REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202503181643
Rafael Santos Lima
Ivana Cristina Afonso Zucoloto
Betânia Saluci Brazil Bernardes
Viviane Claudiano de Lima Ribeiro
Pollyana Saluci Esquincalha Martins
RESUMO
A educação formal tem sido tradicionalmente centrada em competências cognitivas, como a alfabetização e a resolução de problemas matemáticos, muitas vezes deixando em segundo plano aspectos fundamentais do desenvolvimento socioemocional. Este artigo tem como objetivo discutir a importância da formação integral, que envolve o cultivo de habilidades socioemocionais em conjunto com o desenvolvimento acadêmico. Para tanto, aborda-se a relevância das competências socioemocionais no contexto escolar, a participação ativa de professores, familiares e gestores, além de apresentar reflexões sobre desafios e possibilidades de aplicação prática. Nesse sentido, reconhece-se que a aprendizagem não se limita ao domínio de conteúdos, pois também depende da capacidade de lidar com as próprias emoções, de respeitar o outro e de construir relacionamentos saudáveis. Ao desenvolver habilidades como autoconhecimento, autorregulação e empatia, o aluno fortalece sua autoestima, aumenta sua motivação para aprender e criar uma base sólida para enfrentar desafios tanto dentro quanto fora do ambiente escolar. Ademais, a articulação entre família e escola revela-se crucial, pois reforça o suporte emocional e promove a consistência de valores e atitudes ao longo da formação do estudante. Políticas públicas e iniciativas institucionais que incentivem o desenvolvimento socioemocional podem gerar melhorias concretas no clima escolar e nos índices de aprendizagem. Assim, ao direcionar esforços para a formação integral, a educação amplia suas possibilidades de promover cidadãos mais conscientes, responsáveis e preparados para lidar com as demandas de uma sociedade em constante transformação.
1. INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea tem enfrentado inúmeras transformações econômicas, tecnológicas, culturais e sociais que impactam diretamente a forma como crianças, adolescentes e jovens aprendem e se relacionam com o mundo ao seu redor. Nesse cenário, a educação não pode se restringir ao ensino de conteúdos curriculares, como o domínio da leitura, da escrita e da matemática. Faz-se necessário expandir esse entendimento e promover uma formação integral, que leve em conta tanto os aspectos cognitivos quanto os socioemocionais dos alunos.
O desenvolvimento socioemocional diz respeito ao conjunto de habilidades ligadas à maneira como as pessoas interagem, regulam suas emoções e estabelecem relações de respeito consigo mesmas e com o outro. A capacidade de se comunicar de forma empática, de trabalhar em equipe e de lidar com situações de conflito ou frustração torna-se essencial em todas as etapas da vida. Na escola, esse tipo de competência pode ser estimulado por meio de atividades que envolvam colaboração, diálogo e resolução de problemas reais, preparando os estudantes para os desafios fora do ambiente acadêmico.
A implementação de práticas que fomentem essas competências não está isenta de obstáculos. Professores, gestores e família muitas vezes desconhecem metodologias específicas ou têm receio de que a ênfase em aspectos socioemocionais possa tomar tempo dos conteúdos formais. Este artigo busca, portanto, contextualizar a importância da formação integral dos alunos, apresentando reflexões teóricas e exemplos práticos que possam inspirar a comunidade escolar e a sociedade em geral a valorizar e fortalecer o desenvolvimento socioemocional nas instituições de ensino.
2. A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIOEMOCIONAL
Desde as primeiras teorias pedagógicas, como as de Jean Piaget e Lev Vygotsky, reconhece-se que o processo de aprendizagem ocorre de forma integrada, envolvendo não apenas capacidades cognitivas, mas também elementos afetivos e relacionais. Na perspectiva construtivista de Piaget, a construção do conhecimento dá-se pela interação ativa do sujeito com o meio, e isso inclui relações interpessoais. Vygotsky (1998), por sua vez, enfatiza a mediação social e cultural no desenvolvimento, destacando o papel central da linguagem e das interações sociais como motor de aprendizagem. Pois:
As 10 Competências Gerais da Educação Básica expressam a mobilização de conhecimentos (conceituais, procedimentais e atitudinais), de habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), de atitudes e de valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (Brasil, 2018, p. 9)
No contexto escolar, pensar em desenvolvimento socioemocional implica refletir sobre como os alunos se relacionam com seus pares, com os professores e com o próprio conteúdo acadêmico. Atividades que promovam empatia, cooperação e colaboração, por exemplo, podem ajudar os estudantes a se tornarem mais conscientes de suas emoções e das emoções dos colegas. Essa conscientização favorece o respeito mútuo, a tolerância às diferenças e a construção de vínculos mais saudáveis.
Além disso, a aprendizagem de competências socioemocionais tem mostrado impactos positivos na aprendizagem cognitiva. Um aluno que sabe lidar melhor com frustrações e tem consciência de suas fortalezas e limitações, tende a se engajar mais nas atividades, ter melhor autorregulação e persistir diante de desafios. Por outro lado, quando a escola não oferece suporte para o desenvolvimento emocional, o aluno pode apresentar dificuldades de concentração, maior ansiedade, desmotivação e problemas disciplinares, comprometendo o aprendizado em diversas áreas (Piaget, 1975).
Estudos mostram que, ao investir em programas voltados ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais, as escolas têm melhores resultados em aspectos como clima escolar, melhoria de notas e até mesmo na diminuição de comportamentos de risco. Portanto, a concepção de uma educação que prepara para a vida passa necessariamente por essa integração entre o cognitivo e o socioemocional.
3. COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS E O CURRÍCULO
As competências socioemocionais podem ser definidas como um conjunto de habilidades e atitudes que permitem ao indivíduo reconhecer e gerenciar suas emoções, estabelecer metas positivas, sentir e demonstrar empatia pelos outros, manter relacionamentos saudáveis e tomar decisões de maneira responsável. Em muitos países, inclusive no Brasil, debates sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) têm colocado em pauta a necessidade de incorporar de forma explícita o desenvolvimento de tais competências no currículo escolar.
3.1 Principais competências socioemocionais.
a) Dentre as mais discutidas no contexto educacional, destacam-se:
b) Autoconhecimento: Habilidade de compreender as próprias emoções, valores e pensamentos, reconhecendo como influenciam o comportamento.
c) Autorregulação: Capacidade de gerenciar as emoções, pensamentos e comportamentos de forma eficaz em diferentes situações.
d) Consciência social: Competência de compreender a perspectiva e as emoções dos outros, demonstrando empatia e respeito.
e) Habilidades de relacionamento: Aptidão para estabelecer e manter relações saudáveis e de cooperação com indivíduos de perfis diversos.
f) Tomada de decisão responsável: Capacidade de fazer escolhas éticas e construtivas sobre o comportamento pessoal e as interações sociais.
3.2 Integração ao currículo
Integrar essas competências ao currículo não significa criar uma disciplina à parte ou sobrecarregar professores. Pelo contrário, a formação integral sugere que tais habilidades sejam estimuladas de maneira transversal, permeando as diferentes áreas do conhecimento. Por exemplo:
a) Nas aulas de Língua Portuguesa, pode-se trabalhar a empatia e a consciência social a partir da análise de personagens literários, explorando seus sentimentos, intenções e valores.
b) Em Matemática, atividades em grupo que exijam resolução de problemas podem estimular a cooperação e a autorregulação emocional, pois os alunos são desafiados a lidar com dificuldades e celebrar conquistas em conjunto.
c) Em Ciências Humanas, debates sobre temas atuais desenvolvem a consciência social, o respeito à diversidade e a autorregulação, quando os estudantes são encorajados a ouvir pontos de vista diferentes antes de formular suas opiniões.
Essa abordagem requer planejamento cuidadoso e uma mudança de paradigma por parte da gestão escolar, que deve oferecer formação e apoio aos professores para que se sintam confiantes em aplicar metodologias interdisciplinares e ativas, capazes de contemplar tanto os conteúdos acadêmicos quanto o desenvolvimento socioemocional.
4. O PAPEL DO PROFESSOR E DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO SOCIOEMOCIONAL
Fernandes e Souza (2020), compreende que a formação integral dos estudantes não se restringe às iniciativas da escola enquanto instituição. Ela passa, sobretudo, pela atuação de cada professor na sala de aula e pelo envolvimento das famílias no processo educativo. Esses dois agentes desempenham papéis fundamentais para a promoção de valores e comportamentos positivos nos alunos.
4.1 O professor como mediador do desenvolvimento socioemocional
O professor assume, inevitavelmente, uma posição de referência para os alunos. Suas atitudes, suas palavras e sua forma de se relacionar com a turma funcionam como um modelo de comportamento. Portanto, a própria postura docente no ambiente escolar pode incentivar ou inibir o desenvolvimento socioemocional dos estudantes.
a) Algumas estratégias que podem ser adotadas pelos educadores incluem:
b) Escuta ativa: Demonstrar interesse genuíno nas falas dos alunos, valorizando suas ideias e sentimentos.
c) Feedback construtivo: Ao invés de simplesmente destacar erros, propor sugestões de melhoria e reconhecer as conquistas, mesmo que pequenas.
d) Clareza nas regras e expectativas: Estabelecer junto aos alunos combinados sobre comportamento, respeito e cooperação na sala de aula.
e) Promoção de atividades colaborativas: Jogos, projetos em grupo e discussões orientadas para desenvolver empatia e respeito mútuo.
O professor também deve ser encorajado a se capacitar continuamente, tanto em relação às metodologias de ensino quanto ao cuidado com a própria saúde emocional, pois o bem-estar docente reflete diretamente na qualidade das interações que ele estabelece com os estudantes.
4.2 A participação da família
A família exerce papel determinante na construção de valores e atitudes desde os primeiros anos de vida da criança. No contexto do desenvolvimento socioemocional, a forma como os pais ou responsáveis lidam com suas próprias emoções e com conflitos cotidianos serve como exemplo para a criança, que tende a reproduzir esses comportamentos na escola.
a) Algumas ações que podem ser desenvolvidas em parceria entre escola e família são:
b) Encontros formativos: Promover palestras e oficinas para orientar os responsáveis sobre estratégias de comunicação, empatia e resolução de conflitos com as crianças.
c) Canal de diálogo contínuo: Manter uma comunicação aberta e transparente com os pais, compartilhando conquistas e desafios relacionados às competências socioemocionais.
d) Participação em projetos escolares: Convidar as famílias a colaborarem em atividades e projetos que envolvam valores como solidariedade e responsabilidade social, reforçando a relevância de tais práticas dentro e fora do ambiente escolar.
A aliança entre escola e família fortalece a rede de apoio ao aluno, aumentando as chances de que ele se desenvolva de forma integral e harmoniosa.
5. DESAFIOS E POSSÍVEIS CAMINHOS
Apesar dos argumentos a favor de uma educação mais holística e integrada, a realidade das escolas pode apresentar diversos desafios. Entre eles, destacam-se: Formação de professores: Muitos profissionais não receberam, em sua graduação, subsídios suficientes para trabalhar com o desenvolvimento socioemocional. Faz-se necessária uma formação continuada que ofereça embasamento teórico e prático para o uso de metodologias ativas e colaborativas.
Sobrecarga de conteúdos: O currículo tradicional é, em muitos casos, extenso e voltado para a preparação de avaliações. Nesse contexto, existe uma preocupação de que o tempo dedicado a habilidades socioemocionais acabe prejudicando o cumprimento das metas cognitivas. É fundamental conscientizar os gestores de que ambas as dimensões se complementam, e não se excluem.
Resistência a mudanças: Implementar práticas inovadoras exige abertura de toda a comunidade escolar. Alguns professores e famílias podem não entender, de início, a importância de atividades que não parecem conteúdo acadêmico. O diálogo e a apresentação de dados sobre os benefícios da abordagem socioemocional podem contribuir para quebrar essa resistência.
Falta de recursos ou infraestrutura: Em determinadas realidades, a escassez de recursos básicos pode dificultar a adoção de materiais e práticas mais dinâmicas. No entanto, muitas estratégias para o desenvolvimento socioemocional podem ser realizadas com poucos recursos materiais, pois se baseiam, sobretudo, em atitudes, posturas e metodologias de ensino.
Para superar esses desafios, algumas possíveis ações incluem:
a) Políticas públicas integradas que reconheçam oficialmente a importância das competências socioemocionais e incentivem sua aplicação em todo o sistema educacional.
b) Formação continuada para professores e gestores, com foco em metodologias que articulem aspectos cognitivos e socioemocionais.
c) Campanhas de conscientização direcionadas às famílias e à comunidade, apresentando resultados e depoimentos que evidenciem como essa abordagem traz benefícios para o desenvolvimento pleno dos alunos.
d) Ações colaborativas entre escolas e universidades, permitindo que pesquisas acadêmicas subsidiem práticas pedagógicas e que as escolas sejam espaços de formação e pesquisa contínua.
6. EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS E RESULTADOS POSITIVOS
Em diferentes partes do mundo, há relatos e pesquisas que apontam para resultados promissores ao se trabalhar competências socioemocionais de forma intencional e sistemática. Escolas que adotam rotinas de “círculos de diálogo”, por exemplo, observam uma diminuição de conflitos e um aumento do senso de pertencimento dos alunos. Nessas rodas de conversa, um mediador (professor ou coordenador) propõe temas relevantes para o grupo, incentivando cada participante a expressar seus sentimentos, opiniões e possíveis soluções para problemas apresentados. Entretanto:
Em diferentes partes do mundo, há relatos e pesquisas que apontam para resultados promissores ao se trabalhar competências socioemocionais de forma intencional e sistemática. Escolas que adotam rotinas de ‘círculos de diálogo’, por exemplo, observam uma diminuição de conflitos e um aumento do senso de pertencimento dos alunos. Outra prática frequentemente citada é a adoção de projetos de aprendizagem cooperativa, nos quais os estudantes desenvolvem aspectos como responsabilidade coletiva, comunicação não violenta e empatia de forma natural e integrada (Marques, 2023, p. 45)
Além disso, programas escolares voltados à mediação de conflitos têm mostrado resultados significativos na redução de episódios de bullying e violência. Estudantes capacitados como mediadores se tornam pontos de referência na resolução pacífica de divergências, o que contribui para a construção de uma cultura de paz no ambiente escolar.
Esses exemplos demonstram que investir no desenvolvimento socioemocional não apenas melhora o clima escolar, mas também favorece a aprendizagem propriamente dita, pois alunos que se sentem acolhidos, respeitados e engajados tendem a mostrar melhor desempenho acadêmico.
A construção de habilidades socioemocionais no ambiente escolar desempenha um papel essencial na formação completa dos alunos, favorecendo tanto o aprimoramento do rendimento acadêmico quanto a qualidade das interações sociais (Cury, 2019).
7. IMPLICAÇÕES PARA O FUTURO DA EDUCAÇÃO
O mundo atual demanda indivíduos capazes de trabalhar em equipe, de lidar com incertezas e de buscar soluções criativas para problemas complexos. Nesse sentido, a escola deve preparar não apenas “bons alunos”, mas cidadãos ativos e conscientes, que entendam seu papel na sociedade e saibam exercê-lo com responsabilidade e empatia. Essa preparação extrapola o domínio de conteúdos formais e requer, sobretudo, o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e a promoção de uma cultura de colaboração e respeito mútuo. Pois:
O conceito de educação ao longo da vida é fundamental, pois fornece aos indivíduos as ferramentas necessárias para gerir a sua própria existência, com confiança e criatividade, e para enfrentar os desafios de um futuro em constante transformação (Delors et al., 1996, p. 38)
Ao refletirmos sobre o futuro da educação, notamos o crescimento de tendências como a personalização do ensino, a incorporação de tecnologias digitais, o aprendizado híbrido e o fortalecimento de competências globais, como a cultura de paz, o pensamento crítico e a sustentabilidade. Tais abordagens indicam que a escola não pode mais se basear em modelos tradicionais, centrados unicamente na transmissão de informações (Demo, 2009).
É fundamental desenvolver práticas pedagógicas que estimulem a participação ativa do estudante no processo de aprendizagem, incentivando-o a pesquisar, criar, argumentar e cooperar. Nesse cenário, projetos interdisciplinares, metodologias ativas (como a aprendizagem baseada em projetos e em problemas) e atividades que integrem diferentes áreas do conhecimento tendem a ganhar cada vez mais relevância.
Em meio a essas mudanças, o uso de recursos tecnológicos surge como um importante aliado, desde que aplicado de forma planejada e intencional. Plataformas de ensino on-line, aplicativos educacionais e ferramentas de comunicação podem ampliar as possibilidades de interação entre professores e alunos, bem como fomentar a autoria e a criatividade dos estudantes. Entretanto, apenas incluir tecnologia não é suficiente para promover o desenvolvimento integral dos discentes.
Saviani (2013), diz que, é preciso aliar o uso de dispositivos e softwares a propostas pedagógicas que valorizem a discussão de valores, a empatia, o autocontrole e a solidariedade, de modo a preparar o estudante para desafios cada vez mais complexos e diversos. Todas essas abordagens se beneficiarão grandemente de sujeitos que dominem não só os conteúdos acadêmicos, mas também saibam se comunicar, cooperar e exercer a empatia em contextos multiculturais.
A educação do futuro deve estar centrada na aprendizagem significativa, na valorização do professor e na incorporação de novas tecnologias, sem perder de vista a formação humanista e crítica dos alunos. (Moran, 2015, p. 72).
A adoção de currículos integrados, que valorizem a formação de valores e o diálogo entre disciplinas, confere maior significado às atividades escolares, pois mostra ao aluno a aplicabilidade do que aprende para a vida e para a sociedade. Nesse sentido, a escola deixa de ser um lugar de mera transmissão de informação para se tornar um espaço de formação integral, no qual cada estudante pode descobrir seus interesses, desenvolver seus potenciais e estabelecer relações saudáveis com o outro.
Portanto, o investimento em formação integral deve ser encarado como uma estratégia de longo prazo para a construção de sociedades mais justas, pacíficas e inovadoras. É vital que os formuladores de políticas educacionais, os líderes escolares e a própria comunidade docente tenham clareza de que as competências socioemocionais não são um “acessório” do currículo, mas um pilar essencial para o sucesso dos alunos ao longo de toda a sua trajetória acadêmica e pessoal.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ênfase na educação socioemocional não deve ser vista como uma tendência passageira, mas como uma resposta necessária aos desafios de um mundo cada vez mais dinâmico e complexo. Ao valorizar a formação integral do aluno, a escola assume o compromisso de contribuir para a formação de indivíduos não apenas competentes em termos de conhecimento técnico ou acadêmico, mas também capazes de estabelecer relacionamentos saudáveis, de lidar com frustrações e de participar ativamente na construção de uma sociedade mais empática.
A implementação efetiva dessa abordagem requer a participação de toda a comunidade escolar e o desenvolvimento de políticas públicas que favoreçam essa mudança de paradigma. Cabe aos gestores educacionais, professores e famílias unirem esforços para criar ambientes de aprendizagem que valorizem a empatia, a autonomia, a cooperação e a resolução pacífica de conflitos. Quanto mais cedo essa consciência for difundida e colocada em prática, maiores serão os benefícios para as próximas gerações.
Por fim, ao priorizar o desenvolvimento socioemocional, a escola amplia seu papel e passa a formar cidadãos preparados não apenas para o mercado de trabalho, mas para a vida. E é nessa direção que a educação contemporânea tem a oportunidade de se tornar verdadeiramente transformadora e inclusiva.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018.
CURY, A. Inteligência socioemocional: ferramentas para se tornar uma mente livre e saudável. São Paulo: Editora Planeta. 2019.
DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir: Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. 3. ed. São Paulo: Cortez; Brasília: MEC: UNESCO, 1999.
FERNANDES, C.; SOUZA, M. Desenvolvimento de competências socioemocionais na escola. Revista Educação em Debate, v. 15, n. 2, p. 55-70, 2020.
MORAN, J. M. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campinas: Papirus, 2015.
PIAGET, J. A construção do real na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
SAVIANI, D.. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2013.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.