DISPLASIA DE QUADRIL: ETIOPATOGENIA, DIAGNÓSTICO E ATUALIZAÇÕES DO TRATAMENTO

HIP DYSPLASIA: ETIOPATHOGENESIS, DIAGNOSIS AND TREATMENT UPDATES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202507261347


Gabrielle H. F. Fernandes Maciel,
Jade Teixeira C. Alves,
Taís Fischer Silva.
Orientador: Prof. Bruno Finoti Barini


Resumo

A displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) representa uma condição ortopédica congênita de relevância clínica significativa, caracterizada por alterações na formação e estabilidade da articulação coxofemoral. Este artigo de revisão bibliográfica tem como objetivo analisar, com base na literatura científica internacional e nacional, os principais aspectos etiopatogênicos, os métodos diagnósticos disponíveis e as atualizações do tratamento da DDQ. Foram revisadas publicações entre 1970 e 2024 nas bases SciELO, LILACS, PubMed e Google Acadêmico. Os resultados mostram que a etiologia da displasia é multifatorial, envolvendo fatores genéticos, hormonais e mecânicos. O diagnóstico precoce, com ênfase na triagem neonatal por meio do exame físico e de métodos de imagem, é crucial para o sucesso terapêutico. O tratamento varia conforme a faixa etária e a gravidade da displasia, indo desde métodos conservadores até intervenções cirúrgicas. Conclui-se que a DDQ exige entendimento aprofundado dos fatores de risco e diagnóstico para que o tratamento seja eficaz.

Palavras-chave: Displasia do desenvolvimento do quadril. Diagnóstico precoce. Tratamento. Ortopedia pediátrica.

Abstract

Developmental dysplasia of the hip (DDH) is a congenital orthopedic condition characterized by abnormal formation and instability of the hip joint. This literature review aims to analyze the main etiopathogenic aspects, diagnostic methods, and recent updates in the treatment of DDH. Articles from 1970 to 2024 were reviewed across SciELO, LILACS, PubMed, and Google Scholar. The findings show that DDH has a multifactorial etiology involving genetic, hormonal, and mechanical factors. Early diagnosis using neonatal screening, especially through physical examination and imaging, is crucial for successful treatment. Management varies with age and severity, ranging from conservative methods to surgical interventions. It is concluded that DDH requires deep understanding of risk factors and diagnosis to enable effective treatment.

Keywords: Developmental dysplasia of the hip. Early diagnosis. Treatment. Pediatric orthopedics.

1. INTRODUÇÃO

A displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) é uma condição ortopédica congênita caracterizada pela formação anormal da articulação coxofemoral, afetando a congruência entre a cabeça do fêmur e o acetábulo. Sua apresentação varia desde instabilidades sutis até luxações completas, configurando-se como uma das principais causas de osteoartrose secundária em adultos jovens (VAQUERO- PICADO.  et  al;  2019).

Diversos fatores têm sido associados à etiopatogenia da DDQ, como predisposição genética, alterações hormonais e fatores mecânicos intrauterinos. Em especial, a apresentação pélvica e o sexo feminino demonstram associação significativa com maior risco de ocorrência  (ZAMBORSKY . et al; (2019). Ademais, estudos analisaram sobre a influência cultural como fator associado à DDQ e foi visto que em países africanos, em que os recém nascidos são enrolados por um pano e pendurados no corpo da mãe, tinham mais predisposição a ter uma formação anormal da articulação coxofemoral (VAQUERO- PICADO.  et  al;  2019). Ainda sobre influências pós-natal, a posição que o recém nascido fica em certos dispositivos de transporte em automóveis ou dentro de casa também poderiam influenciar na má formação, uma vez que restringem a movimentação do recém nascido (VAIDYA et al; 2021).

A evolução da displasia até a artrose precisa ser entendida, uma vez que é por meio desse conhecimento que foi determinado o momento certo para o diagnóstico precoce e, posteriormente, para o melhor tratamento e evolução. Complicações importantes em crianças com DDQ podem evoluir é a necrose avascular (NAV) ou aséptica de cabeça de fêmur, essas que produzem uma redução significativa na qualidade de vida da criança.

Assim, o diagnóstico precoce é essencial para garantir um prognóstico favorável. Inicialmente baseado em exame físico neonatal, especialmente com as manobras de Ortolani e Barlow e, após, o diagnóstico deve ser confirmado com exames de imagem, como a ultrassonografia de quadril (USG) – ferramenta considerada padrão-ouro na triagem precoce (NANDHAGOPAL e CICCO, 2022). Nos estudos analisados, a maioria traz sobre os avanços dentro da triagem ultrassonográfica – com o maior avanço tecnológico, estudos sobre a angulação da articulação coxofemoral e sua graduação, trouxeram uma acurácia maior ao tratamento. Ademais, é importante ressaltar que o uso de radiografia simples (RX) também é bem vinda, mas há ressalvas quanto a idade que pode ser usada, pois crianças na faixa etária abaixo de 3-4 meses de idade possuem muito mais cartilagem do que parte óssea, dificultando o uso do RX.

Em relação a impossibilidade de diagnóstico no momento ideal, artigos brasileiros trazem essa discussão para a realidade do país e questionam se as manobras para triagem neonatal são feitas no momento certo e se são feitas de forma adequada (SOUZA et al., 2017). Além de questionar sobre a rede de saúde e se esta possui estrutura com ortopedistas especialistas para confirmarem o diagnóstico com exames de imagem  (SOUZA et al., 2021).

Com o avanço das técnicas terapêuticas, surgiram abordagens mais seguras e individualizadas, que vão desde o uso do suspensório de Pavlik nos lactentes até osteotomias e artroplastias em casos graves. Após analisar os estudos escolhidos, chegamos a conclusão que a escolha entre tratamento conservardor e cirúrgico é multifatorial, dependente da idade, fator social e econômico, e do grau da displasia. A primeira tentativa, na maioria das vezes é pelo tratamento conservador, mas após falha, a cirurgia entra como uma alternativa – e dentro das opções cirúrgicas, também entra todo um contexto multifatorial sobre qual o melhor método. (SUSANA REIS BRAGA et al., 2023).  Mas é inegável que a evolução das técnicas cirúrgicas trouxe uma maior qualidade de vida para os pacientes, tanto por menor taxa de erro após cirurgia quanto por maior comodidade no pós-cirúrgico (QUINTELA et al., 2024). No contexto brasileiro, a visão é diferente, pois, por mais que haja técnicas mais evoluídas, a Rede de Saúde do país não possui ortopedistas especialistas que abrangem todo o país.

2. OBJETIVO

Analisar e identificar, por meio de artigos selecionados, a etiopatogenia da displasia do quadril, identificando os fatores genéticos, ambientais e biomecânicos envolvidos em sua manifestação, identificar as complicações que a displasia promove ao longo prazo e discutir as abordagens diagnósticas mais eficazes para a detecção precoce da condição. Além disso, pontuar os tratamentos possíveis para a displasia do quadril e suas inovações ao longo dos anos. Somado à isso, reconhecer a realidade brasileira em relação ao diagnóstico e tratamento.

3. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa, com abordagem qualitativa, exploratória e descritiva. A coleta de dados foi realizada entre março e julho de 2025, nas seguintes bases de dados: SciELO, LILACS, PubMed e Google Acadêmico.

Foram utilizados os descritores “displasia do desenvolvimento do quadril”, “diagnóstico”, e“tratamento” bem como suas correspondências em inglês, de acordo com os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH). Os critérios de inclusão envolveram artigos publicados entre 1970 e 2024, nos idiomas português, inglês e espanhol, com texto completo disponível.

Foram excluídos estudos com metodologia inadequada, dados desatualizados, amostras limitadas e publicações que não abordavam diretamente os eixos temáticos da etiopatogenia, diagnóstico ou tratamento da DDQ. Após análise criteriosa, 21 artigos foram selecionados para compor a base teórica deste trabalho.

4. REFERENCIAL TEÓRICO E DISCUSSÃO

4.1 Revisão sobre os principais fatores genéticos e ambientais associados ao desenvolvimento da displasia do quadril.

A displasia do quadril é uma condição ortopédica resultante de um desenvolvimento anormal da articulação coxofemoral, podendo levar à subluxação ou luxação da cabeça do fêmur. Seu desenvolvimento é influenciado por uma interação complexa entre fatores genéticos e ambientais. Os fatores genéticos desempenham um papel importante, uma vez que a predisposição para a displasia pode ser transmitida de maneira hereditária, com alguns estudos identificando variantes genéticas associadas a alterações no desenvolvimento da articulação. Por outro lado, fatores ambientais, como a posição fetal e o tipo de parto, também têm um impacto significativo.

Diversos estudos classificam os fatores ambientais associados à displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) em diferentes teorias, entre as quais se destaca a teoria mecânica. Essa teoria propõe que estímulos físicos persistentes durante períodos críticos de crescimento fetal podem levar à deformidade da articulação coxofemoral, especialmente devido à elevada plasticidade e à rápida taxa de crescimento do feto. Assim, condições que submetem o feto a forças deformantes — como oligoâmnio, macrossomia e apresentação pélvica — configuram-se como importantes fatores de risco. A apresentação pélvica, por exemplo, impõe uma postura de hiperflexão constante dos quadris associada à extensão dos joelhos, o que favorece o aparecimento de luxações ou da própria displasia. Outro achado associado à teoria mecânica é a predominância de comprometimento do lado esquerdo, atribuída à posição habitual do feto em relação à coluna materna, a qual limita a abdução do quadril esquerdo (VAQUERO-PICADO et al., 2019).

Outro fator de risco importante no desenvolvimento da displasia do quadril é a influência cultural. Os recém-nascidos saudáveis apresentam, naturalmente, contraturas em flexão dos quadris e joelhos, que tendem a se resolver nas semanas seguintes ao nascimento. No entanto, em algumas culturas — como em determinadas regiões da África — é comum o hábito de carregar os bebês com os membros inferiores fortemente enrolados e estendidos, o que aumenta o risco de desenvolvimento da DDQ. Em contrapartida, populações que carregam seus bebês na chamada posição de “jóquei”, com os membros inferiores em abdução e flexão, formando a letra “M”, apresentam menor incidência da condição (VAQUERO-PICADO et al., 2019).

Neste estudo realizado na Mongólia, foi observada a influência do enfaixamento de recém-nascidos, cujos membros inferiores permaneciam restritos em extensão e adução por cerca de 20 horas diárias durante um mês. No grupo submetido a essa prática, verificou-se um atraso na maturação do quadril, o que aumentou o risco de desenvolvimento da displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ). Em contraste, culturas que carregam os bebês com os quadris em abdução apresentam menor incidência da DDQ. O posicionamento em “M” dos membros inferiores nos primeiros meses de vida, promovido por carregadores do tipo sling, favorece não apenas o desenvolvimento saudável do quadril, mas também o alinhamento adequado da pelve e da coluna da criança (SIDHARTHAN; KEHOE; DODWELL, 2020). Segundo SIDDICKY et al. (2021), análises por eletromiografia de superfície indicam que a posição dos quadris ao carregar bebês em slings voltados para o cuidador gera uma atividade muscular semelhante à observada durante o uso da órtese de Pavlik, além de proporcionar conforto e aconchego à criança.

Além dos fatores ambientais e culturais, a predisposição familiar também exerce papel crucial no desenvolvimento da DDQ. Familiares de primeiro grau apresentam um risco aumentado em até 12 vezes para desenvolver a doença, além de maior probabilidade de osteoartrite e necessidade de artroplastia total do quadril em gerações anteriores. Dentre os fatores genéticos, destacam-se duas teorias principais: a herança poligênica da displasia acetabular e a dominância autossômica com penetrância incompleta. Vale destacar que a DDQ apresenta uma expressão fenotípica variável, que depende do grau de subluxação ou luxação da cabeça femoral (ZAMBORSKY et al., 2019).

Complementando a análise da predisposição genética, estudos demonstraram a influência de genes específicos no desenvolvimento da DDQ. Foi identificada uma correlação entre a proteína plasmática A2 associada à gravidez (PAPPA-2) e o surgimento da displasia. Além disso, o sequenciamento genômico permitiu identificar genes relacionados à condrogênese associados à DDQ, como o gene da cadeia alfa-1 (I) do colágeno (COL1A1) e o receptor de vitamina D (VDR) (ZAMBORSKY et al., 2019).

A teoria hormonal propõe que um desequilíbrio entre estrógeno e progesterona influencia o desenvolvimento da DDQ, sendo demonstrado experimentalmente que os estrogênios exercem efeito protetor contra o deslocamento da cabeça femoral, enquanto níveis elevados de progesterona podem favorecer esse deslocamento (VAQUERO-PICADO et al., 2019). Além disso, o gênero feminino apresenta maior risco para o desenvolvimento da displasia, o que pode ser parcialmente explicado pela ação do hormônio relaxina. Essa substância influencia a frouxidão ligamentar, tanto na gestante quanto no feto, com efeitos mais pronunciados em fetos do sexo feminino (ZAMBORSKY et al., 2019).

Diante do exposto, torna-se evidente que a displasia do desenvolvimento do quadril é resultado de uma complexa interação entre predisposições genéticas e influências ambientais, culturais e hormonais. Essa multiplicidade de fatores reforça a necessidade de uma abordagem preventiva ampla, que vá além do rastreio clínico, além de reforçar que o exame físico detalhado é fundamental. Por se tratar, em grande parte, de uma condição com fatores de risco modificáveis, especialmente no período neonatal, a conscientização de profissionais de saúde e cuidadores é uma ferramenta essencial na redução da incidência da DDQ e de suas possíveis complicações a longo prazo.

4.2 Análise sobre os métodos de diagnóstico, como exames de imagem (ultrassonografia e radiografia simples de quadril), suas indicações e limitações na identificação precoce da displasia.

O diagnóstico da Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ) constitui um dos pilares na abordagem precoce de alterações ortopédicas pediátricas. Sua identificação pode ocorrer por meio de avaliação clínica, exames de imagem ou pela combinação de ambos. Embora haja divergência na literatura quanto ao perfil ideal para triagem universal, há consenso de que todos os recém-nascidos devem ser avaliados, com atenção especial àqueles com fatores de risco conhecidos (BAKARMAN, 2023).

O primeiro passo a ser feito é com o exame clínico a partir do teste de Ortolani e da manobra de Barlow. O primeiro, com o recém-nascido em uma região plana e em decúbito dorsal, consiste na tentativa de redução da cabeça femoral deslocada. Assim, com os os quadris flexionados a 90º, realiza-se a abdução dos membros com leve pressão sobre o trocânter maior da forma que os dedos indicador e médio do examinador envolvam a parte lateral, enquanto mantém o polegar medial à prega da virilha. Os quadris são avaliados separadamente e realiza-se a abdução máxima. Um estalido palpável ou audível pode indicar a realocação do fêmur, sugerindo instabilidade articular e, assim, o teste é positivo (NANDHAGOPAL; CICCO, 2022).

Na manobra de Barlow, o intuito é provocar a luxação do quadril previamente reduzido. Assim, com o recém-nascido na mesma posição inicial do teste de Ortolani é feito, aplica-se pressão direcionada posteriormente sobre o fêmur. A percepção de deslocamento da articulação sinaliza positividade para instabilidade. A seguir, para que a manobra seja realmente positiva, a segunda fase é composta por uma abdução neutra ou ligeira adução, visando a sensação de deslocamento da cabeça femoral e seguida da redução espontânea (NANDHAGOPAL; CICCO, 2022).

Em crianças maiores, as limitações anatômicas reduzem a sensibilidade dessas manobras. Nestes casos, o exame clínico pode ser feito a partir da avaliação das dobras cutâneas e/ou discrepâncias do comprimento das pernas. Além disso, o sinal de Galeazzi também pode ser feito – com a criança em posição dorsal com os quadris e joelhos flexionados, avalia-se a desigualdade do joelho; se presente, indica um teste positivo. Caso a criança nunca tenha sido avaliada, quando esta já é capaz de deambular, pode-se utilizar o sinal de Tredelenberg, que consiste em claudicação ao andar. Casos bilaterais podem apresentar hiperlordose lombar compensatória (BAKARMAN, 2023).

No que se refere à propedêutica por imagem, a radiografia simples apresenta baixa sensibilidade em neonatos, uma vez que as estruturas articulares ainda são predominantemente cartilaginosas. A partir do quarto mês de vida, a ossificação permite melhor avaliação, sendo possível identificar alterações estruturais e sequelas, como necrose avascular (NAV). Acompanhamentos radiográficos seriados são úteis no monitoramento da evolução do quadril, aumentando a acurácia da investigação (VAQUERO-PICADO et al., 2019).

Em meados da década de 80, Graf et al. publicaram um método para avaliar a anatomo-morfologia da articulação do quadril infantil. O exame é realizado com o lactente em decúbito lateral e utiliza medidas angulares (ângulos alfa e beta) do teto ósseo e cartilaginoso para classificar morfologicamente o quadril em quatro categorias, de normal a luxado. Durante o exame, o quadril fletido entre 35 a 45 graus e rotação interna entre 10 a 15 graus. E quanto maior for o ângulo, mais reduzido o quadril. Aprofundando nos quatro tipos de classificação, o tipo I é considerado o quadril maduro, sem deformações ou problema na rotação; o tipo II, que subdivide em relação a idade do paciente. O tipo III é identificado como já deslocado, mas com uma angulação e deformações piores que o tipo IID e o tipo IV é o que possui a pior angulação, com um grau de deformidade da cabeça acetabular crítica. Graf et al. advoga que é a partir do tipo IIa que há necessidade de tratamento. Este sistema fornece base objetiva para o diagnóstico e a tomada de decisão clínica.

OMEROĞLU, H. Use of ultrasonography in developmental dysplasia of the hip. J Child Orthop, [S. l.], v. 8, n. 2, p. 105-113, mar. 2014. DOI: 10.1007/s11832-014-0561-8. Disponível em: . Acesso em: 1 jun. 2025.

Outras abordagens ultrassonográficas incluem os métodos de Harcke, Terjesen e Suzuki, com variações quanto à técnica, posicionamento e parâmetros analisados. O método de Harcke, descrito por Theodore Harcke em 1984, investiga a displasia com uma incidência lateral com o paciente em posição em decúbito dorsal ou lateral, com imagens repetidas, e em vários planos – frontal neutra, flexão frontal, neutra transversal e flexão transversal –, do quadril em repouso e em estresse. A combinação de duas vistas em planos perpendiculares é essencial para o diagnóstico. O método descrito por Terje Terjesen avalia a cobertura da cabeça femoral – porcentagem de cobertura de toda a cabeça femoral cartilaginosa pelo teto ósseo acetabular – e centro de ossificação da cabeça femoral, calculando a distância lateral da cabeça (LHD) do fêmur. Mas esse método é controverso devido ao fato do centro de ossificação ter variações conforme a idade. Já o de Suzuki permite a análise simultânea dos dois quadris utilizando pontos de referência ósseos (HÃKAN ÖMEROGÜLU, 2021).

Estudos comparativos demonstram maior confiabilidade e padronização no método de Graf, principalmente por sua classificação objetiva baseada em ângulos mensuráveis. Comparando os métodos de Graf e Terjesen, diferentes conclusões foram obtidas. Em um estudo, a confiabilidade intra-observador e o diagnóstico de alguma patologia do quadril foram ligeiramente melhores no método de Graf. Já em outro estudo, foi observado uma menor taxa de diagnóstico de luxação, subluxação ou possível displasia e uma concordância intra-observador melhor no método de Terjensen. Embora os demais métodos tenham utilidade complementar, não oferecem a mesma estrutura diagnóstica que o proposto por Graf et al (HÃKAN ÖMEROGÜLU, 2021).

Assim, nos primeiros meses de idade, a ultrassonografia (USG) é a escolha para iniciar a investigação. Que deve ser feita nas crianças com o exame clínico alterado ou com fatores de risco, mesmo que quase 90% dos pacientes com instabilidade leve ao nascer tenham resolução espontânea nas primeiras oito semanas. A Sociedade Europeia de Radiologia Pediátrica considera como fator de risco, em que deve ser feita a ultrassonografia após um exame físico normal, naqueles com histórico de apresentação pélvica e a história familiar positiva. (VAQUERO-PICADO.  et  al;  2019).  Assim, a partir de duas semanas de vida é indicado fazer o exame de imagem quando a triagem neonatal é positiva. Já para aqueles com risco, mas sem anormalidades clínicas, devem ser submetidos nas primeiras seis semanas de vida, pois, se avaliados muito cedo, a chance de ocorrer um falso positivo é maior por bebês com articulações do quadril imaturas e transitórias, e que são instáveis fisiologicamente. Portanto, é preciso determinar qual o momento ideal para o exame ultrassonográfico evitando tratamentos desnecessários, uma vez que a USG realizada com oito semanas de vida pode trazer mais acurácia para um diagnóstico precoce de alguma patologia. (HAN. et al; 2022).

Em relação ao diagnóstico precoce, revisões sistemáticas abrangentes, destacam a controvérsia entre a triagem universal e a seletiva. A primeira, mais comum em países com estrutura de saúde pública robusta, mostrou-se superior na detecção precoce, reduzindo consideravelmente os casos diagnosticados tardiamente. Entretanto, seu custo elevado e a necessidade de infraestrutura adequada dificultam sua implementação em larga escala em países de baixa e média renda. Por outro lado, a triagem seletiva, baseada em fatores de risco como histórico familiar, apresentação pélvica e alterações clínicas, demonstrou perder até 30% dos casos de DDQ, sugerindo que sua eficácia é diretamente proporcional à capacitação dos profissionais envolvidos no exame físico neonatal (PANDEY; JOHARI, 2021). Em termos de desempenho, alguns estudos trazem que a triagem clínica apresenta sensibilidade de 66%, especificidade de 99,8%, valor preditivo positivo (VPP) de 28% e valor preditivo negativo (VPN) de 99,9%. A associação com a ultrassonografia eleva a sensibilidade para 100% e a especificidade para 94,2%, embora reduza o VPP para 20,5% (PATON, 2017).

No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda a realização da manobra de Ortolani nos dois primeiros dias de vida e durante as consultas de puericultura. Em casos de risco ou achados clínicos anormais, deve-se complementar com ultrassonografia. Já a Pediatric Orthopaedic Society of North America (POSNA) preconiza o exame físico como abordagem inicial feito pelo pediatra e, caso investigação necessária, o paciente deve ser acompanhado pelo ortopedista. A POSNA recomenda reservar a USG para casos específicos, naqueles com alto risco para DDQ ou com exame físico positivo. A correlação entre os dois métodos é considerada elevada, atingindo 87,5% de concordância (BARBOSA; ALBERNAZ, 2022). Entretanto, a prática clínica brasileira ainda enfrenta desafios. Dados nacionais indicam carência na formação dos profissionais quanto à triagem da DDQ: 81,1% dos entrevistados nunca realizaram um diagnóstico da patologia. O uso de simuladores tem sido proposto como alternativa didática para capacitação (SOUZA et al., 2016).

Dessa forma, a detecção precoce da DDQ requer integração entre exame clínico e exames complementares, principalmente a ultrassonografia. Somado à isso, a implementação de um programa de triagem nacional, exige a superação de barreiras financeiras e de capacitação profissional, ressaltando a urgência de diretrizes que conciliam a evidência científica com a realidade local para otimizar a detecção precoce da DDQ.

4.3 Atualizações sobre o tratamento de displasia de quadril

O tratamento da Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ) fundamenta-se na obtenção e manutenção da redução concêntrica entre a cabeça femoral e o acetábulo. Para isso, posiciona-se o quadril em flexão entre 90º e 110º e abdução entre 30º e 65º. Deve-se evitar a hiperflexão, pois esta pode predispor à luxação inferior. Se associada à hiper flexão dos joelhos, pode resultar em neuropraxia do nervo femoral (BRAGA et al., 2023).

Dentre as abordagens terapêuticas, as técnicas conservadoras são bastantes discutidas, com destaque no uso de órteses. A decisão leva em consideração fatores como idade, gravidade da displasia e resposta inicial ao tratamento. O suspensório de Pavlik é amplamente utilizado desde o período neonatal até aproximadamente o sexto mês de vida, vale ressaltar que esse período é variável a depender da literatura utilizada. Seu mecanismo de ação baseia-se na manutenção da flexão dos quadris pelas tiras anteriores e na restrição da abdução pelas posteriores, sendo esta última influenciada pela gravidade e pelo posicionamento da criança, e não diretamente pela tensão das tiras (BRAGA et al., 2023).

Entretanto, erros no posicionamento do suspensório são frequentes e comprometem a eficácia terapêutica. Isso ocorre quando as tiras anteriores são colocadas medialmente à linha axilar anterior, favorecendo a adução e dificultando a redução do quadril. Outro erro comum é o posicionamento incorreto das tiras posteriores, que, ao se localizarem próximas ao tornozelo em vez da região poplítea, promovem hiperflexão dos joelhos, levando ao mecanismo de “corda de arco” (BRAGA et al., 2023).

O uso da órtese deve ser mantido durante a maior parte do dia, sendo descontinuado apenas após a normalização do acetábulo, usualmente entre 6 a 12 semanas (Graf I). Caso não haja resposta satisfatória até o terceiro mês de vida ou o diagnóstico seja tardio, indica-se a redução fechada com imobilização em calção gessado em posição de flexão e abdução (BRAGA et al., 2023). Em diagnósticos mais tardios, opta-se por dispositivos de contenção mais rígidos, como os do tipo “pau de espeto” que provocam maior sustentação e limitação (QUINTELA et al., 2024).

Figura 2 – A) Pavlik corretamente posicionado. B) Pavlik com a tira anterior muito medial e a tira da perna distalmente posicionada, levando a um posicionamento inadequado dos quadris e dos joelhos. Adaptado de: MUBARAK, S.; GARFIN, S.; VANCE, R.; MCKINNON, B.; SUTHERLAND, D. Pitfalls in the use of the Pavlik harness for treatment of congenital dysplasia, subluxation, and dislocation of the hip. Journal of Bone and Joint Surgery American, v. 63, n. 8, p. 1239–1248, 1981

A imobilização gessada costuma durar entre 3 e 4 meses, sendo posteriormente substituída por órtese. A idade-limite para essa abordagem gira em torno de 18 meses. O remodelamento acetabular está relacionado à estabilidade articular e à idade de início do tratamento. Após os 12 meses, esse processo torna-se mais lento, sendo recomendada a osteotomia pélvica após os 18 meses de idade (BRAGA et al., 2023).

Pacientes com displasia residual após tratamento conservador suscitam dúvidas quanto à necessidade de osteotomia. No entanto, quadris reduzidos e estáveis antes dos dois anos de idade possuem alto potencial de normalização do índice acetabular, sendo a ressonância magnética um recurso importante para auxiliar na decisão, ao observar a quantidade e característica da cartilagem presente. (BRAGA et al., 2023). Caso o tratamento conservador falhe, parte-se para abordagem cirúrgica, cuja escolha depende da idade, gravidade da displasia e presença de luxação. Essa decisão exige análise criteriosa dos riscos e benefícios, com participação dos pais e da equipe multiprofissional (QUINTELA et al., 2024).

Pacientes com DDQ podem necessitar de procedimentos cirúrgicos que incluem osteotomias (pélvicas ou femorais), redução aberta e artroplastia capsular (WEN et al., 2023). As osteotomias, especificamente, são consideradas em cenários onde a displasia residual persiste após tentativas de redução anteriores. Além disso, são indicadas quando a idade da criança sugere que a correção do quadril, mesmo após a redução, não será adequada para resolver a displasia acetabular de forma eficaz (VAQUERO-PICADO et al., 2019).

Em relação às osteotomias pélvicas, observa-se uma diversidade de abordagens técnicas, cuja escolha é intrinsecamente determinada pela faixa etária do paciente e pela severidade da deformidade apresentada.O principal objetivo da intervenção cirúrgica é restabelecer a redução concêntrica da articulação coxofemoral. A osteotomia pélvica, ao corrigir a deformidade acetabular, não apenas amplia a área de distribuição de estresse na articulação, mas também contribui para a restauração da cartilagem e para a reconstrução da biomecânica do quadril (WEN et al., 2023). Tais procedimentos são tipicamente indicados a partir dos três ou quatro anos de idade, período em que o potencial de remodelação acetabular espontânea já se encontra significativamente reduzido (VAQUERO-PICADO et al., 2019).

As osteotomias femorais têm por objetivo reposicionar a cabeça femoral por meio de encurtamento e derrotação, facilitando sua centralização na cavidade acetabular. Além disso, promove um aumento do ângulo de varização da articulação coxofemoral, o que favorece a estabilidade articular, estimula o remodelamento acetabular e contribui para a redução da incidência de complicações, como a osteonecrose da cabeça femoral (BAKARMAN et al., 2023).

Dentre os tipos de osteotomia, a cirurgia proposta por Salter é indicada entre 18 meses e 9 anos e promove redirecionamento acetabular com centro na sínfise púbica. A técnica de Pemberton é composta por uma osteotomia incompleta e tem como centro a cartilagem trirradiada, sendo eficaz em casos com acetábulo amplo e desproporcional à cabeça femoral, já que é capaz de diminuir o diâmetro e aumentar a profundidade da cavidade acetabular. Já a proposta por Dega é semicircular e mantém a parede medial do ílio, sendo indicada principalmente em displasias neuromusculares. Em casos de cartilagem trirradiada aberta, principalmente em crianças mais velhas e adolescentes, pode ser necessária osteotomia tríplice envolvendo ílio, ísquio e púbis (BRAGA et al., 2023).

Inovações recentes do tratamento cirúrgico para DDQ trouxe novas possibilidades para os pacientes, oferecendo eficácia e segurança no tratamento. Essas incluem a artroscopia para displasias limítrofes, com plicatura capsular e ressecção minimizada da borda acetabular, proporcionando menor dor e recuperação acelerada (QUINTELA et al., 2024). Outra abordagem é a osteotomia periacetabular combinada (CU PAO), que associa artroscopia realizada dias antes de uma osteotomia periacetabular (PAO) modificada e é indicada para quadris displásicos que não conseguiram uma estabilização adequada apenas com a artroscopia. Essa técnica permite uma recuperação mais estável e duradoura.

Já para os quadris menos displásicos, a osteotomia BIPO (Birmingham Interlocking Pelvic Osteotomy), que envolve três cortes ósseos na pélvis, foi desenvolvida para melhor segurança e reprodutibilidade cirúrgica, permitindo suporte de peso pós-operatório imediato. Nos casos graves, avanços na artroplastia total do quadril têm buscado evitar osteotomias e otimizar o posicionamento acetabular (QUINTELA et al., 2024).

No Brasil, as desigualdades regionais influenciam significativamente o diagnóstico e tratamento da DDQ. Regiões com menor acesso a especialistas e recursos diagnósticos apresentam subnotificação, provocando um fluxo para grandes centros, sobrecarregando ainda mais o sistema. Isso reforça a necessidade de estruturação dos serviços de saúde e capacitação profissional (SOUZA et al., 2021).

Em síntese, embora as técnicas tenham evoluído, a escolha terapêutica depende de análise multidisciplinar e considerações socioeconômicas. A realidade brasileira ainda impõe barreiras ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado, ressaltando a importância de políticas públicas integradas e de um sistema de saúde mais equânime.

4.4 Evolução da displasia do quadril desde sua forma inicial até suas complicações, como a artrose.

O rastreamento da Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ) apresenta-se como um elemento essencial no manejo clínico da doença, uma vez que sua detecção precoce possibilita intervenções terapêuticas mais efetivas e menos invasivas. Quando diagnosticada tardiamente, a DDQ tende a evoluir com complicações importantes, incluindo dor crônica, instabilidade articular e osteoartrite precoce, comprometendo a funcionalidade e a qualidade de vida do paciente.

A faixa etária influencia diretamente na história natural da doença. Em neonatos, a displasia e a instabilidade do quadril geralmente se manifestam de forma leve, com curso benigno e resolução espontânea em até oito semanas.

A progressão da DDQ está intimamente relacionada às alterações morfológicas da articulação coxofemoral. Inicialmente, ocorrem modificações que afetam o desenvolvimento da cabeça femoral e do acetábulo, associadas à contratura de tecidos moles. A condição pode envolver luxações ou subluxações persistentes, que contribuem para a displasia progressiva dessas estruturas anatômicas.

Diversas barreiras anatômicas podem impedir a redução concêntrica da articulação, como o lábio invertido, o limbo (formado como resposta patológica à pressão anormal sobre o acetábulo), o ligamento redondo hipertrofiado, o pulvinar (tecido fibro-gorduroso na profundidade do acetábulo), o ligamento acetabular transverso contraído, e a cápsula articular comprimida pelo tendão do músculo iliopsoas (GUILLE; PIZZUTILLO; MACEWEN, 2000).

A persistência da displasia ao longo da adolescência e idade adulta pode ocasionar marcha anormal, redução da força muscular, discrepância no comprimento dos membros inferiores e deformidades em flexão e adução do quadril. Estudos indicam também maior prevalência de doenças degenerativas da articulação coxofemoral, escoliose postural, dorsalgia e artrite de joelho, geralmente relacionada ao genu valgo ipsilateral (TOMÁS, 2015).

Além disso, pacientes com luxação unilateral tendem a apresentar prognóstico mais desfavorável quando comparados aos casos bilaterais, principalmente devido à assimetria de movimentos, força muscular e dismetria dos membros, o que impacta diretamente na marcha e no alinhamento dos joelhos. Casos crônicos de subluxações, inclusive, podem manifestar sintomas mais precocemente do que as luxações verdadeiras (VITALE; SKAGGS, 2001).

A necrose avascular (NAV) da cabeça femoral constitui uma das complicações mais relevantes decorrentes das intervenções terapêuticas empregadas no manejo da Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), configurando-se como uma condição grave, frequentemente associada à evolução precoce para osteoartrite. A literatura científica evidencia uma ampla variação na incidência dessa complicação, variando entre 0% e 73%, abrangendo desde métodos conservadores, como o uso do suspensório de Pavlik, até procedimentos cirúrgicos invasivos, especialmente em casos de diagnóstico tardio (MALVITZ; WEINSTEIN, 1994). Ressalta-se que a ocorrência de NAV não está relacionada à história natural da patologia, mas sim a eventos iatrogênicos advindos das estratégias de tratamento adotadas.

A NAV apresenta maior potencial destrutivo em pacientes mais jovens, e, geralmente, não possui tratamento eficaz. Embora a relação entre gravidade da lesão e idade do paciente ainda não esteja completamente esclarecida, há evidências de que a cabeça femoral cartilaginosa, sem núcleo ossificado, é mais suscetível à isquemia do que uma estrutura já ossificada.

Estudos também apontam outras complicações decorrentes do tratamento inadequado, sobretudo nos casos graves de displasia tratados com flexão do quadril além de 120° por meio do suspensório de Pavlik, com incidência aproximada de 2,5%. Nesses casos, observa-se a ocorrência de paralisia do nervo femoral, que tende a se resolver com a interrupção do uso do dispositivo.

Outra complicação observada no pós-tratamento é a displasia residual, que exige monitoramento contínuo da maturidade esquelética com radiografias periódicas, geralmente semestrais ou anuais, até que se observe a resolução completa do quadro. Radiografias normais aos dois anos de idade estão associadas a um bom prognóstico.

5. CONCLUSÃO

A presente revisão permitiu compreender que, apesar do avanço técnico-científico sobre a displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ), ainda existem entraves significativos entre o conhecimento disponível e sua aplicação prática — especialmente no contexto brasileiro. O reconhecimento da etiologia multifatorial da DDQ e a padronização de métodos diagnósticos são avanços importantes, mas a efetividade desses recursos depende diretamente de sua inserção nas rotinas de saúde pública, sobretudo nos primeiros meses de vida.

O acompanhamento clínico e radiológico contínuo é fundamental para detectar complicações como a necrose avascular da cabeça femoral e a displasia residual, que exigem atenção específica no seguimento do tratamento. Além disso, destaca-se a necessidade de cuidados técnicos durante a aplicação de métodos terapêuticos, visando minimizar riscos iatrogênicos.

Ao longo do trabalho, ficou evidente que a maior barreira ao diagnóstico precoce e ao tratamento oportuno da DDQ não é apenas técnica, mas estrutural: desigualdades regionais, baixa cobertura de triagem neonatal com ultrassonografia e falta de capacitação continuada dos profissionais de saúde comprometem os desfechos clínicos.

Assim, mais do que reforçar condutas já bem estabelecidas na literatura, este trabalho destaca a urgência de políticas que aproximem o conhecimento técnico da realidade assistencial.

A displasia do quadril, embora silenciosa no início, pode deixar marcas permanentes ao longo da vida. Identificá-la e tratá-la precocemente não deve ser um privilégio, mas um direito universal garantido a todas as crianças.

Referências

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