REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102503031020
André do Carmo Albuquerque
RESUMO
Este estudo tem como objetivo analisar a formação de docentes na educação do campo na região amazônica, investigando os desafios enfrentados e as oportunidades para qualificação desses profissionais. Além disso, busca identificar práticas pedagógicas eficazes para o ensino da matemática, que respeitem as especificidades culturais das comunidades rurais e ribeirinhas, contribuindo para um ensino contextualizado e significativo. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, estruturada em duas etapas principais: uma revisão bibliográfica para fundamentar teoricamente a educação do campo e uma análise qualitativa de práticas pedagógicas implementadas na região amazônica. Os resultados apontam que a educação rural na Amazônia enfrenta desafios estruturais, como a precariedade da infraestrutura escolar e a dispersão geográfica das comunidades, dificultando o acesso e a permanência dos alunos nas instituições de ensino. A pesquisa reforça a importância de políticas educacionais que valorizem os saberes locais e promovam a formação continuada dos docentes, garantindo um ensino mais inclusivo e contextualizado. A adaptação curricular e o fortalecimento da relação entre escola e comunidade são fundamentais para reduzir as desigualdades educacionais e contribuir para o desenvolvimento sustentável das populações do campo.
Palavras Chave: Educação; Campo; Rural.
1 INTRODUÇÃO
A educação nas zonas rurais desempenha um papel essencial no desenvolvimento sustentável dessas regiões, promovendo inclusão social e econômica para suas populações (Alencar, 2010). No entanto, enfrenta desafios estruturais consideráveis, como a escassez de recursos financeiros, a formação insuficiente de docentes e a carência de infraestrutura adequada.
Esses fatores impactam diretamente a qualidade do ensino e dificultam a permanência dos alunos nas escolas rurais. Na região amazônica, essas dificuldades são acentuadas pelas suas características geográficas e culturais, exigindo abordagens pedagógicas que contemplem as particularidades das comunidades ribeirinhas e indígenas, respeitando seus modos de vida e conhecimentos tradicionais (David et. al. 2013).
A complexidade logística imposta pelo território amazônico também representa um obstáculo relevante para o acesso à educação. Muitas escolas estão situadas em locais de difícil acesso, tornando o deslocamento dos alunos e professores um desafio diário. De acordo com Costa (2015), a necessidade de um ensino que valorize os saberes locais reforça a importância da formação docente voltada para essa realidade. A capacitação contínua de professores é essencial para que possam desenvolver práticas pedagógicas alinhadas às especificidades das comunidades rurais, garantindo um ensino contextualizado e significativo.
Este estudo tem como objetivos analisar a formação de docentes na educação do campo na Amazônia, identificando desafios e oportunidades para sua qualificação, além de investigar práticas pedagógicas que respeitem as especificidades culturais das comunidades amazônicas. Ademais, pretende-se explorar metodologias para o ensino da matemática que integrem os saberes locais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável das regiões rurais.
No ensino de matemática, em particular, torna-se imprescindível a adoção de metodologias que integrem os conhecimentos tradicionais das comunidades com os conteúdos formais da disciplina. As atividades cotidianas da população rural, como a agricultura, a pesca e o comércio, demandam a aplicação de conceitos matemáticos, o que evidencia a importância de uma abordagem pedagógica que relacione teoria e prática. Ao conectar os conteúdos curriculares com as experiências concretas dos estudantes, é possível tornar a aprendizagem mais significativa, estimulando a autonomia e o pensamento crítico.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Educação Rural e do Campo
A educação rural e a educação do campo, apesar de frequentemente tratadas como sinônimos, apresentam distinções conceituais significativas. A educação rural, historicamente, tem sido caracterizada pela replicação de modelos urbanos no meio rural, sem necessariamente considerar as particularidades socioculturais das comunidades locais (Alencar, 2010). Em contrapartida, a educação do campo surge como uma proposta fundamentada em movimentos sociais, voltada para a valorização dos saberes e práticas das populações camponesas, promovendo uma abordagem pedagógica contextualizada e emancipatória.
Na Amazônia, os desafios educacionais são ainda mais acentuados devido à dispersão populacional, ao isolamento de comunidades ribeirinhas e indígenas e à diversidade cultural e linguística. A precariedade da infraestrutura escolar e a escassez de profissionais qualificados são fatores que dificultam tanto o acesso quanto a permanência dos estudantes no ambiente escolar, comprometendo a efetividade do ensino (David et. al. 2013).
As políticas públicas voltadas para a educação do campo no Brasil são norteadas por diretrizes que buscam reconhecer e atender às especificidades das populações rurais (Costa, 2015). A Resolução CNE/CEB nº 1, de 3 de abril de 2002, estabelece as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, ressaltando a necessidade de um ensino que respeite as identidades culturais e as demandas das comunidades rurais.
Essas normativas são fundamentais para garantir uma abordagem diferenciada, que contemple a realidade socioeconômica dos estudantes e fomente práticas educativas contextualizadas. Na região amazônica, políticas educacionais específicas têm sido implementadas com o intuito de minimizar os impactos das dificuldades logísticas e estruturais sobre a aprendizagem (Powell et. al. 2015).
Dentre as iniciativas voltadas para a educação do campo na Amazônia, destaca-se o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), que tem desempenhado um papel essencial na formação de educadores e na elaboração de projetos pedagógicos alinhados às realidades amazônicas.
Esse programa visa fortalecer a qualificação docente e promover estratégias de ensino que dialoguem com os saberes locais, contribuindo para a construção de um currículo que atenda às necessidades das comunidades tradicionais. Para Powell et. al. (2015), políticas estaduais buscam adaptar as diretrizes nacionais às particularidades regionais, favorecendo a inclusão educacional e garantindo um ensino mais acessível e eficaz para as populações ribeirinhas e indígenas.
2.2 Ensino da Matemática na Educação Rural e do Campo
A educação matemática no contexto rural desempenha um papel essencial para o desenvolvimento das comunidades do campo, pois possibilita a aplicação prática do conhecimento na realidade dos estudantes. Ao integrar práticas pedagógicas que consideram as especificidades culturais e econômicas dessas regiões, torna-se viável promover um aprendizado mais significativo e aplicável ao cotidiano (Zeichner et. al. 2017). A matemática está diretamente relacionada às atividades produtivas desenvolvidas no meio rural, tornando-se um instrumento fundamental para a gestão de recursos e para a melhoria da qualidade de vida das populações locais.
A utilização da matemática na agricultura, na pesca e no extrativismo evidencia sua importância para a organização e otimização das atividades econômicas no campo. Na agricultura, os cálculos matemáticos são empregados para mensurar áreas de plantio, estimar colheitas e gerenciar o uso de insumos agrícolas (Silva et. al. 2023). Técnicas matemáticas permitem determinar a quantidade ideal de sementes por hectare, bem como calcular a dosagem correta de fertilizantes, promovendo um aproveitamento eficiente dos recursos.
Na pesca, conhecimentos matemáticos são aplicados na leitura de tabelas de marés, na definição de rotas de navegação e na estimativa do peso das capturas. Já no extrativismo, a matemática auxilia na quantificação dos recursos extraídos e na avaliação da viabilidade econômica dessas atividades. A relação entre a matemática e as práticas produtivas no campo reforça a necessidade de um ensino contextualizado, que valorize os saberes tradicionais e contribua para a autonomia dos indivíduos (Gonzalez et. al. 2023).
Além das atividades econômicas, a matemática está presente no cotidiano das comunidades rurais em diversas situações, como na administração financeira familiar, na construção civil e no artesanato (Borges et al., 2016). No planejamento financeiro, os moradores utilizam cálculos para gerenciar rendimentos e despesas, garantindo uma melhor organização dos recursos e evitando desperdícios. A matemática financeira permite que as famílias planejem seus gastos, calculem juros em transações comerciais e compreendam a variação dos preços em diferentes períodos, o que é essencial para a sustentabilidade econômica das comunidades rurais.
No artesanato, técnicas geométricas são empregadas na criação de padrões e formas, demonstrando a presença da matemática em manifestações culturais e artísticas. Diante disso, é imprescindível que o ensino dessa disciplina seja orientado por metodologias que valorizem os saberes locais, promovendo um aprendizado significativo e vinculado às práticas do dia a dia (Borges et. al. 2016).
Para que o ensino da matemática nas escolas do campo seja eficaz, é fundamental a adoção de estratégias pedagógicas que considerem as especificidades culturais e sociais dessas comunidades. As metodologias ativas, que colocam o estudante como protagonista do processo de aprendizagem, são especialmente eficazes nesse contexto. Ao utilizar problemas reais enfrentados pela comunidade como ponto de partida para a introdução de conceitos matemáticos, os alunos conseguem visualizar a aplicabilidade do conhecimento e se envolvem mais no processo educativo.
Projetos voltados para a análise da produção agrícola local, por exemplo, podem ser utilizados para ensinar estatística e proporções, tornando o aprendizado mais dinâmico e conectado à realidade dos estudantes. A criação de materiais didáticos adaptados à realidade amazônica é essencial para tornar o ensino da matemática mais relevante. A incorporação de elementos da biodiversidade local, dos rios e das práticas culturais ao conteúdo matemático fortalece a identidade dos alunos e contribui para a valorização da cultura regional. Assim, o desenvolvimento de estratégias pedagógicas contextualizadas possibilita uma aprendizagem mais eficaz e alinhada às necessidades das comunidades do campo (Silva et. al. 2023).
3 METODOLOGIA
A metodologia deste estudo foi delineada com o propósito de investigar a formação de docentes na educação do campo na Amazônia, bem como analisar práticas pedagógicas aplicadas ao ensino da matemática no contexto rural. Para atingir esses objetivos, a pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, considerando a complexidade e a especificidade do tema. A escolha desse método se justifica pela necessidade de compreender as dinâmicas educacionais em espaços escolares e não escolares, levando em conta aspectos socioculturais, políticos e econômicos que influenciam a formação docente e o ensino da matemática.
O estudo foi estruturado em duas etapas principais. A primeira consistiu em uma revisão bibliográfica sobre a educação do campo e o ensino da matemática na Amazônia, fundamentando-se em documentos oficiais, artigos científicos e produções acadêmicas relacionadas ao tema. Essa fase permitiu estabelecer um panorama teórico acerca das políticas educacionais, desafios enfrentados pelos docentes e metodologias aplicadas ao ensino matemático no meio rural. Além disso, foram analisadas diretrizes nacionais, como a Resolução CNE/CEB nº 1/2002, que normatiza a educação do campo, bem como programas governamentais voltados à formação docente e ao ensino contextualizado de matemática.
Na segunda etapa, foi realizada uma análise qualitativa de práticas pedagógicas implementadas em comunidades rurais amazônicas, com foco nas estratégias utilizadas para integrar o ensino da matemática aos saberes locais. Foram examinadas experiências de professores que atuam em escolas do campo, com o intuito de identificar metodologias eficazes e desafios enfrentados no cotidiano escolar.
Essa análise incluiu o estudo de materiais didáticos utilizados nas escolas, considerando a adequação dos conteúdos à realidade sociocultural dos estudantes, e a observação das estratégias de ensino adotadas para contextualizar a matemática a partir de atividades práticas ligadas à agricultura, pesca, extrativismo e outras atividades econômicas regionais.
Dessa forma, a metodologia adotada permitiu não apenas compreender as dificuldades e potencialidades da educação do campo na Amazônia, mas também identificar estratégias pedagógicas que possam contribuir para a formação docente e o aprimoramento do ensino da matemática nas comunidades rurais. A abordagem qualitativa possibilitou a construção de um estudo reflexivo e aprofundado, considerando os aspectos sociais, econômicos e culturais que permeiam a educação do campo, e destacando a importância de um ensino contextualizado e alinhado às necessidades locais.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados deste estudo apontam para desafios e avanços significativos na educação rural e do campo na região amazônica, destacando a importância da formação docente para garantir um ensino de qualidade. A educação rural na Amazônia é marcada por dificuldades estruturais que vão desde a precariedade da infraestrutura escolar até a escassez de profissionais qualificados para atuar nesse contexto.
A vastidão territorial e a dispersão populacional dificultam o acesso às instituições de ensino, tornando a permanência dos estudantes um desafio constante. De acordo com Gauthier (2013), a diversidade cultural e linguística das comunidades ribeirinhas e indígenas exige abordagens pedagógicas que respeitem e valorizem os saberes locais, promovendo um ensino que dialogue com a realidade desses povos.
No que se refere à formação de docentes para atuar na educação do campo, os resultados indicam que há uma carência de políticas públicas eficazes que garantam a capacitação contínua desses profissionais (Tardif, 2014). A ausência de programas específicos e estruturados voltados para a formação continuada impacta diretamente a qualidade do ensino oferecido nas escolas rurais, uma vez que muitos professores que atuam nessas regiões enfrentam dificuldades tanto na adaptação curricular quanto na implementação de metodologias que considerem a realidade sociocultural dos estudantes. A precariedade da infraestrutura das instituições de ensino e a falta de acesso a recursos didáticos adequados tornam o processo de ensino-aprendizagem ainda mais desafiador.
A formação docente voltada para esse contexto deve considerar não apenas os conteúdos acadêmicos tradicionais, mas também metodologias de ensino que integrem os conhecimentos matemáticos às práticas cotidianas das comunidades rurais (Silva et. al. 2023). Para que isso ocorra de maneira eficaz, é essencial que os professores sejam preparados para reconhecer e valorizar os saberes locais, estabelecendo conexões entre os conteúdos curriculares e as experiências concretas dos alunos. A matemática, por exemplo, está presente em diversas atividades do cotidiano rural, como o cálculo de áreas de plantio, a gestão de recursos na pesca e a comercialização de produtos agrícolas.
Outro fator crucial é a necessidade de capacitação específica para lidar com os desafios logísticos e culturais impostos pelo território amazônico. Muitas escolas encontram-se em áreas de difícil acesso, exigindo que os professores adaptem suas práticas pedagógicas a realidades marcadas por longos deslocamentos, falta de energia elétrica e barreiras linguísticas em comunidades indígenas (Borges et. al. 2016). Portanto, políticas públicas que incentivem a formação continuada, o desenvolvimento de materiais didáticos contextualizados e o fortalecimento da relação entre escola e comunidade são indispensáveis para garantir um ensino de qualidade.
A matemática, quando ensinada de maneira contextualizada, torna-se uma ferramenta essencial para o desenvolvimento econômico local, pois está presente em atividades como agricultura, pesca e comércio (Alencar, 2010). No ambiente rural, os cálculos matemáticos são fundamentais para a tomada de decisões produtivas, como o planejamento da safra, a medição de terrenos agrícolas, a administração de insumos e a precificação de produtos no comércio local.
Da mesma forma, na pesca, conhecimentos matemáticos são aplicados na estimativa de estoques pesqueiros, no cálculo de tempo de navegação e na interpretação de tabelas de marés, evidenciando a necessidade de um ensino que relacione os conteúdos curriculares às práticas diárias das comunidades.
Assim, a capacitação de professores deve priorizar estratégias didáticas que facilitem essa conexão entre teoria e prática, garantindo um ensino mais significativo e aplicável à realidade dos alunos. Para isso, é fundamental que os docentes sejam preparados para utilizar metodologias ativas que incentivem a participação dos estudantes e promovam a construção do conhecimento a partir de situações concretas (Alencar, 2010). O uso de projetos interdisciplinares que envolvam a matemática aplicada ao cotidiano rural pode tornar as aulas mais dinâmicas e atrativas, estimulando o interesse dos alunos e sua capacidade de resolver problemas reais.
A análise das práticas pedagógicas desenvolvidas em espaços escolares e não escolares evidencia a importância de metodologias ativas que favoreçam a participação dos estudantes e estimulem a construção do conhecimento a partir da experiência vivida. Projetos que envolvem o uso da matemática em atividades econômicas locais, como o cálculo de áreas de plantio, estimativas de produção agrícola e gestão de recursos financeiros, mostraram-se eficazes na melhoria do aprendizado. De acordo com David et. al. (2013), o desenvolvimento de materiais didáticos adaptados à realidade amazônica, incorporando elementos culturais e ambientais da região, contribui para uma aprendizagem mais envolvente e conectada ao cotidiano dos estudantes.
Os resultados do estudo demonstram que a educação do campo na Amazônia depende da implementação de políticas educacionais mais abrangentes e estruturadas, que contemplem tanto a formação continuada dos docentes quanto a adaptação dos currículos às necessidades específicas das comunidades rurais.
A valorização dos saberes locais e a integração de metodologias de ensino inovadoras são aspectos fundamentais para garantir um ensino matemático eficaz, promovendo o desenvolvimento social e econômico das populações do campo (Costa, 2015). A educação matemática, quando alinhada às realidades e práticas cotidianas das comunidades rurais, permite que os estudantes compreendam melhor os conteúdos ensinados e percebam sua aplicabilidade no contexto em que vivem.
O ensino baseado nos saberes locais fortalece a identidade cultural dos alunos, promovendo o reconhecimento e a valorização dos conhecimentos tradicionais que, muitas vezes, são transmitidos de geração em geração. Ao contextualizar o aprendizado, os professores conseguem tornar as aulas mais atrativas e dinâmicas, incentivando a participação ativa dos estudantes e reduzindo os índices de evasão escolar, que ainda são um grande desafio na região amazônica.
Nesse sentido, a integração de metodologias de ensino inovadoras, como as metodologias ativas, o ensino por projetos e o uso de tecnologias educacionais adaptadas ao contexto rural, pode contribuir significativamente para o engajamento dos alunos no aprendizado da matemática (David et. al. 2013). Essas abordagens permitem que os estudantes desenvolvam habilidades analíticas e resolutivas ao lidar com desafios concretos que fazem parte de sua realidade, como o planejamento agrícola, a gestão financeira familiar e a comercialização de produtos. Além disso, ao incentivar o trabalho colaborativo e a troca de conhecimentos entre os estudantes e a comunidade, essas metodologias ajudam a fortalecer o senso de pertencimento e a relação entre a escola e o meio em que está inserida.
5 CONCLUSÃO
A educação rural e do campo na Amazônia apresenta desafios que demandam políticas educacionais mais estruturadas e voltadas às particularidades regionais. A dispersão geográfica, a precariedade da infraestrutura e a necessidade de metodologias de ensino contextualizadas são fatores que impactam diretamente a qualidade da formação educacional nas comunidades rurais e ribeirinhas.
A análise realizada demonstrou que a valorização dos saberes locais e a adaptação do ensino da matemática à realidade dos estudantes são aspectos fundamentais para a construção de um aprendizado mais significativo e aplicável ao cotidiano das populações do campo.
A formação de docentes se destaca como um dos principais pilares para a melhoria do ensino na região, evidenciando a necessidade de capacitações contínuas que preparem os professores para atuar em contextos diversos, respeitando as especificidades socioculturais dos alunos. O desenvolvimento de práticas pedagógicas que integrem os conhecimentos matemáticos às atividades econômicas locais mostrou-se uma estratégia eficaz para engajar os estudantes e tornar a aprendizagem mais relevante.
A implementação de metodologias ativas e a produção de materiais didáticos adaptados à realidade amazônica são medidas essenciais para fortalecer a educação do campo, promovendo uma maior conexão entre o ensino formal e as experiências cotidianas dos estudantes. A integração entre escola e comunidade favorece a construção de um ensino mais participativo e alinhado às necessidades locais, reduzindo a evasão escolar e estimulando o protagonismo dos alunos no processo de aprendizagem.
Pode-se concluir, investir na qualificação docente, na valorização dos saberes regionais e na adaptação curricular são caminhos indispensáveis para fortalecer a educação do campo na Amazônia. As estratégias analisadas demonstram que um ensino contextualizado e alinhado às realidades das comunidades rurais pode contribuir significativamente para a redução das desigualdades educacionais e para o desenvolvimento sustentável da região. Assim, reforça-se a importância de políticas públicas eficazes que garantam não apenas o acesso à educação, mas também a permanência e a aprendizagem de qualidade para os estudantes do campo.
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