Educação Inclusiva: Descobrindo o Braille na Escola

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102502030951


Amanda de Souza Tibério ¹
Bruno Ramos Patricio ²
Daiana Ribeiro Carvalho de Jesus ³
Dalvana Ribeiro Carvalho de Jesus ⁴
Nayana de Souza Tibério ⁵
Nicolly Ribeiro de Souza ⁶
Sheila Carla Nobre Santos ⁷
Vitoria Emanuelle Guilherme da Silva ⁸


RESUMO

O presente projeto tem como objetivo central promover a educação inclusiva no ambiente escolar por meio da criação de materiais didáticos acessíveis. Muitas crianças, frequentemente, não possuem conhecimento ou contato direto com as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência visual, o que pode resultar em uma falta de empatia e uma compreensão limitada sobre como oferecer apoio adequado a colegas com essa condição. 

Essa lacuna de conhecimento pode, inadvertidamente, gerar atitudes excludentes, mesmo quando não intencionais. Portanto, o projeto visa sensibilizar os alunos, proporcionando-lhes uma compreensão mais profunda e promovendo um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor.

A proposta desenvolvida realizou-se com a turma do 1º ano do ensino fundamental, utilizando experiências educacionais práticas e sensoriais para que as crianças compreendam a realidade vivida por colegas com deficiência visual. Com isso, pretende-se incentivar atitudes inclusivas e respeitosas dentro do contexto escolar.

Para alcançar esses objetivos, optamos por desenvolver materiais didáticos em Braille, criando um ambiente de aprendizagem lúdico e interativo. Nosso foco está em implementar práticas pedagógicas inovadoras, adaptadas às diversas formas de aprendizagem, garantindo que todas as crianças, independentemente de suas limitações, tenham acesso a uma educação de qualidade e verdadeiramente inclusiva.

Além disso, o projeto busca envolver não apenas os alunos, mas também os professores e a comunidade escolar no processo de transformação. A colaboração entre todos é fundamental para garantir que as novas práticas pedagógicas inclusivas sejam sustentáveis e enraizadas no cotidiano escolar, promovendo uma cultura de respeito, empatia e equidade.

PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem; Braille; Educação Inclusiva; Deficiência Visual; Inclusão.

1  INTRODUÇÃO

A educação inclusiva é um direito fundamental que busca garantir que todas as crianças, independentemente de suas habilidades, tenham acesso ao aprendizado em um ambiente que valorize a diversidade. No contexto escolar, muitas crianças não têm contato direto ou conhecimento adequado sobre as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência visual, o que pode resultar em uma falta de empatia e em atitudes excludentes. Esse cenário destaca a necessidade de promover uma compreensão mais profunda sobre o Braille e as experiências de alunos com deficiência visual. 

Este projeto será realizado com crianças do primeiro ano do ensino fundamental na instituição Instituto Metodista de Ensino Superior – Colégio Metodista Bertioga, localizada na Rua Passeio do Ipê, nº 99, Riviera de São Lourenço – Bertioga/SP. 

A coleta de dados ocorreu por meio de pesquisa de campo e análise do ambiente escolar, sob a supervisão da coordenadora Sandra Regina de Jesus Matos e da docente Alessandra Rodrigues de Souza Chagas. 

Durante as discussões com a professora Alessandra, identificou-se dificuldades inerentes à inclusão, evidenciando a importância de atender às necessidades individuais dos alunos para assegurar uma educação inclusiva e de qualidade.

Alinhado ao tema apresentado pela Univesp, optamos por criar um recurso didático em Braille, que visa enriquecer a compreensão dos estudantes sobre a experiência escolar de uma criança com deficiência visual. 

Autores como (Sebba et al. 1996, apud Warwick, 2001) afirmam que a inclusão é um processo que envolve a aceitação, participação e valorização de todos os estudantes, sublinhando a importância de iniciativas educativas que promovam esse princípio promovendo igualdade de oportunidades e reduzindo a exclusão social, especialmente entre crianças e jovens. A pesquisa buscará, assim, analisar a eficácia do recurso didático em Braille, explorando seu potencial para fomentar uma comunidade escolar mais consciente e acolhedora.

2  DESENVOLVIMENTO
2.1  OBJETIVOS

O presente projeto, intitulado Promovendo Educação Inclusiva: Descobrindo o Braille na Escola, tem como objetivo abordar a inclusão educacional de crianças com deficiência visual, promovendo um ambiente escolar mais inclusivo e consciente, para isso, serão utilizados materiais didáticos que ampliem a compreensão dos estudantes sobre a experiência escolar de uma criança com deficiência visual.

O problema que motivou este trabalho foi a falta de contato e conhecimento adequado por parte dos alunos sobre as dificuldades enfrentadas por colegas com deficiência visual. Essa ausência de informação pode resultar em comportamentos discriminatórios, mesmo que de forma não intencional, além de uma compreensão limitada sobre como oferecer apoio de maneira eficaz.

Nesse contexto, de acordo com (Masini, 2013), observa-se que a pessoa com deficiência visual possui a capacidade de, por meio de movimentos e interações com o ambiente ao seu redor, desenvolver habilidades para perceber, vivenciar, organizar e compreender o mundo, assim como qualquer outra pessoa. Isso ocorre respeitando suas particularidades ao interpretar e assimilar o contexto que a cerca. Essa compreensão sobre a deficiência visual e a forma como a sociedade lida com o tema exige da educação a ampliação de seu campo de percepção e atuação, criando oportunidades para formas de interação que respeitem a singularidade desse indivíduo.

Com base nesse desafio, optamos por criar materiais didáticos em Braille para que os alunos possam entender, de maneira prática e sensorial, como é a vida de uma criança com deficiência visual no contexto escolar. 

O material didático em Braille é uma ferramenta essencial, pois possibilita que os alunos que não têm deficiência visual vivam a experiência de ver o mundo de uma outra perspectiva, permitindo aos estudantes enxergar de forma mais ampla a realidade vivida por seus colegas com deficiência visual. 

Ao introduzir as crianças a esse sistema de escrita e leitura, visamos não apenas promover a inclusão, mas também proporcionar uma experiência transformadora de empatia e respeito. 

Desse modo, fica a cargo da professora criação de situações e o favorecimento da participação de todos os alunos nas aulas, com o intuito de reconhecê-los como iguais perante o direito de aprender e diferentes nas suas formas de interação e construção do conhecimento. Assim, ressalta-se a importância das adaptações curriculares por se constituírem como um direito dos alunos e, por conseguinte, um dever dos sistemas educacionais, de modo que não se busca a construção de um currículo paralelo para os alunos com NEE, mas sim um currículo inclusivo que tenha lugar para contemplar a todos os alunos em sala de aula. (Nery. et al., 2019).

Além disso, crianças que tenham deficiência visual poderão participar do processo educacional de forma autônoma e ativa, superando as barreiras impostas pelos métodos de ensino convencionais, que dependerão majoritariamente da visão. A deficiência visual, que pode variar desde perda parcial até a cegueira total, impactará significativamente a interação de uma pessoa com o mundo e seu processo de aprendizagem.

O autor (Vygotsky,1998) afirma que o funcionamento psíquico das pessoas com deficiência visual segue as mesmas leis das demais, com diferenças apenas na sua organização. Para promover o desenvolvimento, é essencial compreender essa organização e criar ambientes de aprendizagem que estimulem a imaginação, a criatividade e a interação social.

No ambiente escolar, onde diversos recursos didáticos são visuais, é fundamental que haja alternativas acessíveis, como o Braille, para garantir a inclusão de todas as crianças. O Braille é um sistema de leitura e escrita tátil que, por meio de combinações de pontos em relevo, permite que pessoas com deficiência visual leiam e escrevam, tornando-se uma ferramenta imprescindível para o desenvolvimento educacional dessas crianças.

Conforme (Almeida, 2001) os materiais em Braille, em comparação com os livros convencionais, muitas vezes não despertam o mesmo nível de interesse, pois sua atratividade ao tato é inferior à experiência visual dos livros impressos. Assim, é necessário promover estímulos familiares e divulgar amplamente o Sistema Braille, destacando sua importância e valor, tais esforços são essenciais para incentivar a leitura entre pessoas com deficiência visual. 

O processo de alfabetização em Braille não só contribuirá para o desenvolvimento acadêmico das crianças com deficiência visual, mas também servirá como uma oportunidade para que todos os alunos, independentemente de sua condição, compreendam as diversas formas de comunicação e aprendizagem. De acordo com (Mantoan, 2003), a inclusão no ambiente escolar é um meio eficaz de garantir que todas as crianças tenham acesso ao conhecimento, promovendo uma educação inclusiva e de qualidade. 

Por tudo isso, a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge apenas alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. (Mantoan, 2003).

Durante o desenvolvimento deste trabalho, a professora Alessandra tem oferecido todo o suporte necessário para a realização do projeto, contribuindo com sugestões valiosas para a criação dos materiais didáticos em Braille. 

A implementação de estratégias pedagógicas inclusivas é essencial para garantir que os materiais sejam adaptados de maneira eficaz, permitindo que os alunos interajam com o sistema Braille de forma prática e significativa. Entre as estratégias utilizadas no projeto, foram desenvolvidas atividades sensoriais que possibilitem aos alunos, sem deficiência visual, vivenciar o dia a dia e as dificuldades enfrentadas por pessoas com esse tipo de deficiência. 

Essas atividades incluirão o manuseio dos materiais em Braille e a simulação de situações cotidianas, estimulando a empatia e a colaboração entre os estudantes. 

A introdução do Braille como um recurso didático também proporcionará uma compreensão mais profunda das barreiras que precisarão ser superadas para promover uma educação inclusiva. O objetivo será criar um ambiente de aprendizagem onde a diversidade seja valorizada e onde todos os alunos se sintam respeitados e incluídos.

O aprofundamento do processo inclusivo na escola, seja em relação ao aluno com DV ou a qualquer outro, pressupõe mudanças que vão desde a adaptação da estrutura física da escola até a modificação de posturas e mentalidades dos agentes que compõem o contexto escolar. Desse modo, cabe ressaltar a importância da afetividade no ambiente escolar e no desenvolvimento dos alunos. (Ribeiro, 2017).

Em síntese, o projeto tem como objetivo destacar a importância de práticas pedagógicas que incentivarão a inclusão e a empatia, e o uso de materiais didáticos em Braille é uma ferramenta eficaz para enriquecer a compreensão dos estudantes sobre as experiências escolares de uma criança com deficiência visual, promovendo atitudes respeitosas e colaborativas no ambiente escolar, contribuindo para a criação de um espaço educacional mais inclusivo e acessível para todos. 

Vale destacar que o projeto também se alinha ao propósito do Dia Nacional do Cego[1], que posteriormente, passou a ser denominado “Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual”, essa mudança de nomenclatura ampliou seu escopo abrangendo diferentes graus de deficiência visual, reforçando a importância da conscientização e da inclusão. (Senado Federal, 2022) cujo propósito é sensibilizar a sociedade sobre questões cruciais, como o preconceito e a discriminação vivenciados pelas pessoas com deficiência visual.

A inclusão desse marco no contexto educacional fortalece a importância de ações contínuas e reforça o papel da educação como ferramenta para promover um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor.

2.2  JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA 

A inclusão escolar de crianças com deficiência é um tema de grande relevância nas esferas social, cultural e acadêmica. A ausência de empatia e compreensão acerca das necessidades de colegas com deficiência visual pode acarretar atitudes excludentes, mesmo que de forma não intencional. No contexto do ensino fundamental, particularmente no primeiro ano, a falta de conhecimento e de contato direto com a realidade das crianças com deficiência visual configura-se como um desafio substancial para o desenvolvimento de uma educação verdadeiramente inclusiva. 

Em diálogo com a docente Alessandra, foi identificado que os alunos do primeiro ano ainda enfrentam dificuldades em compreender a importância da inclusão e como podem apoiar de maneira adequada os colegas com algum tipo de deficiência. A problemática detectada refere-se à carência de conscientização e empatia dos alunos em relação às necessidades dos colegas com deficiência visual. 

O projeto, portanto, propõe a elaboração de um material didático em Braille, com o objetivo de fomentar práticas pedagógicas inclusivas e proporcionar aos alunos a oportunidade de aprender de maneira lúdica e prática sobre as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência visual. A implementação desse projeto ocorrerá na escola em que os alunos estão matriculados, em parceria com a professora Alessandra, que já evidenciou a necessidade de intervenções voltadas para a inclusão educativa.

Tal iniciativa tem o potencial de gerar contribuições significativas não só para os alunos diretamente envolvidos, mas também para toda a comunidade escolar, promovendo uma cultura de inclusão, respeito e empatia, elementos essenciais para uma educação de qualidade e para a formação de cidadãos conscientes e sensíveis às necessidades alheias. Esse contexto serviu de motivação para a criação do material didático em Braille, que possibilitará uma vivência prática aos alunos, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades como empatia e cooperação, além de promover uma convivência escolar mais harmônica e inclusiva.

Como a criação de um material didático em Braille pode contribuir para a promoção da inclusão e sensibilização de alunos do primeiro ano do ensino fundamental acerca das necessidades de crianças com deficiência visual?

A elaboração de materiais pedagógicos acessíveis, como o proposto material em Braille, visa não apenas atender às necessidades específicas dos alunos com deficiência visual, mas também sensibilizar toda a comunidade escolar para as questões da inclusão. A educação inclusiva, como um direito garantido, necessita de iniciativas como essa para assegurar que todos os alunos tenham acesso ao aprendizado, promovendo a igualdade de oportunidades no ambiente escolar.

Conforme a Lei Brasileira de Inclusão (Lei n.º 13.146/2015), todas as instituições de ensino, públicas e privadas, devem assegurar o pleno acesso à educação para os alunos com deficiência.  

Ademais, (Vygotsky, 1998) salienta a importância da interação social no desenvolvimento cognitivo infantil, destacando que a aprendizagem ocorre por meio das trocas entre os indivíduos. Com base nesses princípios, consideramos que a introdução de práticas pedagógicas inclusivas desde os primeiros anos escolares é essencial para a construção de um ambiente de aprendizagem equitativo.

2.3  FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica deste projeto é embasada em uma compreensão aprofundada da inclusão escolar de crianças com deficiência visual, considerando os aspectos legais, pedagógicos e psicológicos essenciais para o desenvolvimento de uma educação equitativa e de qualidade.

Conforme o (Senado Federal, 2022), os direitos das pessoas com deficiência visual, destacando a importância de assegurar que os alunos com essa deficiência tenham pleno acesso à educação. Esse documento serve como base para as diretrizes do projeto, evidenciando a necessidade de adaptação e inclusão, de modo a garantir igualdade de oportunidades no ambiente escolar. A relevância dessa fonte está em sua atualização, consolidando os direitos das crianças com deficiência visual e proporcionando fundamentação legal para o projeto. 

A Lei Brasileira de Inclusão (Lei n.º 13.146/2015) reforça essa perspectiva, assegurando que todas as instituições de ensino, públicas ou privadas, devem oferecer condições para que alunos com deficiência tenham pleno acesso à educação. Essa legislação é um alicerce fundamental para a proposta, visto que orienta o projeto na busca pela criação de um ambiente inclusivo, cumprindo as normativas que garantem uma educação inclusiva. Ela é particularmente importante ao definir responsabilidades das escolas em relação à adaptação de materiais e práticas pedagógicas. 

[…]a isso se somam, no contexto escolar, os obstáculos encontrados no aprendizado da língua escrita através do sistema Braille, um código de escrita tátil que, devido às suas peculiaridades, revela-se mais complexo do que o sistema impresso. Dessa forma, o sistema Braille, por suas características, provoca uma maior propensão a erros, além de dificultar o processo de correção, uma vez que o aprendiz enfrenta obstáculos para apagar os erros de sua produção escrita. Assim, a criança cega, ao encontrar dificuldades nesse aprendizado, vivencia uma dupla exclusão. (Nicolaiewsky et al., 2008).

Diante do exposto os desafios enfrentados pelas crianças cegas no processo de aprendizado da língua escrita pelo sistema Braille, que é mais complexo que a escrita convencional. Além disso, essas crianças frequentemente sofrem com estigmas sociais que impactam sua autoestima e seu desenvolvimento como aprendizes. Um ponto crucial é a necessidade de ressignificar o erro, que deve ser visto não como fracasso, mas como uma oportunidade de aprendizado e crescimento. 

Quando se insere a questão da empatia, é fundamental que as crianças sem deficiência também sejam incentivadas a se colocar no lugar de seus colegas com deficiência visual. Esse exercício de empatia ajudaria a criar um ambiente mais acolhedor e compreensivo, onde as dificuldades dos outros são percebidas com sensibilidade. 

O desenvolvimento de empatia promove relações de respeito e solidariedade, contribuindo para que as crianças cegas não se sintam isoladas ou excluídas. Assim, a inclusão não é apenas responsabilidade do sistema educacional, mas também um processo de conscientização social, onde todas as crianças, ao aprenderem a valorizar as diferenças, colaboram para a criação de uma comunidade mais justa e solidária sem se sentirem constantemente marginalizadas por suas diferenças. 

Ademais, a inclusão de alunos com deficiência visual envolve também aspectos emocionais e pedagógicos, como destacado por (Ribeiro, 2017). O autor discute a relação entre afeto e práticas pedagógicas no contexto da inclusão, ressaltando que o acolhimento e a empatia são cruciais para o processo de ensino-aprendizagem. 

A contribuição de Ribeiro está em demonstrar que a inclusão não é apenas uma questão de acesso físico ou material, mas também de construir um ambiente onde as relações humanas promovam o desenvolvimento integral do aluno. Esse fundamento é vital para a elaboração de práticas pedagógicas que estimulem a empatia, um dos principais objetivos do projeto.

(Masini, 2013), em seu estudo sobre a percepção daqueles que estão na escola sem dispor da visão, amplia essa discussão ao explorar as vivências de alunos com deficiência visual no ambiente escolar. O autor argumenta que compreender as percepções e desafios dessas crianças é essencial para a formulação de estratégias pedagógicas eficazes. 

A obra de Masini é crucial para o projeto, pois permite uma abordagem mais sensível e informada, que leva em consideração as experiências subjetivas dos alunos com deficiência visual.

Além disso, o uso de estratégias lúdicas na educação inclusiva, como discutido por (Nery etal. 2019), traz um aspecto metodológico importante ao projeto. Os autores sugerem que a inserção de atividades lúdicas, especialmente no ensino de matemática, pode facilitar o aprendizado de crianças com deficiência visual. Esse estudo oferece subsídios valiosos para a criação de um material didático em Braille que seja ao mesmo tempo inclusivo e estimulante para todos os alunos. A contribuição de (Nery et al. 2019) está na conexão entre inclusão e ludicidade, proporcionando uma via prática para implementar a sensibilização no contexto educacional. 

Todavia, a teoria de (Vygotsky, 1998) sobre a formação social da mente embasa a proposta na medida em que enfatiza o papel fundamental da interação social no desenvolvimento cognitivo, o autor sugere que o aprendizado se dá através da troca e da cooperação entre os indivíduos, o que justifica a necessidade de promover a inclusão desde cedo, por meio de interações que envolvam todos os alunos, com e sem deficiência. Sua contribuição ao projeto é a fundamentação psicológica do processo de aprendizagem inclusiva, destacando a importância de práticas pedagógicas que fomentem o desenvolvimento conjunto de habilidades sociais e cognitivas.

Portanto, com base na fundamentação teórica apresentada e nos autores citados ao longo deste projeto, visa-se a criação de um material didático em Braille que contribua para a inclusão de crianças com deficiência visual. Esse material terá como objetivo auxiliar as demais crianças a compreenderem, de maneira prática e sensorial, a realidade vivenciada por um colega com deficiência visual, promovendo o desenvolvimento de atitudes inclusivas e respeitosas no ambiente escolar. Ademais, busca-se fomentar uma educação acessível, empática e igualitária, em conformidade com as normativas legais vigentes e as abordagens pedagógicas contemporâneas.

2.4  APLICAÇÃO DAS DISCIPLINAS ESTUDAS NO PROJETO INTEGRADOR

O Projeto Integrador IV teve como objetivo a elaboração de um recurso didático em Braille, cuja concepção foi diretamente influenciada pelas disciplinas estudadas ao longo do semestre. Cada uma dessas disciplinas contribuiu para o desenvolvimento da solução e construção do protótipo. 

A combinação do conhecimento sobre Educação Especial, Didática, Alfabetização, História da Educação e outros temas essenciais permitiu a criação de uma solução educacional inclusiva, lúdica e bem estruturada. O protótipo final reflete um planejamento pedagógico coerente com o objetivo proposto e promovendo uma educação de qualidade e acessível para todos.

Sabe-se, entretanto, que o cotidiano escolar, em todas as suas faces, nos revela a necessidade de investirmos nesses conhecimentos, através da valorização dos recursos materiais e humanos, das práticas desenvolvidas por professores docentes já comprometidos com a inovação e a criatividade, e especialmente, da valorização de uma formação inicial e continuada direcionada a práticas inclusivas nas escolas e na própria sociedade. (Machado et al., 2018).

  • Alfabetização e Letramento

Essa disciplina foi crucial para o desenvolvimento de atividades relacionadas à leitura e escrita, fundamentais no protótipo. Foram utilizados os conceitos de alfabetização (aquisição do sistema de escrita) e letramento (uso social da escrita) para criar atividades que não só ensinam as crianças a ler e escrever, mas também as ajudam a compreender o papel social dessas habilidades.

  • Didática

A Didática forneceu a base para a construção de um planejamento pedagógico eficaz, abordando métodos de ensino, planejamento de aulas e avaliação da aprendizagem. O conteúdo dessa disciplina ajudou na formulação de uma abordagem didática coerente no protótipo, como a elaboração de estratégias de ensino claras e adequadas ao perfil dos alunos. A organização das atividades no protótipo seguiu o que foi aprendido em Didática, garantindo que as ações fossem progressivas, com objetivos claros e avaliação de resultados de forma contínua.

  • Educação Especial e LIBRAS

Essa disciplina foi fundamental para ampliar a compreensão sobre a inclusão de alunos com deficiência no ambiente escolar. O conteúdo focou em adaptar práticas pedagógicas para promover o acesso ao currículo e o aprendizado de alunos com necessidades educacionais especiais. No protótipo, isso se traduziu na criação de um ambiente acessível, incluindo atividades que consideram a diversidade dos alunos, como o uso de Libras e a inclusão de materiais que possam ser utilizados por estudantes com deficiências visuais e auditivas. A experiência de criar um recurso didático em Braille foi surpreendente. O recurso consistiu em utilizar caixas de ovos e bolinhas de ping pong para que as crianças pudessem aprender e escrever seus nomes em Braille, reforçando a alfabetização inclusiva.

  • Filosofia da Educação

A Filosofia da Educação trouxe uma reflexão profunda sobre os fundamentos do ato de educar, permitindo que o projeto fosse pautado em uma abordagem pedagógica com embasamento ético e crítico. Foi a partir dessa disciplina que se discutiu o papel da educação na formação integral do ser humano. A solução desenvolvida no protótipo reflete essas discussões, propondo uma educação voltada para o desenvolvimento crítico, humano e social dos alunos, respeitando suas individualidades e promovendo a equidade.

  • Fundamentos da Educação Infantil

A disciplina de Fundamentos da Educação Infantil trouxe à tona os princípios básicos do desenvolvimento infantil, ressaltando a importância de práticas pedagógicas que considerem a faixa etária e o desenvolvimento cognitivo das crianças. Isso foi essencial para a estruturação do protótipo, que foi construído com atividades lúdicas e adequadas ao nível de desenvolvimento dos discentes. O uso de jogos, músicas e atividades manuais, por exemplo, garantiu que o protótipo estivesse alinhado às melhores práticas para o aprendizado das crianças pequenas.

  • História da Educação

O estudo da evolução dos sistemas educacionais e das práticas pedagógicas ao longo da História ajudou a contextualizar a proposta do protótipo. Ao entender como a educação foi influenciada por diferentes correntes filosóficas e culturais, foi possível desenvolver um projeto que considera os desafios atuais da educação inclusiva e democrática. A história da educação permitiu uma visão crítica sobre o papel da escola e do professor na sociedade, o que se refletiu na busca por uma solução que não apenas atendesse às demandas educacionais, mas também fosse socialmente responsável e inclusiva.

  • Organização do Trabalho Pedagógico

Essa disciplina ofereceu ferramentas importantes para a estruturação do ambiente escolar e a organização das atividades pedagógicas. O aprendizado sobre a gestão de sala de aula, planejamento escolar e organização do tempo e dos recursos pedagógicos influenciou diretamente a construção do protótipo, garantindo que as atividades estivessem organizadas de forma eficiente e que os recursos fossem utilizados de maneira otimizada. O protótipo incluiu um planejamento claro de como as atividades seriam desenvolvidas e como o tempo seria dividido para maximizar a aprendizagem dos alunos.

2.5  METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho fundamenta-se em abordagens teóricas que contemplam a inclusão escolar de crianças com deficiência visual. 

Para a realização deste projeto, adotou-se uma metodologia diversificada que inclui um levantamento bibliográfico, observação participante em sala de aula, elaboração e implementação de atividades pedagógicas integradas, e entrevista com a docente Alessandra, responsável pela turma do primeiro ano do ensino fundamental. 

Além disso, a análise qualitativa dos resultados obtidos é essencial para a avaliação da eficácia da intervenção proposta. Os métodos utilizados para coletar dados incluem registros de observação e a análise das produções dos alunos, permitindo uma compreensão mais aprofundada do impacto das atividades desenvolvidas. 

O projeto “Descobrindo o Braille na Escola” foi concebido como parte integrante do Projeto Integrador IV, com o objetivo de proporcionar uma experiência lúdica e interativa que promova o desenvolvimento de habilidades como empatia, conscientização e respeito, além de facilitar a compreensão dos desafios enfrentados por pessoas com deficiência visual. 

O desenvolvimento da atividade sobre o sistema Braille com os alunos do 1º ano do Colégio Metodista Bertioga foi guiado pela abordagem do Design Thinking, uma metodologia centrada no usuário, que busca solucionar problemas de maneira colaborativa e criativa. Essa abordagem foi estruturada em três fases principais: ouvir, criar e prototipar. Cada uma dessas etapas foi fundamental para o planejamento, implementação e refinamento da solução pedagógica, visando uma experiência inclusiva e engajadora para os alunos.

Fase 1: Ouvir

Na primeira etapa do processo, ouvir, foi realizada uma coleta de informações detalhada por meio de entrevistas e observações diretas. A professora Alessandra e a equipe pedagógica da escola foram consultadas para identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos, bem como os desafios no processo de inclusão. Foram abordadas questões como a compreensão sobre deficiências visuais e a necessidade de estimular a empatia e o respeito às diferenças entre os estudantes.

Essa fase envolveu também a análise do contexto educacional, com foco nas necessidades cognitivas e emocionais dos alunos do 1º ano, além de observar como esses estudantes interagem com atividades sensoriais e práticas. A partir dessas informações, foi possível mapear as expectativas e preocupações da equipe pedagógica em relação ao ensino de temas inclusivos e definir os objetivos pedagógicos da atividade.

O processo de ouvir foi crucial para garantir que o projeto fosse centrado nas necessidades reais dos alunos e que as soluções propostas fossem adequadas ao nível de desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes. As percepções e sugestões da professora Alessandra, bem como da equipe pedagógica, foram incorporadas ao planejamento da atividade, assegurando um alinhamento com as diretrizes curriculares e os objetivos inclusivos da escola.

Fase 2: Criar

Com base nas informações coletadas na etapa anterior, iniciou-se a fase de criar, em que foram geradas ideias para a construção da atividade de ensino sobre o Braille. Nesta fase, o foco foi o desenvolvimento de uma solução que fosse ao mesmo tempo lúdica, prática e eficaz para promover a conscientização sobre a deficiência visual.

A equipe envolvida no planejamento colaborou para idealizar uma série de atividades interativas que pudessem estimular o aprendizado sensorial. A ideia central era criar uma experiência imersiva, onde os alunos pudessem sentir na prática como é o processo de leitura e escrita em Braille. Nesse momento, surgiu a proposta de utilizar caixas de ovos e bolinhas de ping-pong para a construção das letras em Braille, permitindo que as crianças pudessem “escrever” seus próprios nomes em Braille e, ao mesmo tempo, tocar nas bolinhas para simular a experiência de uma pessoa com deficiência visual.

Além disso, foi criado um cartaz com o alfabeto em Braille, que serviu como referência visual e tátil durante a aula. A proposta de incluir outros elementos, como caixas de remédios com escrita em Braille e uma medalha também em Braille, foi concebida como uma maneira de conectar o conteúdo didático à realidade cotidiana, reforçando o aprendizado por meio de exemplos concretos.

Essa fase foi caracterizada pelo brainstorming e pela experimentação de diferentes ideias, com a intenção de selecionar as melhores soluções que atendessem aos objetivos pedagógicos e fossem apropriadas para o público-alvo.

Fase 3: Prototipar

A fase de prototipar envolveu a concretização das ideias desenvolvidas na fase anterior, criando um protótipo que pudesse ser aplicado em sala de aula e testado com os alunos. A construção das letras em Braille com as caixas de ovos e bolinhas de ping-pong foi testada previamente, avaliando-se a funcionalidade e a adequação da proposta para a faixa etária dos estudantes.

O protótipo foi ajustado a partir de observações feitas durante os testes, garantindo que os materiais utilizados fossem seguros, fáceis de manusear e promovessem uma experiência sensorial adequada. Nessa etapa, também foram definidos os roteiros das atividades, incluindo a história de Louis Braille e a explicação sobre o sistema, assim como os momentos de interação prática com os materiais.

A fase de prototipar permitiu uma adaptação constante da proposta, assegurando que o design final fosse ajustado às necessidades observadas. Com o protótipo finalizado, a atividade foi implementada em sala de aula, sendo observada em tempo real para que ajustes pudessem ser feitos durante a execução, caso necessário.

O uso do Design Thinking como metodologia não só proporcionou uma solução criativa e colaborativa para ensinar o Braille de forma inclusiva, mas também garantiu que a experiência fosse verdadeiramente centrada nas necessidades e realidades dos alunos. As fases de ouvir, criar e prototipar foram fundamentais para o sucesso da atividade, proporcionando uma experiência rica em aprendizado e sensibilização para a inclusão.

Dentro desse escopo, utilizaremos o alfabeto em Braille, que consiste na formação de letras  utilizando uma maquete feita com uma caixa de ovos cortada ao meio, e bolinhas de ping pong representando as elevações que formam os pontos em cada cela Braille, cujo a ideia é ensinar o alfabeto e a formação de palavras em Braille visando não apenas atender às necessidades específicas dos alunos com deficiência visual, mas também sensibilizar toda a comunidade escolar sobre as questões relacionadas à inclusão. 

Em relação ao material existente no sistema Braille, podemos afirmar que, muitas vezes, não são tão atraentes ao tato como os livros convencionais são para a visão. Por isso não é tão fácil despertar o interesse para a leitura, necessitando de estímulos familiares, bem como tentativas de divulgar o Sistema Braille, valorizando seu esforço e suas produções. (Barbosa, 2022).

Neste cenário, a escolha de incorporar o Braille como estratégia de alfabetização é fundamentada na premissa de que a aprendizagem se dá de maneira mais significativa quando os alunos estão envolvidos ativamente em experiências práticas e interativas. Essa abordagem não só promove o aprendizado do sistema Braille, mas também contribui para a formação emocional dos alunos, ao possibilitar uma vivência prática e reflexiva sobre a inclusão e o respeito às diferenças.

3  RESULTADOS: SOLUÇÃO FINAL

O objetivo deste projeto é criar um recurso inclusivo que auxilie na sensibilização e no ensino de alunos do primeiro ano do ensino fundamental, promovendo a compreensão das necessidades de colegas com deficiência visual. 

O projeto foi desenvolvido em uma escola de ensino fundamental onde os alunos do primeiro ano demonstraram dificuldades em compreender e praticar a inclusão de colegas com deficiência visual. Através de conversas com a docente Alessandra e observações em sala de aula, identificou-se que havia uma necessidade urgente de maior conscientização e empatia entre os alunos.

Os sujeitos participantes incluem os alunos do primeiro ano do ensino fundamental, a professora Alessandra, que participou ativamente do planejamento e implementação, Daiana Ribeiro Carvalho de Jesus e Nicolly Ribeiro de Souza. 

As informações iniciais foram coletadas por meio de observação direta das interações entre os alunos e entrevista com à docente Alessandra e à equipe pedagógica, visando identificar as principais dificuldades no que se refere à inclusão. 

Com base nas informações coletadas, foi elaborada a proposta de criação de um material didático em Braille. Este material consiste na formação de letras em Braille utilizando uma maquete feita com uma caixa de ovos, cujo a ideia é promover a conscientização dos alunos através de experiências educacionais que promovam a compreensão, de forma prática e sensorial, da vivência de um colega com deficiência visual, elementos essenciais para desenvolver atitudes inclusivas e respeitosas no ambiente escolar. 

Tais recursos permitem que as crianças experimentem, de maneira lúdica e interativa, as dificuldades e os desafios enfrentados por pessoas com deficiência visual, favorecendo a empatia, a conscientização e a valorização da diversidade. Dessa forma, o processo de ensinoaprendizagem torna-se mais significativo, incentivando a criação de um espaço de convivência mais acolhedor e inclusivo para todos.

A cela Braille[2] é composta por seis pontos organizados em uma matriz de duas colunas por três linhas, cada letra ou símbolo Braille é formado por uma combinação diferente de pontos em relevo. A criação da maquete tem como objetivo ensinar os alunos a entender a formação dessas células, ajudando-os a visualizar e formar palavras. 

A análise dos dados foi realizada qualitativamente, levando em consideração as respostas da professora e os comportamentos observados dos alunos. A partir disso, desenvolvemos um protótipo acessível e lúdico, capaz de auxiliar no aprendizado das letras em Braille, possibilitando que todos os alunos possam interagir de maneira inclusiva. 

O resultado da solução implementada com os alunos do 1º ano do Colégio Metodista Bertioga foi altamente positivo, com excelente participação e engajamento dos estudantes. A atividade, realizada no dia 14 de outubro de 2024, envolveu 18 alunos, sob a condução de Nicolly, com supervisão da professora Alessandra, e contou com a colaboração de Daiana.

A aula teve início com a narrativa da história de Louis Braille, contextualizando a criação do sistema de leitura e escrita em Braille, o que despertou o interesse dos alunos desde o princípio. 

Nicolly apresentou um cartaz com o alfabeto em Braille, explicando detalhadamente que cada letra corresponde a uma combinação única de pontos, esse recurso visual e explicativo foi fundamental para facilitar a compreensão dos alunos. 

A proposta central foi a construção das letras em Braille utilizando caixas de ovos e bolinhas de ping-pong. As crianças participaram ativamente, montando os nomes em Braille e sendo incentivadas a fechar os olhos para tocar e experimentar a leitura pelo tato. Esse exercício sensorial foi essencial para que as crianças compreendessem de forma prática as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência visual, promovendo uma experiência inclusiva. 

Outros materiais, como caixas de remédios com escrita em Braille e uma medalha também em Braille, foram apresentados, permitindo que os alunos observassem e tocassem mais exemplos da aplicação do sistema. A aula foi concluída de forma motivacional, com a mensagem de que a determinação e criatividade podem gerar grandes invenções, incentivando os alunos a pensar sobre o futuro.

A solução aplicada foi baseada em informações coletadas por meio de observação e entrevistas com a professora Alessandra e a equipe pedagógica, resultando em um material didático lúdico e sensorial, alinhado às necessidades de inclusão. Através dessa experiência, as crianças puderam desenvolver empatia e uma compreensão mais profunda sobre a diversidade, promovendo atitudes mais inclusivas no ambiente escolar.

A reflexão sobre o currículo está instalada nos diversos âmbitos educacionais inclusive nas escolas. […] Educar na diversidade pressupõe a adoção de um modelo de currículo na escola que facilite adaptações e flexibilizações para o aprender e ensinar de todos os alunos e alunas em sua diversidade. (BRASIL, 2001).

Essa abordagem prática e interativa não só estimulou a conscientização sobre a deficiência visual, mas também enriqueceu o processo de ensino-aprendizagem ao criar um ambiente de convivência mais acolhedor, inclusivo e respeitoso.

4  CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação da atividade pedagógica sobre o sistema Braille com os alunos do 1º ano do ensino fundamental do Colégio Metodista Bertioga demonstrou resultados significativos tanto no aspecto didático quanto no desenvolvimento social dos estudantes. A experiência foi amplamente exitosa, cumprindo os objetivos de sensibilização e inclusão por meio de uma abordagem prática, interativa e sensorial, que não só facilitou a compreensão do conteúdo, mas também proporcionou uma vivência real das dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência visual.

Ao longo da aula, observou-se um alto nível de engajamento por parte dos alunos, que demonstraram curiosidade e interesse em aprender um sistema de comunicação utilizado por pessoas com deficiência visual. A utilização de materiais manipuláveis, como caixas de ovos e bolinhas de ping-pong para a construção das letras em Braille, contribuiu significativamente para a interação dos estudantes com o conteúdo, promovendo uma aprendizagem ativa e lúdica. Essa abordagem permitiu que as crianças não só entendessem os princípios do alfabeto Braille, mas também experimentassem, de forma concreta, como o sistema é utilizado no cotidiano.

Ademais, o relato da história de Louis Braille e a explicação sobre a criação do sistema foram momentos que reforçaram a importância da perseverança e da criatividade como motores para grandes conquistas. A reflexão sobre os desafios e superações vividos por Braille despertou nos alunos uma consciência crítica sobre a importância da inclusão e respeito às diferenças.

A partir da observação direta das interações entre os alunos e da entrevista com a docente e a equipe pedagógica, foi possível concluir que a atividade proporcionou uma oportunidade significativa para o desenvolvimento de atitudes inclusivas no ambiente escolar. Os alunos, além de adquirirem conhecimentos sobre o sistema Braille, demonstraram uma maior empatia e compreensão em relação às pessoas com deficiência visual, o que evidencia o impacto positivo da proposta.

Dessa forma, a atividade cumpriu seu propósito de ampliar o repertório cultural e social dos estudantes, incentivando-os a valorizar a diversidade e a construir um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor. A inclusão de atividades sensoriais e práticas, que dialoguem com as realidades de diferentes grupos, se mostrou uma estratégia eficaz para a promoção de uma educação verdadeiramente inclusiva. Em suma, a experiência não apenas enriqueceu o processo de ensino-aprendizagem, mas também contribuiu para a formação de cidadãos mais conscientes e empáticos.

Para futuras intervenções pedagógicas, sugere-se a continuidade de propostas que promovam a inclusão e a conscientização acerca das diferentes formas de comunicação e expressão, fortalecendo, assim, o compromisso da escola com uma educação plural e acessível a todos.

REFERÊNCIAS

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MEC     /            Secretaria        de          Educação         Especial.           Disponível       em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/grafiaport.pdf. Acesso em 25 de set de 2024.

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MACHADO, C. C. A. C. et al. Organização, criação, adaptação de materiais e recursos pedagógicos: abordagem curricular inclusiva. In: COLÓQUIO LUSO-BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO, [S. I.], 2018. [Anais…], [S. I.], 2018. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1B6aga3mblRfIkQhv8Vlfh1FdA9Xy5fzv/view. Acesso em: 12 out. 2024.  

MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar. O que é? Por quê? Como fazer? Disponível em: Mantoan-Inclusão-Escolar.pdf . Acesso em: 20 set. 2024.

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APÊNDICES (OPCIONAL)

[1] O Dia Nacional do Cego é celebrado no Brasil em 13 de dezembro, conforme estabelecido pelo Decreto nº 51.045 de 28 de julho de 1961, sancionado pelo então presidente Jânio Quadros cujo objetivo é promover a inclusão social e a acessibilidade para pessoas com deficiência visual. (Senado Federal, 2022)

[2] A cela ou célula Braille é a unidade básica do sistema Braille de escrita em relevo. Ela consiste em um bloco de seis posições organizadas em duas colunas e três linhas, nas quais podem ser levantados pontos em diferentes combinações para formar letras, números ou símbolos, esse conjunto de seis pontos é denominado sinal fundamental. Cada combinação de pontos dentro dessa célula representa um caractere específico. Disponível em:  Grafia Braille para a Língua Portuguesa.


1 RA: 2230169

2 RA: 2220552

3 RA: 2217493

4 RA: 2231751

5 RA: 2102674

6 RA: 2217180

7 RA: 2202239

8 RA: 24100334