EDUCAÇÃO BÁSICA NO CONTEXTO DA LDB DA EDUCAÇÃO NACIONAL: UM NOVO CONCEITO PARA UMA NOVA REALIDADE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11087384


Gislaine Rodrigues Rusch Espinosa[1]
José Mauricio de Assis Espinosa[2]


RESUMO

A educação básica no Brasil é regida por diversas leis e diretrizes que buscam garantir um ensino de qualidade e acessível a todos os cidadãos. A Constituição Federal de 1988 estabelece a educação como um direito fundamental e dever do Estado, e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, é a principal legislação que norteia a educação básica no país. A LDB define os níveis de ensino (infantil, fundamental e médio), determina os currículos básicos, estabelece a carga horária mínima, define as diretrizes para a formação de professores e estabelece as bases para a gestão democrática das escolas. Além disso, a lei prevê a obrigatoriedade do ensino, com a garantia de vagas em escolas públicas para todos os estudantes. Outras legislações complementares também influenciam a educação básica, como o Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece metas e estratégias para o setor, e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), que destina recursos para a educação. Apesar das leis, desafios persistem, incluindo a qualidade do ensino, a infraestrutura das escolas e a formação continuada dos professores. O Brasil busca constantemente aprimorar suas políticas educacionais para proporcionar uma educação básica mais eficiente e inclusiva.

Palavras – Chaves: Educação Básica, Direitos, Conceito, Realidade.

ABSTRAT

Basic education in Brazil is governed by several laws and guidelines that seek to guarantee quality and accessible education for all citizens. The Federal Constitution of 1988 establishes education as a fundamental right and duty of the State, and the Law of Guidelines and Bases of National Education (LDB), of 1996, is the main legislation that guides basic education in the country. The LDB defines the levels of education (infant, elementary and secondary), determines the basic curricula, establishes the minimum workload, defines the guidelines for teacher training and establishes the bases for the democratic management of schools. Furthermore, the law provides for mandatory education, with the guarantee of places in public schools for all students. Other complementary legislation also influences basic education, such as the National Education Plan (PNE), which establishes goals and strategies for the sector, and the Fund for the Maintenance and Development of Basic Education and Valorization of Education Professionals (FUNDEB), which allocates resources to education. Despite the laws, challenges persist, including the quality of education, school infrastructure and ongoing teacher training. Brazil constantly seeks to improve its educational policies to provide more efficient and inclusive basic education.

Keywords: Basic Education, Rights, Concept, Reality.

1. INTRODUÇÃO

A educação básica é um pilar fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade, pois influencia diretamente o progresso individual e coletivo. No entanto, muitas regiões enfrentam desafios significativos que resultam em atrasos na oferta e qualidade da educação básica. Estes atrasos podem ser atribuídos a uma série de fatores interligados, incluindo questões estruturais, socioeconômicas e políticas.

Para aprender a ler e a escrever é preciso apropriar-se desse conhecimento, através da reconstrução do modo como ele é produzido.  Isto é preciso reinventar a escrita.  Os caminhos dessa reconstrução são os mesmos para todas as crianças, de qualquer classe social. (Ferreira, Emília)

Ao mencionar que os caminhos dessa reconstrução são os mesmos para todas as crianças, independentemente da classe social, Emília Ferreiro destaca a universalidade dos processos cognitivos envolvidos na alfabetização. Ela sugere que, embora as circunstâncias sociais possam variar, os princípios subjacentes à aprendizagem da leitura e escrita são comuns a todas as crianças. Em resumo, a citação destaca a importância da participação ativa do aprendiz na construção do conhecimento durante o processo de alfabetização, enfatizando que esse processo é universal e acessível a todas as crianças, independentemente de sua origem social.

A falta de investimento adequado em infraestrutura escolar, a escassez de recursos didáticos, a carência de profissionais qualificados e as disparidades regionais são obstáculos que frequentemente prejudicam a efetividade do sistema educacional. Além disso, a desigualdade socioeconômica reflete-se nas oportunidades educacionais, comprometendo o acesso equitativo ao conhecimento. As políticas educacionais nem sempre conseguem lidar de maneira eficaz com esses desafios, o que contribui para a persistência dos atrasos na educação básica. A falta de planejamento consistente, a burocracia excessiva e a instabilidade política podem impactar negativamente a implementação e a continuidade de iniciativas educacionais eficientes. Enfrentar os atrasos na educação básica requer um compromisso coletivo para superar as barreiras existentes, investir em recursos adequados e promover políticas inclusivas. A compreensão da interconexão entre educação e desenvolvimento social é crucial para desenvolver soluções efetivas que capacitem as gerações presentes e futuras.

2. DESENVOLVIMENTO 

2.1. Conceito de Educação Básica: Uma Nova Perspectiva

A Educação Básica transcende a simples categorização de um nível de ensino; ela se manifesta como um elemento fundamental para a compreensão da realidade educacional contemporânea. Enquanto conceito, ela atua como um guia interpretativo, permitindo-nos compreender e contextualizar a complexidade do sistema educacional brasileiro.

2.2 Educação Básica como Direito Fundamental

A inclusão da Educação Básica como um direito fundamental evidencia sua importância na ampliação do espectro da cidadania educacional. Ela não apenas garante o acesso à educação, mas também reconhece a educação como um pilar essencial para o desenvolvimento pleno do indivíduo e para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.

2.3. Nova Organização da Educação Nacional

A Educação Básica se apresenta como uma nova forma de organização educacional, abrangendo três etapas distintas: a Educação Infantil, o Ensino Fundamental obrigatório e o Ensino Médio, progressivamente obrigatório. Cada uma dessas etapas representa uma fase única, diversificada e progressiva, formando um continuo educacional que busca atender às necessidades variadas dos alunos em diferentes estágios de desenvolvimento.

2.4. Origens Constitucionais na Carta de 1988

A fundamentação legal da Educação Básica encontra suas raízes na Constituição Federal de 1988, um marco significativo que reconhece a educação como um direito de todos e um dever do Estado. Essa constituição estabeleceu as bases para a formulação da LDB, que, por sua vez, incorporou o conceito de Educação Básica como uma resposta às demandas educacionais emergentes da sociedade.

2.5. Implicações para a Organização da Educação Nacional

A incorporação da Educação Básica na legislação educacional brasileira tem implicações profundas para a estruturação do sistema educacional. Ela desafia as abordagens tradicionais e promove uma visão mais abrangente e integrada da educação, reconhecendo a interconexão entre as diferentes etapas e a necessidade de adaptação contínua para atender às demandas da sociedade em constante evolução.

3 ARGUMENTAÇÕES 

A Educação Básica emerge como um conceito que vai além das fronteiras tradicionais da educação, representando não apenas uma dimensão conceitual inovadora, mas também um direito fundamental e uma reorganização essencial do sistema educacional nacional. Sua origem na Constituição de 1988 e sua posterior consolidação na LDB refletem um compromisso com a construção de uma sociedade mais educada, inclusiva e preparada para os desafios do futuro. O desafio agora reside na implementação efetiva desses princípios, garantindo que a Educação Básica cumpra seu papel transformador na construção de um Brasil mais justo e igualitário.

Este artigo aborda a necessidade premente de transformação na educação, visando assegurar que todos os indivíduos, independentemente de sua origem socioeconômica ou localização geográfica, tenham igualdade de acesso a novos conceitos educacionais. Diante das disparidades existentes, é crucial desenvolver estratégias eficazes para programar esses novos paradigmas de maneira inclusiva.

 Explorar em todas as esferas a importância da educação como ferramenta de igualdade social e destaca a lacuna atual no acesso a novos conceitos educacionais. Argumenta-se que a transformação é necessária para preparar os alunos para um mundo em constante evolução, onde habilidades inovadoras são essenciais. “A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem”. “Não pode temer o debate”. “A análise da realidade”.

Paulo Freire. Contexto Atual: Este segmento analisa as disparidades educacionais existentes, enfatizando a falta de acesso a recursos modernos, professores qualificados e infraestrutura adequada em muitas regiões. Além disso, explora como tais desigualdades afetam a capacidade dos alunos de se engajarem com novos conceitos.

Estratégias para Implementação: O cerne do artigo propõe diversas estratégias para implementar novos conceitos de maneira abrangente. Isso inclui o uso de tecnologias educacionais, capacitação de professores, adaptação de currículos para refletir a diversidade cultural e socioeconômica, e parcerias entre instituições educacionais e setor privado para garantir recursos financeiros e tecnológicos.

Desafios e Possíveis Soluções: Deve-se discutir com as entidades de ensino e toda sociedade os desafios potenciais na implementação dessas estratégias, como resistência institucional ou falta de financiamento, e propor soluções viáveis. Argumenta-se que a colaboração entre governos, sociedade civil e setor privado é crucial para superar tais obstáculos. Reiterando a importância da implantação  efetiva dessas estratégias para garantir que todos tenham acesso igualitário a novos conceitos educacionais. Conclui-se que a transformação educacional é imperativa para construir sociedades mais justas e preparar os indivíduos para os desafios do século XXI.

“Não existe tal coisa como um processo de educação neutra. Educação ou funciona como um instrumento que é usado para facilitar a integração das gerações na lógica do atual sistema e trazer conformidade com ele, ou ela se torna a ‘prática da liberdade’, o meio pelo qual homens e mulheres lidam de forma crítica com a realidade e descobrem como participar na transformação do seu mundo.” (Paulo Freire)

O pensador brasileiro Paulo Freire, um renomado educador e filósofo da educação. Paulo Freire foi um defensor ativo da pedagogia crítica e da educação libertadora, e essa citação reflete seus pontos de vista sobre o papel fundamental da educação na sociedade. Destaca a ideia de que a educação não é neutra; ela tem um impacto significativo na formação das gerações e na sua integração no sistema existente. Freire sugere que a educação pode ser usada como um instrumento para manter e perpetuar as normas e estruturas do sistema vigente. Nesse sentido, ela pode ser empregada para moldar os indivíduos de acordo com as expectativas e valores estabelecidos pela sociedade dominante.

Por outro lado, a segunda parte da citação apresenta a visão de Freire sobre uma abordagem mais crítica e transformadora da educação. Ele argumenta que a verdadeira educação é aquela que capacita homens e mulheres a lidarem criticamente com a realidade ao seu redor. A “prática da liberdade” implica não apenas aceitar passivamente as normas existentes, mas questionar, analisar e participar ativamente na transformação do mundo. A expressão “prática da liberdade” é central no pensamento de Freire. Ele acredita que a educação autêntica deve capacitar as pessoas a desenvolverem uma consciência crítica de sua realidade e, assim, tornarem-se agentes ativos na mudança social. Em vez de simplesmente reproduzir as estruturas existentes, a educação, de acordo com Freire, deve capacitar os indivíduos a entenderem e transformarem seu entorno, promovendo assim uma participação mais ativa e consciente na sociedade. Paulo Freire destaca a dualidade da educação: ela pode ser utilizada para manter o status quo ou para ser uma força transformadora que capacita as pessoas a participarem ativamente na mudança social e na construção de uma sociedade mais justa e livre.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

No contexto da educação no Brasil, a busca pela efetivação dos direitos de acesso à educação representa um desafio complexo, mas crucial para o desenvolvimento social e econômico do país. Ao longo deste artigo, exploramos as diversas facetas que compõem esse cenário, desde as legislações que fundamentam o sistema educacional até as disparidades que persistem no acesso aos recursos educacionais.

A legislação, notadamente a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), estabeleceu bases sólidas para a oferta de uma educação básica de qualidade. No entanto, a implementação efetiva dessas diretrizes ainda enfrenta desafios significativos, como a falta de investimento adequado, a desigualdade regional e as disparidades socioeconômicas que impactam diretamente o acesso equitativo à educação. A realidade é que, embora existam avanços, muitos brasileiros ainda enfrentam barreiras para acessar uma educação de qualidade. A infraestrutura precária, a carência de profissionais qualificados e a ausência de recursos pedagógicos em algumas regiões perpetuam as desigualdades educacionais.

Contudo, é possível vislumbrar perspectivas otimistas. A tecnologia, quando utilizada de maneira inclusiva, pode ser uma aliada na superação de barreiras geográficas e na promoção de métodos de ensino mais acessíveis. Além disso, iniciativas governamentais e sociais, focadas na melhoria da formação de professores, no investimento em infraestrutura educacional e na criação de políticas mais eficazes, têm o potencial de impulsionar a equidade no acesso à educação.

O caminho para garantir plenamente os direitos de acesso à educação no Brasil demanda esforços contínuos e uma abordagem abrangente. A colaboração entre governo, sociedade civil e setor privado é essencial para superar os desafios existentes. Somente com um compromisso coletivo e a implementação efetiva de políticas inclusivas será possível criar um ambiente educacional que verdadeiramente assegure a todos os cidadãos brasileiros o direito fundamental à educação de qualidade. Transformando assim o cenário socioeducativo de nosso país, fundamentando-o em uma educação efetiva, sistemática e inclusiva de fato.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

OLIVEIRA, I. A. (2023). Paulo Freire: gênese da educação intercultural no Brasil. Editora CRV.

FERREIRO, Emília. Com todas as letras. Cortez Editora, 2017.

FREIRE, P. A importância do ato de ler. 23 ed. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. p. 11.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 36 ed.São Paulo: Paz e Terra, 2007. p. 22.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 18 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p. 79


[1] Graduada em Licenciatura em Filosofia pela UFPel, acadêmica do Curso de pós Graduação em Filosofia com ênfase na Neurociência da Educação, Pedagoga pela Unifranca de SP  E-mail: gislaineruschespinosa@gmail.com

[2] Licenciado em Filosofia, Pós Graduado em Ensino da Filosofia Contemporânea e Educação Social, Pós Graduando Filosofia com ênfase na Neurociência da Educação e mestrando em Filosofia – UFPEL  E-mail: mauricioespinosa67@gmail.com