividades voltadas ao bem-estar de idosos em Instituições de Longa Permanência.

Palavras-chave: Institucionalização. Qualidade de vida. Treino multicomponente.

Abstract

Background: The link between health, physical exercise and quality of ageing has been the focus of many studies, given that the population is getting older and older. In most cases, institutionalization is the social solution in these situations. Over the last few years, programs to maximize functionality have been developed and implemented for this population, with proven beneficial effects. Pourpose: To show the effects of multicomponent training on the health of institutionalized elderly people. Methods: This is an exploratory study, based on a bibliographic review, whose literature review adopted 6 stages: (1) identification of the topic, (2) criteria for inclusion and exclusion of studies, (3) collection on a data platform, (4) evaluation and screening of studies, (5) interpretation of results and (6) presentation of data. Results: This review included 9 studies, with data from 327 people with an average age of 79.66 years, of both sexes, but with a predominance of females. An average of 2 to 5 multicomponent training sessions per week were carried out, for approximately 4 to 35 weeks per study. Among the 9 studies selected, the physiotherapy intervention used included aerobic, resistance, flexibility, motor coordination, balance and agility exercises. Conclusion: In this study, it was concluded that physiotherapy in institutionalized elderly people, in general, proved to be essential for maintaining quality of life and psychosocial and emotional aspects, with significant outcomes in autonomy, functional capacity, cardiorespiratory improvements, fall prevention, acquisition of strength and motor performance, cognitive functions, as well as reversal of frailty. Thus, it is important to include a physiotherapy program based on multicomponent training in the various activities aimed at the well-being of the elderly in longterm care institutions.

Keywords: Institutionalization. Quality of life. Multicomponent training.

1  INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional está acontecendo em um nível crescente nacional e mundial. Supõe-se que em 2050 haverá um aumento de 30% na população adulta acima dos 60 anos no Brasil. Conforme o IBGE, a expectativa é que a população idosa amplie mais que o dobro, em 2060, um quarto da população (25,5%) deverá ter mais de 65 anos (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2018).

O envelhecimento pode coabitar com um declínio da força e da massa muscular, e por conseguinte, fragilidade física e declínio funcional. Entretanto, a incapacidade e a dependência não necessitam ser consequências inevitáveis do envelhecimento (Bardstu et al., 2020).

Atrelado a estes fatos pode-se destacar o idoso institucionalizado, um ser humano frágil, com carências especiais, que se apresenta em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), cuja prática do exercício é proposta como uma importante estratégia para reduzir as perdas consequentes do processo de envelhecimento (Caldas et al.,2019). 

Programas de treinamento multicomponente (TM) compreendendo marcha, equilíbrio, treino resistido, aeróbio e alongamento, podem diminuir tais perdas prevenindo o risco de queda e auxiliando para maior independência funcional, autonomia e melhor qualidade de vida (QV). Além disso, as 51 características do treinamento multicomponente podem ser uma possibilidade eficaz mais econômica paras as instituições (Sousa; Mendes, 2015), com aplicabilidade prática, sem a utilização de máquinas, com equipamentos simples ou que utilizem o peso corporal, e que atendam às recomendações globais quanto à prática de atividade física voltada para a saúde de idosos (Caldas et al.,2019). 

Pesquisas atuais mostram que programas de TM para idosos hipertensos, supervisionados ou não, resultam em melhorias globais em diversos componentes da aptidão física, tais como a força, o condicionamento cardiorrespiratório e o equilíbrio (Bardstu et al., 2020). 

Segundo Claudino et al. (2021), intervenções de exercícios executados por mais de um ano apresentaram diminuições significativas em quedas, fraturas, hospitalização e mortalidade em idosos. Os programas de exercícios físicos multicomponentes, que normalmente abrangem treinamento de força, resistência e equilíbrio, são eficientes na diminuição dos efeitos adversos relacionados ao envelhecimento (Echeverria et al., 2020). Há evidências de que o treinamento multicomponente previne riscos de quedas, através de atividades físicas regulares (Physical Activity Guidelines Advisory Committee, 2018).

Apesar disso, poucos trabalhos destacam o programa de treino multicomponente voltado para idosos institucionalizados, reforçando as necessidades específicas muitas vezes ignoradas nesta população, ainda que com a crescente preocupação quanto aos indicadores relacionados à percentagem da população com 65 anos ou mais, assistida pelos cuidados prestados em ILPIS. Estima-se, que só no Brasil há um total 1451 ILPIS cadastradas, sendo a maior concentração no sul e sudeste, com 836 e 242 instituições respectivamente, e com menor assistência de cobertura desse cuidado na região norte do país, com somente 35 instituições (Duarte et al., 2018; Giacomin, 2022). 

Logo, este estudo é de suma importância, uma vez que destaca as principais abordagens de modalidades terapêuticas, dentro de um programa de treino multicomponente, que podem beneficiar e contribuir para os cuidados prestados e ações interdisciplinares promotoras de saúde em ILPIS, assim como auxiliar em propostas futuras de protocolos fisioterapêuticos mais eficientes, visando diminuir riscos de quedas, fraturas, consequente declínio funcional e mortalidade para esses residentes.

Desta forma, o presente estudo tem por objetivo evidenciar os efeitos e/ou benefícios de um programa fisioterapêutico baseado no treino multicomponente, na saúde de idosos institucionalizados, tendo nesse recurso uma estratégia para minimizar os efeitos deletérios decorrentes do envelhecimento, favorecendo a independência funcional, autonomia e QV dessa população.

2  MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de pesquisa exploratória, com base em uma revisão bibliográfica, cuja revisão de literatura adotou 6 etapas, conforme Fontenele et al. (2023): (1) identificação do tema, (2) critérios para inclusão e exclusão de estudos, (3) coleta em plataforma de dados, (4) avaliação e triagem dos estudos, (5) interpretação dos resultados e (6) apresentação dos dados.

A temática desta pesquisa, foi formulada com base em questão norteadora: “Quais os efeitos do treino multicomponente em idosos institucionalizados”? 

Como descritores da pesquisa foram utilizados os termos: “effects AND multicomponent training AND institutionalized elderly”. Para tal, foram utilizadas as seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of Medicine (PUBMED), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Phiysiotherapy Evidence Database (PEDRO) e ScienceDirect. A busca nas bases de dados foi realizada em fevereiro e março de 2024.

 Os critérios de inclusão foram artigos publicados nos últimos 5 anos nas bases de dados selecionadas, em português, espanhol e/ou inglês e que responderam à pergunta norteadora ou tendo como foco de interesse do estudo o treino multicomponente em idosos institucionalizados. Para os critérios de exclusão, estudos duplicados, resumos e notas, ou literaturas não disponíveis na íntegra. 

Os resultados foram expressos por meio de tabelas.

3  RESULTADOS 

Neste estudo, foram identificados 345 registros, sendo 6 duplicatas e 198 artigos excedente a 5 anos. Destes, conforme triagem inicial, 141 artigos foram considerados elegíveis para avaliação dos critérios de inclusão e exclusão, assim, 129 artigos foram excluídos (88 artigos não atenderem/considerarem o idoso institucional como população principal e não tinham como foco de estudo o treino multicomponente; 22 artigos de Revisão sistemática; e 19 artigos em outros idiomas).  Para leitura na integra ficaram somente 12 artigos, desses foram excluídos 3 artigos por não estarem disponível na integra. Após nova análise de conteúdo, 9 artigos foram incluídos nesta pesquisa, conforme fluxograma de estratégia de pesquisa na figura 1.

Figura 1: Fluxograma do processo de seleção de artigos.

Na tabela 1, é possível observar as características gerais dos estudos e seus achados. 

Destes, verificou-se: (1) estudo de coorte, (5) estudos experimentais randomizados controlados (sendo dois estudos multicêntricos), (1) estudo experimental randomizado não-controlado, (1) estudo experimental longitudinal e (1) estudo transversal não intervencionista.

Tabela 1: Estudos aceitos e analisados na pesquisa.

AUTOR/A
 
TIPO DE ESTUDOOBJETIVOMETODOLOGIAINTERVENÇÃORESULTADOS
Cancela et al. (2020)Estudo de coorte.Examinar os efeitos de uma
intervenção multicompone nte de 8 meses na capacidade cardiorrespirat ória (teste de caminhada de 6 minutos), composição
corporal
(índice de massa corporal), força muscular (preensão
manual e extensão do joelho) e
densidade mineral óssea (colo femoral) em um grupo
de nonagenários
da região
Minho-Lima (Portugal), da região MinhoLima
Portugal).
Coorte ao longo de 3 anos de
idosos nonagenários em dois grupos: institucionaliza
dos e da comunidade.
Critérios de inclusão:  90 anos ou mais de idade; possuir atestado médico de reabilitação confirmando sua aptidão para
prática esportiva.
Critérios de exclusão:
incapacidade de andar com segurança ou independência;
lesões recentes de membro superior ou
inferior; diagnóstico neurológico ou ortopédico           de membros inferiores e superiores. Avaliações foram realizadas duas semanas antes, e após o término do programa de exercícios:
antropometria, densitometria, força muscular pelo teste de preensão manual e teste isométrico de extensão de joelho, e aptidão cardiorrespirató
ria pelo teste de caminhada de 6 minutos.
Programa de
intervenção multicomponen
te composto por duas sessões semanais de 60 minutos, realizadas em dia não
consecutivos, por um período de 8 meses. As sessões consistiram em uma fase de aquecimento
(10’) com exercícios de mobilidade
articular e caminhada a uma velocidade de 3 km/h.; força muscular de membros superiores e
inferiores (incluindo exercícios calistênicos e utilização de halteres ou medicine balls de 1-2kg), duas séries de 10 a 15 repetições, com descanso de dois minutos entre as séries; jogos comunitários de bola e jogos de revezamento (na distância de 30 metros); 10 minutos aos exercícios de relaxamento e alongamento.
O programa
multicomponente melhorou significativamente
os níveis de força de preensão manual e extensão de pernas em todos os participantes, além de melhorias na capacidade
cardiorrespiratória de idosos – maior
distância
percorrida em 6 minutos – que moravam em casa de repouso
(distância média percorrida: 238,5 ± 96,0 vs. 250,7 ± 99,0 m).
Rezola-
Pardo et al.
(2019)
Ensaio clínico experimental
randomizado,
cego e controlado.
Determinar se a adição de treinamento cognitivo simultâneo a um programa de exercícios multicompone ntes oferece benefícios
adicionais
para a dupla
tarefa,
desempenho
físico e
cognitivo, estado psicoafetivo,
qualidade de vida e fragilidade em idosos institucionaliz ados.
Participantes designados aleatoriamente
sendo dois grupos de desfecho: grupo de treinamento multicomponent
e e grupo de
treino
multicomponent e associado a dupla tarefa. A velocidade da marcha em condições de tarefa única e dupla,
desempenho
físico e
cognitivo, estado psicoafetivo,
qualidade de vida e
fragilidade
foram medidos no início do estudo e após 3 meses de intervenção.
Treino de dupla
tarefa (treinamento cognitivo progressivo simultâneo
adicional além dos mesmos
exercícios realizados pelo grupo
multicomponen
te);
Treino multicomponen
te (duas sessões por semana com duração aproximada de uma hora cada.
O programa consistiu em exercícios de força e
equilíbrio adaptados individualmente , realizados em intensidade moderada).
Após 3 meses de intervenção,   o desempenho   da marcha em dupla tarefa        melhorou significativamente em relação ao valor basal em ambos os grupos;
Ambos os grupos melhoraram significativamente
parâmetros de desempenho físico, com melhora de
1,6 pontos no Teste
Short    Physical Performance
Battery (SPPB) (P
<0,001; d= 
grande);
Da mesma forma, os testes de cadeira e flexão de braço
também melhoraram significativamente em relação ao valor basal em ambos os grupos (P  < 0,05).
Apenas o grupo multicomponente apresentou desempenho significativamente melhorado no teste de caminhada de 6 minutos e nos testes Timed Up and Go (TUG) após a intervenção
( P  < 0,05); Ambas as
intervenções
mantiveram ou até melhoraram o
desempenho cognitivo, embora não tenham sido observados efeitos estatisticamente
significa;
Apenas o grupo de intervenção multicomponente apresentou ansiedade significativamente reduzida (P  < 0,05; d = pequeno) e uma tendência         de diminuição   do risco de depressão
(P  > 0,05);
A qualidade de vida aumentou em ambos os grupos de intervenção, mas apenas o
grupo multicomponente registou melhorias estatisticamente
significativas (P < 0,05; d  = pequeno).
BuendíaRomero et
al. (2020)
Ensaio multicêntrico, randomizado e controlado. Determinar os efeitos de um programa de
exercícios multicompone
ntes individualizad
o de 4
semanas
(Vivifrail) na fragilidade
física e
incapacidade
funcional em idosos que vivem em lares de idosos.
Quatorze idosos (81,7 ± 9,7 anos; altura 155,7 ± 11,5 cm; peso 71,4 ± 23,0 kg; 57% mulheres e 43% homens)
foram recrutados em uma casa de
repouso
voluntária a pesquisa, sendo a capacidade funcional e a incapacidade
avaliadas no início (linha de base) e após a intervenção de exercício de 4 semanas. A matrícula de idosos com comprometimen to cognitivo
exigia autorização de procurador
(familiar ou cuidador).
Todos os
potenciais
participantes
forneceram um
histórico médico e foram submetidos a um exame médico para
identificar condições cardiovasculares ou metabólicas que excluiriam a participação.
4 semanas do programa Vivifrail de
Exercícios multicomponen tes de acordo com o nível inicial: A, deficiência; B, fragilidade; C, pré-fragilidade e D, robusto. As pessoas
alocadas no programa A e aquelas com risco de queda completaram
uma rotina de exercícios multicomponentes 5 dias por semana,
enquanto o
restante combinou
exercícios de força, equilíbrio e alongamento (3 dias por semana) com caminhada (2 dias por semana).
Houve incrementos significativos nos escores do Teste (SPPB) (+48,2%, p < 0,001), SentarLevantar (24,1% mais rápido, p = 0,003), velocidade de marcha 4 m
(9,8% mais rápido, p = 0,033) e 6 m (7,2% mais rápido, p = 0,017) e Upand-Go (11,2% mais rápido, p = 0,004), e reduções em SARC-F
(Simple
Questionnaire to Rapidly Diagnose Sarcopenia) (p = 0,026) e Lawton
índice (p = 0,013); O índice de Barthel e a força de preensão manual melhoraram, mas não atingiram
significância estatística;
As        comparações entre os diferentes programas revelaram que as maiores melhorias foram evidenciadas na população    com níveis mais elevados de incapacidade (A), fragilidade (B) e pré-fragilidade (C).
Seis dos nove participantes que iniciaram com estado de fragilidade física ou pré-fragilidade
(66,7%) reverteram esse quadro após a intervenção.
Cordes et
al. (2021)
Ensaio clínico randomizado, multicêntrico, cego.Determinar os efeitos de uma intervenção de
exercício multicompone nte baseada em cadeira de 16 semanas nas funções motoras,
cognição e
bem-estar para residentes de lares de idosos que não
conseguem andar.
Integrou N = 52 residentes de lares de idosos com idade média de 81 ± 11 anos (63%
mulheres), designados aleatoriamente
para um treinamento (n = 26, 16 semanas; duas vezes por semana; 60 min) ou um grupo de controle em lista de espera (n =
26). A
intervenção
seguiu os princípios do
FITT (frequência, intensidade,
tempo e tipo) e foi
continuamente
adaptada ao nível de
desempenho dos residentes. Os resultados função motora
(força de
preensão manual, equilíbrio sentado, destreza manual), desempenho cognitivo (estado cognitivo,
memória de trabalho) e
recursos psicossociais (bem-estar físico e mental
(SF12), satisfação com a vida (SWLS), sintomas
depressivos
(CES -D)) foram avaliados no início do estudo (pré-
teste) e após 16 semanas (póstratamento). As
estatísticas foram realizadas utilizando
ANOVA para
medidas repetidas. 
Intervenção de exercício multicomponen te baseada em cadeira de 16 semanas,
seguindo os princípios do FITT e foi
continuamente
adaptada ao nível de
desempenho dos residentes. 
A intervenção multicomponente
baseada na cadeira durante 16 semanas foi capaz de melhorar as funções motoras e a cognição em residentes de lares de idosos que não conseguem andar;
Todos os
parâmetros investigados apresentaram diminuição significativa no grupo controle. A intervenção
pareceu causar adaptações fisiológicas mesmo em idades muito avançadas.
López- López et al. (2023)Ensaio clínico randomizado.Esclarecer os benefícios de um programa de formação multicompone nte em idosos institucionaliz ados.Ensaio clínico prospectivo, longitudinal e randomizado foi conduzido seguindo as recomendações e critérios do Consolidated Standards of Reporting Trials (CONSORT). A intervenção foi realizada no Albertia Elderly Care Center (Madrid, Espanha). Trinta e quatro participantes foram matriculados na casa de repouso e alocados aleatoriamente por meio do software Microsoft Excel® para o grupo intervenção (GI; N = 18) ou grupo controle (GC; N = 16). Os critérios de inclusão dos participantes incluíram: sujeitos (homens ou mulheres) com idade ≥ 70 anos; fragilidade segundo critérios SPRINTT (SPPB ≥ 3 e ≤ 9); capacidade de deambular com ou sem auxílios técnicos; índice de Barthel ≥ 50; Capacidade de comunicar. Os critérios de exclusão incluíram: doença terminal; infarto do miocárdio nos últimos 3 meses; doença cardiovascular instável; fratura de extremidades nos últimos 3 meses; e demência grave (GDS 7, escala de deterioração global de
Reisberg). 
As intervenções para o GI e GC foram aplicadas durante 12 semanas, totalizando 32 sessões a uma taxa de 2 sessões por semana. Cada sessão durou aproximadamen te 45 minutos e houve pelo menos 48 horas entre as sessões. Os participantes do GI foram submetidos a um programa de treinamento multicomponen te em que cada sessão de treinamento iniciava com um período de ativação de 5 minutos, consistindo em caminhada na velocidade habitual, seguido por dois exercícios resistidos com ênfase em potência muscular dos membros inferiores e realizaram um protocolo de exercícios aeróbicos e intervalados em esteira, consistindo em um programa de 8 a 10 minutos com 6 a 10 intervalos, atingindo proporções de 1:3 (30 segundos na velocidade máxima de caminhada e 90 segundos a 50% da velocidade normal). O GC realizou o programa de exercícios assistenciais habituais do lar de idosos baseado na mobilidade ativa da maioria dos grupos articulares das extremidades.O programa de treinamento multicomponente baseado em exercícios de potência muscular e resistência intervalada mostrou-se seguro, bem tolerado e eficaz para a melhoria da mobilidade funcional e da aptidão física, mas não para a independência em idosos institucionalizados ; O grupo de intervenção melhorou, em comparação com ao grupo controle, nos escores do teste (TUG) em 7,43 s (IC 95%: 3,28; 11,59; p < 0,001); nas pontuações do  Teste de caminhada com medidor  (TC10M) em -5,19 s (IC 95%: 1,41, 8,97; p  = 0,004) e -4,43 s (IC 95%: 1,14, 7,73; p  = 0,002), pontuações no teste de caminhada de 6 minutos (TC6′) em + 54,54 m (IC 95% : 30,24, 78,84; p  < 0,001); e SPPB em + 2,74 pontos (IC 95%: 2,10; 3,37; p  < 0,001). A potência muscular máxima e a força máxima não apresentaram diferenças estatisticamente significativas.
Carvalho et al. (2024)Ensaio clínico randomizado controlado.Verificar os efeitos da adição de treinamento multicompone nte baseado na percepção subjetiva de esforço (PSE) sobre a capacidade funcional física e a composição corporal de idosos institucionaliz ados em tratamento fisioterapêutico.Vinte e três idosos (12♀) de uma casa de repouso municipal             na cidade de Manaus,             AM, Brasil durante o primeiro surto de COVID-19 (JUN-DEZ), alocados aleatoriamente em blocos, de acordo com seu nível de classificação na (SPPB), em grupo controle (GC, n = 11) e grupo de treinamento multicomponent e (MT, n = 12). Os desfechos primários foram avaliados pelo SPPB. Os desfechos secundários foram desempenho no teste TUG e teste de velocidade de caminhada de 6 metros e análise da composição corporal. A amostra incluiu idosos ≥ 60 e ≤ 95 anos, com classificação funcional segundo a SPPB. Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: idade mínima de 60 anos e menor de 95 anos; ter capacidade de deambular sem utilizar dispositivos de assistência (bengala ou andador); ter disponibilidade para participar dos testes físicos funcionais e do programa de intervenção, com frequência de três vezes por semana durante 12 semanas; ter a capacidade de compreender e executar instruções simples; participar da rotina de acompanhamento da clínica fisioterapêutica, não apresentar distúrbios osteomusculare s e doenças que os impedissem de participar dos exames e             do programa de intervenção.Treinamento multicomponen te baseado na PSE na capacidade funcional, incluindo sessões de 30 a 45 minutos, e compreendendo exercícios de resistência, marcha, equilíbrio             e treinamento de alongamento além do protocolo fisioterapêutico institucional. No treinamento resistido foram realizadas duas a três séries de seis a quinze repetições com intervalo de 90 segundos entre as séries, sendo carga inicial o próprio peso corporal, e a progressão individualizada com aumento na carga de treinamento a cada seis sessões. Este estudo mostrou que o programa de treinamento multicomponente associado ao programa de fisioterapia produz efeitos que podem aumentar os escores do SPPB. Além disso, a realização da fisioterapia como única intervenção também contribuiu para a melhora e/ou manutenção dos níveis de capacidade de desempenho físico funcional (equilíbrio e velocidade de caminhada de 4 m) e para reduções de medidas relacionadas ao risco de quedas (caminhada de 6 m velocidade com e sem dupla tarefa e TUG com e sem dupla tarefa) de idosos institucionalizados , mostrando a importância de manter essa população ativa, independente da atividade ou estímulo oferecido.
 Sampaio et al. (2019)Estudo experimental não randomizado.Examinar o efeito de uma intervenção de TM na função cognitiva, aptidão funcional e variáveis antropométric as em pacientes institucionaliz ados com doença de Alzheimer (DA).Participaram desse estudo idosos entre 69 e 94 anos, voluntários de nove lares de idosos da zona suburbana de Viseu, Portugal; O grupo elegível foi restrito as seguintes características: idade ≥65 anos, não praticantes de nenhum treinamento físico regular no último ano, institucionaliza dos há mais de seis meses, diagnóstico de DA em estágio leve ou moderado de acordo com Demência Clínica Classificação (CDR), e ausência de quaisquer distúrbios musculoesquelé ticos ou cardiovasculares.
TM de seis meses seguindo as recomendações do American College of Sports Medicine (ACSM), incluindo             os seguintes exercícios: aeróbicos, resistidos, alongamentos, equilíbrio             e posturais; com duas sessões por semana em regime não – dias consecutivos, de 45 a 55 minutos. A função cognitiva (MEEM), a aptidão física (Senior Fitness Test) e as variáveis antropométricas (Índice de Massa Corporal e Circunferência da Cintura) foram avaliadas antes    (M1), após três meses (M2) e após seis meses (M3) do protocolo experimental. Uma ANOVA two-way, com medidas repetidas, revelou interações significativas de grupo e tempo nos testes de função cognitiva, levantar a cadeira, rosca direta de bíceps, passo de 2 min, levantar e ir de 8 pés (UG), sentar e alcançar (CSR) e coçar as costas, bem como
circunferência da cintura.
A intervenção contou com 37 participantes, divididos em dois grupos: grupo experimental (GE) (n = 19; média de idade = 84,8 ± 5,9anos) e grupo controle (GC) (n = 18; média de idade = 83,3 ± 5,3 anos); Melhor desempenho do GE nos testes de levantar da cadeira, rosca direta, passo de 2 minutos, UG, CSR e testes de coçar as costas de M1 a M3, e um aumento significativo do MEEM de M1 para M2. O desempenho do GC diminuiu ao longo do tempo (M1 a M3) em cadeira em pé, rosca direta, passo de 2 minutos, UG, CSR, back scratch e MEEM; Os resultados sugerem que os programas de MT podem ser uma importante estratégia não farmacológica para melhorar as funções físicas e cognitivas em pacientes com DA institucionalizados
Concha- Cisternas et al. (2020)Estudo experimental, longitudinal.Determinar os efeitos de um programa de treinamento físico multicompone nte       na fragilidade e qualidade de vida em idosos institucionaliz ados.Foram selecionados 28 idosos institucionaliza dos       (17 mulheres e 11 homens) entre 65 e 80 anos, pertencentes a três instituições de longa permanência (ELEAMs) da cidade de Talca, selecionados sob critério não probabilístico intencional, e instituído um programa de treinamento multicomponent e durante 6 semanas. Antes e depois, a fragilidade foi avaliada com base na escala de fenótipo proposta por Fried e a qualidade de vida com o questionário World   Health Organization Quality of Life – Older Adults (WHOQoLOLD). Para análise estatística, adotou-se, o teste t de Student utilizando um nível alfa de 0,05. Programa multicomponen te combinando treinamento de força, resistência, equilíbrio, caminhada       e potência muscular, seguindo recomendações de Atividade Física do Vivifrail para idosos frágeis, cuja duração das sessões foi de 90 minutos (duas vezes por semana) durante 6 semanas.   Após participarem do programa de exercícios multicomponentes, os         idosos apresentaram melhorias significativas    no índice   de fragilidade (p = 0,007; d = 0,36). Em relação à qualidade de vida avaliada pelo questionário WHOQoL-OLD, foram   evidentes alterações fortes e moderadas estatisticamente significativas    nas dimensões Atividades passadas, presentes e          futuras (p             = 0,018; d = 0,53), Participação social (p = 0,003; d = 0,53) e Intimidade (p = 0,005; d = 0,36), respectivamente. Houve também fortes mudanças na qualidade de vida geral             dos participantes (p = 0,007; d = 0,65) após completarem um programa de exercícios multicomponentes.
 CourelIbáñez  et al. (2022)Estudo transversal não intervencionist a.Determinar os benefícios de programas de treinamento longos (24 semanas) e curtos (4 semanas) persistiam após períodos curtos (6 semanas) e longos (14 semanas) de inatividade em       idosos residentes em lares de idosos com sarcopenia.Vinte e quatro idosos institucionaliza dos (87,1 ± 7,1 anos, 58,3% mulheres) com diagnóstico de sarcopenia alocados em 2 grupos: o grupo Treinamento Longo- Destreinamento Curto (LT-SD) 24 semanas de treinamento Vivifrail supervisionado seguido de 6 semanas de destreinamento ;               grupo Treinamento Curto- Destreinamento Longo (ST-LD) 4 semanas de treinamento e 14 semanas de destreinamento.Exercícios multicomponen tes adaptados ao Vivifrail (//vivifrail.com) .O treinamento Vivifrail foi altamente eficaz em curto prazo (4 semanas) no aumento do desempenho funcional e de força (tamanho do efeito = 0,32-1,44, P < 0,044), com exceção da força de preensão manual. O treinamento contínuo    durante 24 semanas produziu melhorias adicionais de 10% a 20% (P < 0,036). O status de fragilidade foi revertido em 36% dos participantes, com 59% alcançando alta auto-auto- autonomia.          O destreinamento resultou em uma perda de força e capacidade funcional de 10% a 25%, mesmo após 24 semanas de treinamento (tamanho do efeito = 0,24-0,92, P < 0,039).

Esta revisão consta dados de 327 pessoas com média de idade de 79,66 anos, de ambos os sexos, porém com predominância do sexo feminino. Foram realizadas em média 2 a 5 sessões por semana, por aproximadamente 4 a 35 semanas por estudo.

Dentre os 9 estudos selecionados, a intervenção fisioterapêutica utilizada foi o Treino Multicomponente com exercícios aeróbios, resistidos, de flexibilidade, de coordenação motora, de equilíbrio e de agilidade. No estudo de Cancela et al. (2020), a intervenção multicomponente foi de 8 meses na capacidade cardiorrespiratória, composição corporal, força muscular e densidade mineral óssea. No estudo de Rezola-Pardo et al. (2019), teve um programa simultâneo de dupla tarefa e o programa de exercícios multicomponentes. Nos estudos de Buendía-Romero et al. (2020) e Courel-Ibáñez  et al. (2022), os exercícios multicomponentes foram adaptados ao Vivifrail (//vivifrail.com). No estudo de Cordes et al. (2021), a intervenção de exercícios foi baseada em cadeira para residentes de lares de idosos que não conseguiam andar. No estudo de Lópes-López et al. (2023), o programa de treinamento físico multicomponente foi baseado em exercícios resistidos de membros inferiores e um protocolo de exercícios aeróbicos. O estudo de Carvalho et al. (2024), mostrou um programa de treinamento multicomponente associado ao programa de fisioterapia. No estudo de Sampaio et al. (2019), a intervenção de TM na função cognitiva, aptidão funcional e variáveis antropométricas em pacientes institucionalizados com doença de Alzheimer. O estudo de Concha-Cisternas et al. (2020) determinou os efeitos de um programa de treinamento físico multicomponente na fragilidade e qualidade de vida em idosos institucionalizados. Todos os estudos incluíram a presença de uma equipe multidisciplinar. Dessa forma, todos os estudos apresentaram resultados positivos.

4 DISCUSSÃO

Dado os resultados, todos os estudos evidenciam os efeitos do treino multicomponente em idosos institucionalizados, especialmente na melhoria do desempenho físico e/ou da capacidade funcional. Outrossim, observou-se que o treino multicomponente quando aplicado a idosos institucionalizados acarretam mais ganhos na capacidade funcional, quanto as modalidades de intervenções fisioterapêuticas isoladas, sendo os principais treinos adotados e associados nas intervenções estudadas: o treino resistido, treino aeróbico, treino de equilíbrio e treino de marcha.

Foram adotadas como principais ferramentas em comum de avaliação da capacidade funcional: Teste Short Physical Performance Battery (SPPB); cadeira de 30 segundos; Timed Up and Go (TUG); teste de caminhada de 6 minutos (TC6′); teste de 10 minutos -Teste de caminhada com medidor (TC10M); Teste Isométrico de Extensão do Joelho (KNEE); velocidade da marcha em condições de dupla tarefa; Sênior Fitness Test (SFT); dinamometria de força de preensão manual e força e potência muscular de membros inferiores. Para a função motora adotou-se força de preensão manual, equilíbrio sentado e destreza manual. 

Quanto ao desempenho cognitivo, independência e qualidade de vida: recursos psicossociais de bem-estar físico e mental (SF12), Montreal Cognitive Assessment (MoCA), testes de busca e codificação de símbolos da Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS-IV), teste de fluência semântica, um teste de fluência verbal, o Rey Auditory Verbal Learning Test  (RAVLT) e o Trail Making Test parte A (TMT); para a avaliação psicoafetiva a Escala de Ansiedade e Depressão Goldberg e a escala de solidão de Jong Gierveld, escala de qualidade de vida da doença de Alzheimer e Satisfação Com a Vida (SWLS), sintomas depressivos (CES-

D); índices de Barthel e Lawton; e Qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde – Idosos (WHOQoL-OLD, no período de 2002 a 2005). Quanto a fragilidade e sarcopenia: escore de fragilidade de Fried, do índice SOF; indicador de fragilidade de Tilburg, teste SARC-F (Cancela et al., 2019; Rezola-Pardo et al., 2019; Sampaio et al., 2019; Buendía-Romero et al., 2020; Concha-Cisternas et al., 2020; Cordes et al., 2021; Courel-Ibáñez et al., 2022; LópezLópez et al., 2023; Carvalho et al., 2024).

Por outro lado, também se adotou desfechos secundários tais como: características demográficas; antropometria; densitometria; conteúdo de densidade mineral óssea (DMO) do colo femoral e estágio da demência (O teste CDR) (Cancela et al., 2019; Sampaio et al., 2019). Cancela e colaboradores (2019), bem como, Buendía-Romero et al. (2020), LópezLópez et al. (2023) e Carvalho et al. (2024), observaram melhorias na mobilidade funcional e desempenho da marcha (redução no tempo do TUG), com ganhos na distância média percorrida (até 54,54 metros no TC6min em relação ao grupo controle), redução do tempo no teste de velocidade de marcha (TC10m),  e ganhos na capacidade cardiorrespiratória, ressaltando que mesmo um mês de intervenção pode contribuir para redução da incapacidade (autonomia nas atividades básicas e instrumentais da vida diária pelo índice de Barthel e Lawton), mostrando efeito protetor da atividade física mesmo que em idosos institucionalizados nonagenários. 

Rezola-Pardo et al. (2019), em ensaio clínico randomizado controlado, no intuito de verificar os benefícios da inserção de intervenções com dupla tarefa associadas ao treino multicomponente em idosos institucionalizados/ em lares de idosos de longa duração, observou ganhos na velocidade da marcha e melhoras nos escores e desfechos de equilíbrio conforme SPPB após 3 meses de intervenção, sendo o primeiro estudo a analisar efeitos de intervenção simultânea nessa população. Além disso, ambas as intervenções mantiveram a função cognitiva, mas apenas o multicomponente reduziu a ansiedade e melhorou a qualidade de vida, achados semelhantes ao observado em Buendía-Romero et al. (2020), López-López et al. (2023), e Carvalho et al. (2024). Vale ressaltar que o protocolo de pesquisa de López-López et al. (2023), se aproximou de algumas recomendações da Organização Mundial de Saúde em relação à atividade física para idosos com condições crônicas, como a realização de pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física moderada, ou entre 75 e 150 minutos de atividade física vigorosa, ou uma combinação equivalente ao longo da semana, além das diretrizes de atividade física para idosos publicadas em 2021, baseado em um treino multicomponente individualizado.

Cancela et al. (2019), em seu estudo de coorte pontuou melhoras significativas na função motora, especificamente força de preensão manual após intervenção, tal fato observado com mais ênfase em Cordes et al. (2021), que também considerou o equilíbrio sentado e destreza manual, e cujos achados pontuaram possíveis adaptações fisiológicas mesmo em idades mais avançadas, frisando que  apesar das dificuldades de mobilidade, essa população possui recursos motores, cognitivos e psicossociais que devem ser promovidos.

Dentre os estudos, somente Concha-Cisternas et al. (2020) e Courel-Ibáñez et al. (2022) adotaram treino multicomponente baseado em recomendações de Atividade física do programa Vivifrail (//vivifrail.com) para idosos frágeis, comprovando eficácia do treinamento no desempenho funcional e de força mesmo em protocolos de curto prazo (4 semanas).

Somente Concha-Cisternas e colaboradores (2020), levaram em consideração os estados de fragilidade e sarcopenia destes idosos, e verificaram que após participarem do programa de exercícios multicomponentes, os idosos apresentaram estatisticamente melhorias significativas no índice de fragilidade, apesar das limitações enquanto ao pequeno número da amostra. Buendía-Romero et al. (2020), ao comparar diferentes programas observou que as maiores melhorias foram evidenciadas na população com níveis mais elevados de incapacidade, fragilidade e pré-fragilidade, tal fato corrobora com Courel-Ibáñez e colaboradores (2022), que observaram uma reversão de 36% do estado de fragilidade em idosos institucionalizados, com alcances de até 59% de autonomia.

Da mesma forma, somente Carvalho et al. (2024), descreveu detalhadamente e ilustrou proposta/rotina de intervenção conforme cronograma de treinamento semanal, adotou a percepção subjetiva de esforço (PSE) um método validado e amplamente recomendado para monitorar e quantificar a intensidade do exercício físico, bem como, aderiu a um questionário de satisfação dos participantes quanto ao programa e seus benefícios no dia a dia, sendo o ponto forte do estudo para pontuar a eficácia de um programa de treinamento multicomponente como alternativa para complementar as rotinas diárias de fisioterapia de idosos residentes em ILP,  produzindo efeito no aumento dos escores do SPPB, além de ser o único estudo brasileiro a considerar essa temática.

Quanto aos fatores psicossociais e afetivos, incluindo função cognitiva e qualidade de vida, Rezola-Pardo et al. (2019), Sampaio et al. (2019), Concha-Cisternas et al. (2020), pontuaram fortes mudanças na qualidade de vida geral, participação social, e cognição de residentes de lares de idosos, incluindo aqueles que não podiam andar reforçando a necessidade de manter essa população ativa, apesar da atividade ou estímulo oferecido.

Logo, tais achados reforçam que a intervenção fisioterapêutica baseada no treino multicomponente, gera benefícios diversos na capacidade funcional, motora, cognitiva e qualidade de vida dos idosos institucionalizados, não só no desempenho de atividades simples como dupla tarefas, reduzindo risco e incidência de quedas e fragilidade, melhoras ou manutenção da força muscular, amplitude de movimento, transferências como o levantar da cadeira, melhora dos marcadores de integridade e função celular com menores quantidades de gordura e preservação de massa muscular decorrente do envelhecimento.

Desta forma, não é possível generalizar estes resultados, porque não existe uma grande quantidade de estudos sobre treino multicomponente em idosos institucionalizados envolvidos nesta revisão.

5 CONCLUSÃO

Concluiu-se, neste presente estudo, que a fisioterapia em idosos institucionalizados, de maneira geral, se mostrou imprescindível, para manutenção da qualidade de vida e aspectos psicossociais e emocionais, com desfechos significativos na autonomia, capacidade funcional, melhoras cardiorrespiratórias, prevenção de quedas, aquisição de força e desempenho motor, funções cognitivas, além de reversão da fragilidade. Desse modo, há relevância da inserção de um programa fisioterapêutico baseado no treino multicomponente nas variadas atividades voltadas ao bem-estar de idosos em Instituições de Longa Permanência.  

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1Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.

2Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia e Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE e do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Itacoatiara. Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000.