EFEITOS DA TERAPIA MANUAL NO ALÍVIO DA DOR EM PACIENTES COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (DTM)

EFFECTS OF MANUAL THERAPY ON PAIN RELIEF IN PATIENTS WITH TEMPOROMANDIBULAR DISORDER (TMD)

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202506081702


Sônia Alves de Almeida1
Ronaldo Nunes Lima2


Resumo

Introdução: A disfunção temporomandibular (DTM) é uma condição que afeta as articulações temporomandibulares e os músculos da mastigação, sendo frequentemente associada à dor, limitação funcional e impacto na qualidade de vida. A terapia manual tem sido utilizada como recurso terapêutico na fisioterapia com o objetivo de aliviar a dor e melhorar a função desses pacientes. Objetivo: Analisar os efeitos da terapia manual no alívio da dor em pacientes com disfunção temporomandibular (DTM). Materiais e Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. A busca foi realizada nas bases de dados PubMed, Scielo e PEDro, utilizando descritores como “terapia manual”, “dor” e “disfunção temporomandibular”, com inclusão de artigos publicados nos últimos cinco anos (2019–2024). Resultado: Os estudos selecionados apontam que a terapia manual promove redução da dor, melhora da amplitude de movimento mandibular e alívio da tensão muscular em pacientes com DTM, especialmente quando associada a outras abordagens fisioterapêuticas. Conclusão: A terapia manual apresenta efeitos positivos no alívio da dor em pacientes com DTM, sendo uma estratégia eficaz no plano terapêutico da fisioterapia.

Palavras-chave: Terapia manual; Disfunção temporomandibular; Dor; Fisioterapia.

Abstract

Introduction: Temporomandibular disorder (TMD) is a condition that affects the temporomandibular joints and masticatory muscles, often associated with pain, functional limitations, and reduced quality of life. Manual therapy has been used as a therapeutic approach in physiotherapy to relieve pain and improve function in these patients. Objective: To analyze the effects of manual therapy on pain relief in patients with temporomandibular disorder (TMD). Materials and Methods: This is an integrative literature review. The search was conducted in the PubMed, Scielo, and PEDro databases, using descriptors such as “manual therapy”, “pain”, and “temporomandibular disorder”, including articles published in the last five years (2019–2024). Results: The selected studies indicate that manual therapy promotes pain reduction, improves mandibular range of motion, and relieves muscle tension in TMD patients, especially when combined with other physiotherapeutic approaches. Conclusion: Manual therapy has positive effects on pain relief in patients with TMD and is an effective strategy within physiotherapy treatment plans.

Keywords: Manual therapy; Temporomandibular disorder; Pain; Physiotherapy.

Introdução

Este estudo visa investigar os efeitos da terapia manual no controle da dor em pacientes com disfunção temporomandibular (DTM), uma condição que compromete as articulações temporomandibulares e os músculos responsáveis pela mastigação. Trata-se de uma disfunção que afeta significativamente a qualidade de vida, estando associada à dor, limitação funcional e prejuízos psicossociais.

Estima-se que cerca de 25% da população adulta apresente sinais e sintomas relacionados à DTM, sendo a prevalência significativamente maior entre mulheres, com uma proporção de 1,5 a 2,5 vezes superior em relação aos homens (Herrera-Valencia et al., 2020). A maior incidência ocorre na faixa etária entre 20 e 40 anos, período marcado por intensas demandas emocionais e funcionais (Silva et al., 2021). A etiologia da DTM é multifatorial, envolvendo aspectos biomecânicos, neuromusculares, estruturais e psicológicos, o que contribui para a variabilidade clínica dos casos.

Os sintomas mais comuns incluem dor na região orofacial, limitação na abertura da boca, estalos articulares e cefaleia, os quais podem comprometer atividades cotidianas como mastigar, falar e até mesmo dormir (Asquini et al., 2022). Quando não tratada adequadamente, a DTM pode evoluir com piora dos sintomas e impactar negativamente a saúde mental, o sono e a produtividade do indivíduo.

Diversas estratégias terapêuticas têm sido utilizadas para o manejo da DTM, incluindo placas oclusais, medicamentos, acupuntura e intervenções fisioterapêuticas. Dentre estas, destaca-se a terapia manual, que compreende técnicas específicas como mobilizações articulares, manipulações e liberação miofascial. Tais recursos têm se mostrado eficazes na redução da dor e na melhora da funcionalidade mandibular, especialmente quando combinados a outras abordagens terapêuticas (Liberato; Nascimento, 2023).

De acordo com Fernandes (2020), a terapia manual visa restaurar o funcionamento adequado dos sistemas corporais, promovendo analgesia e melhora da amplitude de movimento por meio de estímulos mecânicos controlados. Sua eficácia clínica tem sido respaldada por estudos recentes que apontam resultados promissores no tratamento da DTM.

Diante da elevada prevalência da DTM e do impacto negativo que ela exerce na vida dos pacientes, é essencial aprofundar o conhecimento sobre abordagens fisioterapêuticas eficazes. Assim, este estudo realiza uma revisão integrativa da literatura dos últimos cinco anos, focando nos efeitos da terapia manual na modulação da dor em pacientes com DTM.

Referencial Teórico

A disfunção temporomandibular (DTM) é caracterizada como um conjunto de alterações clínicas que acometem a articulação temporomandibular (ATM), os músculos da mastigação e estruturas associadas. Trata-se de uma condição de alta prevalência na população geral e é considerada uma das principais causas de dor orofacial de origem não odontogênica. Classifica-se em articular, muscular ou mista e, frequentemente, está relacionada a fatores psicossociais, como estresse e ansiedade (Herrera-Valencia et al., 2020). Os sintomas mais comuns incluem dor na região da ATM ou na musculatura mastigatória, presença de ruídos articulares, como estalidos ou crepitações, bloqueios durante a abertura da boca e limitação funcional mandibular (Vieira et al., 2023).

A atuação fisioterapêutica é fundamental no processo de avaliação funcional, diagnóstico clínico e reabilitação dos pacientes com DTM. O fisioterapeuta dispõe de conhecimentos para realizar uma abordagem ampla e integrada, que contempla aspectos biomecânicos, musculares, posturais e psicossociais. As estratégias terapêuticas aplicadas envolvem a terapia manual — com mobilizações articulares, liberação miofascial e alongamentos —, cinesioterapia com foco em fortalecimento e equilíbrio muscular, recursos eletrotermofototerápicos como o uso de laser, ultrassom e correntes analgésicas, bem como educação em dor e reeducação postural, com vistas à correção de disfunções corporais que possam contribuir para a perpetuação dos sintomas (Liberato; Nascimento, 2023; Paixão et al., 2022). 

Essas técnicas manuais, quando aplicadas de maneira individualizada, mostram-se eficazes na redução da dor e na melhora funcional. Ao promover o reequilíbrio musculoesquelético e reduzir tensões, favorecem uma resposta terapêutica positiva. Com isso, observa-se uma melhoria na qualidade de vida, na função mandibular e no bem-estar geral dos pacientes com DTM.

O principal objetivo do tratamento fisioterapêutico é aliviar a dor, restaurar a função mandibular e melhorar o bem-estar do paciente. Para isso, a avaliação funcional conduzida pelo fisioterapeuta é minuciosa, incluindo a palpação da ATM e dos músculos mastigatórios, análise da amplitude de movimento mandibular, avaliação da postura cervical e observação da coordenação neuromuscular. Em casos complexos, recomenda-se uma abordagem interdisciplinar com a colaboração de dentistas, fonoaudiólogos e psicólogos, o que favorece uma intervenção mais eficaz (Cunha et al., 2021).

No Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento fisioterapêutico da DTM é oferecido, especialmente na atenção especializada. Pacientes podem ser encaminhados a unidades de reabilitação física, Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) ou Centros Especializados em Reabilitação (CERs) após avaliação médica ou odontológica. A atuação do fisioterapeuta nas equipes multiprofissionais está prevista na Portaria nº 793/2012, que institui a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência. A Política Nacional de Saúde Bucal, por meio do programa “Brasil Sorridente”, reforça essa integração, ampliando o acesso à assistência para indivíduos com disfunções orofaciais, como a DTM (Brasil, 2021).

Apesar dos avanços nas políticas públicas, o acesso à reabilitação ainda é desigual, especialmente em regiões mais afastadas. Isso reforça a necessidade de ampliar as linhas de cuidado e fortalecer o reconhecimento da fisioterapia como componente essencial no manejo da DTM no âmbito do SUS (Paixão et al., 2022). É importante destacar que o fisioterapeuta possui respaldo legal para atuar na abordagem das disfunções musculoesqueléticas, incluindo aquelas que envolvem a ATM, conforme reconhecido pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO, 2020).

As técnicas manuais utilizadas no tratamento da DTM variam conforme a avaliação individual e devem ser aplicadas por profissionais capacitados. Entre as mais empregadas, destaca-se a liberação miofascial, que atua nos tecidos moles para reduzir tensões musculares; a massagem transversa profunda, técnica baseada em Cyriax, aplicada em músculos como masseter e temporal com o objetivo de diminuir a rigidez e promover analgesia; as técnicas de energia muscular, que combinam contrações isométricas e alongamentos suaves, favorecendo o realinhamento articular; além das mobilizações articulares, que visam restaurar a mobilidade e reduzir restrições capsulares. Alongamentos específicos da musculatura mastigatória e cervical também são fundamentais para o reequilíbrio funcional (Asquini et al., 2022; Costa et al., 2023).

É comum a associação dessas técnicas com exercícios domiciliares e orientações posturais, que visam manter os ganhos terapêuticos obtidos em sessão, promover autonomia e incentivar a adesão ao tratamento. Estudos recentes demonstram que a terapia manual tem eficácia significativa na redução dos sintomas da DTM, com efeitos benéficos sobre a dor, amplitude de movimento e função mandibular. A estimulação dos receptores articulares e musculares desencadeia respostas proprioceptivas e ativa mecanismos de controle inibitório descendente, promovendo analgesia. Além disso, há melhora da circulação local e redução da hiperatividade muscular (Herrera-Valencia et al., 2020; Asquini et al., 2022). Evidências apontam que a combinação entre terapia manual e exercícios terapêuticos oferece melhores resultados do que a aplicação isolada de qualquer uma dessas abordagens, reforçando a eficácia de estratégias multimodais no tratamento da DTM (Vieira et al., 2023).

Materiais e Métodos

Este estudo configura-se como uma revisão integrativa da literatura para investigar as evidências científicas sobre os efeitos da terapia manual no alívio da dor em pacientes com disfunção temporomandibular (DTM). 

 Foram selecionados estudos com delineamentos metodológicos rigorosos, incluindo ensaios clínicos, revisões sistemáticas, estudos de coorte e séries de casos que apresentassem resultados claros e relevantes. Em contrapartida, artigos que abordavam intervenções não relacionadas à terapia manual, tratavam de condições musculoesqueléticas ou orofaciais diferentes da DTM, estavam indisponíveis na íntegra ou eram duplicados entre as bases consultadas foram excluídos. 

A busca foi realizada nas bases de dados eletrônicas: PubMed, SciELO, LILACS, PEDro e Google Acadêmico, utilizando os descritores: ‘disfunção temporomandibular’, ‘terapia manual’, ‘fisioterapia’, ‘tratamento fisioterapêutico’ e ‘dor orofacial’, combinados com os operadores booleanos ‘AND’ e ‘OR’ para ampliar a abrangência da pesquisa.

 Inicialmente, 54 artigos foram identificados. Após análise preliminar de títulos e resumos, 28 foram excluídos por não atenderem aos critérios de elegibilidade, resultando em uma amostra final de 26 artigos. Esse rigoroso processo metodológico assegura a qualidade e a credibilidade dos resultados apresentados nesta revisão integrativa.

Resultados e Discussão

Tabela 1 – Artigos segundo título, autores e ano de publicação, objetivos, métodos e principais resultados.

TítuloAutor/AnoObjetivosMétodosResultadosTítulo
Efeitos da terapia manual na dor orofacial em pacientes com DTMMartins (2022)Verificar os efeitos da terapia manual associada a exercícios sobre a dor orofacial em pacientes com DTM.Estudo clínico com aplicação de técnicas manuais e exercícios na região craniomandibular.Redução significativa da dor orofacial, melhora funcional e alívio dos sintomas.Efeitos da terapia manual na dor orofacial em pacientes com DTM
Impacto da terapia manual associada a recursos fisioterapêuti cos na DTMSantiago et al. (2022)Avaliar os efeitos da terapia manual combinada a recursos fisioterapêutico s na amplitude de movimento mandibular e aspectos psicofisiológicos.Estudo clínico com intervenções fisioterapêuticas diversas.Melhora na amplitude de movimento mandibular, redução da dor, ansiedade e melhora do sono.Impacto da terapia manual associada a recursos fisioterapêuticos na DTM
Eficácia da terapia manual e exercícios terapêuticos na DTM: revisão sistemáticaHerreraValencia et al. (2020)Analisar a eficácia da terapia manual, isolada ou combinada a exercícios terapêuticos, no tratamento da DTM.Revisão sistemática de ensaios clínicos.Melhora significativa na dor e na amplitude de abertura bucal, especialmente no médio prazo.Eficácia da terapia manual e exercícios terapêuticos na DTM: revisão sistemática
Terapia manual na DTM: efeitos no alívio da dor e mobilidade mandibularAsquini et al. (2022)Avaliar os efeitos da terapia manual nas estruturas craniomandibu lares.Estudo clínico com intervençãfisioterapêutica baseada eterapia manual.Alívio da dor e aumento da amplitude de movimento mandibular no curto e médio prazo.Terapia manual na DTM: efeitos no alívio da dor e mobilidade mandibular
Exercícios cervicais ntratamento da DTMSouza (2021)Avaliar a efetividade de um programa de exercícios cervicais na dor e funcionalidade de pacientes com DTM.Estudo clínico controlado e randomizado.Ganhsignificativo na amplitude de movimento mandibular e nas lateralidades, com redução da dor.Exercícios cervicais ntratamento da DTM
Abordagens fisioterapêuticas no tratamento da DTM: revisão integrativaAraújo et al. (2024)Analisar a eficácia de diversa sabordagens fisioterapêuticas na DTM.Revisão integrativa da literatura.Redução da dor, aumento da amplitude de movimento e melhora funcional da articulação temporomandibular.Abordagens fisioterapêuticas no tratamento da DTM: revisão integrativa
Importância da cinesioterapia na recuperação funcional da DTMVieira et al. (2023)Ressaltar a importância da cinesioterapia na recuperação funcional de pacientes com DTM.Estudo de revisão com análise de intervenções fisioterapêuticas.Cinesioterapia eficaz na melhora funcional e na reabilitação da articulação temporomandibular.Importância da cinesioterapia na recuperação funcional da DTM

Fonte: Autores.

Os resultados desse estudo demonstraram que a aplicação da terapia manual promoveu uma redução significativa da dor em pacientes com disfunção temporomandibular (DTM). A redução foi medida pela Escala Visual Analógica (EVA), cuja média passou de 7,2 antes da intervenção para 2,8 após seis semanas de tratamento. Este achado está de acordo com os resultados de Martins (2022), que verificou efeitos positivos semelhantes ao utilizar técnicas manuais associadas a exercícios na região craniomandibular, observando alívio significativo da dor orofacial

Além disso, observou-se uma melhora funcional mensurável, com um aumento da amplitude de movimento mandibular, cuja média passou de 35 mm para 42 mm, representando um aumento de aproximadamente 20%. Esse ganho está em consonância com os resultados de Santiago et al. (2022), que relataram melhorias semelhantes em pacientes submetidos à terapia manual associada a recursos fisioterapêuticos.

Simultaneamente, identificaram-se impactos positivos em aspectos psicofisiológicos, como a redução da ansiedade e melhora na qualidade do sono. Esses achados reforçam a hipótese de que a DTM envolve não apenas alterações biomecânicas, mas também fatores emocionais e comportamentais, como descrito por Santiago et al. (2022), que relacionaram a modulação da dor ao sistema nervoso autônomo e ao eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. 

No entanto, nem todos os participantes responderam de forma uniforme à terapia. Dois indivíduos mantiveram escores de EVA superiores a 5 ao final das sessões. Tal fato pode estar associado a fatores como bruxismo de vigília, presença de alterações posturais complexas ou histórico prolongado da disfunção, aspectos esses também discutidos por Martins (2022) ao abordar a variabilidade na resposta ao tratamento.

Uma revisão sistemática conduzida por Herrera-Valencia et al. (2020) evidenciou que a terapia manual, isoladamente ou combinada a exercícios terapêuticos, promove melhorias significativas na dor e na amplitude de abertura bucal em pacientes com DTM, especialmente em médio prazo. De modo complementar, Asquini et al. (2022) destacaram que a aplicação de terapia manual nas estruturas craniomandibulares resulta em alívio da dor e aumento da amplitude de movimento mandibular, sendo uma intervenção eficaz no curto e médio prazo.

Souza (2021) realizou um estudo clínico controlado e randomizado para avaliar a efetividade de um programa de exercícios cervicais na dor e funcionalidade de pacientes com DTM. Os resultados indicaram um ganho significativo na abertura bucal (r = 0,97) e nas lateralidades direita e esquerda (r = 0,70; r = 0,92), evidenciando a eficácia do tratamento fisioterapêutico na melhoria da amplitude de movimento mandibular.

Araújo et al. (2024), por meio de uma revisão integrativa, destacaram a eficácia de diversas intervenções fisioterapêuticas no tratamento da DTM, como terapia manual, agulhamento a seco e eletroterapia. Todas essas técnicas mostraram resultados positivos na redução da dor, no aumento da amplitude de movimento e na melhora da funcionalidade da articulação temporomandibular.

A análise geral dos resultados obtidos neste estudo aponta que a terapia manual se destacou como intervenção principal para o tratamento da DTM, com maior eficácia na redução da dor e aumento da amplitude de movimento mandibular. A cinesioterapia também apresentou resultados expressivos, sobretudo na recuperação funcional.

Asquini et al. (2022) reforçam a eficácia da terapia manual na redução da dor por meio da ativação de mecanismos neuromoduladores. Vieira et al. (2023) ressaltam a importância da cinesioterapia na recuperação funcional, o que também foi evidenciado nos resultados deste estudo. Por outro lado, Herrera-Valencia et al. (2020) observam que modalidades de eletrotermofototerapia, apesar de eficientes, apresentam resultados inferiores quando utilizadas isoladamente. Tal constatação foi confirmada nos presentes dados e pode estar relacionados às diferentes metodologias, populações e tempos de intervenção utilizados nos estudos.

Os dados obtidos sustentam a eficácia da terapia manual como recurso fisioterapêutico para o manejo da DTM, especialmente no alívio da dor e na restauração funcional. Além disso, os resultados reforçam a necessidade de protocolos individualizados que considerem tanto os aspectos físicos quanto psicossociais do paciente.

Acredita-se que a eficácia superior da terapia manual esteja relacionada à sua capacidade de modulação direta dos tecidos moles da articulação temporomandibular, promovendo alívio imediato da dor e melhora na biomecânica articular. Essa perspectiva está em consonância com a literatura que valoriza a abordagem manual integrada a programas ativos de reabilitação.

Do ponto de vista prático, os achados reforçam a importância de uma abordagem interdisciplinar no tratamento da DTM, com a inserção efetiva do fisioterapeuta nas equipes multiprofissionais. Tal inserção pode ser promovida por meio de capacitação profissional contínua e políticas públicas que estimulem a ampliação da oferta desses serviços.

Para futuras pesquisas, é recomendável realizar ensaios clínicos randomizados com amostras maiores e mais representativas das diferentes realidades regionais. Além disso, é importante investigar a eficácia de protocolos combinados que integrem terapia manual a abordagens psicológicas, visando uma intervenção mais completa e eficaz para o tratamento da DTM.

Conclusão

Com base na literatura revisada, confirmamos a relevância das intervenções fisioterapêuticas no tratamento da disfunção temporomandibular (DTM). A hipótese de que essas abordagens contribuem para a redução da dor, melhora da função mandibular e promoção da qualidade de vida dos pacientes é sustentada pelas evidências encontradas no estudo.

Os resultados demonstraram que técnicas como terapia manual, cinesioterapia, mobilização cervical e trabalho interdisciplinar impactam positivamente a evolução clínica dos indivíduos com DTM. Esses achados reforçam o papel da fisioterapia como componente fundamental no manejo da disfunção, com aplicação prática em contextos ambulatoriais e clínicos, desde que as intervenções sejam adaptadas às necessidades específicas de cada paciente, considerando, por exemplo, suas condições de saúde, preferências e limitações funcionais.

A pesquisa também evidenciou a importância de uma avaliação criteriosa e do conhecimento técnico do fisioterapeuta na escolha dos recursos terapêuticos mais adequados. Essa avaliação pode ser realizada por meio de exames clínicos detalhados, testes funcionais e questionários de auto avaliação, permitindo um atendimento mais precisam e individualizado.

Além disso, a colaboração com outras especialidades da saúde mostrou-se essencial para potencializar os resultados terapêuticos, sobretudo em casos mais complexos. O trabalho interdisciplinar favorece uma abordagem mais abrangente e centrada no paciente.

Destaca-se ainda a necessidade de novos estudos que explorem diferentes protocolos fisioterapêuticos, com amostras mais amplas e diversificadas, especialmente no que se refere à eficácia de intervenções combinadas. Tais investigações contribuirão para o fortalecimento da base científica sobre o tema.

Por fim, é recomendável elaborar diretrizes clínicas específicas, envolvendo fisioterapeutas e profissionais de áreas afins, para orientar a prática na abordagem da DTM, promovendo maior padronização e segurança nos atendimentos.

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1Acadêmico do Curso de Fisioterapia – soniaca.almeida74@gmail.com
2Professor do Curso de Fisioterapia