ECONÔMIA RIBEIRINHA: UMA PESQUISA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO COMÉRCIO RIBEIRINHO NO BAIRRO SAMAÚMA, EM LARANJAL DO JARI/AP

RIVERSIDE ECONOMY: A RESEARCH ON THE INFLUENCE AND DEVELOPMENT OF RIVERSIDE TRADE IN THE SAMAÚMA    NEIGHBORHOOD, IN LARANJAL DO JARI/AP

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12635339


Jeison Oliveira da Silva¹;
Jeissiane Oliveira da Silva2;
Hamilton Tavares dos Prazeres3.


Resumo

O artigo irá retratar em forma de análise ambiental e social quais as dificuldades que os pequenos empreendedores ribeirinhos do bairro Samaúma da cidade de Laranjal do Jari (AP) enfrentam para manter o funcionamento dos seus estabelecimentos, como surgiu a ideia de ser empreendedor, como se organizam durante o período pandêmico, e quais os projetos de desenvolvimento que deverão adotar para os anos seguintes, tendo como área de estudo o próprio Bairro Samaúma, que está se tornando um potencial expressivo de desenvolvimento, fomento e criação de cultura, emprego e expansão municipal. O seguinte estudo surgiu a partir da necessidade de avaliação e validação econômica do comércio local, apresentando em sua composição uma leitura ambiental mais dinâmica que propõe soluções para as problemáticas apresentadas através de ferramentas de gestão empresarial, economia criativa, conhecimento financeiro especifico para os pequenos empreendimentos do ramo gastronômico e turístico existente, utilizando como matéria de coleta de dados, formulários e pesquisa in loco, visando também unir a modernidade apresentada nas colocações administrativas, com a riqueza das vivências regionais e únicas, afim de confirmar e expressar também visualmente o motivo de reafirmar que esta, ao se aprimorar, poderá ser a mais nova maneira de manter viva, e com alta perspectiva de lucratividade a economia ribeirinha e comunitária local.

Palavras-chave: Economia. Cultura. Desenvolvimento. Gestão. Comércio.

Abstract

The article will portray, in the form of an environmental and social analysis, the difficulties that small riverside entrepreneurs in the Samaúma neighborhood of the city of Laranjal do Jari (AP) face in maintaining the functioning of their establishments, how the idea of ​​being an entrepreneur came about, how organize during the pandemic period, and what development projects they should adopt for the following years, with the Samaúma neighborhood itself as the study area, which is becoming a significant potential for development, promotion and creation of culture, employment and municipal expansion . The following study arose from the need for economic evaluation and validation of local commerce, presenting in its composition a more dynamic environmental reading that proposes solutions to the problems presented through business management tools, creative economy, specific financial knowledge for small businesses of the existing gastronomic and tourist sector, using data collection, forms and on-site research as material, also aiming to unite the modernity presented in the administrative placements, with the richness of regional and unique experiences, in order to confirm and also visually express the reason for reaffirming that this, when improved, could be the newest way to keep the riverside and local community economy alive, with a high prospect of profitability.

Keywords: Economy. Culture. Development. Management. Business.

1 INTRODUÇÃO

Muito se discute sobre economia nos dias atuais, seja ela internacional, agrícola, individual e até mesmo familiar, com isso, se pode constatar que sua presença e indispensável para o bom funcionamento de qualquer empreendimento, seja lá qual o ramo que este busque se desenvolver.

A cultura é fator determinante de conhecimento e identidade de um lugar, tal como Machu picchu está para o Peru, Parque nacional está para o Chile e Salar de Uyune para a Bolívia, o que eles possuem em comum além de estarem localizados na américa do sul e suas deslumbrantes paisagens? A forma como são valorizados e procurados, divulgados e preservados.

Esses são pontos importantes a serem tratados, primeiro que o cuidado só é possível quando se entende o valor do bem/serviço e local estimado, não se pode falar em desenvolvimento de cultura quando se enxerga a sua como comum e se descuida, a falta de cuidado no sentido de deixar de propagar o extenso potencial existente ao redor, o externo é sim, encantador, mas o interno tende a ser exuberante quando se afirma o seu potencial.

Dito isto deve-se pontuar que a região Norte apresenta constante crescimento quando o assunto é turismo, seus estados com cultura e culinárias de presença marcante não deixam a desejar, Amapá, Pará, Tocantins, Amazonas e tantos outros estados pertencentes a região estão constantemente se destacando no cenário nacional quando o assunto é regionalidade. E por conta de sua ampla diversidade cultural e vastas áreas de preservação ambiental as quais podem ser visitadas enchendo assim os olhos de turistas e visitantes de todos os lugares.

Como exemplo o Festival de Parintins, que pode ser descrito como: ‘‘Uma celebração anual que acontece no estado do Amazonas que destaca a tradição do boi-bumbá, tendo como principal foco a rivalidade entre Boi Garantido e o Boi Caprichoso”, neste ano de 2024 estará apresentando sua 57.ª edição.

No estado do Amapá também é possível conhecer um pouco sobre as suas raízes, como a tradicional dança do Marabaixo, é uma espécie de dança, segundo o Portal do Governo do estado Amapá pode ser definido como: um símbolo de resistência das comunidades afro-amapaenses, representando o período de escravidão no Brasil. Vale salientar que esta representação teve origem no estado como memorial em detrimento dos negros lançados dos navios negreiros “Mar-a-abaixo”

Figura 1: Imagem da representação artística Marabaixo.

Fonte: Site do Portal do Governo do Amapá

Ainda adentrado no estado, encontra-se a Fortaleza de São José de Macapá, o Museu sacaca, o monumento do Marco Zero do Equador, mercado Central, casa do Artesão Amapaense, sem contar o Bioparque da Amazonia, todos com extenso significado para o estado e riquíssima história, cada um carregando um pouco de história em suas existências

De acordo com a OMT (Organização mundial do Turismo) (1992, p.19) turismo seria a: “Soma de relações de serviços resultantes de um câmbio de residência temporária e voluntária motivada por razões alheias a negócios ou profissionais”, ou seja, a apreciação de novas culturas, gastronomia e paisagens proporcionadas com a saída de sua zona comum.  

 Bem como pode-se apresentar o conceito de empreendedorismo sendo “O envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam a transformação de ideias, e a perfeita implementação destas leva a criação de negócios de sucesso” (VALENCIANO SENTANIN, L. H., & BARBOZA, R. J. (2005)

Trata-se de uma pesquisa majoritariamente qualitativa, tendo em vista que o objetivo será a demonstração de resultados a partir da inclusão do planejamento administrativo de organização para tornar mais eficiente e eficaz os empreendimentos já existentes, de modo a fazer com que o aumento da visibilidade possibilite a expansão de novos empreendimentos similares na região.

A área de pesquisa escolhida está localizada no sul do estado do Amapá. Com uma extensão territorial de 31.170,3 km2, o município de Laranjal do Jari, atualmente conta com cerca de 45.712 habitantes sendo considerado assim o terceiro mais populoso do estado, este faz fronteira com Monte Dourado, área distrital pertencente ao município de Almeirim no estado do Pará.

Figura 2: Fotografia de indicação da área de pesquisa.

Fonte: Heraldo Amoras

O município é popularmente “dividido” em dois setores, a parte alta da cidade, e a parte baixa, e é justamente na parte baixa que está localizado o bairro Samaúma, conhecido por ser um bairro familiar, tem seu nome advindo de uma árvore chamada Sumaúma ou Samaúma1 que existia no bairro há alguns anos, conta com 45 casas e cerca de 65 famílias, sendo por vezes compostas por filhos que se casaram e continuaram morando com seus pais, junto com suas novas famílias.

Figura 3: Arvore de Samaúma

Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Belém

Figura 4: Banhistas na “ponta da Ilha” no Bairro Samaúma

Fonte: Willian Junior

A imagem acima apresentada retrata um dos atrativos do bairro, o local em questão ajudou a fomentar a economia comunitária no sentido culinário e turístico, uma vez que a travessia até este ponto é feita em sua maioria por moradores do bairro Samaúma, a divulgação da localidade levou ao aumento da demanda e consumo local de refeições.

Abaixo, nas figuras 5 e 6 respectivamente, é apresentada um exemplo de comida típica, sendo o baião com peixe frito, alguns turistas costumam optar por fazerem suas refeições nos restaurantes locais, e após o consumo, eles solicitam transporte até o local desejado, acontece também de eles iniciarem pelo passeio e pedirem entrega das refeições na praia, um diferencial adotado pelos empreendedores como forma de facilitar o acesso de seus clientes aos produtos por eles ofertados.

De fato, a presença de um conceito mais familiar deu ao local uma nova vertente, o conceito de empreendimento familiar é bastante utilizado no bairro, principalmente nos pequenos restaurantes que lá estão, tanto é que o pioneiro neste conceito é um restaurante que mantem os seus familiares como principais colaboradores do local, nos atendimentos e serviços de acolhimento aos clientes.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Empreendedorismo e cultura

Conforme afirma Dornelas (2016) o empreendedorismo ocorre sempre que várias pessoas e processos se juntam com a necessidade de desenvolver um objetivo comum, seja na resolução de um problema ou mesmo na criação de uma nova fonte de renda, que seria o caso dos empreendimentos que emergem de uma ideia inicialmente

Segundo Tylor (1981). Conceito de cultura. “Cultura é todo complexo que compreende o crescimento, as crenças, a arte, a moral, os costumes e as outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem…”. Tem-se como comum que a cultura é a marca única de originalidade que um lugar utiliza para se apresentar, no Brasil, suas diversas regiões são responsáveis por torna-lo um país pluricultural2, despertando assim de forma despretensiosa o interesse de seus residentes e também visitantes.

Já Raymond Williams (2017) encara cultura como a ideia de comunidade, onde as pessoas vivem e partilham certo tipo de organização, o que leva ao entendimento de cultura como a forma de organizar as particularidades de cada lugar, comunidade organização, de maneira a assegurar que independe da situação a sua originalidade poderá ser utilizada como base para fomentar outras criações e até mesmo como auxiliadora na criação de novas tradições culturais.

Pode-se dizer que Cultura e o Empreendedorismo estão caminhando lado a lado no decorrer dos últimos anos, é o que diz Abrantes (2003) quando afirma que o empreendedorismo, principalmente o que envolve situações relacionadas ao meio ambiente está relacionado as potencialidades e economias regionais juntamente com as suas biodiversidades. O que de fato pode ser notado na apresentação da organização e particularidades de um lugar.           

2.2 Desenvolvimento do turismo Gastronômico em Laranjal do Jari (AP)

De acordo com o que descreve Londoño (2015) o turismo Gastronômico está ligado “a uma atividade em que boa comida e bebida podem ser apreciadas durante as férias”, em seguida DE SOUZA RIBEIRO-MARTIN, Clarissa; SILVEIRA-MARTINS, Elvis (2018) definem o turismo como “uma poderosa ferramenta de desenvolvimento regional, empregabilidade e manutenção de culturas e hábitos de determinado povo”.

Boa parte deste desenvolvimento está relacionado aos impactos que o cenário pós-pandêmico deixou para o mundo, em Laranjal do Jari, com as decisões de encerrar temporariamente as atividades de lazer da cidade, deixaram os moradores inquietos, foi assim que o Bairro Samaúma passou a ter maior visibilidade, a presença de atrações naturais entusiasmava os visitantes, que a menos de dois anos na época, estavam tentando se reerguer da situação inimaginável pela qual passaram.      

2.3 Influência da Pandemia nos pequenos Empreendimentos

Com o início da pandemia no ano de 2020, considerando que a população se viu em algumas situações obrigada a ficar em isolamento e com o decorrer da mesma, foram amenizando as orientações para socialização e convívio entre as pessoas, diante disso o bairro se tornou refúgio por ser um lugar com grande vegetação, ventilação e áreas abertas para socializarem de forma mais segura.

Em contrapartida as famílias se viram sem fonte de renda para agregar na renda mensal, nesse mesmo período um morador local conhecido como Manoel Porções, teve a iniciativa de negócio, com as refeições de peixe frito, um passo a frente de restaurantes de grande porte na parte alta da cidade, visto que os mesmos eram em ambientes fechados, diferente do local que os empreendedores do bairro proporcionaram, por esse feito Manoel ganhou o título de cidadão Laranjalense, por toda sua contribuição e trabalho no Município.

Com a Ascenção de um novo negócio aumentou a demanda e consequentemente novos locais de atendimento e maior economia, como o Espaço Lourival, Casa Miranda, Silvio Porções e Pedacinho do Céu, gerando mais empregos, desde maior compra de peixes, advindos de pescadores locais, como o preparo, atendimento e como escape para não aglomeração aderindo ao delivery também.

2.4 O Bairro Samaúma como fonte de economia comunitária

Samaúma tornou-se referência em diversos aspectos, sejam eles ambientais, gastronômicos ou sociais, pois desperta a praticidade e criatividade em todos que o conhecem, rico em cultura e vivência, os moradores buscaram uma forma de expor esse potencial em ascensão, e foi através da culinária que conseguiram, de modo que ao apresentarem a ideia, transformando assim o “ordinário”, em extraordinário.

 E foi no comum que a economia ribeirinha entrou em pauta, como o fato de se trabalhar uma questão que antes nem se ouvia falar, ocorre que por vezes as comunidades são inseridas e vivenciam estes tipos de atividades, mas não se dão conta do que estão fazendo, o que antes era somente a pesca e comercialização do pescado nas feiras, tornou-se uma fonte de renda com o beneficiamento do produto, adição de acompanhamentos, junto com os atrativos da paisagem que foram elementos cruciais para o bom desempenho dos empreendedores.

3 METODOLOGIA

Com uma abordagem quali-quantitativa exploratória, definidos assim através de livros, sites acadêmicos e conversas com moradores locais, formulou-se o referido questionário, contendo em sua totalidade 12 perguntas, sendo 11 objetivas e somente uma discursiva, mantendo como seu intuito principal a necessidade de respostas advindas diretamente do público alvo, como respostas de quem possui propriedade em explicar e propagar o assunto

Para o local de aplicação do questionário foi o Bairro, por ser objeto principal da pesquisa, definindo o público alvo como os próprios moradores da comunidade, dessa forma, as respostas seriam mais concisas e efetivas na elaboração dos resultados posteriormente, afim de trabalhar as principais questões enfrentadas pelos desenvolvedores de cultura e economia da localidade.

Com o instrumento de coleta de informações estruturado para responder os questionamentos como: motivação, tempo de atuação, nível de conhecimento sobre empreendimentos, aspirações futuras, foi possível traçar rotas que pudessem auxiliar no desenvolvimento das atividades de acordo com o planejamento de cada empreendedor, respeitando sempre a sua originalidade, sendo a sua linha de trabalho.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Os participantes da pesquisa foram os empreendedores informais do bairro Samaúma, localizado no município de Laranjal do Jarí-AP, abaixo estão mencionados os dados.

Gráfico 01

Fonte: Dados da pesquisa

Ao analisarmos o Gráfico 01 percebe-se a margem de idade dos proprietários dos empreendimentos do bairro Samaúma, totalizando 4 respostas, com percentuais de 25% com idades entre 29 a 39 anos, representado pela cor (vermelha) e 75% entre 40 a 49 anos, cor (Azul). Nota- se ainda que neste sentido, quem predomina são as pessoas com mais experiência, seja de vida ou de comércio, não é possível contatar a participação do público mais jovem como empreendedores, somente como consumidores dos serviços ofertados. 

Gráfico 02

Fonte: Dados da pesquisa

No gráfico 02 é apresentado a resposta sobre o gênero dos proprietários dos empreendimentos do bairro Samaúma, com as opções de (Masculino), (Feminino) e (Prefiro não responder), foram totalizadas 4 respostas, com percentuais de 25% do gênero feminino representado pela cor (vermelha) e 75% do gênero masculino, cor (azul). Percebe-se que a maioria dos empreendedores são do gênero masculino, a baixa porcentagem em relação às mulheres como líderes de empreendimentos no bairro, deve-se ao desdobramento em atividades domésticas entre outras. A participação da mulher é crucial no desenvolvimento deste tipo de empreendimento, no local de pesquisa, foi possível identificar a sua atuação no preparo dos alimentos, recepção de clientes, e organização das tarefas a serem desenvolvidas no dia.

Como é o caso dos restaurantes visitados na coleta das informações, os donos dos restaurantes contratam as mulheres para exercerem esses serviços, e assim ajudam gerando novos empregos, onde muitas das vezes o resultado vem a ser sua única fonte de renda no momento, impulsionando e agregando valor a cada atendimento prestado de forma mais acolhedora e humanizada.

Gráfico 03

Fonte: Dados da pesquisa

No Gráfico 03 é apresentado o nível de escolaridade dos proprietários dos empreendimentos do bairro Samaúma, mesmo que a realidade do bairro seja um quantitativo considerado de pessoas não alfabetizadas, a realidade de negócio nos mostra que a maioria de nossos entrevistados possuem pelo menos ensino médio completo, possibilitando uma melhor visão e organização de negócio, foram totalizadas 4 respostas, com percentuais de 25% com ensino superior completo, representado pela cor (azul), 25% com ensino fundamental incompleto, cor (Laranja) e 50% com ensino médio completo, cor (verde).

Gráfico 04

Fonte: Dados da pesquisa

No Gráfico 04 é apresentado as respostas sobre a ideia de iniciativa de negócio dos proprietários dos empreendimentos do bairro Samaúma, ao questionar foram totalizadas 4 respostas, com percentuais de 50% por necessidade, representado pela cor (Laranja) e 50% por oportunidade, cor (vermelha). As respostas com maior índice foram; (necessidade) e (oportunidade), que remetem a problemática que o município passou desde a pandemia, quanto a crise da então empresa Jarí Celulose, Embalagens e Papel S.A. Que por muitos anos foi fonte de renda para inúmeras famílias do vale do Jarí, consequentemente durante a crise tiveram que iniciar novos negócios, procurar novas empresas ou buscar novas oportunidades em outro Estado.

Gráfico 05

Fonte: Dados da pesquisa

No Gráfico 05 é apresentado as respostas sobre o ramo de atuação dos proprietários dos empreendimentos do bairro Samaúma, totalizando 4 respostas, com percentuais de 25% que optaram por; comércio, representado pela cor (vermelha) e 75% comércio e serviço, cor (verde). Por ser localizado em área ribeirinha em algumas situações os próprios empreendedores são responsáveis pela pesca e preparo das refeições ou buscam parcerias com demais pescadores da região.

Conforme descrito anteriormente existem algumas especificações a depender do trabalhador que exerce, os restaurantes ribeirinhos buscam comprar seus insumos dos fornecedores locais, por se tratar de um bairro majoritariamente habitado por pescadores, tornou-se uma união de útil ao agradável, os pescadores fornecem, e os donos dos negócios se incumbem de preparar para o consumo.

Trata-se de comercio, pois é referente a venda dos produtos e refeições por eles apresentados, seja no peixe frito, ou nas bebidas ofertadas, os empreendedores que indicaram trabalhar com produtos e serviços partiram do pressuposto de que ao realizarem o atendimento estão fazendo também uma prestação de serviço ao cliente, de modo a conciliar com os produtos que são comercializados paralelamente ao atendimento.

Gráfico 06

Fonte: Dados da pesquisa

No Gráfico 06 é apresentado o tempo que os proprietários possuem seus empreendimentos no bairro Samaúma, foram totalizadas 4 respostas, com percentuais de 50% de 4 a 5 anos, representado pela cor (Laranja) e 50% de 2 a 3 anos, cor (vermelha). 

Um exemplo de como ao longo dos anos de existência os empreendimentos já evoluíram é o caso do senhor Silvio, idealizador juntamente com sua esposa do Restaurante Silvio Poções, e do Restaurante Casa Miranda, idealizado pelo senhor Manoel, após a grande repercussão no período pós pandêmico, ambos foram convidados a participar da primeira edição do Festival Gastronômico do Vale do Jari, projeto que nasceu no  Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (IFAP), campus Laranjal do Jari, em colaboração com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e com a Secretaria de Cultura de Laranjal do Jari (SECULT), tornaram-se ainda mais conhecidos, pois o evento apresentou resultados bastante satisfatórios aos participantes no que diz respeito a divulgação. 

Gráfico 07

Fonte: Dados da pesquisa

No gráfico 07 é apresentado as repostas sobre as dificuldades para iniciar empreendimento no bairro Samaúma, foram totalizadas 4 respostas, com percentuais de 25% que optaram por; falta de conhecimento adequado e especializado, representado pela cor (vermelha), 25% falta de investimento, cor (Azul) e 50% pouca demanda, cor (laranja).

A falta de conhecimento adequado segundo os entrevistados se dá pela não oferta de cursos voltados para este ramo de atuação, somente através de mídias virtuais, coisa que pela falta de instrução se torna cada vez mais difícil. A falta de investimento neste caso conforme os resultados, se refere a questão de infraestrutura no bairro, que até o ano de 2023 tinha como meio de acesso somente uma estrada de terra, o rio e uma ponte de madeira, nos períodos em que ocorriam as enchentes, a estrada ficava intrafegável e a ponte por vezes era danificada pelas águas que subiam a níveis desproporcionais.

A questão da pouca demanda é resultado desses dois fatores apresentados, com a dificuldade de locomoção e de divulgação, algumas pessoas imaginavam que nas enchentes os restaurantes não funcionariam, mas eles atendiam no formato de delivery.

Gráfico 08

Fonte: Dados da pesquisa

No Gráfico 08 é apresentado a principal dificuldade para manter os empreendimentos no bairro Samaúma, foram totalizadas 4 respostas, com percentual de 100% que optaram pela; interferência de forças da natureza (Enchente, secas, etc.), representado pela cor (vermelha).

Os fenômenos da natureza implicam de forma direta no desempenho do comércio em Laranjal do Jari, as queimadas durante o verão e as enchentes no período chuvoso, deixando mais difícil a questão da locomoção e o atendimento no local. Conforme demonstrado nas imagens abaixo, o bairro ribeirinho é afetado tanto pelas cheias quanto pelo período se secas, e de acordo com o que foi descrito anteriormente, os atendimentos não pararam, somente foram recalculados para se adaptarem as situações vivenciadas, nos momentos de cheias optaram por realizar as entregas nas residências em locais previamente combinados, nos momentos de seca optaram por apresentar novos locais do bairro afim de que os clientes não sentissem o impacto causado pelo tempo seco resultante desta ação.

Gráfico 09

Fonte: Dados da pesquisa

No Gráfico 09 é apresentado as respostas sobre a situação do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas-CNPJ, foram totalizadas 4 respostas, com percentuais de 50% optaram pela resposta (Sim), representado pela cor (Vermelha) e 50% (Não), cor (Azul).

Gráfico 10

Fonte: Dados da pesquisa

No Gráfico 10 é apresentado os dados do faturamento mensal dos empreendimentos do bairro Samaúma, foram totalizadas 4 respostas, com percentuais de 25% que recebem; Um salário mínimo, representado pela cor (Azul) e 75% Dois salários mínimos, cor (Laranja).

Conforme demonstrado na última questão de nossa pesquisa, pode se verificar o ponto-chave para motivar os donos de comércios e propagadores de economia lá existente, como provam as respostas apresentadas, a vontade de expansão torna-se unanime entre eles, pedidos de maior visibilidade para o bairro e melhores condições de infraestrutura também lideram a pesquisa, de certa forma, solicitar o apoio de instituições que podem fornecer uma maior segurança para propiciar o crescimento dos negócios é um desejo de todos lá residentes.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na pesquisa realizada, pode-se acompanhar a estratégia de evolução apresentada por cada pequeno empreendedor, de maneira especial, aos empreendedores de Laranjal do Jari que atuam de forma individual no bairro Samaúma, abordaram- se os desafios na introdução de uma ideia de negócio, quando se tem um olhar de crescimento empresarial amazônico, de modo a esbanjar sua originalidade, sem esquece o que é chamado de tradicional.

A beleza da criação de restaurantes que alimentam não somente a fome do corpo, mas também a necessidade de conexão com a natureza, fazem do local escolhido o mais adequado, quando se afirma que o bairro de modo especial instiga os seus visitantes a repensar alguns de seus hábitos e a desacelerar o ritmo de suas vidas sempre tão corridas, a sair de seu cotidiano e deixar com que a rotina de monotonia não seja a ditadora de todos os seus momentos.  

Dar voz aos donos e criadores de iniciativas de economia ribeirinha no estado do Amapá, está ligado ao fato de que a região possui grande potencial de crescimento no ramo, principalmente ao quando se fala em economia criativa voltada para a área de alimentação e turismo, explorar este potencial poderá propiciar de forma benéfica e assertiva a quem já exerce esse tipo de atividade ou até mesmo a quem planeja iniciar.

Nota-se ainda que algumas das dificuldades apresentadas no artigo, em parte se deve a maneira como o próprio município de Laranjal do Jari se desenvolveu, em face à presença da Fábrica Jari Celulose, inicialmente tida como principal fonte de renda da comunidade existente, trouxe consigo muitas pessoas de outras regiões, que por sua vez, trouxeram consigo um pouco de suas raízes, fazendo com que essa pluralidade cultural existisse ao sul do estado do Amapá.

Pode-se concluir que o fator de forte influência sobre os empreendimentos se dar através de uma força sinistra da natureza, trabalhar metodologias que façam com que os empreendedores não deixem de exercer suas atividades é extremamente fundamental para a perpetuação desses pequenos empreendimentos, do mesmo modo quando se aplica investimentos em melhores estruturas que facilitam o acesso de visitantes ao bairro tornaria mais conhecida as ideias lá presentes, deste modo, nota-se então a necessidade de atualizações, palestras sobre iniciativas de economia ribeirinha e a utilização da administração no plano de negócios alavancaria as criações lá existentes.

REFERÊNCIAS

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¹Jeison Oliveira da Silva, discentes do Curso Superior de Bacharelado em Administração do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá Campus Laranjal do Jari e-mail: jeisonoliveiradasilva16@gmail.com
²Jeissiane Oliveira da Silva, discentes do Curso Superior de Bacharelado em Administração do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá Campus Laranjal do Jari e-mail: sicaavlis@gmail.com
³Hamilton Tavares dos Prazeres, discentes do Curso Superior de Bacharelado em Administração do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá Campus Laranjal do Jari e-mail: Hamilton.prazeres@ifap.edu.br