EFEITOS CAUSADOS NO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE OBRAS PELA AUSÊNCIA DE CONTRATAÇÃO DE UM PROFISSIONAL TÉCNICO E QUALIFICADO.¹

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202411092150


Gilmar Naves de Oliveira2
Fernando Barbosa de Sousa3
Me.  Gilson C. de Moraes4


1. RESUMO

Os atrasos em obras geralmente estão relacionados ao descumprimento de responsabilidades e ao não cumprimento dos prazos de conclusão previamente estabelecidos para as atividades. Esses atrasos resultam, frequentemente, em queda de rentabilidade e prejuízos para todas as partes envolvidas. No cenário atual, marcado por alta competitividade no setor da construção, tanto no mercado nacional quanto internacional, as empresas são forçadas a revisar e aprimorar suas estratégias e técnicas para aumentar a produtividade, sem perder de vista aspectos cruciais como prazos, custos e qualidade. No entanto, além desses fatores, destaca-se a falta de profissionais técnicos qualificados para a gestão de obras como um dos principais problemas enfrentados. A ausência de mão de obra capacitada afeta diretamente a eficiência no planejamento e execução, agravando os problemas de atrasos e contribuindo para o aumento dos custos e compromissos não atendidos. Ao contratar um engenheiro para uma construção ou reforma, muitos veem isso como um custo adicional, quando, na verdade, é um investimento. Profissionais qualificados ajudam a prevenir desperdícios e retrabalhos, garantindo segurança, conforto e sustentabilidade à obra. Este trabalho destaca as vantagens de uma gestão eficiente e os benefícios que um planejamento adequado traz para o controle e execução de cada fase do projeto, otimizando resultados e minimizando problemas. Nesse contexto, a escolha do tema e a elaboração deste trabalho de investigação são justificadas pelo objetivo de identificar as principais causas desses atrasos e analisar o impacto positivo de um profissional qualificado atuando na gestão de obras.

Palavras-chave: Atrasos. Gestão. Produtividade. Qualificados.

2. INTRODUÇÃO

A construção civil desempenha um papel vital na economia brasileira, sendo responsável por uma significativa parcela do Produto Interno Bruto (PIB) e pela criação de empregos. No entanto, o setor enfrenta desafios que comprometem sua eficiência, sendo um dos principais problemas a ausência de profissionais técnicos qualificados. A falta de supervisão adequada na execução de projetos resulta em atrasos, retrabalhos e, frequentemente, em custos adicionais que impactam tanto a rentabilidade quanto a segurança das obras.

Este trabalho tem como objetivo analisar os efeitos causados no planejamento e controle de obras pela falta de contratação de um profissional técnico qualificado. A pesquisa explora a inter-relação entre a ausência de supervisão e as dificuldades enfrentadas nas obras, incluindo a leitura inadequada de projetos e a negligência com a segurança do trabalho. Esses fatores, frequentemente, culminam em atrasos significativos que afetam a qualidade e a entrega dos empreendimentos.

A contextualização do tema evidencia a importância de abordar as consequências da falta de qualificação técnica no setor, uma vez que os dados mostram um alto índice de analfabetismo funcional entre a população que atua na construção civil. O referencial teórico discute como essa carência de formação e o despreparo dos profissionais impactam diretamente na gestão das obras, dificultando a execução dentro dos prazos e orçamentos estabelecidos. Além disso, destaca a necessidade de soluções que promovam a valorização da educação técnica, a fim de transformar o setor em um ambiente mais seguro e eficiente.

A contratação de profissionais qualificados é vista por muitos como um gasto desnecessário, quando, na verdade, representa um investimento que garante a qualidade, segurança e eficiência no processo construtivo. Segundo Costa et al. (2020), o acompanhamento de um engenheiro ou arquiteto pode reduzir desperdícios, retrabalhos e problemas futuros, assegurando que o empreendimento siga dentro dos prazos e do orçamento previstos. A ausência de planejamento, como ressalta Silva (2019), contribui diretamente para o aumento de custos e para a ocorrência de patologias na edificação.

Além disso, as entidades reguladoras, como o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), têm intensificado suas ações de fiscalização com o objetivo de garantir que as obras sigam as normas vigentes e possuam a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), conforme destacado por Lima et al. (2022). Essas medidas visam conscientizar os proprietários sobre a importância de uma obra tecnicamente acompanhada e devidamente registrada.

Diante desse cenário, tem-se como objetivo, explorar as principais causas dos atrasos em obras, analisando suas implicações para o setor da construção civil e a importância do planejamento adequado para a execução de empreendimentos bem-sucedidos. Por meio da revisão da literatura e da análise de casos recentes, esta pesquisa pretende contribuir para uma melhor compreensão dos fatores que influenciam o sucesso das obras e o impacto que a gestão qualificada pode ter na construção civil moderna.

3. CONTEXTUALIZAÇÃO

A construção civil é um setor vital para o desenvolvimento econômico e social de um país, e no Brasil, esse setor enfrenta uma série de desafios que impactam sua eficiência. Entre os problemas mais críticos estão os atrasos nas obras, que são frequentemente atribuídos à falta de planejamento e à ausência de profissionais técnicos qualificados. Essa carência de mão de obra capacitada compromete a execução de projetos, levando a retrabalhos, desperdícios e aumento nos custos, o que afeta não apenas os empreendimentos, mas também a reputação das empresas envolvidas.

A metodologia utilizada para abordar esse tema consistiu em uma revisão bibliográfica que analisou artigos e publicações de 2019 a 2023. Essa abordagem teórica possibilitou a identificação dos principais fatores que contribuem para os atrasos nas obras, como a leitura inadequada de projetos, a negligência com a segurança do trabalho e a falta de um profissional técnico qualificado para supervisionar as atividades. As fontes de pesquisa incluíram bases de dados respeitáveis, como PubMed e SciELO, garantindo a qualidade e a relevância das informações coletadas.

Além da revisão bibliográfica, a análise dos dados extraídos permitiu uma visão abrangente das implicações da ausência de um profissional qualificado. Foi possível identificar que a falta de supervisão técnica não apenas aumenta o risco de atrasos, mas também compromete a segurança e a qualidade das obras, gerando prejuízos significativos tanto financeiros quanto reputacionais. As informações foram organizadas em categorias temáticas, facilitando a compreensão das relações entre os fatores envolvidos.

Outro ponto importante identificado foi a negligência com a segurança do trabalho. A ausência de um engenheiro responsável resulta em uma implementação inadequada das Normas Regulamentadoras (NRs), aumentando a probabilidade de acidentes e, consequentemente, atrasos na execução das obras. A falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a ausência de um ambiente seguro impactam diretamente na moral e na produtividade dos trabalhadores, gerando um ciclo vicioso que agrava os problemas de gerenciamento de obras.

Em conclusão, a pesquisa evidenciou que a contratação de um profissional técnico e qualificado é essencial para garantir um planejamento eficaz e um controle adequado das obras. A presença desse profissional não apenas minimiza os riscos de atrasos, mas também assegura a conformidade com normas técnicas e de segurança, otimizando os resultados do empreendimento. Sem essa supervisão, as consequências são sérias, afetando não apenas o andamento da obra, mas também a segurança dos trabalhadores e a sustentabilidade financeira das empresas de construção.

Portanto, a ausência de profissionais qualificados na gestão de obras deve ser considerada um dos principais obstáculos para a eficiência do setor da construção civil no Brasil. A solução para esse problema passa pela valorização da formação técnica e pela conscientização das empresas sobre a importância de investir na qualificação de seus profissionais, assegurando assim um futuro mais promissor e sustentável para a indústria da construção.

4. PROBLEMA A SER ABORDADO

O setor da construção civil no Brasil enfrenta uma série de desafios que comprometem sua eficiência e eficácia. Entre os problemas mais significativos, destaca-se a falta de profissionais técnicos qualificados. A ausência de engenheiros e supervisores capacitados resulta em uma gestão inadequada das obras, levando a um aumento considerável nos prazos de entrega e nos custos financeiros. Esse problema é fundamental para compreender as causas dos atrasos e os impactos que eles têm sobre o setor.

Outro ponto crítico a ser abordado é a leitura inadequada de projetos de engenharia. A falta de compreensão e interpretação correta dos desenhos e especificações técnicas pode levar a erros durante a execução das obras. Esses erros não só atrasam o cronograma, mas também podem resultar em retrabalhos e desperdício de materiais, exacerbando a situação. A ênfase na necessidade de uma leitura correta dos projetos é vital para garantir a qualidade e a conformidade dos trabalhos executados.

A negligência com a segurança do trabalho é mais um problema que deve ser discutido. A ausência de um acompanhamento técnico adequado pode levar à não conformidade com as Normas Regulamentadoras (NRs), resultando em um ambiente de trabalho inseguro. Isso aumenta o risco de acidentes, o que não apenas coloca a vida dos trabalhadores em perigo, mas também gera atrasos significativos nas obras, além de custos adicionais com indenizações e multas.

Além disso, a falta de planejamento e controle efetivo das obras é um aspecto que merece atenção. A ausência de um profissional técnico qualificado para supervisionar e organizar as atividades pode resultar em um planejamento deficiente, que não considera os prazos e custos necessários. Isso gera um efeito cascata, onde a ineficiência em uma fase do projeto repercute nas fases subsequentes, comprometendo o resultado final.

A investigação sobre a motivação dos atrasos também é crucial. Compreender as razões por trás dos atrasos nas obras é fundamental para o desenvolvimento de estratégias que mitigam esses problemas. A análise das causas, como a falta de comunicação entre equipes e a desorganização, pode oferecer insights valiosos para melhorar a gestão de obras no Brasil.

Por fim, o TCC abordará a necessidade de um investimento na formação técnica e qualificação dos profissionais da construção civil. Discutir como a valorização da educação e a conscientização das empresas sobre a importância de contratar profissionais qualificados pode ser a chave para superar os desafios enfrentados pelo setor. Essa abordagem visa não apenas resolver os problemas atuais, mas também criar um ambiente mais sustentável e eficiente para o futuro da construção civil no Brasil.

5. HIPÓTESES

  • A falta de profissionais técnicos e qualificados em obras de construção civil resulta em um planejamento inadequado e na execução ineficiente das atividades, levando a atrasos significativos na entrega dos projetos;
  • A ausência de supervisão técnica qualificada contribui para a negligência nas normas de segurança do trabalho, aumentando a probabilidade de acidentes e, consequentemente, provocando paralisações e atrasos nas obras;
  • Profissionais não qualificados são mais propensos a interpretar erroneamente os projetos de engenharia, o que gera retrabalhos e desperdícios, impactando negativamente no cronograma e nos custos do empreendimento;
  • A falta de um engenheiro ou supervisor qualificado resulta em uma comunicação ineficaz entre as equipes envolvidas no projeto, o que pode levar a desentendimentos, atrasos nas decisões e falhas na coordenação das atividades;
  • A contratação de profissionais não qualificados pode parecer uma economia inicial, mas acaba gerando custos a longo prazo devido a atrasos, retrabalhos e problemas de segurança, que superam os custos de uma contratação adequada.

Essas hipóteses podem ser testadas e analisadas ao longo do TCC, proporcionando uma compreensão mais profunda das consequências da ausência de profissionais técnicos qualificados no setor da construção civil.

6. OBJETIVOS

6.1 Objetivo geral

  • Analisar os efeitos causados no planejamento e controle de obras pela ausência de contratação de um profissional técnico e qualificado, identificando as implicações dessa falta no desempenho das obras de construção civil no Brasil.

6.2 Objetivos específicos

  • Investigar como a ausência de supervisão técnica impacta no cronograma, na eficiência das atividades e na qualidade dos resultados finais.
  • Analisar como a falta de conhecimento técnico pode resultar em erros de interpretação, retrabalhos e desperdícios, afetando a conclusão dos projetos.
  • Investigar como a ausência de um engenheiro qualificado contribui para a falta de cumprimento das normas de segurança, aumentando os riscos de acidentes e atrasos nas obras.
  • Sugerir recomendações que promovam a contratação de profissionais técnicos e a valorização da educação profissional, visando melhorar a gestão e a execução de obras no Brasil.

7. JUSTIFICATIVA

A escolha de abordar os “Efeitos Causados no Planejamento e Controle de Obras pela Ausência de Contratação de um Profissional Técnico e Qualificado” é de extrema relevância, dado o contexto atual do setor da construção civil no Brasil. Este segmento desempenha um papel crucial na economia nacional, sendo responsável por uma significativa parcela do Produto Interno Bruto (PIB) e pela geração de empregos. Contudo, enfrenta desafios estruturais que comprometem sua eficiência e produtividade, refletindo a necessidade urgente de melhorias nas práticas de gestão.

A ausência de profissionais técnicos qualificados nas obras não é um problema isolado, mas um fator que desencadeia uma série de consequências adversas. A falta de um engenheiro ou supervisor experiente leva a um planejamento deficiente, à leitura inadequada dos projetos e à negligência nas normas de segurança do trabalho. Esses aspectos não apenas impactam o cronograma e os custos das obras, mas também colocam em risco a segurança dos trabalhadores e a qualidade final do empreendimento. Discutir esses pontos é essencial para entender como a capacitação e a formação técnica influenciam a eficácia na execução de projetos.

Além disso, a realidade do setor é marcada por um alto índice de atrasos e retrabalhos, que são frequentemente associados à falta de qualificação. Estimativas indicam que a maioria das obras no Brasil enfrenta dificuldades de cumprimento de prazos, gerando prejuízos financeiros e insatisfação entre clientes e investidores. Assim, investigar a relação entre a falta de profissionais qualificados e os atrasos nos projetos é uma maneira de contribuir para a melhoria das práticas de gestão na construção civil.

Por outro lado, este tema se alinha à necessidade de promover a valorização da educação técnica e profissionalizante no país. Discutir a importância da qualificação na gestão de obras não apenas abre espaço para reflexões sobre as políticas educacionais, mas também estimula um debate mais amplo sobre o desenvolvimento sustentável do setor. Uma força de trabalho mais capacitada pode, sem dúvida, contribuir para a inovação e a eficiência, fundamentais em um mercado tão competitivo.

Em suma, a relevância deste tema reside na sua capacidade de oferecer soluções práticas e embasadas para os problemas enfrentados pela construção civil, propondo um caminho para a profissionalização e a melhoria contínua do setor. Ao abordar esses pontos, o TCC não apenas busca identificar e analisar os desafios atuais, mas também contribuir para a formação de um futuro mais sustentável e eficiente para a construção no Brasil.

8. REFERENCIAL TEÓRICO

8.1 Nível de educação e a escolaridade na Construção Civil

No Brasil, diferentemente de outras populações nativas da América do Sul que desenvolveram suas próprias formas de linguagem e comunicação, as comunidades indígenas não avançaram no desenvolvimento de um sistema próprio de escrita, uma vez que já existia uma língua predominante nas regiões habitadas. A primeira tentativa de alfabetização em solo brasileiro ocorreu por meio da Igreja Católica com a chegada dos jesuítas durante o período colonial. O ensino jesuítico, com foco estratégico nas escrituras sagradas, concentrava-se no aprendizado da leitura, escrita e cálculo (SANTOS, 2020).

As atividades educacionais dessa época giravam em torno do acesso aos textos religiosos, incluindo catecismos e cantos sacros, além de ensinar o cálculo de datas comemorativas religiosas. O objetivo era moldar os indígenas aos costumes europeus, utilizando a fé católica como meio para integrar os “selvagens” à cultura portuguesa, com o intuito de dominar recursos naturais e humanos (MENDES, 2021). Essa abordagem educacional visava domesticar a cultura nativa e transformar a colônia em um empreendimento lucrativo, utilizando os recursos em larga escala disponíveis no Brasil (ALMEIDA, 2020).

A educação oferecida pelos colonizadores portugueses inseriu o Brasil no cenário da cultura ocidental através de uma metodologia que articulava a colonização dos povos nativos, a educação formal e a catequese católica. Nesse processo, houve um apagamento das práticas educativas já existentes entre as diversas populações indígenas, evidenciando um interesse maior em explorar a colônia economicamente do que em respeitar as tradições culturais locais (SILVA, 2020).

Ferraro (2021) destaca que a ampliação do período de estudo obrigatório, implementada sem a devida infraestrutura educacional e sem a garantia de ensino gratuito e de qualidade, foi desordenada e inadequada. Além disso, a legislação permitia a entrada de jovens no mercado de trabalho a partir dos 12 anos, priorizando o trabalho manual e a sobrevivência física em detrimento da educação formal, o que evidenciava a lógica capitalista de acumulação e expansão econômica.

Mesmo nos dias atuais, o Brasil ainda enfrenta altos índices de analfabetismo. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de 2021 mostram que cerca de 6,6% da população brasileira com 15 anos ou mais ainda não sabe ler ou escrever, o que corresponde a mais de 11 milhões de pessoas (IBGE, 2021). As taxas de analfabetismo variam conforme a região, sendo maiores no Nordeste, com 13,9%, e menores no Sudeste e Sul, onde atingem cerca de 2,5%. Além disso, o analfabetismo é mais prevalente entre pessoas com 60 anos ou mais, alcançando 19,1% nessa faixa etária (MOURA, 2022).

A raiz do problema da educação no Brasil, desde os tempos coloniais, está profundamente ligada à forma como os colonizadores lidaram com o conhecimento e o controle da população nativa. A ausência de um sistema educacional próprio e a imposição de normas e valores europeus, principalmente através da Igreja Católica, resultaram em um processo de aculturação que negligenciou os saberes e práticas locais. Esse contexto histórico de desprezo pelo conhecimento técnico e científico dos povos indígenas, como discutido por Almeida (2020), criou uma base frágil para o desenvolvimento de uma cultura educacional sólida no Brasil, refletindo-se até os dias atuais. Essa fragilidade educacional histórica se conecta diretamente com a realidade enfrentada atualmente no setor da construção civil, onde a falta de qualificação profissional é uma das principais causas dos atrasos na gestão de obras.

A relação entre a precariedade do sistema educacional e os problemas de gestão de obras é evidente quando se observa que muitas obras no Brasil, especialmente em áreas menos desenvolvidas, são conduzidas por profissionais sem a formação técnica adequada. Ferraro (2021) aponta que, durante a fase de expansão econômica, o foco do sistema era a sobrevivência física e o trabalho braçal, sem dar a devida atenção à capacitação intelectual e técnica dos trabalhadores. Hoje, essa herança histórica se reflete no setor da construção civil, onde a falta de planejamento adequado e a contratação de profissionais não qualificados resultam em falhas na execução e consequentes atrasos, prejudicando a eficiência e os custos das obras.

Esse cenário é agravado pela percepção, ainda comum entre muitos brasileiros, de que a contratação de profissionais qualificados, como engenheiros e arquitetos, é um custo desnecessário. Mendes (2021) ressalta que essa mentalidade é fruto de uma visão cultural construída ao longo de séculos, onde o acesso à educação de qualidade sempre foi restrito a uma parcela pequena da população. A falta de investimentos na formação técnica e a valorização insuficiente dos profissionais especializados levam à proliferação de obras mal planejadas e conduzidas por trabalhadores sem a devida qualificação, resultando em desperdícios, retrabalhos e, inevitavelmente, atrasos nos cronogramas.

Além disso, a carência de uma gestão adequada, que deveria começar na fase de planejamento das obras, muitas vezes leva a improvisações e decisões mal fundamentadas, criando um ciclo vicioso de ineficiência. Silva (2020) observa que, sem um gestor qualificado para liderar cada etapa do projeto, o risco de erros aumenta significativamente. A ausência de um planejamento rigoroso e de profissionais com o conhecimento técnico necessário compromete diretamente a capacidade de cumprir prazos e manter os custos dentro do previsto. Assim, a educação e a qualificação profissional inadequadas geram impactos severos não apenas na qualidade final das obras, mas também na própria economia do país.

Por fim, a falta de profissionais capacitados e o desprezo histórico pelo valor da educação técnica também influenciam negativamente a fiscalização e o controle das obras. Moura (2022) destaca que, apesar dos esforços do CREA e CAU para fiscalizar a execução correta das obras por meio da ART e RRT, a realidade é que muitas obras continuam sendo realizadas de maneira irregular, sem o acompanhamento de responsáveis técnicos qualificados. Isso perpetua o ciclo de atrasos e prejuízos, prejudicando a competitividade das empresas de construção e impactando o desenvolvimento econômico. Portanto, é imprescindível que se invista na educação técnica e na valorização dos profissionais qualificados para romper com essa herança histórica e promover uma gestão eficiente e bem-sucedida no setor da construção civil.

8.2 Leitura correta de projetos de Engenharia

A leitura correta de projetos de engenharia é um dos pilares fundamentais para a execução de uma obra eficiente e dentro dos prazos estabelecidos. O projeto, composto por diversos documentos técnicos e gráficos, é a base sobre a qual todas as decisões de construção são tomadas. Quando há falhas na interpretação dessas informações, a obra pode sofrer sérios desvios de planejamento, resultando em atrasos, retrabalhos e aumento de custos. Segundo Silva (2021), a falta de clareza na compreensão dos projetos é um dos principais fatores que contribuem para o atraso nas obras no Brasil, especialmente quando os responsáveis não possuem a qualificação necessária para interpretar os detalhes técnicos de maneira adequada.

Um dos desafios na leitura correta de projetos é a diversidade de disciplinas envolvidas. Em uma obra de engenharia, diferentes tipos de projetos – como o arquitetônico, estrutural, elétrico, hidráulico, e de infraestrutura – precisam ser integrados. Cada um desses projetos possui suas particularidades, e a falta de entendimento sobre como essas áreas interagem pode gerar conflitos durante a execução. Conforme mencionado por Mendes (2020), a incapacidade de realizar essa integração adequada pode resultar em incompatibilidades no campo, obrigando ajustes de última hora e paradas no cronograma, impactando diretamente o prazo final da obra.

Adicionalmente, a leitura de projetos de engenharia envolve a compreensão de normas técnicas e legislações vigentes, que muitas vezes são complexas e variam conforme a localidade. Profissionais sem experiência ou com pouca capacitação podem falhar em seguir corretamente essas normas, o que pode resultar em obras que não atendem às regulamentações, levando a embargos ou necessidade de refazer partes já construídas. A falta de atualização sobre essas legislações também é um fator crítico, como destaca Costa (2022), visto que mudanças nas normas, se não observadas, podem trazer consequências legais e mais atrasos no andamento das construções.

Um outro aspecto relevante é o uso de softwares de modelagem e desenho técnico, que têm se tornado cada vez mais comuns no setor da construção civil. Programas como AutoCAD, Revit e outros são ferramentas essenciais para a criação e leitura de projetos. No entanto, a falta de familiaridade com esses softwares por parte dos profissionais de obra pode criar uma lacuna entre o projeto planejado e o executado. Rodrigues (2023) argumenta que a introdução de novas tecnologias, sem a capacitação adequada dos profissionais, resulta em falhas de comunicação e interpretações incorretas, que podem se refletir em grandes retrabalhos, aumentando os custos e os prazos da obra.

Outro ponto crítico na leitura correta dos projetos é a necessidade de uma comunicação clara entre todos os envolvidos no processo de construção. Muitas vezes, as informações dos projetos não são repassadas de maneira adequada para a equipe de campo, o que gera erros de execução. Profissionais de obra precisam estar em constante comunicação com engenheiros e arquitetos para sanar dúvidas e alinhar a execução com o planejado. A falta dessa comunicação pode levar a interpretações equivocadas, resultando em atrasos e aumento de custos, como afirma Santos (2019).

Além disso, o tempo necessário para corrigir os erros causados por uma leitura inadequada do projeto pode comprometer severamente o cronograma geral da obra. Um erro na execução de uma etapa pode ter um efeito cascata nas etapas subsequentes, criando um acúmulo de atividades não finalizadas que, eventualmente, resultam em um atraso significativo na entrega do empreendimento. Mendes (2020) observa que a falta de atenção aos detalhes do projeto durante a leitura inicial é uma das principais causas de retrabalho nas obras, afetando tanto o orçamento quanto o cronograma estabelecido.

É importante ressaltar que a leitura correta de projetos é uma habilidade que deve ser continuamente aprimorada. Mesmo profissionais experientes precisam estar atualizados quanto às novas técnicas e metodologias utilizadas no mercado da construção civil. A introdução de conceitos como o Building Information Modeling (BIM), que permite uma visão integrada e tridimensional dos projetos, exige dos profissionais uma nova forma de interpretar e coordenar os diferentes elementos da construção. De acordo com Silva (2021), a adoção de novas tecnologias sem a devida capacitação pode aumentar os riscos de erros e atrasos, reforçando a necessidade de investimento contínuo em treinamento.

No contexto dos atrasos em obras, é evidente que a leitura inadequada de projetos pode agravar o problema, já que afeta diretamente a execução do cronograma e a eficiência do processo construtivo. Em muitas situações, a presença de profissionais não qualificados no canteiro de obras é uma das principais causas dessas falhas. A falta de habilidade para interpretar corretamente os projetos, combinada com a ausência de uma gestão eficiente, resulta em uma execução desordenada e fora dos padrões esperados, levando a um aumento dos custos e, principalmente, à extensão dos prazos de conclusão.

Concluindo, a leitura correta de projetos de engenharia é fundamental para garantir o sucesso de uma obra. A falta de qualificação dos profissionais envolvidos, aliada à ausência de uma comunicação eficiente e de uma gestão integrada, impacta diretamente a capacidade de cumprir prazos e manter a qualidade da construção. Assim, é imprescindível investir na capacitação técnica dos profissionais e na adoção de tecnologias que facilitem a interpretação e a execução dos projetos, reduzindo os riscos de atrasos e prejuízos no setor da construção civil.

8.3 Negligência com a segurança do trabalho

A negligência com a segurança do trabalho é um dos principais desafios enfrentados pela indústria da construção civil. Esse setor é conhecido por seus altos índices de acidentes e fatalidades, frequentemente decorrentes da falta de atenção às normas de segurança e à utilização inadequada de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). A ausência de medidas adequadas para garantir a segurança dos trabalhadores não apenas coloca suas vidas em risco, mas também pode acarretar sérios atrasos nas obras, uma vez que acidentes podem interromper o fluxo de trabalho e gerar custos adicionais. Segundo Silva (2020), a gestão inadequada da segurança do trabalho é uma das principais causas de atrasos e retrabalhos em projetos de construção. A Figura 1 ilustra um exemplo muito recorrente em obras de construção civil, que é a falta da utilização de vestimentas corretas junto a ausência do capacete de proteção:

Figura 1: Falta de vestimenta adequada e ausência do capacete.
Fonte: Autoria própria, 2024.

Um dos aspectos mais críticos da segurança no trabalho é a utilização correta dos EPIs. O fornecimento e o uso de equipamentos como capacetes, luvas, óculos de proteção, cintos de segurança e calçados adequados são essenciais para minimizar os riscos de acidentes. Entretanto, muitas vezes, os trabalhadores não recebem a devida instrução sobre a importância desses equipamentos, ou simplesmente não os utilizam. Ferreira (2021) destaca que a falta de EPIs não apenas aumenta a probabilidade de acidentes, mas também pode resultar em penalizações financeiras para as empresas, que são responsáveis por garantir um ambiente de trabalho seguro.

A cultura de segurança no canteiro de obras deve ser promovida por meio de treinamentos regulares e uma liderança comprometida com a saúde e segurança dos trabalhadores. No entanto, a realidade é que muitas empresas ainda veem a segurança como um gasto adicional, em vez de um investimento necessário. Segundo Santos (2022), essa mentalidade pode levar a uma abordagem reativa, onde as medidas de segurança só são implementadas após a ocorrência de um acidente, resultando em um ciclo de negligência que perpetua o problema e gera atrasos nas obras. A Figura 2 ilustra um serviço sendo realizado em altura, sem utilização correta dos EPIs e também, sem a utilização correta do andaime, equipamento utilizado de maneira corriqueira em obras:

Figura 2: Trabalho em altura de forma inadequada.
Fonte: Autoria própria, 2024.

Além disso, a falta de um planejamento adequado para a segurança do trabalho pode ter repercussões diretas na produtividade. Quando ocorrem acidentes, o canteiro de obras precisa ser interditado temporariamente, resultando em paralisações que impactam o cronograma da obra. De acordo com Rodrigues (2023), a interrupção do trabalho não só gera um efeito negativo sobre os prazos, mas também implica em custos adicionais com indenizações, retrabalho e outras medidas corretivas que podem ser necessárias após um acidente.

Outro ponto importante é que a negligência em relação à segurança do trabalho pode afetar a moral dos trabalhadores. Um ambiente de trabalho inseguro pode levar à insatisfação e ao desengajamento dos funcionários, impactando negativamente a produtividade. Quando os trabalhadores não se sentem protegidos, é provável que sua motivação diminua, resultando em uma execução menos eficiente das tarefas. Ferreira (2021) ressalta que, para garantir um desempenho ótimo, é fundamental criar uma cultura de segurança que envolva todos os níveis hierárquicos da empresa.

A gestão de segurança no trabalho também deve considerar os riscos associados a diferentes tipos de atividades realizadas no canteiro de obras. Cada tarefa tem suas particularidades e, portanto, requer uma avaliação específica dos riscos envolvidos. O planejamento inadequado de atividades sem a devida consideração das medidas de segurança pode gerar acidentes evitáveis. Santos (2022) aponta que a falta de uma análise de riscos adequada é um fator recorrente que contribui para a ocorrência de incidentes e, consequentemente, atrasos nas obras.

Ademais, a falta de supervisão e fiscalização sobre o cumprimento das normas de segurança pode resultar em um ambiente de trabalho propenso a acidentes. A presença de um responsável pela segurança no canteiro de obras é fundamental para garantir que todos os procedimentos sejam seguidos corretamente. No entanto, muitas empresas negligenciam essa responsabilidade, o que aumenta a probabilidade de incidentes. Segundo Silva (2020), a ausência de supervisão resulta em um ambiente onde os trabalhadores podem se sentir desamparados e propensos a desrespeitar as normas de segurança.

A legislação brasileira também prevê sanções para empresas que não cumprem as normas de segurança do trabalho. A falta de conformidade pode resultar em multas e embargos, impactando diretamente a continuidade da obra e aumentando os custos para a empresa. A conformidade com as normas de segurança não é apenas uma exigência legal, mas também uma responsabilidade ética das empresas em relação à saúde de seus colaboradores. Rodrigues (2023) enfatiza que, além dos aspectos legais, a responsabilidade social deve ser uma prioridade para as empresas do setor.

Por fim, é crucial que as empresas do setor da construção civil reconheçam a segurança do trabalho como um fator essencial para o sucesso de seus projetos. Investir em treinamentos, na aquisição de EPIs adequados e na criação de uma cultura de segurança pode não apenas proteger os trabalhadores, mas também assegurar a conclusão das obras dentro do prazo e do orçamento. A negligência com a segurança é, portanto, um problema que não deve ser subestimado, pois suas consequências podem ser desastrosas tanto para a vida humana quanto para a viabilidade financeira das empresas.

Em suma, a negligência com a segurança do trabalho tem impactos profundos e duradouros na construção civil. A falta de EPIs e a ausência de um ambiente de trabalho seguro não só colocam em risco a saúde dos trabalhadores, mas também comprometem a eficiência e a eficácia dos projetos, resultando em atrasos significativos e custos adicionais. Portanto, é imprescindível que todos os envolvidos na construção civil se comprometam a priorizar a segurança e o bem-estar de seus colaboradores.

8.4 Motivação dos atrasos e os seus efeitos nas obras

Os atrasos na construção civil são frequentemente motivados por uma combinação de fatores que se inter-relacionam. No contexto da educação dos trabalhadores, conforme abordado anteriormente, a falta de conhecimento e treinamento técnico adequado pode levar a uma leitura imprecisa dos projetos de engenharia, resultando em erros que atrasam a execução da obra. Quando os profissionais não compreendem adequadamente os desenhos e especificações, há uma maior probabilidade de retrabalho e correções, o que pode estender significativamente os prazos estabelecidos. Isso evidencia a importância de garantir que todos os envolvidos no projeto tenham a formação necessária para realizar suas funções com competência.

A negligência com a segurança do trabalho é outro fator crítico que impacta os prazos de execução. Quando as normas de segurança não são seguidas e os EPIs não são utilizados corretamente, os acidentes tornam-se mais frequentes, resultando em interrupções no trabalho e na necessidade de atendimento médico para os funcionários feridos. Esse tipo de atraso não apenas compromete a saúde dos trabalhadores, mas também gera um efeito dominó que pode atrasar outras atividades planejadas. Portanto, promover um ambiente de trabalho seguro é essencial não apenas para a proteção dos colaboradores, mas também para a manutenção dos cronogramas de obra.

Além das questões relacionadas à formação e segurança, a motivação dos trabalhadores também desempenha um papel crucial nos atrasos nas obras. Quando a equipe está desmotivada, seu desempenho e produtividade tendem a diminuir, impactando diretamente o andamento da obra. A falta de engajamento pode resultar em erros de execução, baixa qualidade do trabalho e, consequentemente, a necessidade de retrabalho. Portanto, é fundamental que as empresas desenvolvam estratégias para aumentar a motivação dos seus colaboradores, promovendo um ambiente de trabalho positivo, oferecendo incentivos e reconhecendo os esforços da equipe.

Em relação aos problemas que menos atrasam as obras, uma questão comum é a falta de comunicação entre os diversos stakeholders envolvidos no projeto. No contexto da gestão de obras, stakeholders referem-se a todas as partes interessadas envolvidas direta ou indiretamente no projeto de construção. São considerados stakeholders os clientes, investidores, fornecedores, contratantes, comunidade local, equipe de trabalhadores, engenheiros, além de órgãos reguladores e ambientais. Esses agentes possuem interesses variados e influenciam o andamento e o sucesso do projeto. No caso de uma obra conduzida por um engenheiro civil, a gestão eficiente dos stakeholders é crucial, pois permite alinhar as expectativas, garantir o suporte necessário e minimizar os riscos de conflitos ou atrasos. Dessa forma, o engenheiro civil deve estar apto a comunicar-se com clareza e a entender as necessidades de cada parte interessada, promovendo uma gestão integrada e colaborativa que impulsiona a qualidade e a eficiência da obra.

Outra questão que pode ser solucionada para minimizar atrasos é o planejamento inadequado de recursos e prazos. Para evitar esse tipo de problema, é crucial que as empresas adotem metodologias de planejamento e gerenciamento de projetos que considerem todas as variáveis envolvidas na obra. O uso de softwares especializados em gestão de obras pode ajudar a otimizar os processos, alocar recursos de forma mais eficiente e prever possíveis gargalos antes que se tornem problemas reais. Com um planejamento mais rigoroso e a adoção de boas práticas, é possível reduzir os atrasos e garantir a entrega das obras dentro do prazo estipulado.

9. METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia de pesquisa adotada neste trabalho foi essencial para assegurar a relevância e a validade das conclusões sobre os fatores que influenciaram os atrasos na construção civil e a gestão de obras. A pesquisa baseou-se em uma abordagem teórica, por meio da revisão da literatura, utilizando fontes acadêmicas de reconhecida qualidade.

A primeira etapa da pesquisa consistiu em uma revisão bibliográfica minuciosa, na qual foram analisados artigos acadêmicos e publicações relevantes entre 2019 e 2023. As bases de dados utilizadas para a busca de literatura incluíram PubMed, SciELO e outras plataformas acadêmicas de renome. A pesquisa concentrou-se em identificar os principais fatores que impactaram os atrasos na construção civil, como a falta de qualificação profissional, a importância da leitura correta de projetos de engenharia e a negligência com a segurança do trabalho. Foram selecionados os estudos mais relevantes, que apresentaram dados quantitativos e qualitativos significativos sobre os temas em questão.

A análise dos dados foi realizada a partir da leitura crítica dos artigos selecionados, onde foram extraídas as principais informações e conclusões. A abordagem qualitativa permitiu uma compreensão aprofundada das experiências relatadas nos estudos, enquanto a análise quantitativa proporcionou dados estatísticos que evidenciaram a magnitude dos problemas identificados.

As informações extraídas foram organizadas em categorias temáticas, permitindo uma melhor visualização das relações entre os fatores que contribuíram para os atrasos nas obras. A combinação dessas abordagens facilitou a identificação de padrões e tendências que puderam ser observados na gestão de obras no Brasil.

Dada a natureza da pesquisa, que não envolveu coleta de dados diretos de indivíduos, não houve preocupações éticas relacionadas ao envolvimento de participantes humanos. No entanto, a pesquisa respeitou as normas acadêmicas, garantindo que todas as fontes fossem devidamente citadas e que o plágio fosse evitado.

A pesquisa foi realizada ao longo de um período de 6 (seis) meses, que foi dividido em etapas que incluíram a pesquisa na literatura, a análise dos resultados e a redação final do trabalho. Um cronograma detalhado foi elaborado para assegurar que todas as etapas fossem cumpridas dentro do prazo estipulado.

Com essa metodologia, esperou-se obter uma compreensão abrangente dos fatores que influenciaram os atrasos na construção civil e contribuir para a formulação de estratégias que pudessem melhorar a gestão de obras, minimizando os impactos negativos associados a esses atrasos.

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluindo este trabalho, é possível afirmar que o objetivo proposto foi plenamente alcançado. A análise dos efeitos da falta de contratação de profissionais técnicos e qualificados na construção civil trouxe à tona diversas implicações para o desempenho e a qualidade das obras no Brasil. Foi possível identificar que a ausência de um engenheiro civil ou outro profissional técnico devidamente capacitado afeta diretamente o planejamento, o controle e a execução dos projetos, resultando em problemas como atrasos, retrabalhos, aumento de custos e até riscos à segurança dos trabalhadores e usuários das construções.

Ao avaliar o nível de educação e escolaridade dos trabalhadores do setor, ficou claro que uma mão de obra com baixo grau de qualificação enfrenta desafios no entendimento dos processos e métodos de construção. A falta de preparo técnico afeta a eficiência e a precisão no cumprimento das atividades, aumentando a probabilidade de erros e, consequentemente, a necessidade de correções e ajustes, que geram atrasos no cronograma das obras. Com a presença de um engenheiro civil, esses problemas poderiam ser amenizados, pois ele teria condições de orientar a equipe, garantir o cumprimento dos prazos e reduzir os riscos de erros e retrabalhos.

Outro aspecto crucial discutido foi a leitura correta dos projetos de engenharia. Um profissional técnico qualificado tem a capacidade de interpretar corretamente os detalhes e especificações dos projetos, garantindo que as instruções sejam seguidas com precisão. A ausência desse conhecimento pode levar à execução de obras que não correspondem ao que foi planejado, resultando em não conformidades, que geram atrasos, retrabalhos e custos adicionais. A contratação de um engenheiro civil qualificado contribuiria para que cada etapa da obra fosse executada de acordo com o projeto, minimizando as chances de erro e o tempo perdido com correções.

A questão da negligência com a segurança do trabalho também foi abordada no referencial teórico, e a conclusão alcançada destaca que a falta de orientação e de acompanhamento de um profissional capacitado aumenta consideravelmente o risco de acidentes no ambiente de trabalho. Um engenheiro civil não só supervisionaria o cumprimento das normas de segurança, mas também incentivaria uma cultura de prevenção entre os trabalhadores. Isso resultaria em um ambiente de trabalho mais seguro, redução de acidentes e, consequentemente, menor tempo de interrupção nas atividades, o que também ajuda a reduzir atrasos.

A análise da motivação dos atrasos e dos seus efeitos nas obras de construção civil reforçou a ideia de que a falta de um profissional técnico acarreta um descontrole no cumprimento dos prazos. Os atrasos, além de prejudicarem a reputação da empresa e a satisfação dos clientes, implicam em um aumento de custos e uma perda de competitividade. A presença de um engenheiro civil no acompanhamento e controle do cronograma seria essencial para mitigar esses atrasos, permitindo uma gestão mais eficaz dos recursos e do tempo.

Investir na qualificação da mão de obra, com a contratação de engenheiros e técnicos qualificados, é uma estratégia essencial para reverter esse cenário e potencializar o crescimento do setor. Ao capacitar os trabalhadores e supervisionar o planejamento e controle das obras, cria-se um ambiente mais produtivo e eficiente. Dessa forma, as empresas podem oferecer maior qualidade nos serviços, ganhar em competitividade e contribuir para o aquecimento do mercado da construção civil, que demanda cada vez mais profissionais bem preparados.

Além disso, uma gestão de obras realizada por profissionais capacitados proporciona não apenas eficiência e controle, mas também fortalece a valorização do trabalho na construção civil, elevando o patamar do setor. A melhoria da gestão reflete diretamente na entrega dos projetos dentro do prazo e no orçamento previsto, impactando positivamente a economia e a confiança dos clientes na contratação de empresas comprometidas com a qualidade.

Conclui-se, portanto, que a ausência de um profissional técnico na construção civil gera consequências significativas, afetando tanto o andamento das obras quanto a segurança e a economia dos projetos. Com uma mão de obra qualificada e liderada por um engenheiro civil, seria possível reduzir atrasos, evitar retrabalhos, melhorar a segurança no trabalho e entregar projetos de qualidade. Esse avanço não só aqueceria o mercado, mas também consolidaria uma gestão mais profissional e eficiente, promovendo o desenvolvimento sustentável da construção civil no Brasil.

11. REFERÊNCIAS

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Ferreira, L. M. (2021). Segurança do trabalho na construção civil: desafios e perspectivas. São Paulo: Editora Segurança.

Lima, J., Oliveira, R. (2022). Fiscalizações de obras e suas implicações no setor da construção no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Técnica.

Mendes, F. A. (2020). Eficiência na construção civil: O papel da leitura de projetos. Porto Alegre: Ed. Construção.

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Rodrigues, L. C. (2023). Novas tecnologias e sua aplicação na gestão de obras. Rio de Janeiro: Ed. Engenharia.

Silva, J. P. (2020). Acidentes de trabalho e suas consequências na construção civil. Porto Alegre: Ed. Engenharia.

Silva, P. R. (2021). Modelagem BIM e sua aplicação na construção civil. Curitiba: Ed. Técnica.

Silva, T. (2019). Desafios e soluções na gestão de obras no Brasil. Curitiba: Construção Editorial.


 1Artigo apresentado à Faculdade UniSAPIENS como requisito parcial para conclusão do Curso de Pós-Graduação em Neurociências Aplicadas à Educação.
2Graduando em Engenharia Civil pela Faculdade UniSAPIENS.
3Graduando em Engenharia Civil pela Faculdade UniSAPIENS.
4Graduação em Engenharia Civil e Professor Mestre da Faculdade UniSAPIENS