REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411261804
Kaio César do Carmo Silva1
Marcos Antônio Alves Borges2
Lucas Roberto de Carvalho3
RESUMO: Este estudo investigou o efeito de diferentes doses de nitrogênio na cultura do Mombaça (Panicum maximum cv. Mombaça), uma gramínea utilizada amplamente na pecuária brasileira. O experimento foi conduzido no município de Edealina Goiás, durante um período de 90 dias. Foram testadas quatro doses de nitrogênio: testemunha (sem adição de nitrogênio), 100kg/ha, 200kg/ha e 400kg/ha de ureia granulada, em quatro repetições cada. A irrigação foi realizada por gotejamento ou regador, conforme necessário. Os resultados indicaram que as diferentes doses de nitrogênio tiveram impacto significativo no crescimento e na produtividade do Mombaça. A dose de 200kg/ha apresentou os melhores resultados em termos de altura das plantas, vigor e produção de biomassa. Por outro lado, doses mais elevadas (400kg/ha) não resultaram em aumentos adicionais significativos na produtividade, sugerindo uma possível saturação dos efeitos do nitrogênio. Este estudo contribui para o entendimento dos requisitos nutricionais do Mombaça e fornece informações valiosas para a otimização do manejo de fertilizantes nitrogenados nesta cultura.
Palavras-chave: Mombaça, Panicum maximum, nitrogênio, adubação, crescimento vegetal.
ABSTRACT: This study investigated the effect of different doses of nitrogen on Mombaça (Panicum maximum cv. Mombaça), a grass widely used in Brazilian livestock farming. The experiment was conducted in the municipality of Edealina Goiás, over a period of 90 days. Four doses of nitrogen were tested: control (without nitrogen addition), 100kg/ha, 200kg/ha and 400kg/ha of granulated urea, in four replications each. Irrigation was performed by drip or watering can as necessary. The results indicated that the different doses of nitrogen had a significant impact on the growth and productivity of Mombaça. The dose of 200kg/ha showed the best results in terms of plant height, vigor and biomass production. On the other hand, higher doses (400kg/ha) did not result in significant additional increases in productivity, suggesting a possible saturation of the effects of nitrogen. This study contributes to the understanding of the nutritional requirements of Mombaça and provides valuable information for optimizing the management of nitrogen fertilizers in this crop.
Keywords: Mombaça, Panicum maximum, nitrogen, fertilization, plant growth.
INTRODUÇÃO
O cerrado brasileiro apresenta condições favoráveis para a produção e exploração da pecuária em sistemas de pastagem. Atualmente, estima-se que os pastos cultivados ocupem cerca de 49,5 milhões de hectares, sendo Goiás o estado com maior área de pastagens cultivadas (14,2 milhões de ha) (SANO; BARCELLOS; BEZERRA, 1999)
O capim Mombaça (Panicum maximum Jacq.) é considerado uma das forrageiras tropicais mais produtivas à disposição dos pecuaristas. Em pastagens, em situações de baixa fertilidade, a produção é reduzida, caracterizando a exigência do capim Mombaça em fertilidade do solo (SILVA, 1995). Com o uso racional de adubos e corretivos, a resposta da forrageira é bastante acentuada, podendo atingir produção de massa seca anual em torno de 33 t ha-1 (JANK, 1995).
Diante disso, é importante a correção da fertilidade dos solos, com o objetivo de alcançar a sustentabilidade na exploração. Silva (1995); Brâncio et al., (2002) e Barbosa et al., (2003) são unânimes em afirmar que a adubação com nitrogênio, além de melhorar o ritmo de crescimento, também influencia na composição bromatológica da forragem. Em relação à proteína bruta (PB), ocorre um aumento desses teores com a utilização da adubação nitrogenada (BRÂNCIO et al., 2002).
Barbosa et al. (2003) perceberam efeitos da adubação nitrogenada na composição bromatológica do capim Mombaça testando as doses de 0, 200, 400 e 600 kg ha -1, na forma de uréia e intervalo de corte de 35 dias, de modo a constatar que os teores de PB aumentaram de acordo com os níveis de adubação nitrogenada e que os maiores teores ocorreram na dose de 600 kg há -1.
A eficiência de conversão do nitrogênio (ECN) é um parâmetro indispensável para o enriquecimento de trabalhos científicos com o uso de adubação nitrogenada, sendo medida por meio da quantidade de massa seca produzida por unidade de N aplicado (Rocha et al., 2002).
O experimento foi conduzido com a cultura do capim Mombaça (Panicum maximum cv. Mombaça) para avaliar os efeitos de diferentes doses de adubação nitrogenada na produção de matéria seca, incluiu a utilização de ureia como fonte de nitrogênio, com quatro tratamentos: testemunha (sem adubação), 100 kg/ha, 200 kg/ha e 400 kg/ha de nitrogênio.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A área experimental onde foi conduzido o presente trabalho localiza-se no município de Edealina Goiás, iniciando o plantio dia 20 de maio de 2024, e mantendo a observação por 90 dias, com objetivo de avaliar os efeitos de diferentes doses de adubação nitrogenada sobre o capim Mombaça em termos de acúmulo de biomassa e produção de matéria seca, correlacionando os diferentes níveis de nitrogênio com o crescimento da forragem em parcelas experimentais. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com quatro tratamentos de adubação nitrogenada, aplicados em uma área experimental total de 40 m², com cada parcela ocupando 1 m².
Os tratamentos foram distribuídos conforme as seguintes doses de nitrogênio:
• Testemunha: Sem aplicação de nitrogênio.
• Tratamento 1: Aplicação de 100 kg/ha de nitrogênio.
• Tratamento 2: Aplicação de 200 kg/ha de nitrogênio.
• Tratamento 3: Aplicação de 400 kg/ha de nitrogênio.
Cada tratamento contou com 10 repetições, totalizando 40 parcelas experimentais. As parcelas foram distribuídas aleatoriamente para garantir a variabilidade amostral e minimizar efeitos externos.
A adubação nitrogenada foi realizada em duas etapas avaliando também como diferentes doses de nitrogênio influenciam o crescimento do capim Mombaça ao longo do tempo. A primeira aplicação ocorreu aos 45 dias após a semeadura, 05 de julho de 2024, momento em que o capim apresentava uma fase inicial de desenvolvimento, propícia para a absorção dos nutrientes fornecidos. A segunda aplicação foi realizada 30 dias após a primeira, 06 de agosto de 2024 visando potencializar o efeito acumulativo do nitrogênio na planta e permitir uma análise mais robusta do impacto dessas doses no desenvolvimento da forragem.
Para a coleta de dados, aos 90 dias após a semeadura, foi realizada a colheita da matéria verde em todas as parcelas experimentais. A coleta ocorreu uniformemente, garantindo que cada parcela tivesse amostras representativas do seu desenvolvimento sob as condições experimentais. As amostras colhidas foram pesadas imediatamente para registrar a produção de biomassa fresca e, em seguida, encaminhadas para secagem em estufa. Esse procedimento de secagem foi essencial para a obtenção do teor de matéria seca, que representa o conteúdo de biomassa livre de água, uma variável crítica para avaliar o crescimento real da planta.
O objetivo da coleta foi comparar o acúmulo de matéria seca entre os diferentes tratamentos, que variam conforme as doses de nitrogênio aplicadas, e a parcela testemunha, que não recebeu adubação nitrogenada. Esse comparativo buscou identificar de forma precisa a influência de cada dose no desenvolvimento do capim Mombaça, destacando a relação direta entre a adubação nitrogenada e a capacidade da planta de produzir biomassa em resposta aos nutrientes fornecidos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O experimento apresentou uma tendência de aumento tanto na altura quanto na largura das folhas nas parcelas com adubação nitrogenada em relação à testemunha, especialmente nas doses mais elevadas. Esses resultados confirmam a expectativa de que a adição de nitrogênio melhora o desenvolvimento vegetativo da planta, promovendo maior produção de matéria verde e, consequentemente, de matéria seca.
Durante o desenvolvimento do capim Mombaça, observou-se uma resposta de crescimento diferenciada entre as doses de nitrogênio. No último dia de mensuração, 26/08/2024, os tratamentos apresentaram as seguintes alturas e larguras foliares:
Tabela 01. Altura e largura do Capim Mombaça.
*médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.
De acordo com Oliveira et al. (2007), em condição de alta disponibilidade de nitrogênio, ocorre aumento do crescimento da planta, com alongamento dos entrenós, empurrando a folha nova para fora da bainha da folha precedente, o que pode causar aumento na taxa de aparecimento foliar.
Esses dados indicam que a dose de 200 kg/ha resultou na maior altura e largura foliar, sugerindo que esta concentração de nitrogênio foi a mais eficaz para o desenvolvimento do capim Mombaça, enquanto a dose de 400 kg/ha não apresentou incremento adicional significativo em relação à dose de 200 kg/ha. Isso sugere um possível efeito de saturação para altas doses, em que o aumento de nitrogênio além de um determinado ponto não resulta em ganhos proporcionais.
Freitas et al (2007), afirma que, avaliando o capim Mombaça sob influência de diferentes doses de nitrogênio observaram aumento na produção de massa seca de acordo com a quantidade de doses de nitrogênio aplicada pelo o fato de a adubação nitrogenada acelerar o crescimento, o perfilhamento e produção de folhas. A análise da produção de matéria verde e matéria seca também mostrou diferenças entre os tratamentos. A média dos valores obtidos para matéria seca indica que as parcelas que receberam nitrogênio tiveram uma produção mais elevada em comparação com a testemunha. Abaixo está um resumo da média de matéria seca por tratamento:
Tabela 02. Matéria verde e seca do Mombaça.
*médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Com o uso racional de adubos e corretivos, a resposta da forrageira é bastante acentuada, podendo atingir produção de massa seca anual em torno de 33 t ha -1 (JANK, 1995).
Observa-se que a dose de 200 kg/ha apresentou a maior média de produção de matéria seca e a maior relação matéria seca/matéria verde, o que indica que esse tratamento foi o mais eficiente para o acúmulo de biomassa. Já a dose de 400 kg/ha, embora tenha mostrado um aumento significativo em relação à testemunha, apresentou uma leve diminuição na relação de matéria seca/matéria verde em comparação à dose de 200 kg/ha, sugerindo uma leve queda na eficiência de conversão de matéria verde em matéria seca para as doses mais altas de nitrogênio.
De acordo com Rocha et al. (2002), as gramíneas do gênero Panicum têm respondido ao aumento de fornecimento de N no solo, com respostas positivas na produção de massa seca.
Os dados sugerem que a aplicação de nitrogênio até a dose de 200 kg/ha é favorável para o desenvolvimento vegetativo do capim Mombaça, com incrementos visíveis em altura, largura foliar e produção de matéria seca. A dose de 400 kg/ha, por sua vez, não proporcionou ganhos adicionais significativos e demonstrou uma leve queda na relação de matéria seca em relação à dose de 200 kg/ha, indicando um ponto de saturação além do qual os benefícios do nitrogênio não são proporcionais ao aumento dose. Esses resultados corroboram estudos anteriores que indicam que o capim Mombaça possui um limite para a absorção eficiente de nitrogênio, e doses excessivas podem levar a um desperdício de nutrientes sem ganhos agronômicos expressivos.
Em síntese, a dose de 200 kg/ha de nitrogênio apresentou-se como a mais eficiente para o aumento de biomassa e desenvolvimento do capim Mombaça, equilibrando a produção de matéria seca e a conversão eficiente de matéria verde em biomassa seca.
CONCLUSÃO
O experimento com capim Mombaça sob diferentes doses de adubação nitrogenada mostrou que a aplicação de nitrogênio tem impacto significativo no desenvolvimento vegetativo e na produção de biomassa. A dose de 200 kg/ha destacou-se como a mais eficiente, promovendo um aumento expressivo em altura, largura foliar e acúmulo de matéria seca em comparação com as demais doses, incluindo a testemunha. Esse nível de adubação proporcionou uma melhor relação entre matéria seca e matéria verde, maximizando o potencial de produção do capim Mombaça sem alcançar o ponto de saturação observado na dose de 400 kg/ha.
Assim, conclui-se que a adubação nitrogenada na faixa de 200 kg/ha é recomendada para o cultivo do capim Mombaça, pois oferece uma combinação ideal entre crescimento e eficiência na conversão de biomassa, enquanto doses superiores não proporcionam benefícios adicionais significativos. Esses resultados contribuem para práticas de manejo mais sustentáveis e eficientes, evitando o uso excessivo de fertilizantes e garantindo uma produção agrícola otimizada.
REFERÊNCIAS
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Centro Universitário Brasília de Goiás – Faculdade de Engenharia Agronômica. Discentes: 1Kaio César do Carmo Silva; 2Marcos Antônio Alves Borges; Docente: 3Lucas Roberto de Carvalho