EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE NO MUNDO GLOBALIZADO

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11492000


SABÓIA, Benedito César Pereira de;
DINIZ, Everaldo Penafiel;
BRITO, Francisca Edilma Monteiro;
MARQUES, Katarina Maria Almeida do Amaral;
SALGADO, Magnólia Viana;
MAIA, Soraya Salgado.


RESUMO

Atualmente, a Escola tem se preocupado cada vez mais com temas como a inclusão e o respeito as diversidades. Tais temas evidenciam uma sociedade que ainda apresenta índices muito elevados de desigualdades, preconceitos e violências. A inclusão e o respeito a diversidade devem fazer parte da educação pública e privada. Para que isso aconteça, muito ainda precisa ser feito. Hoje, já se dispõe de uma vasta produção bibliográfica acerca do assunto, mas ainda há um longo caminho a ser traçado para que a educação retrógrada e preconceituosa ocupe cada vez menos espaço na escola e na sociedade. O mundo globalizado no qual estamos inseridos nos permite acessar todas as informações, de todos os cantos do planeta de forma imediatista. Essa conexão também deve ser um nos veículos de propagação da educação inclusiva e de respeito as diversidades. A globalização não exerce influência somente na economia. Ela interfere diretamente nos demais setores da sociedade como cultura e educação. Este trabalho tem por objetivo apresentar de que forma a globalização pode influenciar no processo de implementação de uma educação inclusiva. A globalização, por seu perfil capitalista, muitas vezes vem na contra mão da inclusão pois gera mais desigualdades econômicas e sociais que são pontos chave para retardar o processo inclusivo. É fundamental compreender que mesmo com a globalização é possível desenvolver uma escola inclusiva. A globalização atua junto com a democracia e ela é a base para a inclusão e o respeito as diferenças. Ainda temos um longo e turbulento caminho a ser percorrido para que o Brasil tenha uma real educação inclusiva. Para que esse objetivo seja alcançado é importante aprofundar estudos e iniciativas na área para que novas estratégias e projetos sejam desenvolvidos e aplicados.

Palavras chave: Globalização, educação inclusiva, diversidade.

ABSTRACT

Currently, the School has become increasingly concerned with topics such as inclusion and respect for diversity. Such themes highlight a society that still presents very high rates of inequalities, prejudice and violence. Inclusion and respect for diversity must be part of public and private education. For this to happen, much still needs to be done. Today, there is already a vast bibliographical production on the subject, but there is still a long way to go so that retrograde and prejudiced education occupies less and less space in schools and in society. The globalized world in which we live allows us to access all information from all corners of the planet immediately. This connection must also be one of the vehicles for spreading inclusive education and respect for diversity. Globalization does not only influence the economy. It directly interferes with other sectors of society such as culture and education. This work aims to present how globalization can influence the process of implementing inclusive education. Globalization, due to its capitalist profile, often goes against inclusion as it generates more economic and social inequalities that are key points to delay the inclusive process. It is essential to understand that even with globalization it is possible to develop an inclusive school. Globalization works together with democracy and is the basis for inclusion and respect for differences. We still have a long and turbulent road to travel for Brazil to have real inclusive education. For this objective to be achieved, it is important to deepen studies and initiatives in the area so that new strategies and projects are developed and applied.

Keywords: Globalization, inclusive education, diversity.

INTRODUÇÃO

Atualmente, a Escola tem se preocupado cada vez mais com temas como a inclusão e o respeito as diversidades. Tais temas evidenciam uma sociedade que ainda apresenta índices muito elevados de desigualdades, preconceitos e violências.

Falar sobre diversidade sexual, intolerância religiosa e outros marcadores sociais da diferença, é hoje um enorme desafio para a Escola. Pensamentos conservadores e discriminatórios criam obstáculos para a concretização de planos de políticas educacionais baseados em uma educação livre de preconceitos e discriminação (SABATINE, 2018).

A inclusão e o respeito a diversidade devem fazer parte da educação pública e privada. Para que isso aconteça, muito ainda precisa ser feito. Hoje, já se dispõe de uma vasta produção bibliográfica acerca do assunto, mas ainda há um longo caminho a ser traçado para que a educação retrógrada e preconceituosa ocupe cada vez menos espaço na escola e na sociedade. De acordo com a Constituição Federal, todos tem direito a educação, assim, as diferenças e a diversidade não podem ser deixadas a margem da escola. Nesse sentido, temos o fundamental papel do professor, e de toda a equipe escolar. Os profissionais da educação são a peça chave para que a educação se torne cada vez mais democrática e acessível a todos.

Nesse contexto é importante também falarmos da globalização. O mundo globalizado no qual estamos inseridos nos permite acessar todas as informações, de todos os cantos do planeta de forma imediatista. Essa conexão também deve ser um nos veículos de propagação da educação inclusiva e de respeito as diversidades. A globalização não exerce influência somente na economia. Ela interfere diretamente nos demais setores da sociedade como cultura e educação.

A globalização está presente no nosso dia-a-dia, faz parte do nosso mundo desde que despertamos para a vida. Impossível nos dias de hoje viver sem estar inserido no mundo globalizado, a educação está ligada ao sistema globalizado, tornando-se uma educação global, por fazer parte do macro ambiente mundial (FERIOTTI, 2008).

A escola deve ser um local de compartilhamento e acolhimento. Deve ser um local de partilha de ideias e criação de estratégias para o desenvolvimento da percepção e da visão crítica da realidade na qual estamos inseridos, colocando o indivíduo como parte integrante do mundo. Mesmo vivendo num mundo globalizado, temos que nos perceber como indivíduos com características particulares, sempre diferentes uns dos outros.

A história da Educação no Brasil é desde sempre repleta de exclusões, desde o início do período da colonização até os dias atuais. Esse fato, dificulta bastante a luta por condições mais justas e democráticas não só na escola, mas em todos os setores da sociedade.

Na década de 1980, ainda era muito evidente a dualidade entre sexo e gênero. Ambos eram vistos como questões distintas. Alguns autores descrevem que a temática de gênero surgiu a partir de movimentos feministas do século XX. As feministas divulgavam o tema buscando explicações sobre as desigualdades enraizadas entre homens e mulheres. O conceito de gênero baseia-se em quatro elementos que se conectam entre si. Esses elementos são simbólico, normativo, político e subjetivo (GERALDES, 2011).

A escola como instituição deve atuar na busca da transformação de vidas e de pessoas através da promoção de ações e eventos que divulguem as políticas educacionais de inclusão e de respeito a diversidade para dessa forma, construir indivíduos melhores que tenham um pensamento contrário a todo e qualquer tipo de preconceito. Muitas vezes o preconceito apresenta-se de forma implícita ou até mesmo “natural”, a partir de um inconsciente que aprendeu que uns são melhores que os outros. É missão da escola transformar esse tipo de pensamento a partir da formação de novas gerações que se formam respeitando as diferenças.

A globalização tem sua limitação mais grave no feito de não possuir um modelo de sociedade viável. A educação, concebida como a transmissão de visões do mundo, de saberes e de sistema de valores, tem um enorme desafio histórico na defesa e na preservação da diversidade cultural, o que tem sido abordado em diversas esferas pelos diversos países ao redor do mundo.

Este trabalho tem por objetivo apresentar de que forma a globalização pode influenciar no processo de implementação de uma educação inclusiva.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica de caráter descritivo que utilizou como base de dados a plataforma Google Acadêmico buscando como material de referência artigos científicos de relevância e publicados recentemente.

DISCUSSÃO

De acordo com Araújo (2021), o início da globalização se deu com as grandes navegações que buscavam encurtar distâncias e aproximar pessoas. Entretanto, o que se observou na realidade foi um contexto bem mais complexo. A conexão entre diferentes povos e culturas gerou barreiras muito significativas que permanecem ainda hoje com cenários que marcam a sociedade, a educação, o trabalho e as pessoas.

A escola deve ser uma extensão da sociedade, por isso, deve dialogar com diversos problemas e situações cotidianas. A indiferença diante da realidade caótica do preconceito e desrespeito as diferenças devem ser encaradas pela escola como ponto fundamental de enfrentamento. Quando a escola é omissa diante de tais fatos, motiva situações de discriminação, violência e conflitos que podem ter consequências graves. Além disso, podem surgir danos em relação ao rendimento escolar, levando a reprovações e até mesmo abandono da escola.

O professor e os demais profissionais que atuam na escola, no seu processo de formação devem passar por cursos e treinamentos que os tornem capazes de lidar com essa realidade e principalmente, que os tornem pessoas livres de qualquer tipo de preconceito. O estudante deve estar apto a reconhecer e identificar qualquer situação de preconceito, seja ela de gênero, raça, classe, religião… A transformação do pensamento não é uma tarefa fácil, requer reflexão e maturidade social e política por parte tanto dos professores quanto dos estudantes.

Segundo Rios (2022), a escola é um campo minado no qual a intolerância, o preconceito e a discriminação se espalham com facilidade criando raízes e frutos. A luta contra tais males deve ser diária com atitudes que permitam a reflexão sobre respeito e aceitação das diferenças. A construção do planejamento pedagógico da instituição escolar deve ser realizada com a participação das famílias e da comunidade. Dessa forma, ele será moldado de acordo com as reais características daquelas pessoas, promovendo uma educação inclusiva a partir de estratégias que respeitem as características individuais das pessoas que compartilham aquele espaço.

A Educação inclusiva chega para quebrar barreiras históricas e reconstruir um processo educacional de acordo com a realidade da sociedade contemporânea e das pessoas, A revisão das Políticas Educacionais brasileiras é fundamental para que as escolas possam oferecer uma educação sem preconceitos e sem violência. A nova base curricular deve incluir as pautas necessárias para que temas como diversidade e diferenças estejam presentes na rotina da sala de aula. Só assim todos os indivíduos poderão ter seu direito a cidadania plana respeitado.

Geraldes (2011), descreve que na educação inclusiva o estudante deve ser respeitado na sua individualidade, principalmente quando se trata da rede pública que recebe grupos bem diversificados de alunos. O professor deve atuar como mediador nesse processo inclusivo nas práticas pedagógicas, colaborando para que não ocorram exclusões ou violências dentro da sala de aula. Além disso, o professor também deve identificar as limitações individuais de cada aluno e respeitá-las dentro do processo de aprendizagem. Educar inclui ensinar e aprender, respeitando as diferenças sociais, culturais e físicas.

A diversidade deve ser compreendida como uma representação da diferença e não como o reconhecimento do outro como igual, em todos os aspectos, seja ele ideológico, cultural, religioso ou social. A diversidade deve ser entendida como condição básica para a prática interdisciplinar e transdisciplinar na escola. As conexões entre as diferentes disciplinas são importantes métodos de compartilhamento de diferentes realidades (FERIOTTI, 2008).

É necessário o desenvolvimento de projetos e estratégias dentro do processo de ensino e aprendizagem direcionadas para a conexão entre as diversidades, principalmente as culturais, raciais e de gênero, dentro de uma realidade capitalista e globalizada. Ações consistentes são fundamentais frente a complexidade da situação. A Educação se apresenta com uma teoria pré-determinada por organismos internacionais e governos que muitas vezes não enxergam a realidade cultural da comunidade onde ela será aplicada (MENDES, 2020).

A formação pedagógica dos profissionais tem papel de destaque nesse processo. A abordagem de questões que envolvem diferenças, violência e preconceito devem ser inseridas no processo de formação dos docentes, visando, principalmente, eliminar ideais extremistas e retrógrados que podem influenciar diretamente no comportamento dos estudantes.

Segundo Sabatini (2018), vivemos hoje um cenário que trabalha com novas linhas de atuação que contam com planejamentos e estratégias dinâmicas que já conseguem ser disseminadas, ainda que com alguma resistência, em torno das questões da diversidade sexual. É visível e crescente o interesse da população por compreender mais sobre o tema e isso favorece e fortalece a implantação de novas políticas públicas inclusivas.

Segundo Gomes (2023), no ano de 2006, quando o Brasil aderiu à Convenção da ONU, um novo horizonte de possibilidades se abriu. Tal Convenção adota direitos aos portadores de necessidades especiais a uma Educação Inclusiva nas escolas regulares. Novas práticas passaram a ser adotadas voltadas para esses alunos.

É claro que a globalização nada no sentido oposto ao da equidade. O mundo globalizado e capitalista acentua cada vez mais as desigualdades econômicas e sociais e isso se reflete diretamente na inclusão.

Em contrapartida, ao mesmo tempo que observamos a globalização gerando oportunidades de crescimento, observamos também uma troca cultural intensa que pode gerar pontos negativos, se transformando em violência, provocando a aculturação, pretexto certo para a discriminação. A globalização, assim, intensifica a interculturalidade, mas se não for aplicada na escola da forma correta pode gerar sérios problemas de violência e discriminação (GERALDES, 2011).

Quando se fala em globalização na educação, se pensa em erosão de fronteiras. O exterior exerce influência direta na vida da população em todos os setores. Dessa forma, pode-se dizer que a globalização interfere em todas as atividades humanas, influenciando na cultura, no comportamento e nos valores individuais e coletivos através da aproximação e da comunicação (FERIOTTI, 2008).

A globalização traz junto de si transformações ideológicas a partir do desenvolvimento acelerado das informações. Muitos afirmam que tal processo trabalha em benefício de toda a sociedade, porém é muito claro que a globalização também traz consigo a exclusão da massa popular que não possui acesso a tais tecnologias (ARAÚJO, 2021).

As diferenças e a diversidade nunca estiveram tão em evidência na sociedade. O processo de inclusão chamou a atenção de uma grande parcela da população para debates referentes a inclusão e ao cumprimento dos direitos do cidadão. A inclusão vai trilhando o seu caminho e ao mesmo tempo, faz a sociedade a repensar a escola e a sua missão frente a população e ao indivíduo.

CONCLUSÃO

A educação inclusiva deve respeitar a diversidade. Ela tem sido inserida na escola de forma lenta e nem sempre eficaz. Essa inserção, quando eficaz gera benefícios que vão muito além da sala de aula com a melhoria das relações entre os estudantes e a comunidade onde estão inseridos. A educação inclusiva é essencial para os estudantes portadores de deficiência e para as diversidades.

Juntamente com a educação globalizada emergem novos desafios para educação. O acesso imediato a todas as informações desperta no aluno o interesse pela pesquisa e a incessante curiosidade pelo descobrir e entender, ou seja, a educação vê-se obrigada a repensar suas metas e a revisar seus conteúdos.

A globalização, por seu perfil capitalista, muitas vezes vem na contra mão da inclusão pois gera mais desigualdades econômicas e sociais que são pontos chave para retardar o processo inclusivo. É fundamental compreender que mesmo com a globalização é possível desenvolver uma escola inclusiva. A globalização atua junto com a democracia e ela é a base para a inclusão e o respeito as diferenças.

Ainda temos um longo e turbulento caminho a ser percorrido para que o Brasil tenha uma real educação inclusiva. Para que esse objetivo seja alcançado é importante aprofundar estudos e iniciativas na área para que novas estratégias e projetos sejam desenvolvidos e aplicados.

Valorizar a educação inclusiva é oferecer condições de aprendizado aqueles que vivem a margem da educação, é assegurar os direitos do indivíduo e das liberdades fundamentais. É também construir o cidadão consciente dos seus direitos e deveres, como base da democracia, mas também do cidadão produtivo economicamente e culturalmente, que participa do desenvolvimento da sua comunidade, de seus concidadãos e de si próprio.

REFERÊNCIAS

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