DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM EM LEITURA E LETRAMENTO: ENTENDENDO A DISLEXIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102501200161


SOUZA JUNIOR, I.


RESUMO

Este trabalho tem por objetivo compreender as dificuldades da aprendizagem que circundam a dislexia, para que dessa forma, possamos pensar em técnicas de construção de conhecimento apropriadas para estes alunos. Esse estudo foi na modalidade de revisão bibliográfica, onde busca-se elucidar a seguinte questão: De que forma a escola pode auxiliar na aprendizagem da criança disléxica? No referencial teórico foram abordados: a aprendizagem, a complexidade de aprender escrever e ler, conceituação sobre a dislexia, a família e a dislexia, a escola e a dislexia. O entendimento é que este assunto é importante, ao passo que a criança inserida na instituição escolar inicia uma longa experiência que vai modificar sua compreensão da vida e consequentemente, sua personalidade. Segundo Inácio, Oliveira e Mariano (2016) a uma dificuldade em alguns casos em lidar com a dislexia na instituição escola, em vista disso, busca-se avaliar os alcances e limites do ensino tradicional no processar do ensino-aprendizagem do alunado disléxico. Pretende-se encontrar maneiras de garantir a aprendizagem na escola, no intuito de atender o aluno de forma satisfatória, apoiado pela literatura. Diante deste contexto, pode-se observar também que a relação afetiva e a interação, a reflexão sobre a metodologia de ensino-aprendizagem é parte importante desse processo.

Palavras-chave: Leitura. Letramento. Dislexia. Escola. Familia

Abstact:

This work aims to understand the learning difficulties that surround dyslexia, so that we can think of appropriate knowledge construction techniques for these students. This study, in the form of a bibliographical review, seeks to elucidate the following question: How can schools help dyslexic children learn? The theoretical framework covered: learning, the complexity of learning to write and read, conceptualization of dyslexia, family and dyslexia, school and dyslexia. The understanding is that this subject is important, as the child inserted into the school institution begins a long experience that will change their understanding of life and, consequently, their personality. According to Inácio, Oliveira is Mariano (2016) there is difficulty in some cases in dealing with dyslexia in the school institution. In view of this, we seek to evaluate the scope and limits of traditional teaching in the teaching-learning process of dyslexic students. The aim is to find ways to guarantee learning at school, with the aim of serving the student satisfactorily, supported by literature. Given this context, it can also be observed that the affective relationship and interaction, reflection on the teaching-learning methodology is an important part of this process.

Keywords: Reading. Literacy. Dyslexia. School. Family

1 INTRODUÇÃO

            A dislexia é um distúrbio neurológico que incide numa dificuldade de verbalizar com clareza os sistemas de códigos da leitura. Alguns sinais típicos desse distúrbio são: dificuldade de aprendizagem do letramento, que se soma a um vocabulário sem muitos recursos; falta de atenção, atraso maturacional na fala e por consequência na linguagem, esse distúrbio gera uma falta de interesse por livros, além de poder dificultar o desenvolvimento motor e de lateralidade, IDA – International Dyslexia Association (2002). É importante ressaltar que quanto antes o diagnostico desse distúrbio mais chances se tem de minimizar o que é próprio da dislexia, por isso a atenção sobre qual quer sinal acima citado por escola e família, lembrando dois pontos cruciais que são: Os sinais não querem dizer exatamente a ocorrência do distúrbio, para caracterizar isso é necessária uma equipe multiprofissional, outro ponto é que o distúrbio acompanha a pessoa pelo resto da vida.

O tema escolhido foi a dislexia, com ênfase nas dificuldades de aprendizagem. Procurou-se investigar a relevância da instituição escolar e do núcleo familiar no desenvolvimento do ensino e da aprendizagem do aluno com dislexia. Neste contexto investiga-se compreender a seguinte questão-problema: Em qual maneira a instituição escolar em comunhão com a família pode ajudar na aprendizagem da criança disléxica.

Ainda sobre o tema, se destaca a importância do ensinamento e compreensão do que se está se propondo a ensinar, tendo em vista estimular o ato da produção e recriação desse conhecimento com vistas à prática educativa.

Este trabalho se justifica na medida em que só é possível propor uma intervenção no decorrer do ensinamento e da compreensão do aluno disléxico, se nos propormos a pensar e pesquisarmos sobre isso. Sendo assim no decorrer dessa pesquisa compreende-se que é necessário estimular o professor, a família e a comunidade escolar a se sensibilizar no tratamento metodológico e pedagógico dessas crianças, assim como elucidar pontos que podem contribuir para isso.

Entende-se que o objetivo principal desse estudo é investigar até que ponto a escola auxilia na aprendizagem da criança portadora da dislexia, e qual o papel que a família terá que desempenhar para favorecer este processo. Dentre os objetivos específicos propostos na elucidação do tema, destacam-se: caracterizar o processo de aprendizagem e determinar as principais dificuldades, há ainda que se analisar a existência de complexidades na aquisição da leitura, na maneira de escrever e na interpretação, e o que é possível fazer para modificar esse quadro, para tanto será preciso abordar os significados da dislexia, analisar o papel da família em relação à dislexia e discutir a proposta da escola no acompanhamento da criança disléxica.

  A dislexia é uma doença que foi identificada por Rudolf Berlin na Alemanha em 1887, desde então pais e educadores vêm se preocupando em como possibilitar uma aprendizagem dinâmica e consistente a estes alunos.

 O alunado disléxico tem a necessidade do ensino especial, sistemático e em regime regular para conseguir estabelecer sua aprendizagem, tendo em vista a sua condição, o que não é empecilho diante de uma busca de recursos na forma pesquisa e uma metodologia eficaz para que a criança possa realmente aprender (Inácio, Oliveira, Mariano 2016).

Numa educação democrática e compartilhada, propõe-se potencializar a aprendizagem de maneira satisfatória ao aluno disléxico, isso compreende a família, sociedade, equipe pedagógica, professor, e todos os autores escolares somado ao aluno, discente esse que deve estar no centro do processo de construção de conhecimento, nessa busca por uma condição satisfatória desse público aprender. Também pode-se observar na pesquisa que há uma necessidade de rever de forma crítica nossa metodologia antes de qualquer atitude, de maneira a impedir possíveis rótulos.

2 METODOLOGIA

A proposta metodológica para pesquisarmos, foi a revisão bibliográfica de cunho narrativo baseado em uma pesquisa de ordem qualitativa, na qual procuramos explanar a questão da dislexia, nos debruçando no referencial teórico encontrado na literatura. Foram consultados livros, sites, assim com demais publicações que tratam do tema. Os critérios de inclusão para essa pesquisa foram as palavras leitura, letramento, dislexia, escola e família, além de publicações nacionais e internacionais (que possam ser traduzidas para o idioma português), o tempo total para a conclusão desse trabalho foi cinco meses.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

3.1 A compreensão

Para Davis e Oliveira (2001 apud Vaz 2008,), o ato de aprender é a compreensão ativa da condição de ser humano que se desenvolve com a experiência em grupo, sua cultura local, a maneira que se comunicam, a maneira que seus pais lhe apresentam conceitos de certo e errado, vestimenta etc… Sendo assim, a questão que nos norteia neste tópico é: de que maneira o professor pode aproveitar e incluir essa concepção de ensinamento e a compreensão desta proposta no planejamento de forma a auxiliar na aprendizagem do aluno disléxico?  Entende-se que todo ou quase todo o conhecimento que o aluno adquire durante a vida é de alguma forma aproveitável, de maneira que o ideal e dar um tratamento pedagógico e sistêmico adequado para favorecer o aluno.

Segundo Soares (2002) a maneira que se dá a assimilação do conteúdo proposto da linguagem de maneira falada ou no método de escrita é continuo, ou seja, em toda a vida do individuo ele está aprendendo, seja por meio da experiência ou da teoria. Sendo assim, o processo de se comunicar com o outro é também uma forma de aprender sobre o mundo. Para Vigotski (1984) a interação com o meio social é imprescindível para o desenvolvimento de processos superiores, além disso esse autor destacar o papel do mediador na compreensão do que é proposto ao aluno.

Além da oralidade no processo comunicativo, temos como aprender também pela  escrita como uma importante forma de comunicação que se dá por códigos onde o professor tem uma robusta relevância em mediar o conteúdo proposto e a compreensão deste, de forma que a metodologia que será implantada pelo professor e que vai desempenhar o papel de fazer o aluno aprender ou não, então é importante um tratamento metódico individual para a aquisição da escrita para que ele possa se beneficiar deste importante mecanismo de comunicação.

A busca do saber tem um caráter constante, em vista disso o ideal é que sempre o aluno se interesse pelo que escreve, interprete e tenha um significado que esse aluno saiba ou tenha condições de compreender. A compreensão do código para escrever e a decodificação na leitura que compreende a alfabetização que se dá no ambiente escolar principalmente de maneira organizada e sistêmica (Silva, 2010). Mas como promover este processo adequado de aprendizagem para o aluno com dislexia?

Antes de abordar especificamente este tema observa-se a questão da aprendizagem, foi visto anteriormente que o aluno pode aprender, mas é da cabal relevância o embasamento teórico para a pratica. É possível afirmar que ler e escrever se coadunam na compreensão da alfabetização. A vida social na condição humana requer essa habilidade com esses códigos, para a comunicação e o amplia a visão de mundo, sendo indispensável para vida em sociedade (Tedeschi, 1984).

Dessa forma, ler e escrever fortalece laços afetivo-sociais de forma a beneficiar o aluno, além disso ao propor aos alunos atividades de letramento e escrita em grupo o professor estará reforçando essa ideia, mesmo com erros e acertos a criança se desenvolve, lembrando que reforçar positivamente e avaliar os erros, entende-se por essa pesquisa como estratégia para a aprendizagem Vigotski (1984), isso somado ao observar onde a criança está pedagogicamente e aonde ela pode chegar, e ainda não causar nenhum bloqueio nessa compreensão desse sistema de códigos.

Marques e Marques (2009) observa que conhecer as características e as peculiaridades de cada criança é vital, tendo em vista o meio onde vive (costumes, dialeto, cultura) para uma intervenção de trabalho coerente com suas estruturas de pensamento de modo que há de se considerar o ambiente familiar na alfabetização, assim como sua interação na forma estreita. Em vista disso, a família deve ajudar incentivando o aluno estar lendo, escrevendo e compreender esse processo, ou lendo em casa ou em outro ambiente onde seu responsável possa estar, pois entendendo que a aprendizagem é um processo continuo na vida do aluno, a família tem esse importante papel que deve estar em comunhão com a escola, é certo que muitas barreiras aparecem nesse processo, mas temos que supera-las como analisaremos a seguir.

As dificuldades de aprendizagem constituem um grande empecilho na trajetória de alfabetização por parte dos educandos (Drouet, 2006).

Sendo assim, é necessário observar o porquê a criança não aprende, de forma que esgotadas as tentativas do profissional, as quais devem estar em sintonia com a equipe pedagógica e a família, logo então irão ter que buscar a ajuda de um profissional qualificado como um psicopedagogo,lembrando que para Vigotski (1984), que aprendizagem se da numa maneira crescente ligado a fatores físicos e biológicos, emocionais e a interação social.

 Há ainda a questão de distúrbios, para Nutti (2002) essa gama de distúrbios pode abranger a cognição, audição, fala, e podem ainda comprometer a aquisição da leitura e do sistema de escrita. Em vista disso é importante ao professor saber compreender essa gama de distúrbios.

            É sempre valido lembrar que mesmo com esses diversos distúrbios é possível aprender algo para sua vida, o olhar para potencialidade em vez de sua limitação é imprescindível e de suma importância. Além de que um trabalho multiprofissional, interdisciplinar em conjunto com a família pode auxiliar nisto, ou seja, em equipe. Outro ponto importante dentro do tema distúrbios é da questão da linguagem como importante meio de comunicação, sobre isso Girbau (2008) diz que dificuldade de desenvolvimento da linguagem pode ser inerente a problemas de memória, cognição, diante dessa pista sinal é de suma importância o entendimento do professor sobre distúrbios, assim como atenção sobre esse tema.

Logo então o professor deve buscar recursos na literatura para se inteirar sobre o distúrbio, e ainda ter ciência das várias patologias na literatura, mas sempre ter o cuidado com o rotulo, ou a medicalização. Dessa forma, a ajuda com embasamento teórico para a criança é de estrema importância para uma aprendizagem bem sucedida, e ainda uma auto reflexão sobre a metodologia do ensino, levando em consideração tudo que está em volta do contexto educacional tais como como família, condição socioeconômica, o princípio da individualidade biológica, estrutura escolar, equipe pedagógica.

3.2 Escola tradicional

Padilha (1997, p. 23 apud ADAMUZ & MORETTI, 2000) exortam que há uma gama de termos pejorativos que por vezes infundados e que estão presente no cotidiano escolar para fundamentar a não alfabetização. Neste contexto, devemos ter atenção sobre esses termos, que devem ser observados com extrema cautela por todos os educadores. Mesmo porque grande parte do insucesso escolar advém da forma e mecanismos que não se enquadram na realidade da criança, ou uma estrutura metodológica ineficaz, ou um isolamento da família, questões sociais, ou até da equipe pedagógica destoada prejudicando o aluno, como cita o autor abaixo.

Mantoan (2006) fala que barreiras na aprendizagem podem surgir por falha da escola, um despreparo da equipe pedagógica, um currículo inócuo, uma formação profissional precária. Segundo o autor acima deve-se ter uma visão crítica da metodologia adotada para o sucesso no ambiente escolar, uma escola desestruturada pode de certa forma criar uma barreira para a aprendizagem.  Então o ideal é nos qualificar cada vez mais, e ter a preocupação com isso, pois estamos lidando com vidas. Sendo assim a maneira que nós contribuirmos para o conhecimento dessas crianças pode afetar de forma significativa o presente, e o futuro delas.

Sobre o descrito acima ADAMUZ & MORETTI (2000) fala sobre a questão do mediador e sua importância na escola, mesmo que se possa aprender com pais, familiares e sociedade em si. É possível perceber que na alfabetização em uma instituição sistemática é de suma importância a figura do mediador para uma aprendizagem concreta que seja relevante, aja vista o gral de conhecimento acumulado pelo professor e na instituição em si, o que não os livra de  dificuldades tais como: no método para maior absolvição de conhecimento, estrutura comprometida, dificuldade em se relacionar com a família ou equipe pedagógica, em vista disso temos que ter um olhar extremamente sensível para tais questões, eliminado assim a possibilidade do aluno não estar compreendendo e assimilação o conteúdo.

Como supracitado é fundamental a pesquisa tanto na didática como na literatura sobre distúrbios de aprendizagem, um olhar sobre seus métodos isolando pelo menos a principio qualquer hipótese de distúrbio, pois entende-se que é necessário chamar a atenção do docente para os fatores como os dito a cima nesse texto.  Entre alguns desafios encontra-se a dislexia, a qual será caracterizada no tópico a seguir.

3.3 A dislexia

Segundo a IDA-International Dyslexia Association Definition of dyslexia (2012) esse distúrbio a dislexia tem como característica uma maneira peculiar do cérebro funcionar, a dislexia é mencionada no acervo literário por Stuttgart, no ano de 1887, existe a possibilidade dessa inabilidade na leitura ter sido averiguada por Schmidt um médico anterior a isso, e ainda consta na literatura Kussmaul como o primeiro fazer um diagnóstico médico sobre a dislexia (Freire 1997).   Percebe-se que não há um consenso na literatura sobre o fator preponderante causador da dislexia, a indícios de hereditariedade, nessa toada de patologia está colocada como “Transtorno do neurodesenvolvimento”, ligado de forma intima á aprendizagem, Aqui citamos alguns sinais: Leitura incorreta ou vagarosa, dificuldade de ler as palavras, dificuldade de interpretação, dificuldade na decodificação de palavras, ideais sem clareza, muitos erros gramaticais, falta de atenção, de organização motora, desinteresse pela leitura IDA-International Dyslexia Association Definition of dyslexia (2012).

No entanto a presença de alguns dos sinais expostos não quer dizer de forma sumaria que a criança é dislexia, pois uma gama de fatores podem estar por traz desses sinais expressos supracitados, como fatores neuronais, psiquiatria, carga emocional elevada por motivos familiares, fatores sociais, nutricionais e metodológico didático.

Em vista disso, e de extrema importância o acompanhamento do professor junto a família nesses casos, de forma a contornar ao máximo a perda de aprendizagem nessa situação, pois essa criança também pode aprender e tem esse direito, mesmo que a aprendizagem dela tenha um caráter diferente, a ajuda de todos de maneira concisa e eficiente pode e vai modificar a vida para melhor da criança portadora de dislexia, pois segundo a literatura esse funcionamento peculiar do cérebro ira acompanha-la na vida adulta, a seguir podemos contemplar a  família, que tem um papel importante na educação do aluno com dislexia.

3.4 A família

O núcleo familiar é o que está mais próximo da criança, neste sentido é importante a importância da família em relação à criança disléxica, essa criança pode ser acometida de uma certa instabilidade emocional o que pode desencadear uma estima baixa.  É importante incentivar o estudo a leitura, e buscar formas de aumentar sua autoestima como incentivos verbais e afeto.

            Para Paro (2000) a família tem um papel cabal na alfabetização de qualquer criança, pela sua proximidade e afinidade, sendo assim o incentivo a leitura mesmo que visual, e a escrita mesmo que por rabiscos, antes mesmos do acesso a instituição escola, é fundamental para superação de qualquer barreira na alfabetização, mas destacamos aqui a criança dislexia.

Um pai ou responsável presente na vida estudantil do aluno pode fazer uma verdadeira diferença na compreensão do conteúdo abordado para a alfabetização, pois com seus responsáveis próximo podem auxiliar o professor na aprendizagem de forma conjunto, como por exemplo o auxílio na leitura e exercícios de escrita, ou até propor outras formas de aprendizagem coerentes ao contexto escolar que se encontra o aluno.

É grande o número de questões relativas à assistência que poderia ser oferecida para os filhos. Nesse sentido, seria importante discutir o significado da ação dos pais junto a seus filhos visando auxiliá-los em sua educação escolar.

Não se deve negar a criança experiências que poderiam elevar seu grau de instrução por medo de frustrações ou insucessos, mesmo que o resultado previsto não seja o esperado, entende-se que não se promove aprendizagens sem o fator empírico, acertar e errar são inerentes ao desenvolvimento do aluno, isso a âmbito pessoal e científico, como o pensamento do autor abaixo.

 Para Parolin (2010) aprender, portanto, é uma tarefa complexa que requer autonomia, maturidade e pesquisa, tendo por base um ambiente sócio afetivo disposto. A escola é um local de uma gama variada de aprendizagens impar na vida da criança, um local de construção de conhecimento de criar de recriar de aprender de conhecer, local de formação da personalidade e de interação social o que é vital para seu desenvolvimento.

Percebe-se que há uma relação entre alunos, professores, família e sociedade na construção de conhecimento, é um fio condutor de extrema importância, onde é interessante cada um conhecer seu papel nesse processo.

O professor como docente está ligado ao processo de ensino aprendizagem, onde é necessário um olhar na visão crítico sobre seus métodos e toda a estrutura de ensino, tendo uma preocupação com a formação continuada, para ter respaldo cientifico com condição de atuar como docente, estando a par da dislexia, e outras patologias e distúrbios ligados à aprendizagem.

A família como já mencionado e parte importante nessa engrenagem do saber, de forma que, é indispensável sua participação de forma ativa de maneira a contribuir com esse processo de construção do saber onde na verdade todos nós estamos aprendendo.

           A sociedade também tem seu papel porque é do interesse de todos a formação do aluno cidadão segundo apresentado pela constituição:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (constituição federal de 1988 artigo 227).

Pode-se observar nessa citação a parcela de responsabilidade da sociedade na vida da criança, entende-se que o meio social constitui um pilar importante no desenvolvimento da criança, mas tal seguimento que contribui para a criança é algo complexo de ser incorporado na formação do aluno com dislexia, segundo Marques e Marques (2009) o diferente aquilo que foge as normas ou padrões impostos pelo uma raiz social excludente que não mostra empatia pelo outro, pode desconstruir aquilo que é seu papel, o da sociedade, junto com família e escola, que é a formação do cidadão. Tentar enquadrar os filhos ou os alunos no modelo idealizado, além de um profundo desrespeito pelo outro, é, também, despotencializar a criança como individuo único, isso pode evitar o progresso de tal aluno, o interessante é que ele sempre esteja em uma progressão, para Vigotski (1984) a aprendizagem ocorre pela troca com meio, e prossegue exortando sobre a zona de desenvolvimento que a criança esta, serve como base para chegar à outra, com o auxilio do docente como mediador de conhecimento, um aprendizado em progressão.

3.5 A intervenção pedagógica e compartilhada

Todos são capazes de aprender de forma diferente e individual. Dessa forma é importantíssimo conhecer bem o aluno e dar um tratamento individual na construção do conhecimento levando em conta o que diz esse autor para o beneficio do aluno.  Ninguém se torna bom por ter sido informado de que era mau. Quem cresce sob desaprovação tende a assumir a crítica como sua identidade (PAROLIN, 2010, p. 44).

Para Leite (2011) a família e a escola têm que exercer de maneira conjunta um papel na contribuição de experiências para o crescimento educacional do aluno, sendo assim cada um tem que exercer sua parte, mais em conjunto com harmonia, um ambiente de contradições, e falta de interesse por qualquer uma das partes não ajuda em nada o aluno

Não há um padrão ideal de funcionamento familiar, mas existem cuidados que os pais, e os professores podem ter para garantir a autoestima em seus filhos e alunos. A proteção em demasia traz consigo de forma implícita o conceito que a criança não consegue; a indiferença faz a criança acreditar que ela não é importante, a ausência de elogios não estimula a criança a continuar tentando, assim como inflar o ego das crianças com elogios infundados, podem desencadear ansiedade inerente ao temor da criança de não atender a expectativas nela depositada, é de suma importância que pais ou responsáveis tenham conhecimento disso assim como o professor Parolin( 2010), vemos que para tudo a um propósito e um tempo.

A participação de forma ativa dos pais e de extrema importância, indo a reuniões pedagógicas, ir a festividades, olhando caderno, ir a reunião com família, participar da proposta pedagógica do colégio, são mecanismos que irão contribuir de forma significativa para o processo de ensino aprendizagem da criança.

Aproximar a família do colégio se faz necessário, dessa forma se constitui um recurso essencial para o aluno com dislexia, que deve ser lançado pela equipe pedagógica para que a família atue em conjunto com a instituição escola, o que é vital para o alunado disléxico, passando segurança para o aluno e família também.

A educação a âmbito escolar tem sua contribuição na formação integral do cidadão, a fim de que ele se insira no meio social de maneira critica, e também ética, dessa forma o ideal e que a escola insira todos os alunos neste contexto, promovendo a socialização desses alunos, buscando a interação uns com os outros e o meio, de maneira que o colégio seja um ambiente favorável a isso.

Em relação ao que significa aquisição da leitura e da escrita, isso promoverá uma transformação social no aluno ao ponto de mudar significativamente a sua vida em amplo sentido linguístico, cultural, social e cognitivo (SOARES 2002).

Leitura assim também como a escrita são responsáveis por uma mudança catedrática nas habilidades de comunicação dos seres humanos, subindo um patamar na vida deles socialmente falando vão poder interferir com mais armas no meio social e assim se beneficiar dele.

A leitura vai aumentar seu poderio cognitivo, de maneira que a ler possa fazer parte de seu cotidiano, estimulando seu cérebro a armazenar e produzir mais dados de modo que seu acervo cultural também irá aumentar com a leitura, poderá mesmo não tendo oportunidade de ir a determinado local, poderá imaginar e conhecer. A maneira de se expressar de forma correta, com certeza mudara sua vida pra melhor.

E a escola daria conta sozinha de toda essa tarefa? A escola é um instrumento transformador da sociedade? Que valores sociais e culturais a escola deve então ensinar e repassar a seus alunos? Na escola deve prevalecer a cultura local do aluno ou a cultura da classe dominante? Essas são questões levantadas por Soares (2002) sobre como a escola trabalha o pensamento e linguagem. Pensando sobre o tipo de linguagem que a escola privilegia, qual o papel da linguagem na formação do indivíduo? Comparando com os conceitos de letramento apresentados até aqui.

           Soares (2002) cita a existência de vários conceitos e níveis de letramento, compreende-se, portanto, que antes de ingressar no ambiente escolar o indivíduo tem seu conhecimento ligado ao seu sistema social de origem, sua cultura. Após ingressar no ambiente escolar o indivíduo teria a oportunidade de elevar seu grau de letramento, uma vez que passaria a ser também alfabetizado, logo então sendo usuário de outro tipo conhecimento, isso permite que ele aprenda ou se aprofunde em conhecimentos até então ocultos a ele ou superficiais a ele. Apropriando-se da norma culta, o indivíduo se apropria de uma linguagem que na maioria das vezes, principalmente na classe popular, não é a de seu grupo social, que se pretende mostrar é que o letramento poderia ser também ser  um instrumento de transformação, assim como a linguagem, não queremos aqui desvalorizar a cultura popular, ao contrário usar ela assim como o conhecimento sistémico como instrumento de libertação, um indivíduo provido de conhecimento é um indivíduo com um leque de possibilidades.

Ainda sobre a intervenção atividades com aulas cantadas com uso de fonemas, leituras com rimas, caça palavras, forca e palavras cruzadas podem ajudar a elaborar um plano de intervenção assim cita o Instituto Neuro Saber (2015). Cabe aqui ressaltar aqui ainda, um estudo que engloba a intervenção com o uso da sintática e da semântica proposto por Martins e Cárnio (2020) onde por conta de sessões de terapia buscaram avançar na compreensão da leitura das crianças com dislexia, essa pesquisa ampliou o entendimento da compreensão da leitura para o benefício da criança disléxica, diante dessa pesquisa não há como deixar de destacar o trabalho multiprofissional na intervenção, e finalizando questão dá intervenção o que pode-se observar nessa pesquisa a esse âmbito, foi o entendimento de FREIRE (1996), que não há como mediar a educação sem pesquisar diante disso destaca-se a pesquisa para uma intervenção bem sucedida.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ouve um grande crescimento pessoal durante essa pesquisa, pois amplio a minha visão sobre distúrbios, em especial a dislexia, e a importância da pratica em conjunto. Pode-se observar que a ação educacional tem um leque de possibilidades, o que pode torna-la uma pratica eficaz ou não, de maneira que o professor tem que voltar para si mesmo um olhar crítico com respeito a sua metodologia, no desenvolvimento e compreensão do ensino antes de rotular um aluno, também deve-se considerar o entrosamento com família e equipe pedagógica de forma harmônica. E na escola que a criança através da interação em grupo, pode contemplar fortes laços afetivos sociais para boa parte da vida

A aprendizagem se dá em uma forma mutua com família, meio, escola na qual os educadores têm um papel relevante de organizar e mediar isso, de maneira que o aluno possa sim gozar de todos os atributos da aprendizagem nesse âmbito, essas interações bem sucedidas coloca o aluno na direção de aquisição de habilidades cognitivas, sociais e afetivas.

A aprendizagem, nesta visão colocará o aluno na rota da experiência educacional para o exercício da cidadania, família e escola, são de extrema importância, o valor da comunicação se torna imprescindível, a sociedade também deve dar a devida importância a isso como patrimônio da cultura do aluno, e o educador assim como família fazem parte desses meios de comunicação do cidadão, dessa forma o tratamento pedagógico adequado, é de extrema importância na vida de uma criança.

Ainda um ponto que há de se considerar é a formação continuada por parte do docente, a metodologia, sistematização e coerência da proposta de trabalho, e o olhar individual sobre cada aluno, isso requer um planejamento voltado para cada metodologia de aplicação de conteúdo, levando em conta o valor da pesquisa nesse processo.

A linguagem materna a escrita são mecanismos de extrema importância para toda vida do cidadão, como ferramentas eficazes para a transformação social para eles modificarem o meio em que estão inseridos, com ética, respeito e também se beneficiarem disso, assim como ajudar na no meio que vivem de maneira responsável para o benefício de todos na sua localidade. 

O ambiente escolar tende ser suscetível a pratica docente de forma integracionista e construtivista deixando de lado preconceitos sobre fatores que muitas vezes são irrelevantes, nossa proposta é um aprofundamento no que diz respeito a pesquisa por parte do docente nesse contexto para que a teoria possa embasar a pratica. Sendo assim o trabalho de leitura em grupo na escola, o estimulo a ler em casa, e trabalhos voltados para esse seguimento devem ser estimulados para o crescimento cognitivo da criança.

Ainda neste contexto, a aquisição do letramento deve ter um tratamento de forma à interação individual e sadia com o conteúdo, formas integracionistas com a sociedade e família para o crescimento cognitivo-pessoal desse aluno.

Sobre a dislexia é provável que no decorrer de nossa vida docente iremos encontrar muito possivelmente casos de crianças com dislexia, o método sistêmico, organizado a busca por estratégias podem e irão fazer a diferença durante toda a vida desses indivíduos, um trabalho com o envolvimento de família, e escola e essencial, e ainda ressaltar que a vários distúrbios, e que também na vida devemos sempre tomar o cuidado de não rotular um aluno, e ainda ter um olhar critico e reflexivo sobre a proposta pedagógica antes de alguma forma culpar os alunos pelo fracasso na aprendizagem.

            A escola, família e sociedade são pilares da aprendizagem de maneira que essa engrenagem do saber tem que funcionar se interagindo, onde o educador tem o papel de extrema importância, como mediador e articulador desse processo, de maneira organizada, sistêmica e sempre com um embasamento teórico cientifico com um amparo.

Deve-se levar em conta esse tema proposto, e ainda investigar mais sobre ele, aja vista que lidamos com seres humanos, e que nosso trabalho e fator preponderante para todo a vida, é necessário estar preparado para lidar com distúrbios com ética, e sensibilidade, é necessário buscar ajuda de outros profissionais, e ter um olhar sempre critico sobre nosso trabalho em situações adversas, e refletir, de maneira que possamos contribuir de forma  extremamente significante no processo de ensino aprendizagem.

 

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Compreensão de leitura em disléxicos após programa de intervenção.

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