REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7048703
DIAN CARLOS BORGES MOREIRA1,
VANESSA MARIA MACHADO ALE2
Graduando do curso de Bacharel em Medicina Veterinária, Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro), Manaus, Amazonas, Brasil
Docente orientadora do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro), Manaus, Amazonas, Brasil.
*Autor para Correspondência, E-mail: dian.carlosborges@gmail.com
RESUMO
A displasia coxofemoral pode ser diagnosticada através de exame radiográfico e exames ortopédicos, sendo está uma doença articular degenerativa que não pode ser revertida. A displasia coxofemoral (DCF) é uma condição na qual a articulação coxofemoral cresce de forma anormal, geralmente causada por genes, e pode ser gerenciada e influenciada pelo ambiente. Cães grandes geralmente têm displasia coxofemoral de forma mais comumente, porém pode acometê-los até mesmo antes de um ano de idade. Com isso, o presente estudo vida abordar a displasia coxofemoral mais especificamente em cães e gatos, abordando a etiologia, patogenia, alguns sinais clínicos, prevenção e tratamento, assim, será feita uma abordagem bibliográfica.
Palavras-chave: Displasia Coxofemoral. Diagnóstico. Tratamentos.
ABSTRACT
Hip dysplasia can be diagnosed through radiographic and orthopedic examinations and is a degenerative joint disease that cannot be reversed. Hip dysplasia (CHD) is a condition in which the hip joint grows abnormally, usually caused by genes, and can be managed and influenced by the environment. Large dogs usually have hip dysplasia more commonly, but it can affect them even before one year of age. With this, the present study life addresses hip dysplasia more specifically in dogs and cats, addressing the etiology, pathogenesis, some clinical signs, prevention and treatment, thus, a bibliographic approach will be made.
Keywords: Hip dysplasia. Diagnosis. treatments.
INTRODUÇÃO
A displasia coxofemoral (DCF) acomete cães e gatos, sendo muito comum em cães e menos comum em gatos. A displasia coxofemoral faz com que as articulações fiquem instáveis, deixando os quadris soltos e possivelmente causando a degeneração da articulação. O Pastor alemão, Labrador Retriever, São Bernardo, Golden Retriever e Rottweiler são as raças de cães com maior probabilidade de desenvolver displasia coxofemoral.
Cães que pesam menos de 12 quilos quando adultos quase nunca contraem a doença, porém quando afetado, afeta tanto os machos quanto as fêmeas. A displasia coxofemoral é determinada pela genética, mas também pela nutrição e exercício.
Cães que são alimentados com muita comida podem desenvolver displasia coxofemoral, de acordo com Thrall (2014). Esta é uma das maiores influências não genéticas no desenvolvimento da doença.
Para prevenir a displasia coxofemoral, os proprietários precisam estar cientes dos problemas que ela pode causar e controlar a doença. O diagnóstico precoce da (DCF) é possível com exames radiográficos, além do controle da doença.
O diagnóstico de displasia coxofemoral precisa ser monitorado em todas as áreas do ambiente do animal, para conhecer sua frequência. As causas mais comuns podem então ser diagnosticadas e as medidas de prevenção da doença podem ser implementadas com a conscientização dos proprietários, podendo prevenir a displasia coxofemoral em seu animal de estimação.
O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura sobre a displasia coxofemoral e, a partir da análise de relato de casos, abordar sobre as formas de prevenção.
1. DISPLASIA COXOFEMORAL
A articulação do quadril é formada pela cabeça do fêmur, em combinação com o acetábulo (LIEBICH et al., 2011). Essa articulação possui estruturas de suporte adicionais, incluindo a cápsula articular, membrana sinovial, ligamento da cabeça femoral, ligamento acetabular transverso e o lábio acetabular.
A cabeça femoral é quase uma semiesfera perfeita, com apenas uma pequena saliência no centro. (SISSON, 1986).
A cápsula articular mantém a cabeça femoral em seu encaixe, evitando o movimento para frente ou para trás é chamado de hiper flexão e hiperextensão. Esses movimentos podem causar lesões na coluna (DYCE, 2010).
O ligamento está conectado da fóvea da cabeça do fêmur, através da articulação do quadril, até a fossa do acetábulo. Principalmente intracapsular, e coberto por membrana sinovial, assim, se a articulação foi lesada anteriormente ou tem tecido anormal, os ligamentos podem aumentar.
Essa articulação permite todos os movimentos que uma articulação esferográfica pode fazer, como rotação, circundarão, flexão, extensão, adução e abdução. Cães e gatos têm a capacidade de se mover na maior amplitude de movimento: flexão e extensão. Eles têm mais movimento do que outros animais domésticos. (LIEBICH et al., 2011).
A DCF é definida como uma deficiência entre os ossos da articulação do quadril: a cabeça femoral e o acetábulo (FARROW, 2005). Manifesta-se por graus variados de frouxidão, instabilidade, deformidade da cabeça femoral e acetabular e osteoartropatia nos tecidos moles circundantes (BRINKER; PIERMATTEI; FLO, 1999).
Embora todas as raças estejam em risco, afeta mais comumente cães de raças grandes, gigantes e de crescimento rápido. Essa condição é a causa mais importante de osteoartrite coxofemoral do cão (BRINKER; PIERMATTEI; FLO, 1999; ETTINGER; FELDMAN, 2014).
Uma vez que 5% a 10% dos cães sofrem de displasia, quando examinados normalmente se tem apenas uma articulação afetada conhecida como displasia coxofemoral unilateral (FARROW, 2005).
Há duas razões pelas quais a DCF se desenvolve. A primeira é uma causa interna, na qual a articulação do quadril altera o desenvolvimento. Acredita-se que isso ocorra como resultado do desenvolvimento da articulação. O segundo motivo é uma causa externa, na qual as alterações articulares ocorrem por fraqueza muscular ou anormalidades durante o desenvolvimento.
O crescimento esquelético e o desenvolvimento muscular acontecem em taxas diferentes, causando displasia articular. Os músculos que se desenvolvem muito lentamente fazem com que as articulações não se desenvolvam adequadamente.
Ettinger e Feldman (2014), discorre que qualquer que seja a causa, uma articulação instável acaba sendo suscetível a degenerar.
1.1 Etiologia
Cães, gatos, cavalos e até humanos podem ter a displasia coxofemoral, sendo está uma condição ortopédica que afeta o quadril. Lussier et al; Martinez e Tôrres et al. 1994,1997,2005, discorrem que a osteoartrite do quadril é uma das principais causas em cães, podendo ser unilateral, e geralmente é observada em cães de médio a grande porte (LEVINE et al. 2008).
Segundo Thrall (2014), as estimativas de herdabilidade variam de 0,2 a 0,6.
Estimativa de herdabilidade para displasia do quadril com base em estudos radiográficos de herdabilidade para displasia do quadril canino variam de 0,1 a 0,68 (TODHUNTER & LUST, 2007).
O peso do animal, o ambiente em que vive e muito exercício podem afetar quando os sinais clínicos começam a aparecer e a gravidade da doença. Na doença avançada, a cartilagem da articulação se desgasta e se rompe tanto na cabeça do fêmur quanto do acetábulo. A cápsula articular é esticada e espessada, e áreas de metaplasia óssea e cartilaginosa podem se romper na medida que se desenvolve.
1.2 Patogenia
A massa muscular articular e o desenvolvimento ósseo acontecem muito rapidamente nesta doença. A fisiopatologia desta doença é a diferença entre a massa muscular articular e o osso em rápido desenvolvimento.
Se a articulação do quadril ficar frouxa ou instável, pode levar a alterações ósseas que fazem a articulação degenerar. O espessamento da cápsula articular, o crescimento ósseo do colo do fêmur e a subluxação ou luxação da cabeça do quadril podem ser causados por esclerose óssea acetabular, osteofitose e espessamento da cabeça femoral. (SILVA, 2006).
A DCF é diagnosticada quando o fêmur e a articulação do quadril não amadurecem adequadamente, juntamente com o desenvolvimento muscular que não atinge a maturidade. A articulação torna-se instável e seu desenvolvimento torna-se atípico. O desenvolvimento da separação do acetábulo e da cabeça femoral, e apresentando alterações anormais, é o que leva à DCF. As alterações ósseas displásicas resultam da falha do tecido conjuntivo em manter a coerência entre a superfície articular da cabeça femoral e o acetábulo (BRINKER; PIERMATTEI; FLO, 1999).
1.3 Diagnóstico
Para o diagnóstico, primeiro é realizado um exame físico, seguido de um exame radiográfico complementar para avaliar a distância quadril-femoral. Ao exame de imagem ou clínico-patológico observasse as seguintes alterações estruturais: soltura articular, cavidade acetabular superficial, subluxação, edema, abrasão do ligamento erosão da cartilagem articular, remodelação do rebordo acetabular, achatamento da cabeça femoral. (ETTINGER; FELDMAN, 2014).
A profundidade da cabeça femoral no acetábulo é o que se utiliza para avaliar as melhores e piores articulações do quadril. Farrow, 2005 explica que a cabeça femoral mais profunda é considerada de excelente conformação, enquanto a outra seria considerada boa ou próxima do normal.
A radiologia é feita na incidência ventrodorsal com os membros pélvicos estendidos, pernas paralelas, patela alinhada com o plano sagital do fêmur e pelve simétrica (figura 1 e 2), esta localização radiográfica pode revelar anomalias não vistas em outras projeções. (MELO et al., 2013).
FIGURA 1: PROJEÇÃO VENTRODORSAL PARA RADIOGRAFIA DA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL PARA DIAGNÓSTICO DE DCF (TÔRRES ET AL., 2003)
FIGURA 2: DISPLASIA COXOFEMORAL – NÍVEIS.
Em animais jovens, o controle da displasia coxofemoral é favorecido, pois permite o uso de melhores opções de tratamento antes que a articulação degenere. (ANDRADE, 2006).
1.4 Sinais Clínicos
A idade e a raça de um animal afetam quais achados clínicos são vistos na displasia de quadril. Embora todas as raças de cães possam desenvolver displasia coxofemoral, raças maiores são mais propensas a apresentar sinais clínicos da doença. Muitos cães dessas raças podem apresentar sinais radiográficos e não apresentar nenhum sintoma. (DENNY, 2006; PIERMATTEI, 2009).
Os sintomas clínicos agudos da displasia são: expansão das estruturas ligamentares da articulação do quadril devido ao deslocamento articular, resultando em marcha anormal sem claudicação ou rigidez. Porém, dentre os sinais crônicos, também foram observados dificuldade para levantar-se e se deitar, vocalizações com claudicação com dor e perda de equilíbrio nas extremidades pélvicas. (ROCHA, 2012; ETTINGER; FELDMAN, 2014).
2. TRATAMENTO
2.1 Cirúrgico
Em cães, a articulação do quadril é completamente substituída por uma prótese e o osso ao redor do colo do fêmur é removido. Esses são os principais conceitos nas rotinas ortopédicas para cães hoje. Quando a articulação do quadril se deteriorou a ponto de não ser possível manter o membro saudável e o animal confortável, a articulação é substituída por um copo de plástico e uma peça de metal. Isso é feito pela técnica cirúrgica chamada prótese total da articulação do quadril.
Existem dois tipos desta técnica cirúrgica: cimentada e não cimentada. Os não cimentados permitem que o cirurgião ajuste a prótese individualmente, enquanto os modelos cimentados conectam o osso em uma posição fixa. Na medicina veterinária, os implantes cimentados são os mais comuns, encaixados por invaginação ou unidos por parafusos de corte único. Implantes não cimentados também são usados, pressionados por suturas.
2.2 Fisioterapia
Desde 1995, o uso da reabilitação na medicina veterinária vem aumentando. Isso se deve às forças do mercado e aos donos que querem que seus animais de estimação tenham uma boa qualidade de vida. As estruturas animais não podem funcionar adequadamente quando há um distúrbio que precisa de tratamento. A fisioterapia trata a manutenção de distúrbios, bem como a prevenção de novos.
A qualidade de vida pode ser melhorada por meio de programas de pacientes que envolvem terapia manual, técnicas de reparo e exercícios que fortalecem o corpo. Tudo isso é abordado em detalhes no tratamento quiroprática. A fisioterapia em cães ajuda a controlar condições crônicas ou progressivas e ajuda a fortalecer grupos musculares específicos. Sua finalidade também é monitorar programas de ganho de peso e auxiliar no tratamento pós-cirúrgico. A fisioterapia em cães ajuda a prevenir ou diminuir os sinais clínicos e o desuso articular, que podem levar a lesões.
FIGURA 3: FISIOTERAPIA PARA DISPLASIA
FIGURA 4: FISIOTERAPIA PARA DISPLASIA
Assim, os veterinários usam muitas intervenções no tratamento de reabilitação, como alongamentos, massagens na área, permitindo que a articulação se mova livremente e movimentando a articulação ativamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A displasia coxofemoral é um distúrbio que afeta cães grandes e de crescimento rápido e gatos com menos frequência. É uma doença hereditária, e deve-se ter cuidado com a reprodução dos animais, bem como com o ambiente em que vivem e com o que estão sendo alimentados.
Sendo assim a displasia é diagnosticada através de um exame ortopédico minucioso, e verificando a anamnese. Tem que ser comprovado por exame radiográfico, pois nem sempre os sintomas coincidem com as alterações radiográficas. Obter um diagnóstico preciso depende tanto da qualidade da radiografia quanto do posicionamento correto do paciente.
Como há tão poucos estudos nessa área, muitos protocolos de tratamento são baseados em estudos em humanos e depois alterados para funcionar em animais. À medida que a qualidade de vida e o bem-estar animal na reabilitação veterinária aumentam, também aumenta o próprio campo.
Quando um cão apresenta displasia, o veterinário deve informar os donos sobre os problemas que ela pode causar e sugerir qual deve ser o estado reprodutivo do cão. Eles também precisam recomendar o destino que o animal deve ter, como esterilização ou castração, ou até mesmo eutanásia do animal. O papel do veterinário é ajudar o proprietário a entender o quanto é importante que o diagnóstico seja feito o mais cedo possível.
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