DIREÇÃO ESCOLAR: ASPECTOS DE UMA ADMINISTRAÇÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA¹

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202507180718


Lima, Eli Farias2


RESUMO 

A presente investigação aborda a questão da gestão escolar e explora conceitos associados à  autonomia, competência e liderança na educação. A partir da proposta de estilo de gestão que se situa  hoje, procura-se identificar os estilos de liderança adequados para os espaços educacionais que  desejam implementar a liderança democrática. Sua finalidade é reconhecer as competências  individuais necessárias à atuação da diretora escolar. A partir desta visão buscou apresentar através  de uma revisão de literatura os conceitos de uma visão mais democrática que um diretor escolar deve  implementar em seu ambiente de trabalho, buscando através da implementação de ideias que  contemplem toda comunidade escolar resultados que proporcione não apenas um ambiente agradável  de trabalhar, mais também desenvolver uma educação de qualidade. Este estudo teve uma abordagem  qualitativa baseada nas ideias de Marcone e Lakatos 2021. Os resultados do estudo permitiram  deduzir que os processos de gestão escolar contornaram a questão administrativa e colocaram a escola  num local simultaneamente educativo e recreativo, tornando-se a instituição num local de  aprendizagem significativa e de atividade comunitária, esta última facilitada pela democratização das  relações institucionais e pela participação ativa da comunidade no seio escolar, apesar de ainda  existirem obstáculos a serem superados, acredita-se que os primeiros passos já foram dados para  alcançar uma liderança democrática e participativa e colaborativa que facilitará a transmissão do  conhecimento.  

Palavras chave: Escola, Direção escolar, Gestão democrática 

ABSTRACT 

This research addresses the issue of school management and explores concepts associated with  autonomy, competence, and leadership in education. Based on the management style proposal that is  currently in place, it seeks to identify the appropriate leadership styles for educational spaces that wish  to implement democratic leadership. Its purpose is to recognize the individual competencies necessary  for the performance of the school principal. Based on this vision, it sought to present, through a literature  review, the concepts of a more democratic vision that a school principal should implement in his/her  work environment, seeking, through the implementation of ideas that contemplate the entire school  community, results that provide not only a pleasant work environment, but also develop quality  education. This study had a qualitative approach based on the ideas of Marcone and Lakatos 2021. The  results of the study allowed us to deduce that school management processes have circumvented the  administrative issue and placed the school in a place that is simultaneously educational and recreational,  making the institution a place of significant learning and community activity, the latter facilitated by the  democratization of institutional relations and the active participation of the community within the school.  Although there are still obstacles to be overcome, it is believed that the first steps have already been  taken to achieve democratic, participatory and collaborative leadership that will facilitate the  transmission of knowledge. 

Keywords: School, School management, Democratic management 

INTRODUÇÃO 

A direção escolar consiste no sistema de organização interna da escola, que  inclui todos os setores relacionados às práticas escolares. Dessa forma, a gestão  escolar visa garantir o desenvolvimento socioeducativo efetivo na instituição de ensino. Sabe-se que o responsável pela operação na organização da gestão escolar  é o gestor escolar, popularmente conhecido como diretor. Este profissional tem a  missão de desenvolver propostas pedagógicas para que a escola funcione com base  na democracia e na participação da comunidade, garantindo assim a manutenção da  qualidade da educação. A problemática que motivou este estudo surgiu quando se  observou que a gestão escolar enfrentava sérios desafios na gestão de pessoas  dentro de suas competências. 

O sistema de gestão escolar deve valorizar o trabalho dos docentes responsáveis por formar cidadãos críticos da realidade, com opinião e integridade.  devem também contribuir para o desenvolvimento de competências e habilidades,  inatas ou adquiridas ao longo do tempo, nos jovens. Partindo dessa premissa, pode se imaginar a grande responsabilidade que se atribuem às tarefas relacionadas à  gestão escolar em uma escola pública da rede estadual de ensino, pois a  compreensão de liderança nas organizações escolares sempre esteve atrelada a  conceitos de administração e gestão escolar, assim como sempre foi fruto da  influência de teorias que nortearam ações e práticas em outras organizações  presentes na sociedade. 

O objetivo principal deste estudo foi analisar através de uma revisão de  literatura as competências individuais necessárias para o desempenho das funções  de um diretor escolar, traçando o perfil deste profissional, responsável por coordenar  as atividades administrativas, pedagógicas, sociais e políticas da escola estudada.  Nesse contexto, o trabalho aqui apresentado se justifica diante dessa realidade  educacional que visa à gestão escolar, levando a escola a proporcionar aos alunos a  oportunidade de construírem seus conhecimentos por meio da participação ativa,  demonstrando, assim, se a escola em questão segue esse novo modelo de gestão  escolar. 

ASPECTOS DE UMA DIREÇÃO ESCOLAR E ADMINISTRAÇÃO PARTICIPATIVA

O termo Direção escolar está relacionado à administração, ou seja, à gestão  de uma organização, direcionando-a para o alcance de objetivos. “Gestão é um trabalho no qual as pessoas se esforçam para atingir seus próprios objetivos ou os  objetivos de terceiros, a fim de atingir os objetivos estabelecidos.” (MAXIMIANO,  2007) Esses objetivos incluem decisões que formam a base do ato de administrar e  são as mais necessárias. Portanto, a administração escolar foi, sem dúvida, em  grande parte moldada pela administração geral, ou seja, tinha uma forte relação com  o sistema de produção capitalista. 

Num sentido restrito, nessa visão, o administrador estaria limitado a comandar  e controlar, num aspecto prático de quem opera sobre a unidade escolar e nela  interfere de modo distanciado dos desejos e sentimentos alheios, objetivando a  manutenção de sua própria autoridade centrada em sua figura de diretor. Porém, a  partir da década de 60, com o advento das Pedagogias Críticas, houve severos  questionamentos a esse modelo de organização. Russo (2004, p. 37), baseado em  Paro, discorre sobre o assunto:

A irracionalidade observada na escola decorre dos conflitos e contradições  entre os pressupostos da administração capitalista e a natureza do processo de produção pedagógica. Este último é restritivo à aplicação integral dos pressupostos da administração empresarial na escola, segundo Paro (op. cit). Não se trata, como esclarece o autor, de não reconhecer a importância que a administração empresarial teve para o desenvolvimento do capitalismo, e sim de reconhecer que sua aplicação na escola é produtora de dificuldades ao desenvolvimento do processo educativo em razão de seu caráter de prática social fundada na exploração do trabalho e no uso da manipulação ideológica para ganhar a adesão dos trabalhadores aos interesses das empresas. A educação, como prática humana de formação de sujeitos históricos, exige formas de organização do trabalho que priorizem as relações solidárias e cooperativas, fundadas nos princípios do diálogo e da persuasão, isto é, de relações entre iguais. Entretanto, é inegável que este modelo de regime acaba por ser efetivo, não do enfoque da participação coletiva, mas da organização, disciplina e cumprimento de metas.

A administração de uma empresa, seja ela educativa ou não, contempla etapas  de planejamento e processos de gestão, execução e controle de toda atividade e  materiais, pois os gestores sempre buscam alcançar os melhores resultados, a  eficiência e eficácia dos negócios, garantindo o sucesso e a continuidade da  organização. A utilização de um sistema de controle interno facilita a execução dessas  etapas, sua implantação deve ser em conformidade com os resultados pretendidos a  partir dos objetivos, metas, planos, políticas, organogramas e atividades planejadas. 

Assim, é necessário saber lidar com pessoas, pensar no crescimento dos  negócios, estar à frente dos concorrentes, ter alunos e professores satisfeitos e gerar  resultados positivos no fim do mês. O gestor escolar deve ter uma rotina de trabalho  equilibrada para que consiga resultados bons e consistentes. Para isso, a gestão escolar deve passar por um processo interno de profissionalização para que seja  eficiente e garanta resultados positivos ao longo do tempo. De acordo com  Nascimento, Reginato (2007), as Etapas do Processo de Gestão que uma instituição  deve obedecer para que a mesma tenha eficácia são evidenciadas na figura 1 a  seguir.

QUADRO 01: ETAPAS DO PROCESSO DE GESTÃO

Fonte: Nascimento; Reginato, 2007, p.44. 

O planejamento: Planejar é um processo de construção desenvolvido numa  perspectiva democrática e participativa, que contribui para a organização e gestão  escolar. Libâneo (2004, p. 150), considera que o planejamento atende, em geral, às  seguintes funções:  

• Diagnóstico e análise da realidade da escola: busca de informações  reais e atualizadas, que permitam identificar as dificuldades existentes e as causas  que as originam em relação aos resultados obtidos até então.  

• Definição de objetivos e metas que compatibilize a política e as  diretrizes do sistema escolar com as intenções, expectativas e decisões da equipe da  escola.  

• Determinação de atividades e tarefas a serem desenvolvidas em função  de prioridades postas pelas condições concretas e compatibilização com os recursos  disponíveis (elementos humanos, recursos materiais e financeiros).  

É essencial que se tenha clareza de que os grandes sistemas de avaliação  contribuem para um diagnóstico amplo do sistema e da escola, possibilitando aos  professores a utilização dos resultados apresentados. A Liderança: Liderar é um dos  pontos críticos do processo de planejamento e de sua implantação, É a necessidade  da administração superior liderar o processo na instituição. A ausência de liderança  no processo ou a ausência do dirigente máximo como responsável maior, enfraquece  a imagem e a credibilidade política do próprio planejamento e da sua potencialidade  para resolver os desafios atuais e futuros da instituição.  

A Organização: a ação organizacional é o resultado da gestão, e pode ser  concebida como o processo de planejamento, organização, estrutura e avaliação.  Portanto, a gestão de uma entidade reflete diretamente nas ações que são tomadas subdivididas em normas decorrentes dos princípios que devem compor o modelo de  gestão.

Avaliação: é uma ferramenta para conhecer e medir a performance dos  indivíduos em uma organização, por meio do confronto entre o que se espera do  profissional e o que foi alcançado por ele. Essa avaliação é um dos recursos mais  valiosos para a gestão de pessoas, já que permite diagnosticar e analisar o  comportamento do indivíduo pelo tempo que for necessário. Portanto, a avaliação  influência de uma forma ou outra na ação educativa, não podendo assim ser vista de  maneira isolada. Ela é uma prática onde o professor utilizará vários métodos e meios  visando diagnosticar o processo de ensino e aprendizagem do seu aluno. 

A AUTONOMIA DA DIREÇÃO ESCOLAR 

A origem da palavra autonomia é grega: autos – si mesmo – e nomos – lei.  Autonomia significa autoconstrução, autogoverno, autogestão. Em relação ao termo  autogestão, Gadotti (2003), afirma que ela é apenas participação. “Participar é  adentrar uma atividade que já existe. A autogestão visa à transformação e não a  participação. Sendo assim, é mais que participar é colocar para transformar”. “Não é  participar de um poder, mas de ter um poder”. (MOTTA apud GADOTTI, 2003, p. 17). 

Por esse motivo, que a autonomia da gestão escolar possibilita que os  diferentes sujeitos que compõem a escola possam relativamente trabalhar a partir de  seus anseios e das demandas da comunidade na qual a instituição está inserida.  Neste contexto, vivenciar a autonomia entre gestores, coordenadores e professores  favorece uma organização pedagógica, administrativa e financeira na qual contribua  com os ideais propostos no planejamento escolar idealizado por todos os membros  da unidade educativa. 

[…] a descentralização só existe no momento em que as decisões locais possuem uma certa autonomia e emanam de uma coletividade e não do Estado. O ponto central a ser considerado no processo de descentralização é que este pode estimular e abrir oportunidades para a participação social, mediante o deslocamento dos centros decisórios – a descentralização é um meio para favorecer a participação. Por outro lado, a descentralização só se torna possível pela participação. (ABRANCHES, 2003, p.18).

Corroborando com as ideias de ABRANCHES, 2003, LIBANEO, 2004 relata  que: 

O conceito de participação se fundamenta no de autonomia, que significa a capacidade das pessoas e dos grupos de livre determinação de si próprios, isto é, de conduzirem sua própria vida. Como a autonomia opõe-se às formas autoritárias de tomada de decisão, sua realização concreta nas instituições é a participação. (LIBANEO, 2004, p.102).

Com isso, entende-se que a construção da democracia na escola é o resultado  e um processo mediado pelo diálogo e marcada pelo compartilhamento de  responsabilidades provoca rupturas com uma concepção autoritária e burocrática do  sistema de ensino.  

Assim sendo, 

A autonomia no contexto escolar ocorre na medida em que há capacidade da  instituição assumir responsabilidades, tornando-se, mais competentes no seu fazer pedagógico, isto é, quando se revela capaz “[…] de responder por suas  ações, de prestar contas de seus atos, de realizar seus compromissos e de estar comprometida com eles, de modo a enfrentar reveses e dificuldades.” (LÜCK, 2000, p. 11.)

De certa forma, entende-se que a autonomia dentro do processo escolar  consiste em um relevante tratado para a liberdade de percepções e de relações que  envolvam todo um compromisso com o desenvolvimento flexível e participativo no  relance da educação diferenciada. 

Muito embora as concepções de descentralização, democratização da gestão escolar e autonomia da escola sejam parte de um mesmo corolário, encontramos certos sistemas que buscam o desenvolvimento da democratização da gestão escolar, sem pensar na autonomia do  estabelecimento de ensino e sem descentralizar poder para a mesma. Ou que pensam em construir sua autonomia, sem agir no sentido de criar mecanismos sólidos de sua democratização, em vista do que, paradoxalmente, se pode criar a autonomia do autoritarismo local. Por outro lado, ainda, observa-se o esforço de alguns sistemas de ensino, no sentido de desenvolver nas escolas os conceitos de democratização e autonomia, de modo centralizado, o que implica uma contradição paradigmática muito comum, que faz com que os esforços se anulem. Isso porque é comum a prática de se incentivar a promoção de mudanças de cima para baixo, na hierarquia funcional, de modo que a mudança pretendida é proposta para a escola, não sendo absorvida e praticada por quem a propõe. Em vista disso,  sendo implantada linearmente e contrariamente ao seu espírito e propósitos estabelecidos (LÜCK, 2000). 

As reflexões sobre a relevância da participação da sociedade civil na gestão da  escola constituem-se em algo que está intrínseco à história da educação brasileira.  Desde a década de 30, já se idealizava que a descentralização do processo de tomada  de decisão daria às escolas públicas uma relativa autonomia, e as discussões sobre  o processo de escolha do gestor escolar, têm sido consideradas como uma das ações  que possibilitam a implementação da gestão democrática da educação.  

Na Lei de Diretrizes e Bases – LDB nº 9.394/96, especificamente no artigo 15,  concedeu à escola progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e de  gestão financeira. O que isso significa? Com essa autonomia o gestor escolar é capaz de resolver seus próprios problemas de forma responsável e eficaz em sua  competência para decidir nas áreas: pedagógica, política de pessoal, administrativa  organizacional e financeira.  

Para Azanha (2006):

A questão da autonomia escolar e de seu desdobramento num projeto pedagógico é, como problema, típico da escola pública que (…) está sempre sujeita a interferências de órgãos externos. (…) Essa situação não é, em si mesma, negativa, mas frequentemente acaba sendo, porque órgãos centrais, com maior ou menor amplitude, tendem a desconhecer a peculiaridade de distintas situações escolares e decidem e orientam como se todas as unidades fossem idênticas ou muito semelhantes. A consequência mais óbvia e indesejável de tentativas de homogeneização daquilo que é substantivamente heterogêneo é o fato de que as escolas ficam ou sente-se desoneradas da responsabilidade pelo êxito de seu próprio trabalho, já que ele é continuamente objeto de interferências externas, pois ainda que essas interferências sejam bem intencionadas não levam em conta que a instituição “escola pública” é uma diversidade e não uma unidade.

Segundo a LDB nº 9.394/96,

Ter autonomia significa construir um espaço de liberdade e de responsabilidade para elaborar seu próprio plano de trabalho, definindo seus rumos e planejando suas atividades de modo a responder às demandas da sociedade, ou seja, atendendo ao que a sociedade espera dela. A autonomia permite à escola a construção de sua identidade e à equipe escolar uma atuação que a torna sujeito histórico de sua própria prática.

A necessidade de “dar mais poder” às escolas é, nesse sentido, uma  decorrência do processo de descentralização e municipalização que, por sua vez, se  tornou necessário em virtude da rápida (e tardia) expansão do ensino básico no Brasil. 

A respeito da autonomia da escola, Ferreira (2003) explica que “A escola deve  alicerçar o conceito de autonomia, enfatizando a responsabilidade de todos, sem  deixar de lado os outros níveis da esfera administrativa educacional. A autonomia,  desta forma, é peça fundamental para a criação da identidade da escola”. 

Mesmo que a escola trabalhe numa perspectiva colegiada, todos os processos  desenvolvidos devem estar pautados na visibilidade apresentada pelos órgãos  superiores. Para a autonomia da escola pública, é necessária a participação  significativa dos diversos segmentos, a autonomia financeira e a concretização de sua  proposta pedagógica, isso porque é pertinente que a instituição escolar  construa/vivencie práticas participativas e autônomas nos processos de decisão,  organização e administração.  

Para isso, a autonomia segundo o MEC (2006) é baseada em quatro  dimensões: 

Administrativa: possibilita tomada de decisões através da elaboração de planos,  programas e projetos elaborados por pessoas que conhecem a realidade da escola,  ou seja, o Conselho Escolar, contribuindo para que a comunidade escolar participe,  de forma democrática, nas tomadas de decisões.  

Financeira: a escola pode adequar os recursos financeiros para a efetivação dos seus  planos e projetos, todavia, quando essa autonomia pode ser total ou parcial. Quando  ela é total a escola assume a responsabilidade de administrar todos os recursos a ela  repassados pelo poder público, já quando é parcial ela só pode administrar parte dos  recursos destinados, cabendo ao órgão central do sistema educativo se  responsabilizar pela gestão de pessoal e o restante das despesas que é o caso das  escolas públicas estaduais do Amazonas.  

Jurídica: a instituição de ensino pode elaborar suas normas escolares baseadas na  legislação educacional, como por exemplo, a transferência de alunos e admissão de  professores. Essa autonomia possibilita que as normas de funcionamento façam parte  de um regime elaborado pelos segmentos envolvidos na escola, e não de um  regimento que pertence a todas as instituições escolares.  

Pedagógica: define sobre o desenvolvimento e a avaliação do PPP, tendo como  condição necessária o ensino e a pesquisa. É nessa dimensão que encontramos a  identidade e função social da escola. Através dela a escola define as atividades  pedagógico-curriculares. (MEC, 2006). 

Conquanto, quando a autonomia é vista como uma forma de inserir a  comunidade no processo decisório da escola, a gestão democrática passa a ser uma  prática presente na escola que procura deixar de lado as práticas autoritárias que  estão em vigor na sociedade, assumindo uma postura de participação e emancipação. 

A autonomia da escola tem que se mostrar como uma forma eficaz de melhorar a  qualidade e promover um ensino de qualidade. Ela tem que ser vantajosa em relação  a seus custos e benefícios políticos, negociando permanentemente os seus  interesses. Segundo Azanha (2006).

A luta pela autonomia da escola insere-se numa luta maior pela autonomia no seio da própria sociedade. (…) A eficácia desta luta depende muito da ousadia de cada escola em experimentar o novo e não apenas pensá-lo. Mas, para isso, é preciso percorrer um longo caminho de construção da confiança na escola, na capacidade de ela resolver seus problemas por ela mesma e de autogovernar-se.  

Assim, a escola vive um momento de busca progressiva da autonomia, no  entanto, essa autonomia se refere a alguns aspectos, como por exemplo, a liberdade que a comunidade escolar tem em elaborar seu Projeto Político Pedagógico (PPP).  Essa autonomia não pode ser encarada como um decreto, mas como uma medida  descentralizadora que implica um poder partilhado e uma colaboração nas tomadas  de decisões na escola, sendo, portanto, uma responsabilidade individual e coletiva. O  objetivo da autonomia é a busca pela qualidade com equidade e o fortalecimento da  escola através de práticas antiautoritárias e centralizadas.  

DIREÇÃO ESCOLAR POR COMPETÊNCIA 

No contexto educacional existem competências relacionadas à gestão, que  precisam ser exercidas pelo gestor escolar. As competências, de modo geral, se  concretizam através de ações e habilidades aplicadas perante a complexidade de  situações e baseadas em conhecimentos prévios. 

O conceito de competência não estaria associado à ação, mas ao desenvolvimento dos conhecimentos dentro de uma ação, onde o profissional  gera o saber agir; saber mobilizar; saber transferir; saber aprender; saber se comunicar; saber se engajar; ter visão estratégica; assumir responsabilidades. (FLEURY e FLEURY 2004, p. 30 apud OLIVEIRA 2006, p. 20).

Para Lück (2007, p. 12):

A competência para o exercício de uma função ou profissão pode ser vista  sob duas óticas: a da função/profissão em si e a da pessoa a exercê-la. Em  relação à função/profissão, competência é o conjunto sistêmico de padrões mínimos necessários para o bom desempenho das responsabilidades que caracterizam determinado tipo de atividade profissional. Em relação à pessoa, constitui na capacidade de executar uma ação específica ou dar conta de uma responsabilidade específica em um nível de execução  suficiente para alcançar os efeitos pretendidos. A competência envolve conhecimentos, habilidades e atitudes referentes ao objeto de ação, sem a qual a mesma é exercida pela prática do ensaio e erro. A definição de competências tem por objetivo estabelecer os parâmetros necessários, tanto  para orientar o exercício do trabalho em questão, como para orientar os estudos e preparação para esse exercício. Também se constitui em um sistema de avaliação de efetividade do trabalho realizado. Em última instância, com a sua definição e aplicação, é possível promover o desenvolvimento organizacional e seus melhores resultados.

É imprescindível que o gestor saiba agir de maneira consciente, transformando  sua experiência, conhecimento e habilidades em ações que resultem, de maneira  prática, em soluções positivas, que garantam a organização escolar e,  consequentemente, a qualidade do ensino. Através dessa transformação de  conhecimentos em ações práticas, confirma-se que o indivíduo é competente.  

Quanto a isso, Lück (2007, p. 13) afirma que:

Todo e qualquer profissional desempenha um conjunto de funções, associadas entre si, para cujo desempenho são necessários conhecimentos, habilidades e atitudes específicos e articulados entre si. A definição de padrões de desempenho focados nas competências constitui em condição fundamental para que os sistemas de ensino possam selecionar os profissionais com as melhores condições para o seu desempenho, tal como é sua responsabilidade, assim como orientar o contínuo desenvolvimento do exercício dessas competências e realizar a sua avaliação para orientar o seu aprimoramento. Compete ao diretor escolar, também, ou o pretendente ao exercício dessas funções, para poder realizar um trabalho efetivo em sua escola, adotar uma orientação voltada para o desempenho das competências desse trabalho. O primeiro passo, portanto, diz respeito a ter uma visão abrangente do seu trabalho e do conjunto das competências necessárias para o seu desempenho. Em seguida, deve estabelecer um programa para o desenvolvimento das competências necessárias para fazer frente aos seus desafios em cada uma das dimensões. No caso de já estar atuando, cabe lhe definir uma lista específica de competências para poder avaliar diariamente o seu desempenho, como uma estratégia de automonitoramento e avaliação.

Entende-se assim, que o gestor escolar é a figura central de uma instituição de  ensino. Com responsabilidades que vão desde a gestão de contas até a gestão dos  relacionamentos, ele precisa ser polivalente para conseguir desempenhar com  maestria todas as responsabilidades que são inerentes ao seu cargo. Além disso, ele  também precisa ser capaz de enxergar as possibilidades e inovar. Magalhães e  Wysocki (2010) indicam algumas competências associadas à liderança competente.  Segundo esses autores, a habilidade técnica e o conhecimento de como administrar  são muito eficazes, no entanto, a capacidade de trabalhar com o outro é ainda a mais  eficiente. Para essa habilidade é necessário desenvolver quatro atributos:

Autoconsciência – possibilita ao líder mudar comportamentos que servem de  obstáculo à eficácia, reforça as melhores condutas e planeja o desenvolvimento pessoal a ser cumprido no decorrer de um período. O hábito de solicitar feedback – Permite identificar os pontos fortes e fracos dos quais talvez não estejam conscientes. Sede de aprender – Aprender como  aprender, de maneira efetiva, essas experiências e ajustar o próprio comportamento de acordo com elas. Integração da vida profissional e pessoal  – Todo líder necessita se reabastecer pessoal e espiritualmente. Esses  alinhamentos da vida pessoal com a vida no trabalho também geram sentimentos de autenticidade e confiança que as pessoas esperam encontrar em seus líderes (MAGALHÃES e WYSOCKI 2010, p. 34-35. Grifo do autor)

Para Sveiby (1998) a competência individual pode ser resumida por meio dos  seguintes elementos dependentes entre si:  

• Conhecimento explícito: adquirido pela informação.  

• Habilidade: adquirida pelo treinamento e prática, compreendendo  conhecimento de regras de procedimento.  

• Experiência: adquirida pela reflexão sobre erros e acertos do passado.  • Julgamento de valor: refere-se às percepções individuais sobre o que é certo ou errado.  

Rede social: refere-se às relações mantidas através de contato com outras  pessoas. No contexto de escolas públicas, Fortunati (2007) destaca que as tarefas  assumidas pelos diretores das escolas públicas, atualmente, são mais complexas, em  comparação aos períodos anteriores, visto que foram incorporadas ao cargo de gestor  um conjunto de responsabilidades, como:  

I) Liderança: a liderança adequada deve integrar habilidades e  competências que auxiliem a direção e a coerência do projeto pedagógico,  salientando que a liderança é conquistada com trabalho, diálogo e divisão de  responsabilidades.  

II) Gestão curricular: o diretor escolar, em conjunto com sua equipe, deve  promover, orientar, planejar, avaliar e coordenar todas as ações de elaboração do  projeto pedagógico, que contemplem a definição dos processos curriculares e  assegurem a qualidade do ensino;  

III) Gestão de recursos: envolve a direção, a obtenção, a distribuição e a  articulação de recursos humanos, financeiros e materiais. A gestão de pessoas  consiste em desenvolver um trabalho em equipe que potencialize os recursos  humanos, por meio da construção de um ambiente adequado e motivador;  

IV) Gestão organizacional e convivência: o diretor escolar é o agente  determinante na construção de um clima organizacional que motive a equipe e  aumente o compromisso da comunidade escolar com a construção de um ensino de  qualidade.  

Assim, de acordo com Loc (2010), os gestores escolares do século 21 devem  desenvolver habilidades de planejamento, liderança institucional, avaliação,  organização e implementação de planos, finanças e estrutura física da escola,  comunicação, gestão da informação e saber trabalhar em equipe. E que o  desenvolvimento dessas habilidades pode ocorrer pela prática ou pela imitação. 

GESTÃO POR LIDERANÇA 

O fenômeno da liderança está presente desde o surgimento das formas mais  primitivas de assentamentos humanos. Segundo Bass (2008, p. 3), estudos  antropológicos realizados com populações primitivas demonstraram que líderes estão  presentes em praticamente todos os assentamentos humanos, independentemente dos aspectos culturais e da complexidade dos arranjos sociais e organizacionais.  Esses estudos também indicam que, mesmo na ausência de estruturas hierárquicas  formais, sempre há pessoas que tomam a iniciativa e desempenham um papel de  liderança nos processos de tomada de decisão de seus grupos sociais. 

De acordo com Bass, (2008):

A produção de conceitos e princípios escritos de liderança são uma constante  desde a emergência da civilização. Registros foram encontrados em hieróglifos do Egito antigo, bem como em trabalhos de autores greco romanos clássicos como Homero, Platão, Cícero Plutarco e Marco Aurélio. No mundo oriental, a relevância da liderança é enaltecida em obras de pensadores chineses como Confúcio, Lao-Tzu e Sun-Tzu. Em comum, esses trabalhos apresentavam as responsabilidades dos líderes e como eles deveriam se comportar. (BASS, 2008).

Portanto, a necessidade de um personagem que se destaque dos demais  elementos de cada grupo social e tenha a capacidade de liderá-lo voluntariamente na  busca de seus objetivos é fundamental para a sobrevivência. A despeito da alteração  dos entendimentos e percepções sobre liderança ao longo do tempo, é lugar comum  na literatura que as definições de liderança tendem a considerá-la como um processo  de influência que ocorre em grupos humanos envolvidos numa ação coletiva.  

Segundo Luck (2011): 

O indivíduo que exerce a liderança é visto como aquele que é seguido, mesmo não dispondo de qualquer autoridade estatutária. Esta liderança não é imposta por artifícios legais, porque ele consegue ser aceito e, principalmente respeitado, unindo e representando o grupo na realização dos anseios comuns e metas da escola. O líder não é o chefe institucional, ele é mais do que uma representação fixa e central no organograma da instituição. Ele descentraliza a sua liderança como ato de uma gestão democrática em que a tomada de decisão é disseminada e compartilhada por todos os  participantes da comunidade escolar. (LÜCK, 2011).

As escolas, assim como as empresas, são lugares onde se exige resultados. É  óbvio que, quando se trata de escolas, os resultados são a aprendizagem dos alunos.  Portanto, os gestores precisam atuar como líderes para direcionar as atividades da  escola para esse foco. Podemos observar que, em uma escola sem um estilo de  liderança, o movimento e o processo de trabalho são fracos e não há mobilização para  atingir os objetivos da escola, que são alcançar um bom nível de aprendizagem dos  alunos. 

O diretor escolar que trilha em uma liderança, deve conhecer os fundamentos  da Educação, deve compreender o comportamento humano e como um dirigente com  competências de liderança, não se desanimar nem paralisar diante dos desafios que  a escola enfrentará, desafios estes inerentes quando tratamos sobre a Educação. A liderança na gestão de uma instituição escolar é mais bem sucedida quando está  centrada no ensino e aprendizagem. De acordo com vários estudos, verificou-se que  as escolas com sucesso acima da média possuem líderes que influenciam a  aprendizagem, galvanizando esforços à volta de finalidades ambiciosas, e  estabelecem condições que apoiam os professores e contribuem para o sucesso dos  alunos. 

Aquele que procura exercer liderança no espaço escolar, pode tomar como  base os princípios e tudo o que se refere à prática da liderança no âmbito  administrativo. As características do líder apresentadas neste trabalho podem ser  tomadas pelo gestor, porém, tudo deve estar voltado para o crescimento da escola no  que se refere a aprendizagem dos alunos  

Neste sentido, Chiavenato (apud Lagar et al., 2013, p. 46) afirma que:

A liderança é exercida como uma influência pessoa em uma dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. Os elementos que caracterizam a liderança são, portanto, quatro: influência, em uma situação, pelo processo de comunicação e visando objetivos a alcançar. 

Da literatura, se depreende que o líder tende a ser uma pessoa capaz de se  ajustar ao nível de maturidade dos seus comandados, desenvolvendo competências  pertinentes à função, especializando-se com certa frequência. No conceito de Tucker  e Russel (2004), “um líder competente busca entender a teoria, aplicá-la e refletir  sobre os seus resultados, sendo capaz de construir uma estrutura dinâmica que lhe  permita avaliar suas ações futuras em um processo contínuo de melhoria”.  

Assim, o gestor escolar, como já visto, passou a ter uma gama de ações  inerentes ao seu dia a dia de trabalho, além das já tradicionais administrativas,  absorvendo também os aspectos pedagógicos. Em estudo realizado sobre os perfis  de liderança, Polon (2011, p.43), já sinalizado por Lück (2011) e Sammon (2008),  utiliza-se do conceito de escola eficaz, aquela que “o aprendizado dos seus alunos vai  além do aprendizado típico de escolas frequentadas por alunos de origem social  semelhante”, para introduzir que a liderança do gestor escolar é desejável e  importante nas condições de favorecimento da eficácia em educação.  

Essa teoria tem a ver com o comportamento do líder e com suas atitudes. Esse  grupo de atitudes e comportamentos cria o estilo próprio de cada líder. Esses estilos  podem ser divididos em três:  

I – Autocrático ou autoritário: é aquele cujo líder não permite a participação dos liderados nas tomadas de decisões. A sua relação com os seus  subordinados é verticalizada, baseada apenas na obediência. Todas as tarefas são  apontadas pelo líder: por quem, como e quando elas serão executadas. Liderança  autocrática é justamente aquela que dá importância apenas à figura do líder.  

II – Democrático: como o próprio conceito de democracia afirma, o líder  democrático é aquele que possibilita a participação dos liderados nos processos de  escolhas, sendo todas as diretrizes decididas em grupo, numa relação horizontal entre  o líder e os seus subordinados. Esse estilo de liderança é caracterizado pela empatia,  enquanto o anterior pela antipatia. Liderança participativa ou consultiva são outras  denominações dadas a esse estilo de liderar.  

III – Liberal ou laissez faire (do francês, deixar fazer): há nesse estilo de  liderança certa similaridade com o modelo democrático, porém no Liberal a  participação dos liderados é expandida ao máximo. Na verdade, na maioria das vezes  confunde-se a figura do líder com a dos liderados. Todas as decisões são tomadas  em grupo, com pouca ou nenhuma intervenção do líder. Esse estilo é marcado pela  fragilidade da liderança, pois por vezes permitem-se decisões que conduzem o grupo  ao erro, ao fracasso.  

Não existem apenas os três tipos de liderança explicitados anteriormente, há  também a coercitiva e a paternalista. “A coercitiva é caracterizada pela habilidade de  influenciar por meio da possibilidade de punição. Na paternalista o líder age motivado  pela simpatia ou empatia”. (Lagar et al., 2013, p. 47). As teorias situacionais são as  mais completas, pois abrangem as duas outras e as complementam. Além de  considerarem as concepções anteriores, elas ainda consideram “o ambiente e os  aspectos como situações, pessoas, tarefas, organizações e outras variáveis que  interferem no processo”. (Lagar et al., 2013, p. 47)  

Essas teorias defendem o uso de mais de um tipo de liderança para uma  mesma situação, isso se levado em consideração o líder, as pessoas, a situação etc.  Para Fiedler (apud Lagar et al., 2013, p. 47), os estilos mais eficazes de liderança são  os situacionais, pois cada situação exige um estilo diferente de liderança. Portanto, a  função de líder não é fácil e deverá ser assumida por pessoas capazes de respeitar  os ideais do coletivo e a impessoalidade. A liderança é uma ferramenta de  organização e condução dos trabalhos, com vistas ao bom desempenho de cada  indivíduo pertencente a um grupo e que convive num ambiente de paz e respeito. Por  esses motivos, a liderança está fortemente ligada à confiança.

DISCUSSÕES REFLEXIVAS 

A direção escolar desempenha um papel vital na criação de um bom ambiente  educacional que não apenas promova a aprendizagem, mas também promova a  participação ativa de todas as partes interessadas no processo educacional. Este  artigo tem como objetivo explorar a gestão democrática e participativa na gestão  escolar e analisar seu impacto na qualidade educacional e na construção da  comunidade escolar. 

A gestão escolar democrática se baseia em princípios que visam garantir a  inclusão e a equidade. Do ponto de vista teórico, estudiosos como Paulo Freire  enfatizam a importância da consciência crítica e do diálogo na construção do  conhecimento. Portanto, a gestão escolar deve atuar como promotora dessas  práticas, criando espaços onde alunos, pais e professores possam expressar suas  opiniões e participar da tomada de decisões. Essa abordagem não apenas  democratiza o ambiente escolar, como também valoriza a diversidade de vozes e  enriquece o processo educacional. 

Implementar práticas participativas significa reestruturar as relações  hierárquicas tradicionais nas escolas. Modelos como conselhos escolares e reuniões  de pais e professores são exemplos de mecanismos que incentivam a participação da  comunidade na gestão. Pesquisas mostram que, quando as partes interessadas se sentem ouvidas e valorizadas, o engajamento e a motivação dos alunos aumentam  significativamente. Portanto, a gestão escolar deve promover uma cultura colaborativa  em que cada membro da comunidade escolar se sinta responsável pelo sucesso  coletivo. 

Pesquisas mostram que escolas optam por desenvolver uma gestão democrática tendem a apresentar maiores índices de aprendizagem e satisfação dos  alunos, bem como de toda comunidade escolar uma vez que os membros da unidade  se veem nas ações que a escola desenvolve e desta forma estes passam a participar  de uma maneira mais efetiva e comprometida. A participação ativa não apenas  melhora o clima escolar, mas também promove o desenvolvimento de habilidades  socioemocionais essenciais para o século XXI. Portanto, ao incorporar diferentes  perspectivas ao processo educacional, as escolas podem criar um ambiente mais  inclusivo e estimulante, onde todos se sintam engajados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Apesar dos muitos benefícios da gestão democrática, alguns desafios  permanecem. A resistência à mudança por parte de alguns educadores e  administradores pode dificultar a implementação efetiva dessa abordagem. Além  disso, os líderes escolares precisam desenvolver habilidades específicas que lhes  permitam liderar processos participativos de forma eficaz. Treinamento contínuo e  apoio institucional são essenciais para superar essas barreiras e garantir que todos  os membros da comunidade escolar se sintam empoderados para participar  ativamente. 

Com base nessas reflexões, podemos afirmar que, ao pensar a gestão escolar,  estamos, necessariamente, erguendo uma ponte entre a gestão política, a  administrativa e a pedagógica. Ou seja, a gestão escolar não começa nem termina  nos estabelecimentos escolares, tanto que não se trata de unidades autossuficientes  para promover uma educação de qualidade com equidade.  

Portanto, o gestor escolar tem papel muito importante no centro das  organizações escolares, pois ele deve ser considerado como o mediador de todas as  ações efetuadas pelos componentes da escola. A instituição escolar não deve ser uma  instituição que age de forma isolada, mas estabelece relações com toda a sociedade.  Sendo o gestor o representante da instituição, ele necessita de conhecimentos  administrativos e pedagógicos. Recomendamos ainda que a formação e a  capacitação de gestores sejam voltadas para a construção de um tipo de liderança,  que na escola estudada mostrou-se mais adequado, pois ela tem a característica  empreendedora e com uma visão sistêmica da gestão escolar.  

Em outras palavras, para construir uma educação mais justa e equitativa, é  essencial operar as escolas a partir de uma perspectiva democrática e participativa.  Respeitar as contribuições de todos os membros da comunidade escolar não apenas  enriquece o ambiente educacional, mas também incentiva os alunos a desenvolver  habilidades de pensamento crítico e participação social ativa. As políticas  educacionais, portanto, precisam incentivar práticas participativas e transformar as  escolas em espaços verdadeiramente democráticos.

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1Artigo extraído, da dissertação de Mestrado apresentado a Facultad de Posgrado em Maestría en  Ciencias de la Educación en la Universidad de la Integración de las Américas – UNIDA, Localizada na  Cidad del Este – Paraguai, para obtenção do título de Mestre em Ciência da Educação no ano de 2022.

2Professor Graduado em Pedagogia, Mestre em Ciência da Educação pela Universidad De La  Integración De Las Américas – UNIDA/PY.