SOCIOEMOTIONAL EDUCATION IN THE INTEGRATED CURRICULUM: CHALLENGES AND PERSPECTIVES
EDUCACIÓN SOCIOEMOCIONAL EN EL CURRÍCULO INTEGRADO: DESAFÍOS Y PERSPECTIVAS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202501232102
Paula Santos Rodrigues Nunes¹;
Erbs Cintra de Souza Gomes²
Resumo
Este estudo explora a importância da educação socioemocional no cenário educacional contemporâneo, destacando sua relevância para o desenvolvimento integral dos estudantes. No contexto atual, marcado por desafios globais e transformações constantes, as competências socioemocionais surgem como ferramentas fundamentais para a formação de indivíduos resilientes e preparados para a vida em sociedade. A pesquisa investiga os desafios e as perspectivas da implementação da educação socioemocional no currículo do Ensino Médio Integrado no Instituto Federal do Sertão Pernambucano – Campus Salgueiro. A metodologia combina revisão bibliográfica e análise documental, com foco nos documentos oficiais que orientam o curso de Informática. Os resultados indicam que a integração de competências socioemocionais promove habilidades essenciais como empatia, resiliência e colaboração, contribuindo para uma formação mais humana e alinhada às demandas do mundo contemporâneo. Conclui-se que a formação docente e a revisão de práticas pedagógicas são fundamentais para superar os desafios dessa implementação.
Palavras-chave: educação socioemocional; desenvolvimento integral; currículo.
Abstract
This study explores the importance of socio-emotional education in the contemporary educational landscape, emphasizing its relevance for the holistic development of students. The research investigates the challenges and perspectives of implementing socio-emotional education in the curriculum of the Integrated High School at the Federal Institute of Sertão Pernambucano – Campus Salgueiro. The methodology combines a bibliographic review and documentary analysis, focusing on official documents guiding the Informatics course. Results indicate that integrating socio-emotional competencies fosters essential skills such as empathy, resilience, and collaboration, contributing to a more human-centric education aligned with contemporary demands. It concludes that teacher training and the review of pedagogical practices are fundamental to overcoming implementation challenges.
Keywords: Social-emotional education; Integral development; Curriculum.
Resumen
Este estudio explora la importancia de la educación socioemocional en el panorama educativo contemporáneo, destacando su relevancia para el desarrollo integral de los estudiantes. En el contexto actual, caracterizado por desafíos globales y transformaciones constantes, las competencias socioemocionales surgen como herramientas fundamentales para la formación de individuos resilientes y preparados para la vida en sociedad. La investigación analiza los desafíos y las perspectivas de la implementación de la educación socioemocional en el currículo de la Educación Media Integrada en el Instituto Federal del Sertão Pernambucano – Campus Salgueiro. La metodología combina revisión bibliográfica y análisis documental, con enfoque en los documentos oficiales que orientan el curso de Informática. Los resultados indican que la integración de competencias socioemocionales fomenta habilidades esenciales como la empatía, la resiliencia y la colaboración, contribuyendo a una formación más humana y alineada con las demandas del mundo contemporáneo. Se concluye que la formación docente y la revisión de prácticas pedagógicas son fundamentales para superar los desafíos de esta implementación.
Palabras clave: Educación socioemocional; Desarrollo integral; Currículo.
Introdução
A educação socioemocional tem adquirido crescente relevância no debate educacional global, sendo amplamente reconhecida como uma dimensão essencial para o desenvolvimento integral dos estudantes. Em um cenário caracterizado por rápidas e contínuas transformações tecnológicas, sociais e culturais, as competências socioemocionais — como empatia, resiliência, autorregulação, colaboração e comunicação assertiva — não são meramente um complemento ao ensino cognitivo. Elas se apresentam como pilares fundamentais para preparar os jovens para os desafios complexos e multifacetados do século XXI, abrangendo os âmbitos pessoal, profissional e social. Ao capacitarem os indivíduos para compreender e lidar de forma eficaz com suas emoções, assim como para interagir de maneira construtiva e ética com os outros, essas habilidades desempenham um papel crucial na formação de cidadãos críticos, reflexivos e participativos.
No Brasil, a importância das competências socioemocionais foi formalmente reconhecida pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que as incorpora como um componente central do processo formativo dos estudantes em todos os níveis educacionais. No Ensino Médio, e particularmente em modalidades específicas, como o Ensino Médio Integrado, essas competências não são vistas apenas como instrumentos para potencializar o desempenho acadêmico, mas também como recursos indispensáveis para promover ambientes de convivência harmônica, fortalecer vínculos sociais e construir espaços de aprendizagem mais inclusivos, colaborativos e acolhedores. Essa abordagem aponta para uma visão de educação que ultrapassa a mera transmissão de conhecimentos técnicos e disciplinares, buscando formar indivíduos mais conscientes de seu papel na sociedade e preparados para enfrentar os desafios de um mundo cada vez mais dinâmico e interconectado.
A integração das competências socioemocionais nos currículos escolares vai além de preparar os jovens para as demandas do mercado de trabalho, assumindo um impacto mais amplo na promoção de uma sociedade mais justa, equitativa e empática. No contexto do curso de Informática integrado ao Ensino Médio do IF Sertão Pernambucano – Campus Salgueiro, essa integração apresenta desafios e oportunidades singulares. Por um lado, é necessário adaptar as práticas pedagógicas às exigências técnicas da formação profissional, garantindo que os estudantes desenvolvam as habilidades específicas requeridas por suas áreas de atuação. Por outro lado, torna-se indispensável incorporar estratégias pedagógicas que estimulem o desenvolvimento socioemocional, promovendo um equilíbrio entre o preparo técnico e humano.
Com base nesse cenário, este artigo propõe-se a investigar os desafios e as potencialidades da inserção das competências socioemocionais no currículo do Ensino Médio Integrado, analisando como essa integração pode transformar as práticas pedagógicas e contribuir para a formação integral dos estudantes. O objetivo central é evidenciar a relevância de uma abordagem pedagógica que reconheça e valorize, de maneira equilibrada, tanto as habilidades técnicas quanto as humanas no processo educativo. A educação socioemocional, nesse contexto, é destacada como um elemento estratégico para a construção de cidadãos mais preparados para enfrentar as complexidades do mundo contemporâneo, articulando competências cognitivas e socioemocionais de forma complementar.
Ao explorar caminhos para a efetiva integração dessas competências no currículo, espera-se contribuir para o fortalecimento de uma educação que, além de formar profissionais tecnicamente competentes, promova indivíduos capazes de atuar como agentes de transformação social. Tal abordagem busca fomentar valores como ética, responsabilidade e solidariedade, oferecendo aos jovens não apenas ferramentas para o sucesso profissional, mas também para a construção de uma sociedade mais humanizada e resiliente. Assim, a educação socioemocional consolida-se como um componente indispensável para o desenvolvimento integral dos estudantes, alinhando-se aos objetivos de uma educação que valoriza o ser humano em todas as suas dimensões.
Desenvolvimento
A educação socioemocional fundamenta-se em teorias que articulam conhecimentos das áreas de psicologia, educação e neurociências, consolidando uma perspectiva interdisciplinar voltada para o desenvolvimento integral dos indivíduos. Goleman (1995), ao introduzir o conceito de inteligência emocional, destacou sua importância como um fator determinante para o sucesso pessoal, profissional e social. Em sua visão, competências como autoconsciência, autorregulação, empatia e habilidades sociais são indispensáveis para enfrentar os desafios cotidianos, tanto no âmbito individual quanto no coletivo. Essa abordagem influenciou profundamente as práticas pedagógicas em nível global, especialmente no contexto educacional, ao evidenciar a necessidade de ensinar habilidades que transcendam o domínio técnico e cognitivo, promovendo uma formação mais holística e abrangente.
No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017) reconhece formalmente a relevância das competências socioemocionais, incorporando-as como um dos pilares do desenvolvimento integral dos estudantes. A BNCC reforça o compromisso com uma educação inclusiva, equitativa e transformadora, sublinhando que essas competências são essenciais para preparar os jovens para os desafios complexos e multifacetados do século XXI. Essa perspectiva encontra ressonância nas ideias de Cardoso e Santos (2021), que destacam que a inclusão das competências socioemocionais nos currículos escolares oferece benefícios que vão além do desempenho acadêmico. Segundo esses autores, ao integrar essas habilidades, as escolas criam ambientes mais acolhedores e colaborativos, que favorecem não apenas o aprendizado, mas também a convivência e o bem-estar de toda a comunidade escolar, promovendo uma cultura de respeito mútuo e empatia.
A obra de Paulo Freire, particularmente em Pedagogia do Oprimido (1968), proporciona uma base teórica que complementa e fortalece o desenvolvimento das competências socioemocionais. Freire afirma que “a educação verdadeira é práxis, reflexão e ação do homem sobre o mundo para transformá-lo” (FREIRE, 1968, p. 79), ressaltando que a educação deve envolver os estudantes como protagonistas de sua aprendizagem, rompendo com práticas de transmissão passiva. Ele também enfatiza o papel essencial do diálogo no processo educativo, afirmando que “a palavra verdadeira que transforma o mundo” (FREIRE, 1968, p. 78) é um elemento chave para promover habilidades como empatia, escuta ativa e resolução colaborativa de problemas — características intrínsecas às competências socioemocionais.
Além disso, Freire argumenta que uma educação efetiva precisa ser inclusiva e atenta aos contextos sociais e culturais dos estudantes, valorizando suas vivências e experiências como parte essencial do processo de aprendizagem. Essa abordagem dialogal está em sintonia com as demandas de uma educação socioemocional contextualizada, que considere as especificidades de cada comunidade escolar. Ferreira e Gomes (2022) reforçam a importância de uma capacitação docente que incorpore os princípios freirianos, capacitando os professores a atuarem como mediadores do aprendizado técnico e do desenvolvimento de habilidades humanas, promovendo uma educação mais integral e significativa.
Outro aspecto fundamental para a implementação da educação socioemocional é a necessidade de adaptar as práticas pedagógicas, assegurando que essas competências sejam desenvolvidas de maneira significativa e contextualizada. Freire, em Pedagogia da Autonomia (1996), enfatiza que o ato de ensinar exige “risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação” (FREIRE, 1996, p. 11). Esse posicionamento pedagógico favorece práticas inovadoras que conectem o conteúdo acadêmico às experiências práticas e reais dos alunos. Oliveira e Carvalho (2023) destacam que projetos interdisciplinares, dinâmicas de grupo e atividades voltadas para a resolução colaborativa de problemas são exemplos concretos de estratégias pedagógicas eficazes para integrar competências socioemocionais ao currículo escolar.
Portanto, a educação socioemocional não se restringe a um conjunto de habilidades adicionais, mas se configura como um elemento central para a formação de indivíduos críticos, éticos e preparados para atuar de forma construtiva em uma sociedade cada vez mais complexa. Sob a inspiração das ideias de Paulo Freire, é possível transformar as escolas em espaços de aprendizado integral, promovendo um equilíbrio entre o desenvolvimento técnico e humano. Dessa forma, a educação socioemocional consolida-se como uma ferramenta poderosa para atender às demandas contemporâneas e fomentar o desenvolvimento pleno e harmônico dos estudantes, contribuindo para uma sociedade mais justa, solidária e inclusiva.
Metodologia
Esta revisão de dissertação adota uma abordagem metodológica que combina características qualitativas, descritivas e exploratórias, fundamentando-se em procedimentos técnicos de pesquisa documental e revisão bibliográfica. A orientação metodológica é ancorada nos estudos de Severino (2016), Minayo (2010) e Gil (2008), que oferecem um arcabouço sistemático, coerente e apropriado para a análise e avaliação do trabalho revisado. Essa escolha metodológica permite uma investigação aprofundada e contextualizada, garantindo que os objetivos e procedimentos estejam alinhados às normas acadêmicas e às demandas do campo da pesquisa educacional.
No que tange aos procedimentos técnicos, a pesquisa documental concentra-se na análise detalhada de registros acadêmicos, como a dissertação em questão, diretrizes institucionais, normativas e outros documentos correlatos à temática abordada. Essa etapa busca mapear de que forma o trabalho revisado articula conceitos-chave, como as competências socioemocionais, avaliando em que medida os fundamentos teóricos, metodológicos e práticos dialogam com as diretrizes acadêmicas e científicas vigentes. De acordo com Severino (2016), a pesquisa documental é essencial para a análise aprofundada de elementos estruturantes do trabalho, permitindo uma avaliação crítica dos direcionamentos teóricos e metodológicos subjacentes. Além disso, esse procedimento possibilita a identificação de pontos de congruência e lacunas que podem ser aprimoradas no trabalho revisado.
A revisão bibliográfica, por sua vez, é conduzida com rigor metodológico para organizar e analisar a literatura teórica e empírica relevante ao tema em estudo. Baseando-se nos aportes de Bardin (2011) e Creswell (2014), esse processo é realizado de forma sistemática, abrangendo um amplo espectro de materiais acadêmicos, incluindo livros, artigos científicos e estudos empíricos relacionados. Essa etapa oferece um panorama atualizado e abrangente sobre o tema, contextualizando os achados e lacunas identificados na dissertação. Ademais, a revisão bibliográfica fornece subsídios teóricos robustos, destacando abordagens metodológicas e práticas que poderiam enriquecer as proposições do trabalho revisado, garantindo que suas contribuições sejam consistentes e bem fundamentadas.
Com relação aos objetivos da pesquisa, ela se caracteriza como descritiva e exploratória. A dimensão descritiva é voltada para mapear, sistematizar e detalhar as abordagens teóricas e metodológicas apresentadas na dissertação, em conformidade com as orientações de Gil (2008). Já a abordagem exploratória concentra-se na identificação de lacunas, desafios e possibilidades de aprimoramento, tanto na articulação teórica quanto na proposição de práticas pedagógicas alinhadas ao desenvolvimento de competências socioemocionais. Essa perspectiva exploratória também permite sugerir caminhos inovadores para a integração de fundamentos teóricos e metodológicos, promovendo reflexões que contribuam para o avanço do campo educacional.
No âmbito da abordagem qualitativa, destaca-se sua relevância para interpretar os significados, nuances e implicações dos argumentos e escolhas metodológicas presentes na dissertação. Minayo (2010) argumenta que a análise qualitativa é especialmente apropriada em contextos que envolvem fenômenos subjetivos e complexos, como práticas pedagógicas e valores educacionais. Nesse sentido, a aplicação dessa abordagem é fundamental para compreender a profundidade dos conceitos apresentados e avaliar como eles se relacionam com os objetivos propostos pelo trabalho revisado.
Por fim, a revisão bibliográfica é conduzida de forma contínua e aprofundada, em conformidade com as recomendações de Creswell (2014), consolidando um embasamento teórico robusto para sustentar as discussões e recomendações apresentadas neste artigo. Essa estratégia metodológica visa não apenas dialogar criticamente com a dissertação, mas também propor reflexões e contribuições significativas para fortalecer o campo da educação socioemocional e suas aplicações práticas. Dessa maneira, a metodologia adotada busca articular a análise crítica com a proposição de caminhos que ampliem o impacto e a relevância do trabalho revisado, contribuindo para o desenvolvimento de abordagens educacionais mais integradas, inclusivas e eficazes.
Resultados
A análise dos documentos normativos que regem o curso de Informática do IF Sertão Pernambucano revelou lacunas significativas na abordagem e integração das competências socioemocionais no currículo. Apesar de reconhecerem, em seu escopo teórico, a importância dessas competências para o desenvolvimento integral dos estudantes, tais documentos carecem de diretrizes específicas e detalhadas que orientem sua implementação prática no cotidiano escolar. Essa ausência de orientações concretas compromete a consolidação de uma formação integral, reduzindo a capacidade da educação de promover habilidades socioemocionais essenciais para a formação de cidadãos conscientes, éticos e aptos a enfrentar os desafios de um mundo em constante transformação.
Pesquisas realizadas em instrumentos educacionais de análise corroboram o consenso sobre a relevância da educação socioemocional no contexto escolar. Estudos apontam que o desenvolvimento de competências como autoconhecimento, empatia, auto regulação emocional e habilidades de convivência não apenas complementam o domínio técnico, mas também desempenham um papel crucial na formação de indivíduos preparados para interagir de maneira eficaz em diferentes esferas da vida. No entanto, desafios estruturais persistem. Entre os principais obstáculos, destacam-se a carência de formação específica para os docentes, a sobrecarga de conteúdos técnicos no currículo que dificulta a inserção de práticas socioemocionais e a falta de apoio institucional robusto para sustentar tais iniciativas. Essa lacuna reflete uma desconexão entre o discurso teórico e a prática pedagógica, exigindo mudanças estruturais e organizacionais.
Além disso, a dificuldade enfrentada pelos professores em equilibrar as demandas acadêmicas, frequentemente guiadas por metas curriculares rígidas, com a necessidade de promover o bem-estar emocional dos alunos, é uma questão central. Essa tensão entre as demandas técnico-cognitivas e o desenvolvimento socioemocional evidencia a urgência de uma reformulação mais abrangente do currículo e das práticas pedagógicas. Tal reformulação requer não apenas a criação de diretrizes claras e aplicáveis, mas também um esforço coletivo para sensibilizar a comunidade escolar sobre a importância dessas competências. A capacitação docente, em particular, emerge como um elemento essencial para a implementação de estratégias pedagógicas eficazes que contemplem o desenvolvimento socioemocional de maneira integrada.
Apesar das lacunas identificadas nos documentos normativos, algumas iniciativas têm se mostrado promissoras na integração das competências socioemocionais ao currículo. Experiências práticas em contextos educacionais semelhantes demonstram a viabilidade de incorporar essas habilidades por meio de abordagens pedagógicas inovadoras. Exemplos incluem a utilização de dinâmicas de grupo para fortalecer o trabalho em equipe, projetos interdisciplinares que estimulem a empatia e a reflexão crítica, além de atividades focadas na resolução colaborativa de problemas. Essas práticas reforçam a importância de uma abordagem pedagógica intencional, que combine o desenvolvimento técnico com o humano, promovendo uma educação mais inclusiva, participativa e alinhada às demandas contemporâneas.
Essas experiências destacam a necessidade de reflexões coletivas e articuladas, conduzidas pela comunidade acadêmica, que possam subsidiar a construção de um currículo mais coerente com as demandas da sociedade atual. Envolver gestores, docentes e alunos em um diálogo construtivo é crucial para assegurar que as práticas pedagógicas reflitam os valores e objetivos de uma educação integral e humanizadora. Além disso, a construção de espaços de diálogo e formação continuada para os professores é fundamental para garantir a implementação consistente e eficaz das competências socioemocionais.
Em síntese, a análise dos documentos normativos do curso de Informática do IF Sertão Pernambucano reforça a urgência de revisitar e aprimorar essas diretrizes, assegurando que o desenvolvimento socioemocional dos estudantes seja tratado como prioridade institucional. Mais do que um complemento, às competências socioemocionais devem ser reconhecidas como parte integrante e indispensável do processo formativo. Para isso, é necessário um esforço conjunto que articule gestores, professores e alunos na construção de práticas pedagógicas transformadoras. Somente com ações concretas e colaborativas será possível promover uma educação que transcenda o ensino técnico, preparando os estudantes para atuarem de forma ética, responsável e solidária em um mundo cada vez mais complexo e desafiador.
Conclusão
A integração da educação socioemocional no currículo do curso de Informática integrado ao Ensino Médio do IF Sertão Pernambucano desponta como uma necessidade urgente para alinhar a formação educacional às demandas contemporâneas de um mundo em constante transformação. Em uma realidade marcada pela complexidade e pela dinamicidade das relações sociais, econômicas e tecnológicas, o equilíbrio entre habilidades técnicas e competências socioemocionais torna-se essencial. Assim, a educação deve assumir um papel central na promoção do desenvolvimento integral dos estudantes, capacitando-os não apenas para o mercado de trabalho, mas também para a convivência cidadã, a resolução de problemas sociais e a realização pessoal.
A pesquisa realizada revelou que a inclusão das competências socioemocionais no currículo transcende a simples adição de habilidades complementares. Ela enriquece profundamente o processo educativo, transformando o ambiente escolar em um espaço mais inclusivo, colaborativo e sensível às diversidades e necessidades dos estudantes. Essa abordagem fomenta o desenvolvimento de habilidades essenciais como resiliência, empatia, pensamento crítico, trabalho em equipe e autorregulação emocional, que são fundamentais para o exercício de uma cidadania plena e para o enfrentamento dos desafios contemporâneos, tanto no âmbito profissional quanto no social.
Para concretizar essa integração, é indispensável investir em capacitação docente. Os professores precisam não apenas compreender a importância das competências socioemocionais, mas também dispor de ferramentas práticas e conceituais para trabalhá-las de maneira eficaz no contexto escolar. Essa formação deve englobar desde os fundamentos teóricos da educação socioemocional até estratégias didáticas para incorporar essas competências no ensino de disciplinas técnicas e gerais. A interdisciplinaridade deve ser o eixo central, promovendo um diálogo entre diferentes áreas do saber e superando a aparente desconexão entre os conteúdos técnicos e as habilidades humanas.
A revisão das práticas pedagógicas também emerge como uma prioridade estratégica. O currículo precisa ser reorganizado para incluir uma abordagem dinâmica e interdisciplinar, que promova metodologias ativas de ensino, como aprendizagem baseada em projetos, estudos de caso, dinâmicas de grupo e resolução colaborativa de problemas. Essas estratégias pedagógicas, além de estimular a participação e o protagonismo dos estudantes, fortalecem a integração entre os conhecimentos técnicos e as competências socioemocionais, promovendo uma educação mais significativa e transformadora.
Nesse contexto, a elaboração de um guia prático destinado aos professores representa uma iniciativa crucial. Esse material pode fornecer orientações claras e detalhadas sobre como integrar as competências socioemocionais ao currículo, incluindo exemplos de atividades, propostas de projetos interdisciplinares e instrumentos para avaliação dessas habilidades. Além disso, o guia pode servir como um recurso valioso para apoiar os docentes na superação de desafios comuns, como a sobrecarga curricular e a falta de familiaridade com estratégias específicas para o desenvolvimento socioemocional.
Paralelamente, é essencial promover um ambiente escolar que favoreça o diálogo contínuo e colaborativo, envolvendo todos os atores da comunidade escolar — gestores, professores, alunos e familiares. A criação de fóruns, seminários, workshops e grupos de trabalho dedicados ao tema pode fomentar uma cultura de troca de experiências e inovação pedagógica, fortalecendo o compromisso coletivo com a formação integral dos estudantes.
Finalmente, recomenda-se que futuras pesquisas explorem de forma mais aprofundada a implementação da educação socioemocional em diferentes contextos e modalidades de ensino, como a Educação Profissional e Tecnológica, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o Ensino Superior. Esses estudos podem oferecer insights valiosos sobre os impactos dessa abordagem em diversas realidades educacionais, bem como identificar os desafios e as oportunidades para sua expansão. Além disso, tais investigações podem contribuir para a formulação de políticas públicas mais assertivas e alinhadas às necessidades do sistema educacional brasileiro.
A integração da educação socioemocional no currículo do curso de Informática integrado ao Ensino Médio, portanto, não deve ser vista apenas como uma inovação pedagógica, mas como um compromisso ético e educativo com a formação de indivíduos completos. Trata-se de uma abordagem que visa não apenas preparar os estudantes para o sucesso profissional, mas também capacitá-los a viver e conviver com maior qualidade, significado e propósito, promovendo uma sociedade mais empática, colaborativa e equitativa.
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¹Especialista em Psicopedagogia pela Faculeste, docente na Prefeitura de Salgueiro e Mirandiba. Mestranda pelo ProfEPT- IF Sertão PE. E-mail: paularodrigues.dir@gmail.com;
²Pós-doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia – UFBA, docente do Instituto Federal do Sertão Pernambucano. E-mail: erbs.cintra@ifsertao pe.edu.br