EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE CREATINA: FORÇA E HIPERTROFIA MUSCULAR – REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11415870


Ana Laura Ecker Cesar; Daniel Reis Santana da Silva; Halisson Henrique de Oliveira; Maria Vitória Gomes Pinto; Orientador: Profa. Vanessa Dias Ferreira Nogueira.


RESUMO

Atualmente a procura de suplementos para o aumento do desempenho físico tem crescido bastante, em vista disto a Creatina (Cr), é um suplemento que se tornou um dos recursos ergogênicos nutricionais mais utilizados nas últimas décadas. O objetivo deste estudo consistiu em realizar um levantamento na literatura científica sobre a eficácia da suplementação de creatina no ganho de força e hipertrofia muscular. Uma revisão de literatura levantada por meio de pesquisas bibliograficas e artigos de denominação científica. Para a obtenção dos resultados, seis estudos clínicos foram selecionados de acordo com os critérios estabelecidos para condução e conclusão da pesquisa. Observou-se um impacto positivo na suplementação de creatina combinada com exercício resistido, com variações dependentes da metodologia aplicada, incluindo dosagem da suplementação, tipo de treino, duração da intervenção, fatores controlados pelo estudo e métodos de avaliação utilizados. Os principais resultados dos ensaios clínicos indicaram melhorias no desempenho, aumento de força, potência e/ou massa livre de gordura. Concluiu-se que a suplementação de creatina no treinamento de força de forma adequada, exerce efeitos que podem contribuir em treinamentos periodizados de força melhorando o desempenho da força muscular e na massa magra.

Palavras-chave: creatina, resistência muscular, hipertrofia.

1. INTRODUÇÃO

A busca por suplementação alimentar tem se expandido consideravelmente entre os praticantes de musculação, impulsionada não apenas pelo anseio de aprimorar o desempenho durante os treinos, mas também visando potencializar os resultados na busca por uma estética corporal aprimorada. (MACEDO, SOUSA, FERNANDEZ, 2018).

O treinamento de força é uma das abordagens mais frequentes em atividades físicas para aprimorar a condição física, a força e o desempenho de atletas. Ele envolve exercícios nos quais os músculos corporais são desafiados a mover-se contra uma resistência externa, que pode ser proporcionada por diferentes equipamentos, como bandas elásticas, pesos, corridas em aclives e exercícios pliométricos. Dentro desse contexto, a suplementação com creatina tem sido a escolha predominante entre atletas e praticantes de atividades físicas que demandam força explosiva, máxima e velocidade. (STÁBILE et al., 2017).

A creatina, conhecida como ácido metil guanidino acético, é uma amina presente em certos alimentos de origem animal e também é sintetizada endogenamente por meio de um processo que utiliza outros aminoácidos como substratos, tais como glicina, metionina e arginina. Este processo de síntese envolve órgãos como o fígado, os rins e o pâncreas. (AMARAL, NASCIMENTO, 2020).

A síntese da creatina pode ser descrita em duas etapas. A primeira ocorre nos rins, a qual acontece a partir da transferência de um grupo amino da arginina para a glicina numa reação de transaminação, formando o guanidinoacetato e ornitina. A enzima que catalisa esta reação é a transamidinase. O guanidinoacetato é transportado para o fígado e é onde a enzima metiltransferase promove a adição irreversível de um grupo metila da S-adenosilmetionina ao guanidinoacetato, formando a molécula de creatina (MENEZES, MORAES & LINHARES, 2020).

A suplementação de creatina pode ser encontrada em diversas formas no mercado, são elas: monoidratada, micronizada, alcalina, etil, éster e fosfato, disponibilizada em consistência em pó, gel, líquida, barras e goma. Em forma de creatina fosfato é menos utilizada, isso se deve ao seu alto custo de produção (CARDOSO et al., 2017).

Apesar de existirem opiniões divergentes sobre o uso da creatina como suplemento, a literatura evidencia os benefícios de sua utilização como recurso ergogênico, especialmente para atletas. Pesquisas com resultados positivos em relação à suplementação de creatina, incluindo estudos que demonstraram melhorias na composição corporal e na força muscular, destacam a suplementação de creatina como uma estratégia ergogênica viável. (AMARAL, NASCIMENTO, 2020).

Entretanto, o objetivo deste trabalho consiste em demonstrar através da literatura existente os efeitos da suplementação de creatina no ganho de força e na hipertrofia muscular, explorando os mecanismos fisiologicos subjacentes aos efeitos da suplementação de creatina, bem como examinando os resultados de estudos clinicos e experimentais relevantes.

2. OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL:

Realizar um levantamento na literatura científica sobre a eficácia da suplementação de creatina no ganho de força e hipertrofia muscular.

OBJETIVOS ESPECIFICOS:

– Apresentar os principais mecanismos de ação da creatina;

– Compreender e correlacionar a importância da creatina no processo de hipertrofia muscular e ganho de força;

– Descrever e avaliar o emprego da creatina na retenção hídrica e balanço hidrogenado, bem como seus impactos positivos ou negativos.

3. METODOLOGIA

3.1 Método de Abordagem

Serão utilizados materiais relevantes sobre o tema: Efeitos da suplementação de creatina: força e hipertrofia muscular, retirados de livros técnicos e publicações de órgãos internacionais e nacionais, revistas e artigos de ordem científica.

3.2 Método de Procedimento

Será empregado como método de procedimento: pesquisa bibliográfica aprofundada sobre assuntos destacados referentes ao tema, incluindo análise crítica, interpretação literária e compreensão de textos legais. Todo material abordado será selecionado, de forma que haverá separação criteriosa, para que se obtenha qualidade e quantidade de informações e dados, de forma que possam ser estabelecidos como base literária para o estudo em desenvolvimento.

3.3 Técnicas

Serão utilizados artigos de denominação científica tanto no idioma inglês como no português, adquiridos através de bancos de dados dos sites Bireme, Lilacs, Scielo e Medline, na ordem periódica de 2014 a 2024. Como fonte de busca, serão utilizadas as seguintes palavras-chaves: creatina, resistência muscular, hipertrofia.

3.4 Coleta e Apresentação dos dados

Os dados serão coletados de artigos científicos atuais, revistas científicas e literatura, dos últimos dez anos. Os dados encontrados do efeito da creatina na hipertrofia muscular serão apresentados por meio de gráficos e/ou tabelas para facilitar o entendimento e discussão dos resultados. Será feito paralelo entre as opiniões dos autores para chegar a conclusões, levando em consideração o que há de mais relevante referente ao assunto entre os autores. Posteriormente os resultados serão tabulados e apresentados na forma de gráficos e /ou tabelas para melhor visualização e discussão.

4. CREATINA

4.1 MECANISMOS DE AÇÃO DA CREATINA

A suplementação de creatina pode aumentar a expressão/fosforilação de genes envolvidos diretamente na síntese de proteínas e, consequentemente, hipertrofia, como IGF1-AKT/PKB e seus efetores p70s6k, GSK3 e 4-EBP1. Além disso, a creatina, via p38 e ERK1/2, pode aumentar a expressão de fatores de transcrição (MEF2 e MyoD) capazes de regular a ativação e diferenciação de células satélites (CS), necessárias para o processo hipertrófico. Paralelamente, a suplementação de creatina sabidamente salienta a provisão de energia em atividades de alta intensidade e curta duração, como o treino de força. Um aumento no volume de treino pode resultar em maiores ganhos de força e massa muscular em longo prazo. Para detalhes, consultar o subtópico (GUALANO et al., 2010).

Apesar de ser bastante suplementada, e ainda ser produzida pelo nosso organismo, uma vez que é formada por aminoácidos não essenciais, vale ressaltar que é possível adquirir a creatina através de uma alimentação rica em proteína animal (NOGUEIRA, 2014).

ALIMENTOQUANTIDADE DE CREATINA (g/kg)
Carne suína5,0
Carne bovina4,5
Arenque6,5 – 10,0
Salmão4,5
Atum4,0
bacalhau3,0
Fonte: Molina, 2006.

A importância primordial da creatina está ligada ao metabolismo energético. Quando os estoques corporais estão deficientes, isso pode resultar em uma limitação do desempenho físico, especialmente em atletas que praticam modalidades que exigem força explosiva ou o desenvolvimento de massa muscular, como levantamento de peso olímpico, futebol, basquete e fisiculturismo. (BOUZAS et al. 2015).

A creatina pode ser encontrada em diversas formas no mercado, são elas: monoidratada, micronizada, alcalina, etil, éster e fosfato, disponibilizada em consistência em pó, gel, líquida, barras e goma. Em forma de creatina fosfato é menos utilizada, isso se deve ao seu alto custo de produção (CARDOSO et al., 2017).

Nesse contexto, os suplementos foram desenvolvidos não apenas para corrigir deficiências, mas também para aprimorar o desempenho. Especialmente para atletas submetidos a treinamentos periodizados com diferentes estímulos e competições, há uma necessidade de combinar a alimentação com a ingestão de vitaminas, minerais e oligoelementos. Isso assegura a obtenção de todos os nutrientes, tanto macro quanto micro, essenciais não apenas para manter a saúde, mas também para alcançar excelentes resultados no esporte, melhorando a performance. (MEIRELLES et al., 2003).

De fato, esses suplementos alimentares são amplamente adotados por atletas, porém seu uso não se limita a esse grupo. Praticantes de atividade física também recorrem a eles em busca de melhorias de desempenho e objetivos estéticos. A creatina figura entre os mais populares nessa categoria, sendo principalmente utilizada para aumentar a força e a massa muscular. (BOUZAS et al., 2015).

Existe uma regulamentação do suplemento de creatina para atletas pela Resolução n.18/2010 da ANVISA. Nesta, é determinado que estes produtos devem atender aos seguintes requisitos: a formulação do produto creatina monoidratada deve ter grau de pureza mínima de 99,9%; pode ter adição de carboidratos em porcentagem e tipo definido; não pode ser adicionado de fibras alimentares; entre outros requisitos que envolvem a sua composição.

A utilização da creatina como recurso ergogênico se baseia no aprimoramento da aptidão física, sendo frequentemente empregada para promover o aumento da força e da potência muscular. O consumo de creatina com o intuito de desenvolver força e hipertrofia muscular é apoiado pelo aumento das reservas de fosfocreatina dentro dos músculos, o que leva a uma aceleração na velocidade de ressíntese do ATP. (LEITE et al. 2015).

Quando combinada com o treino de resistência, a creatina tem o potencial de aumentar os níveis de força muscular. A creatina é conhecida por ser uma substância osmoticamente ativa, o que significa que tem a capacidade de atrair um maior volume de água do meio extracelular para o meio intracelular. Isso resulta em uma maior retenção de água corporal, especialmente nos músculos, levando a um aumento de peso. (FARIA et al., 2018).

A quantidade de fosfocreatina (CP) é considerada um dos principais fatores relacionados à fadiga muscular após a prática de exercícios de alta intensidade e curta duração. Assim, o uso da creatina como suplemento energético se fundamenta na ideia de que, com um aumento no estoque dessa substância nos músculos, é possível manter a potência muscular máxima por um período prolongado. (OLIVEIRA et al., 2017).

4.2 CREATINA NA RETENÇÃO HÍDRICA E BALANÇO HIDROGENADO

O possível mecanismo responsável pelo ganho de massa corporal durante o uso de suplementação de creatina envolve o aumento na retenção de água no espaço intramuscular, produto do transporte celular de creatina com íon sódio. Portanto, como a cretina é uma substância osmoticamente ativa, com potencial para induzir aumento no influxo de água do meio extracelular para o intracelular. O aumento de creatina exógena pode levar ao processo de hipertrofia sarcoplasmática, em razão do aumento da hidratação no compartimento intracelular. A elevação do volume celular altera positivamente o turnover proteico, fazendo com que haja um aumento na síntese proteica e maior disponibilidade de substratos para os diversos sistemas envolvidos no processo de reparação tecidual (TIRAPEGUI et al., 2012).

Com relação a possíveis efeitos colaterais, há evidências de que 5g/dia de creatina geralmente não resulta em efeitos danosos a saúde do indivíduo adulto saudável, mas não há evidências suficientes para fazer uma recomendação ciente a favor ou contra doses superiores a 5g/dia (ALLEN, 2012). Outra decorrência conhecida devido esta ser uma substância osmoticamente ativa, é a que provoca retenção de água corporal, levando isso a um aumento de peso. Também foram encontrados alguns relatos de desconforto gastrointestinal, produção alterada de insulina, inibição da síntese de creatina endógena, disfunção renal ou desidratação, distúrbios no humor e ansiedade (STABILE et al., 2017).

Para Aragão GC e Ferreira JCS (2022), os possíveis efeitos colaterais associados a creatina em praticantes de atividades físicas, podem ser justificados por meio de duas hipóteses: a retenção hídrica proveniente da alta osmolaridade bem como o aumento da taxa de produção de proteínas contráteis. O que se tem comprovado é que a creatina está associada a ganho de peso e retenção hídrica. Porém, essa retenção ocorre no interior dos músculos e está relacionada a um favorecimento da tradução de proteínas contráteis, devido à alteração da osmolaridade intracelular.

Quanto à função da creatina e seus efeitos sobre a função renal, nenhum estudo até o momento evidenciou nenhum prejuízo (COSTA TMRL e BORBA VZC, 2015).

A sociedade internacional de nutrição esportiva, embasada em inúmeros estudos, não verificou alterações maléficas significativas no uso de creatina como suplementação. Apesar de, nas primeiras semanas com os usos em dosagens altas gerar metabólitos citotóxicos como metilamina e formaldeído, não são observadas mudanças significativas em decorrência de seu uso, seja ele em curto ou longo prazo. Porém vem sendo sugerido o não uso em indivíduos que já apresentem problemas renais pré-existentes, hipertensão ou proteinúria (DAVARI, 2018).

5. RESULTADOS

Para obter os resultados, seis estudos clínicos foram selecionados de acordo com os critérios estabelecidos para condução e conclusão da pesquisa. Observou-se um impacto positivo na suplementação de creatina combinada com exercício resistido, com variações dependentes da metodologia aplicada, incluindo dosagem da suplementação, tipo de treino, duração da intervenção, fatores controlados pelo estudo e métodos de avaliação utilizados. Os principais resultados dos ensaios clínicos indicaram melhorias no desempenho, aumento de força, potência e/ou massa livre de gordura. Os principais resultados dos ensaios clínicos indicaram melhorias no desempenho, aumento de força, potência e/ou massa livre de gordura. Segue resumo no quadro 01 abaixo para leitura e comparação dos resultados obtidos.

Quadro 1 – Apresentação dos estudos utilizados na revisão de literatura.

Autor, anoPopulaçãoIntervençãoPrincipais resultados  
HUNGER et al. (2009)Composta por 27 homens, com idade média de 22,6 ± 4,5 anos, praticantes de treinamento de força a pelo menos nos 12 meses, não fumantes e não usuários de esteroides anabólicos androgênicos. Foram excluídos os indivíduos com histórico conhecido de doença cardiovascular ou respiratória, diabetes, hipertensão, desordem hormonal e lesão muscular.  Os pesquisadores realizaram avaliação antropométrica e teste para mensurar a força na semana anterior ao início do treinamento dos voluntários e após oito semanas. Os participantes foram divididos randomicamente em três grupos experimentais: Grupo Placebo (GP), Grupo Creatina com Saturação (GCSat) e Grupo Creatina (GC).concluíram que a suplementação da Creatina de forma saturada não apresentou resultados significativos da forma que comparado ao grupo GC, e que a suplementação de creatina, seja com ou sem saturação, associada ao treinamento de força periodizado, promove modificações positivas na composição corporal e aumento dos níveis de força máxima.  
BONILLA et. al (2021)Estudo piloto, controlado, randomizado, cego e de medidas realizadas antes e depois (realizadas antes da exposição ao protocolo de estudo e após as 8 semanas), em 23 homens treinados (> 2 anos de experiência em treinamento resistido, com 26,6 ± 8,1 anos, 176,3 ± 6,8 cm de altura, 75,6 ± 8,9 kg de peso corporal). O grupo controle manteve a dieta e regime de treino habitual, sem administração de placebo.Protocolo de suplementação de creatina monoidratada com 0,1 g/ kg/dia durante oito semanas.Melhorias significativas foram observadas após o programa de treino com método cluster-set nos participantes suplementados com ou sem creatina nas principais variáveis estudadas (ou seja, percentual de gordura corporal total, massa gorda, massa livre de gordura corporal total, massa gorda de membros inferiores e massa livre de gordura dos membros inferiores). No entanto, efeitos maiores foram observados no grupo que fez uso da suplementação em relação à massa livre de gordura de corpo inteiro (0,64 versus 0,16), massa livre de gordura de membros inferiores (0,62 versus 0,18) e 1RM no agachamento (1,23 versus 0,75) quando comparado ao grupo que foi treinado com método cluster-set sem suplementação. A potência muscular dos membros inferiores melhorou após a suplementação de creatina (Dunb = 0,44, resultado considerado moderado) sem alterações significativas nos demais grupos. Ou seja, oito semanas de suplementação de creatina mais uma dieta prescrita com 39 kcal/kg de massa livre de gordura (MLG) com 5g/kg de MLG/dia de carboidratos, 2,5g/kg de MLG/dia de proteína e 1g/kg de MLG/dia de gorduras durante um programa de treinamento resistido com método cluster-set tem maior significância clínica na composição corporal dos membros inferiores e variáveis relacionadas à força em homens treinados do que o mesmo método de treino sozinho.  
HUMMER et al. (2019)Foi realizado um estudo de controle duplo-cego randomizado com medidas de antes e depois com 16 homens e 6 mulheres.A suplementação foi ingerida por um total de 6 semanas, sendo administrada 1 dose por dia do suplemento (MIPS) ou placebo de acordo com o grupo, diluído em água e acompanhado com uma refeição após o treino. O suplemento MIPS foi formulado com: 4 g de creatina, 857 mg de fósforo, 286 mg de magnésio, 171 mg de cálcio, 171 mg de potássio e 114 mg de sódio. O grupo placebo recebeu 5.599mg de maltodextrina.Para 1RM no agachamento, o grupo MIPS apresentou um aumento significativo de 13,4% enquanto o placebo apresentou uma diminuição de − 0,2%. O MIPS apresentou também aumento significativo de 5,9% e placebo apresentou um aumento não significativo de 0,7% na força máxima do supino. O grupo MIPS apresentou um aumento significativo no trabalho concêntrico total de 26% comparado com uma ligeira diminuição de -3,4% para o grupo placebo; a potência média também teve um aumento significativo de 17,9% para o teste de supino até a falha com 80% da sua carga para 1RM. O suplemento foi considerado benéfico para indivíduos treinados recreativamente em comparação com um placebo.  
MEDEIROS et al. (2010)Avaliado no período de seis dias com 27 mulheres fisicamente ativas, com idade de 23 anosUtilizado 20 g de creatina diariamente.Foi verificado no final do estudo que a suplementação de creatina aumentou significativamente a força, com incrementos de 7,85%, 7,31% e 5,52% para a primeira, segunda e terceira séries, respectivamente.  
BATISTA et al., (2012)Realizado com 20 homens praticantes de musculação.Foram suplementados com creatina e avaliou-se as variáveis antropométricas e resultante força máxima. Os participantes foram divididos em 2 grupos sendo: experimental (20 g/dia de creatina por 6 dias e 2 a 5 g/dia por 15 dias e treinamento de força) e controle (treinamento de força).  Os resultados mostraram que o grupo experimental apresentou ganhos significativos na resultante força quando comprado ao grupo controle. Além disso, o grupo experimental apresentou ganhos expressivos na massa corporal, perímetro do braço, antebraço direito e tórax em relação ao grupo controle.
MARTINS et al., (2020)Estudo exploratório controlado randomizado com 12 voluntários do sexo masculino, divididos em grupo placebo (GP), estável (Cr G-1) e sobrecarga (Cr G-2), avaliados.Para a suplementação dos voluntários, foram utilizadas creatina e o placebo maltodextrina sem sabor). O grupo Cr- G- 1 (sem sobrecarga de creatina) consumiu 0,03 g de creatina/kg de massa corporal por durante 4 semanas. O grupo Cr-G-2 (com sobrecarga de creatina) consumiu 0,3 g de creatina/kg de massa corporal por 1 semana, seguido por 3 semanas com o consumo de 0,03 g de creatina/kg de massa corporal. Já o GP (grupo placebo), consumiu 0,03 g de maltodextrina/kg de massa corporal por 4 semanas.A massa corporal (MC) só sofreu um aumento significativo após o protocolo de sobrecarga (Cr-G-2) pelos homens com um aumento aproximado de 2,5kg (descrito como aumento provável em razão do aumento do volume de água intracelular, caracterizando uma hipertrofia sarcoplasmática, e não miofibrilar). Não foi observado ganho significativo no desempenho da força medida por dinamometria de mão, nem no teste de flexão de braço. Assim, a intervenção estratégica por 1 semana de 0,3g/kg de massa corporal/dia seguida de 3 semanas de consumo de creatina de 0,03g de creatina se mostrou efetiva para o aumento da massa corporal e possível hipertrofia de braço e coxa. Já os efeitos ergogênicos, não observaram nenhum impacto. A força não foi alterada, independentemente do tipo de protocolo utilizado ao longo de quatro semanas.

6. DISCUSSÃO

HUNGER et al. (2009) realizaram um estudo durante oito semanas, onde a amostra foi composta por 27 homens, com idade média de 22 a 27 anos, praticantes de treinamento de força a pelo menos nos 12 meses, não fumantes e não usuários de esteroides anabólicos androgênicos. Foram excluídos os indivíduos com histórico conhecido de doença cardiovascular ou respiratória, diabetes, hipertensão, desordem hormonal e lesão muscular. Os pesquisadores realizaram avaliação antropométrica e teste para mensurar a força na semana anterior ao início do treinamento dos voluntários e após oito semanas.

Os participantes foram divididos randomicamente em três grupos experimentais: Grupo Placebo (GP), Grupo Creatina com Saturação (GCSat) e Grupo Creatina (GC). Os exercícios selecionados para os testes de 1RM (teste de uma repetição máxima) foram realizados na seguinte ordem: supino reto com barra, agachamento com barra livre, puxador frontal, mesa flexora, rosca direta, flexão plantar sentado, desenvolvimento com barra e tríceps. HUNGER et al. (2009), concluíram que a suplementação da Creatina de forma saturada não apresentou resultados significativos da forma que comparado ao grupo GC, e que a suplementação de creatina, seja com ou sem saturação, associada ao treinamento de força periodizado, promove modificações positivas na composição corporal e aumento dos níveis de força máxima.

Outro estudo randomizado controlado cego com aplicação de medidas repetidas antes e pós-intervenção realizado por BONILLA et. al (2021) teve por objetivo avaliar os efeitos da suplementação de creatina com um contexto de dieta hiper proteica e treinamento resistido com curtos períodos de descanso.Nesse estudo de BONILLA et al. (2021), participaram 23 adultos jovens (18 a 35 anos) saudáveis com mais de 2 anos de experiência de treino, divididos de forma aleatória em três grupos: suplementação de creatina + treinamento (n=8), placebo + treinamento (n=8) e controle (n=7). Os grupos experimentais tiveram prescrição nutricional (39 kcal/kg de MLG nas quais 5g/kg de MLG/dia era de carboidratos, 2,5g/kg de MLG/dia de proteína e 1g/kg de MLG/dia de gorduras) e aplicação de método específico de treino com curtos periodos de descanso, enquanto o grupo controle foi orientado a manter a alimentação e treinamento habituais. Foi aferida a massa livre de gordura dos membros inferiores com o DEXA e a força muscular (SQ-1RM e CMJ) medidos pré e pós-intervenção. Observou-se que houve melhorias significativas nos dois grupos experimentais, porém, o efeito foi maior no grupo que suplementou com a creatina em relação à massa livre de gordura corporal total e dos membros inferiores, bem como no agachamento para 1RM e CMJ. Mesmo com a amostra reduzida, integrada por homens e com um curto período de 8 semanas de intervenção, o protocolo de suplementação diário com as variáveis dieta e treinamento ajustados se mostraram eficientes para melhorias na composição corporal e no ganho de performance.

HUMMER et al. (2019) constatou na sua pesquisa clínica que a suplementação de creatina por meio de um suplemento multi-ingredientes formulado também com eletrólitos proporcionou um aumento de força para realização no supino em 5,9% e 13,4% no agachamento após o período de 6 semanas quando comparado ao grupo placebo, em razão do aumento dos estoques de creatina disponível, proporcionando um aumento do uso do sistema fosfagênio com eficiência e consequentemente aumentando o desempenho nas últimas repetições. Participaram 22 indivíduos entre 19 e 24 anos praticantes regulares de treinamento de força há pelo menos 6 meses anteriores à intervenção, sem qualquer lesão que pudesse inibir o treinamento, sem suplementação de creatina por pelo menos 1 mês antes da participação, e livre de qualquer disfunção endócrina ou doenças renais que pudessem afetar sua depuração de creatina. Pôde observar que suplemento foi considerado benéfico para indivíduos treinados recreativamente em comparação ao placebo para essa população estudada, sendo os maiores efeitos percebidos na força máxima do supino e do agachamento, bem como nos testes de repetição até a falha no supino.

Já outro estudo realizado por Medeiros et al. (2010), no período de seis dias com 27 mulheres fisicamente ativas, com idade de 23 anos, sendo utilizado 20 g de creatina diariamente, foi verificado no final do estudo que a suplementação de creatina aumentou significativamente a força, com incrementos de 7,85%, 7,31% e 5,52% para a primeira, segunda e terceira séries, respectivamente.

Juntamente com outro estudo realizado com 20 homens, praticantes de musculação foram suplementados com creatina e avaliou-se as variáveis antropométricas e resultante força máxima. Os participantes foram divididos em 2 grupos sendo: experimental (20 g/dia de creatina por 6 dias e 2 a 5 g/dia por 15 dias e treinamento de força) e controle (treinamento de força). Os resultados mostraram que o grupo experimental apresentou ganhos significativos na resultante força quando comprado ao grupo controle. Além disso, o grupo experimental apresentou ganhos expressivos na massa corporal, perímetro do braço, antebraço direito e tórax em relação ao grupo controle (BATISTA et al., 2012).

Já no estudo realizado no qual 12 indivíduos do sexo masculino entre 19 e 30 anos, praticantes regulares de musculação por no mínimo 3 meses, divididos aleatoriamente em três grupos: Grupo Placebo (GP), Grupo Creatina sem Fase de Sobrecarga (Cr G-1) e Grupo Creatina com Fase de Sobrecarga (Cr G-2), não teve ganho significativo identificado no desempenho da força medida por dinamometria de mão, nem no teste de flexão de braço, sendo irrelevante a melhora da força. Ainda no âmbito dos efeitos, constatou que houve um aumento na massa corporal de 75,9 kg para 78,3 kg, hipertrofia mensurada pela circunferência do braço de 33,7 cm para 34,5 cm e da coxa de 57,4 cm para 59,2 cm nos indivíduos do grupo Cr G-2 que fez o protocolo de sobrecarga de 0,3g de creatina/kg no período de uma semana, seguido por uma dose de manutenção de 0,03g/kg de creatina pelo período de 3 semanas. Ainda assim, ambas formas de suplementação não foram suficientes para impactar o rendimento físico (MARTINS et al. 2020).

Considerando os resultados do estudo, foi constatato efeitos positivos da suplementação de creatina sobre a força e hipertrofia muscular. Alguns resultados foram divergentes em comparação aos outros estudos devido ao seu metodo de aplicação de pesquisa.  Em relação ao desempenho muscular, a maioria dos estudos concluiu que a creatina é segura para consumo a longo prazo, e até o momento não foram encontradas pesquisas que demonstrem quaisquer efeitos adversos à saúde provocados pela creatina.

CONCLUSÃO

A suplementação de creatina no treinamento de força de forma adequada exerce efeitos que podem contribuir em treinamentos de força melhorando o desempenho da força muscular e na massa magra.

Considerando os resultados do estudo, foi constatato efeitos positivos da suplementação de creatina sobre a força e hipertrofia muscular. Alguns resultados foram divergentes em comparação aos outros estudos devido ao seu metodo de aplicação de pesquisa.  Em relação ao desempenho muscular, a maioria dos estudos concluiu que a creatina é segura para consumo a longo prazo, e até o momento não foram encontradas pesquisas que demonstrem quaisquer efeitos adversos à saúde provocados pela creatina.

Entretanto a suplementação de creatina ainda demonstra muitas particularidades a serem estudadas e o assunto ainda necessita de pesquisas bem monitoradas para avaliar seus efeitos.

REFERÊNCIAS

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